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Conceito
1. Prescrição penal é a perda da pretensão punitiva ou executória do Estado pelo decurso do tempo sem o seu exercício.
2. Se a prescrição ocorre depois do trânsito em julgado da sentença condenatória, esta subsiste com seus efeitos secundários, como o de forjar a reincidência. Se a prescrição ocorre antes do trânsito em julgado da sentença final, vindo o sujeito a cometer novo crime, não é considerado reincidente.
Pretensão punitiva e pretensão executória
1. Pretensão é a exigência de subordinação de um interesse alheio ao interesse próprio. Com a prática do delito, o direito de punir do Estado, que era abstrato, transforma-se em concreto, formando-se a relação jurídico-punitiva. Surge um conflito de interesses entre o direito de punir do Estado e o direito de liberdade do agente. O Estado é, então, titular da pretensão punitiva, adquirindo o direito de invocar o Poder Judiciário no sentido de aplicar o Direito Penal objetivo ao fato cometido pelo delinquente. 
2. O Estado é titular da pretensão punitiva, exigindo do Poder Judiciário a prestação jurisdicional pedida na acusação, que tem duas finalidades: o julgamento da pretensão punitiva e a imposição da sanção penal. Transitando em julgado a sentença condenatória, o direito de punir concreto transforma-se em jus punitionis, convertendo a pretensão punitiva em pretensão executória: exigência de execução da sanção penal concretizada na sentença.
Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória
O decurso do tempo incide sobre as duas formas de pretensão. Daí falar-se em: 
· prescrição da pretensão punitiva: Na prescrição da pretensão punitiva (chamada impropriamente de prescrição da ação), o decurso do tempo faz com que o Estado perca o direito de punir no tocante à pretensão de o Poder Judiciário julgar a lide e aplicar a sanção abstrata (aspiração de punição). 
· prescrição da pretensão executória: Na prescrição da pretensão executória (chamada impropriamente de prescrição da condenação), o decurso do tempo sem o seu exercício faz com que o Estado perca o direito de executar a sanção imposta na sentença condenatória.
Imprescritibilidade
1. A prescrição não se aplica aos crimes de racismo (art. 5º, XLII; Lei n. 7.716, de 5-1-1989) e aos referentes à ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (XLIV; Lei n. 7.170/83). 
2. Interessante notar que o STF, em 2019, entendeu que a homofobia constitui forma de racismo. Se trata, por extensão, de crime imprescritível.
Prescrição da pretensão punitiva
1. Determina o art. 109 do CP que a prescrição regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime. 
Art. 109.  A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. 
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.  
2. Para efeito de contagem do prazo da prescrição da pretensão punitiva, são levadas em conta as causas de aumento e de diminuição da pena. Assim, se o agente praticou furto simples (art. 155, caput), o prazo prescricional é de oito anos (art. 109, IV). Se, porém, praticou furto majorado pelo repouso noturno (art. 155, § 1º), em que a pena abstrata é aumentada de um terço, o máximo da sanção privativa de liberdade é de cinco anos e quatro meses de reclusão, ocorrendo a prescrição em doze anos (art. 109, III).
Nota: No concurso de crimes (concurso material, formal e crime continuado), a prescrição atinge a pretensão punitiva em relação a cada infração, considerada isoladamente (CP, art. 119).
Nota: As circunstâncias agravantes (CP, arts. 61 e 62) e atenuantes (art. 65) não interferem no prazo prescricional. Exceção: CP, art. 115.
Prescrição da pretensão executória
1. Enquanto o prazo prescricional da pretensão punitiva é determinado pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, o prazo de prescrição da pretensão executória é regulado pela quantidade da pena imposta na sentença condenatória, variando de acordo com os lapsos fixados nos incisos do art. 109.
2. Tratando-se de reincidente, o prazo da prescrição da pretensão executória da pena privativa de liberdade é aumentado de um terço (art. 110, caput):
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.  
Nota: No concurso material e formal cada delito tem seu prazo prescricional isolado, ainda que as penas tenham sido impostas na mesma sentença (CP, art. 119).
Nota: No crime continuado, de acordo com a Súmula 497 do STF, “a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação” (previsto no art. 71).
Suponha-se que o sujeito cometa dois crimes de furto qualificado ligados pelo nexo de continuidade. A pena mínima seria de dois anos e quatro meses de reclusão, ocorrendo a prescrição em oito anos. Agora, se não houvesse o nexo de continuidade e fosse ele submetido a duas ações penais, seria condenado a dois anos de reclusão em cada processo, ocorrendo a prescrição em quatro anos. Como se nota, a figura do crime continuado, criado para favorecer o agente, viria prejudicá-lo.
