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HK B Pancreatit� Agud� Prof. Andr� Le� Processo inflamatório do pâncreas com envolvimento variável de outros tecidos regionais e a distância ❤ Importância ➺ 5-80 casos para cada 100.000 habitantes ➺ Evolução dos métodos diagnósticos e aumento de consumo de álcool e colelitíase ➺ Mortalidade global varia de 10 a 15% ➺ Dentro os óbitos, 50% ocorre na fase precoce (<14 dias) por SIRS secundária à necrose pancreática ➺ 85 a 90% dos casos → inflamação aguda com mínima disfunção orgânica = mortalidade < 2% ➺ 5° diagnóstico etiológico e 4° causa de internação por abdome agudo mais registrado nas salas de urgência �siopatologi� ➺ “O processo inicial é deflagrado por algum agente agressor, promovendo a liberação de citocinas pró-inflamatórias (TNF-alfa e IL-1) e, consequentemente, na ativação de enzimas pancreáticas dentro do próprio órgão.” HK B ➺ 1. Estímulo lesivo à celula acinar provoca fusão dos grânulos contendo zimogênio e as vesícula lisossomais contando catepsina B. ➺ 2. O aumento da concentração de cálcio na célula causa a conversão tripsinogênio em tripsina, ativando outras proteases ainda no interior do órgão. ➺ 3. Enzimas ativadas: ativação de todos os zimogênios -> migração das vesículas de fusão para a borda intersticial da célula ➺ 4. Liberação das enzimas em estado ativado -> Injúria e morte celular -> autodigestão tecidual ❤ Tripsina ➺ A tripsina converte: ▪ Pré-calicreína em calicreína → ativando o sistema de cininas ▪ Fator XII em fator XIIa → ativando o sistema de coagulação pela via intrínseca (responsável pela formação de microtrombos nos vasos pancreáticos, que podem contribuir para a necrose) ▪ Cininas + XIIa → ativação do Sistema complemento → atraindo para o local macrófagos e neutrófilos → produzem novos mediadores inflamatórios (PAF, IL-1, TNF-α, IL-6, IL-8) ➺ Um exagero neste processo leva à SIRS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica) HK B ❤ Ação de substâncias ❤ Outras reações Etiologi� ➺ 80% desencadeadas por Colecistolitíase HK B ➺ + importantes: hipertrigliceridemia; hipercalcemia; viral; trauma; neoplasia intraductal ou de papila; AIDS; idiopática ➺ Medicamentos: ❤ Investigação ➺ Anamnese: histórico de cólica biliar pregressa; ingesta alcoólica; história familiar; uso de drogas e medicamentos; exposição a causas virais ou sintomas prodrômicos ➺ Investigação inicial • Exame físico • Função hepática • Ultrassonografia • Dosagem de: lipídios plasmático e cálcio sérico • Sorologia de anticorpos virais • Repetir ultrassonografia e realizar colangioressonância e TC helicoidal do abdome ➺ Investigação de pancreatite hereditária: análise do tripsinogênio catiônico - PRSS1 • Em casos de: Crises recorrentes sem causa aparente; Pancreatite crônica idiopática; História familiar em parentes de 1° ou 2° grau; História familiar de DM1 ou carcinoma de pâncreas; Episódio inexplicado de PA documentada em criança HK B �p� principai� ❤ Pancreatite aguda biliar ▪ Passagem de cálculos pela Ampola de Vater é a causa + comum de pancreatite aguda ▪ 25-50% apresentam coledocolitíase associada; ▪ Não se associa à pancreatite crônica ▪ Comum: sexo feminino, obesos, 50-70 anos ▪ A pancreatite aguda complicada 3-7% dos indivíduos com colelitíase. ➺ Fisiopatologia Obstrução transitória do ducto pancreático por cálculos através da ampola de Vater -> aumento da pressão intraductal -> estimula da fusão de lisossomo aos grânulos de zimogênio -> tripsina -> processo patológico da pancreatite ❤ Pancreatite aguda alcoólica ▪ 5-10% dos alcoólatras (>100g etanol/dia , >5 anos (média de 15 anos) forma crônica ➺ Fatores implicados na patogênese: ▪ Estímulo direto à liberação de grandes quantidades de enzimas pancreáticas ativadas; ▪ Contração transitória do esfíncter de Oddi; ▪ Lesão tóxica acinar direta do etanol ou de um metabólito; ▪ Formação