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1 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo Módulo de Metabolismo Tutoria 1 Objetivos: 1. Elucidar a morfofisiologia do sistema digestório. GUYTON- O trato alimentar abastece o corpo com suprimento contínuo de água, eletrólitos, vitaminas e nutrientes. Isso requer (1) movimentação do alimento pelo trato alimentar; (2) secreção de soluções digestivas e digestão dos alimentos; (3) absorção de água, diversos eletrólitos, vitaminas e produtos da digestão; (4) circulação de sangue pelos órgãos gastrointestinais para transporte das substâncias absorvidas; (5) controle de todas essas funções pelos sistemas nervoso e hormonal locais. Cada parte está adaptada às suas funções específicas: algumas para a simples passagem do alimento, como o esôfago; outras para o armazenamento temporário do alimento, como o estômago; e outras para digestão e absorção, como o intestino delgado. O músculo liso do trato gastrointestinal é excitado por atividade elétrica intrínseca, contínua e lenta, nas membranas das fibras musculares. Essa atividade consiste em dois tipos básicos de ondas elétricas: (1) ondas lentas; e (2) potenciais em espícula. Além disso, a voltagem do potencial de repouso da membrana do músculo liso gastrointestinal pode ser feita para variar em diferentes níveis, o que também pode ter efeitos importantes no controle da atividade motora do trato gastrointestinal. Ondas Lentas. A maioria das contrações gastrointestinais ocorre ritmicamente, e o ritmo é determinado, em grande parte, pela frequência das chamadas “ondas lentas” do potencial da membrana do músculo liso. Não se conhece, exatamente, a causa das ondas lentas, mas elas parecem ser ocasionadas por interações complexas entre as células do músculo liso e células especializadas, denominadas células intersticiais de Cajal, que supostamente atuam como marca-passos elétricos das células do músculo liso. Essas células intersticiais formam rede entre si e interpõem-se nas camadas do músculo liso com contatos do tipo sináptico com as células do músculo liso. Os potenciais de membrana das células intersticiais de Cajal 2 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo passam por mudanças cíclicas, devido a canais iônicos específicos que, periodicamente, abrem-se, permitindo correntes de influxo (marca-passo) e que, assim, podem gerar atividade de onda lenta. As ondas lentas geralmente não causam, por si sós, contração muscular, na maior parte do trato gastrointestinal, exceto talvez no estômago. Mas basicamente estimulam o disparo intermitente de potenciais em espícula e estes, de fato, provocam a contração muscular. Potenciais em Espícula. Os potenciais em espícula são verdadeiros potenciais de ação. Ocorrem, automaticamente, quando o potencial de repouso da membrana do músculo liso gastrointestinal fica mais positivo do que cerca de −40 milivolts (o potencial de repouso normal da membrana, nas fibras do músculo liso do intestino, é entre −50 e −60 milivolts). Quanto maior o potencial da onda lenta, maior a frequência dos potenciais em espícula. Os potenciais em espícula no músculo gastrointestinal têm duração 10 a 40 vezes maior que os potenciais de ação nas grandes fibras nervosas. Cada potencial de ação gastrointestinal dura até 10 a 20 milissegundos. Outra diferença importante entre os potenciais de ação do músculo liso gastrointestinal e os das fibras nervosas é o modo como são gerados. Nas fibras nervosas, os potenciais de ação são causados quase inteiramente pela rápida entrada de íons sódio pelos canais de sódio, para o interior das fibras. Nas fibras do músculo liso gastrointestinal, os canais responsáveis pelos potenciais de ação são diferentes; eles permitem que quantidade particularmente grande de íons cálcio entre junto com quantidades menores de íons sódio e, portanto, são denominados canais para cálcio-sódio. Esses canais se abrem e fecham com mais lentidão que os rápidos canais para sódio das grandes fibras nervosas. A lenta cinética de abertura e fechamento dos canais para cálcio-sódio é responsável pela longa duração dos potenciais de ação. A movimentação de quantidade de íons cálcio para o interior da fibra muscular durante o potencial de ação tem papel especial na contração das fibras musculares intestinais, como discutiremos em breve. O trato gastrointestinal tem um sistema nervoso próprio, denominado sistema nervoso entérico, localizado inteiramente na parede intestinal, começando no esôfago e se estendendo até o ânus. O número de neurônios nesse sistema entérico é de aproximadamente 100 milhões, quase a mesma quantidade existente em toda a medula espinal. Esse sistema nervoso entérico, bastante desenvolvido, é especialmente importante no controle 3 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo dos movimentos e da secreção gastrointestinal. O sistema nervoso entérico é composto basicamente por dois plexos, o plexo externo, disposto entre as camadas musculares longitudinal e circular, denominado plexo mioentérico ou plexo de Auerbach; e (2) plexo interno, denominado plexo submucoso ou plexo de Meissner, localizado na submucosa. O plexo mioentérico controla quase todos os movimentos gastrointestinais, e o plexo submucoso controla basicamente a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local. DIFERENÇAS ENTRE OS PLEXOS MIOENTÉRICO E SUBMUCOSO O plexo mioentérico consiste, em sua maior parte, na cadeia linear de muitos neurônios interconectados que se estende por todo o comprimento do trato gastrointestinal. Como o plexo mioentérico se estende por toda a parede intestinal localizada entre as camadas longitudinal e circular do músculo liso intestinal, ele participa, sobretudo, no controle da atividade muscular por todo o intestino. Quando esse plexo é estimulado, seus principais efeitos são (1) aumento da contração tônica ou “tônus” da parede intestinal; (2) aumento da intensidade das contrações rítmicas; (3) ligeiro aumento no ritmo da contração; (4) aumento na velocidade de condução das ondas excitatórias, ao longo da parede do intestino, causando o movimento mais rápido das ondas peristálticas intestinais. O plexo mioentérico não deve ser considerado inteiramente excitatório, porque alguns de seus neurônios são inibitórios; nestes, os terminais de suas fibras secretam transmissor inibitório, possivelmente o polipeptídio intestinal vasoativo ou algum outro peptídeo inibitório. Os sinais inibitórios resultantes são especialmente úteis para a inibição dos músculos de alguns dos esfíncteres intestinais, que impedem a movimentação do alimento pelos segmentos sucessivos do trato gastrointestinal, como o esfíncter pilórico, que controla o esvaziamento do estômago para o duodeno, e o esfíncter da valva ileocecal, que controla o esvaziamento do intestino delgado para o ceco. Em contraste com o plexo mioentérico, o plexo submucoso está basicamente envolvido com a função de controle na parede interna de cada diminuto segmento do intestino. Por exemplo, muitos sinais sensoriais se originam do epitélio gastrointestinal e são integrados no plexo submucoso, para ajudar a controlar a secreção intestinal local, a absorção local e a contração local do músculo submucoso, que causa graus variados de dobramento da mucosa gastrointestinal. 4 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo TIPOS DE NEUROTRANSMISSORES SECRETADOS POR NEURÔNIOS ENTÉRICOS Na tentativa de melhor entender as múltiplas funções do sistema nervoso entérico gastrointestinal, pesquisadores identificaram uma dúzia ou mais de diferentes substâncias neurotransmissoras que são liberadas pelos terminais nervosos de diferentes tipos de neurônios entéricos, entre eles: (1) acetilcolina, (2) norepinefrina; (3) trifosfato de adenosina; (4) serotonina; (5) dopamina; (6) colecistocinina; (7) substância P; (8) polipeptídeo intestinal vasoativo; (9) somatostatina; (10) leuencefalina;(11) metencefalina; e (12) bombesina. As funções específicas de muitas delas ainda não estão suficientemente bem entendidas para justificar uma discussão das características além do destaque dos seguintes pontos. A acetilcolina, na maioria das vezes, excita a atividade gastrointestinal. A norepinefrina quase sempre inibe a atividade gastrointestinal, o que também é verdadeiro para a epinefrina, que chega ao trato gastrointestinal principalmente pelo sangue, depois de ser secretada na circulação pela medula adrenal. As outras substâncias neurotransmissoras, mencionadas antes, são mistura de agentes excitatórios e inibitórios. TORTORA- O sistema Digestório é constituído por um grupo de órgãos que decompõem o alimento que ingerimos em moléculas menores, que pode ser utilizada pelas células do corpo. O sistema digestório é constituído de dois grupos de órgãos: o tubo gastrointestinal e os órgãos acessórios da digestão. O tubo gastrointestinal (GI) ou canal alimentar é um tubo continuo que se estende da boca até o ânus através das cavidades torácica e abdominopélvica. Os órgãos do tubo GI compreende a boca, a faringe, o esôfago, o estômago, o intestino delgado e o intestino grosso. O comprimento do tubo GI é variável. Mede cerca de 5 a 7 metros no indivíduo vivo, quando os músculos ao longo da parede dos órgãos do tubo GI encontra-se em um estado de tônus (contração sustentada). É mais longo no cadáver (cerca de 7 a 9 metros), devido à perda do tônus muscular depois da morte. Os órgãos acessórios da digestão incluem os dentes, a língua, as glândulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. • Dentes: ajuda na decomposição mecânica do alimento; • Língua: auxilia na mastigação e na deglutição; 5 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo • Os outros órgãos acessórios da digestão nunca entram em contato direto com o alimento. Esses órgãos produzem ou armazenam secreções que fluem para o tubo GI por meio de ductos e que auxiliam na decomposição química do alimento. O trato GI contém o alimento do momento em que é ingerido até que seja digerido e absorvido ou eliminado. As contrações musculares na parede do trato GI decompõem mecanicamente o alimento, misturando-o vigorosamente e empurrando-o ao longo do trato, do esôfago até o ânus. As contrações também ajudam a dissolver os alimentos, misturando-os com os líquidos secretados no trato. As enzimas secretadas pelos órgãos acessórios da digestão e as células que revestem o trato decompõem o alimento quimicamente. O sistema digestório, de uma forma geral, realiza seis processos básicos: 1.Ingestão. Este processo compreende a introdução de alimentos e líquidos na boca (comer). 