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Micoses profundas

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15- Micoses profundas
Introdução: 
 Micoses subcutâneas: esporotricose, cromomicose, 
lobomicose, micetoma, feo- hifomicose, 
rinosporidiose
 Sistêmicas: 
o Micoses patogenicas: paracoccidiodomicose, 
histoplasmose, blastomicose, coccidioidomicose
o Micoses oportunistas: candidiase, criptococose, 
hialo-hifomicose, zigomicose, feo-hifomicose
 
Esporotricose
 Micose profunda subcutânea de evolução subaguda 
ou crônica causado por fungo dimórfico
 Micose profunda sistêmica em indivíduos 
imunodeprimidos
 Distribuição universal, mais comum em regiões 
tropicais e subtropicais
 Áreas urbanas e rurais
 Acomete mais adultos (com ocupação relacionada ao
solo)
 Pode acometer gatos, cães, equídeos e roedores
 Agente etiológico: Sporothrix schenckii
o Fungo dimórfico: fungo que apresenta uma 
forma parasitaria (leveduriforme), diferente da 
saprofita (filamentosa) presente na natureza
o Inoculação direta por ferimento por material 
contaminado (palhas e espinhos) ou mordedura 
de animais
 Formas clínicas:
o Forma cutânea: cutâneo linfática, cutâneo 
localizada, cutâneo disseminada
o Forma extracutânea: pulmonar, osteoarticular e 
disseminada
 ***Forma cutânea linfática 
o Forma mais comum
o Lesão papulo nodular, as vezes ulcerado, no 
ponto de inoculação (cancro esporotricotico) -> 
cordão de linfangite ao longo do qual se 
encontram nódulos ou gomas (gomas são lesões 
nodulares com centro liquefeito), que podem 
ulcerar, com aspecto comparável a um rosário
o Lesão aparece no local de inoculação do fungo
o Adultos: mais comum nas extremidades
o Crianças: face
 Forma cutânea localizada:
o P'pulo-nodular, com ou sem ulceração (“acne” ou
furúnculo”)
o Placa escamo crostosa
o Placa verrucosa
o Não há linfangite
 Forma cutânea disseminada
o Rara
o Lesões nodulares ou gomosas disseminadas, 
podem ulcerar
o Disseminação hematogênica do parasita
o Geralmente associada a baixa imunidade (HIV)
 Formas extra-cutâneas
o Raras
o Osteoarticular: monoartrite crônica (mais 
comum)
o Pulmonares
o Testiculares
 Diagnóstico:
o Cultura: método de escolha
 Colônias castanho-negras
 Crescem de 3 a 5 dias em temperatura 
ambiente
 Aspecto bicolor, cremoso
o Microcultivo:
 Exame microscópico da cultura
 Conidióforos em forma de "margaridas"
o Exame histopatológico:
 Granuloma com supuração central e reação 
epitelióide e plasmocitária ao redor
 Corpo asteróide: elemento fúngico envolvo 
por material eosinofilico
 Tratamento:
o Iodeto de potássio: droga especifica na terapia da
esporotricose
o Itraconazol
o Anfotericina B (formas disseminadas ou 
sistêmicas)
 
