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Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura

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GESTÃO DE BIBLIOTECA 
ESCOLAR E SALA 
DE LEITURA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Norma Lucia Neris de Queiroz
Indaial - 2020
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Q3g
 Queiroz, Norma Lucia Neris de
 Gestão de biblioteca escolar e sala de leitura. / Norma Lucia 
Neris de Queiroz. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 162 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-069-7
 ISBN Digital 978-65-5646-062-8
1. Biblioteca escolar. - Brasil. Centro Universitário Leonardo da Vinci
CDD 028.8
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................07
CAPÍTULO 1
Caracterização da Biblioteca Escolar e da Sala de Leitura, 
suas Funções e Contribuições para os Segmentos Escolares 
e a Comunidade em Geral .......................................................9
CAPÍTULO 2
Gestão da Biblioteca Escolar e da Sala de Leitura, Seus 
ObJetiVos e Funções .............................................................59
CAPÍTULO 3
Integração da Biblioteca, da Unidade de Ensino e da 
Comunidade Escolar, Seus Recursos e AtiVidades ........ 111
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, para iniciar o nosso diálogo é importante dizer a você que é 
um grande prazer tê-lo como estudante nesta disciplina. Traçamos como objetivo 
construir e ampliar seus conhecimentos sobre a gestão da biblioteca escolar, 
da sala de leitura e suas contribuições para a escola, a família e a comunidade 
de modo geral, enfatizando suas funções, objetivos, missões, categorias e 
parâmetros de organização desses espaços com as flores da primavera e a 
alegria dos livros acolhidos na biblioteca da escola ou na sala de leitura, os quais, 
como nos mostra a Figura 1, nos encantam. 
FIGURA 1 – BIBLIOTECA ESCOLAR E SALA DE LEITURA
FONTE: <http://www.bibliotecasdobrasil.com/2016/09/10-ideias-
para-enfeitar-biblioteca-na.html>. Acesso em: 10 abr. 2020.
Sendo assim, compreender as importantes contribuições e possibilidades da 
biblioteca escolar e das salas de leitura para a formação dos estudantes-leitores 
no processo de ensino e aprendizagem é relevante nesse momento, vez que 
pode conferir sentidos e significados aos estudantes no campo educacional, em 
especial nos tempos de incertezas que vivenciamos no país. Nessa perspectiva, 
sugerimos observar a imagem anterior (Figura 1), a qual buscou comunicar a você 
que “a ideia de biblioteca nasceu, provavalmente, para preservar a literalidade 
dos textos e conhecimentos das falhas da memória” (JACOB, 1996, p. 33). 
Logo, a discussão que buscamos tecer aqui foi olhar para a biblioteca escolar 
e a sala de leitura como espaços-lugares, condutores da leitura e do fazer letrado, 
em que, apesar da lógica da erudição carregada pela biblioteca em nossa cultura, 
todos os segmentos presentes na comunidade escolar possam transitar com 
prazer de estar neles, uma vez que os leitores e escritores têm a possibilidade 
de reunir suas ideias “conjuntamente com as dos livros que contêm o passado 
escrito e assegurado, em um espaço monumental e de acesso irrestrito” (PINTO, 
2004, p. 34). Assim, aqui, ler é visto como um elemento “para auxiliar lembrar; 
e lembrar para escrever. Este é o percurso completo que a biblioteca indica ao 
projetar o conhecimento de um tempo no futuro e garantir sua persistência nos 
livros guardados, e muitas leituras e reescrituras que se fazem dele” (PINTO, 
2004, p. 35). Desse modo, o objetivo é que as bibliotecas sejam vistas como 
espaços importantes e que contribuem para o processo de melhoria da qualidade 
da educação, como expressa a Figura 2.
FIGURA 2 – IMPORTÂNCIA DAS BIBLIOTECAS
FONTE: <https://sempreviva.wordpress.com/2012/05/22/nao-seria-maravilhoso-o-mundo-
se-as-bibliotecas-fossem-mais-importantes-que-os-bancos/>. Acesso em: 12 abr. 2020.
A título de organização, elaboramos três capítulos, subdivididos em seções, 
com a intenção de facilitar seu estudo sobre o tema trabalhado. Ao longo desses 
capítulos, você encontrará indicações de textos teóricos, artigos científicos, 
vídeos e atividades que devem ser feitas durante os momentos de estudos, cuja 
intenção é enriquecer sua aprendizagem. No primeiro capítulo, foram abordadas 
a caracterização e conceituação da biblioteca escolar e da sala de leitura, suas 
missões, categorias, parâmetros e contribuições para a escola, a família e a 
comunidade de modo geral na qual a escola está inserida. Para contextualizar 
essa discussão, apresentaremos de forma rápida a evolução da escrita, seus 
suportes, mudanças históricas, a invenção de Johannes Gutenberg, os 
livros, a biblioteca e sua origem histórica em nosso país e a importância da sala 
de leitura para formação de leitores e escritores, bem como a leitura acontece nas 
escolas públicas e na comunidade de modo geral.
No segundo capítulo, o debate foi direcionado à gestão da biblioteca 
escolar e das salas de leitura, seus objetivos e funções, bem como sugestões 
de práticas pedagógicas e projetos de leitura que ocorrem ou vierem a ocorrer 
nesses espaços-lugares como apoio ao processo de ensino e aprendizagem para 
a comunidade escolar 
Por fim, no terceiro e último capítulo, a discussão deu ênfase à integração 
da biblioteca e salas de leitura de unidades de ensino e a comunidade escolar. 
Somado a isso, discutimos, ainda, as contribuições desses espaços-lugares 
- biblioteca escolar e sala de leitura -, seus recursos, atividades e projetos de 
leitura, para fortalecer a integração entre escola e comunidade em geral.
A partir dessas discussões e reflexões propostas, espera-se que você 
demonstre, ao final desta disciplina, seu aprendizado em relação à gestão da 
biblioteca escolar e das salas de leitura, bem como suas contribuições para a 
escola, a família e a comunidade de modo geral.
Bons estudos e excelente aprendizagem!
CAPÍTULO 1
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR 
E DA SALA DE LEITURA, sUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA oS SEGMENTOS 
ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Contextualizar de forma rápida a evolução da escrita, seus suportes e 
mudanças históricas com a invenção de Johannes Gutenberg, os livros, a 
biblioteca escolar e sala de leitura atuais. 
 Caracterizar e conceituar a biblioteca escolar e sala de leitura, suas missões, 
categorias, parâmetros e contribuições para a escola.
 Apresentar a origem histórica das bibliotecas escolares em nosso país.
 Discutir a importância da leitura no Brasil e como ela acontece nas bibliotecas 
das escolas públicas e da comunidade em geral.
10
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
11
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Refl etir sobre a gestão da biblioteca escolar e da sala de leitura, suas 
funções, objetivos e contribuições para a escola, a família e a comunidade em 
geral é uma forma privilegiada de mostrar a força que esses espaços-lugares, 
entre outras agências de letramento, têm para formar culturalmente os diversos 
segmentos que estão presentes na comunidadeescolar. Estudos têm mostrado 
que as formas de organização desses espaços-lugares, como biblioteca escolar 
e sala de leitura, podem variar muito, conforme a diferenciação de funções, 
objetivos, categorização dos materiais, da dinâmica de seu funcionamento, da 
hierarquização que lhes é imposta, da lógica que os articula e dos sentidos e usos 
que a eles são dados. Por outro lado, por mais variações que tenham ocorrido 
historicamente na organização das bibliotecas ao longo dos séculos, esses 
espaços-lugares “mantêm o caráter atribuído às bibliotecas e aos livros neles 
recolhidos” (PINTO, 2004, p. 33-34). Ou seja, destacam-se, entre outras funções 
da biblioteca, a de preservar o conhecimento e a escrita.
Somada à característica de preservadora do conhecimento e da escrita, 
a biblioteca escolar e a sala de leitura se assumem como espaços dinâmicos 
e diferenciados, os quais podem contribuir para a formação da comunidade 
escolar, apresentando, na contemporaneidade, a necessidade de atualizarem 
constantemente suas atividades para que continuem alcançando o status de 
distribuidores da cultura para os jovens na comunidade escolar. 
Nesta disciplina, o caminho a ser trilhado discute a gestão da biblioteca 
escolar e da sala de leitura como espaços-lugares dinâmicos, que assumem ares 
coletivos, voltados para a transmissão da cultura. Esses espaços representam, 
ainda, os guardiões:
[...] do que já se sabe e do que precisa ter sua perenidade 
assegurada. Seu princípio é metaforizado na misteriosa 
Biblioteca de Alexandria, que guardava e acumulava livros ao 
longo de toda sua trajetória para fazer a ponte que ligasse o 
passado ao presente e ambos a outras temporalidades futuras 
e distintas, mas infelizmente seu projeto foi interrompido com 
um brutal incêndio (PINTO, 2004, p. 34).
12
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 3 – BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA
FONTE: <https://www.hipercultura.com/biblioteca-de-alexandria-
historia-incendio/>. Acesso em: 10 abr. 2020.
A Biblioteca de Alexandria era o maior acervo da história de ciência antiga do 
mundo. Quando foi destruída por um incêndio, provocado por Júlio César em 48 a.C., 
levou junto consigo uma grande quantidade de informações e conhecimentos construídos 
pela humanidade há muitos séculos. Ali, funcionava também um centro de pesquisa 
chamado Mouseion. Inclusive, é dessa denominação que originou a palavra "museu", a 
qual usamos hoje. O maior destaque da Biblioteca de Alexandria era sua vasta coleção 
de livros, constituída por exemplares escritos nas mais diferentes línguas e culturas. 
CONHECENDO A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA
A Biblioteca de Alexandria foi uma das mais importantes 
bibliotecas conhecidas da história, onde era guardada a maior parte do 
conhecimento do mundo antigo. Foi construída no coração da antiga 
cidade de Alexandria, no Egito, e fundada no século 3 a.C. por Ptolomeu 
II, um dos sucessores do Rei Alexandre, o Grande (Macedônia). Os 
estudos mostram que a matemática e a astronomia eram consideradas 
grandes tesouros da Biblioteca. Não se sabe exatamente quantas obras 
ela tinha em seu acervo, mas estima-se que tenha abrigado entre 30 
mil a 700 mil volumes literários, acadêmicos e religiosos. O acervo da 
Biblioteca cresceu de tal maneira que, durante o reinado de Ptolemeu 
III Evérgeta, foi criada sua fi lial no Serapeu de Alexandria. Além de servir 
à demonstração de poder dos governantes ptolemaicos, a Biblioteca 
teve um papel signifi cativo na emergência de Alexandria como 
sucessora de Atenas enquanto centro irradiador da cultura grega. 