2. Secreção. Todos os dias, as células no interior das paredes do trato GI e dos órgãos acessórios da digestão secretam um total de aproximadamente 7 litros de água, ácido, tampões e enzimas no lume (espaço interior) do trato. 3. Mistura e propulsão. A contração e o relaxamento alternados do músculo liso nas paredes do trato GI misturam o alimento e as secreções, empurrando-os em direção ao ânus. Essa capacidade do trato GI de misturar e mover material ao longo de sua extensão é denominada motilidade. 4. Digestão. Processos químicos e mecânicos decompõem o alimento ingerido em partículas menores. Na digestão mecânica, os dentes cortam e trituram o alimento antes de ser deglutido e, em seguida, os músculos lisos do estômago e intestino delgado misturam vigorosamente o alimento. Como resultado, as moléculas de alimento são dissolvidas e completamente misturadas com as enzimas digestivas. Na digestão química, grandes moléculas de carboidrato, lipídio, proteína e ácido nucleico, presentes no alimento, são fragmentadas em moléculas menores, por hidrólise. As enzimas digestivas produzidas pelas glândulas salivares, língua, estômago, pâncreas e intestino delgado catalisam essas reações catabólicas. Umas poucas substâncias presentes no alimento são 6 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo absorvidas sem digestão química, incluindo vitaminas, íons, colesterol e água. 5. Absorção. A entrada de líquidos, íons e produtos da digestão secretados e ingeridos nas células epiteliais que revestem o lume do trato GI é chamada de absorção. As substâncias absorvidas passam para o sangue ou linfa e circulam por todo o corpo para as células. 6. Defecação. Resíduos, substâncias indigeríveis, bactérias, células desprendidas do revestimento do trato GI e materiais digeridos que não foram absorvidos no processo pelo trato digestivo deixam o corpo através do ânus, em um processo chamado de defecação. O material eliminado é chamado de fezes. 2. Explicar o metabolismo dos carboidratos (classificação dos carboidratos, enzimas, regulação neuroendócrina). Segundo o Lehninger, metabolismo é o “Conjunto de reações orgânicas que os organismos vivos realizam para obter energia e para sintetizar as substâncias de que necessitam”. O metabolismo pode ser dividido em dois tipos: O Catabolismo que degrada moléculas complexas para fornecer moléculas simples e energia; e o Anabolismo onde se sintetizam moléculas complexas a partir de moléculas simples com gasto de energia. Carboidratos são poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas, ou substâncias que geram esses compostos quando hidrolisadas. Muitos carboidratos têm a fórmula empírica (CH2O)n; alguns também contêm nitrogênio, fósforo ou enxofre. A glicose desempenha um papel central em todos os metabolismos. Ela é o substrato energético universal para células humanas e a fonte de carbono para a síntese de muitos outros compostos. Todos os tipos de células humanas a utilizam para obter energia. A excreção de insulina e glucagon pelo pâncreas auxilia o uso e o armazenamento da glicose pelo organismo. Outros carboidratos da dieta (principalmente frutose e galactose) são convertidos em glicose ou em intermediários do metabolismo da glicose. A glicose é um precursor para a síntese de uma série de outros carboidratos requeridos para a produção de compostos especializados, como a lactose, antígenos da superfície das células, nucleotídeos ou glicosaminoglicanos, e é o precursor fundamental de compostos que não pertencem à classe dos carboidratos; ela pode ser convertida em lipídeo (incluindo ácidos graxos, 7 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo colesterol e hormônio esteróide), aminoácidos e ácidos nucleicos. Em humanos, somente aqueles compostos que são sintetizados a partir de vitaminas, aminoácidos essenciais e ácidos graxos essenciais não podem ser sintetizados a partir da glicose. Mais de 40% das calorias na dieta típica nos Estados Unidos são obtidos do amido, da sacarose e da lactose. Esses carboidratos da dieta são convertidos em glicose, galactose e frutose no trato digestivo. Os monossacarídeos são absorvidos pelo intestino, entram no sangue e são distribuídos aos tecidos onde são metabolizados. Após a glicose ser transportada para dentro das células, ela é fosforilada pela hexocinase para formar glicose-6-fosfato, a qual pode, então, entrar em diversas rotas metabólicas. As três rotas que são comuns a todos os tipos de células são a glicólise, a rota da pentose-fosfato e a síntese de glicogênio. Nos tecidos, a frutose e a galactose são convertidas em intermediários do metabolismo da glicose. Dessa forma, o destino desses monossacarídeos equipara-se ao da glicose. O principal destino da glicose-6-fosfato é a oxidação via rota de glicólise que promove uma porção de ATP para todos os tipos de células. Células que não possuem mitocôndria não podem oxidar outros substratos energéticos, elas produzem ATP a partir da glicólise anaeróbica (a conversão de glicose em ácido láctico). As que contêm mitocôndria oxidam glicose a CO2 e H2O via glicólise e ciclo TCA. Alguns tecidos, como o cérebro, dependem da oxidação da glicose em CO2e H2O a energia, porque eles têm uma capacidade limitada para utilizar outros substratos energéticos. A glicose produz os intermediários da glicólise e do ciclo TCA utilizados para a síntese de aminoácidos e o glicerol e os ácidos graxos constituintes dos triacilgliceróis. Outro importante destino da glicose-6-fosfato é a oxidação via rota da pentose-fosfato, que produz NADPH. Os equivalentes redutores de NADPH são usados para reações biossintéticas e para a prevenção de danos oxidativos das células. Nessa rota, a glicose é oxidativamente descarboxilada a monossacarídeos com 5 carbonos (pentoses), os quais podem reentrar na via glicolítica e, também, ser usados para a síntese de nucleotídeos. Existem também reações não- oxidativas, as quais provocam a interconversão de monossacarídeos com 6 e 5 carbonos. Todas as células utilizam freqüentemente trifosfato de adenosina (ATP) e requerem um constante suplemento de substrato energético para prover energia para geração de ATP. A insulina e o glucagon são os dois principais hormônios que regulam a mobilização e o armazenamento desse substrato 8 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo energético. A função deles é assegurar que as células tenham uma constante fonte de glicose, ácidos graxos e aminoácidos para geração de ATP e para manutenção da célula (Figura 26.1). Devido ao fato de a maioria dos tecidos ser parcial ou totalmente dependente de glicose para geração de ATP e para produção de precursores de outras rotas metabólicas, a insulina e o glucagon mantêm a concentração sangüínea de glicose entre cerca de 80 a 100 mg/dL (90 mg/dL é o mesmo que 5 mM), embora o consumo de carboidrato varie consideravelmente durante o curso do dia. A manutenção da concentração sangüínea de glicose constante (glicose homeostase) requer que esses dois hormônios regulem o metabolismo de carboidratos, lipídeos e aminoácidos de acordo com as necessidades e capacidades próprias de cada tecido. Basicamente, os componentes da dieta são, com exceção daqueles com necessidade imediata, armazenados, e, quando ocorre a demanda, o substrato energético apropriado é mobilizado. Por exemplo, quando o consumo de glicose pela dieta não está disponível em quantidade sufi ciente para que todos os tecidos a utilizem, ácidos graxos são mobilizados e tornam-se disponíveis como substrato energético para serem utilizados pelo músculo esquelético, e o fígado pode convertê-los em corpos cetônicos a serem utilizados pelo cérebro. Ácidos graxos são fontes de reserva de glicose a ser utilizada pelo cérebro e por outros tecidos dependentes de glicose (como as células vermelhas do sangue). A concentração de insulina e glucagon no sangue regula a mobilização e o armazenamento de substrato energético (Figura 26.2). A insulina é liberada em resposta à ingestão de carboidratos, promove a utilização de glicose como substrato energético e seu armazenamento como gordura e glicogênio. Ela é também, o principal hormônio anabólico do organismo. Além disso, promove o aumento da síntese de proteínas e o crescimento celular, em adição ao armazenamento de substrato energético. A concentração de insulina sangüínea diminui quando a glicose é captada pelos tecidos e é utilizada. O glucagon, o principal hormônio contra-regulatório da insulina, está diminuído em resposta a uma refeição com carboidratos e tem sua concentração elevada no jejum. Sua concentração no sangue sinaliza a abstinência da glicose e promove a produção de glicose via glicogenólise (degradação do glicogênio) e gliconeogênese (síntese de glicose a partir do aminoácido e de outros precursores não-carboidratos). O aumento da concentração de glucagon em relação a insulina também estimula a mobilização dos ácidos graxos dos tecidos adiposos. A epinefrina (hormônio de fuga ou luta) e o cortisol (um 9 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo glicocorticóide liberado do córtex adrenal em resposta ao jejum ou estresse crônico) têm efeitos opostos aos da insulina