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Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura

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GESTÃO DE BIBLIOTECA 
ESCOLAR E SALA 
DE LEITURA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Norma Lucia Neris de Queiroz
Indaial - 2020
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Q3g
 Queiroz, Norma Lucia Neris de
 Gestão de biblioteca escolar e sala de leitura. / Norma Lucia 
Neris de Queiroz. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 162 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-069-7
 ISBN Digital 978-65-5646-062-8
1. Biblioteca escolar. - Brasil. Centro Universitário Leonardo da Vinci
CDD 028.8
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................07
CAPÍTULO 1
Caracterização da Biblioteca Escolar e da Sala de Leitura, 
suas Funções e Contribuições para os Segmentos Escolares 
e a Comunidade em Geral .......................................................9
CAPÍTULO 2
Gestão da Biblioteca Escolar e da Sala de Leitura, Seus 
ObJetiVos e Funções .............................................................59
CAPÍTULO 3
Integração da Biblioteca, da Unidade de Ensino e da 
Comunidade Escolar, Seus Recursos e AtiVidades ........ 111
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, para iniciar o nosso diálogo é importante dizer a você que é 
um grande prazer tê-lo como estudante nesta disciplina. Traçamos como objetivo 
construir e ampliar seus conhecimentos sobre a gestão da biblioteca escolar, 
da sala de leitura e suas contribuições para a escola, a família e a comunidade 
de modo geral, enfatizando suas funções, objetivos, missões, categorias e 
parâmetros de organização desses espaços com as flores da primavera e a 
alegria dos livros acolhidos na biblioteca da escola ou na sala de leitura, os quais, 
como nos mostra a Figura 1, nos encantam. 
FIGURA 1 – BIBLIOTECA ESCOLAR E SALA DE LEITURA
FONTE: <http://www.bibliotecasdobrasil.com/2016/09/10-ideias-
para-enfeitar-biblioteca-na.html>. Acesso em: 10 abr. 2020.
Sendo assim, compreender as importantes contribuições e possibilidades da 
biblioteca escolar e das salas de leitura para a formação dos estudantes-leitores 
no processo de ensino e aprendizagem é relevante nesse momento, vez que 
pode conferir sentidos e significados aos estudantes no campo educacional, em 
especial nos tempos de incertezas que vivenciamos no país. Nessa perspectiva, 
sugerimos observar a imagem anterior (Figura 1), a qual buscou comunicar a você 
que “a ideia de biblioteca nasceu, provavalmente, para preservar a literalidade 
dos textos e conhecimentos das falhas da memória” (JACOB, 1996, p. 33). 
Logo, a discussão que buscamos tecer aqui foi olhar para a biblioteca escolar 
e a sala de leitura como espaços-lugares, condutores da leitura e do fazer letrado, 
em que, apesar da lógica da erudição carregada pela biblioteca em nossa cultura, 
todos os segmentos presentes na comunidade escolar possam transitar com 
prazer de estar neles, uma vez que os leitores e escritores têm a possibilidade 
de reunir suas ideias “conjuntamente com as dos livros que contêm o passado 
escrito e assegurado, em um espaço monumental e de acesso irrestrito” (PINTO, 
2004, p. 34). Assim, aqui, ler é visto como um elemento “para auxiliar lembrar; 
e lembrar para escrever. Este é o percurso completo que a biblioteca indica ao 
projetar o conhecimento de um tempo no futuro e garantir sua persistência nos 
livros guardados, e muitas leituras e reescrituras que se fazem dele” (PINTO, 
2004, p. 35). Desse modo, o objetivo é que as bibliotecas sejam vistas como 
espaços importantes e que contribuem para o processo de melhoria da qualidade 
da educação, como expressa a Figura 2.
FIGURA 2 – IMPORTÂNCIA DAS BIBLIOTECAS
FONTE: <https://sempreviva.wordpress.com/2012/05/22/nao-seria-maravilhoso-o-mundo-
se-as-bibliotecas-fossem-mais-importantes-que-os-bancos/>. Acesso em: 12 abr. 2020.
A título de organização, elaboramos três capítulos, subdivididos em seções, 
com a intenção de facilitar seu estudo sobre o tema trabalhado. Ao longo desses 
capítulos, você encontrará indicações de textos teóricos, artigos científicos, 
vídeos e atividades que devem ser feitas durante os momentos de estudos, cuja 
intenção é enriquecer sua aprendizagem. No primeiro capítulo, foram abordadas 
a caracterização e conceituação da biblioteca escolar e da sala de leitura, suas 
missões, categorias, parâmetros e contribuições para a escola, a família e a 
comunidade de modo geral na qual a escola está inserida. Para contextualizar 
essa discussão, apresentaremos de forma rápida a evolução da escrita, seus 
suportes, mudanças históricas, a invenção de Johannes Gutenberg, os 
livros, a biblioteca e sua origem histórica em nosso país e a importância da sala 
de leitura para formação de leitores e escritores, bem como a leitura acontece nas 
escolas públicas e na comunidade de modo geral.
No segundo capítulo, o debate foi direcionado à gestão da biblioteca 
escolar e das salas de leitura, seus objetivos e funções, bem como sugestões 
de práticas pedagógicas e projetos de leitura que ocorrem ou vierem a ocorrer 
nesses espaços-lugares como apoio ao processo de ensino e aprendizagem para 
a comunidade escolar 
Por fim, no terceiro e último capítulo, a discussão deu ênfase à integração 
da biblioteca e salas de leitura de unidades de ensino e a comunidade escolar. 
Somado a isso, discutimos, ainda, as contribuições desses espaços-lugares 
- biblioteca escolar e sala de leitura -, seus recursos, atividades e projetos de 
leitura, para fortalecer a integração entre escola e comunidade em geral.
A partir dessas discussões e reflexões propostas, espera-se que você 
demonstre, ao final desta disciplina, seu aprendizado em relação à gestão da 
biblioteca escolar e das salas de leitura, bem como suas contribuições para a 
escola, a família e a comunidade de modo geral.
Bons estudos e excelente aprendizagem!
CAPÍTULO 1
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR 
E DA SALA DE LEITURA, sUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA oS SEGMENTOS 
ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Contextualizar de forma rápida a evolução da escrita, seus suportes e 
mudanças históricas com a invenção de Johannes Gutenberg, os livros, a 
biblioteca escolar e sala de leitura atuais. 
 Caracterizar e conceituar a biblioteca escolar e sala de leitura, suas missões, 
categorias, parâmetros e contribuições para a escola.
 Apresentar a origem histórica das bibliotecas escolares em nosso país.
 Discutir a importância da leitura no Brasil e como ela acontece nas bibliotecas 
das escolas públicas e da comunidade em geral.
10
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
11
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Refl etir sobre a gestão da biblioteca escolar e da sala de leitura, suas 
funções, objetivos e contribuições para a escola, a família e a comunidade em 
geral é uma forma privilegiada de mostrar a força que esses espaços-lugares, 
entre outras agências de letramento, têm para formar culturalmente os diversos 
segmentos que estão presentes na comunidadeescolar. Estudos têm mostrado 
que as formas de organização desses espaços-lugares, como biblioteca escolar 
e sala de leitura, podem variar muito, conforme a diferenciação de funções, 
objetivos, categorização dos materiais, da dinâmica de seu funcionamento, da 
hierarquização que lhes é imposta, da lógica que os articula e dos sentidos e usos 
que a eles são dados. Por outro lado, por mais variações que tenham ocorrido 
historicamente na organização das bibliotecas ao longo dos séculos, esses 
espaços-lugares “mantêm o caráter atribuído às bibliotecas e aos livros neles 
recolhidos” (PINTO, 2004, p. 33-34). Ou seja, destacam-se, entre outras funções 
da biblioteca, a de preservar o conhecimento e a escrita.
Somada à característica de preservadora do conhecimento e da escrita, 
a biblioteca escolar e a sala de leitura se assumem como espaços dinâmicos 
e diferenciados, os quais podem contribuir para a formação da comunidade 
escolar, apresentando, na contemporaneidade, a necessidade de atualizarem 
constantemente suas atividades para que continuem alcançando o status de 
distribuidores da cultura para os jovens na comunidade escolar. 
Nesta disciplina, o caminho a ser trilhado discute a gestão da biblioteca 
escolar e da sala de leitura como espaços-lugares dinâmicos, que assumem ares 
coletivos, voltados para a transmissão da cultura. Esses espaços representam, 
ainda, os guardiões:
[...] do que já se sabe e do que precisa ter sua perenidade 
assegurada. Seu princípio é metaforizado na misteriosa 
Biblioteca de Alexandria, que guardava e acumulava livros ao 
longo de toda sua trajetória para fazer a ponte que ligasse o 
passado ao presente e ambos a outras temporalidades futuras 
e distintas, mas infelizmente seu projeto foi interrompido com 
um brutal incêndio (PINTO, 2004, p. 34).
12
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 3 – BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA
FONTE: <https://www.hipercultura.com/biblioteca-de-alexandria-
historia-incendio/>. Acesso em: 10 abr. 2020.
A Biblioteca de Alexandria era o maior acervo da história de ciência antiga do 
mundo. Quando foi destruída por um incêndio, provocado por Júlio César em 48 a.C., 
levou junto consigo uma grande quantidade de informações e conhecimentos construídos 
pela humanidade há muitos séculos. Ali, funcionava também um centro de pesquisa 
chamado Mouseion. Inclusive, é dessa denominação que originou a palavra "museu", a 
qual usamos hoje. O maior destaque da Biblioteca de Alexandria era sua vasta coleção 
de livros, constituída por exemplares escritos nas mais diferentes línguas e culturas. 