FONTE: <https://www.hipercultura.com/biblioteca-de-alexandria-
historia-incendio/>. Acesso em: 10 abr. 2020.
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CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Ao longo deste capítulo, buscamos responder os questionamentos a seguir: 
• Quais as funções da biblioteca escolar e da sala de leitura na escola? 
• Como ocorre a leitura em sua escola? 
• Qual a relação entre biblioteca e escola? 
• Por que o processo de ensino-aprendizagem segue independentemente 
do uso da biblioteca em algumas escolas? 
• Será que a biblioteca pode contribuir com o processo de formação dos 
estudantes leitores? 
• Será que a função da biblioteca é guardar livros?
• Que importância tem a leitura na formação dos estudantes nos dias de 
hoje? 
Consideramos os questionamentos anteriores importantes para guiar 
a discussão neste livro e buscaremos respondê-los ao longo do livro. Para 
começar a enunciar a nossa preocupação em responder aos questionamentos, 
apresentamos que a função da biblioteca escolar nunca foi a de um depósito 
de livros, ou seja, um lugar para meramente guardar livros, mas um espaço 
com a função de ser guardião do conhecimento e da cultura, entre outras, 
como retratado nas informações da Biblioteca de Alexandria, a qual tinha como 
a mais importante e antiga função das bibliotecas do mundo: ser a guardiã do 
conhecimento, da escrita e da cultura. A maioria das bibliotecas escolares sempre 
buscou disseminar a cultura para sua comunidade escolar e para a comunidade 
geral, coletiva, considerando que a leitura é uma competência fundamental para 
a formação de todas as pessoas, especialmente os estudantes em formação na 
escola, com o objetivo de se tornarem cidadãos críticos.
Para continuar respondendo aos questionamentos, torna-se essencial 
compreender, mesmo que de forma rápida, alguns aspectos da evolução da 
escrita, seus suportes e mudanças históricas no modo de ler, de escrever e de 
disseminar os textos e a relação com as bibliotecas nos países de modo geral e 
nas cidades em particular. Além disso, é fundamental compreender a relação da 
produção em massa de livros, a disseminação de informações a partir da invenção 
de Gutenberg e a instituição das bibliotecas e salas de leitura na escola, com a 
presença de livros impressos, bem como as novas tecnologias que oportunizam o 
acesso à leitura de diversos gêneros textuais, como, por exemplo, os audiolivros, 
os e-books e outros textos eletrônicos. O linguista Cagliari (1989, p. 148) defende 
que a leitura “é a extensão da escola na vida das pessoas”. Para o autor, a maioria 
“das aprendizagens que se faz na vida foram alcançadas por meio da leitura na 
escola e fora dela. Sendo assim, a leitura é uma herança maior do que qualquer 
diploma” (CAGLIARI, 1989, p. 148).
14
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Ainda, entendemos que é relevante apresentar, neste capítulo, informações 
acerca da origem histórica da biblioteca escolar e da sala de leitura em nosso 
país, pois é importante se pensar na transformação desses espaços-lugares para 
despertar nos estudantes a aprendizagem da competência leitora e escritora e o 
gosto pela leitura durante o processo de escolarização, para que eles(as) possam 
adquirir essa experiência para toda a sua vida e atuarem como cidadãos críticos. 
Por outro lado, não podemos deixar de lado a legislação mais atual que 
ampara a gestão da biblioteca escolar e a sala de leitura nas escolas de educação 
básica brasileira. Sabemos que, apesar dos diversos entraves, a biblioteca 
escolar tem ganhado espaço na legislação educacional com a aprovação da Lei 
n. 12.244, de 24 de maio de 2010.
A aprovação dessa lei resultou de um esforço signifi cativo do bibliotecário, 
que “[...] há longo tempo, vinha denunciando por diversos canais a falta de 
bibliotecas nas escolas e a precariedade das poucas que existem, situação 
comprovada por diversos estudos” (CAMPELLO et al., 2012, p. 2)
A Lei n. 12.244/2010 aprovou a universalização das bibliotecas nas 
instituições escolares privadas e públicas brasileiras até o ano de 2020. Essa lei 
também estabeleceu como parâmetro para a organização dessas bibliotecas um 
acervo que tenha, no mínimo, um livro para cadaaluno matriculado. As Secretarias 
Estaduais e Municipais de Educação podem ampliar o tamanho desse acervo 
conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, 
organização e funcionamento de suas bibliotecas escolares. 
A lei também orienta que cabe aos sistemas de ensino brasileiro desenvolver 
esforços progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares seja 
cumprida no prazo estabelecido, bem como respeitada a profi ssão de bibliotecário, 
disciplinada pelas Leis n. 4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho 
de 1998. É possível concluir que, com a aprovação dessas leis, o poder público 
reconhece que “parte considerável das escolas [do país] não possui bibliotecas de 
forma efetiva, embora tentem constituir estruturas que confi gurem uma biblioteca 
de forma aleatória ou sala de leitura” (SILVA, 2011, p. 504).
Não é raro comemorarmos quando uma lei é aprovada nas diversas 
instâncias em nosso país, especialmente leis que trazem benefícios de elevado 
alcance social para a população. Entretanto, em alguns casos, só a aprovação 
da lei não garante que o benefício chegue à população, como, por exemplo, a 
Lei n. 12.244/2010. Apesar da aprovação, essa lei não saiu do papel. A aplicação 
de algumas leis demanda mais esforços que a mera aprovação junto aos órgãos 
competentes. É comum constatar que, em nosso país, há leis que funcionam e 
outras que não, ou seja, determinadas leis são aplicadas e outras não. Ficamos 
15
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
com a sensação de que toda a luta pela aprovação da lei foi em vão e que não 
adianta lutar para elaborar leis que buscam benefi ciar a maioria da população da 
classe trabalhadora, pois na prática não funcionará no Brasil.
1.1 DIÁLOGO SOBRE A EVOLUÇÃO 
DA ESCRITA, MUDANÇAS 
HISTÓRICAS, LIVROS, 
BIBLIOTECAS E SALA DE LEITURA
FIGURA 4 – MESOPOTÂMIA, UMA DAS CIVILIZAÇÕES MAIS ANTIGAS
FONTE: <https://www.sohistoria.com.br/ef2/mesopotamia/>. Acesso em: 10 abr. 2020.
Para começar a dialogar sobre a gestão da biblioteca escolar e da sala 
de leitura, é relevante discutir alguns pontos sobre a evolução da escrita, os 
suportes, o espaço e a valorização alcançados pelos livros e pela biblioteca com 
as mudanças históricas, especialmente após a imprensa de Johannes Gutenberg 
e, mais recente, a sala de leitura nas escolas. 
Hoje, é comum para nós – adultos, leitores e escritores profi cientes – não 
pararmos para refl etir como alguém que não lê e não escreve vive em uma cidade 
cercada de textos escritos em português, outras línguas e palavras e ideogramas 
novos. Como as crianças encaram o desafi o de aprender a ler e escrever 
nesse ambiente letrado? Como foram inventados o alfabeto e a escrita atuais? 
Como surgiram os livros? Será que os livros sempre tiveram os formatos que 
conhecemos hoje? Como surgiu a biblioteca? Será que o livro impresso está em 
extinção com a presença das alternativas criadas pelas novas tecnologias? 
16
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Tais questionamentos são bastante instigantes. Assim, conhecer um pouco 
sobre a história da escrita pode contribuir para que a comunidade escolar 
compreenda melhor as diversas ações que requerem a gestão da biblioteca 
escolar e da sala de leitura, a qual prioriza o acesso ao livro, à leitura e às 
atividades de qualidade em uma sociedade como a nossa, que precisa, ainda, ter 
efetivamente a universalização das bibliotecas escolares prevista na legislação 
educacional. 
Historicamente, a invenção da escrita foi, sem dúvida, o grande marco na 
história, já que o homem criou a possibilidade de acumulação e produção do 
conhecimento que propiciaram o surgimento da fi losofi a, das ciências e das 
artes (PIMENTEL; BERNANDES; SANTANA, 2007). O processo de evolução 
da escrita sempre foi muito importante para todos os povos até chegar à forma 
que conhecemos hoje. Alguns estudiosos afi rmam que a escrita surgiu na 
Mesopotâmia, localizada entre os Rios Tigre e Eufrates, local onde apareceram 
as primeiras civilizações, aproximadamente no ano 4.000 a.C.
Um fato interessante que vale a pena considerarmos é que o sistema de 
escrita que utilizamos hoje foi inventado há muitos séculos e tem suprido nossas 
necessidades, apesar de as inúmeras transformações que a Terra tem passado. 
Cagliari (1989, p. 106) ressalta que a escrita que utilizamos hoje passou por “três 
fases distintas: a pictórica, a ideográfi ca e a alfabética”, como demonstrado na 
Figura 5. 
FIGURA 5 – FASES DISTINTAS DA HISTÓRIA DA ESCRITA
FONTE: A autora.
A fase pictórica se distingue pela escrita por meio de desenhos ou 
pictogramas. Inicialmente, o boi era representado pelo desenho de sua cabeça. 
O sol surgindo no horizonte signifi cava que a outra pessoa estava comunicando 
que o dia estava surgindo. Nos dias de hoje, esses pictogramas podem ser 
encontrados também nas histórias em quadrinhos. Nessa fase, os objetos da 
realidade eram representados de forma bem simples (CAGLIARI, 1989). 
17
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Cagliari (1989, p. 108) destaca que os pictogramas estão vinculados à “[...] 
imagem do que quer representar e não a um som”. Pimentel, Bernardes e Santana 
(2007, p. 15) afi rmam que os “pictogramas parecem ser autoexplicáveis”. Para 
esses autores, “não é bem assim que eles veem essa questão. Na verdade, os 
pictogramas possuem limitações culturais, temporais, geracionais, entre outros”, 
pois o usuário, para interpretá-los corretamente, tem de conhecer o uso deles na 
cultura em que estão inseridos. 
Os ideogramas exigem que a pessoa conheça o Código de Trânsito 
utilizado na sociedade brasileira para ler corretamente a Figura 6 e saber que, 
na maioria das cidades brasileiras, foi adotada a faixa de pedestre para garantir a 
segurança das pessoas quando atravessam a rua, como nos mostra a Figura 6. 
Podemos dizer que essa prática retrata uma regra recente em nossa sociedade 
brasileira. Além disso, ela está ligada à cultura urbana. Temos, ainda, diversos 
pictogramas utilizados na sinalização de locais públicos, no trânsito, no código de 
endereçamento, como explicações, proibições, entre outros, conforme a Figura 7 
a seguir.
FIGURA 6 – HOMEM ATRAVESSANDO 
A FAIXA DE PEDESTRE
FIGURA 7 – SINAL DE TRÂNSITO
FONTE: <http://itaitubaintransito.
blogspot.com/2011/07/respeite-
o-pedestre-dicas-de-um-agente.
html>. Acesso em: 10 abr. 2020.
