Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Sepse DEFINIÇÕES SEPSE: Disfunção orgânica potencialmente fatal causada por uma resposta imune desregulada a uma infecção. Para operacionalização clínica, a disfunção orgânica passou a ser representada por pontuação ≥ 2 no escore SOFA. Os principais focos iniciais são pulmão, abdome e trato urinário. As bactérias Gram-negativas e Gram-positivas são os micro-organismos mais envolvidos. CHOQUE SÉPTICO: Sepse acompanhada por profundas anormalidades circulatória e celulares/metabólicas capazes de aumentar a mortalidade substancialmente. Necessidade de vasopressor para elevar a pressão arterial média ≥ 65 mmHg E lactato > 2 mmol/L (18 mg/dl) após reanimação volêmica adequada. ESCORE SOFA e qSOFA VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C PATOGÊNESE Sepse = Predisposição + Mecanismos bacterianos e inflamatórios + Disfunção orgânica. Predisposição: idade, comorbidades, imunossupressão, vacinação, nutrição, integridade de mucosas, cirurgias, feridas, cateteres vesicais, polimorfismo genético. Mecanismos bacterianos: constituintes estruturais da parede celular, exotoxinas, superantígenos e enzimas. Mediadores da resposta imune: TNF-alfa e IL-1 são citocinas pró-inflamatórias. Disfunção orgânica: dano miocárdico, diminuição da resistência vascular sistêmica, vasodilatação periférica, aumento do DC (mas não o suficiente para compensar a redução da RVP), taquicardia sinusal, hipotensão, redução da oferta e do consumo de O2, acidose metabólica, insuficiência respiratória, prejuízo as trocas gasosas, hipertensão pulmonar, edema intersticial A ativação generalizada das vias da coagulação promove uma das mais sérias consequências da sepse: coagulação intravascular disseminada. As endotoxinas ativam os componentes da coagulação direta e indiretamente, através do estímulo do fator tecidual endotelial e da liberação de cininas e citocinas pró-inflamatórias. O desenvolvimento da coagulopatia e a disfunção endotelial são considerados efeitos centrais no dano tecidual e na falência orgânica da sepse. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Com relação à evolução do quadro séptico, podemos distinguir duas etapas: 1. FASE QUENTE: DC aumentado, RVP reduzida, febre, taquicardia, nível de consciência preservado, débito urinário preservado. 2. FASE FRIA: DC reduzido, RVP aumentada, extremidades frias, cianose periférica, débito urinário reduzido, sonolência, letargia e choque. EXAMES COMPLEMENTARES HEMOGRAMA: Avaliação de leucocitose ou leucopenia, plaquetopenia. COAGULOGRAMA: Pesquisa de coagulação intravascular disseminada. ELETRÓLITOS e FUNÇÃO RENAL. FUNÇÃO HEPÁTICA: Aumento de até 3 vezes os valores normais de bilirrubina, fosfatase alcalina e transaminases pode ocorrer na sepse. ALBUMINA SÉRICA: Pode reduzir devido o dano endotelial difuso. PROTEÍNA-C-REATIVA e PROCALCITONINA: Elevadas. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C GLICEMIA: Hiperglicemia > 140 mg/dl na ausência de diabetes faz parte do quadro séptico. A hipoglicemia também pode ser encontrada e ambas devem ser corrigidas. LACTATO: Geralmente aumenta 3 a 5 vezes e está relacionado com a hipóxia tecidual. Sua dosagem seriada é importante na monitorização da resposta terapêutica. GASOMETRIA ARTERIAL: Acidose. HEMOCULTURA: Ao menos duas amostras devem ser coletadas ANTES do início do antibiótico. RADIOGRAFIA TORÁCICA: É essencial em todos os casos e pode evidenciar sinais sugestivos de SDRA e identificar focos infecciosos. TRATAMENTO As principais medidas adotadas na abordagem inicial da sepse devem ser estabelecida no pacote de 1 hora. 1. Medir o nível de lactato. Refazer a medida, se lactato inicial > 2 mmol/L. 2. Obter hemocultura antes da administração de antibióticos. 3. Administração de antibióticos de amplo espectro. - Com o resultado das culturas, o espectro antimicrobiano deve ser reduzido a fim de evitar superinfecções, desenvolvimento de patógenos cada vez mais resistentes, risco maior de toxicidade e custos desnecessários. - Geralmente, 7 a 10 dias são suficientes, porém cursos mais longos podem ser apropriados em pacientes com resposta clínica lenta, foco infeccioso sem drenagem, imunodeficiência, etc. - As hemoculturas serão negativas em até 50% dos casos, logo, a decisão de suspender os antibióticos deve ser feita com base no julgamento clínico pessoal e na evolução do quadro. 4. Iniciar rapidamente a administração de 30 ml/kg de cristaloide (Ringer lactato ou soro fisiológico) para hipotensão ou lactato > 4 mmol/L. 5. Aplicar vasopressores, se paciente estiver hipotenso durante ou após a ressuscitação volêmica para manter a PAM > 65 mmHg. A droga de primeira escolha é a noradrenalina (dose inicial 0,01 mcg/ kg/ min). - Adrenalina e vasopressina (0,03 U/min) podem ser adicionadas como segundo agente vasopressor para atingir o alvo da PAM ou reduzir a dose necessária de noradrenalina. - Os agentes inotrópicos são administrados para pacientes que mostrem evidência de hipoperfusão persistente, apesar da reposição volêmica adequada e do uso de vasopressores. O inotrópicos de escolha é a dobutamina (2,5 mcg/ kg/ min até 20 mcg/ kg/ min). A recomendação é transfundir concentrados de hemácias apenas quando hemoglobina ≤ 7 g/dl com um objetivo de manter em 7 a 9 g/dl. Não há indicação de utilizar rotineiramente corticosteroides na sepse sem choque. Manter a glicemia ≤ 180 mg/dl. Pacientes com sepse devem receber profilaxia para TVP. A preferência é HBPM. Inibidores da bomba de próton são indicados para profilaxia de úlcera de estresse.
Compartilhar