CONHECENDO A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA
A Biblioteca de Alexandria foi uma das mais importantes 
bibliotecas conhecidas da história, onde era guardada a maior parte do 
conhecimento do mundo antigo. Foi construída no coração da antiga 
cidade de Alexandria, no Egito, e fundada no século 3 a.C. por Ptolomeu 
II, um dos sucessores do Rei Alexandre, o Grande (Macedônia). Os 
estudos mostram que a matemática e a astronomia eram consideradas 
grandes tesouros da Biblioteca. Não se sabe exatamente quantas obras 
ela tinha em seu acervo, mas estima-se que tenha abrigado entre 30 
mil a 700 mil volumes literários, acadêmicos e religiosos. O acervo da 
Biblioteca cresceu de tal maneira que, durante o reinado de Ptolemeu 
III Evérgeta, foi criada sua fi lial no Serapeu de Alexandria. Além de servir 
à demonstração de poder dos governantes ptolemaicos, a Biblioteca 
teve um papel signifi cativo na emergência de Alexandria como 
sucessora de Atenas enquanto centro irradiador da cultura grega. 
FONTE: <https://www.hipercultura.com/biblioteca-de-alexandria-
historia-incendio/>. Acesso em: 10 abr. 2020.
13
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Ao longo deste capítulo, buscamos responder os questionamentos a seguir: 
• Quais as funções da biblioteca escolar e da sala de leitura na escola? 
• Como ocorre a leitura em sua escola? 
• Qual a relação entre biblioteca e escola? 
• Por que o processo de ensino-aprendizagem segue independentemente 
do uso da biblioteca em algumas escolas? 
• Será que a biblioteca pode contribuir com o processo de formação dos 
estudantes leitores? 
• Será que a função da biblioteca é guardar livros?
• Que importância tem a leitura na formação dos estudantes nos dias de 
hoje? 
Consideramos os questionamentos anteriores importantes para guiar 
a discussão neste livro e buscaremos respondê-los ao longo do livro. Para 
começar a enunciar a nossa preocupação em responder aos questionamentos, 
apresentamos que a função da biblioteca escolar nunca foi a de um depósito 
de livros, ou seja, um lugar para meramente guardar livros, mas um espaço 
com a função de ser guardião do conhecimento e da cultura, entre outras, 
como retratado nas informações da Biblioteca de Alexandria, a qual tinha como 
a mais importante e antiga função das bibliotecas do mundo: ser a guardiã do 
conhecimento, da escrita e da cultura. A maioria das bibliotecas escolares sempre 
buscou disseminar a cultura para sua comunidade escolar e para a comunidade 
geral, coletiva, considerando que a leitura é uma competência fundamental para 
a formação de todas as pessoas, especialmente os estudantes em formação na 
escola, com o objetivo de se tornarem cidadãos críticos.
Para continuar respondendo aos questionamentos, torna-se essencial 
compreender, mesmo que de forma rápida, alguns aspectos da evolução da 
escrita, seus suportes e mudanças históricas no modo de ler, de escrever e de 
disseminar os textos e a relação com as bibliotecas nos países de modo geral e 
nas cidades em particular. Além disso, é fundamental compreender a relação da 
produção em massa de livros, a disseminação de informações a partir da invenção 
de Gutenberg e a instituição das bibliotecas e salas de leitura na escola, com a 
presença de livros impressos, bem como as novas tecnologias que oportunizam o 
acesso à leitura de diversos gêneros textuais, como, por exemplo, os audiolivros, 
os e-books e outros textos eletrônicos. O linguista Cagliari (1989, p. 148) defende 
que a leitura “é a extensão da escola na vida das pessoas”. Para o autor, a maioria 
“das aprendizagens que se faz na vida foram alcançadas por meio da leitura na 
escola e fora dela. Sendo assim, a leitura é uma herança maior do que qualquer 
diploma” (CAGLIARI, 1989, p. 148).
14
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Ainda, entendemos que é relevante apresentar, neste capítulo, informações 
acerca da origem histórica da biblioteca escolar e da sala de leitura em nosso 
país, pois é importante se pensar na transformação desses espaços-lugares para 
despertar nos estudantes a aprendizagem da competência leitora e escritora e o 
gosto pela leitura durante o processo de escolarização, para que eles(as) possam 
adquirir essa experiência para toda a sua vida e atuarem como cidadãos críticos. 
Por outro lado, não podemos deixar de lado a legislação mais atual que 
ampara a gestão da biblioteca escolar e a sala de leitura nas escolas de educação 
básica brasileira. Sabemos que, apesar dos diversos entraves, a biblioteca 
escolar tem ganhado espaço na legislação educacional com a aprovação da Lei 
n. 12.244, de 24 de maio de 2010.
A aprovação dessa lei resultou de um esforço signifi cativo do bibliotecário, 
que “[...] há longo tempo, vinha denunciando por diversos canais a falta de 
bibliotecas nas escolas e a precariedade das poucas que existem, situação 
comprovada por diversos estudos” (CAMPELLO et al., 2012, p. 2)
A Lei n. 12.244/2010 aprovou a universalização das bibliotecas nas 
instituições escolares privadas e públicas brasileiras até o ano de 2020. Essa lei 
também estabeleceu como parâmetro para a organização dessas bibliotecas um 
acervo que tenha, no mínimo, um livro para cadaaluno matriculado. As Secretarias 
Estaduais e Municipais de Educação podem ampliar o tamanho desse acervo 
conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, 
organização e funcionamento de suas bibliotecas escolares. 
A lei também orienta que cabe aos sistemas de ensino brasileiro desenvolver 
esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares seja 
cumprida no prazo estabelecido, bem como respeitada a profi ssão de bibliotecário, 
disciplinada pelas Leis n. 4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho 
de 1998. É possível concluir que, com a aprovação dessas leis, o poder público 
reconhece que “parte considerável das escolas [do país] não possui bibliotecas de 
forma efetiva, embora tentem constituir estruturas que confi gurem uma biblioteca 
de forma aleatória ou sala de leitura” (SILVA, 2011, p. 504).
Não é raro comemorarmos quando uma lei é aprovada nas diversas 
instâncias em nosso país, especialmente leis que trazem benefícios de elevado 
alcance social para a população. Entretanto, em alguns casos, só a aprovação 
da lei não garante que o benefício chegue à população, como, por exemplo, a 
Lei n. 12.244/2010. Apesar da aprovação, essa lei não saiu do papel. A aplicação 
de algumas leis demanda mais esforços que a mera aprovação junto aos órgãos 
competentes. É comum constatar que, em nosso país, há leis que funcionam e 
outras que não, ou seja, determinadas leis são aplicadas e outras não. Ficamos 
15
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
com a sensação de que toda a luta pela aprovação da lei foi em vão e que não 
adianta lutar para elaborar leis que buscam benefi ciar a maioria da população da 
classe trabalhadora, pois na prática não funcionará no Brasil.
1.1 DIÁLOGO SOBRE A EVOLUÇÃO 
DA ESCRITA, MUDANÇAS 
HISTÓRICAS, LIVROS, 
BIBLIOTECAS E SALA DE LEITURA
FIGURA 4 – MESOPOTÂMIA, UMA DAS CIVILIZAÇÕES MAIS ANTIGAS
FONTE: <https://www.sohistoria.com.br/ef2/mesopotamia/>. Acesso em: 10 abr. 2020.
Para começar a dialogar sobre a gestão da biblioteca escolar e da sala 
de leitura, é relevante discutir alguns pontos sobre a evolução da escrita, os 
suportes, o espaço e a valorização alcançados pelos livros e pela biblioteca com 
as mudanças históricas, especialmente após a imprensa de Johannes Gutenberg 
e, mais recente, a sala de leitura nas escolas. 
Hoje, é comum para nós – adultos, leitores e escritores profi cientes – não 
pararmos para refl etir como alguém que não lê e não escreve vive em uma cidade 
cercada de textos escritos em português, outras línguas e palavras e ideogramas 
novos. Como as crianças encaram o desafi o de aprender a ler e escrever 
nesse ambiente letrado? Como foram inventados o alfabeto e a escrita atuais? 
Como surgiram os livros? Será que os livros sempre tiveram os formatos que 
conhecemos hoje? Como surgiu a biblioteca? Será que o livro impresso está em 
extinção com a presença das alternativas criadas pelas novas tecnologias? 
16
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Tais questionamentos são bastante instigantes. Assim, conhecer um pouco 
sobre a história da escrita pode contribuir para que a comunidade escolar 
compreenda melhor as diversas ações que requerem a gestão da biblioteca 
escolar e da sala de leitura, a qual prioriza o acesso ao livro, à leitura e às 
atividades de qualidade em uma sociedade como a nossa, que precisa, ainda, ter 
efetivamente a universalização das bibliotecas escolares prevista na legislação 
educacional. 
Historicamente, a invenção da escrita foi, sem dúvida, o grande marco na 
história, já que o homem criou a possibilidade de acumulação e produção do 
conhecimento que propiciaram o surgimento da fi losofi a, das ciências e das 
artes (PIMENTEL; BERNANDES; SANTANA, 2007). O processo de evolução 
da escrita sempre foi muito importante para todos os povos até chegar à forma 
que conhecemos hoje. Alguns estudiosos afi rmam que a escrita surgiu na 
Mesopotâmia, localizada entre os Rios Tigre e Eufrates, local onde apareceram 
as primeiras civilizações, aproximadamente no ano 4.000 a.C.
Um fato interessante que vale a pena considerarmos é que o sistema de 
escrita que utilizamos hoje foi inventado há muitos séculos e tem suprido nossas 
necessidades, apesar de as inúmeras transformações que a Terra tem passado. 
