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Conceito
1. Concurso de crimes é a pratica de dois ou mais delitos.
2. No CP brasileiro a questão é tratada nos arts. 69 a 72, 75 e 76.
Sistemas
1. O sujeito que comete vários crimes deve ser apenado mais severamente que o autor de um só delito. Como deve ser graduada a pena? Sobre o assunto, há cinco sistemas: 
· Sistema do cúmulo material: considera que as penas dos vários delitos devem ser somadas. Foi adotado entre nós no concurso material ou real (art. 69, caput) e no concurso formal imperfeito (CP, art. 70, caput, 2ª parte) 
· Sistema da absorção: a pena mais grave absorve a menos grave.
· Sistema da acumulação jurídica: a pena aplicável não é da soma das concorrentes, mas é de tal severidade que atende à gravidade dos crimes cometidos. 
· Sistema da responsabilidade única e da pena progressiva única: os crimes concorrem, mas não se acumulam, devendo-se aumentar a responsabilidade do agente ao crescer o número de infrações.
· Sistema da exasperação da pena: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de um quantum determinado. Foi adotado no concurso formal (art. 70) e no crime continuado (art. 71).
Espécies de concurso
O concurso de crimes (ou de penas) pode ser:
· Concurso material (art. 69); 
· Concurso formal (art. 70);
· Crime continuado (art. 71). 
As hipóteses de concurso podem ocorrer entre dolosos ou culposos, consumados ou tentados, comissivos ou omissivos.
Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.  
Conceito 
1. Ocorre o concurso material quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 69, caput).
2. Os termos ação e omissão devem ser tomados no sentido de conduta. Suponha-se que o agente subtraia uma dúzia de frutas do pomar do vizinho. Cometeu doze atos, mas uma só conduta ou fato. Responde por um só crime de furto. Para que haja concurso material, é preciso que o sujeito execute duas ou mais condutas (fatos), realizando dois ou mais crimes. Exs.: a) o agente ingressa na residência da vítima, furta e comete estupro; b) praticado o estupro, o agente mata a vítima a fim de obter a impunidade.
Espécies 
1. O concurso material pode ser: 
· homogêneo: quando os crimes são idênticos. Os crimes são homogêneos quando previstos na mesma figura típica. Ex.: praticado homicídio contra A, o agente mata B, testemunha do fato.
· heterogêneo: quando os crimes não são idênticos. Os crimes são heterogêneos quando previstos em figuras típicas diversas. Exs.: furto e estupro. 
Aplicação da pena 
1. No concurso material as penas são cumuladas.
2. Reconhecido o concurso material e aplicada pena privativa de liberdade em relação a um dos crimes, porém negado o sursis, no tocante aos demais não é possível a imposição de pena restritiva de direitos, nos moldes do art. 44, em substituição à detentiva (art. 69, § 1º).
3. Impostas penas restritivas de direitos, as compatíveis entre si devem ser cumpridas simultaneamente; se incompatíveis, sucessivamente (art. 69, § 2º).
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
Conceito
1. Mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes (art. 70, caput). Difere do concurso material pela unidade de conduta. Exs.: a) o agente, com um só tiro ou um golpe só, ofende mais de uma pessoa; b) num fato automobilístico culposo o agente dá causa à morte de uma pessoa e a lesões corporais em outra.
Espécies 
1. O concurso formal pode ser: 
· homogêneo: há concurso formal homogêneo quando os crimes se encontram descritos pela mesma figura típica, havendo diversidade de sujeitos passivos.
· heterogêneo: atropelamento culposo com morte de duas ou mais pessoas. Ocorre o concurso formal heterogêneo quando os crimes se acham definidos em normas penais diversas.
Aplicação da pena
1. se as penas são idênticas, aplica-se uma só, aumentada de um sexto até metade; 
2. se as penas não são idênticas, aplica-se a mais grave, aumentada de um sexto até metade.
3. A pena a ser aplicada não pode ser superior à que seria cominada se fosse caso de concurso material (parágrafo único do art. 70). Suponha-se que o agente tenha praticado um homicídio simples e uma lesão corporal leve em concurso formal. Aplicado o princípio do concurso ideal, sofreria pena mínima de sete anos de reclusão (seis anos pelo homicídio, mais um sexto previsto no art. 70 do CP). Ora, aplicada a pena de acordo com o concurso material, seria de seis anos de reclusão pelo homicídio e três meses de detenção pela lesão corporal leve (seis anos e três meses de pena privativa de liberdade). Não pode a pena exceder a que seria cabível para o concurso material.
