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Anah Zanetti CIRURGIA GERAL------ --- ------- HEMORRAGIA— - 1. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA: Quadro Clínico: • Hematêmese • Melena • Enterorragia • Manifestações hemodinâmicas • Epigastralgia, disfagia, odinofagia, pirose... Avaliação Inicial: • História clínica adequada; • Exame físico; • Monitorização de parâmetros hemodinâmicos; • Exames laboratoriais; Classificação: ➜ A HDA é subdivida em: A. NÃO Varicosa: É resultado, em suamaioria, do sangramento de úlceras pépticas. Outras: • Várias etiologias possíveis • Úlceras pépticas gastroduodenais (mais comum) • O AINES é o principal fator causal • Mallory-Weiss • Neoplasias • Esofagites • Angiodisplasias • Pólipos, hemobilia e fístula aortoduodenal. Anah Zanetti OBJETIVOS DA TERAPÊUTICA: - Corrigir hipovolemia - Parar o sangramento omais rápido possível - Prevenir ressangramento - Prevenir complicações associadas ao sangramento - Diminuir mortalidade TERAPIA MEDICAMENTOSA: HDA não varicosa: via venosa - inibidor de bomba de próton (omeprazol ou pantoprazol). - como o omeprazol na dose de 80 mg EV, seguido de 40 mg de 12/12h por, pelo menos, 3 dias. TERAPIA ENDOSCÓPICA: ➜ Reduz ressangramento, cx e mortalidade. ➜ O tratamento endoscópico é fundamental para o paciente e tem como objetivo parar o sangramento e, principalmente, reduzir a taxa de ressangramento. ➜ Através do endoscópio, o especialista em endoscopia digestiva, pode injetar substância para parar o sangramento e reduzir o ressangramento, assim como aplicar clipes e termocoagulação para obstruir os vasos que estão sangrando na hemorragia não varicosa. . ** RESSANGRAMENTO: - Novo episódio de hematêmese oumelena, com sinais vitais , Hb e Hct estáveis por pelo menos 24 hrs. - Novo episódio de hematêmese ou melena com choque, queda da PVC superior a 5 mmHg ou reduz Hb em 2 em 24 hrs Conduta: ➜ Nova Endoscopia Ou ➜ TRATAMENTO CIRÚRGICO: - Falha na terapêutica Endoscópica; - Elevadamorbi-mortalidade. Anah Zanetti **Não devemos esquecer: Casos de HDA causada por úlceras pépticas no duodeno e estômago: ➜ importante pesquisar a presença da bactéria helicobacter pylori para tratar com antibióticos e evitar a recidiva da úlcera - teste de urease em endoscopia. B. VARICOSA: ➜ A varicosa resulta da ruptura de varizes esofágicas, que surgem por aumento da pressão no sistema porta. • Varizes do trato gastrointestinal superior • Normalmente do esôfago distal ou do fundo gástrico • Vasos colaterais portossistêmicos que se tornam dilatados e congestos em consequência de hipertensão portal • Complicação grave mais comum da hipertensão portal • Alta taxa de mortalidade (50% no primeiro episódio) DETERMINANTES DO RISCO DE SANGRAMENTO: • Função hepatocelular (medida pela classificação de Child-Pugh); • Calibre das varizes; • Presença demarcas vermelhas (chamadas de red spots), descritos pela endoscopia. Anah Zanetti PECULIARIDADES: ➜ A reposição volêmica rápida, com cristaloides ou mesmo com transfusão sanguínea, pode agravar a hipertensão portal e, consequentemente, o sangramento das varizes, além de outras complicações associadas, como piora da ascite e edema agudo pulmonar. O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: • Infusão de drogas vasoativas específicas (somatostatina, octreotide, vasopressina ou terlipressina) • Tratamento de primeira linha e deve ser iniciado imediatamente na suspeita de sangramento por etiologia varicosa. • Têm ação vasoconstritora na circulação esplâncnica • Aumentam o sucesso da hemostasia endoscópica inicial • Reduzem os índices de ressangramento • Recomenda-se manutenção dessas drogas por 5 dias Terapia Endoscópica: • Preferencialmente nas primeiras 12 horas - Ligadura elástica: Melhores índices de controle da HDA varicosa - Escleroterapia: sangramento agudo - Melhores resultados quando associados a terapia medicamentosa com terlipressina Anah Zanetti Falha damedicação e terapia endoscópica: 1. Segunda intervenção endoscópica 2. Balão Sengstaken-Blakemore: • Método temporário de hemostasia • Garantindo controle do sangramento em até 80% dos casos • Deve ser colocado sempre com a via aérea do paciente protegida ➜ Alto risco de complicações: - perfuração esofágica, aspiração traqueal, necrose. INFECÇÕES BACTERIANAS ASSOCIADAS: • São documentadas em 35 a 66% dos pacientes • Importante fator prognóstico • PBE, ITU e Pneumonias • Profilaxia • Ceftriaxone, Ciprofloxacino ou Norfloxacino PROFILAXIA: • Ressangramento das varizes de até 40% nas 6 primeiras semanas • Profilaxia secundária com betabloqueadores não seletivos • Controle endoscópico seriados • Erradicação das varizes por ligaduras elásticas ou escleroterapia 2. HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA: ➜ Sangramento que tem por localização qualquer ponto além do ligamento de Treitz ➜ Pode acometer todo o intestino delgado, todo o cólon, até o reto e o ânus ➜ Em cerca de 10% dos casos, não é identificada a origem do sangramento, mesmo com o arsenal diagnóstico cada vez mais evoluído ➜ Existem várias causas possíveis para HDB e há íntima relação com a idade do paciente e a presença de doenças crônicas prévias QUADRO CLÍNICO: • Melena • Enterorragia • Manifestações hemodinâmicas • Dor ou desconforto abdominal AVALIAÇÃO INICIAL: • História clínica adequada; • Exame físico; • Monitorização de parâmetros hemodinâmicos; • Exames laboratoriais; *** O quadro clínico e a análise das comorbidades associadas são fundamentais para o diagnóstico etiológico da HDB, ou pelo menos boa análise primária do possível motivo do sangramento. Anah Zanetti Também devemos avaliar os critérios de gravidade, que são: • idade; • condição hemodinâmica; • volume de sangue exteriorizado; • comorbidades; • necessidade de hemotransfusões. ➜ Qualquer hemorragia com repercussão hemodinâmica deverá ser avaliada com a realização de EDA ➜ O exame proctológico completo é indispensável na avaliação desses doentes ➜ As doenças orificiais podem ser causa de HDB, normalmente referidas como sangramentos rutilantes, em pequena quantidade ● CAUSAS: a. Doença Diverticular dos Cólons: É a causa mais comum de HDB em pacientes acima dos 50 anos e apresenta-se como: • quadro agudo de hemorragia; • pouca ou nenhuma dor abdominal; • perda grande de sangue escurecido ou vermelho-claro. • A presença de coágulos é muito frequente, e estes são detectáveis ao toque retal. • Maioria cessa espontaneamente (de 80 a 90% dos casos) b. Ectasias Vasculares: •Também chamadas de angiodisplasias, são responsáveis por 20 a 30% dos casos das HDBs. •Perdas discretas e crônicas (perda de sangue oculto nas fezes). •Podem ocorrer quadros agudos c. Neoplasias: • Pólipos benignos e carcinomas determinam a perda de sangue de forma crônica • As neoplasias malignas podem semanifestar como HDB naminoria dos casos • Em neoplasias do cólon direito, o sangramento raramente é macroscópico • Tumores localizados em cólon esquerdo em pequena quantidade e de coloração viva, commuco associado. Anah Zanetti d. Doença Inflamatória Intestinal: Os quadros de colite ulcerativa frequentemente apresentam diarreia com variável quantidade de sangue e muco. ➜ O quadro é acompanhado de: • dores abdominais; • Tenesmo; • urgência evacuatória. • Grande número de evacuações diárias • A doença de Crohn pode apresentar sangramentos se tiver acometimento de segmentos distais e. Doenças Anorretais • O sangramento geralmente é pequeno • O sangue é vivo, associado às evacuações • A presença de dor evacuatória está mais associada à fissura anal. • A história mais comum é a presença de