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Políticas Públicas de Educação para Adolescentes Infratores

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POLÍTICA PÚBLICA DE EDUCAÇÃO BÁSICA APLICADAS NAS MEDIDAS 
SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO FECHADO 
 
ANDRADE, Milady Aparecida1 
OLIVEIRA, Ivani de Lourdes Marchesi de2 
 
Eixo Temático: Políticas Públicas para Educação Básica. 
 
RESUMO 
A Doutrina de Proteção Integral, vigente no Brasil, resultou de diferentes movimentos sociais, 
políticos, legais na história nacional, no entanto, sua implementação é assolada por entraves e 
inconsistência. A garantia constitucional à Educação Básica demonstra-se fragilizada, fato 
que se agrava no contexto de aplicação de medidas socioeducativas em ambiente fechado. O 
presente artigo objetiva apontar as especificidades da Educação Básica disponibilizada aos 
adolescentes internos da Fundação CASA, no município de Franca. Sob o prisma de uma 
análise teórico foucaultiana dar-se-á a aproximação aos desafios inerentes às Políticas 
Públicas Educacionais aplicadas a essa demanda de estudantes, para assim, apresentar 
propostas de adequação. 
Palavras-Chave: Educação Básica, Políticas Públicas, Medidas Socioeducativas. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O objeto desta pesquisa - Políticas Públicas de Educação Básica para adolescentes 
infratores, constituiu-se na análise de implementação dessas políticas no município de Franca. 
A cidade, no ano de 2007, recebeu duas Unidades do Centro de Atendimento 
Socioeducativo ao Adolescente - Fundação CASA - “Arcebispo Dom Hélder Câmara” em 
decorrência do advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e das mudanças nas 
Políticas Públicas para adolescentes. 
 
1 Ministério Público do Estado de São Paulo. Mestre em Planejamento e Análise de Políticas Públicas 
Educacionais pela Faculdade de Ciência Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de 
Mesquita Filho” Campus de Franca/ São Paulo. Email: deidynha@yahoo.com.br; 
2 Faculdade de Ciência Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus 
de Franca/ São Paulo. Doutora em Serviço Social e Docente no Programa de Pós-Graduação em Planejamento e 
Análise de Políticas Públicas. Email: ivanimarchesi@yahoo.com.br. 
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O início dos atendimentos dos internos trouxe uma diversidade específica de 
educandos para os topos das escolas sob a jurisdição da Diretoria de Ensino (DE) - Região 
Franca e para essas Unidades de Internação (UI), as quais contam com classes de ensino 
regular (Ensino Fundamental e Médio) vinculadas à EE “Profª. Helena Cury de Tacca”. 
Os dados analisados nesse estudo foram obtidos na citada DE, responsável por operar 
e coordenar os elementos do Sistema PRODESP3. O Centro de Informações Educacionais e 
Gestão de Rede Escolar (CIE) disponibilizou em agosto de 2013, impressos (folhas) do 
acervo de informações dos estudantes da UI, material que é organizado de forma semelhante 
às fichas de dados. Procedimento possível desde que o aluno tenha cursado a série/ano em 
alguma das escolas pertencentes à rede de ensino no Estado de São Paulo, permitindo 
conseguir um panorama do percurso escolar. Documentos alicerces da pesquisa, indicados 
como: “Cadastro de Alunos”. 
As injunções escolares desses jovens infratores, os entraves que permeiam o acesso ao 
direito à educação são o pano de fundo, que objetiva compreender possíveis fatores que 
inviabilizam Políticas Públicas de universalização do acesso à educação, prevista em lei, por 
práticas excludentes do ensino aos adolescentes autores de ato(s) infracional(is). 
Trata-se de pesquisa multidisciplinar conjugando-se Direito, Educação, Assistência 
Social e Políticas Públicas, utilizando-se na análise de dados a linha teórica foucaultiana. A 
opção por Michel Foucault deve-se a sua capacidade de analisar as instituições em suas 
relações de micropoder, que disciplinam, determinam ordenamento e homogeneízam, em 
nível capilar, por meio de normas, diagnósticos e exames (OLIVEIRA, 2012, p. 23). 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
A adoção das atuais Políticas Públicas, assim como a definição de conceitos, 
estruturas, ordenamentos e implementações é histórica. A previsão de punição no Brasil 
pautou-se na idade, para as definições jurídicas de não criminoso, atribuídas desde as leis do 
Império e assim permanecendo. 
Conforme Decreto nº 17.943-A/27 as crianças e os adolescentes tornaram-se objetos 
de interesse jurídico quando em situação de risco por praticarem crimes ou por condição 
social de exclusão. A este Decreto conhecido por “Código dos Menores”, seguiu-se a 
 