de cilindros proteináceos que obstruem os ductos. ❤ Pancreatite aguda idiopática ▪ 10 - 20% dos pacientes apresentam pancreatite com ausência de etiologia identificável ▪ Micro litíase biliar ( Lama biliar ) - 2/3 dos casos ▪ Disfunção do esfíncter de Oddi: aumento da P intra-esfincteriana → 40mmHg, (normal ± 15) ▪ Mutações subclínicas dos genes da Fibrose Cística HK B Quadr� Clínic� ❤ Dor abdominal Dor abdominal súbita, forte intensidade, em faixa, epigástrio e irradiação dorsal, náuseas e vômitos. ▪ Pode ou não haver relação com ingesta alimentar ou alcoólica ▪ Aumento de intensidade em horas, permanecendo por alguns dias, se prolongada pode estar associada a complicações como pseudocisto e necrose ▪ Dor abdominal tem intensidade variável e não tem relação direta com a gravidade ❤ Outros sintomas ➺ Náuseas e vômitos ➺ Febre ➺ Taquicardia �am� físic� ➺ Icterícia presente em até 25% ➺ Sinais de irritação peritoneal localizados ou difusos, íleo-paralitico ➺ Derrame pleural, hipoxemia (relacionadas a atelectasias ou ação da fosfolipase A ativada sobre o surfactante pulmonar) ➺ Formas graves: sinais de hemorragias (Cullen e Grey Turner) ➺ Sangramentos digestivos (úlcera de estresse ou síndrome de Mallory Weiss) HK B ➺ Sinais sistêmicos: febre, sinais de desidratação, taquicardia, taquipneia, hipotensão e, em casos mais graves, choque e coma. ➺ EFP: MV diminuído em bases pulmonares; derrame pleural (+E), lesão pulmonar aguda → SARA ➺ EFA: Abdome distendido. RHA diminuídos. A percussão direta ou o rebote abdominal, bem como a defesa voluntária ou involuntária, são comuns → No epigástrio ou difusos por todo abdome ➺ Outros achados: Alteração do estado mental (exposição ao álcool e drogas); Icterícia (obstrução biliar distal ou obstrução do ducto); Áreas de enduração subcutânea dolorosa e eritema (necrose gordurosa subcutânea = Paniculite) ❤ SIRS 1. Temperatura corporal > 38ºc ou < 36ºc 2. FR > 20 ipm ou pCO2 < 32mmHg 3. FC > 90 bpm 4. Leucocitose > 12.000 cel/mm³ ou < 4.000 cel/mm³ ou mais de 10% de células imaturas na periferia Diagn�tic� diferenciai� ➺ Colecistite aguda ➺ Abdome agudo perfurativo ➺ Vascular ➺ Diagnóstico diferencial de hiperamilasemia: úlcera perfurada, isquemia mesentérica �ame� laboratoriai� Utilizados para fechar diagnóstico e verificar a gravidade ➺ Amilase e lipase acima de 3x o valor de normalidade são altamente específicas para a pancreatite aguda ▪ Aumento Ht, Hb, Uréia e Creatinina → hipovolemia | distributivo ▪ Leucocitose com desvio E (até 20.000/mm3) → reflete o grau de inflamação sistêmica; ▪ Hipocalcemia → pode ser explicada pela hipoalbuminemia (hipovolemia) ou redução do Ca livre: mau prognóstico → pode levar à tetania HK B ▪ Hiperglicemia → SIRS → destruição maciça das Ilhotas de Langerhans, elevação do glucagon, cortisol, GH ▪ Aumento FA, Bb e transaminases: TGP (ALT) >150U/L → pancreatite biliar (especificidade de 96%) TGP <150 não afasta (baixa sensibilidade – 48%) Bb → pancreatite biliar (acometimento do colédoco) ▪ Hipertrigliceridemia (hiperlipidemia; exposição ao etanol). ❤ Amilase Amilase: >2,5-3x valor normal ▪ Eleva-se em 2-12h após início dos sintomas e mantém-se elevada por 3-5 dias ▪ Sensibilidade→ 55 - 80% entre 2-5 dias; Especificidade→75% ( >500 U/L e >> 1000U/L) ▪ Pode não elevar-se ou estar normal → Pancreatite crônica, hiperlipidemia, clearance urinário ▪ Elevação persistente é indício de complicação, como abscesso e pseudocisto. ➺ Especificidade comprometida por 4 fatores: ▪ Amilase salivar (55-60% da amilase) ▪ Absorção intestinal (pela víscera inflamada/obstruída) ▪ Macroamilasemia (ligação com proteína sérica impedindo filtração renal – 0,5% dos indivíduos) ▪ IR (IR grave cursa com hiperamilasemia) ➺ Pode ser detectada nos derrames pleurais e peritoneais pancreáticos ❤ Lipase Eleva-se já nas primeiras horas e estes níveis permanecem por 7-10 dias ▪ Sensibilidade 85% e especificidade 80% ▪ As mesmas condições abdominais que fazem aumentar a amilase, também podem aumentar a lipase �am� d� image� ❤ Raio-X Radiografia simples tem pouco valor (ajudano diagnóstico diferencial) ▪ Pode haver alça sentinela, amputação abrupta do cólon transverso ▪ Calcificação do parênquima sugere processo crônico ▪ 10-15% dos casos de colelitíase podem ser detectados ▪ Aumento da curvatura duodenal HK B ❤ Ultrassonografia ▪ Etiologia biliar e dilatação das vias biliares ▪ Pode demonstrar a extensão extra pancreática da inflamação, envolvendo o espaço pararrenal anterior, mesocólon transverso e a retro cavidade dos epíplons ▪ Útil no segmento dos evolutivo de coleções e pseudocistos. ▪ Com doppler, pode auxiliar no diagnóstico de complicações vasculares ▪ Dificuldade no íleo paralitico ❤ Tomografia Útil para diagnóstico diferencial e identificação de complicações locais, para dúvida diagnóstica, estadiamento e monitoração, e para prognóstico. Pode ser indicada, também, quando o quadro clínico não apresenta melhora em 72h ou quando há piora clínica. ▪ Cuidado na indicação devido ao contraste iodado ▪ Realizada após reanimação e tratamento iniciais ➺ Possíveis alterações ▪ Necrose > áreas não contrastadas ▪ Necrose infectada > auxiliar guiar punção ▪ Aumento focal ou difuso do pâncreas ▪ Borramento da gordura peripancreáticas e perirrenal ▪ Coleções líquidas peripancreáticas HK B ❤ Ressonância magnética Útil na distinção entre pseudocisto não complicado e com debris e necrose ▪ Pode ser realizada com colangiopancreatografia ▪ Opção para gestantes e alérgicos a contraste iodado Indicadore� d� gravidad� Vários grupos de critérios prognósticos da PA ou marcadores isolados são utilizados: ▪ Critérios de Ranson ▪ Critérios de APACHE II (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation) ▪ Critérios tomográficos de Balthazar ▪ Score de Marshall ▪ Score de SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) ▪ Dosagem da proteína C reativa ▪ Classificação de Atlanta ❤ Critérios de Ranson ➺ Critérios na admissão: refletem a gravidade e extensão do processo inflamatório, assim como a idade. ➺ Critérios nas 48h iniciais: refletem o desenvolvimento das complicações sistêmicas e o grau de perda volêmica para o terceiro espaço. Obs a mortalidade aumenta quanto mais critérios o paciente tem, sendo que acima de 8, alcança quase 100% HK B ❤ Apache II ▪ Baseia-se no índice ponderado de 12 variáveis fisiológicas, dados clínicos e laboratoriais ▪ Capaz de fornecer discriminação útil entre casos leves e graves, em poucas horas após a admissão ▪ O escore de APACHE II é mais sensível e específico que os critérios de Ranson na previsão da gravidade e das complicações, 48h após a admissão ❤ Baltazar Diagnóstico baseado no exame de imagem A - Normal B - Alargamento difuso ou focal do pâncreas C - Anormalidades pancreáticas e inflamação peripancreática D - Uma coleção líquida peripancreática E - Duas ou mais coleções líquidas peripancreáticas e/ou gás dentro ou adjacente ao pâncreas ❤ Atlanta Classifica a pancreatite em: ▪ Moderada e grave, com base em achados clínicos e em exames laboratoriais e de imagem. ▪ Grave: pelo mens 1 dos critérios: ▪ Insuficiência orgânica: choque (PAS<90mmHg), IRpa (PaO2<60mmHg), IR (Cr>2mg/dl), hemorragia digestiva (>500ml/24h) HK B ▪ Complicações locais como necrose, pseudocisto e abscesso ▪ Simples e prática ▪ Aponta precocemente os casos graves ▪ Determinando a necessidade de monitoramento invasivo ▪ Cuidados intensivos ▪ Exames de imagem Abordage� Tratament� ▪ Identificação da etiologia para evitar recidiva ▪ Tratamento sistêmico ▪ Tratamento local do pâncreas ▪ Medidas iniciais: jejum, hidratação e analgesia ❤ Pancreatite aguda não-grave ▪ Restauração hidroeletrolítico e redução do estímulo secretor pancreático ▪ Jejum até melhora da dor ou resolução do