FONTE: <https://icetran.com.
br/blog/placas-de-transito/>. 
Acesso em: 10 abr. 2020.
A palavra pictograma vem do latim pictu = pintado + grego 
γράμμα = letra; ou seja, letra pintada ou desenho. 
Já a escrita ideográfi ca, também conhecida como hieroglífi ca egípcia, 
é representada por desenhos especiais denominados de ideogramas e muito 
importantes. Surgiu em torno do ano 3000 a.C. e as pessoas que sabiam ler e 
escrever nessa época eram chamadas de “escribas, homens muito admirados 
18
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
do Egito Antigo, sendo muitos deles adorados como deuses” (PIMENTEL; 
BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 16). Aliás, aqueles que desejavam essa 
carreira deveriam passar pela escola de escribas e aprendiam, também, a 
desenhar com muita habilidade e a dominar o idioma, a literatura e a história do 
país. Ainda, deveriam possuir amplos conhecimentos de matemática, processos 
administrativos, mecânica e desenho arquitetônico.
Para escrever, os escribas utilizavam objetos de metal, osso e marfi m, sendo 
que uma das extremidades era larga e pontiaguda e a outra plana, em forma 
de paleta, com a fi nalidade de corrigir o texto,alisando o material arranhado ou 
errado.
Essa escrita começou a ser utilizada para controlar a produção agrícola 
e pecuária, registrando o número de sacas de trigo, de cabeças de boi, entre 
outros. Mais tarde, serviu para registrar as narrações históricas, relatos épicos 
e religiosos e outros tipos de inscrições com a intenção de preservar a memória 
desses feitos. 
Para facilitar seu estudo, apresentamos um breve resumo das escritas 
antigas e suas principais características com base no texto de Pimentel, Bernardes 
e Santana (2007, p. 17). Nele, aparecem escritas criadas por diversos povos com 
a intenção de resolver suas necessidades, como nos mostra o Quadro 1 a seguir:
QUADRO 1 – ESCRITAS ANTIGAS E CARACTERIZAÇÕES
Escrita antigas Caracterização
Cuneiforme Escrita idealizada pelos sumérios em forma de fi guras gravadas 
sob tábuas de argila com estilete. Em seguida, a página era cozida 
no forno.
Hieroglífi ca
Escrita utilizando “hieróglifo” (inscrição sagrada). Ela possibilitou 
aos egípcios grafar diversos dados de sua cultura por meio de 
signos, sendo composta por cerca de 1.000 sinais. As ideias 
passaram a ser grafadas por sinais — cada um com seu valor 
fonético — e não mais por desenhos. 
Mnemônica Escrita utilizada pelos incas da América do Sul, utilizando dois 
sistemas: os equipos e os wampus.
Fonética Escrita com a intenção de fi xar o pensamento humano. A imagem 
visual foi substituída pela sonora, dando início à escrita silábica, 
em que os sinais representavam sons.
Ideográfi ca Escrita na qual os objetos eram representados por sinais que 
representavam ideias. Por exemplo: a escrita chinesa.
FONTE: A autora.
19
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Equipos: formados por cordões de lã em cores diversas, nos 
quais as amarrações e os nós representavam uma ideia (transmitiam 
ideias e não palavras).
Wampus: um sistema baseado em colares de conchas 
justapostas, cujas combinações formavam fi guras geométricas. De 
acordo com Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 16), cada uma 
assumia um signifi cado para facilitar a memorização.
A fase alfabética, por sua vez, caracteriza-se como a escrita que utilizamos 
em nosso país hoje, ou seja, a escrita alfabética. Essa escrita utiliza letras 
que representam sons. Na época de consolidação, o ideograma deu lugar à 
representação fonográfi ca, eliminando seu valor pictórico (CAGLIARI, 1989).
Os sistemas mais relevantes dessa fase são o semítico, o indiano e o greco-
latino. “Este último deu origem ao nosso alfabeto (latino) e o cirílico (grego), ao 
alfabeto atual russo” (CAGLIARI, 1989, p. 109). A Figura 8 traz um alfabeto com 
vinte a trinta signos cuneiformes, sendo o alfabeto mais completo descoberto em 
Ugarit (atualmente Ras-Shamara, na Costa da Síria).
FIGURA 8 – ALFABETO CUNEIFORME
FONTE: <https://biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/
monografi a_20190503163431.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2020.
Em conformidade com os estudos de Cagliari (1989), o alfabeto que 
conhecemos hoje passou por inúmeras transformações e, na maioria das vezes, 
eram muito lentas. Inicialmente, foram elaborados os silabários, que consistiam 
em um conjunto de sinais específi cos para representar cada sílaba, com desenhos 
que se referiam às características fonéticas da palavra. A partir desses silabários, 
os fenícios criaram um alfabeto com 22 signos cuneiformes. Esse feito foi 
20
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
considerado um grande avanço quando comparado com as tentativas anteriores, 
pois a grande quantidade de caracteres difi cultava o domínio da leitura e da 
escrita. Com a quantidade mais reduzida de signos, aprender a ler e a escrever 
poderia estar ao alcance desse povo.
FIGURA 9 – ESCRITA ALFABÉTICA INICIAL
FONTE: <http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/impresso/
imp_basico/e1_assuntos_a1-4.html>. Acesso em: 20 abr. 2020.
Assim, os fenícios, por serem comerciantes e navegadores, difundiram 
rapidamente a nova invenção do alfabeto entre os povos do Mediterrâneo: o 
aramaico, o hebraico, o copta, o árabe e o grego. Desse modo, acredita-se que 
o alfabeto fenício acabou estimulando outros povos a criarem, em conformidade 
com suas línguas, seus próprios sistemas de escrita. O povo grego deve a 
invenção de seu alfabeto aos fenícios. Os gregos substituíram cada som por uma 
letra, formando, assim, o primeiro alfabeto da história. 
Do alfabeto grego, “originou-se o etrusco, que deu origem ao latim, que, por 
sua vez, deu origem ao português” (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, 
p. 18) Portanto, a escrita alfabética somada à descoberta do papel possibilitou 
a democratização do conhecimento. Assim, o que “antes era privilégio somente 
de escribas, membros da igreja e da realeza, passou a fazer parte do cotidiano 
de diferentes segmentos sociais” (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 
18). 
Entretanto, nessa época, o livro era escrito manualmente, logo, era um 
objeto raro. Os leitores desses livros eram os sacerdotes e reis que ocupavam os 
palácios e os templos religiosos, pois só eles sabiam ler e escrever. Até quando 
durou esse contexto? Tal contexto só começou a ser alterado com a valiosa 
descoberta do papel e a invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, no século 
XV. Nesse novo contexto, ler e escrever ganharam novos contornos, ou seja, os 
livros começaram a se multiplicar, ampliando o conhecimento. Com isso, surgem 
as bibliotecas para acomodá-los e, ao mesmo tempo, possibilitar a disseminação 
do conhecimento por meio deles. Nesse sentido, as bibliotecas vão contribuir de 
forma signifi cativamente nesse processo, embora com um aspecto mais formal, 
mais voltadas para a preservação do acervo do que para sua disseminação. 
21
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
FIGURA 10 – PRENSA DE JOHANNES GUTENBERG
FONTE: <www.tricurioso.com/2018/05/16/quem-inventou-o-primeiro-
caderno/prensa-gutenberg-tricurioso/>. Acesso em: 10 abr. 2020.
Essas bibliotecas eram vistas como espaços para intelectuais. Os livros ainda 
eram privilégio de poucos e exigiam tratamento especial e cuidados para serem 
guardados. Entretanto, não podemos desconsiderar as valiosas contribuições que 
Gutenberg trouxe para ampliar e disseminar o conhecimento no mundo. Os livros 
tidos como artigos raros se transformaram em material de consumo e começaram 
a ocupar o espaço doméstico de algumas classes. Essa singular mudança deu 
sentido à organização de bibliotecas, que, por sua vez, assumiu novos rumos, 
novas missões e funções, bem como outros objetivos. “Se, antes, as bibliotecas 
eram espaços silenciosos para guardar livros, hoje, com o avanço das novas 
tecnologias da comunicação e da informação, elas passaram a agregar novas 
formas de difusão da cultura” (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 19). 
Para refl etir melhor sobre os efeitos da sociedade do 
conhecimento sobre o uso das tecnologias na sala de aula, sugere-se 
que você assista ao vídeo As tecnologias na sala de aula. Disponível 
em: https://www.youtube.com/watch?v=CJWOFbuwiPg. 
Em síntese, é possível constatar o longo caminho que os nossos 
antepassados tiveram de percorrer até chegar ao nosso conhecido papel, ao livro, 
ao computador, ao CD-ROM, à internet e aos e-books. Com a democratização do 
conhecimento, da escola e dos livros, as bibliotecas tiveram de se transformar e 
ocupar espaços informacionais. Os livros ganharam outros formatos para atender 
aos diversos leitores e às diferentes necessidades da sociedade como um todo 
(PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 20).
22
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de LeituraEmbora tendo algumas ressalvas em relação ao valor do livro, que ainda 
continua sendo um investimento fi nanceiro caro para grande parte dos leitores 
das classes populares, o mercado editorial, com vista atender à modernidade 
tecnológica e às novas demandas que buscam disseminar o conhecimento, 
aumentou sua capacidade e passou a produzir grande tiragem em curto período 
de tempo. Esse processo contribuiu substancialmente para a democratização e a 
difusão do conhecimento, do livro e da leitura no país.
Isso corrobora com o pensamento de Pimentel, Bernardes e Santana 
(2007, p. 20), que afi rmam: “a biblioteca é uma alternativa de inclusão social e 
se confi gura como um ambiente democrático, tendo a informação como uma 
ferramenta importante para a conscientização dos direitos e deveres de cada 
cidadão como membro da sociedade”. É nessa direção que vamos, na próxima 
seção, dar continuidade à discussão das contribuições inclusivas que tanto 
a biblioteca quanto a sala de leitura podem trazer para a escola, a família e a 
comunidade de um modo geral.
Solicitamos que leia o artigo A importância da biblioteca nas 
escolas públicas municipais de Criciúma – Santa Catarina, de Valmira 
Perucchi. Fazendo uso dos conhecimentos adquiridos e dos aspectos 
abordados no artigo supracitado, apresente um texto com o propósito 
de responder ao seguinte questionamento: qual a importância da 
biblioteca para incentivar a aprendizagem dos estudantes?
FONTE: PERUCCHI, V. A importância da biblioteca nas 
escolas públicas municipais de Criciúma-Santa Catarina 
p. 80-97. Revista ACB, v. 4, n. 4, p. 80-97, 1999.