Cagliari (1989, p. 106) ressalta que a escrita que utilizamos hoje passou por “três 
fases distintas: a pictórica, a ideográfi ca e a alfabética”, como demonstrado na 
Figura 5. 
FIGURA 5 – FASES DISTINTAS DA HISTÓRIA DA ESCRITA
FONTE: A autora.
A fase pictórica se distingue pela escrita por meio de desenhos ou 
pictogramas. Inicialmente, o boi era representado pelo desenho de sua cabeça. 
O sol surgindo no horizonte signifi cava que a outra pessoa estava comunicando 
que o dia estava surgindo. Nos dias de hoje, esses pictogramas podem ser 
encontrados também nas histórias em quadrinhos. Nessa fase, os objetos da 
realidade eram representados de forma bem simples (CAGLIARI, 1989). 
17
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Cagliari (1989, p. 108) destaca que os pictogramas estão vinculados à “[...] 
imagem do que quer representar e não a um som”. Pimentel, Bernardes e Santana 
(2007, p. 15) afi rmam que os “pictogramas parecem ser autoexplicáveis”. Para 
esses autores, “não é bem assim que eles veem essa questão. Na verdade, os 
pictogramas possuem limitações culturais, temporais, geracionais, entre outros”, 
pois o usuário, para interpretá-los corretamente, tem de conhecer o uso deles na 
cultura em que estão inseridos. 
Os ideogramas exigem que a pessoa conheça o Código de Trânsito 
utilizado na sociedade brasileira para ler corretamente a Figura 6 e saber que, 
na maioria das cidades brasileiras, foi adotada a faixa de pedestre para garantir a 
segurança das pessoas quando atravessam a rua, como nos mostra a Figura 6. 
Podemos dizer que essa prática retrata uma regra recente em nossa sociedade 
brasileira. Além disso, ela está ligada à cultura urbana. Temos, ainda, diversos 
pictogramas utilizados na sinalização de locais públicos, no trânsito, no código de 
endereçamento, como explicações, proibições, entre outros, conforme a Figura 7 
a seguir.
FIGURA 6 – HOMEM ATRAVESSANDO 
A FAIXA DE PEDESTRE
FIGURA 7 – SINAL DE TRÂNSITO
FONTE: <http://itaitubaintransito.
blogspot.com/2011/07/respeite-
o-pedestre-dicas-de-um-agente.
html>. Acesso em: 10 abr. 2020.
FONTE: <https://icetran.com.
br/blog/placas-de-transito/>. 
Acesso em: 10 abr. 2020.
A palavra pictograma vem do latim pictu = pintado + grego 
γράμμα = letra; ou seja, letra pintada ou desenho. 
Já a escrita ideográfi ca, também conhecida como hieroglífi ca egípcia, 
é representada por desenhos especiais denominados de ideogramas e muito 
importantes. Surgiu em torno do ano 3000 a.C. e as pessoas que sabiam ler e 
escrever nessa época eram chamadas de “escribas, homens muito admirados 
18
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
do Egito Antigo, sendo muitos deles adorados como deuses” (PIMENTEL; 
BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 16). Aliás, aqueles que desejavam essa 
carreira deveriam passar pela escola de escribas e aprendiam, também, a 
desenhar com muita habilidade e a dominar o idioma, a literatura e a história do 
país. Ainda, deveriam possuir amplos conhecimentos de matemática, processos 
administrativos, mecânica e desenho arquitetônico.
Para escrever, os escribas utilizavam objetos de metal, osso e marfi m, sendo 
que uma das extremidades era larga e pontiaguda e a outra plana, em forma 
de paleta, com a fi nalidade de corrigir o texto,alisando o material arranhado ou 
errado.
Essa escrita começou a ser utilizada para controlar a produção agrícola 
e pecuária, registrando o número de sacas de trigo, de cabeças de boi, entre 
outros. Mais tarde, serviu para registrar as narrações históricas, relatos épicos 
e religiosos e outros tipos de inscrições com a intenção de preservar a memória 
desses feitos. 
Para facilitar seu estudo, apresentamos um breve resumo das escritas 
antigas e suas principais características com base no texto de Pimentel, Bernardes 
e Santana (2007, p. 17). Nele, aparecem escritas criadas por diversos povos com 
a intenção de resolver suas necessidades, como nos mostra o Quadro 1 a seguir:
QUADRO 1 – ESCRITAS ANTIGAS E CARACTERIZAÇÕES
Escrita antigas Caracterização
Cuneiforme Escrita idealizada pelos sumérios em forma de fi guras gravadas 
sob tábuas de argila com estilete. Em seguida, a página era cozida 
no forno.
Hieroglífi ca
Escrita utilizando “hieróglifo” (inscrição sagrada). Ela possibilitou 
aos egípcios grafar diversos dados de sua cultura por meio de 
signos, sendo composta por cerca de 1.000 sinais. As ideias 
passaram a ser grafadas por sinais — cada um com seu valor 
fonético — e não mais por desenhos. 
Mnemônica Escrita utilizada pelos incas da América do Sul, utilizando dois 
sistemas: os equipos e os wampus.
Fonética Escrita com a intenção de fi xar o pensamento humano. A imagem 
visual foi substituída pela sonora, dando início à escrita silábica, 
em que os sinais representavam sons.
Ideográfi ca Escrita na qual os objetos eram representados por sinais que 
representavam ideias. Por exemplo: a escrita chinesa.
FONTE: A autora.
19
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Equipos: formados por cordões de lã em cores diversas, nos 
quais as amarrações e os nós representavam uma ideia (transmitiam 
ideias e não palavras).
Wampus: um sistema baseado em colares de conchas 
justapostas, cujas combinações formavam fi guras geométricas. De 
acordo com Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 16), cada uma 
assumia um signifi cado para facilitar a memorização.
A fase alfabética, por sua vez, caracteriza-se como a escrita que utilizamos 
em nosso país hoje, ou seja, a escrita alfabética. Essa escrita utiliza letras 
que representam sons. Na época de consolidação, o ideograma deu lugar à 
representação fonográfi ca, eliminando seu valor pictórico (CAGLIARI, 1989).
Os sistemas mais relevantes dessa fase são o semítico, o indiano e o greco-
latino. “Este último deu origem ao nosso alfabeto (latino) e o cirílico (grego), ao 
alfabeto atual russo” (CAGLIARI, 1989, p. 109). A Figura 8 traz um alfabeto com 
vinte a trinta signos cuneiformes, sendo o alfabeto mais completo descoberto em 
Ugarit (atualmente Ras-Shamara, na Costa da Síria).
FIGURA 8 – ALFABETO CUNEIFORME
FONTE: <https://biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/
monografi a_20190503163431.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2020.
Em conformidade com os estudos de Cagliari (1989), o alfabeto que 
conhecemos hoje passou por inúmeras transformações e, na maioria das vezes, 
eram muito lentas. Inicialmente, foram elaborados os silabários, que consistiam 
em um conjunto de sinais específi cos para representar cada sílaba, com desenhos 
que se referiam às características fonéticas da palavra. A partir desses silabários, 
os fenícios criaram um alfabeto com 22 signos cuneiformes. Esse feito foi 
20
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
considerado um grande avanço quando comparado com as tentativas anteriores, 
pois a grande quantidade de caracteres difi cultava o domínio da leitura e da 
escrita. Com a quantidade mais reduzida de signos, aprender a ler e a escrever 
poderia estar ao alcance desse povo.
FIGURA 9 – ESCRITA ALFABÉTICA INICIAL
FONTE: <http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/impresso/
imp_basico/e1_assuntos_a1-4.html>. Acesso em: 20 abr. 2020.
Assim, os fenícios, por serem comerciantes e navegadores, difundiram 
rapidamente a nova invenção do alfabeto entre os povos do Mediterrâneo: o 
aramaico, o hebraico, o copta, o árabe e o grego. Desse modo, acredita-se que 
o alfabeto fenício acabou estimulando outros povos a criarem, em conformidade 
com suas línguas, seus próprios sistemas de escrita. O povo grego deve a 
invenção de seu alfabeto aos fenícios. Os gregos substituíram cada som por uma 
letra, formando, assim, o primeiro alfabeto da história. 
Do alfabeto grego, “originou-se o etrusco, que deu origem ao latim, que, por 
sua vez, deu origem ao português” (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, 
p. 18) Portanto, a escrita alfabética somada à descoberta do papel possibilitou 
a democratização do conhecimento. Assim, o que “antes era privilégio somente 
de escribas, membros da igreja e da realeza, passou a fazer parte do cotidiano 
de diferentes segmentos sociais” (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 
18). 
Entretanto, nessa época, o livro era escrito manualmente, logo, era um 
objeto raro. Os leitores desses livros eram os sacerdotes e reis que ocupavam os 
palácios e os templos religiosos, pois só eles sabiam ler e escrever. Até quando 
durou esse contexto? Tal contexto só começou a ser alterado com a valiosa 
descoberta do papel e a invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, no século 
XV. Nesse novo contexto, ler e escrever ganharam novos contornos, ou seja, os 
livros começaram a se multiplicar, ampliando o conhecimento. Com isso, surgem 
as bibliotecas para acomodá-los e, ao mesmo tempo, possibilitar a disseminação 
do conhecimento por meio deles. Nesse sentido, as bibliotecas vão contribuir de 
forma signifi cativamente nesse processo, embora com um aspecto mais formal, 
mais voltadas para a preservação do acervo do que para sua disseminação. 