Cromomicose: 
 Sinonimia: cromoblastomicose, dermatite 
verrucosa, micose de Pedros e Lane
 Micose profunda, infecção crônica, progressiva da 
pele e tecido subcutâneo
 Adultos, homens, trabalhadores rurais 
 Etiologia:
o Diferentes espécie de fungos demáceos 
(pigmentados)
o Fungos dimórficos demáceos:
 Fonsecaea pedrosoi (maioria) 
 Cladophilaphora carrionii
 Phialophora verrucosa
 Fonsecaea compactum
 Rhinocladiella aquaspersa
o Formas muriformes, “corpos fumagóides” no 
exame microscópico de material a partir de 
lesoes
 Implantação traumática que se propaga por 
continuidade mas não afeta o estado geral, é bem 
localizada
 Quadro clínico:
o Lesão cutânea primaria: pequena pápula que, 
gradualmente, aumenta ao longo de semanas a 
meses, de modo a formar um nódulo superficial 
com uma superfície irregular friável
o Evolui para lesões verrucosas, unilateral e 
geralmente de mmii
 Diagnostico diferencial: leishmaniose, 
esporotricose, lobomicose, tuberculose verrucosa, 
carcinoma verrucoso, micetoma
 Diagnostico:
o Exame direto do material das lesões -> “corpos 
fumagoides ou muriformes”:
 Formas redondas de parede grossa
 Coloração castanha ou marrom (cor de 
charuto)
o Microscopia da cultura:
 Dependendo do tipo de frutificação pensa em 
um fungo que causou
 Frutificação tipo Phialophora: Phialophora 
verrucosa, Fonsecaea compactum
 Frutificação tipo Acrotheca: Fonsecaea 
pedrosoi, Rhinocladiella aquaspersa
 Frutificação tipo Cladosporium: 
Cladophialophora carrionni, Fonsecaea 
pedrosoi -> é a mais importante
o Anatomopatológico:
 Infiltrado granulomatoso com microabscessos
 Numerosos corpos de cor de charuto no 
interior dos gigantócitos ou microabscessos 
(corpos fumafóides)
 Tratamento:
o Lesões localizadas: cirurgia, crioterapia
o Lesões mais extensas: anfotericina B, itraconazol, 
terbinafina
 
***Paracoccidioidomicose: 
 Sinonimia: Blastomicose sul americana
 Micose sistêmica , relacionada as atividades 
agrícolas, com incidência e prevalência subestimada 
pela ausência de notificação, com maior taxa de 
mortalidade
 Doença infecciosa crônica ou subaguda, 
granulomatosa e envolve principalmente pulmões, 
membranas mucosas, gânglios, pele, glândulas 
supra renais e SNC
 Epidemiologia:
o Ocorre principalmente na área rural
o Entre 30 e 50 anos
o Acomete mais homens do que mulheres (13:1)
o Não se observa predileção racial
o Distribuição geográfica peculiar: Brasil, Colômbia, 
Venezuela, Argentina, Peru, Equador e Paraguai 
(exceto Chile)
 Etiologia:
o Fungo termodimórfico 
o 2 principais espécies:
 Paracoccidioides brasiliensis 
 Paracoccidioides lutzii
 Habitat: provavelmente solo e vegetais, foi 
isolado em baço, fígado, pulmão de tatu na 
região Amazônica
 Vias de penetração do P. brasiliensis:
o Inalação: vias respiratórias e pulmões (mais 
frequente)
o Inoculação direta: mucosa bucofaringea e pele; 
insolita (perianal)
o Ingestão: mucosa intestinal, sintomatologia 
variável
o Ponto de inoculação: multiplicação propagação 
por continuidade (tecidos vizinhos), via linfática 
(linfonodos regionais) e via hematogênica 
(disseminação sistêmica)
o Amigdalite paracoccidióidica: agente encontrado
nas amigdalas na ausência de lesões clínicas
 Classificação:
o Paracoccidiodomicose infecção: inalou mas não 
desenvolveu, pode ficar la por anos
o Paracoccidioidomicose doença: tem os sintomas
o Evolução:
 Aguda/subaguda:
 Linfadenopatia
 Jovens: 1a infecção
 Crônica
 Unifocal ou multifocal
 Adultos (mais de 20 anos)
 Formas clinicas:
o Formas tegumentares ou cutâneo-mucosa -> 
lesão cheia de pontos hemorrágicos na mucosa 
(estomatite muriforme)
o Formas linfonodulares ou linfáticas -> paciente 
com linfonodos regionais abscedando, 
fistulizando
o Formas viscerais e em outros órgãos 
 Lesões pulmonares em 50-80% dos doentes
 Diagnostico: RX de tórax (imagem Vespertilio =
infiltrado bialteral)
 Formas extensas: febre, dispneia, dor torácica,
expectoração
 Comprometimento intestinal: dor abdominal 
(continua ou em cólica), náuseas, vômitos, 
obstipação ou diarreia, febre e anorexia
 Aumento dos linfonodos intra-abdominais: 
massas volumosas
 Alterações radiológicas:
 Pulmões: lesões miliares, nodulares, 
infiltrativas, pneumônicas, cavitárias e 
fibróticas
 Ósseas: lesões osteolíticas, atingindo 
principalmente as clavículas, costelas e o 
úmero, com tendencia a simetria; lesões 
articulares ocorre por contiguidade ou 
disseminação hematogênica
 Aparelho digestivo: comprometimento do 
esôfago e reto, sendo mais comuns as 
lesões no intestino delgado e do colo com 
estenoses e perfurações
 Sistema linfático: dilatação e irregularidade
dos vasos e tumefação dos linfonodos
o Formas mistas 
 Apresentam localização em mais de um órgão 
(tegumentar-linfática ou viscerais-linfáticas)
 A maioria das formas é mista
 As lesões cutaneo-mucosas ou pulmonares ou 
intestinais quase sempre apresentam 
linfonodos comprometidos
 Formas mistas: tegumentar-pulmonar-
linfática-adrenal, tegumentar- linfática-
nervosa
 Diagnostico:
o Exame direto: achado do parasita no exame 
direto (formas arredondadas de dupla parede 
birrefringente, com ou sem gemulação – Mickey 
ou roda de leme)
o Cultura: padrão ouro
 Temperatura ambiente: colônia branca, 
algonodonas aderente ao meio
 37°C: colônias leveduriformeou cerebriformes
o Anatomopatológico:
 Quadro granulomatoso
 Encontro do parasita com sua dupla parede, 
brotamento múltiplo ou simples (achado 
característico)
o Exames imunológicos: anticorpo no sangue 
contra o fungo
 Imunoeletroforese
 Contraimunoeletroforese
 Dupla imunodifusão
 ELISA
 Imunofluorescência indireta
 Western-Blot
 Antígeno especifico do P. brasiliensis é a 
glicoproteína gp43 de 43 KDa
 Tratamento:
o Sulfamidicos
o Cetoconazol
o Itraconazol: eletivo
o Anfotericina B: formas graves e disseminadas ou 
crônica multifocal
 Critério de cura: sorologia negativa por mais 
de 2 anos associada a melhora clinica do paciente
 