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CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
1.2 DIÁLOGO QUE BUSCA 
CONCEITUAR A BIBLIOTECA 
ESCOLAR COMO CENTRO DE 
INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO, SUAS 
FUNÇÕES E CONTRIBUIÇÕES PARA 
A COMUNIDADE ESCOLAR 
Nesta seção, vamos dialogar sobre a conceituação, missões e objetivos que 
caracterizam a biblioteca escolar e a sala de leitura, além de suas contribuições 
para a escola, a família e a comunidade de um modo geral. Os estudos têm 
mostrado que as inovações tecnológicas e as mudanças no rumo da economia 
mundial têm exigido alterações profundas em nosso modo de viver na sociedade 
contemporânea. Nesse momento, uma das exigências mais signifi cativas é 
que as pessoas façam a aquisição de novos conhecimentos, os quais devem 
ser apropriados de forma rápida e ativa, sendo responsáveis e consistentes. 
Além dessa exigência, os sujeitos devem articular novos conhecimentos à 
sua compreensão do mundo e experiência pessoal. Assim, cabe aos sujeitos 
entrelaçar saberes práticos e conhecimentos científi cos de forma consistente e 
veloz, pois as informações se tornam obsoletas em tempo recorde. 
FIGURA 11 – BIBLIOTECA ESCOLAR E SUAS 
CONTRIBUIÇÕES PARA COMUNIDADE ESCOLAR
FONTE: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/
article/view/16001/12044>. Acesso em: 10 abr. 2020.
A educação escolar, nessa perspectiva, vislumbra contribuir com o 
desenvolvimento dos estudantes, bem como atender às necessidades desse 
contexto e nele intervir de maneira qualitativa. Além disso, deve mediar, ao longo 
da escolarização, a formação dos estudantes em todas as dimensões humanas, 
construindo com eles, além das aprendizagens dos conhecimentos científi cos, 
princípios e fenômenos (BRASIL, 1998). Ainda, no mesmo nível de importância 
das aprendizagens, construir valores humanos, éticos, estéticos, conscientização 
24
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
sobre seus direitos e deveres na comunidade, respeito a si e aos outros e atitudes 
de cooperação, de aceitação do outro e de tolerância, entre outros. 
Para enfrentar esses desafi os, os sistemas de educação devem fundamentar 
seus objetivos em torno dos quatro pilares da educação, mencionados no Relatório 
para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. 
Esses pilares orientam o projeto político-pedagógico em relação à “aquisição de 
novas atitudes e valores, como a convivência e o trabalho em colaboração, além 
da capacidade de aprender a conhecer e a enfrentar novos desafi os de forma 
autônoma” (DELORS, 2010, p. 31). São eles:
FIGURA 12 – PILARES DA EDUCAÇÃO
Aprender a conviver
aquisição do conhecimento a respeito 
dos outros, gestão inteligente e 
apaziguadora dos confl itos inevitáveis
Aprender a ser
aquisição da capacidade de autonomia 
e discernimento, acompanhados 
de responsabilidade pessoal na 
realização de um destino coletivo
Aprender a fazer
aquisição de competências que 
deem condições ao indivíduo a 
enfrentar diversas situações
Aprender a conhecer
aquisição da cultura geral, sendo 
esta o primeiro passo para a 
educação permanente
Pilares da
educação
FONTE: A autora.
Com base nos eixos de aprendizagem e valores humanos citados nos 
Pilares da Educação, torna-se relevante que a escola busque desenvolver, 
com os estudantes, novas formas de ensino para aprenderem a pensar, agir e 
se comunicar. Essas formas de apropriação do conhecimento têm de conjugar 
desenvolvimento humano, aprendizagem e atendimento às necessidades 
exigidas pela sociedade nos dias de hoje, ou seja, as escolas, aqui, são vistas 
como as principais instituições capazes de formar cidadãos que satisfaçam às 
exigências da sociedade contemporânea. Para tanto, as escolas que desenvolvem 
um processo de ensino de qualidade contam com recursos, infraestrutura, 
equipamentos adequados e profi ssionais qualifi cados. 
Partindo dessa compreensão, a biblioteca escolar pode ser um espaço-lugar 
capaz de auxiliar a escola na formação dos estudantes como cidadãos críticos e 
refl exivos do nosso tempo, isto é, cidadãos capazes de lidarem com as exigências 
da sociedade de informação e comunicação.
25
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Esta seção tem como objetivo dialogar sobre a biblioteca escolar e a sala de 
leitura como espaços de informação, comunicação e aprendizagem. Para iniciar 
este diálogo, recorremos ao matemático e bibliotecário indiano, Shiyali Ramamrita 
Ranganathan (1892-1972). Assim, quando se pensa em defi nir o que é biblioteca, 
temos de revisitar as cinco leis da biblioteconomia elaboradas por ele. São elas: 
1. Os livros são para usar.
2. A cada leitor, seu livro.
3. A cada livro, seu leitor.
4. Poupe o tempo do leitor.
5. A biblioteca é um organismo em crescimento ou a biblioteca 
é um organismo vivo (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 221). 
Ranganathan defi ne as leis que caracterizam a biblioteca, além disso, valoriza 
a biblioteca como um espaço dinâmico, vivo e que cresce todos os dias. Destaca, 
ainda, a relação entre livro e leitor, sinalizando a diversidade dos leitores e das obras, 
bem como a necessidade de os profi ssionais estimularem a disseminação do acervo 
da biblioteca de forma rápida e prazerosa. Nesse sentido, o matemático criou leis 
que incidem de forma direta sobre as principais atividades da biblioteca e, ao mesmo 
tempo, aponta a necessidade de inovação e renovação das atividades nesse espaço. 
Para dar conta dessas exigênciasde inovação e renovação, o profi ssional precisa 
conhecer o acervo e a comunidade que a biblioteca está inserida para entregar um 
trabalho de qualidade ao usuário, especialmente quando se trata de estudantes, uma 
vez que são eles quem dão sentido a esse espaço no ambiente escolar. 
É interessante conferir, inicialmente, o que caracteriza o termo biblioteca de um 
modo geral. Ferreira (1986, p. 253) defi ne o termo biblioteca em seu dicionário como: 
(i) A palavra biblioteca é formada da união dos termos gregos 
biblíon (livro) e theka (caixa), signifi cando o móvel ou o 
lugar onde se guardam livros.
(ii) Coleção pública ou privada de livros e documentos 
congêneres, organizada para estudo, leitura e consulta.
(iii) Edifício ou recinto onde se instala essa coleção.
(iv) Estante ou outro móvel onde se guardam e/ou ordenam os livros. 
A defi nição de Ferreira (1986) mencionada anteriormente traz elementos que 
caracterizam a biblioteca como, por exemplo, lugar que guarda livros; coleção 
de livros e documentos organizados para estudo, leitura e pesquisa; livros 
ordenados em estante ou móvel. Assim, é possível afi rmar que uma sala com 
livros espalhados pode ser vista como um depósito – e não uma biblioteca. Nessa 
direção, Milanesi (1986, p. 32) ressalta que a organização dos livros e materiais 
“[...] pode tornar possível concretizar a função pensada para a biblioteca, mas não 
é só a organização que conta”. Nessa perspectiva, a organização da biblioteca 
pode ser tanto física quanto intelectual, apresentando-se desde as formas 
26
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
concretas de organização do acervo até a concepção que está por trás das 
escolhas técnicas (PAIVA; DUARTE, 2016, p. 90).
De acordo com o matemático e bibliotecário indiano Ranganathan, é possível 
constatar que a defi nição de biblioteca se modifi ca ao longo da história. Para 
Fonseca (1992, p. 60), a biblioteca pode ir além daquilo que geralmente se pensa 
quando nos referimos a ela como o lugar que abriga coleções de livros ordenados 
e documentos organizados e também passamos a vê-la como o espaço que 
recepciona e agrega usuários que buscam informações. Isso quer dizer que a 
biblioteca pode ter seu foco voltado para as pessoas e no uso que essas fazem 
da informação, oferecendo meios para que ela circule da forma mais dinâmica 
possível (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007).
Nessa direção, é comum autores criarem uma tipologia para cada 
biblioteca a partir das funções que desempenham na sociedade. De acordo com 
esse entendimento, elas podem ser caracterizadas como: nacional, pública, 
especializada, universitária, escolar, infantil, como aparecem na Figura 13 a seguir: 
FIGURA 13 – BIBLIOTECAS E ALGUMAS TIPOLOGIAS
Nacional Especializada
InfantilUniversitária Escolar
Pública
FONTE: A autora.
As bibliotecas que aparecem na Figura 13, como você pode verifi car, possuem 
propósitos distintos. Assinalamos que distribuir as bibliotecas nesse rol pode 
contribuir para atender ao usuário de forma mais assertiva, como orientam as leis da 
biblioteconomia, a saber: a cada leitor, seu livro; a cada livro, seu leitor; e poupe o tempo 
do leitor nesses tempos que todos vivem acelerados e sem poder perder tempo. 
27
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
QUADRO 2 – BIBLIOTECAS E ALGUMAS TIPOLOGIAS
Pública – é encarregada de administrar a leitura e a informação para a comunidade em 
geral, sem distinção de sexo, idade, raça, religião e opinião política.
Pública – é encarregada de administrar a leitura e a informação para a comunidade em 
geral, sem distinção de sexo, idade, raça, religião e opinião política.
Especializada – é encarregada de promover toda informação especializada de 
determinada área, como, por exemplo, agricultura, direito, indústria, entre outras.
Universitária – é parte integrante de uma instituição de ensino superior e sua fi nalidade é 
oferecer apoio ao desenvolvimento de programas de ensino e à realização de pesquisas.
Escolar – é organizada na escola para integrar-se à programação da sala de aula e no 
desenvolvimento do currículo escolar. Funciona como um centro de recursos educativos, 
tendo como objetivo primordial desenvolver e fomentar a leitura e a informação. Poderá 
servir como suporte para a comunidade em suas necessidades.
Infantil – é organizada com o objetivo primordial de atender crianças com diversos 
materiais que poderão enriquecer horas de lazer. Visa, ainda, despertar o encantamento 
pelos livros, pela leitura e pela formação do leitor
FONTE: Adaptado de Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 23).
Depósito legal: obriga os editores a depositar ali vários 
exemplares de cada obra impressa (PIMENTEL; BERNARDES; 
SANTANA, 2007, p. 23).
É interessante entender a tipologia de cada biblioteca, já que pode ajudar os 
profi ssionais, especialmente os bibliotecários, a perceberem a função social e as 
suas especifi cidades para desenvolverem a gestão desses espaços de forma mais 
adequada com a comunidade na qual estão inseridas, evidenciando, principalmente, 
suas necessidades, anseios por informação e práticas culturais, como destacam 
Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 23). Para estabelecer as diretrizes e 
ações para cada uma das bibliotecas, os profi ssionais precisam conhecer, também, 
as necessidades e expectativas da comunidade. Essa orientação pode oportunizar 
resultados mais positivos em relação ao fazer cultural e educacional.