21
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
FIGURA 10 – PRENSA DE JOHANNES GUTENBERG
FONTE: <www.tricurioso.com/2018/05/16/quem-inventou-o-primeiro-
caderno/prensa-gutenberg-tricurioso/>. Acesso em: 10 abr. 2020.
Essas bibliotecas eram vistas como espaços para intelectuais. Os livros ainda 
eram privilégio de poucos e exigiam tratamento especial e cuidados para serem 
guardados. Entretanto, não podemos desconsiderar as valiosas contribuições que 
Gutenberg trouxe para ampliar e disseminar o conhecimento no mundo. Os livros 
tidos como artigos raros se transformaram em material de consumo e começaram 
a ocupar o espaço doméstico de algumas classes. Essa singular mudança deu 
sentido à organização de bibliotecas, que, por sua vez, assumiu novos rumos, 
novas missões e funções, bem como outros objetivos. “Se, antes, as bibliotecas 
eram espaços silenciosos para guardar livros, hoje, com o avanço das novas 
tecnologias da comunicação e da informação, elas passaram a agregar novas 
formas de difusão da cultura” (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 19). 
Para refl etir melhor sobre os efeitos da sociedade do 
conhecimento sobre o uso das tecnologias na sala de aula, sugere-se 
que você assista ao vídeo As tecnologias na sala de aula. Disponível 
em: https://www.youtube.com/watch?v=CJWOFbuwiPg. 
Em síntese, é possível constatar o longo caminho que os nossos 
antepassados tiveram de percorrer até chegar ao nosso conhecido papel, ao livro, 
ao computador, ao CD-ROM, à internet e aos e-books. Com a democratização do 
conhecimento, da escola e dos livros, as bibliotecas tiveram de se transformar e 
ocupar espaços informacionais. Os livros ganharam outros formatos para atender 
aos diversos leitores e às diferentes necessidades da sociedade como um todo 
(PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 20).
22
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de LeituraEmbora tendo algumas ressalvas em relação ao valor do livro, que ainda 
continua sendo um investimento fi nanceiro caro para grande parte dos leitores 
das classes populares, o mercado editorial, com vista atender à modernidade 
tecnológica e às novas demandas que buscam disseminar o conhecimento, 
aumentou sua capacidade e passou a produzir grande tiragem em curto período 
de tempo. Esse processo contribuiu substancialmente para a democratização e a 
difusão do conhecimento, do livro e da leitura no país.
Isso corrobora com o pensamento de Pimentel, Bernardes e Santana 
(2007, p. 20), que afi rmam: “a biblioteca é uma alternativa de inclusão social e 
se confi gura como um ambiente democrático, tendo a informação como uma 
ferramenta importante para a conscientização dos direitos e deveres de cada 
cidadão como membro da sociedade”. É nessa direção que vamos, na próxima 
seção, dar continuidade à discussão das contribuições inclusivas que tanto 
a biblioteca quanto a sala de leitura podem trazer para a escola, a família e a 
comunidade de um modo geral.
Solicitamos que leia o artigo A importância da biblioteca nas 
escolas públicas municipais de Criciúma – Santa Catarina, de Valmira 
Perucchi. Fazendo uso dos conhecimentos adquiridos e dos aspectos 
abordados no artigo supracitado, apresente um texto com o propósito 
de responder ao seguinte questionamento: qual a importância da 
biblioteca para incentivar a aprendizagem dos estudantes?
FONTE: PERUCCHI, V. A importância da biblioteca nas 
escolas públicas municipais de Criciúma-Santa Catarina 
p. 80-97. Revista ACB, v. 4, n. 4, p. 80-97, 1999.
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CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
1.2 DIÁLOGO QUE BUSCA 
CONCEITUAR A BIBLIOTECA 
ESCOLAR COMO CENTRO DE 
INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO, SUAS 
FUNÇÕES E CONTRIBUIÇÕES PARA 
A COMUNIDADE ESCOLAR 
Nesta seção, vamos dialogar sobre a conceituação, missões e objetivos que 
caracterizam a biblioteca escolar e a sala de leitura, além de suas contribuições 
para a escola, a família e a comunidade de um modo geral. Os estudos têm 
mostrado que as inovações tecnológicas e as mudanças no rumo da economia 
mundial têm exigido alterações profundas em nosso modo de viver na sociedade 
contemporânea. Nesse momento, uma das exigências mais signifi cativas é 
que as pessoas façam a aquisição de novos conhecimentos, os quais devem 
ser apropriados de forma rápida e ativa, sendo responsáveis e consistentes. 
Além dessa exigência, os sujeitos devem articular novos conhecimentos à 
sua compreensão do mundo e experiência pessoal. Assim, cabe aos sujeitos 
entrelaçar saberes práticos e conhecimentos científi cos de forma consistente e 
veloz, pois as informações se tornam obsoletas em tempo recorde. 
FIGURA 11 – BIBLIOTECA ESCOLAR E SUAS 
CONTRIBUIÇÕES PARA COMUNIDADE ESCOLAR
FONTE: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/
article/view/16001/12044>. Acesso em: 10 abr. 2020.
A educação escolar, nessa perspectiva, vislumbra contribuir com o 
desenvolvimento dos estudantes, bem como atender às necessidades desse 
contexto e nele intervir de maneira qualitativa. Além disso, deve mediar, ao longo 
da escolarização, a formação dos estudantes em todas as dimensões humanas, 
construindo com eles, além das aprendizagens dos conhecimentos científi cos, 
princípios e fenômenos (BRASIL, 1998). Ainda, no mesmo nível de importância 
das aprendizagens, construir valores humanos, éticos, estéticos, conscientização 
24
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
sobre seus direitos e deveres na comunidade, respeito a si e aos outros e atitudes 
de cooperação, de aceitação do outro e de tolerância, entre outros. 
Para enfrentar esses desafi os, os sistemas de educação devem fundamentar 
seus objetivos em torno dos quatro pilares da educação, mencionados no Relatório 
para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. 
Esses pilares orientam o projeto político-pedagógico em relação à “aquisição de 
novas atitudes e valores, como a convivência e o trabalho em colaboração, além 
da capacidade de aprender a conhecer e a enfrentar novos desafi os de forma 
autônoma” (DELORS, 2010, p. 31). São eles:
FIGURA 12 – PILARES DA EDUCAÇÃO
Aprender a conviver
aquisição do conhecimento a respeito 
dos outros, gestão inteligente e 
apaziguadora dos confl itos inevitáveis
Aprender a ser
aquisição da capacidade de autonomia 
e discernimento, acompanhados 
de responsabilidade pessoal na 
realização de um destino coletivo
Aprender a fazer
aquisição de competências que 
deem condições ao indivíduo a 
enfrentar diversas situações
Aprender a conhecer
aquisição da cultura geral, sendo 
esta o primeiro passo para a 
educação permanente
Pilares da
educação
FONTE: A autora.
Com base nos eixos de aprendizagem e valores humanos citados nos 
Pilares da Educação, torna-se relevante que a escola busque desenvolver, 
com os estudantes, novas formas de ensino para aprenderem a pensar, agir e 
se comunicar. Essas formas de apropriação do conhecimento têm de conjugar 
desenvolvimento humano, aprendizagem e atendimento às necessidades 
exigidas pela sociedade nos dias de hoje, ou seja, as escolas, aqui, são vistas 
como as principais instituições capazes de formar cidadãos que satisfaçam às 
exigências da sociedade contemporânea. Para tanto, as escolas que desenvolvem 
um processo de ensino de qualidade contam com recursos, infraestrutura, 
equipamentos adequados e profi ssionais qualifi cados. 
Partindo dessa compreensão, a biblioteca escolar pode ser um espaço-lugar 
capaz de auxiliar a escola na formação dos estudantes como cidadãos críticos e 
refl exivos do nosso tempo, isto é, cidadãos capazes de lidarem com as exigências 
da sociedade de informação e comunicação.
25
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Esta seção tem como objetivo dialogar sobre a biblioteca escolar e a sala de 
leitura como espaços de informação, comunicação e aprendizagem. Para iniciar 
este diálogo, recorremos ao matemático e bibliotecário indiano, Shiyali Ramamrita 
Ranganathan (1892-1972). Assim, quando se pensa em defi nir o que é biblioteca, 
temos de revisitar as cinco leis da biblioteconomia elaboradas por ele. São elas: 
1. Os livros são para usar.
2. A cada leitor, seu livro.
3. A cada livro, seu leitor.
4. Poupe o tempo do leitor.
5. A biblioteca é um organismo em crescimento ou a biblioteca 
é um organismo vivo (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 221). 
Ranganathan defi ne as leis que caracterizam a biblioteca, além disso, valoriza 
a biblioteca como um espaço dinâmico, vivo e que cresce todos os dias. Destaca, 
ainda, a relação entre livro e leitor, sinalizando a diversidade dos leitores e das obras, 
bem como a necessidade de os profi ssionais estimularem a disseminação do acervo 
da biblioteca de forma rápida e prazerosa. Nesse sentido, o matemático criou leis 
que incidem de forma direta sobre as principais atividades da biblioteca e, ao mesmo 
tempo, aponta a necessidade de inovação e renovação das atividades nesse espaço. 
Para dar conta dessas exigênciasde inovação e renovação, o profi ssional precisa 
conhecer o acervo e a comunidade que a biblioteca está inserida para entregar um 
trabalho de qualidade ao usuário, especialmente quando se trata de estudantes, uma 
vez que são eles quem dão sentido a esse espaço no ambiente escolar. 
É interessante conferir, inicialmente, o que caracteriza o termo biblioteca de um 
modo geral. Ferreira (1986, p. 253) defi ne o termo biblioteca em seu dicionário como: 
(i) A palavra biblioteca é formada da união dos termos gregos 
biblíon (livro) e theka (caixa), signifi cando o móvel ou o 
lugar onde se guardam livros.