íleo-paralítico ▪ Analgesia (analgésicos simples, AINES, drogas com efeito no sistema nervoso central como a meperidina) HK B ▪ SNG se náuseas, vômitos ou distensão abdominal importante ▪ Retorno do apetite sinaliza resolução, caso recidiva da dor com reintrodução da dieta reiniciar jejum ❤ Pancreatite aguda grave 50% dos pacientes apresentam insuficiência orgânica ▪ Medicamentosa: Não há consenso sobre a utilização de bloqueadores de secreção gástrica, de secreção pancreática, análogos de somatostatina e outros medicamentos ▪ Suporte nutricional: Atualmente sabe-se que a nutrição enteral precoce previne a atrofia intestinal e melhora a função de barreira ▪ Deve-se sempre como primeira escolha utilizar nutrição nasoenteral com sonda locada após o ligamento de Treitz ▪ Na impossibilidade, após 48-96h de jejum emprega se a nutrição parenteral total ou associadas ▪ Analgesia (meperidina, fentanil) ▪ Hidratação Venosa → Reposição vigorosa (6L de cristalóides nas primeiras 24h; Ringer Lactato ou SF) ▪ Aminas vasopressoras – dopamina ou noradrenalina → casos de choque refratário à reposição volêmica rigorosa. ▪ Antagonistas de H2 → profilaxia de úlcera de estresse ❤ Prevenção de infecção Infecção pode ocorrer em 40-70% dos pacientes com necrose, ocorre usualmente após 10 dias ▪ Profilaxia com antibioticoterapia por 10 a 14 dias ▪ Antibioticoterapia sempre utilizada nos casos graves com 2 ou mais coleções ou necrose > 33% (Balthazar > 5), idosos e imunossuprimidos ▪ A infecção ocorre em 30 a 40% dos pacientes que apresentam mais que 30% de necrose do parênquima pancreático ▪ Os germes mais comuns: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Enterococcus sp, Staphylococcus sp e Pseudomonas sp. ▪ Boa penetração no tecido peripancreático: imipenem, ciprofloxacina, metronidazol, cefotaxima ▪ Reduz mortalidade HK B ❤ Métodos adjuntos ▪ Lavagem peritoneal ▪ Colangiopancreatografia endoscópica: (CPRE) ▪ Desobstrução da via biliar ▪ Papilotomia endoscópica reduz complicações e mortalidade ❤ Tratamento operatório ▪ Não deve ser precoce ▪ Diagnóstico de infecção é crítico para realizar ou não ▪ Indicação deve ser apoiada na evolução clínica, métodos de imagem e punção ▪ Necrose pancreática estéril: de forma conservadora por 3-4 semanas, atento a possibilidade de infecção ▪ Síndrome compartimental abdominal ▪ Tática cirúrgica: ▪ Necrosectomia, desbridamento, drenagem ▪ Colecistectomia na mesma internação (5-7 dias) HK B Complicaçõe� ❤ Precoce ( 2 a 3 dias) Manifestações cardiovasculares, pulmonares, renais e metabólicas ❤ Intermediária (2 a 5 semanas) ➺ Abscesso ▪ Coleção de pus ▪ 3-4 semanas ▪ Quadro séptico ▪ Confirmado por TC e punção com agulha fina ▪ Geralmente tratado com drenagem percutânea ➺ Infecção de necrose HK B ➺ Pseudocisto ▪ Coleção fluida, conteúdo pancreático ▪ Parede fibrosa não epitelizada ▪ Maioria regride espontaneamente ▪ Se persistência tratamento indicado dependendo do tamanho (>5 – 6cm) e sintomas associados (dor abdominal ou sintomas obstrutivos ▪ Podem sofrer hemorragia ou infectar ▪ Tratamento pode ser endoscópico, aberto ou percutâneo 6-8 semanas após o surto agudo ➺ Complicações gastrointestinais, biliar e de órgão sólido ❤ Tardia (meses a anos) ➺ Ascite pancreática ➺ Complicações vasculares hemorrágicas HK B HK B Referência� Bibliográfica� Gama Rodrigues, J. J. (2008). Clínica cirúrgica. Barueri: Manole. SANTOS JS; ELIAS JÚNIOR E; SCARPELINI S & SANKARANKUTTY AK. Pancreatite aguda: atualização de conceitos e condutas. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 266-282, abr./dez. 2003. Townsend, J. C. M., Beauchamp, R. D., Evers, B. M., & Mattox, K. L. (2016). Sabiston textbook of surgery (20th ed.) 1. Gama Rodrigues, J. J., Machado, M. C. C., & Rasslan, S. (2008). Clínica cirúrgica. Clínica cirúrgica. Barueri: Manole.
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