3 Processamento de Dados do Estado de São Paulo. Banco de dados responsável por estruturar um histórico 
escolar. 
 
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Doutrina da Situação Irregular que nutriu os estereótipos e preconceitos sociais do “problema 
do menor”, aquele que precisa do controle e da assistência social, que vigiu até 1980, quando 
injunções sociais fizeram surgir a Lei nº 8.069/90 (ECA), para defender a universalização dos 
direitos sociais, advindo conceitos de adolescente infrator e de medidas socioeducativas. 
O Estatuto dispõe: “o ato infracional é a conduta descrita como crime ou contravenção 
penal, assim, definida pelo Código Penal, praticada por pessoas menores de 18 (dezoito) anos 
de idade” (BRASIL, 1990). 
A égide da Doutrina da Proteção Integral promoveu no Estado de São Paulo, a 
extinção da FEBEM, criando-se a partir daí, a Fundação Centro de Atendimento Sócio-
Educativo ao Adolescente (CASA), Lei nº 12.469/06, em consonância com a Lei nº 12.594/12 
(Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE). 
No Estado de São Paulo a Política Pública de Educação Básica aplicada nas medidas 
socioeducativas em meio fechado, é coordenada pela Fundação CASA a Secretaria de Estado 
da Educação (SEE) que mantêm e organizam salas de aulas no interior das UIs, instituídas e 
redirecionadas pelas Resoluções SEE nº 15/10 e nº 06/11 - “Projeto Revitalizando a Trajetória 
Escolar”. 
Os dados pesquisados correspondem aos registros do primeiro semestre de 2013, 
agrupados, dispostos em planilhas, verificou-se registros duplicados e/ou triplicados, 
decorrentes de movimentações no ambiente escolar (reclassificação/ transferência/ 
reingresso). 
O “Cadastro de Alunos” demonstra que, neste período, na UI de Franca, foram 
organizadas 5 classes de aulas multisseriadas, a seguir: a) N 1 PRTE, turma A, referente ao 
Ensino Fundamental(EF), Ciclo I (1º ao 5º ano); b) N 2 PRTE, turmas A, B e C, referentes ao 
Ensino Fundamental(EF), Ciclo II (6º ao 9º ano) e c) N 3 PRTE, turma A, referente ao Ensino 
Médio(EM) (1º ao 3º ano). 
As “matrículas/cadastros” correspondem: 4 alunos no EF/Ciclo I; 114 alunos no EF/ 
Ciclo II e 54 alunos no EM, em um total de 172, tendo como data base de 30.08.13 (SÃO 
PAULO, 2013). Após o agrupamento e retirada das duplicidades, tornou-se possível levantar 
a trajetória escolar de 144 alunos, sendo: 4 no EF/Ciclo I, 94 no EF/Ciclo II e 46 no Ensino 
Médio. 
Em decorrência desse exercício de análise, constatou-se que os principais motivos da 
rotatividade são: a natureza de brevidade da medida socioeducativa de internação; o 
cumprimento das metas do Plano Individual de Atendimento (PIA); direito de internação em 
UI do domicílio dos pais ou responsáveis; a reclassificação dos alunos e a desinternação. 
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Verifica-se que as UIs de Franca enquadram-se na realidade prevalecente no Estado, 
na qual a maioria dos internos está cursando o Ensino Fundamental, quando, por sua idade, 
deveriam estar cursando o Ensino Médio. 
Voltando-se para as informações de cunhos pessoal e familiar dos alunos/internos, 
objetivando o entendimento de características e individualidades, analisou-se dados de faixa 
etária, cor, município de domicílio, o de nascimento e registros da natividade. 
Com a base de dados no “Cadastro de Alunos”, os internos sujeitos dessa pesquisa 
correspondem a: 8 alunos (12 a 14), 87 alunos(15 a 17) e 49 alunos (18 ou MAIS), ou, 
respectivamente, a porcentagem de 5,55%, 60,41% e 34,02%. 
O elevado número de alunos com 18 anos ou mais destoa Franca da realidade estadual, 
onde prevalece internos em faixa etárias inferiores. Alerta para a necessidade de fazer com 
que as Políticas Públicas de Educação Básica atendam aos objetivos e significado prático para 
esses jovens diante de seus anseios, habilidades e competências. Esses internos serão adultos 
que, após a saída da Instituição, ficarão à margem no disputado mercado de trabalho regular e, 
em sua maioria, submeter-se-ão à informalidade. 
Michel Foucault (2006), em “A microfísica do poder”, analisa a formação da 
delinquência por meio do aprisionamento, sua utilização na economia e política da sociedade, 
afirmando, “a prisão fabrica delinquentes, mas os delinquentes são úteis tanto no domínio 
econômico como no político. Os delinquentes servem para alguma coisa” (FOUCAULT, 
2006, p. 132). 
No atual mundo econômico e político, esses adolescentes trarão consigo a infâmia, que 
os precederá na busca de qualquer vaga no espaço social, concorrerão em termos desiguais, 
agravando uma situação na qual as limitações já estavam presentes e corroboraram para o 
desfecho de internação. 
Quanto aos dados referentes à cor, o Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo 
demonstra a predominância de internos de cor parda. Todavia, no caso dos levantamentos 
realizados no “Cadastro de Alunos”, os resultados obtidos demonstram do total de alunos: 65 
branca, 53 parda, 11 preta, 4 indígena, 2 amarela e 9 não consta. Desta forma, constata-se que 
a maior parte é de cor branca, seguidos de parda e preta4. 
A realidade de Franca, aqui observada, desencontra-se do cenário estadual, constituído 
na maioria, de cor branca, o que chama a atenção, pois a sociedade brasileira está vivenciando 
 