(ii) Coleção pública ou privada de livros e documentos 
congêneres, organizada para estudo, leitura e consulta.
(iii) Edifício ou recinto onde se instala essa coleção.
(iv) Estante ou outro móvel onde se guardam e/ou ordenam os livros. 
A defi nição de Ferreira (1986) mencionada anteriormente traz elementos que 
caracterizam a biblioteca como, por exemplo, lugar que guarda livros; coleção 
de livros e documentos organizados para estudo, leitura e pesquisa; livros 
ordenados em estante ou móvel. Assim, é possível afi rmar que uma sala com 
livros espalhados pode ser vista como um depósito – e não uma biblioteca. Nessa 
direção, Milanesi (1986, p. 32) ressalta que a organização dos livros e materiais 
“[...] pode tornar possível concretizar a função pensada para a biblioteca, mas não 
é só a organização que conta”. Nessa perspectiva, a organização da biblioteca 
pode ser tanto física quanto intelectual, apresentando-se desde as formas 
26
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
concretas de organização do acervo até a concepção que está por trás das 
escolhas técnicas (PAIVA; DUARTE, 2016, p. 90).
De acordo com o matemático e bibliotecário indiano Ranganathan, é possível 
constatar que a defi nição de biblioteca se modifi ca ao longo da história. Para 
Fonseca (1992, p. 60), a biblioteca pode ir além daquilo que geralmente se pensa 
quando nos referimos a ela como o lugar que abriga coleções de livros ordenados 
e documentos organizados e também passamos a vê-la como o espaço que 
recepciona e agrega usuários que buscam informações. Isso quer dizer que a 
biblioteca pode ter seu foco voltado para as pessoas e no uso que essas fazem 
da informação, oferecendo meios para que ela circule da forma mais dinâmica 
possível (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007).
Nessa direção, é comum autores criarem uma tipologia para cada 
biblioteca a partir das funções que desempenham na sociedade. De acordo com 
esse entendimento, elas podem ser caracterizadas como: nacional, pública, 
especializada, universitária, escolar, infantil, como aparecem na Figura 13 a seguir: 
FIGURA 13 – BIBLIOTECAS E ALGUMAS TIPOLOGIAS
Nacional Especializada
InfantilUniversitária Escolar
Pública
FONTE: A autora.
As bibliotecas que aparecem na Figura 13, como você pode verifi car, possuem 
propósitos distintos. Assinalamos que distribuir as bibliotecas nesse rol pode 
contribuir para atender ao usuário de forma mais assertiva, como orientam as leis da 
biblioteconomia, a saber: a cada leitor, seu livro; a cada livro, seu leitor; e poupe o tempo 
do leitor nesses tempos que todos vivem acelerados e sem poder perder tempo. 
27
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
QUADRO 2 – BIBLIOTECAS E ALGUMAS TIPOLOGIAS
Pública – é encarregada de administrar a leitura e a informação para a comunidade em 
geral, sem distinção de sexo, idade, raça, religião e opinião política.
Pública – é encarregada de administrar a leitura e a informação para a comunidade em 
geral, sem distinção de sexo, idade, raça, religião e opinião política.
Especializada – é encarregada de promover toda informação especializada de 
determinada área, como, por exemplo, agricultura, direito, indústria, entre outras.
Universitária – é parte integrante de uma instituição de ensino superior e sua fi nalidade é 
oferecer apoio ao desenvolvimento de programas de ensino e à realização de pesquisas.
Escolar – é organizada na escola para integrar-se à programação da sala de aula e no 
desenvolvimento do currículo escolar. Funciona como um centro de recursos educativos, 
tendo como objetivo primordial desenvolver e fomentar a leitura e a informação. Poderá 
servir como suporte para a comunidade em suas necessidades.
Infantil – é organizada com o objetivo primordial de atender crianças com diversos 
materiais que poderão enriquecer horas de lazer. Visa, ainda, despertar o encantamento 
pelos livros, pela leitura e pela formação do leitor
FONTE: Adaptado de Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 23).
Depósito legal: obriga os editores a depositar ali vários 
exemplares de cada obra impressa (PIMENTEL; BERNARDES; 
SANTANA, 2007, p. 23).
É interessante entender a tipologia de cada biblioteca, já que pode ajudar os 
profi ssionais, especialmente os bibliotecários, a perceberem a função social e as 
suas especifi cidades para desenvolverem a gestão desses espaços de forma mais 
adequada com a comunidade na qual estão inseridas, evidenciando, principalmente, 
suas necessidades, anseios por informação e práticas culturais, como destacam 
Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 23). Para estabelecer as diretrizes e 
ações para cada uma das bibliotecas, os profi ssionais precisam conhecer, também, 
as necessidades e expectativas da comunidade. Essa orientação pode oportunizar 
resultados mais positivos em relação ao fazer cultural e educacional.
Apesar da importância de continuar analisando a tipologia das bibliotecas, 
faz-se necessário nos concentrarmos na discussão que fundamenta a estrutura da 
organização do conhecimento em que se baseia a concepção, o espaço físico e os 
serviços da biblioteca dentro da escola, além do trabalho do profi ssional responsável 
por essa função específi ca e a entrega de seus serviços à comunidade escolar.
Nos dias de hoje, como concebemos a biblioteca escolar e a sala de leitura?
28
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 14 – BIBLIOTECA MARIO DE ANDRADE – SÃO PAULO
FONTE: <http://recantoadormecido.com.br/2014/03/11/biblioteca-mario-de-
andrade-oferece-curso-de-historia-em-quadrinhos/>. Acesso em: 10 ago. 2020.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/2019) 
informa que, das 180 mil escolas brasileiras de educação básica, 98 mil ou 55% delas 
não têm biblioteca escolar ou sala de leitura. Em função desses dados, recorremos 
aos ensinamentos de Maciel, Barbato e Queiroz (2010), quando elas afi rmam que é 
necessário criar políticas públicas educacionais brasileiras, especialmente a implantação 
de bibliotecas escolares e salas de leitura no país, para efetivar a democratização da 
escola e do acesso à leitura, ao livro e à aprendizagem dos estudantes da educação 
básica. Nessa perspectiva, é importante conhecer a trajetória da biblioteca escolar e da 
sala de leitura no contexto brasileiro para enxergar possibilidades nesse campo. 
Silva (2011) nos ajuda a revisitar o contexto histórico dessa temática. Assim, 
as primeiras bibliotecas escolares brasileiras foram implantadas nos colégios 
jesuítas construídos na Bahia durante a metade do século XVI. Mais tarde, outras 
capitanias foram agraciadas de forma expressiva com esses equipamentos 
até o fi nal do século XVIII. Apesar de as bibliotecas escolares dessa época se 
confi gurarem de modo mais formais, “os profi ssionais já percebiam o potencial 
delas na melhoria do ensino e da aprendizagem dos alunos” (SILVA, 2011, p. 490).
A partir da crença positiva em relação à biblioteca escolar, os estudiosos 
vêm construindo, ao longo da história brasileira, diversas conceituações acerca 
dessa biblioteca, umas mais amplas e outras mais restritas. Eles têm destacado, 
também, as contribuições da sala de leiturapara as práticas leitoras tanto dos 
estudantes quanto dos professores. Nessa perspectiva, Fonseca (2007, p. 5) 
conceitua a biblioteca escolar como o espaço que busca “fornecer livros e material 
didático tanto a estudantes quanto a professores”. 
Analisando o conceito de Fonseca, podemos verifi car que ele guarda 
semelhança com a forma que a Lei n. 12.244, de 24 de maio 2010, considera, 
em seu art. 2º, a biblioteca escolar. Ou seja, ela é vista como “a coleção de livros, 
materiais videográfi cos e documentos registrados em qualquer suporte destinados à 
29
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
consulta, pesquisa, estudo ou leitura” (BRASIL, 2010). Embora a Lei n. 12.244/2010 
imprima, de modo geral, a valorização da biblioteca escolar, ela não avança em sua 
conceituação, especialmente nos tempos de informação e comunicação digitais.
A biblioteca na escola também foi conceituada como “um espaço desejável que, 
contudo, pode ser substituído, com adaptações e soluções criativas” (PEREIRA, 
2006, p. 23). Já Campello et al. (2002, p. 10) destacam que a biblioteca escolar 
pode ser conceituada tanto na formação do leitor quanto na formação do aluno com 
“competência informacional, capaz de localizar, selecionar e interpretar informações 
em diversos suportes”. Souza defi ne que a tarefa de mediação da leitura literária 
é considerada prioridade na biblioteca escolar (SOUZA, 2009), enquanto Côrte e 
Bandeira (2011) afi rmam que, no contexto da legislação educacional brasileira, a 
biblioteca deve trabalhar articulada ao processo de ensino e aprendizagem. Para as 
autoras, a biblioteca escolar é compreendida como:
[...] um espaço de estudo e construção do conhecimento, 
articula com a dinâmica da escola, desperta o interesse 
intelectual, favorece o enriquecimento cultural e incentiva a 
formação do hábito da leitura. Jamais será uma instituição 
independente, porque sua atuação refl ete as diretrizes de outra 
instituição que é a escola (CÔRTE; BANDEIRA, 2011, p. 8).
A conceituação de Côrte e Bandeira (2011) destaca que a biblioteca escolar tem 
de desenvolver seu plano de trabalho de modo coerente e articulado com o caminho 
traçado no projeto político-pedagógico e sua concepção de educação interdisciplinar, 
especialmente o contexto de promoção da leitura e a estrutura física adequada.