Lobomicose:
 Doença de Jorge Lobo 
 Infecção crônica da pele
 Agente etiológico: Lacazia loboi
o Dimórfico, saprofita solo
o Inoculação por traumas
 Regiões tropicais e subtropicais, clima quente e 
úmido (região Amazonica)
 Predomínio em adultos, sexo masculino (Atividades 
do meio rural)
 Encontrada nos golfinhos também
 Quadro clinico:
o Infecção limitada a pele e semimucosas (paciente 
em um BEG)
o Lesões predominam em áreas expostas: 
principalmente nos pavilhões auriculares e MMII
o Lesão inicial: pápula superficial ou profunda que 
pode confluir formando placa papulosa ou evoluir
pra lesão nodular, única ou múltipla
 Formas clinicas:
o Infiltrativa
o Queloidiana: mais comum
o Gomosa
o Ulcerosa
o Verricuforme -> diagnostico diferencial das 
doenças com lesões verrucosas
 Sintomas: prurido, ardor, hipoestesia e anestesia
 Diagnostico:
o Exame micológico direto -> células fúngicas 
leveduriforme de parede espessa dupla 
membrana, onde cada célula é conectada à célula
adjacente por um estreito pescoço
o Não cultivável
o Anatomopatologico:
 Infiltrado granulomatoso
 Numerosos parasitas, de dupla membrana, 
alguns gemulantes, isolados ou formando 
cadeias
 Tratamento:
o Cirúrgica: exécere ou eletrocoagulação das lesões
isoladas
o Criocirurgia
o Clofazimina + itraconazol (lesoes extensas ou 
recidivantes)
 
Eumicetomas:
 Micetomas: infecções crônicas da pele e 
subcutâneo, não raramente comprometendo 
estruturas mais profundas (ossos ou outros órgãos), 
causados por batérias (actinomicetoma) ou fungos
 Eumicetoma:
o Infecção crônica da pele e subcutâneo, causada 
por fungo
o Diversos fungos aeróbios, em especial Madurella 
grisea (maduromicose)
 Lesões tumorais e fistulosas com drenagem de 
secreção e grãos parasitários; fibrose
 Diagnostico: exame micológico direto e cultura do
material procedente das fistulas e secreções
 Tratamento: insatisfatório
o Itraconazol, anfotericina B, iodeto de potássio
o Cirúrgico nas formas localizadas

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