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A Presença Portuguesa na Índia

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Calecute foi o primeiro reino onde os portugueses desembarcaram. No porto local 
fizeram os primeiros contatos com os indianos e mandaram mensageiros ao soberano 
local, que, posteriormente, os recebeu em um de seus palácios. As relações 
estabelecidas entre os portugueses e o samorim não foram as mais promissoras, a estada 
da armada em Calecute terminou com desconfiança e hostilidade mútuas 
(SUBRAHMANYAM, 1993, p. 83). Ao contrário do que se afirmava, não havia 
comunidades cristãs espalhadas pelo Índico. Contudo, foi erguida uma feitoria em 
Calecute, marcando assim o primeiro momento da presença portuguesa na Ásia. 
Durante a presença da segunda armada lusa no Malabar (1500-1501), cujo capitão 
foi Pedro Álvares Cabral
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, essa feitoria foi atacada pelos naturais de Calecute e os 
portugueses foram expulsos dela. Cabral se estabeleceu então na cidade de Cochim, 
localizada a Sul de Calecute, onde o soberano local desejava autonomia perante o 
samorim. Cochim se tornou o principal aliado dos portugueses no Malabar. Mas o apoio 
dado aos portugueses causou ataques pelos naturais de Calecute, que só pode ser 
resistido graças aos esforços das forças militares dos portugueses. A partir desse 
momento foi decidido que uma armada portuguesa deveria ter assento permanente no 
Índico para garantir a proteção do rei de Cochim – e, claro, os interesses do rei de 
Portugal. O desdobramento natural dessa decisão foi a construção da feitoria de Cochim 
em 1503 (THOMAZ, 1994, p. 179), com a terceira expedição, comandada novamente 
por Vasco da Gama. 
Após o regresso da segunda expedição de Gama ao reino de Portugal, a presença 
portuguesa no espaço asiático se deu por mais quatro expedições, cujos objetivos eram 
missões diplomáticas e comerciais (SANTOS, 1999, p. 37). Aqueles que ocupavam o 
cargo de capitão-mor da armada eram os homens que representavam a maior autoridade 
portuguesa no Oriente. 
As feitorias foram as primeiras tentativas de estabelecimento dos portugueses na 
Índia. Esse modelo, de origem mediterrânica, era utilizado na costa africana com 
sucesso e tornou-se o símbolo da presença portuguesa na Ásia do Sul. 
A feitoria servia como ponto de apoio aos portugueses. Era um espaço onde havia 
a possibilidade de armazenar a mercadoria, estabelecer os contatos comerciais, e ainda 
estavam protegidos de eventuais ataques
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 Foi durante esta viagem que Cabral aportou na costa brasileira. 
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 A historiadora brasileira Andreia Doré (2010) é da opinião, e concordo, de que esses ataques eram, na 
verdade, corriqueiros.

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