Apesar da importância de continuar analisando a tipologia das bibliotecas, 
faz-se necessário nos concentrarmos na discussão que fundamenta a estrutura da 
organização do conhecimento em que se baseia a concepção, o espaço físico e os 
serviços da biblioteca dentro da escola, além do trabalho do profi ssional responsável 
por essa função específi ca e a entrega de seus serviços à comunidade escolar.
Nos dias de hoje, como concebemos a biblioteca escolar e a sala de leitura?
28
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 14 – BIBLIOTECA MARIO DE ANDRADE – SÃO PAULO
FONTE: <http://recantoadormecido.com.br/2014/03/11/biblioteca-mario-de-
andrade-oferece-curso-de-historia-em-quadrinhos/>. Acesso em: 10 ago. 2020.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/2019) 
informa que, das 180 mil escolas brasileiras de educação básica, 98 mil ou 55% delas 
não têm biblioteca escolar ou sala de leitura. Em função desses dados, recorremos 
aos ensinamentos de Maciel, Barbato e Queiroz (2010), quando elas afi rmam que é 
necessário criar políticas públicas educacionais brasileiras, especialmente a implantação 
de bibliotecas escolares e salas de leitura no país, para efetivar a democratização da 
escola e do acesso à leitura, ao livro e à aprendizagem dos estudantes da educação 
básica. Nessa perspectiva, é importante conhecer a trajetória da biblioteca escolar e da 
sala de leitura no contexto brasileiro para enxergar possibilidades nesse campo. 
Silva (2011) nos ajuda a revisitar o contexto histórico dessa temática. Assim, 
as primeiras bibliotecas escolares brasileiras foram implantadas nos colégios 
jesuítas construídos na Bahia durante a metade do século XVI. Mais tarde, outras 
capitanias foram agraciadas de forma expressiva com esses equipamentos 
até o fi nal do século XVIII. Apesar de as bibliotecas escolares dessa época se 
confi gurarem de modo mais formais, “os profi ssionais já percebiam o potencial 
delas na melhoria do ensino e da aprendizagem dos alunos” (SILVA, 2011, p. 490).
A partir da crença positiva em relação à biblioteca escolar, os estudiosos 
vêm construindo, ao longo da história brasileira, diversas conceituações acerca 
dessa biblioteca, umas mais amplas e outras mais restritas. Eles têm destacado, 
também, as contribuições da sala de leiturapara as práticas leitoras tanto dos 
estudantes quanto dos professores. Nessa perspectiva, Fonseca (2007, p. 5) 
conceitua a biblioteca escolar como o espaço que busca “fornecer livros e material 
didático tanto a estudantes quanto a professores”. 
Analisando o conceito de Fonseca, podemos verifi car que ele guarda 
semelhança com a forma que a Lei n. 12.244, de 24 de maio 2010, considera, 
em seu art. 2º, a biblioteca escolar. Ou seja, ela é vista como “a coleção de livros, 
materiais videográfi cos e documentos registrados em qualquer suporte destinados à 
29
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
consulta, pesquisa, estudo ou leitura” (BRASIL, 2010). Embora a Lei n. 12.244/2010 
imprima, de modo geral, a valorização da biblioteca escolar, ela não avança em sua 
conceituação, especialmente nos tempos de informação e comunicação digitais.
A biblioteca na escola também foi conceituada como “um espaço desejável que, 
contudo, pode ser substituído, com adaptações e soluções criativas” (PEREIRA, 
2006, p. 23). Já Campello et al. (2002, p. 10) destacam que a biblioteca escolar 
pode ser conceituada tanto na formação do leitor quanto na formação do aluno com 
“competência informacional, capaz de localizar, selecionar e interpretar informações 
em diversos suportes”. Souza defi ne que a tarefa de mediação da leitura literária 
é considerada prioridade na biblioteca escolar (SOUZA, 2009), enquanto Côrte e 
Bandeira (2011) afi rmam que, no contexto da legislação educacional brasileira, a 
biblioteca deve trabalhar articulada ao processo de ensino e aprendizagem. Para as 
autoras, a biblioteca escolar é compreendida como:
[...] um espaço de estudo e construção do conhecimento, 
articula com a dinâmica da escola, desperta o interesse 
intelectual, favorece o enriquecimento cultural e incentiva a 
formação do hábito da leitura. Jamais será uma instituição 
independente, porque sua atuação refl ete as diretrizes de outra 
instituição que é a escola (CÔRTE; BANDEIRA, 2011, p. 8).
A conceituação de Côrte e Bandeira (2011) destaca que a biblioteca escolar tem 
de desenvolver seu plano de trabalho de modo coerente e articulado com o caminho 
traçado no projeto político-pedagógico e sua concepção de educação interdisciplinar, 
especialmente o contexto de promoção da leitura e a estrutura física adequada.
Já o Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar – GEBE compreende a 
biblioteca escolar como:
Um espaço físico exclusivo, sufi ciente para acomodar o acervo, os 
ambientes para serviços e atividades para usuários e os serviços 
técnicos e administrativos; materiais informacionais variados, que 
atendam aos interesses e necessidades dos usuários; acervo 
organizado de acordo com normas bibliográfi cas padronizadas, 
permitindo que os materiais sejam encontrados com facilidade 
e rapidez; acesso a informações digitais (internet); espaço 
de aprendizagem; administração por bibliotecário qualifi cado, 
apoiado por equipe adequada em quantidade e qualifi cação para 
fornecer serviços à comunidade escolar (GEBE, 2010, p. 9).
Na compreensão do GEBE, podemos constatar que ele ressalta a estrutura física 
e administrativa da biblioteca de forma qualifi cada e detalhada, incluindo a pesquisa 
de informações por meio dos dispositivos digitais para atender aos interesses e às 
necessidades dos usuários. Além disso, caracteriza a biblioteca escolar não apenas 
como um espaço promotor de leitura, mas um espaço que pode potencializar 
30
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
a aprendizagem dos estudantes. Essa última caracterização se diferencia das 
conceituações elaboradas anteriormente por Souza (2009), Côrte e Bandeira (2011) 
e Pereira (2006). Nessa perspectiva, a biblioteca escolar pode ser vista, segundo 
Campello (2012, p. 16), como um “laboratório que propicia a conexão das ideias e a 
construção do conhecimento”. A autora ainda defende que a biblioteca escolar pode 
ampliar signifi cativamente suas atividades e contribuir para a “mudança de paradigma 
da leitura para o paradigma da aprendizagem”. (CAMPELLO, 2012, p. 7).
Com isso, Campello (2012, p. 15) reforça a ideia de que: 
A biblioteca escolar deve deixar de ser apenas o local onde está 
o acervo de livros para leitura e passar a oferecer atividades 
específi cas de formação do estudante, principalmente em 
competências informacionais, desde a escolha de materiais 
até o uso e a comunicação do que foi encontrado.
Em 2012, Lúcia Maroto defendeu a ideia de que uma biblioteca escolar poderia 
assumir o status de “um centro dinamizador da leitura e difusor do conhecimento 
produzido pela coletividade”, constituindo-se, portanto, em uma “oportunidade 
concreta de acesso ao patrimônio científi co e cultural” para os alunos (MAROTO, 
2012, p. 75). Observamos que essa autora está ampliando sua concepção de 
biblioteca escolar, pois, ao longo de sua trajetória, vem se dedicando à execução de 
boas práticas em bibliotecas escolares, quase todas ligadas à leitura literária.
Já a pesquisadora espanhola, Glória Durban Roca, pontua, em seu livro publicado 
no Brasil em 2012, que os aspectos mais relevantes da biblioteca escolar se encontram 
em um espaço educacional e suas dimensões física, literária e educacional. Na 
dimensão física, a preocupação da biblioteca escolar deve facilitar a seleção coordenada 
de materiais informativos e literários que favoreçam o desenvolvimento de práticas de 
leituras e habilidades intelectuais. Na dimensão educacional, deve promover a criação de 
processos de ensino e aprendizagem voltados para apoiar o projeto político-pedagógico 
da escola (DURBAN ROCA, 2012). Para a autora, a biblioteca escolar não é um “centro 
de recursos a serviço da aprendizagem”, mas, um “contexto de aprendizagem onde a 
interação dos usuários com determinados recursos, processos de ensino e aprendizagem 
e práticas de leitura são facilitados” (DURBAN ROCA, 2012, p. 26). Assim, os usuários 
podem desenvolver, nessa biblioteca, ao longo de sua escolarização, práticas de leitura, 
de acordo com diferentes objetivos e fi nalidades, utilizando os múltiplos materiais que a 
biblioteca oferece. Por ser um contexto de desenvolvimento de competências intelectual 
e emocional imprescindíveis para os estudantes, a biblioteca escolar poderá fomentar 
recursos básicos para o desenvolvimento pessoal e social.
Durban Roca (2012) defi ne, ainda, a biblioteca escolar como aquela que conta 
em seu acervo materiais impressos e recursos eletrônicos, contribuindo para a 
formação dos estudantes e direcionada à emancipação deles. Para a autora, essa 
31
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
emancipação ocorre pela manipulação e produção autônoma do conhecimento 
por meio dos recursos oferecidos pela biblioteca escolar aos seus usuários. Esses 
recursos certamente contribuem para o desenvolvimento dos Pilares da Educação, 
em especial com os eixos do aprender a conhecer e aprender a fazer. 
Durban Roca (2012) nos presenteia, ainda, com o conceito de biblioteca 
escolar explicitado no Quadro 3. Nele, são apresentadas duas dimensões: 
atividade-meio e atividade-fi m para a biblioteca escolar. A atividade-meio 
potencializa a dimensão educacional como recurso e agente pedagógico 
interdisciplinar e a atividade-fi m estrutura a organização física. Enfi m, “a biblioteca 
escolar não só apoia as atividades pedagógicas da escola, mas também, ela 
própria, é local e oportunidade de aprendizagem” (DURBAN ROCA, 2012, p. 100).
QUADRO 3 – CONCEITO DE BIBLIOTECA E SUAS 
CONTRIBUIÇÕES PARA A COMUNIDADE ESCOLAR
Conceito Ação Contribuições
Dimensão física
Estruturaorganizada 
estável
Facilitar
A seleção coordenada de materiais informativos e literários.
A centralização dos recursos para assegurar seu uso 
compartilhado. O acesso a materiais diversos e de qualidade.
A existência de um lugar de encontro e de relações 
pessoais.
A criação de um contexto presencial de aprendizagem 
e leitura.
Contexto 
presencial de 
aprendizagem 
e leitura
Favorecer
O desenvolvimento de práticas de leitura e de habilidades 
intelectuais.
