Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇAS INTESTINAIS INFLAMATÓRIAS (DII) Doenças crônicas de caráter inflamatório do aparelho digestivo, causadas por alterações na imunorregulação intestinal, relacionada a fatores ambientais em indivíduos geneticamente suscetíveis. Diferenciação entre RCU e DC é feita por meio de critérios clínicos, endoscópicos e histológicos. Quando o dx é mudado, costuma ser de RCU DC (o oposto quase nunca ocorre). Quando não é possível a classificação em RCU ou DC = colite indeterminada. · Fisiopatologia: - desregulação imunitária que causa inflamação intestinal, desencadeada por algum componente ambiental em indivíduo geneticamente suscetível; doença não infecciosa; - etiologia multifatorial; relação com aspectos microbiológicos, vírus, bactérias; fatores psicológicos, ambientais, uso de AINES, ACO, tabaco (tabagismo fator de proteção para RCU / fator desencadeante para DC). Doença de Crohn (DC) · Epidemio: - início das manifestações = após 10 anos / picos entre 15-25 e 55-60 anos; - mais comum em brancos e judeus; - correlação com o gene NOD2. · Patologia: - inflamação crônica granulomatosa não caseificante que pode acometer qualquer porção do TGI (da boca ao ânus); - inflamação transmural, com padrão descontínuo salteado; - principal sítio da doença = intestino delgado (90% dos casos), principalmente no íleo terminal (75%) – ½ com envolvimento ileocecal e 30-40% com ileíte isolada; 1/3 dos indivíduos tem acometimento perianal +/- colite (20%); - sugere-se que um evento inespecífico possa ser gatilho em indivíduos previamente suscetíveis; 1. Fase inicial espessamento mucoso, edematoso e hiperêmico da mucosa intestinal resultando em minúsculas ulcerações; 2. Fase crônica úlceras, fissuras, fístulas, abscessos intracavitários; 3. Alça intestinal e mesentério edemaciados / serosite / aderências. · Quadro clínico: - períodos de crise entremeados por períodos de remissão; - mais comuns = enterite (dor abdominal, diarreia, febre, emagrecimento); - manifestações iniciais podem ser = fissuras, abscessos perianais simples, fístulas simples; · Sintomas inflamatórios sistêmicos (febre baixa, astenia) / locais (enterite, colite); · Sintomas fibroestenóticos diminuição do calibre intestinal / obstrução / suboclusão intestinal; · Sintomas fistulizantes ou perfurativos fistulas enterocutâneas, perianais ou abscessos intracavitários por perfuração da parede intestinal; · Manifestações extraintestinais eritema nodoso, pioderma gangrenoso, artrite, espondilite anquilosante (+ comum), colelitíase, colangite esclerosante 1ª, amiloidose, trombose venosa e arterial; - exame físico = dor à palpação abdominal, massas palpáveis, distensão, fístulas enterocutâneas. · Diagnóstico: - clínico + lab + endoscópico + radiológico; · Laboratorial HMG (leucocitose, anemia), aumento de VHS / PCR, diminuição de albumina (por desnutrição crônica), alteração de eletrólitos; coprologia (esteatorreia, leucócitos), elevação de calprotectina; · Imagem: - rx simples = sinais de perfuração / obstrução / pneumoperitônio / dilatação de alças; - rx contrastado = fístulas e estenoses com áreas sãs entremeadas por áreas doentes – aspecto salteado; - enema opaco = útil na colite de Crohn; - outros = TC / RNM / USG / enteroTC / enteroRN / enteroscopia); - EDA mucosa com lesão inicial com úlceras aftoides, que tornam-se lineares, que tornam-se em “paralelepípedo”; - biópsia / anatomopatológico define o diagnóstico = granuloma não caseoso (20% dos casos apenas). *Diagnósticos diferenciais: RCU, gastrenterite, tu intestinal, TB intestinal. A diferenciação entre Doença em atividade x Doença em remissão pode ser feita por meio do Índice de Atividade da Doença de Crohn (CDAI) <150 indica remissão; 150-219 leve a moderada; 220-450 moderada a grave; >450 grave ou fulminante. · Tratamento clínico: - não existe cura definitiva; - objetivo do tto = induzir e manter a remissão, com o mínimo possível de ef colaterais e complicações; · Medidas de suporte repouso no leito, suporte nutricional, terapia enteral/parenteral, suplementação vitamínica, suporte emocional · Tto medicamentoso: · Tratamento cirúrgico: - indicações = complicações da doença (quadros obstrutivos, perfurativos, hemorrágicos), intratabilidade clínica, retardo de crescimento, manifestações extraintestinais, difícil controle dos efeitos colaterais dos medicamentos, displasia de alto grau confirmada, suspeita de estenose maligna; - cirurgias: - proctocolectomia total com ileostomia definitiva na vigência de lesões perianais extensas, ou mesmo estomas de derivação; - abscessos drenagem simples; - plicomas ressecção apenas em casos de muita dor. Retocolite ulcerativa (RCU) · Epidemio: - inflamação crônica da mucosa e da submucosa colônicas; - etiologia desconhecida; - manifestações clínicas em surtos com intervalos imprevisíveis; - mais comum em judeus e mulheres. · Patologia: - processo inflamatório limitado à mucosa e no máximo à submucosa; raramente acomete toda a parede colônica; - etiologias infecciosa, alergia alimentar, fatores psicológicos e familiares; - inflamação crônica determina a atrofia de mucosa e espessamento da muscular; - anatomopatológico microabscessos de criptas; confluência dos abscessos = úlceras, as quais delimitam áreas de mucosa normal – pseudopólipos; - acometimento da mucosa colônica inicia-se a partir do reto e continua em extensão variável, porém, restrito ao cólon; raramente o íleo terminal é acometido (lesão back wash); - caráter contínuo de distal para proximal – reto é sempre acometido; - doença pré-maligna; - padrões: · Pancolite = acomete todo o cólon (10% dos casos); · Colite ulcerativa esquerda = predominante do lado E; · Colite ulcerativa distal = envolvimento do cólon sigmoide e reto. · Quadro clínico: - crises precedidas por pródromos; - sintomas sistêmicos constitucionais: febre, anorexia, perda de peso, taquicardia, hipotensão; · Doença distal sangramento retal, mucorreia purulenta, puxos, diarreia de longa duração, sangue e dor abdominal sem grandes alterações no EF; · RCU do cólon E / pancolite diarreia com sangue, muco e pus; · Formas crônicas encurtamento do cólon, perda das haustrações, aumento do espaço pré-sacral. · Classificação de Montreal = classifica segundo a localização e intensidade da doença: · Forma fulminante da RCU = megacólon tóxico: - dilatação em alça do cólon transverso >6cm; - taquicardia, distensão abdominal, febre, sinais de peritonite, risco de perfuração do cólon; · Diagnóstico: - clínico + lab + endoscópico + radiológico; · Laboratorial idem DC; · Radiológico rx simples de abdome apenas em casos de megacólon tóxico; enema = haustrações ausentes, mucosa de aspecto granuloso, estenose, cólon tubulizado (“cano de chumbo”); · Exames endoscópicos indispensáveis para o diagnóstico, visto que detectam friabilidade da mucosa, ulcerações e pseudopólipos; contraindicado em caso de megacólon (risco de perfuração). *Diagnósticos diferenciais: DC, colite isquêmica, colite colagenosa, colite infecciosa, diverticulite, colite eosinofílica, amiloidose, processos neoplásicos do cólon. · Tratamento clínico: Suporte reposição hidroeletrolítica, correção de anemia, suporte nutricional, hieta hiperproteica e hipercalórica; nutrição enteral ou parenteral pode ser necessária; · Fase aguda: - ATB (aminoglicosídeo + metronidazol + cipro ou amp); - CTC para induzir a remissão da doença, a dose depende da gravidade; - prednisona = 40-60mg/dia VO; manutenção 5-10mg/dia VO; - hidrocortisona =100mg IV 3x/dia (casos graves) + substituição por prednisona após 7-10d; - enema de CTC = 50ml de água + 100mg de hidrocortisona 2x/dia (se doença restrita ao cólon); · Fase crônica: - sulfassalazina 2-4g/dia VO; nas formas leves e moderadas; útil para evitar recaídas; deve ser adm com ác fólico para evitar anemia macrocítica; - mesalazina se intolerância à sulfassalazina; - imunossupressão indicada em CTCdependentes; - azatioprina 2-2,5mg/kg/dia VO; - ciclosporina 2-4mg/kg/dia EV; - risco de hepato / nefrotoxicidade.· Tratamento cirúrgico: - 20-30% necessitam; - indicações = intratabilidade por medidas clínicas, manifestações extracolônicas, suspeita de neoplasias, retardo do crescimento; - ressecção do cólon iniciando pelo reto + preservação da válvula ileocecal; - cirurgias: - proctocolectomia total com anastomose ileoanal e reservatório ileal (PTAIA) pancolite, quando o aparelho esfincteriano está íntegro, continência anal está preservada e não há presença de CA no reto distal; - proctocolectomia total com ileostomia definitiva quando não há continência anal ou quando há suspeita de CA no reto distal; - colectomia total com anastomose ileorretal quando há recusa do pcte pela ileostomia / deve ter seguimento ambulatorial rigoroso; - colectomia total cp, sepultamento do coto retal + ileostomia terminal para retirar o pcte do surto agudo; pcte é reoperado para a reconstrução do trânsito GI.
Compartilhar