Autonomia de desígnios
1. O art. 70, caput, 2ª parte, diz que “as penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos”. 
2. O que se entende por “desígnios autônomos”? Ocorre a autonomia de desígnios quando o sujeito pretende praticar não só um crime, mas vários, tendo consciência e vontade em relação a cada um deles, considerado isoladamente.
3. Suponha-se que o agente, com um só projétil de revólver, mate dolosamente duas pessoas. Há unidade de conduta e autonomia de desígnios (dirigidos à morte das duas pessoas). Nesse caso, o concurso continua sendo formal, mas, na aplicação da pena, manda o Código que seja realizada com base na regra do concurso material: as penas devem ser somadas.
Crime continuado
Conceito 
1. Ocorre o denominado crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro (art. 71, caput).
2. Há duas teorias a respeito da conceituação do crime continuado: 
· teoria objetivo-subjetiva: o crime continuado exige, para a sua identificação, além de determinados elementos de ordem objetiva, outro de índole subjetiva, que é expresso de modos diferentes: unidade de dolo, unidade de resolução, unidade de desígnio; 
· teoria puramente objetiva: dispensa a unidade de ideação e deduz o conceito de condutas continuadas dos elementos exteriores da homogeneidade. O CP aceitou a teoria puramente objetiva. Como se vê no art. 71, caput, é suficiente que os crimes da mesma espécie apresentem semelhança em seus elementos objetivos de tempo, lugar, maneira de execução etc. 
Requisitos 
São requisitos do crime continuado: 
· pluralidade de condutas; 
· pluralidade de crimes da mesma espécie: o intérprete deve verificar a figura típica, o tipo fundamental, que possui as elementares do crime. Crimes da mesma espécie são os que possuem essas elementares, não importando que os delitos componentes sejam tentados ou consumados, simples, privilegiados ou qualificados. 
· continuação, tendo em vista as circunstâncias objetivas: Na conexão temporal (condição de tempo) a jurisprudência dominanteexige que os crimes não tenham sido cometidos em período superior a um mês (entre um e outro). No que concerne ao fator espacial, é dominante nos Tribunais paulistas o entendimento de admitir continuação entre crimes cometidos em cidades próximas.
· unidade de desígnio.
Aplicação da pena 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
1. O crime continuado pode ser: 
· Simples (art. 71, caput):
· se as penas são idênticas, aplica-se uma só, com o aumento de um sexto a dois terços; 
· se as penas são diversas, aplica-se a mais grave, aumentada de um sexto a dois terços.
· Qualificado (parágrafo único): o aumento é de um sexto até o triplo.
2. Nada impede que entre dois ou mais delitos componentes da continuação haja concurso formal. Nesse caso, incide um só aumento de pena, o do delito continuado, prejudicado o do art. 70 do CP.
3. Não pode ser ultrapassado o limite de 40 anos, nem o quantum de pena que se teria caso fosse concurso material (parágrafo único).
Aplicação da multa
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.  
Se o sujeito pratica vários furtos em continuação, as penas de multa devem ser somadas, não se aplicando o disposto no art. 71, caput.
Limite das penas
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. 
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. 
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.  
1. O art. 75, caput, do CP diz que “o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a quarenta anos”. O art. 10 da LCP determina que “a duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a cinco anos”. 
2. Note-se que o Código não diz que “as penas privativas de liberdade não podem ser superiores a quarenta anos”, mas sim que seu cumprimento não pode exceder ao limite legal. Assim, nada obsta a que o agente, em um ou em vários processos, seja condenado a tempo superior: a duração da execução da pena é que não pode ser superior a quarenta anos.
3. Esse limite, entretanto, não se aplica ao livramento condicional e à progressão de regimes, de modo que, condenado a mais de quarenta anos de prisão, o parâmetro para calcular o período aquisitivo desses benefícios será o total das penas impostas.
Concurso de crime e contravenção
Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais grave.
No concurso de infrações, determina o art. 76 do CP, “executar-se-á primeiramente a pena mais grave”. Significa que, havendo concurso entre crime e contravenção, a prisão simples, imposta cumulativamente com detenção ou reclusão, é executada por último.
Referências:
JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte geral – arts. 1 ao 120 do CP. Vol 1. Atualizador: André Estefam. 37 ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

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