A realização de trabalhos de pesquisa e de atividades 
de leitura.
A criação de um ambiente de leitura e de escrita na escola.
O uso da biblioteca como recurso educacional.
Dimensão educacional
Recurso 
educacional Promover
A criação de processos de ensino-aprendizagem.
As ações de atendimento às necessidades especiais e 
de compensação de desigualdade entre os alunos.
As ações de envolvimento das famílias no incentivo à leitura.
O apoio pedagógico à prática docente.
Agente 
pedagógico 
interdisciplinar
Apoiar
O desenvolvimento do projeto curricular e educacional 
da escola.
A prática educacional no âmbito pedagógico e de 
conteúdo curricular.
A projeção de situações de aprendizagem por pesquisa 
e desenvolvimento da prática de leitura e escrita.
Os processos de melhoria do ensino iniciados na escola.
FONTE: Durban Roca (2012, p. 100).
32
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
A conceitualização de Durban Roca (2012) apresentada no Quadro 3 
é muito interessante, considerando que ela explicita as contribuições das 
duas dimensões: física e educacional da biblioteca. Além disso, cria um 
desdobramento dos objetivos de cada ação na contribuição da biblioteca 
escolar para a comunidade escolar, incluindo a formação dos leitores estudantes 
e a participação das famílias nesse processo, o apoio à comunidade escolar 
na transmissão da cultura, a pesquisa para apoiar a comunidade escolar e 
a discussão acerca da diversidade e as necessidades individualizadas dos 
participantes de uma forma bem completa. 
Já Pierruccini (2004, p. 58) conceitua a biblioteca escolar como “dispositivo 
que ordena, organiza, prescreve de tal modo que cria uma ordem informacional 
e, portanto, não apenas disponibiliza informações, mas diz, conta, narra – produz 
signifi cados”. Para a autora, essa ordem informacional precisa ser dialógica, entre 
a biblioteca e todos os atores da escola, e não monológica, a partir do profi ssional 
responsável pela biblioteca e as ferramentas da biblioteconomia.
É ressaltado por Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 25) que: 
[...] a escola, um espaço de aprendizagem permanente, é 
preciso usufruir das coisas boas que lá existem e desenvolver 
suas potencialidades ajudando, assim, a escola a crescer 
[...], portanto a biblioteca escolar não deve ser só um espaço 
de ação pedagógica, servindo como apoio à construção do 
conhecimento e de suporte a pesquisas. Deve ser, sim, um 
espaço para que todos que nela atuam possam utilizá-la como 
uma fonte de experiência, exercício da cidadania e formação 
para toda a vida.
O Manifesto da UNESCO (1976, p. 158-159), documento imprescindível que 
dá sustentação a todas as ações da biblioteca, vê a biblioteca escolar como a 
porta de entrada para o conhecimento, fornecendo as condições básicas para 
o aprendizado permanente, autonomia das decisões e para o desenvolvimento 
cultural dos estudantes, profi ssionais da educação e grupos sociais.
No tocante às salas de leitura nas escolas, observa-se que elas se constituem 
como um espaço muito específi co que promove a leitura e, acima de tudo, 
guardam livros e outros materiais impressos destinados a alunos, professores, 
funcionários e membros da comunidade. 
De acordo com Corredor (2014, p. 2), apesar da riqueza do trabalho de 
leitura que ocorrem nessas salas, 
33
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
[...] há, também, limitações nas atividades devido à 
manutenção e à administração dessas salas, uma vez que 
geralmente não se tem uma pessoa responsável, ou seja, uma 
Orientadora da Sala de Leitura que se responsabilize para 
coordenar os projetos relacionados à leitura ou um problema 
que comprometa toda a potencialidade desse espaço. 
É possível que, na ausência de uma proposta direcionada à leitura na escola, 
todo um conjunto de livros que poderiam ser disponibilizados aos alunos acaba 
sendo “[...] subutilizados. Digo subutilizados não como julgamento de quem sabe 
como seria o ‘jeito certo’ de se utilizar um livro, mas como consequência do 
raciocínio de que ler um livro vai além de tê-lo diante de si e reconhecer o texto e 
as imagens ali impressas” (CORREDOR, 2014, p. 2).
A proposta da sala de leitura, seja pelo próprio processo que originou esse projeto 
ou pela dinâmica da política de ensino da escola, geralmente tem trazido aos estudantes 
experiências vagas, intermitentes ou quase nulas com relação ao desenvolvimento da 
competência leitora em um processo dialógico, considerando que esse processo pede 
um conhecimento sobre o nosso estar no mundo, como destaca Freire em seu livro A 
importância do ato de ler: em três artigos que se completam (FREIRE, 1989).
Nesse sentido, faz-se necessário refl etir sobre os objetivos do projeto 
político-pedagógico de sua escola em relação ao desenvolvimento da leitura e a 
orientação feita anteriormente por Campello (2012), na qual a pesquisadora diz 
que a biblioteca deve ultrapassar o paradigma da leitura e passar a promover o 
paradigma da aprendizagem junto com os estudantes e a equipe docente. Nesse 
caso, essa orientação deve ser estendida à proposta pedagógica da sala de leitura.
Isso porque, na escola, a prática da leitura, apesar de o discurso ofi cial dos 
órgãos de educação apontar o contrário, está muito relacionada à ressignifi cação 
da linguagem escrita. Corredor (2014) afi rma que há muitas semelhanças entre a 
biblioteca escolar e a sala de leitura, não apenas nas práticas que teoricamente visam 
exercitar a capacidade de leitura dos estudantes. A sala de leitura complementaria 
a proposta de atividades da biblioteca escolar. Observamos, ainda, o compromisso 
comum desses espaços para que os estudantes atinjam um melhor desempenho em 
leitura. No que diz respeito às diferenças, podemos listar, por exemplo, a hierarquia 
e a atmosfera formal que existem nas bibliotecas escolares, as quais são diferentes 
da sala de leitura, embora tenham consciência de seu objetivo comum. Com isso, 
constatamos que a sala de leitura parece mais restrita que a da biblioteca escolar.
Analisando os conceitos expostos acerca da biblioteca escolar até 
aqui, observamos uma ampliação positiva do conceito da biblioteca escolar, 
considerando que esse espaço vai se transformando para atender às necessidades 
dos usuários, em especial os estudantes, em conformidade com as exigências da 
34
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
sociedade contemporânea. Nesse sentido, Paiva e Duarte (2016 apud Prestebak, 
2001) afi rmam que há três elementos que caracterizam a biblioteca – informação, 
educação e lazer, os quais mudaram muito pouco desde 1918. Entretanto, a 
biblioteca escolar evoluiu, mas esses serviços centrais ainda são fundamentais.
Para o desenvolvimento das competências informacionais, culturais, sociais 
e educativas de seus usuários, a biblioteca escolar deve cumprir a missão defi nida 
no Manifesto, aprovado no ano de 2000. Isto é, cabe à biblioteca escolar oferecer 
serviços de aprendizagem, livros e outros recursos a toda a comunidade escolar, 
sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua e situação 
social, para que desenvolva o pensamento crítico e utilize, de maneira efi caz, a 
informação, apoiada no inciso IV, do artigo 3º, que trata dos direitos fundamentais 
da Constituição Federal de 1988 (BRASIL,1988).
Consoante com a missão mencionada do Manifesto aprovado no ano de 
2000, a biblioteca escolar e a sala de leitura devem cumprir os objetivos defi nidos 
no documento. No Quadro 4, a seguir, assinalamos os objetivos que ambos os 
espaços escolares devem colocar em prática para atender às necessidades dos 
usuários na escola (IFLA, 2000, p. 2).
QUADRO 4 – OBJETIVOS DA BIBLIOTECA ESCOLAR E SUA PRÁTICA
OBJETIVOS DA BIBLIOTECA ESCOLAR E SUA PRÁTICA 
Apoiar e intensifi car a consecução dos objetivos educacionais defi nidos na missão e no 
currículo da escola;
desenvolver e manter nas crianças o hábito e o prazer da leitura e da aprendizagem, bem 
como o uso dos recursos da biblioteca ao longo da vida; 
oferecer oportunidades de vivências destinadas à produção e uso da informação voltada 
ao conhecimento, à compreensão, imaginação e ao entretenimento; 
apoiar todos os estudantes na aprendizagem e prática de habilidades para avaliar e usar 
a informação, em suas variadas formas, suportes ou meios, incluindo a sensibilidade para 
utilizar adequadamente as formas de comunicação com a comunidade onde estão inseridos; 
prover acesso em nível local, regional, nacional e global aos recursos existentes e às 
oportunidades que expõem os aprendizes a diversas ideias, experiências e opiniões; 
organizar atividades que incentivem a tomada de consciência cultural e social, bem como 
de sensibilidade; 
trabalhar em conjunto com estudantes, professores, administradores e pais, para o 
alcance fi nal da missão e objetivos da escola; 
proclamar o conceito de que a liberdade intelectual e o acesso à informação são pontos 
fundamentais à formação de cidadania responsável e ao exercício da democracia; 
promover leitura, recursos e serviços da biblioteca escolar junto à comunidade escolar e 
ao seu derredor. 
FONTE: Adaptado de IFLA (2000, p. 2).
35
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Observando esses objetivos, é possível afi rmar que as bibliotecas escolares 
e salas de leitura no Brasil ainda estão longe de atingi-los. Entretanto, acredita-
se que esses objetivos trazem em si a possiblidade de orientar o processo de 
ensino e aprendizagem de excelência. Portanto, trazê-los para o nosso curso 
não consideramos uma perda de tempo, ao contrário, é uma forma de continuar 
persistindo na proposta de melhorar a educação básica, em especial a dos 
estudantes das escolas públicas. Afi nal, a biblioteca escolar e a sala de leitura 
assumem funções essenciais na educação desses jovens. É notável que as 
funções desempenhadas por esses ambientes estão voltadas para o âmbito 
cultural, informacional, recreativo e educativo. Daí, a importância da harmonia 
entre escola, biblioteca e sala de leitura, pois seus objetivos são interligados e só 
a partir dessa articulação podem ser cumpridos adequadamente. 