sangue manchando o papel higiênico, ou perda de sangue de coloração vermelha no vaso sanitário de forma indolor, o que é mais sugestivo de doença hemorroidária. f. Colite Isquêmica: • Esta afecção é mais comum entre os idosos, que apresentam doença arteriosclerótica generalizada. • Há uma perfusão menor nesses pacientes, determinando isquemia localizada. • Em geral, o sangramento é pequeno e limitado. • Quadros graves de isquemia mesentérica envolvendo apresentam evolução clínica catastrófica, com repercussão hemodinâmicagrave. • A enterorragia pode não se manifestar nesses casos. Outras Causas: • colite actínica • enterocolites enteroinvasivas • isquemia por vasculite • úlcera solitária retal associada à procidência • úlceras provocadas por antiinflamatório não hormonal • divertículos de delgado • varizes do cólon. DIAGNÓSTICO: a. Colonoscopia: ➜ Oferece oportunidades terapêuticas. ➜ Endoscopistas experientes são capazes de realizar o examemesmo na vigência de sangramento ➜ Em último caso, pode-se realizar a enteroscopia intraoperatória com o auxílio do cirurgião, que guia o aparelho por meio de enterotomias realizadas no campo cirúrgico, de modo que o endoscopista localize o foco hemorrágico para a realização do tratamento definitivo. Anah Zanetti b. Cápsula Endoscópica: ➜ A cápsula endoscópica fotografa e captura imagens durante o seu trajeto pelo tubo digestivo ➜ A desvantagem dométodo é não permitir a aplicação terapêutica concomitante ➜ A duração do exame depende das condições do trânsito intestinal. ➜ A tecnologia utilizada em cada cápsula descartável torna custoso o procedimento. c. Angiotomografia: ➜ A angiografia por TC é uma modalidade de diagnóstico atraente porque é amplamente disponível, rápida e minimamente invasiva. ➜ Fornece detalhes anatômicos que podem ser úteis para intervenções subsequentes, como uma arteriografia. ➜ O sangramento a uma taxa de 0,3 a 0,5 mL/minuto pode ser detectado com a angiografia por TC. ➜ No entanto, a angiotomografia não possui capacidade terapêutica, e requer exposição à radiação, além de utilizar contraste intravenoso, que pode estar associado a nefropatia e reações alérgicas. d. Cintilografia: ➜ A cintilografia com Tc99m pode diagnosticar sangramentos de apenas 0,1 mL/min, mesmo que intermitente. ➜ Os inconvenientes são a correta localização da hemorragia, o custo e a pouca disponibilidade do exame fora de grandes centros e a impossibilidade de associação demedidas terapêuticas ao método. TRATAMENTO: ➜ Na HDB, a abordagem inicial: • Estabilização hemodinâmica mediante reposição volêmica, e reposição de hemoderivados, caso necessário. • Não há indicação no uso de drogas vasoativas. ➜ A injeção de drogas vasoconstritoras pode cessar a hemorragia em até 80% dos casos. ➜ A embolização intra-arterial é ainda mais eficaz, porém as chances de complicações isquêmicas são maiores, com: • dores abdominais após o procedimento; • febre; • isquemia ou; • infarto segmentar do intestino. ** Na falha ou impossibilidade diagnóstica e/ou terapêutica: ➜ A laparotomia pode ser utilizada como último recurso. ➜ O limite dos esforços diagnósticos é determinado pela repercussão clínica da hemorragia. **Uma vez diagnosticado em arteriografia, o sangramento pode ser coibido com injeção de substâncias vasoconstritoras ou embolização. Anah Zanetti ➜ A localização do sítio de sangramento no pré-operatório: • possibilita menores ressecções intestinais. ➜ Quando não há possibilidade de localização exata do sangramento ou a cirurgia está indicada com extrema urgência, é realizada a colectomia total, com alta taxa de mortalidade pós-operatória. ➜ A escolha de anastomose primária ou ileostomia deve se basear nas condições clínicas do paciente durante a cirurgia.
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