Nota: O reconhecimento da prescrição da pretensão executória, na hipótese do art. 110, caput, do CP, somente impede a execução das penas e de eventual medida de segurança, subsistindo os efeitos secundários da condenação (lançamento do nome do réu no rol dos culpados, custas, reincidência etc.). Subsistindo os efeitos secundários da sentença condenatória, pode ela ser executada no cível para reparação do dano.
Prescrição superveniente à sentença condenatória (prescrição intercorrente)
1. Prescrição superveniente à sentença condenatória é a prescrição da pretensão punitiva que ocorre depois da sentença condenatória (está prevista na primeira parte do §1° do art. 110). Em regra, é a pena abstrata que regula a prescrição da pretensão punitiva, o §1°do art. 110 é a exceção. Esse dispositivo prevê a prescrição superveniente e a prescrição retroativa. São hipóteses em que a pena aplicada na sentença é a utilizada para a determinação do prazo prescricional (de novo: é a exceção a regra de que a prescrição da pretensão punitiva é regulada pena abstrata). Depois que a sentença transita em julgado para acusação, a pena não mais aumentará (ou se mantém ou diminui, caso o réu apele). Em função disso, o trânsito em julgado para a acusação (ou depois de improvido o recurso da acusação) é o momento em que é possível verificar se ocorreu a prescrição, pois a partir desse momento a pena aplicada não mais aumentará. Suponha-se que o réu venha a ser condenado a três meses de detenção, tendo transitado a sentença para a acusação. Três anos e meio após ainda não se conseguiu intimá-lo da decisão. Nos termos do § 1º do art. 110, operou-se a prescrição. Como a pena é inferior a um ano, ela ocorre em três, já ultrapassados. Trata-se de prescrição superveniente (prescrição que ocorre em função de um lapso temporal posterior a sentença condenatória e anterior ao trânsito em julgado). 
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa
§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010).
2. O acórdão confirmatório da sentença condenatória não interrompe o prazo prescricional superveniente à decisão de primeiro grau. É possível que, a partir da sentença condenatória até o acórdão, já tenha decorrido o respectivo prazo extintivo da pretensão punitiva. Nesse caso, fica impedido o julgamento do mérito, devendo o Tribunal desde logo declarar a extinção da punibilidade.
Prescrição retroativa
1. O antigo parágrafo único do art. 110 determinava que a contagem do prazo prescricional, que se regularia pela pena aplicada na sentença, começaria da data da publicação da sentença para frente. Ou seja, o prazo prescricional não podia ser contado da data da consumação do crime ou do recebimento da denúncia (a contagem nesse caso devia tomar como referência a pena abstrata, não a pena concreta). Em outras palavras, a prescrição não era retroativa. 
2. A reforma de 1984, admitiu, nos termos do §2° do art. 110, a prescrição retroativa, em que a contagem do prazo poderia ter por termo inicial data anterior ao recebimento da denuncia ou da queixa. 
3. A Lei 12.234 de 2010, extinguiu a prescrição retroativa. O STF, contudo, interpretando a alteração, fixou entendimento de que a extinção foi parcial, ou seja, não se admite mais a prescrição retroativa antes da denúncia ou queixa. Subsiste, porém, no período entre o recebimento da inicial (da denúncia ou queixa) e a decisão condenatória.
4. Como se conta o prazo prescricional? Desde que transitada em julgado para a acusação, ou improvido o
seu recurso, verifica-se o quantum da pena imposta na sentença condenatória. A seguir, adapta-se tal prazo num dos incisos do art. 109 do CP. Encontrado o respectivo período prescricional, procura-se encaixá-lo entre dois polos: a data do termo inicial, de acordo com o art. 111, e a do recebimento da denúncia (ou queixa); ou entre esta e a da publicação da sentença condenatória, desde que, deve-se frisar, o fato tenha sido praticado até o dia 5 de maio de 2010, porque, se posterior a essa data, não mais terá lugar a prescrição retroativa (salvo, segundo o STF, no período entre o recebimento da inicial e a decisão condenatória).