Já o Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar – GEBE compreende a 
biblioteca escolar como:
Um espaço físico exclusivo, sufi ciente para acomodar o acervo, os 
ambientes para serviços e atividades para usuários e os serviços 
técnicos e administrativos; materiais informacionais variados, que 
atendam aos interesses e necessidades dos usuários; acervo 
organizado de acordo com normas bibliográfi cas padronizadas, 
permitindo que os materiais sejam encontrados com facilidade 
e rapidez; acesso a informações digitais (internet); espaço 
de aprendizagem; administração por bibliotecário qualifi cado, 
apoiado por equipe adequada em quantidade e qualifi cação para 
fornecer serviços à comunidade escolar (GEBE, 2010, p. 9).
Na compreensão do GEBE, podemos constatar que ele ressalta a estrutura física 
e administrativa da biblioteca de forma qualifi cada e detalhada, incluindo a pesquisa 
de informações por meio dos dispositivos digitais para atender aos interesses e às 
necessidades dos usuários. Além disso, caracteriza a biblioteca escolar não apenas 
como um espaço promotor de leitura, mas um espaço que pode potencializar 
30
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
a aprendizagem dos estudantes. Essa última caracterização se diferencia das 
conceituações elaboradas anteriormente por Souza (2009), Côrte e Bandeira (2011) 
e Pereira (2006). Nessa perspectiva, a biblioteca escolar pode ser vista, segundo 
Campello (2012, p. 16), como um “laboratório que propicia a conexão das ideias e a 
construção do conhecimento”. A autora ainda defende que a biblioteca escolar pode 
ampliar signifi cativamente suas atividades e contribuir para a “mudança de paradigma 
da leitura para o paradigma da aprendizagem”. (CAMPELLO, 2012, p. 7).
Com isso, Campello (2012, p. 15) reforça a ideia de que: 
A biblioteca escolar deve deixar de ser apenas o local onde está 
o acervo de livros para leitura e passar a oferecer atividades 
específi cas de formação do estudante, principalmente em 
competências informacionais, desde a escolha de materiais 
até o uso e a comunicação do que foi encontrado.
Em 2012, Lúcia Maroto defendeu a ideia de que uma biblioteca escolar poderia 
assumir o status de “um centro dinamizador da leitura e difusor do conhecimento 
produzido pela coletividade”, constituindo-se, portanto, em uma “oportunidade 
concreta de acesso ao patrimônio científi co e cultural” para os alunos (MAROTO, 
2012, p. 75). Observamos que essa autora está ampliando sua concepção de 
biblioteca escolar, pois, ao longo de sua trajetória, vem se dedicando à execução de 
boas práticas em bibliotecas escolares, quase todas ligadas à leitura literária.
Já a pesquisadora espanhola, Glória Durban Roca, pontua, em seu livro publicado 
no Brasil em 2012, que os aspectos mais relevantes da biblioteca escolar se encontram 
em um espaço educacional e suas dimensões física, literária e educacional. Na 
dimensão física, a preocupação da biblioteca escolar deve facilitar a seleção coordenada 
de materiais informativos e literários que favoreçam o desenvolvimento de práticas de 
leituras e habilidades intelectuais. Na dimensão educacional, deve promover a criação de 
processos de ensino e aprendizagem voltados para apoiar o projeto político-pedagógico 
da escola (DURBAN ROCA, 2012). Para a autora, a biblioteca escolar não é um “centro 
de recursos a serviço da aprendizagem”, mas, um “contexto de aprendizagem onde a 
interação dos usuários com determinados recursos, processos de ensino e aprendizagem 
e práticas de leitura são facilitados” (DURBAN ROCA, 2012, p. 26). Assim, os usuários 
podem desenvolver, nessa biblioteca, ao longo de sua escolarização, práticas de leitura, 
de acordo com diferentes objetivos e fi nalidades, utilizando os múltiplos materiais que a 
biblioteca oferece. Por ser um contexto de desenvolvimento de competências intelectual 
e emocional imprescindíveis para os estudantes, a biblioteca escolar poderá fomentar 
recursos básicos para o desenvolvimento pessoal e social.
Durban Roca (2012) defi ne, ainda, a biblioteca escolar como aquela que conta 
em seu acervo materiais impressos e recursos eletrônicos, contribuindo para a 
formação dos estudantes e direcionada à emancipação deles. Para a autora, essa 
31
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
emancipação ocorre pela manipulação e produção autônoma do conhecimento 
por meio dos recursos oferecidos pela biblioteca escolar aos seus usuários. Esses 
recursos certamente contribuem para o desenvolvimento dos Pilares da Educação, 
em especial com os eixos do aprender a conhecer e aprender a fazer. 
Durban Roca (2012) nos presenteia, ainda, com o conceito de biblioteca 
escolar explicitado no Quadro 3. Nele, são apresentadas duas dimensões: 
atividade-meio e atividade-fi m para a biblioteca escolar. A atividade-meio 
potencializa a dimensão educacional como recurso e agente pedagógico 
interdisciplinar e a atividade-fi m estrutura a organização física. Enfi m, “a biblioteca 
escolar não só apoia as atividades pedagógicas da escola, mas também, ela 
própria, é local e oportunidade de aprendizagem” (DURBAN ROCA, 2012, p. 100).
QUADRO 3 – CONCEITO DE BIBLIOTECA E SUAS 
CONTRIBUIÇÕES PARA A COMUNIDADE ESCOLAR
Conceito Ação Contribuições
Dimensão física
Estruturaorganizada 
estável
Facilitar
A seleção coordenada de materiais informativos e literários.
A centralização dos recursos para assegurar seu uso 
compartilhado. O acesso a materiais diversos e de qualidade.
A existência de um lugar de encontro e de relações 
pessoais.
A criação de um contexto presencial de aprendizagem 
e leitura.
Contexto 
presencial de 
aprendizagem 
e leitura
Favorecer
O desenvolvimento de práticas de leitura e de habilidades 
intelectuais.
A realização de trabalhos de pesquisa e de atividades 
de leitura.
A criação de um ambiente de leitura e de escrita na escola.
O uso da biblioteca como recurso educacional.
Dimensão educacional
Recurso 
educacional Promover
A criação de processos de ensino-aprendizagem.
As ações de atendimento às necessidades especiais e 
de compensação de desigualdade entre os alunos.
As ações de envolvimento das famílias no incentivo à leitura.
O apoio pedagógico à prática docente.
Agente 
pedagógico 
interdisciplinar
Apoiar
O desenvolvimento do projeto curricular e educacional 
da escola.
A prática educacional no âmbito pedagógico e de 
conteúdo curricular.
A projeção de situações de aprendizagem por pesquisa 
e desenvolvimento da prática de leitura e escrita.
Os processos de melhoria do ensino iniciados na escola.
FONTE: Durban Roca (2012, p. 100).
32
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
A conceitualização de Durban Roca (2012) apresentada no Quadro 3 
é muito interessante, considerando que ela explicita as contribuições das 
duas dimensões: física e educacional da biblioteca. Além disso, cria um 
desdobramento dos objetivos de cada ação na contribuição da biblioteca 
escolar para a comunidade escolar, incluindo a formação dos leitores estudantes 
e a participação das famílias nesse processo, o apoio à comunidade escolar 
na transmissão da cultura, a pesquisa para apoiar a comunidade escolar e 
a discussão acerca da diversidade e as necessidades individualizadas dos 
participantes de uma forma bem completa. 
Já Pierruccini (2004, p. 58) conceitua a biblioteca escolar como “dispositivo 
que ordena, organiza, prescreve de tal modo que cria uma ordem informacional 
e, portanto, não apenas disponibiliza informações, mas diz, conta, narra – produz 
signifi cados”. Para a autora, essa ordem informacional precisa ser dialógica, entre 
a biblioteca e todos os atores da escola, e não monológica, a partir do profi ssional 
responsável pela biblioteca e as ferramentas da biblioteconomia.
É ressaltado por Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 25) que: 
[...] a escola, um espaço de aprendizagem permanente, é 
preciso usufruir das coisas boas que lá existem e desenvolver 
suas potencialidades ajudando, assim, a escola a crescer 
[...], portanto a biblioteca escolar não deve ser só um espaço 
de ação pedagógica, servindo como apoio à construção do 
conhecimento e de suporte a pesquisas. Deve ser, sim, um 
espaço para que todos que nela atuam possam utilizá-la como 
uma fonte de experiência, exercício da cidadania e formação 
para toda a vida.
O Manifesto da UNESCO (1976, p. 158-159), documento imprescindível que 
dá sustentação a todas as ações da biblioteca, vê a biblioteca escolar como a 
porta de entrada para o conhecimento, fornecendo as condições básicas para 
o aprendizado permanente, autonomia das decisões e para o desenvolvimento 
cultural dos estudantes, profi ssionais da educação e grupos sociais.
No tocante às salas de leitura nas escolas, observa-se que elas se constituem 
como um espaço muito específi co que promove a leitura e, acima de tudo, 
guardam livros e outros materiais impressos destinados a alunos, professores, 
funcionários e membros da comunidade. 
De acordo com Corredor (2014, p. 2), apesar da riqueza do trabalho de 
leitura que ocorrem nessas salas, 
33
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
[...] há, também, limitações nas atividades devido à 
manutenção e à administração dessas salas, uma vez que 
geralmente não se tem uma pessoa responsável, ou seja, uma 
Orientadora da Sala de Leitura que se responsabilize para 
coordenar os projetos relacionados à leitura ou um problema 
que comprometa toda a potencialidade desse espaço. 