4 O termo cor “preta” é o registrado no Sistema PRODESP e no Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo 
2014. 
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um saber possível com base na exclusão, fomentada pelo aspecto cor de pele, com verdades 
sendo usadas na manutenção dessa realidade, a ser superada. 
A residência na maior parcela desses internos do “Cadastro de Alunos” é Franca com 
64,58%, enquanto 32,63% nasceram em municípios próximos e 2,77% em municípios 
distantes. Autorizando concluir que o advento da Fundação CASA, atendeu o preceituado 
pelo ECA, quanto a obrigatoriedade do adolescente estudarem próximo à residência. 
Quanto às informações de familiares, o “Cadastro de Alunos” apresenta os nomes dos 
pais (pai e mãe), conforme registro de nascimento, sendo dados que viabilizam a manutenção 
de um vínculo ou ao menos a ciência de quem são seus antecedentes. É perceptível, assim, 
que 88,19% possuem em seu registro de nascimento os nomes dos pais (pai e mãe), enquanto 
11,80% possuem tão somente o nome da genitora, ou seja, não consta o nome do genitor. 
Desmistifica o juízo de senso comum de que alunos infratores não possuem pai e mãe, ou pai, 
pelo menos oficialmente. 
Pelos dados da trajetória estudantil desses alunos verifica-se que a organização 
curricular de Ensino Fundamental (Ciclos I e II) e Ensino Médio a concentração desses 
educandos está entre o 9º ano do EF e o 1º ano do EM, com faixa etária de 16 a 18 anos, 
solidificando assim, a defasagem idade-série - crianças e adolescentes que estão acima da 
idade ideal em uma determinada série. 
Promoveu-se o levantamento dos dados do “Cadastro de Alunos” diante da defasagem 
idade/série. Na totalidade em análise, somente 7 educandos estão na idade-série adequada, 
estando 137 em defasagem, ou seja, 95,13% apresentam um descompasso na trajetória 
escolar, autorizando afirmar que a escolaridade completa é uma das condições primordiais de 
combate à violência, prevenção de atos infracionais e até mesmo uma medida de contenção 
econômica. 
A defasagem ora analisada é uma situação grave que se iniciou nos primeiros anos do 
Ciclo I e se arrastou devido aos recorrentes entraves, que em alguns casos levaram ao 
abandono da escola. 
Informação de relevância para a compreensão dos dados encontra-se na inserção do 
registro de alguma deficiência física ou intelectual dos alunos, no Sistema PRODESP, por 
meio de informações apresentadas pela família ou diagnosticadas por avaliação pedagógica, 
nos termos da Resolução SEE nº 11/08. 
Os profissionais da SEE/SP e da Fundação CASA obtêm, por intermédio da escola 
vinculadora, esse registro na estrutura organizacional; contudo, não foi o suficiente para ter 
vigente, nas UIs, o atendimento pedagógico na área de Educação Especial. 
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Para esses estudantes portadores de limitações/deficiências foram destinadas as aulas 
regulares com base no currículo e no material didático estadual, sem que se observassem suas 
condições pedagógicas e individualidades como previsto por lei. Os registros da deficiência 
intelectual, no âmbito pedagógico, não influenciaram o julgamento e a determinação da 
medida socioeducativa a ser aplicada, nem mesmo foi motivo para que cumprissem a medida 
em outro estabelecimento, como previsto no ECA. 
Referente à modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), a LDB a define 
como ensino destinado àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino 
fundamental e médio na idade própria, indicando que o EF será para os maiores de 15 anos e 