Além do cumprimento dos objetivos retratados no Quadro 4, a qualidade 
da entrega dos serviços da biblioteca escolar e da sala de leitura depende da 
atuação dos profi ssionais responsáveis por esses ambientes. Para isso, cabe 
ao profi ssional responsável, em especial se ele for bibliotecário, como menciona 
a Lei n. 12.244/2010, desempenhar as seguintes funções dentro da unidade de 
informação:
(i) proporcionar acesso à informação, às ideias que servem 
como portas de acesso ao conhecimento, ao pensamento 
e à cultura; 
(ii) proporcionar apoio essencial à formação contínua para a 
tomada de decisão independente;
(iii) contribuir para o desenvolvimento e a manutenção da 
liberdade intelectual ajudando, assim, a preservar os 
valores democráticos fundamentais universais; 
(iv) adquirir, preservar e disponibilizar a mais ampla variedade 
de documentos, refl etindo a pluralidade da sociedade; 
(v) assegurar que a seleção e a disponibilidade dos 
documentos e dos serviços sejam regidas por 
considerações de natureza profi ssional e não por critérios 
políticos, morais ou religiosos; 
(vi) adquirir, organizar e difundir a informação livremente; 
(vii) opor-se a qualquer forma de censura e disponibilizar 
os seus documentos, instalações e serviços a todos os 
utilizadores, de forma equitativa (SALES, 2004, p. 44). 
Analisando as funções do profi ssional responsável pela biblioteca e sala 
de leitura, para esse profi ssional alcançar resultados mais promissores, suas 
funções devem estar alinhadas com a missão e objetivos propostos no projeto 
político-pedagógico da escola. Caso essas funções estejam em dissonância 
com os propósitos da escola, possivelmente os resultados alcançados não 
estarão condizentes com o planejamento desses espaços e os objetivos fi carão 
36
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
ainda mais longe de serem alcançados, especialmente aqueles que defi niram 
o uso adequado das fontes de informação existentes e o desenvolvimento do 
pensamento crítico nos alunos.
Litton (1974) classifi cou as tarefas do responsável pela biblioteca e sala de 
leitura que em três grupos principais: administrativas, técnicas e educacionais, as 
quais são articuladas, como mostra a Figura 15 a seguir: 
FIGURA 15 – TAREFAS DOS PROFISSIONAIS DA BIBLIOTECA 
ESCOLAR E SALA DE LEITURA, SEGUNDO LITTON
FONTE: A autora.
Atividades administrativas: são aquelas ligadas ao planejamento do 
ambiente, à supervisão do pessoal, à distribuição de tarefas, à gestão do acervo e 
a todas as outras atividades voltadas para a área administrativa.
Atividades técnicas: são aquelas relacionadas ao tratamento da informação 
para que possa ser usada de forma efi ciente pela comunidade atendida como: 
processos de catalogação, classifi cação, indexação e outros vinculados ao 
tratamento documental.
Atividades educacionais: são aquelas considerada por muitos como as mais 
importantes, como o incentivo à leitura, planejamento junto aos professores e à 
comunidade escolar, seleção de materiais educativos, entre outras atividades 
voltadas ao contexto educacional.
Já as Diretrizes da IFLA/UNESCO sobre as bibliotecas escolares defi nem 
as seguintes atividades para serem realizadas na biblioteca escolar e na sala 
de leitura pelo profi ssional responsável por esses ambientes, como demonstra 
a citação a seguir. Espera-se, então, que eles cumpram as seguintes atividades:
37
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
a) analisar os recursos e as necessidades de informação da 
comunidade escolar; 
b) formular e promover políticas para o desenvolvimento dos 
serviços; 
c) desenvolver políticas e sistemas de aquisição para os 
recursos da biblioteca; 
d) catalogar e classifi car documentos e recursos em geral; 
e) promover a utilização da biblioteca; 
f) apoiar estudantes e professores na utilização de recursos 
da biblioteca e de tecnologia da informação; 
g) responder aos pedidos de referência e de informação, 
utilizando os materiais adequados; 
h) promover programas de leitura e eventos culturais; 
i) participar de atividades de planifi cação relacionadas à 
gestão do currículo; 
j) participar na preparação, promoção e avaliação de 
atividades de aprendizagem; 
l) promover a avaliação de serviços de biblioteca enquanto 
componente normal e regular do sistema de avaliação 
global da escola; 
m) construir parcerias com organizações externas; 
n) preparar e aplicar orçamentos; 
o) conceber planejamento estratégico; 
p) gerir a formação da equipe da biblioteca e sala de leitura 
(IFLA, 2002, p. 13). 
A partir dessas atividades, observa-se que o profi ssional responsável pela 
biblioteca escolar e a sala de leitura podem ser considerados como agentes 
transformadores no espaço educativo. Além das competênciasinformacionais e 
outras atividades (como listadas na citação anterior), ao longo de sua formação 
acadêmica, esses agentes continuam participando de cursos de formação 
continuada para se atualizarem com frequência, pois as transformações na 
sociedade contemporânea são velozes e os profi ssionais que não se atualizam 
podem comprometer a qualidade do serviço que vão entregar a seus usuários. 
Esses profi ssionais devem, ainda, trabalhar a interação com a equipe docente, 
os estudantes e a comunidade na qual a escola está inserida. Para isso, um dos 
primeiros passos é compreender como surgiram as bibliotecas escolares em 
nosso país, o que discutiremos no próximo tópico desta seção.
Como surgiu a biblioteca escolar em nosso país? 
Consideramos essencial trazer esse questionamento sobre o surgimento 
das bibliotecas escolares brasileiras para a nossa discussão, pois ele pode nos 
ajudar a compreender a trajetória histórica destes espaços-lugares, que são as 
bibliotecas escolares. Para começar a respondê-lo, ressaltamos que não vamos 
apresentar uma trajetória linear e homogênea da biblioteca escolar em todos os 
38
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
cantos do nosso Brasil. Assim, devido ao limite imposto pela literatura da área 
sobre essa temática até metade do século XX, faremos, aqui, uma exposição 
rápida sobre alguns pontos históricos fundamentais que contribuíram para a 
constituição das bibliotecas escolares no país, em especial fatos históricos, 
programas, legislações, funções, missões e iniciativas. Na revisitação de algumas 
fontes, os autores destacam esse limite com relação aos dados históricos.
Nessa perspectiva, Monteiro (2016, p. 37) afi rma que os “primeiros livros 
presentes na educação brasileira datam da segunda metade do século XVI, sendo 
estes bem poucos utilizados pelos jesuítas na alfabetização dos fi lhos da elite.” 
Para dar continuidade a essa escolarização, mais tarde chegaram mais livros, 
os quais foram usados, também, na formação dos professores. Com esses livros 
“foram formadas as primeiras Bibliotecas Escolares, curiosamente chamadas de 
‘Livrarias’” (MONTEIRO, 2016, p. 38). A primeira delas foi a Livraria do Colégio da 
Bahia.
Mais tarde, os jesuítas criaram outros colégios e conventos em Salvador, 
Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga, sendo que cada um 
deles tinha sua biblioteca. Assim, essas bibliotecas passaram a armazenar livros, 
desenvolver atividades de ensino e formar outros professores (ERMAKOFF, 
2015). Em suma, as bibliotecas escolares podem ser vistas como as principais 
instituições formadoras da elite brasileira daquela época, como destacam Silva e 
Bortolin (2006).
Nessa época, já estavam por aqui outras ordens religiosas - franciscanos, 
beneditinos e carmelitas -, os quais cuidavam da instrução dos colonos e, em 
suas escolas, também possuíam bibliotecas (MONTEIRO, 2016). Ao contrário do 
que muitos imaginam, os acervos dessas bibliotecas eram de qualidade, sendo 
comparados aos acervos da biblioteca de uma faculdade. 
Até esse período, a biblioteca escolar que tinha a estrutura física mais 
atrativa, de acordo com Moraes (2006), era a de Salvador. Essa biblioteca 
abrigava um acervo com grande qualidade em uma sala com um suntuoso teto, 
ou seja, “[...] a sala era uma das joias da pintura brasileira [...], assemelhando-se 
àquelas salas que os reis e príncipes europeus mandavam construir e decorar 
para instalar seus livros e cabinets de curiosités” (MORAES, 2006, p. 8).
Apesar do crescimento das bibliotecas escolares, em 1759, o Marquês de 
Pombal expulsou os jesuítas e:
As bibliotecas escolares sofreram um golpe terrível com a 
expulsão da Companhia de Jesus do Brasil. Todos os bens 
foram confi scados, inclusive as bibliotecas. Livros retirados 
39
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
dos colégios fi caram amontoados em lugares impróprios, 
durante anos, enquanto se procedia ao inventário de bens dos 
inacianos (MORAES, 2006, p. 10).
Moraes (2006) pontua que, após a expulsão dos jesuítas, o país fi cou 
quase um século sem dados e informações sobre as bibliotecas escolares. Só 
a partir da segunda metade do século XIX que foi retomada a organização das 
bibliotecas escolares, as quais eram, na verdade, uma coleção de livros e não um 
espaço físico na escola, cuja preocupação de Vicente Pires da Mota (presidente 
da província de São Paulo de 1848 a 1851) dizia respeito à educação dos 
provincianos e não a organização desses espaços. 
Após 1815, o Conselho de Instrução do Império criou a primeira “biblioteca 
escolar brasileira”, que, em síntese, era uma coleção de adaptações das obras Os 
Lusíadas e as Fábulas de La Fontaine. Mais especifi camente, essas adaptações 
incorporavam características nacionais às histórias, iniciativa que “deu-se 
devido à recusa às obras traduzidas enviadas de Portugal ao Brasil, que não se 
adequavam à realidade cultural brasileira” (MORAES, 2006, p. 10).
Em 1808, com a chegada da Família Real e do governo português ao Rio 
de Janeiro, houve uma mudança na situação das bibliotecas no Brasil. De acordo 
com Silva e Bortolin (2006), graças à liberação da imprensa, proibida no Brasil 
desde o início da colonização, criou-se a Imprensa Régia para a confecção dos 
documentos do governo, como: cartazes, sermões, folhetos e outros mais. Essa 
imprensa:
[...] chegou ao Brasil, nos porões dos navios, a tipografi a para 
a constituição da imprensa Régia. Até aquela data as ofi cinas 
tipográfi cas estavam totalmente vetadas por Lisboa. Depois, 
sob a tutela da Corte, conseguiu editar, em 1808, 37 títulos e 
até 1822, 1154 (MILANESI, 1993, p. 29).
O rei também trouxe a Biblioteca Real, formada por milhares de livros - 
manuscritos e documentos da coroa -, “era uma livraria rica e versátil, [...] com 
uma esplêndida coleção quase toda suntuosamente encadernada em marroquino 
vermelho”, descreve Moraes (2006, p. 91). Inicialmente, o acervo com cerca 
de 60.000 volumes foi instalado no Hospital da Ordem Terceira do Carmo, na 
cidade do Rio de Janeiro, em 1811. Porém, como ressalta Moraes (2006, p. 91) 
“a consulta era permitida apenas aos estudiosos, vindo a ser aberta ao público 
somente em 1814. Logo após a Independência, foi anexada ao patrimônio público 
brasileiro e passou a ser chamada de Biblioteca Nacional”.