no metabolismo de substratos energéticos. Esses dois hormônios são, portanto, também considerados hormônios contra-regulatórios da insulina. A insulina e o glucagon são hormônios polipeptídeos sintetizados como pró-hormônios nas células e, respectivamente, nas ilhotas de Langerhans no pâncreas. Existem três classes principais de carboidratos: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos (a palavra “sacarídeo” é derivada do grego sakcharon, que significa “açúcar”). Os monossacarídeos, ou açúcares simples, são constituídos por uma única unidade poli-hidroxicetona ou poli- hidroxialdeído. O monossacarídeo mais abundante na natureza é o açúcar de 6 carbonos D-glicose, algumas vezes chamado de dextrose. Monossacarídeos de quatro ou mais carbonos tendem a formar estruturas cíclicas. Os oligossacarídeos consistem em cadeias curtas de unidades de monossacarídeos, ou resíduos, unidas por ligações características chamadas de ligações glicosídicas. Os mais abundantes são os dissacarídeos, com duas unidades de monossacarídeos. Um dissacarídeo típico é a sacarose (açúcar de cana), constituído pelos açúcares de seis carbonos D-glicose e D-frutose. Todos os monossacarídeos e dissacarídeos comuns têm nomes terminados com o sufixo “-ose”. Em células, a maioria dos oligossacarídeos constituídos por três ou mais unidades não ocorre como moléculas livres, mas sim ligada a moléculas que não são açúcares (lipídeos ou proteínas), formando glicoconjugados. Os polissacarídeos são polímeros de açúcar que contêm mais de 20 unidades de monossacarídeo; alguns têm centenas ou milhares de unidades. Alguns polissacarídeos, como a celulose, têm cadeias lineares; outros, como o glicogênio, são ramificados. Ambos são formados por unidades repetidas de D-glicose, mas diferem no tipo de ligação glicosídica e, em consequência, têm propriedades e funções biológicas notavelmente diferentes. Os açúcares (também chamados de sacarídeos) são compostos que contêm um grupo aldeído ou cetona e dois ou mais grupos hidroxila. Os monossacarídeos geralmente contêm alguns carbonos quirais e, assim, existem em várias formas estereoquímicas, as quais podem ser representadas no papel como projeções de Fischer. Epímeros são açúcares que diferem na configuração de apenas um átomo de carbono. Os monossacarídeos comumente formam hemiacetais ou hemicetais internos, nos quais o grupo aldeído ou cetona se une a um grupo hidroxila da mesma 10 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo molécula, criando uma estrutura cíclica; isso pode ser representado como uma fórmula em perspectiva de Haworth. O átomo de carbono originalmente localizado no grupo aldeído ou cetona (o carbono anomérico) pode assumir uma de duas configurações, a e b, interconversíveis por mutarrotação. Na forma linear do monossacarídeo, em equilíbrio com as formas cíclicas, o carbono anomérico é facilmente oxidável, tornando o composto um açúcar redutor. Um grupo hidroxila de um monossacarídeo pode ser adicionado ao carbono anomérico de um segundo monossacarídeo, formando um acetal chamado de glicosídeo. Nesse dissacarídeo, a ligação glicosídica protege o carbono anomérico de oxidação, tornando-o um açúcar não redutor. Oligossacarídeos são polímeros curtos, com alguns monossacarídeos unidos por ligações glicosídicas. Em uma das extremidades da cadeia, a extremidade redutora, está uma unidade de monossacarídeo com seu carbono anomérico não envolvido em uma ligação glicosídica. A nomenclatura comum para di ou oligossacarídeos especifica a ordem das unidades de monossacarídeos, a configuração de cada carbono anomérico e os átomos de carbono participantes da(s) ligação(ões) glicosídica(s). ENZIMAS Enzimas são proteínas que agem como catalisadores, compostos que aumentam a velocidade das reações químicas. Os catalisadores enzimáticos se ligam a reagentes (substratos), convertem-nosem produtos e liberam os produtos. Embora as enzimas possam ser modificadas durante sua participação nessa seqüência de reação, elas retornam a sua forma original no final. Além de aumentarem a velocidade de reações, as enzimas fornecem um meio de regular a velocidade das vias metabólicas no corpo. Este capítulo descreve as propriedades das enzimas que permitem que elas funcionem como catalisadores. O próximo capítulo explica os mecanismos de regulação das enzimas. Sítios de ligação de enzimas: Uma enzima se liga aos substratos da reação e os converte em produtos. Os substratos são ligados a sítios de ligação específicos para o substrato na enzima por interações com resíduos de aminoácidos da enzima. A geometria espacial necessária para todas as interações entre o substrato e a enzima torna cada enzima seletiva para seu substrato e garante que apenas os produtos específicos sejam formados. Sítio catalítico ativo: Os sítios de ligação do substrato se localizam no sítio catalítico ativo da enzima, a região da enzima onde a reação ocorre. Dentro do sítio catalítico, os grupos funcionais 11 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo fornecidos por coenzimas, metais fortemente ligados e, evidentemente, resíduos de aminoácidos da enzima participam da catálise. Energia de ativação e estado transitório: Os grupos funcionais no sítio catalítico da enzima ativam os substratos e diminuem a energia necessária para formar o estágio intermediário de alta energia da reação, conhecido como complexo do estado transitório. Algumas estratégias catalíticas empregadas pelas enzimas, como catálise ácido-base geral, formação de intermediários covalentes e estabilização do estado transitório, são ilustradas pela quimotripsina. Características de pH e temperatura: As enzimas têm um espectro de pH funcional determinado pelos pKas dos grupos funcionais no sítio ativo e as interações necessárias para a estrutura tridimensional. Aumentos de temperatura não-desnaturantes aumentam a velocidade da reação. Mecanismo com base em inibidores. A efetividade de muitos fármacos e toxinas depende de sua habilidade de inibir uma enzima. Os inibidores mais fortes são inibidores covalentes, compostos que formam ligações covalentes com o grupo reativo no sítio ativo da enzima, ou análogos do estado transitório que mimetizam o complexo de estado transitório. Nomes de enzimas: A maioria dos nomes de enzimas termina em “ase”. As enzimas em geral têm um nome comum e uma classificação sistemática que inclui um nome e um número da Comissão de Enzimas (EC, do inglês Enzyne Commissin). As enzimas, em geral, fornecem controle de velocidade, especificidade e regulação para as reações no corpo. Elas geralmente são proteínas que agem como catalisadores, compostos que aumentam a velocidade das reações químicas. As reações catalisadas por enzimas têm três etapas básicas: (1) ligação de substrato: E + S ↔ ES (2) conversão do substrato ligado em produto ligado: ES ↔ EP (3) liberação do produto: EP ↔ E + P Uma enzima, ao se ligar aos substratos da reação, catalisa e coloca os substratos juntos na orientação correta para reagirem. A enzima, então, participa na formação e quebra de ligações necessárias para a formação dos produtos, libera os produtos e retorna a seu estado original uma vez que a reação esteja completa. As enzimas não inventam novas reações; elas simplesmente fazem as reações ocorrerem mais rápido. 12 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo No corpo, milhares de enzimas diferentes são reguladas para realizar suas funções individuais sem a perda de componentes da dieta. Assim, com alterações em estado fisiológico, horário da alimentação, ambiente, dieta ou idade, as velocidades de algumas enzimas podem aumentar e de outras diminuir. Neste capítulo, serão descritos os mecanismos para a regulação da atividade de enzimas e as estratégias empregadas para regular as vias metabólicas nas quais elas estão. Regulação corresponde à função. As alterações na velocidade de uma rota metabólica ocorrem porque pelo menos uma enzima naquela via, a enzima regulatória, foi ativada ou inibida, ou a quantidade de enzima foi aumentada ou diminuída. As enzimas regulatórias em geral catalisam a etapa limitante de velocidade, ou mais lenta, na via, de tal modo que um aumento ou uma diminuição de sua velocidade altera a velocidade de toda a rota (Figura 9.1). Os mecanismos utilizados para regular a enzima limitante de velocidade em uma rota refletem a função da via. Concentração do substrato. A velocidade de todas as enzimas é dependente da concentração de substrato. As enzimas exibem cinética de saturação; sua velocidade aumenta com o aumento da concentração do substrato [S], mas elas atingem uma velocidade máxima (Vmáx) quando estão saturadas com substrato. Para muitas, a equação de Michaelis-Menten descreve a relação entre vi (a velocidade inicial da reação), [S], Vmáx e Km (a concentração do substrato na qual vi= 1/2 Vmáx). Inibição reversível. As enzimas são reversivelmente inibidas por análogos estruturais e produtos. Esses inibidores são classifi cados como competitivo, não-competitivo ou incompetitivo, dependendo de seu efeito na formação do complexo enzima-substrato. Enzimas alostéricas. Ativadores ou inibidores alostéricos são compostos que se ligam a outros sítios, e não no sítio catalítico ativo, e regulam a enzima por alterações conformacionais afetando o sítio catalítico. Modificação covalente. A atividade da enzima também pode ser regulada por uma modificação covalente, como a fosforilação de um resíduo de serina, treonina ou tirosina por uma proteína-quinase. Interações proteína-proteína. A atividade da enzima pode ser modulada por ligação reversível de uma proteína moduladora, como Ca2+-calmodulina. As proteínas G monoméricas (proteínas ligadoras de GTP) ativam proteínas-alvo por ligação reversível. Quebra de zimogênio. Algumas enzimas são sintetizadas como precursores inativos, chamados de zimogênios, que são ativados pela proteólise (p. ex., a enzima digestiva quimotripsina). Alterações na concentração da enzima. A concentração pode ser regulada por alterações na velocidade de síntese 13 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo de uma enzima (p. ex., indução de transcrição gênica) ou na velocidade de degradação. Regulação das vias metabólicas. Os mecanismos regulatórios para a enzima limitante de velocidade de uma rota sempre refletem a função da rota em um tecido particular. Na regulação por feedback (retroalimentação), o produto final de uma rota direta ou indiretamente controla sua própria velocidade de síntese; na regulação por feedforward (ântero-alimentação), o substrato controla a velocidade da via. As vias biossintéticas e de degradação são controladas por regulações diferentes, mas complementares. As vias também são reguladas por compartimentalização de enzimas. REGULAÇÃO NEUROENDOCRINA O sistema endócrino, em conjunto com o sistema nervoso, regula e controla todas as funções de nosso organismo. Só para citar alguns poucos exemplos, o sistema endócrino atua no crescimento de tecidos, no equilíbrio hídrico do corpo, na reprodução e no metabolismo de carboidratos. Ele é formado por uma série de glândulas, chamadas de glândulas endócrinas. As glândulas endócrinas secretam os hormônios, substâncias que são lançadas na corrente sanguínea, atingindo as células dos diversos tecidos do corpo humano. Os hormônios podem estimular ou inibir as funções metabólicas. Cada hormônio atua apenas sobre algumas células específicas, são as chamadas células-alvo. Alguns hormônios também atuam em conjunto ou em oposição a outros. As principais glândulas endócrinas humanas são: a pineal, a hipófise, a tireoide, as paratireoides, as suprarrenais, o pâncreas, os ovários (nas mulheres) e os testículos (nos homens). O pâncreas é umaglândula mista localizada na região abdominal. Ele é chamado de glândula mista pelo fato de possuir tanto funções endócrinas quanto exócrinas. A função endócrina é realizada por diversos conjuntos de células chamadas de ilhotas de Langerhans. Dois dos principais hormônios produzidos pelas ilhotas de Langerhans são a insulina e o glucagon, ambos relacionados ao controle da concentração de glicose no sangue. A insulina estimula a absorção da glicose presente no sangue e o seu armazenamento no fígado, na forma de glicogênio. Já o glucagon estimula o aumento da concentração de glicose no sangue e a quebra do glicogênio. A deficiência de insulina provoca uma doença conhecida como diabete melito. A baixa concentração de insulina dificulta a absorção de glicose, afetando o 14 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo metabolismo celular e, consequentemente, provocando um aumento dessa substância no sangue. 3. Entender o transporte, absorção e eliminação dos carboidratos. Nos mamíferos, o transporte transmembranar de glicose e outros açúcares é levado a cabo por duas famílias de proteínas transportadoras: uma, formada por transportadores ativos, que requerem o consumo de ATP e dependentes do íon sódio (SGLT), e outra, formada por transportadores de glicose por difusão facilitada (GLUT), que não requerem energia transportando a glicose a favor do seu gradiente de concentração. Através destes transportadores, o gradiente eletroquímico do íon sódio gerado pela bomba de sódio e potássio (ATPase-Na+/K+) é utilizado para transportar a glicose contra o seu gradiente de concentração (transporte ativo secundário). Destes transportadores transmembranares, o SGLT1 é proeminentemente expresso no epitélio do intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo). Quanto ao outro mecanismo de transporte, engloba uma família de catorze membros de transportadores facilitados de glicose (GLUT1-GLUT14, genes da família SLC2) independentes do sódio, que utilizam o gradiente de concentração da glicose, ou de outros monossacarídeos, para realizar a sua função de transporte. ABSORÇÃO INTESTINAL DE GLICOSE: MODELO CLÁSSICO E MODELO DO GLUT2 APICAL: Absorção intestinal de glicose, esta é captada ativamente do lúmen intestinal para o interior do enterócito pelo SGLT1, localizado na membrana apical). O SGLT1 possui um local de ligação ao sódio, e é essa ligação que induz uma alteração conformacional no transportador, tornando-o acessível à glicose. Desse modo, por cada molécula de glicose transportada, dois iões sódio, cujo gradiente transmembranar é gerado pela ATPase- Na+/K+ localizada na membrana basolateral, são transportados na mesma direção. Depois, a glicose acumulada é libertada passivamente do enterócito para a circulação sanguínea através de duas vias distintas: a) uma, maioritária, que envolve o GLUT2 e outra b) por transporte envolvendo vesículas intracelulares, que requer fosforilação da glicose a glicose-6-fosfato, transferência da glicose-6-fosfato para o retículo endoplasmático e posterior libertação da glicose livre (desfosforilada) para a corrente sanguínea. Simultaneamente, durante o transporte intestinal de glicose via SGLT1, outras moléculas são também transportadas com vista a manter a osmolaridade do conteúdo absorvido: a) dois aníons, o cloreto e o bicarbonato, acompanham, por uma via distinta do SGLT1, o transporte 15 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo de sódio com vista a manter a eletro neutralidade, e b) água (funcionando o SGLT1 como um canal específico de transporte de água – aquaporina). O SGLT1 transporta glicose e galactose com afinidades semelhantes e elevadas mas com capacidade de transporte baixa, sendo a sua atividade inibida pela floridzina. Relativamente ao GLUT2, trata-se de um transportador de glicose por difusão facilitada, independente do sódio, com baixa afinidade e alta capacidade de transporte de glicose, e que para além da glicose transporta também a frutose, a galactose e a manose. Ao nível da membrana apical, várias evidências demonstraram a existência de um segundo mecanismo de transporte de glicose, para além daquele via SGLT1, que poderá corresponder a: a) transportador de por difusão facilitada com baixa afinidade e alta capacidade, não dependente do sódio e insensível à floridzina (1,4-6); b) um transportador activo, com alta afinidade e baixa capacidade e sensível à floridzina, ou seja, um segundo SGLT (SGLT2, SGLT3, SGLT4, SGLT5 ou SGLT6, ou até um novo SGLT1, nSGLT1). Esta hipótese foi recentemente reforçada com a identificação do GLUT2 ao nível da membrana apical intestinal. De acordo com a hipótese do GLUT2 apical, alguns minutos após a glicose ser transportada pelo SGLT1, ocorre um rápido recrutamento e inserção de transportadores GLUT2, provenientes de vesículas intracelulares localizadas nas imediações da membrana, na membrana apical, e um aumento da atividade intrínseca dos GLUT2 já existentes na membrana. Este mecanismo de transporte cooperativo entre o SGLT1 e o GLUT2 opera somente quando estão presentes altas concentrações de glicose no lúmen intestinal, ou seja, durante a digestão de uma refeição rica em glicídios, promovendo desse modo uma absorção facilitada de glicose várias vezes superior àquela proporcionada só pelo SGLT1 Pelo contrário, antes de uma refeição, quando os níveis de glicose luminais são baixos, a presença de GLUT2 na membrana apical é reduzida (bem como a sua atividade intrínseca) e o GLUT2 basolateral opera na direção oposta, fornecendo glicose da corrente sanguínea para o enterócito, o que contribui para o equilíbrio energético do mesmo Em suma, podemos verificar que o SGLT1, além da função de transportador de glicose, funciona igualmente como um sensor de glicose, controlando a inserção membranar do GLUT2 após ingestão de uma refeição. Depois, à medida que a glicose é absorvida e a sua concentração no lúmen intestinal diminui, todo o sistema de sinalização é revertido, permitindo que o GLUT2 seja maioritariamente inativado e removido da membrana apical, regressando-se à situação pré-prandial inicial. Liberação de Energia dos Alimentos e o Conceito de "Energia Livre" 16 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo Todos os alimentos energéticos —carboidratos, gorduras e proteínas — podem ser oxidados nas células e, durante esse processo, grande quantidade de energia é liberada. A energia que os processos fisiológicos celulares necessitam não consiste em calor e, sim, em energia para os movimentos mecânicos para concentrar solutos no caso da secreção glandular e para efetuar outras funções celulares. "Energia Livre”. A quantidade de energia liberada pela oxidação completa de um alimento é chamada energia livre de oxidação dos alimentos. O Trifosfato de Adenosina É a "Moeda de Energia” do Corpo O trifosfato de adenosina (ATP) é o elo essencial entre as funções que utilizam energia e as funções que produzem energia no organismo. Por esse motivo, o ATP foi chamado de moeda de energia do organismo, e pode ser obtida e consumida repetidamente. A energia derivada da oxidação dos carboidratos, proteínas e das gorduras é usada para converter o difosfato de adenosina (ADP) em ATP que é, então, consumido pelas diversas reações do corpo, necessárias para (1) transporte ativo das moléculas através das membranas; (2) contração dos músculos e desempenho do trabalho mecânico; (3) diversas reações sintéticas que criam hormônios, membranas celulares e muitas outras moléculas essenciais do organismo; (4) condução de impulsos nervosos; (5) divisão celular e crescimento; e (6) muitas outras funções fisiológicas que são necessárias para manter e propagar a vida. O ATP é composto químico lábil presente em todas as células. O ATP é uma combinação de adenina, ribose e três radicais fosfato. A quantidade de energia livre em cada um desses elos de alta energia por mol de ATP é cerca de 7.300calorias sob as condições-padrão e cerca de 12.000 caloriassob as condições usuais de temperatura e concentrações dos reagentes no