o EM para os maiores de 18 anos. 
Os adolescentes em conflito com a lei são encaminhados à EJA como um último 
refúgio para comprovar que estão estudando. Entretanto, com sua trajetória escolar 
acidentada, se estes já não encontravam cabida nas escolas antes da internação, quando 
retornam ao convívio social, a aceitação é ainda menor. 
A causa que levaram esses jovens a praticarem o delito não é sabida, todavia há de se 
indagar, quais foram às atividades extracurriculares disponibilizadas a eles, antes do período 
de internação, como alunos da rede pública de ensino; irrefutavelmente importantes para o 
desenvolvimento do ser, pois as próprias UIs recorrem às atividades extras à educação 
formal/escolar (Currículo Oficial do Estado de São Paulo), abarcando as áreas de Educação 
Física e Esportes, Arte e Cultura e Educação Profissional. 
Entretanto, o número de estudantes que vivenciaram as “atividades extracurriculares” 
oferecidas além das aulas do Currículo Oficial foi mínimo, atingindo 11,11% do total dos 144 
alunos/internos em análise, mesmo com as disposições do artigo 4º do ECA preconizando que 
haja contato com atividades diferenciadas, sejam de arte, cultura, esporte e/ou lazer. 
A Educação Básica aplicada nas medidas socioeducativas em meio fechada, nas UIs 
de Franca, em gestão compartilhada com a Pastoral do Menor e da Família da Diocese de 
Franca, consiste no ensino pautado no Currículo Oficial (formal), promovida pela SEE/SP, 
bem como as atividades de arte e cultura, saúde, atendimento psicossocial e de esportes, 
através de parcerias com instituições. 
O interno também percorre as fases do modelo pedagógico para a orientação do 
trabalho de ressocialização, em Franca, o Modelo Pedagógico Contextualizado (MPC). 
Já no ensino formal, o sistema metodológico vigente no Estado de São Paulo se faz 
por padronização, aplicando-se o “Ler/Escrever”, no Ciclo Inicial (1º ao 5º anos) e o “São 
Paulo Faz Escola” nos Ciclos Intermediário e Final (EF e EM). Minimizam-se os problemas 
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decorrentes da rotatividade dessa população de alunos, mas exige atenção e engajamento 
redobrados dos professores às retomadas individuais, por não haver garantia de que isso 
ocorra, compromete-se o aprendizado. 
A vinculação com a SEE/SP trouxe à Fundação CASA os docentes da rede estadual, 
sendo um avanço face à figura do Agente de Segurança e/ou de servidores da Secretaria de 
Administração Penitenciária (SAP), que antes lecionavam sem possuírem licenciaturas.Com isso, o professor interessado em lecionar neste projeto da Pasta, com base na 
Resolução SEE nº 06/11, deve passar por processo de credenciamento, elaborado pela 
Gerência Escolar da Fundação CASA e Diretoria de Ensino, sendo obrigatória a entrevista. 
Entretanto, há a possibilidade de o trâmite ser aos moldes do processo anual de 
atribuição de classes/aulas do ensino regular; quando assim ocorre, o docente que leciona na 
Instituição não passa por entrevista, prevalecendo àquele que não conseguiu ter atribuídas 
classes/aulas em escolas de sua preferência. Este, por sua vez, adere ao que acredita ser a 
última opção de trabalho, fomentando um descompasso visível nas práticas educacionais. 
Relatos de educadores, em reuniões pedagógicas semanais, trazem diversas queixas, 
entre elas destaca-se o fato de que os alunos/internos se encontram matriculados no Ciclo II, 
porém suas habilidades e competências leitora e escritora não superam aquelas atribuídas ao 
Ciclo I. 