Ex.: Processado por lesão corporal leve (CP, art. 129, caput), o sujeito vem, afinal, a ser condenado ao mínimo legal, três meses de detenção. A sentença condenatória transita em julgado para a acusação. Apelando ou não o réu, pode ser averiguado se ocorreu a extinção da punibilidade pela prescrição retroativa. Suponha-se que a denúncia tenha sido recebida em 4 de abril de 2008, vindo a ser publicada a sentença em 10 de maio de 2010. A partir da data do cometimento do crime estava correndo um prazo prescricional da pretensão punitiva, regulado pelo máximo da pena abstrata. Como esta é de um ano de detenção (CP, art. 129, caput), tal prazo era de quatro anos (CP, art. 109, V). Passados três meses da data do fato, a denúncia foi recebida (4-4-2008). Interrompeu-se o prazo prescricional de quatro anos (CP, art. 117, I). E a partir da data em que a denúncia foi recebida outro prazo de quatro anos recomeçou a correr (CP, art. 117, § 2º, vigente ao tempo do fato). Pouco mais de dois anos, porém, contados do recebimento da denúncia, foi publicada a sentença condenatória (10-5-2010). Houve nova interrupção do prazo prescricional de quatro anos. No momento em que transitou em julgado a sentença condenatória para o Ministério Público (ou foi improvido o seu recurso), surgiu a possibilidade de ser verificada a ocorrência da prescrição retroativa. E ela realmente ocorreu. Condenado o réu a três meses de detenção, como restou assinalado, o prazo prescricional é de dois anos (patamar anterior à Lei n. 12.234/2010, que o elevou a três). E decorreu o biênio entre a data do recebimento da denúncia (4-4-2008) e a da publicação da sentença condenatória (10-5-2010). Significa que a extinção da punibilidade, pela prescrição retroativa, nos moldes do § 2º do art. 110 do CP, ocorreu no dia 3 de abril de 2010, dois anos depois do recebimento da denúncia. De modo que a sentença condenatória, quando foi publicada, um mês depois, não tinha, em face da ausência de recurso da acusação, condições de reconhecer a procedência da pretensão punitiva, já extinta. Isso não ocorreria se a sentença condenatória tivesse sido publicada até 3 de abril de 2010. Tal prazo, que antes era regulado pela pena abstrata, transitando em julgado a sentença condenatória para a acusação, passou a ser disciplinado pela pena concreta.
Obs.: Para Damásio de Jesus, a lei de 2010 extinguiu totalmente a prescrição retroativa, contrariando o entendimento do STF – que se consagrou na jurisprudência pátria. Para Jesus, o texto não foi editado especialmente para obstruir a prescrição retroativa, o que já o fizera em outras partes da lei, especialmente revogando a sua fonte, o § 2º nós, e sim sua variante doutrinária e jurisprudencial, a virtual. A lei nova quis estender a vedação à sua vertente, a chamada prescrição “virtual” ou “projetada”. Enquanto a prescrição retroativa exige sentença ou acórdão condenatórios, a virtual ou antecipada os dispensa. Nesta, em face dos elementos contidos nos autos, a acusação, considerando que a prescrição retroativa irá ocorrer, desde logo, antes da denúncia, a requer. Era a interpretação que a norma permitia antes da nova lei.
Termos iniciais da prescrição da pretensão punitiva
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:  
I - do dia em que o crime se consumou; 
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; 
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. 
V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que envolvam violência contra a criança e o adolescente, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 
1. A respeito do inciso I, o termo a quo é a data da consumação do delito. Constitui exceção à adoção da teoria da atividade no problema do tempus delicti. Na prescrição, adota-se a teoria do resultado.
2. Nos crimes omissivos próprios, o termo inicial ocorre na data em que o sujeito deixa de realizar a conduta penalmente exigida.
3. Nos crimes de mera conduta, a prescrição começa a correr a partir da data da prática do comportamento.
4. No delito habitual, a prescrição tem início na data da prática do último ato delituoso.
5. A respeito do inciso V, suponha-se que o autor pratique ato de libidinagem, hoje estupro de vulnerável, com uma menina de 8 anos de idade, sujeitando-se à pena máxima de 15 anos de reclusão (CP, art. 217-A, caput), com prescrição em 20 anos (CP, art. 109, I). De acordo com a lei nova, tendo silenciado a vítima, os 20 anos somente começarão a ser contados quando ela completar 18 anos de idade. a notitia criminis poderá ser levada ao conhecimento da autoridade pública até a ofendida completar 38 anos de idade, 30 anos depois da prática do ato libidinoso.
6. Também sobre o inciso V, em que dia se considera “proposta” a ação penal? Na data do oferecimento da denúncia? Ou de seu recebimento? Respeitando opiniões contrárias, entendemos que a ação penal se considera proposta no dia em que é oferecida a denúncia pelo Ministério Público.