corpo. Consequentemente, no organismo, a remoção de cada um dos dois últimos radicais fosfato libera em torno de 12.000 calorias de energia. Após a perda de um radical fosfato do ATP, o composto se torna ADP e, após perder o segundo radical fosfato, se torna monofosfato de adenosina(AMP). ATP está presente em toda parte no citoplasma e no nucleoplasma de todas as células e, essencialmente, todos os mecanismos fisiológicos que requerem energia para o seu funcionamento a obtêm diretamente do ATP (ou de um outro composto de alta energia similar —trifosfato de gua-nosina [GTP]). Por sua vez, o alimento nas células é gradativamente oxidado e a energia liberada é usada para formar novo ATP, mantendo assim, sempre reserva dessa substância. Todas estas transferências de energia ocorrem por meio de reações acopladas. Papel Central da Glicose no Metabolismo dos Carboidratos 17 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo os produtos finais da digestão dos carboidratos, no aparelho digestório, são quase que só glicose, frutose e galactose —com a glicose representando, em média, cerca de 80%. Após absorção a partir do trato intestinal, grande parte da frutose e quase toda galactose são rapidamente convertidas em glicose no fígado. Consequentemente, existe pouca frutose ou galactose no sangue circulante. A glicose, assim, passa a ser a via final comum para o transporte de quase todos os carboidratos para as células. Além do mais, a dinâmica das reações é tal que quando o fígado libera os monossacarídeos de volta para o sangue, o produto final é quase inteiramente glicose. Logo, a glicose-6-fosfato pode ser degradada em glicose e fosfato, e a glicose pode então ser transportada de volta para o sangue, através das membranas das células hepáticas. Transporte da Glicose através da Membrana Celular Antes que a glicose possa ser utilizada pelas células dos tecidos do corpo, ela deve ser transportada, através da membrana, para o citoplasma celular. No entanto, a glicose não pode se difundir facilmente pelos poros da membrana celular porque o peso molecular máximo das partículas, com difusão imediata, se situa em torno de 100 e a glicose apresenta peso molecular de 180. Permeando a matriz lipídica da membrana celular existe grande quantidade de moléculas de proteínas carreadoras, que podem se ligar à glicose. A glicose, nessa forma ligada, pode ser transportada, pelo carreador, de um lado para o outro da membrana, quando é então liberada. O transporte de glicose através das membranas da maioria das células é bem diferente do que ocorre através da membrana gastrointestinal ou através do epitélio dos túbulos renais. Nestes dois casos, a glicose é transportada pelo mecanismo de cotransporte ativo de sódio e glicose, em que o transporte ativo do sódio fornece energia para absorver a glicose contra diferença de concentração. Facilitação do Transporte da Glicose pela Insulina A intensidade do transporte da glicose, assim como o transporte de outros monossacarídeos, aumenta muito devido à insulina. Quando o pâncreas secreta grandes quantidades de insulina, o transporte de glicose na maioria das células, aumenta por 10 ou mais vezes, relativamente ao valor medido na ausência de secreção da insulina. Logo após sua entrada nas células, a glicose se liga a um radical fosfato. Essa fosforilação é promovida principalmente, pela enzima glicocinaseno fígado e pela hexocinase na maioria das outras células. A fosforilação da glicose é quase inteiramente irreversível, exceto nas células hepáticas, nas células do epitélio tubular renal e do epitélio intestinal; nessas células existe outra 18 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo enzima, a glicose fosfatase que quando é ativada é capaz de reverter a reação. Na maioria dos tecidos do corpo, a fosforilação tem como finalidade mantera glicose no interior das células. O Glicogênio É Armazenado no Fígado e nos Músculos Depois de sua captação para o interior da célula, a glicose pode ser usada, imediatamente, para liberar energia ou pode ser armazenada sob a forma de glicogênio, que é um grande polímero da glicose. Todas as células docorpo são capazes de armazenar, pelo menos, algum glicogênio, mas algumas células são capazes de armazená-lo em grande quantidade, especialmente as células hepáticas. Essa conversão dos monossacarídeos em composto precipitado de elevado peso molecular (glicogênio) possibilita armazenar grandes quantidades de carboidratos, sem alterar significativamente a pressão osmótica dos líquidos intracelulares. Concentrações elevadas de monossacarídeos solúveis de baixo peso molecular, alterariam as relações osmóticas entre os líquidos intra e extracelulares. Glicogênese —Formação de Glicogênio A glicose-6-fosfato pode se tornar glicose-1-fosfato-, esta, por sua vez, é convertida em uridinadifosfatoglicose que, finalmente, é convertida em glicogênio. São necessárias diversas enzimas específicas para promover essas conversões e qualquer monossacarídeo capaz de ser convertido em glicose, pode entrar nestas reações. Alguns compostos menores, inclusive o ácido lático, glicerol, ácido pirúvico e alguns aminoácidos desaminados, também podem ser convertidos em glicose ou em compostos muito próximos e, em seguida, em glicogênio. Glicogenólise —Quebra do Glicogênio Armazenado Glicogenólise significa a ruptura do glicogênio celular armazenado para formar, novamente, glicose nas células. A glicose pode então ser utilizada de modo a fornecer energia. A glicogenólise não ocorre pela reversão das mesmas reações químicas que formam o glicogênio; ao contrário, cada molécula de glicose sucessiva, em cada ramo do polímero de glicogênio, se divide por meio de fosforilação catalisada pela enzima fosforilase. Ativação da Fosforilase pela Epinefrina ou pelo Glucagon. Dois hormônios, a epinefrinae o glucagon,são capazes de ativar a fosforilase e, assim, causar glicogenólise rápida. A epinefrina é liberada pela medula da glândula adrenal, quando o sistema nervoso simpático é estimulado. Consequentemente, uma das funções do sistema nervoso simpático é a de aumentar a disponibilidade da glicose para o metabolismo energético rápido. O glucagon é o hormônio secretado pelas células alfa do pâncreas, quando a concentração sérica da glicose está 19 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo excessivamente baixa. Ele estimula a formação do AMP cíclico, principalmente pelas células hepáticas que, por sua vez, promove a conversão do glicogênio hepático em glicose e sua liberação para o sangue, elevando desse modo a concentração sanguínea de glicose. Glicólise—Clivagem da Glicose para Formar Ácido Pirúvico O modo mais importante de liberar energia da molécula de glicose é iniciado pela glicólise. Os produtos finais da glicólise são então oxidados para fornecer energia. Glicólise significa a divisão da molécula de glicose de modo a formar duas moléculas de ácido pirúvico. Conversão do Ácido Pirúvico em Acetil Coenzima A O próximo estágio na degradação da glicose é a conversão, em duas etapas, das duas moléculas de ácido pirúvico em duas moléculas de acetil coenzima A(acetil -CoA). A partir dessa reação, pode-se ver que duas moléculas de dióxido de carbono e quatro átomos de hidrogênio são liberados dessa reação, enquanto as porções restantes das duas moléculas de ácido pirúvico se associam à coenzima A, um derivado da vitamina ácido pantotênico, para formar duas moléculas de acetil-CoA. Nessa conversão, não se forma ATP, mas até seis moléculas de ATP são formadas, quando os quatro átomos de hidrogênio liberados são posteriormente oxidados. Romero, Carla Eduarda Machado; Zanesco, Angelina. O papel dos hormônios leptina e grelina na gênese da obesidade. Rev. Nutr. vol.19 no.1 Campinas, 2006. A leptina é um pepitídeo que desempenha importante papel na regulação da ingestão alimentar e no gasto energético,gerando um aumento na queima de energia e diminuindo a ingestão alimentar. Além dos avanços no estudo da célula adiposa, um novo hormôrnio relacionado ao metabolismo foi descoberto recentemente, a grelina. A grelina é um peptídeo produzido nas células do estômago, e está diretamente envolvida na regulação do balanço energético a curto prazo. A leptina reduz o apetite a partir da inibição da formação de neuropeptídeos relacionados ao apetite, como o neuropeptídeo Y, e também do aumento da expressão de neuropeptídeos anorexígenos (hormônio estimulante de a-melanócito (a- MSH), hormônio liberador de corticotropina (CRH) e substâncias sintetizadas em resposta à anfetamina e cocaína. Assim, altos níveis de leptina reduzem a ingestão alimentar enquanto que baixos níveis induzem hiperfagia. Isso é comprovado em animais de laboratório obesos que 20 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo apresentam baixos níveis de leptina ou total deficiência. No entanto, indivíduos obesos apresentam elevados níveis plasmáticos de leptina, cerca de cinco vezes mais que aqueles encontrados em sujeitos magros. As mulheres possuem maior concentração plasmática de leptina que os homens. A grelina é um novo hormônio gastrointestinal identificado no estômago do rato, em 1999. O nome grelina significa crescimento. Ghre (grow hormone release) descreve uma das principais funções desse peptídeo, responsável pelo aumento da secreção do hormônio do crescimento (GH). A grelina é composta de 28 aminoácidos com uma modificação octanóica no seu grupo hidroxil sobre a serina 3, que é essencial para o desempenho de sua função liberadora de GH. Ela foi, primeiramente, isolada da mucosa oxíntica do estômago, sendo produzida, predominantemente, pelas células Gr do trato gastrointestinal. É também produzida em menores quantidades no sistema nervoso central, rins, placenta e coração. A grelina está diretamente envolvida na regulação a curto prazo do balanço energético. Níveis circulantes de grelina encontram-se aumentados durante