É possível que, na ausência de uma proposta direcionada à leitura na escola, 
todo um conjunto de livros que poderiam ser disponibilizados aos alunos acaba 
sendo “[...] subutilizados. Digo subutilizados não como julgamento de quem sabe 
como seria o ‘jeito certo’ de se utilizar um livro, mas como consequência do 
raciocínio de que ler um livro vai além de tê-lo diante de si e reconhecer o texto e 
as imagens ali impressas” (CORREDOR, 2014, p. 2).
A proposta da sala de leitura, seja pelo próprio processo que originou esse projeto 
ou pela dinâmica da política de ensino da escola, geralmente tem trazido aos estudantes 
experiências vagas, intermitentes ou quase nulas com relação ao desenvolvimento da 
competência leitora em um processo dialógico, considerando que esse processo pede 
um conhecimento sobre o nosso estar no mundo, como destaca Freire em seu livro A 
importância do ato de ler: em três artigos que se completam (FREIRE, 1989).
Nesse sentido, faz-se necessário refl etir sobre os objetivos do projeto 
político-pedagógico de sua escola em relação ao desenvolvimento da leitura e a 
orientação feita anteriormente por Campello (2012), na qual a pesquisadora diz 
que a biblioteca deve ultrapassar o paradigma da leitura e passar a promover o 
paradigma da aprendizagem junto com os estudantes e a equipe docente. Nesse 
caso, essa orientação deve ser estendida à proposta pedagógica da sala de leitura.
Isso porque, na escola, a prática da leitura, apesar de o discurso ofi cial dos 
órgãos de educação apontar o contrário, está muito relacionada à ressignifi cação 
da linguagem escrita. Corredor (2014) afi rma que há muitas semelhanças entre a 
biblioteca escolar e a sala de leitura, não apenas nas práticas que teoricamente visam 
exercitar a capacidade de leitura dos estudantes. A sala de leitura complementaria 
a proposta de atividades da biblioteca escolar. Observamos, ainda, o compromisso 
comum desses espaços para que os estudantes atinjam um melhor desempenho em 
leitura. No que diz respeito às diferenças, podemos listar, por exemplo, a hierarquia 
e a atmosfera formal que existem nas bibliotecas escolares, as quais são diferentes 
da sala de leitura, embora tenham consciência de seu objetivo comum. Com isso, 
constatamos que a sala de leitura parece mais restrita que a da biblioteca escolar.
Analisando os conceitos expostos acerca da biblioteca escolar até 
aqui, observamos uma ampliação positiva do conceito da biblioteca escolar, 
considerando que esse espaço vai se transformando para atender às necessidades 
dos usuários, em especial os estudantes, em conformidade com as exigências da 
34
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
sociedade contemporânea. Nesse sentido, Paiva e Duarte (2016 apud Prestebak, 
2001) afi rmam que há três elementos que caracterizam a biblioteca – informação, 
educação e lazer, os quais mudaram muito pouco desde 1918. Entretanto, a 
biblioteca escolar evoluiu, mas esses serviços centrais ainda são fundamentais.
Para o desenvolvimento das competências informacionais, culturais, sociais 
e educativas de seus usuários, a biblioteca escolar deve cumprir a missão defi nida 
no Manifesto, aprovado no ano de 2000. Isto é, cabe à biblioteca escolar oferecer 
serviços de aprendizagem, livros e outros recursos a toda a comunidade escolar, 
sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua e situação 
social, para que desenvolva o pensamento crítico e utilize, de maneira efi caz, a 
informação, apoiada no inciso IV, do artigo 3º, que trata dos direitos fundamentais 
da Constituição Federal de 1988 (BRASIL,1988).
Consoante com a missão mencionada do Manifesto aprovado no ano de 
2000, a biblioteca escolar e a sala de leitura devem cumprir os objetivos defi nidos 
no documento. No Quadro 4, a seguir, assinalamos os objetivos que ambos os 
espaços escolares devem colocar em prática para atender às necessidades dos 
usuários na escola (IFLA, 2000, p. 2).
QUADRO 4 – OBJETIVOS DA BIBLIOTECA ESCOLAR E SUA PRÁTICA
OBJETIVOS DA BIBLIOTECA ESCOLAR E SUA PRÁTICA 
Apoiar e intensifi car a consecução dos objetivos educacionais defi nidos na missão e no 
currículo da escola;
desenvolver e manter nas crianças o hábito e o prazer da leitura e da aprendizagem, bem 
como o uso dos recursos da biblioteca ao longo da vida; 
oferecer oportunidades de vivências destinadas à produção e uso da informação voltada 
ao conhecimento, à compreensão, imaginação e ao entretenimento; 
apoiar todos os estudantes na aprendizagem e prática de habilidades para avaliar e usar 
a informação, em suas variadas formas, suportes ou meios, incluindo a sensibilidade para 
utilizar adequadamente as formas de comunicação com a comunidade onde estão inseridos; 
prover acesso em nível local, regional, nacional e global aos recursos existentes e às 
oportunidades que expõem os aprendizes a diversas ideias, experiências e opiniões; 
organizar atividades que incentivem a tomada de consciência cultural e social, bem como 
de sensibilidade; 
trabalhar em conjunto com estudantes, professores, administradores e pais, para o 
alcance fi nal da missão e objetivos da escola; 
proclamar o conceito de que a liberdade intelectual e o acesso à informação são pontos 
fundamentais à formação de cidadania responsável e ao exercício da democracia; 
promover leitura, recursos e serviços da biblioteca escolar junto à comunidade escolar e 
ao seu derredor. 
FONTE: Adaptado de IFLA (2000, p. 2).
35
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Observando esses objetivos, é possível afi rmar que as bibliotecas escolares 
e salas de leitura no Brasil ainda estão longe de atingi-los. Entretanto, acredita-
se que esses objetivos trazem em si a possiblidade de orientar o processo de 
ensino e aprendizagem de excelência. Portanto, trazê-los para o nosso curso 
não consideramos uma perda de tempo, ao contrário, é uma forma de continuar 
persistindo na proposta de melhorar a educação básica, em especial a dos 
estudantes das escolas públicas. Afi nal, a biblioteca escolar e a sala de leitura 
assumem funções essenciais na educação desses jovens. É notável que as 
funções desempenhadas por esses ambientes estão voltadas para o âmbito 
cultural, informacional, recreativo e educativo. Daí, a importância da harmonia 
entre escola, biblioteca e sala de leitura, pois seus objetivos são interligados e só 
a partir dessa articulação podem ser cumpridos adequadamente. 
Além do cumprimento dos objetivos retratados no Quadro 4, a qualidade 
da entrega dos serviços da biblioteca escolar e da sala de leitura depende da 
atuação dos profi ssionais responsáveis por esses ambientes. Para isso, cabe 
ao profi ssional responsável, em especial se ele for bibliotecário, como menciona 
a Lei n. 12.244/2010, desempenhar as seguintes funções dentro da unidade de 
informação:
(i) proporcionar acesso à informação, às ideias que servem 
como portas de acesso ao conhecimento, ao pensamento 
e à cultura; 
(ii) proporcionar apoio essencial à formação contínua para a 
tomada de decisão independente;
(iii) contribuir para o desenvolvimento e a manutenção da 
liberdade intelectual ajudando, assim, a preservar os 
valores democráticos fundamentais universais; 
(iv) adquirir, preservar e disponibilizar a mais ampla variedade 
de documentos, refl etindo a pluralidade da sociedade; 
(v) assegurar que a seleção e a disponibilidade dos 
documentos e dos serviços sejam regidas por 
considerações de natureza profi ssional e não por critérios 
políticos, morais ou religiosos; 
(vi) adquirir, organizar e difundir a informação livremente; 
(vii) opor-se a qualquer forma de censura e disponibilizar 
os seus documentos, instalações e serviços a todos os 
utilizadores, de forma equitativa (SALES, 2004, p. 44). 
Analisando as funções do profi ssional responsável pela biblioteca e sala 
de leitura, para esse profi ssional alcançar resultados mais promissores, suas 
funções devem estar alinhadas com a missão e objetivos propostos no projeto 
político-pedagógico da escola. Caso essas funções estejam em dissonância 
com os propósitos da escola, possivelmente os resultados alcançados não 
estarão condizentes com o planejamento desses espaços e os objetivos fi carão 
36
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
ainda mais longe de serem alcançados, especialmente aqueles que defi niram 
o uso adequado das fontes de informação existentes e o desenvolvimento do 
pensamento crítico nos alunos.
Litton (1974) classifi cou as tarefas do responsável pela biblioteca e sala de 
leitura que em três grupos principais: administrativas, técnicas e educacionais, as 
quais são articuladas, como mostra a Figura 15 a seguir: 
FIGURA 15 – TAREFAS DOS PROFISSIONAIS DA BIBLIOTECA 
ESCOLAR E SALA DE LEITURA, SEGUNDO LITTON
FONTE: A autora.
Atividades administrativas: são aquelas ligadas ao planejamento do 
ambiente, à supervisão do pessoal, à distribuição de tarefas, à gestão do acervo e 
a todas as outras atividades voltadas para a área administrativa.
Atividades técnicas: são aquelas relacionadas ao tratamento da informação 
para que possa ser usada de forma efi ciente pela comunidade atendida como: 
processos de catalogação, classifi cação, indexação e outros vinculados ao 
tratamento documental.
Atividades educacionais: são aquelas considerada por muitos como as mais 
importantes, como o incentivo à leitura, planejamento junto aos professores e à 
comunidade escolar, seleção de materiais educativos, entre outras atividades 
voltadas ao contexto educacional.