Uma possível alternativa para esse problema seria a retomada dos estudos junto às 
turmas de Ciclo I, mas há entraves na promoção de um retorno, por não existir uma sala de 
aula organizada por Pedagogo e/ou docente com experiência em deficiência de aprendizagem 
e alfabetização. 
A presente análise da implementação e práticas aqui apresentadas, almeja 
compreender se ocorreram ou não avanços; bem como entender se o arcabouço de 
transposições aplicadas às peculiaridades da rotina de uma UI são de fato uma política 
positiva, para por fim apontar proposições para os entraves explicitados. 
Os resultados conduziram a pesquisa para proposições de adequações às Políticas 
Públicas de Educação Básica aplicadas nas medidas socioeducativas em meio fechado, fato 
necessário, diante da carência de previsões de reestruturação, reorganização e rupturas no 
modo em que está sendo ministrado o ensino formal na Fundação CASA. 
Há que se organizar, elaborar e adotar um currículo para atender as especificidades dos 
reeducandos, voltado à reinserção, modular e temática (eixos norteadores) e com material 
didático próprio. 
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Evidencia-se a inviabilidade em insistir na adoção do Currículo Oficial - 
“Ler/Escrever” e “São Paulo Faz Escola” - com atividades desconexas ao universo da 
segregação/cárcere e rotatividade. 
Faz-se urgente, a promoção da Educação Especial, nesta Instituição, vez que esta 
acolhe alunos que em seus históricos escolares, foram avaliados como portadores de 
deficiência intelectual. 
As adequações apresentadas só serão praticáveis se acompanhadas de formação e 
preparo aos docentes, alterando-se a partir da licenciatura e promovendo-se o contato com 
reeducandos, sejam por meio dos estágios supervisionados, cursos, oficinas e estudos no 
decorrer da sua carreira. Destarte, que no ordenamento legal vigente encontram-se expressas e 
dispostas as bases para a adoção e prática das proposições. 
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Os dados do trabalho sinalizam que poucos foram os adolescentes que tiveram acesso 
às Políticas Públicas de Educação Básica que lhes eram destinadas por lei, como a Educação 
Infantil, a Educação Especial, as Atividades Extracurriculares, entre outras. 
O ensino formal e a escola propiciada não modificaram a desadaptação e a inabilidade 
social, emocional, profissional. Resta-lhes a urgência de programas, em rede de instituições. 
 
4 REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da criança e do 
adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 09 out. 2013. 
 
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 22. ed. Rio de Janeiro: Graal. 2006. 
 
OLIVEIRA, Ivani de Lourdes Marchesi. Avaliação de Políticas Públicas de Recuperação 
de Aprendizagem em Alfabetização na visão de quem as implementa. 2012. 267fls. Tese 
(Doutorado em Serviço Social) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade 
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2012. 
 
SÃO PAULO (Estado). Plano Decenal de Atendimento Socioeducativo do Estado de São 
Paulo – 2014. Disponível em: 
<http://www.fundacaocasa.sp.gov.br/pdf/PLANO_DECENAL_DE_ATENDIMENTO_SOCI
OEDUCATIVO_DO_ESTADO_DE_SAO_PAULO_20141201.2.pdf>. Acesso em: 14 fev. 
2015. 
 
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______. Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. Diretoria de Ensino – Região 
Franca. Centro de Informações Educacionais e Gestão de Rede Escolar. Cadastro de Alunos. 
PRODESP. Acesso em: 30 ago. 2013.

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