jejum prolongado e em estados de hipoglicemia, e têm sua concentração diminuída após a refeição ou administração intravenosa de glicose. Em um artigo da newslab, eles afirmam que a grelina, vai possuir um efeito contrário ao da leptina. Entre os peptídeos que fazem essa regulação estão os orexígenos (estimulam o apetite) e os anorexígenos (inibem o apetite). As rotas metabólicas são maneiras diferentes de reações bioquímicas que as moléculas sofrem, para que possam realizar sua função no organismo. Ocorrem no citoplasma e na mitocôndria das células. As vias metabólicas mais importantes são: Glicólise- oxidação da glicose, afim de obter ATP; Ciclo de Krebs- oxidação da acetil-coA a fim de obter energia; Fosforilação oxidativa- eliminação dos elétrons libertados na oxidação da glicose e da acetil-CoA. 21 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo A insulina estimula a entrada de glicose no musculo, a síntese de glicogênio e a síntese de glicogênio e a síntese de triacilglicerideos pelo tecido adiposo inibem a degradação do glicogênio e a gliconeogenese. O glucagon é produzido pelo pâncreas quando os níveis de glicose no sangue baixam muito, e tem efeitos contrários aos da insulina. O glicogênio é encontrado no musculo, fígado e rins. Degradação do glicogênio - enzima desramificadora -glicogênio fosforilase -fosfoglicomutase. Destinos da glicose - para animais a glicose é armazenada sobre forma de glicogênio, nos vegetais amido e sacarose. O metabolismo energético é definido como o conjunto de reações químicas que se processam no organismo. Essas reações liberam energia que permitem o funcionamento do nosso corpo. O conjunto de reações que permitem a formação de moléculas de maior complexidade é denominado reações de síntese ou anabolismo. Quando as reações se processam na decomposição das estruturas mais complexas em novas mais simples são conhecidas como reações de degradação ou catabolismo. Temos como exemplo de catabolismo o processo da digestão, quando as moléculas são degradadas em substâncias menores absorvíveis; e como exemplo de anabolismo a união de aminoácidos para a formação de proteínas, como a melanina. A liberação da energia presente em moléculas orgânicas, como a glicose, por exemplo, acontece por meio da oxidação aeróbica. Nesse processo de degradação se formam água e gás carbônico, liberando energia para as atividades celulares. Durante esse processo ocorrem transferências de elétrons entre as substâncias participantes, através de reações de oxirredução. Assim, enquanto uma substância ganha elétrons durante a reação (redução), outra substância ganha elétrons (oxidação) durante a mesma reação. Essa geração de energia permite a existência e o funcionamento de nosso organismo. 22 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo respiração celular é o processo pelo qual a energia química de moléculas de “comida” é libertada e parcialmente captada sob a forma de ATP. Os hidratos de carbono, gorduras, proteínas e podem ser utilizados como combustíveis na respiração celular, mas a glucose é mais vulgarmente utilizada como um exemplo para examinar as reações e as vias envolvidas. Podemos dividir a respiração celular em três processos metabólicos: glicólise, o ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa. Cada um destes ocorre numa região específica da célula: 1. Glicólise ocorre no citosol. 2. O ciclo de Krebs tem lugar na matriz da mitocôndria. 3. Fosforilação oxidativa por meio da cadeia de transporte elétron é realizado na membrana mitocondrial interna. Na ausência de oxigênio, a respiração é constituída por duas vias metabólicas: glicólise e de fermentação. Ambos ocorrem no citosol. A respiração celular refere-se ao caminho bioquímico pelo qual as células liberam energia a partir das ligações químicas de moléculas dos alimentos e fornecem a energia para os processos essenciais da vida. Todas as células vivas devem realizar a respiração celular. Ele pode ser a respiração aeróbica, na presença de oxigênio ou de respiração anaeróbia. A energia é obtida dos nutrientes dos alimentos, como a glicose, as proteínas e os carboidratos. Para começo de conversa, energia não é nenhuma molécula: é a capacidade que nosso corpo tem de realizar trabalho, ou seja, fazer força ou provocar deslocamentos. Fechamento da intermediaria Objetivo 1: explicar a importância da mitocôndria no processo de produção de energia. De acordo com Lima, as mitocôndrias são organelas citoplasmáticas presentes nas células humanas que possuem uma forma cilíndrica rígida e alongada, são ramificadas, filamentosas, com um diâmetro de 0,5 a 1µm e são formadas por estruturas complexas (variando assim de forma e de tamanho), com duas membranas altamente especializadas, uma externa e outra interna. Possuem o espaço intermembranal e o espaço interno da matriz onde estão presentes o DNA mitocondrial, os ribossomos mitocondriais, os RNAs e várias enzimas. Essas organelas têm funções 23 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo essenciais nas células humanas como: a produção de energia (ATP) para as atividades do organismo, atuação na morte celular por apoptose, produção de calor e contribuição genética a partir do DNA mitocondrial. A grande síntese de energia e o metabolismo para o oxigênio das células eucarióticas, são possíveis através desta importante organela. De acordo com Guyton, as mitocôndrias, são chamadas “casa de força” da célula. Sem elas, as células seriam incapazes de extrair energia suficiente dos nutrientes e essencialmente todas as funções celulares cessariam. Sendo assim, as mitocôndrias estão concentradas nas porções da célula responsáveis pela maior parte do seu metabolismo energético. Além disso, a cavidade interna da mitocôndria é preenchida por uma matriz que contém grandes quantidades de enzimas dissolvidas, necessáriaspara a extração de energia dos nutrientes. Essas enzimas operam em associação às enzimas oxidativas nas cristas, oxidando os nutrientes, formando, desse modo, dióxido de carbono e água e, ao mesmo tempo, liberando energia. A energia liberada é usada para sintetizar a substância de “alta energia”, chamada trifosfato de adenosina (ATP). O ATP é, então, transportado para fora da mitocôndria e se difunde pela célula para liberar sua própria energia onde ela for necessária para realizar as funções celulares. As mitocôndrias são autorreplicantes. De fato, a mitocôndria contém DNA similar ao encontrado no núcleo da célula. Objetivo 2: descrever a importância do oxigênio no metabolismo. De acordo com o Silverthorn, as vias metabólicas que rendem a maior quantidade de ATP são as que requerem oxigênio – as vias aeróbias, ou oxidativas. As vias anaeróbias, que são as que não precisam de oxigênio, também produzem moléculas de ATP, mas em quantidades menores. O menor rendimento de ATP das vias anaeróbias significa que a maioria dos animais (incluindo os seres humanos) é incapaz de sobreviver por longos períodos apenas com o metabolismo anaeróbio. As vias aeróbias para produção de ATP são um bom exemplo de compartimentalização dentro das células. As enzimas da glicólise estão localizadas no citosol, e as enzimas do ciclo do ácido cítrico estão nas mitocôndrias. Dentro da mitocôndria, a concentração de íons H no compartimento intemembrana armazena a energia necessária para formar a ligação do ATP. Contudo, o que acontece a uma célula cujo suprimento de oxigênio não pode manter o ritmo com a sua demanda de ATP, como muitas 24 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo vezes acontece durante o exercício extenuante? Nesse caso, o metabolismo da glicose muda de aeróbio para o metabolismo anaeróbio, a partir de piruvato. No metabolismo da glicose anaeróbia, o piruvato é convertido em lactato, em vez de ser transportado para a mitocôndria. O piruvato é um ponto de intersecção das vias metabólicas, como as cidades centrais em um mapa rodoviário. Dependendo da necessidade de uma célula e do conteúdo de oxigênio, o piruvato pode ser levado ao ciclo do ácido cítrico ou para a produção de lactato até que o oxigênio aumente. A baixa eficiência do metabolismo anaeróbio limita bastante a sua utilidade na maioria das células dos vertebrados, cuja demanda de energia metabólica é maior do que o metabolismo anaeróbio pode fornecer. Algumas células, como as células do músculo em exercício, podem tolerar o metabolismo anaeróbio por um período limitado de tempo. Eventualmente, no entanto, elas precisam voltar ao metabolismo aeróbio. RESUMINHO DA BAHIA: O metabolismo catabólico pode ser dividido também em relação à presença de oxigênio (metabolismo aeróbio) e na ausência de oxigênio (metabolismo anaeróbio). O metabolismo aeróbico refere-se às reações catabólicas geradoras de energia nas quais o oxigênio funciona como um aceitador final de elétrons na cadeia respiratória e se combina com o hidrogênio para formar água. A presença de oxigênio no “final da linha” determina em grande parte a capacidade para a produção de ATP. No metabolismo anaeróbio não há formação de água a partir do oxigênio durante a oxidação de combustíveis metabólicos. Objetivo 3: diferenciar os processos anabólicos e catabólicos. De acordo com Silverthon, o metabolismo refere-se a todas as reações químicas que ocorrem em um organismo. Essas reações (1) extraem energia das biomoléculas dos nutrientes (como proteínas, carboidratos e lipídeos) e (2) sintetizam ou degradam moléculas. O metabolismo frequentemente é dividido em catabolismo, reações que liberam energia através da degradação de biomoléculas grandes, e anabolismo, reações consumidoras de energia que resultam na síntese de biomoléculas grandes. As reações anabólicas e catabólicas ocorrem simultaneamente nas células por todo o corpo, de modo que, em qualquer momento, algumas biomoléculas estão sendo sintetizadas, ao passo que outras estão sendo degradadas. A