Termos iniciais da prescrição da pretensão executória
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: 
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; 
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quandoo tempo da interrupção deva computar-se na pena. 
1. Cumpre observar: a prescrição da pretensão executória depende de uma condição, a de haver transitado em julgado a sentença condenatória para a acusação e defesa. Satisfeita a condição, entretanto, na contagem do prazo leva-se em conta a data em que transitou em julgado para a acusação.
2. Enquanto a pena não é executada, a prescrição está correndo, tendo o seu termo a quo a partir da data do trânsito em julgado da sentença revocatória da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional.
Nota: Interrompida a execução da pena pela fuga do condenado, inicia-se a contagem do prazo prescricional da pretensão executória.
Nota: Nos casos dos arts. 41 e 42 do CP (superveniência de doença mental ou internação em hospital), em que se aplica o princípio da detração penal, embora interrompida a efetiva execução da pena, não corre prescrição.
Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. 
Multa
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: 
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; 
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
1. Multa como única pena abstratamente cominada: prescrição em dois anos.
2. Multa como única pena imposta na sentença condenatória: prescrição em dois anos (inc. I, 2ª parte). O princípio somente incide sobre a prescrição da pretensão punitiva. Inexiste prescrição da pretensão executória penal da multa, uma vez que, transitando em julgado a sentença condenatória, o seu valor deve ser inscrito como dívida ativa da Fazenda Pública, deixando a execução de apresentar natureza penal. Assim, a prescrição obedece ao art. 144, caput, do CTN, e não ao CP.
3. Multa cominada alternativamente com pena privativa de liberdade: prazo igual ao estabelecido para a prescrição da pretensão relativa à pena detentiva (inc. II);
4. Multa cominada cumulativamente com pena detentiva: prazo igual ao da pena privativa de liberdade (inc. II);
5. Multa imposta na sentença condenatória juntamente com pena detentiva: prazo igual ao da sanção privativa de liberdade (inc. II).
Nota: Se o sujeito era, ao tempo da prática da infração penal, menor de 21 ou maior de 70 anos de idade, na data da sentença, o prazo do art. 114 deve ser reduzido à metade (art. 115), ocorrendo a prescrição em um ano.
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. 
Qual foi a teoria adotada pelo CP no tocante ao tempus delicti? A da atividade, a do resultado ou a mista? O CP apenas fala em “tempo do crime”. Cremos que deve ser levada em conta a idade do agente no momento da execução do crime (teoria da atividade).
Havendo reincidência reconhecida na sentença, ao prazo prescricional da pretensão executória, reduzido de metade, deve incidir o aumento previsto no art. 110, caput, do CP.
Causas suspensivas (ou impeditivas) da prescrição
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:  
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; 
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; 
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. 
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. 
1. A disposição prevê as causas impeditivas ou suspensivas da prescrição, distintas das causas interruptivas (art. 117). Na suspensão da prescrição, o tempo decorrido antes da causa é computado no prazo; na interrupção, o tempo decorrido antes da causa não é computado no prazo, que recomeça a correr por inteiro.
2. Art. 116, I, a prescrição não corre enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime (questão prejudicial, tratada nos arts. 92 a 94 do CPP).
3. Art. 116, III: Assim, uma vez opostos os embargos ou interpostos os recursos aos tribunais superiores, é de se suspender a fluência do prazo. Se o recurso for admitido, cancela-se a suspensão efetuada; se inadmitido (constatação da falta de preenchimento dos pressupostos recursais, como cabimento, adequação, tempestividade, legitimidade ou interesse recursal), confirma-se a causa impeditiva (suspensiva), voltando o prazo a correr a partir da publicação do julgamento do recurso.
Causas interruptivas da prescrição
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; 
II - pela pronúncia; 
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;  
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
VI - pela reincidência. 
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. 
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. 
1. Inciso I: A prescrição se interrompe na data da publicação do despacho de recebimento da denúncia ou queixa, i.e., na data em que o escrivão recebe o processo do juiz com o despacho. No caso de ratificação da denúncia no Juízo competente, a interrupção da prescrição ocorre no segundo recebimento. Se o juiz rejeita a denúncia ou a queixa, vindo uma ou outra, em face de recurso da acusação, a ser recebida pelo Tribunal, a interrupção da prescrição ocorre na data do julgamento proferido em sessão. O aditamento da denúncia só interrompe o prazo prescricional quando descreve fato novo, observando-se que a interrupção só se refere a este, não ao crime anteriormente descrito.