Já as Diretrizes da IFLA/UNESCO sobre as bibliotecas escolares defi nem 
as seguintes atividades para serem realizadas na biblioteca escolar e na sala 
de leitura pelo profi ssional responsável por esses ambientes, como demonstra 
a citação a seguir. Espera-se, então, que eles cumpram as seguintes atividades:
37
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
a) analisar os recursos e as necessidades de informação da 
comunidade escolar; 
b) formular e promover políticas para o desenvolvimento dos 
serviços; 
c) desenvolver políticas e sistemas de aquisição para os 
recursos da biblioteca; 
d) catalogar e classifi car documentos e recursos em geral; 
e) promover a utilização da biblioteca; 
f) apoiar estudantes e professores na utilização de recursos 
da biblioteca e de tecnologia da informação; 
g) responder aos pedidos de referência e de informação, 
utilizando os materiais adequados; 
h) promover programas de leitura e eventos culturais; 
i) participar de atividades de planifi cação relacionadas à 
gestão do currículo; 
j) participar na preparação, promoção e avaliação de 
atividades de aprendizagem; 
l) promover a avaliação de serviços de biblioteca enquanto 
componente normal e regular do sistema de avaliação 
global da escola; 
m) construir parcerias com organizações externas; 
n) preparar e aplicar orçamentos; 
o) conceber planejamento estratégico; 
p) gerir a formação da equipe da biblioteca e sala de leitura 
(IFLA, 2002, p. 13). 
A partir dessas atividades, observa-se que o profi ssional responsável pela 
biblioteca escolar e a sala de leitura podem ser considerados como agentes 
transformadores no espaço educativo. Além das competênciasinformacionais e 
outras atividades (como listadas na citação anterior), ao longo de sua formação 
acadêmica, esses agentes continuam participando de cursos de formação 
continuada para se atualizarem com frequência, pois as transformações na 
sociedade contemporânea são velozes e os profi ssionais que não se atualizam 
podem comprometer a qualidade do serviço que vão entregar a seus usuários. 
Esses profi ssionais devem, ainda, trabalhar a interação com a equipe docente, 
os estudantes e a comunidade na qual a escola está inserida. Para isso, um dos 
primeiros passos é compreender como surgiram as bibliotecas escolares em 
nosso país, o que discutiremos no próximo tópico desta seção.
Como surgiu a biblioteca escolar em nosso país? 
Consideramos essencial trazer esse questionamento sobre o surgimento 
das bibliotecas escolares brasileiras para a nossa discussão, pois ele pode nos 
ajudar a compreender a trajetória histórica destes espaços-lugares, que são as 
bibliotecas escolares. Para começar a respondê-lo, ressaltamos que não vamos 
apresentar uma trajetória linear e homogênea da biblioteca escolar em todos os 
38
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
cantos do nosso Brasil. Assim, devido ao limite imposto pela literatura da área 
sobre essa temática até metade do século XX, faremos, aqui, uma exposição 
rápida sobre alguns pontos históricos fundamentais que contribuíram para a 
constituição das bibliotecas escolares no país, em especial fatos históricos, 
programas, legislações, funções, missões e iniciativas. Na revisitação de algumas 
fontes, os autores destacam esse limite com relação aos dados históricos.
Nessa perspectiva, Monteiro (2016, p. 37) afi rma que os “primeiros livros 
presentes na educação brasileira datam da segunda metade do século XVI, sendo 
estes bem poucos utilizados pelos jesuítas na alfabetização dos fi lhos da elite.” 
Para dar continuidade a essa escolarização, mais tarde chegaram mais livros, 
os quais foram usados, também, na formação dos professores. Com esses livros 
“foram formadas as primeiras Bibliotecas Escolares, curiosamente chamadas de 
‘Livrarias’” (MONTEIRO, 2016, p. 38). A primeira delas foi a Livraria do Colégio da 
Bahia.
Mais tarde, os jesuítas criaram outros colégios e conventos em Salvador, 
Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga, sendo que cada um 
deles tinha sua biblioteca. Assim, essas bibliotecas passaram a armazenar livros, 
desenvolver atividades de ensino e formar outros professores (ERMAKOFF, 
2015). Em suma, as bibliotecas escolares podem ser vistas como as principais 
instituições formadoras da elite brasileira daquela época, como destacam Silva e 
Bortolin (2006).
Nessa época, já estavam por aqui outras ordens religiosas - franciscanos, 
beneditinos e carmelitas -, os quais cuidavam da instrução dos colonos e, em 
suas escolas, também possuíam bibliotecas (MONTEIRO, 2016). Ao contrário do 
que muitos imaginam, os acervos dessas bibliotecas eram de qualidade, sendo 
comparados aos acervos da biblioteca de uma faculdade. 
Até esse período, a biblioteca escolar que tinha a estrutura física mais 
atrativa, de acordo com Moraes (2006), era a de Salvador. Essa biblioteca 
abrigava um acervo com grande qualidade em uma sala com um suntuoso teto, 
ou seja, “[...] a sala era uma das joias da pintura brasileira [...], assemelhando-se 
àquelas salas que os reis e príncipes europeus mandavam construir e decorar 
para instalar seus livros e cabinets de curiosités” (MORAES, 2006, p. 8).
Apesar do crescimento das bibliotecas escolares, em 1759, o Marquês de 
Pombal expulsou os jesuítas e:
As bibliotecas escolares sofreram um golpe terrível com a 
expulsão da Companhia de Jesus do Brasil. Todos os bens 
foram confi scados, inclusive as bibliotecas. Livros retirados 
39
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
dos colégios fi caram amontoados em lugares impróprios, 
durante anos, enquanto se procedia ao inventário de bens dos 
inacianos (MORAES, 2006, p. 10).
Moraes (2006) pontua que, após a expulsão dos jesuítas, o país fi cou 
quase um século sem dados e informações sobre as bibliotecas escolares. Só 
a partir da segunda metade do século XIX que foi retomada a organização das 
bibliotecas escolares, as quais eram, na verdade, uma coleção de livros e não um 
espaço físico na escola, cuja preocupação de Vicente Pires da Mota (presidente 
da província de São Paulo de 1848 a 1851) dizia respeito à educação dos 
provincianos e não a organização desses espaços. 
Após 1815, o Conselho de Instrução do Império criou a primeira “biblioteca 
escolar brasileira”, que, em síntese, era uma coleção de adaptações das obras Os 
Lusíadas e as Fábulas de La Fontaine. Mais especifi camente, essas adaptações 
incorporavam características nacionais às histórias, iniciativa que “deu-se 
devido à recusa às obras traduzidas enviadas de Portugal ao Brasil, que não se 
adequavam à realidade cultural brasileira” (MORAES, 2006, p. 10).
Em 1808, com a chegada da Família Real e do governo português ao Rio 
de Janeiro, houve uma mudança na situação das bibliotecas no Brasil. De acordo 
com Silva e Bortolin (2006), graças à liberação da imprensa, proibida no Brasil 
desde o início da colonização, criou-se a Imprensa Régia para a confecção dos 
documentos do governo, como: cartazes, sermões, folhetos e outros mais. Essa 
imprensa:
[...] chegou ao Brasil, nos porões dos navios, a tipografi a para 
a constituição da imprensa Régia. Até aquela data as ofi cinas 
tipográfi cas estavam totalmente vetadas por Lisboa. Depois, 
sob a tutela da Corte, conseguiu editar, em 1808, 37 títulos e 
até 1822, 1154 (MILANESI, 1993, p. 29).
O rei também trouxe a Biblioteca Real, formada por milhares de livros - 
manuscritos e documentos da coroa -, “era uma livraria rica e versátil, [...] com 
uma esplêndida coleção quase toda suntuosamente encadernada em marroquino 
vermelho”, descreve Moraes (2006, p. 91). Inicialmente, o acervo com cerca 
de 60.000 volumes foi instalado no Hospital da Ordem Terceira do Carmo, na 
cidade do Rio de Janeiro, em 1811. Porém, como ressalta Moraes (2006, p. 91) 
“a consulta era permitida apenas aos estudiosos, vindo a ser aberta ao público 
somente em 1814. Logo após a Independência, foi anexada ao patrimônio público 
brasileiro e passou a ser chamada de Biblioteca Nacional”.
Válio (1990) ressalta que, entre os anos de 1880 até 1915, foram criadas 
as bibliotecas das Escolas Normais. A Biblioteca da Escola Normal Caetano 
40
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
de Campos, em São Paulo, foi a primeira delas. Para o autor, essas foram as 
primeiras “bibliotecas escolares no sentido que conhecemos hoje” (VÁLIO, 1990, 
p. 18). Esse autor ressalta, ainda, que, no Brasil, a publicação de livros de um 
modo geral e de literatura infantil em particular teve um grande avanço entre 
os anos de 1915 e 1921. Porém, até a década de 1940, nem todas as escolas 
tinham sua biblioteca escolar e os estudantes fi caram desassistidos nesse sentido 
(SILVA, 2011). Nas unidades escolares que tinham bibliotecas, o uso do livro e da 
própria biblioteca era exclusivo aos alunos matriculados, fossem escolas públicas 
ou privadas. Somente após esse período, as escolas estaduais passaram a contar 
com bibliotecas em suas unidades (SILVA, 2011).
Em 1937, houve a expansão das bibliotecas públicas em todo o território 
nacional com a fundação do Instituto Nacional do Livro (INL). Até 1945, essa 
iniciativa contribuiu com o aumento signifi cativo de bibliotecas públicas, 
principalmente nos estados menos prósperos, devido ao apoio do INL, que as 
auxiliava na dispendiosa tarefa de adquirir o acervo e na capacitação técnica dos 
profi ssionais (FGV, 2020).
Silva (2011, p. 497) destaca que, nas décadas de 1940 e 1950, a

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