energia liberada ou armazenada nas ligações químicas das biomoléculas durante o metabolismo é geralmente medida em quilocalorias (kcal). Uma 25 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo quilocaloria é a quantidade de energia necessária para elevar a temperatura de 1 litro de água em 1 grau Celsius. Uma quilocaloria é o mesmo que uma Caloria, com C maiúsculo, usada para quantificar o conteúdo de energia do alimento. Uma quilocaloria também é igual a 1.000 calorias (c minúsculo). Muita da energia liberada durante o catabolismo é armazenada em ligações fosfato de alta energia do ATP ou em elétrons de alta energia do NADH, FADH2 ou NADPH. As reações anabólicas, então, transferem energia desses transportadores temporários para as ligações covalentes das biomoléculas. O metabolismo é uma rede extremamente coordenada de reações químicas, na qual as atividades que ocorrem em uma célula em um dado momento são adaptadas às necessidades da célula. Cada passo em uma rota metabólica é uma reação enzimática diferente, e as reações de uma rota metabólica acontecem em sequência. De acordo, com a aula da professora google (tom de ironia), O Metabolismo celular é o conjunto de reações químicas que acontecem nas células dos organismos vivos, para que estes transformem a energia, conservem sua identidade e se reproduzam. Todas as formas de vida (desde as algas unicelulares até os mamíferos) dependem da realização simultânea de centenas de reações metabólicas, reguladas com absoluta precisão. Existem dois grandes processos metabólicos: anabolismo ou biossíntese e catabolismo. Anabolismo. São os processos biossintéticos a partir de moléculas precursoras simples e pequenas. As vias anabólicas são processos endergônicos e redutivos que necessitam de fornecimento de energia. O anabolismo, ou metabolismo construtivo, é o conjunto das reações de síntese necessárias para o crescimento de novas células e a manutenção de todos os tecidos. Catabolismo. São os processos de degradação das moléculas orgânicas nutrientes e dos constituintes celulares que são convertidos em produtos mais simples com a liberação de energia. As vias catabólicas são processos exergônicos e oxidativos. O catabolismo, ou metabolismo oxidativo é um processo contínuo, centrado na produção da energia necessária para a realização de todas as atividades físicas externas e internas. O catabolismo engloba também a manutenção da temperatura corporal. Esse processo catabólico implica na quebra de moléculas químicas complexas em substâncias mais simples, que constituem os produtos excretados pelo 26 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo corpo. A excreção dos produtos do metabolismo é feita por diferentes órgãos como os rins, o intestino, os pulmões e a pele. As principais fontes de energia metabólica são os carboidratos, lipídios (gorduras) e proteínas, produtos de alto conteúdo energético ingerido pelos animais, para os quais constituem a única fonte energética e de compostos químicos para a construção de células. Estes compostos seguem rotas metabólicas diferentes, que têm como finalidade produzir compostos finais específicos e essenciais para a vida. Objetivo 4: elucidar os processos da via metabólica. = FALTA GLICOGENOLISE GLICÓLISE Glicólise—Clivagem da Glicose para Formar Ácido Pirúvico O modo mais importante de liberar energia da molécula de glicose é iniciado pela glicólise. Os produtos finais da glicólise são então oxidados para fornecer energia. Glicólise significa a divisão da molécula de glicose de modo a formar duas moléculas de ácido pirúvico. A glicólise ocorre mediante 10 reações químicas sucessivas. Cada etapa é catalisada, pelo menos, por enzima proteica específica. Observe que a glicose é primeiro convertida em frutose-1,6-difosfato e depois, é fracionada em duas moléculascom três átomos de carbonos, o gliceraldeído-3-fosfato, e cada uma delas é então convertida por mais cinco etapas adicionais em ácido pirúvico. Formação de ATP Durante a Glicólise. Apesar das diversas reações químicas nas séries glicolíticas, apenas pequena uma porção da energia livre na molécula de glicose é liberada na maioria das etapas. Entretanto, entre os estágios do ácido 1,3-difosfoglicérico e o ácido 3-fosfoglicérico e de novo, nos estágios do ácido fosfoeno-lpirúvico e do ácido pirúvico, a quantidade de energia liberada é superior a 12.000 por mol, a quantidade necessária para formar o ATP, e as reações são acopladas de tal maneira que é formado ATP. Assim, o total de 4 moles de ATP é formado para cada mol de frutose- 1,6-difosfato, que se divide em ácido pirúvico. Mesmo assim, 2 moles de ATP são necessários para fosfo-rilar a glicose original, de modo a formar a frutose-l,6-difos-fato, antes de ser possível iniciar a glicólise. Portanto, o ganho líquido em moléculas de ATP em todo o processo glicolítico é apenas 2 moles para cada mol de glicose utilizada. Isso corresponde a 24.000 calorias de energia transferida para o ATP, mas durante a glicólise, o total de 56.000 calorias de energia foi perdido da glicose original, dando a 27 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo eficiência global para a formação de ATP, de apenas de 43%. Os restantes 57% de energia se perdem sob a forma de calor. GLICÓLISE Etapa I. A primeira reação da glicólise é a conversão de glicose a glicose 6fosfato. A glicose 6fosfato, ao contrário da glicose, é incapaz de atravessar a membrana plasmática, o que garante a sua permanência dentro das células. A fosforilação da glicose a partir de glicose e fosfato inorgânico é uma reação inviável, por ter ΔGo′ positivo (Capítulo 4). Por isto, os organismos utilizam outra reação, que tem ΔGo′ negativo, e na qual o ATP é o doador de grupo fosfato. Esta reação é irreversível e catalisada por hexoquinases. As hexoquinases compõem uma família de enzimas ubíquas, que atuam sobre diversas hexoses. Nos tecidos de vertebrados, são encontradas quatro isoenzimas de hexoquinases, denominadas I a IV, que diferem por suas propriedades catalíticas, reguladoras, pela distribuição tecidual e localização intracelular. A hexoquinase IV é a isoenzima predominante em hepatócitos e células β do pâncreas; É comumente chamada de glicoquinase, embora não seja específica para glicose, podendo atuar com menor afinidade sobre outras hexoses. Segue-se a isomerização da glicose 6fosfato a frutose 6fosfato, por ação da fosfoglicoisomerase, e nova fosforilação, análoga à anterior, também utilizando ATP e também irreversível, catalisada pela fosfofrutoquinase 1 (6fosfofruto1quinase). Forma-se, então, uma hexose com dois grupos fosfato: a frutose 1,6bisfosfato1. Etapa II. A frutose 1,6bisfosfato é clivada em duas trioses isômeras, dihidroxiacetona fosfato e gliceraldeído 3fosfato, por ação da aldolase. O gliceraldeído 3fosfato é o substrato da próxima enzima da via glicolítica, mas as duas trioses fosforiladas são interconvertidas por ação da triose fosfato isomerase. A conversão de dihidroxiacetona fosfato em gliceraldeído 3fosfato possibilita que uma molécula de glicose (C6) seja convertida em duas moléculas de gliceraldeído-3fosfato (2 × C3). Da reação da triose fosfato isomerase em diante, a via tem todos os seus intermediários duplicados e todos os carbonos da glicose são convertidos em piruvato. A clivagem de frutose 1,6bisfosfato e a isomerização de dihidroxiacetona fosfato em gliceraldeído 3fosfato são reações com ΔGo′ positivo. Isto significa que, nos respectivos equilíbrios, predominam frutose 1,6bisfosfato e dihidroxiacetona fosfato, respectivamente. Apesar disto, as duas reações processam-se no sentido da formação de gliceraldeído 3fosfato, porque a retirada contínua deste composto pelas reações 28 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo subsequentes torna negativo o sinal de ΔG′ das duas reações com ΔGo′ positivo. Etapa III. As duas moléculas de gliceraldeído-3fosfato obtidas por fosforilação à custa de 2 ATP são oxidadas e novamente fosforiladas, agora por fosfato inorgânico, formando duas moléculas de 1,3bisfosfoglicerato. Este composto é um anidrido misto de um ácido carboxílico e o ácido fosfórico, um anidrido carboxílicofosfórico, que é um composto rico em energia.Trata-se de uma reação de oxidação redução/ fosforilação complexa, catalisada pela gliceraldeído 3fosfato desidrogenase. Para facilitar a compreensão, a reação pode ser desmembrada em duas reações parciais: 1.oxidação do aldeído (gliceraldeído 3fosfato) a ácido carboxílico, com redução de NAD+a NADH, que é termodinamicamente favorável 2. ligação do ácido carboxílico com o ácido fosfórico (HPO42– a pH 7,4), formando um anidrido carboxílicofosfórico, que é endergônica. Etapa IV. Compreende dois eventos de fosforilação de ADP a ATP por compostos com alto potencial de transferência do grupo fosforila: 1,3bisfosfoglicerato e fosfoenolpiruvato. No primeiro, na reação catalisada pela fosfoglicerato quinase, o grupo fosfato da ligação anidrido carboxílico fosfóricodo 1,3bisfosfoglicerato, uma ligação rica em energia, é transferido ao ADP, produzindo ATP. O segundo evento de síntese de ATP depende da conversão de uma ligação éster fosfato em uma ligação fosfoenol, rica em energia. Esta conversão iniciasse com a transferência intramolecular do grupo éster fosfato do 3fosfoglicerato, do carbono 3 para o carbono 2, catalisada pela fosfoglicerato mutase3. O processo envolve a formação intermediária de um composto bifosforilado, o 2,3bisfosfoglicerato, originado por doação de um grupo fosfato da própria enzima ao substrato. Em seguida, a enolase promove a desidratação do 2fosfoglicerato, originando o fosfoenolpiruvato. A formação deste composto rico em energia possibilita a síntese de ATP na reação subsequente, irreversível, catalisada pela piruvato quinase. FERMENTAÇÃO LÁTICA Na fermentação lática, como acontece nas reações com participação de NAD+, o piruvato recebe dois