2. Inciso II: Nas ações penais por crime da competência do Júri, “o juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação” (CPP, art. 413, caput). Significa que o juiz determina seja o réu julgado pelo Tribunal do Júri. 
Nota: A decisão do juiz tem força de interromper o curso da prescrição, ainda que o réu venha a ser absolvido no Júri (RT, 513:427), ou que ocorra a desclassificação para crime não doloso contra a vida em Plenário (Súmula 191 do STJ).
3. Inciso III: Se o réu recorre da pronúncia e o Tribunal a confirma, o Acórdão também interrompe a prescrição.
Nota: A sentença que, na fase do art. 413 do CPP, desclassifica o crime para outro, também da competência do Júri, interrompe o prazo prescricional. Se, entretanto, a desclassificação é feita para crime da competência do juiz singular (CPP, art. 419), não há interrupção.
4. Inciso IV: O art. 117, IV, do CP determina que a prescrição se interrompe pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis. A interrupção ocorre na data da publicação da sentença, i.e., no dia em que o escrivão recebe a sentença do juiz e a junta aos autos, independentemente do registro e de outras diligências. Assim, se o escrivão, antes de lavrar o termo de publicação da sentença, realiza atos como expedição do mandado de prisão, lançamento do nome do réu no rol dos culpados etc., esta é a data que vigora para fins de interrupção da prescrição.
O dispositivo fala em sentença condenatória recorrível ou acórdão condenatório sujeito a recurso (entendido como tal o que condena o réu depois de reformar a sentença absolutória de primeirograu). Para Damásio de jesus o acórdão que confirma a condenação não interrompe, enquanto o acórdão que reforma interrompe o prazo prescricional. No STF a questão se mostra controvertida. Havendo ministros que sustentam um posicionamento e ministros que sustentam outro. 
E se a sentença condenatória vier a ser reformada pelo Tribunal, que absolve o réu? Ainda assim ela persiste com seu efeito de interromper a prescrição. Dessa forma, embora haja interposição de recurso extraordinário do acórdão, o prazo prescricional segue sendo contado da data da publicação da decisão condenatória de primeiro grau.
A sentença que concede o perdão judicial, sendo condenatória, também interrompe o prazo prescricional. Assim, apelando o Ministério Público em busca da efetiva aplicação da pena, o prazo prescricional, a partir da publicação da sentença, é regulado pela pena abstrata (tendo em vista que não foi aplicado pena).
O acórdão que mantém a sentença condenatória interrompe a prescrição da pretensão punitiva? Não, uma vez que a hipótese não se encontra prevista no art. 117, que contém enumeração taxativa.
5. Inciso V: Caso ainda caiba recurso da defesa, não há interrupção. Ex.: condenado o réu e cumprindo o mandado de prisão, ele apela. Foge e é recapturado. O início e a continuação da execução da pena não interrompem a prescrição.
Tratando-se de multa paga em prestações, a satisfação da primeira parcela interrompe o prazo prescricional da pretensão executória. Cessada a execução pelo inadimplemento, novo prazo começa a correr.
6. Inciso VI: A reincidência que interrompe a prescrição é representada pela nova sentença condenatória proferida contra o agente ou pelo novo crime por ele praticado? Entendemos que o lapso prescricional da pretensão executória (prescrição da condenação) é interrompido pela prática do novo crime e não pela sentença condenatória com trânsito em julgado que o reconhece. É preciso, sem dúvida, que a nova ocorrência seja havida, por sentença definitiva, como criminosa, para que se fale em reincidência. Mas os efeitos retroagem a data do fato.
A reincidência somente interrompe o prazo prescricional da pretensão executória, sendo inaplicável à prescrição da pretensão punitiva (CP, art. 109; STF, RTJ, 50:553). Nesse sentido, a Súmula 220 do STJ: “A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva”. 
No caso de coautoria ou participação, salvo as hipóteses de reincidência e de início ou continuação do cumprimento da pena, que são de natureza pessoal, a interrupção da prescrição produz efeito relativamente a todos os participantes do crime (art. 117, § 1º, 1ª parte).
Tratando-se de crimes conexos, objetos do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção da prescrição relativa a qualquer deles (art. 117, § 1º, 2ª parte).
Referências: 
JESUS, Damásio de. Parte geral – arts. 1 ao 120 do CP. Vol 1. Atualizador: André Estefam. 37 ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

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