elétrons e um próton do NADH e um próton do meio, reduzindo-se a lactato. Este é o processo utilizado por diversos microrganismos e por determinadas células e tecidos de mamíferos: hemácias, espermatozoides, medula renal, músculos esqueléticos etc. 29 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo Quando os músculos esqueléticos realizam contração vigorosa, o oxigênio trazido pela circulação torna-se insuficiente para promover a oxidação da grande quantidade de NADH resultante do trabalho muscular e as fibras musculares ficam submetidas a uma anaerobiose relativa. A oxidação do NADH pelo piruvato gera o lactato caracteristicamente produzido por músculos em esforço intenso, permitindo que, pela regeneração do NAD+, a glicólise possa prosseguir, formando ATP. Nas situações de atividade muscular extenuante, costumasse afirmar, erroneamente, que é produzido ácido lático, que ao dissociar-se, causaria acidose (aumento da quantidade plasmática de prótons) — a reação da lactato desidrogenase forma lactato e não ácido lático e a formação de lactato consome prótons e não os produz. A acidose decorre do transporte conjunto (simporte) de lactato e prótons para o plasma; Os prótons originam-se da intensa hidrólise de ATP, vigente nessa situação. Somando a equação de conversão de glicose a piruvato à de conversão de piruvato a lactato obtém-se a equação geral da fermentação lática. CONVERSÃO DE PIRUVATO A ACETIL-COA Em condições aeróbias, o primeiro passo para a oxidação total do piruvato é a sua conversão a acetil-CoA. Nas células eucarióticas, o piruvato é transportado do citosol para a mitocôndria, onde é transformado em acetil- CoA, conectando a glicólise e o ciclo de Krebs. O piruvato deixa de ser o aceptor dos elétrons do NADH produzido pela glicólise e está coenzima é oxidada pelo oxigênio, o aceptor final de elétrons no metabolismo aeróbio, porum processo indireto. O processo é irreversível e consiste na transferência do grupo acetila, proveniente da descarboxilação do piruvato, para a coenzima A. Esta coenzima tem justamente a função de carregadora de grupos acila, aos quais se liga por seu grupo sulfidrila terminal, estabelecendo uma ligação tioéster rica em energia. A oxidação de piruvato a acetil-CoA é um exemplo notável da utilização de vitaminas no metabolismo. Esta única transformação não pode ser realizada sem o concurso de quatro vitaminas. A primeira etapa é a descarboxilação do piruvato e a ligação do grupo hidroxietila ao TPP, catalisada pela piruvato desidrogenase. Esta mesma enzima é responsável pela oxidação do grupo hidroxietila a acetila e sua transferência à forma oxidada (forma dissulfeto) do ácido lipoico, que se reduz a ácido acetillipoico. A próxima enzima do complexo, a dihidrolipoil transacetilase, transfere o grupo acetila para a coenzima A, formando acetil-CoA e a forma dissulfidrila do ácido lipoico. Esta forma reduzida do ácido lipoico é oxidada pela terceira enzima, a dihidrolipoil desidrogenase, uma flavoproteína contendo 30 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo FAD, que recebe os prótons e elétrons e os transfere finalmente para o NAD+, que incorpora um próton e dois elétrons. O NADH formado é oxidado na cadeia de transporte de elétrons. Uma só partícula do complexo piruvato desidrogenase é maior do que um ribossomo e consiste na união, por ligações não covalentes, de dezenas de moléculas de cada uma das três enzimas componentes do complexo. A associação das enzimas permite que essa reação complexa ocorra rápida e coordenadamente. Fazem parte ainda da partícula várias moléculas de enzimas reguladoras. Ciclo de Krebs O ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico ou ciclo dos ácidos tricarboxílicos inicia-se com a condensação de acetil-CoA e oxaloacetato, formando citrato, uma reação catalisada pela citrato sintase1. O citrato é isomerizado a isocitrato, com a formação de um intermediário, o cisaconitato, por ação da aconitase. A aconitase, nos mamíferos, ocorre como duas isoenzimas, uma mitocondrial, que participa do ciclo de Krebs, e outra citoplasmática. O centro ativo das aconitases inclui um centro ferroenxofre (essencial para a catálise). Quando há baixa disponibilidade de ferro, a isoenzima citoplasmática perde o centro ferroenxofre e a atividade de aconitase: a apoproteína resultante exibe uma função diferente, a capacidade de ligar- se a RNA, regulando a síntese de proteínas envolvidas no metabolismo do ferro. A aconitase é um exemplo clássico de contradição do dogma: um gene → uma proteína → uma função. A isocitrato desidrogenase promove a oxidação de isocitrato a αcetoglutarato, com redução de NAD+ e liberação de CO2. No citosol e nas mitocôndrias das células de eucariotos, existem isoenzimas da isocitrato desidrogenase que utilizam NADP+ como coenzima e cuja função seria realmente produzir NADPH, um importante agente redutor utilizado em processos celulares antioxidantes e em sínteses redutoras. O αcetoglutarato é transformado em succinil-CoA, graças à atuação do complexo αcetoglutarato desidrogenase, semelhante ao complexo piruvato desidrogenase quanto à estrutura e ao mecanismo de reação. Trata-se, em ambos os casos, da descarboxilação oxidativa de um αcetoácido (piruvato ou αcetoglutarato) e ligação do grupo remanescente (acetila ou succinila) à coenzima A, formando um tioéster (rico em energia), com participação de TPP, ácido lipoico, FAD e NAD+, que é reduzido a NADH. A seguir, succinil-CoA é convertida a succinato, acoplada à síntese de outro composto rico em energia, um nucleosídio trifosfato (NTP) a partir de um nucleosídio difosfato (NDP) e Pi; A reação é catalisada pela succinil- CoA sintetase (ou succinatoCoA ligase). Existem várias isoenzimas da 31 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo succinil-CoA sintetase que diferem quanto aos organismos onde são expressas e quanto à especificidade para os nucleotídeos sobre os quais atuam: permitem a formação de ATP a partir de ADP e Pi ou de GTP (guanosina trifosfato a partir de GDP (guanosina difosfato) e Pi. A succinil- CoA sintetase encontrada em plantas origina ATP; Nas bactérias, dependendo da espécie considerada, pode-se formar ATP ou GTP, ou ambos; Em mamíferos, incluindo os seres humanos, as duas isoenzimas são expressas e as suas quantidades relativas variam segundo o tecido. O GTP pode ser utilizado em reações dele dependentes, ou pode transferir um grupo fosfato ao ADP, produzindo ATP, por ação da nucleosídio difosfato quinase. A próxima reação é catalisada pela única enzima do ciclo de Krebs que é parte integrante da membrana interna da mitocôndria; As demais estão em forma solúvel na matriz mitocondrial. Trata-se de uma flavoproteína, a succinato desidrogenase, também denominada succinato ubiquinona oxidação redução ou Complexo II da cadeia respiratória. Na primeira etapa da reação, o succinato é oxidado a fumarato e o FAD é reduzido a FADH2. FAD, diferentemente de NAD+, ligase covalentemente à enzima, consistindo em um grupo prostético. Os elétrons e prótons do FADH2 são transferidos para a ubiquinona ou coenzima Q (CoQ), este sim, um composto que se difunde livremente na bicamada lipídica da membrana interna da mitocôndria. Ainda assim, considerasse FADH2 como um produto do ciclo de Krebs, e de outras vias metabólicas que incluem flavoproteínas, para viabilizar o cômputo da quantidade de ATP sintetizado a partir de coenzimas reduzidas. O fumarato é hidratado a malato pela fumarase. A malato desidrogenase oxida o malato a oxaloacetato, reduzindo NAD+ e fechando o ciclo. Como o oxaloacetato é sempre regenerado ao final de cada volta, o ciclo de Krebs pode oxidar acetil-CoA continuamente, sem gasto efetivo de oxaloacetato. Em paralelo a esta oxidação são reduzidos 3 NAD+ e 1 FAD. Observa-se, pela descrição das reações que o compõem, que o ciclo de Krebs é uma via eminentemente oxidativa para a acetil-CoA: os átomos de carbono do seu grupo acetila são estequiometricamente convertidos a CO2. Esta oxidação tem consequências fundamentais para o metabolismo de mamíferos. Como a degradação de ácidos graxos gera unicamente acetil-CoA, que é completamente oxidada no ciclo de Krebs, os ácidos graxos são convertidos totalmente a CO2. Em razão desta conversão, os ácidos graxos não podem gerar glicose. A maioria das reações do ciclo de Krebs é reversível, mas o sentido do ciclo é determinado pela irreversibilidade das reações catalisadas pela citrato sintase e pela αcetoglutarato desidrogenase. Esta 32 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo última reação mantém baixas as concentrações de αcetoglutarato e, indiretamente, de isocitrato. Assim, apesar de o equilíbrio da reação catalisada pela aconitase favorecer acentuadamente a formação de citrato, este composto não se acumula na mitocôndria enquanto se processar a oxidação de isocitrato. GLICONEOGÊNESE A gliconeogênese, o processo pelo qual glicose é sintetizada a partir de precursores não-carboidratos, ocorre principalmente no fígado sob condições de jejum. Sob condições mais extremas de jejum prolongado, o córtex renal também pode produzir glicose. Na maior parte, a glicose produzida no córtex renal é utilizada na medula renal, mas uma parte pode entrar na corrente sanguínea. Iniciando com piruvato, a maioria das etapas da gliconeogênese é simplesmente o reverso daquelas da glicólise. De fato, essas rotas diferem apenas em três pontos. As enzimas envolvidas em catalisar essas etapas são reguladas de tal modo que glicólise ou gliconeogênese predomina, dependendo das condições fisiológicas. A maioria das etapas da gliconeogênese utiliza as mesmas enzimas que catalisam o processo de glicólise. O fluxo de carbono, é claro, ocorre na direção inversa. Três sequências de reações diferem das etapas correspondentes na glicólise. Elas envolvem a conversão
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