Válio (1990) ressalta que, entre os anos de 1880 até 1915, foram criadas 
as bibliotecas das Escolas Normais. A Biblioteca da Escola Normal Caetano 
40
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
de Campos, em São Paulo, foi a primeira delas. Para o autor, essas foram as 
primeiras “bibliotecas escolares no sentido que conhecemos hoje” (VÁLIO, 1990, 
p. 18). Esse autor ressalta, ainda, que, no Brasil, a publicação de livros de um 
modo geral e de literatura infantil em particular teve um grande avanço entre 
os anos de 1915 e 1921. Porém, até a década de 1940, nem todas as escolas 
tinham sua biblioteca escolar e os estudantes fi caram desassistidos nesse sentido 
(SILVA, 2011). Nas unidades escolares que tinham bibliotecas, o uso do livro e da 
própria biblioteca era exclusivo aos alunos matriculados, fossem escolas públicas 
ou privadas. Somente após esse período, as escolas estaduais passaram a contar 
com bibliotecas em suas unidades (SILVA, 2011).
Em 1937, houve a expansão das bibliotecas públicas em todo o território 
nacional com a fundação do Instituto Nacional do Livro (INL). Até 1945, essa 
iniciativa contribuiu com o aumento signifi cativo de bibliotecas públicas, 
principalmente nos estados menos prósperos, devido ao apoio do INL, que as 
auxiliava na dispendiosa tarefa de adquirir o acervo e na capacitação técnica dos 
profi ssionais (FGV, 2020).
Silva (2011, p. 497) destaca que, nas décadas de 1940 e 1950, abiblioteca 
escolar ganhou força e legitimidade na educação brasileira e se iniciou a 
preocupação com a formação do acervo da biblioteca escolar. A participação 
direta dos alunos e pais torna-se o foco, revelando a importância da composição 
do acervo e da participação direta dos discentes e de suas famílias na construção 
da biblioteca escolar por meio de ações pedagógicas, resultado da reforma 
educacional da Escola Nova, proposta por Fernando de Azevedo (1927-1930) e 
Anísio Teixeira (1931-1935), ocorrida na década de 1930. 
A década de 1950 foi marcada, também, pelo avanço das bibliotecas 
escolares em nosso país, a partir da valorização desse espaço e a busca 
para melhorar a qualidade do acervo, comparando-as às primeiras bibliotecas 
escolares brasileiras instaladas pelos jesuítas. Já nos anos 1960, apesar 
da falha dos registros, contamos com a contribuição de Maroto (2012), que 
explana que havia previsão de bibliotecas escolares com boa estrutura nas 
escolas polivalentes, oriundas da reforma do ensino médio, em 1969. Escolas 
polivalentes buscavam a modernização do currículo e a criação de bibliotecas 
bem estruturadas como recurso educacional. Entretanto, em conformidade com a 
autora, o projeto foi extinto e, mais uma vez na história, tivemos o fechamento de 
bibliotecas escolares, dessa vez para a criação de salas de aula e mudanças no 
currículo.
41
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
As escolas polivalentes, previstas no art. 35 da Lei n. 5.692/1971, 
podem ser compreendidas como necessárias à compreensão teórica 
e prática dos fundamentos científi cos das múltiplas técnicas utilizadas 
no processo produtivo.
Já em 1970, a função da biblioteca escolar ganhou força no ensino de 1º e 2º 
graus com a LDB – Lei n. 5.692/1971. Polke (1973) destaca que os documentos 
governamentais fi zeram menção direta à biblioteca escolar, especialmente 
ao Programa de Expansão e Melhoria do Ensino – PREMEM, que tinha como 
objetivo principal aperfeiçoar o sistema de ensino de primeiro e segundo graus no 
Brasil em 1972.
As instalações para ciência e para biblioteca escolar, a serem 
colocadas em cada escola, são a base para modernização do 
currículo e do ensino, tanto no que toca às humanidades como 
às ciências, e servirão de fonte de recursos educacionais a 
um programa bem equilibrado (PREMEM, p. 8 apud POLKE, 
1973, p. 5).
A partir da Lei n. 5.692/1971 já mencionada, as bibliotecas escolares 
passaram a fazer parte do plano de ensino escolar. No entanto, foram necessários 
programas governamentais promovidos pelo Estado brasileiro para que essas 
iniciativas se consolidassem no decorrer dos anos tanto no que diz respeito à 
distribuição de livros para as escolas quanto às construções e adequações de 
bibliotecas escolares. Até os dias de hoje, encontramos unidades escolares sem 
biblioteca escolar, enquanto outras escolas têm bibliotecas escolares precárias. 
Mas todos os educadores reafi rmam a importância desse espaço na escola para 
que o processo de ensino e aprendizagem atinja a qualidade desejada (GUIDA, 
2018).
Observamos que, dos anos de 1930 até 1980, não tivemos uma política 
nacional com ações integradas entre os diversos tipos de bibliotecas (escolares, 
públicas, universitárias, comunitárias, populares, especializadas, entre outras). 
É possível constatar, na exposição feita até aqui sobre biblioteca escolar, que 
foram realizadas ações locais isoladas ao longo desse período. Talvez, por serem 
isoladas, essas ações foram perdendo forças em virtude da falta de incentivo e 
de valorização política e governamental durante mais de cinquenta anos (SILVA, 
2011).
42
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
A partir da década de 1990, com a intenção de melhorar a educação brasileira, 
foram criados e implementados alguns programas e projetos governamentais de 
distribuição e socialização de livros para as bibliotecas escolares no país, como, 
por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o Programa Nacional 
Biblioteca na Escola (PNBE). Além desses programas, foi aprovada, depois de 
oito anos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB em 20 de 
dezembro de 1996. De acordo com Guida (2018, p. 25) foi “com a criação da 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/1996) e a inclusão dos PCN 
de Língua Portuguesa, em 1998, que mais uma vez a biblioteca escolar voltou a 
ser valorizada no ambiente escolar”. Esses documentos a reconhecem como um 
espaço fundamental para o desenvolvimento da aprendizagem, da possibilidade 
de desenvolver o gosto pela leitura e da formação de leitores competentes:
A escola deve dispor de uma biblioteca em que sejam colocados 
à disposição dos alunos, inclusive para empréstimo, textos de 
gêneros variados, materiais de consulta nas diversas áreas do 
conhecimento, almanaques, revistas, entre outros (BRASIL, 
1998, p. 71).
Outra iniciativa relevante para ampliar e melhorar a biblioteca escolar foi a 
criação do Programa Nacional de Biblioteca Escolar (PNBE), em 1997, pelo Fundo 
Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica – FNDE, em parceria com a 
Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SOUZA, 2009). Esse 
programa tem como objetivo ampliar e distribuir livros para atualizar o acervo das 
bibliotecas das escolas públicas brasileiras, estando vigente até os dias atuais.
Uma iniciativa no campo da legislação dirigida à ampliação e à melhoria da 
biblioteca escolar diz respeito à Lei n. 12.224, aprovada nos órgãos legislativos 
federais em 24 de maio de 2010, como mencionamos na contextualização deste livro. 
Essa lei prevê a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino de todo 
o país até o ano de 2020. Ela determina, também, que o acervo dessas bibliotecas 
deve ter, no mínimo, um título por estudante matriculado na escola e o sistema 
de ensino será, também, responsável pela guarda, preservação, organização, 
funcionamento e divulgação da biblioteca (BRASIL, 2010). 
Além da Lei n. 12.244/2010, em 2015, foi criado e aprovado o Projeto de 
Lei do Senado n. 28, que cria a Política Nacional de Bibliotecas. Essa política 
propõe a normalização de alguns conceitos de bibliotecas – nacional, pública, 
especializada, universitária, escolar, comunitária e especial e seus acervos – 
além de responsabilidades do Estado para com elas (BRASIL, 2015). A Política 
Nacional de Biblioteca estabelece como diretrizes: 
• igualdade de acesso à biblioteca; 
• especifi cidade de serviços e materiais à disposição de 
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CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
usuários em atenção especial; 
• elevada qualidade das coleções, produtos e serviços; 
• vedação da censura; 
• e a independência dos gestores e profi ssionais para compor 
os arquivos (BRASIL, 2015). 
Essa política dispõe, ainda, que as bibliotecas devem contar com bibliotecários 
em número proporcional e adequado ao atendimento dos usuários, bem como 
determina que a iniciativa privada ou qualquer órgão da administração direta ou 
indireta possa criar bibliotecas, como “espaço físico ou virtual que mantenha bens 
simbólicos organizados, tecnicamente tratados e que ofereça serviços de consulta 
e empréstimo” (BRASIL, 2015). Os bens simbólicos são compreendidos como: 
livros, outros documentos ou informações disponíveis em qualquer mídia ou 
suporte. Pelo projeto, as bibliotecas escolares devem selecionar, reunir, organizar 
e preservar os bens, além de promover acesso universal e irrestrito aos usuários.
Segundo o autor do projeto, o Brasil é um dos últimos países a adotar 
uma norma jurídica com o objetivo de estabeleceruma política nacional para 
bibliotecas. Países como Argentina, Colômbia, Equador, Guatemala, Paraguai, 
Uruguai e Venezuela já possuem normas nesse campo.
Outra importante estratégia para promover o acesso ao livro, à leitura, à 
escrita, à literatura e às bibliotecas de acesso público no Brasil foi criada por 
meio da Política Nacional de Leitura e Escrita – PNLE, instituída pela Lei n. 
13.696/2018, em 13 de julho de 2018, e implementada pelos Ministério da Cultura 
e da Educação, em cooperação com os estados, Distrito Federal e municípios e 
a participação da sociedade civil e instituições privadas. Essa política é resultante 
de diversas discussões realizadas ao longo de dez anos por meio das atividades 
do Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL, que vamos discutir de forma mais 
detalhada na terceira seção, na qual discutiremos a importância das bibliotecas 
públicas para as comunidades de um modo geral. 
Concordando com Prestebak (2001), destacamos que grande parte dos 
profi ssionais da educação acredita que a aprendizagem escolar dos estudantes 
fl ui melhor quando a escola cria e mantém uma biblioteca dinâmica, atuante 
e articulada com a comunidade escolar. Assim, a escola deve favorecer o 
conhecimento mútuo e, nesse aspecto, todos os que nela atuam têm um papel 
preponderante. É preciso perceber que a educação não se dá unilateralmente, 
mas na relação com o outro, isto é, a comunidade escolar e estudantes, 
estudantes e estudantes e comunidade escolar e comunidade em que a escola 
está inserida. 
Para ampliar um pouco mais a discussão sobre biblioteca escolar, a partir de 
dados dos órgãos públicos que defendem o aumento do número e a qualidade 
44
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
da biblioteca escolar, indicamos a leitura de uma notícia de jornal publicada pela 
Agência Câmara de Notícias na atividade de estudo a seguir.
Solicitamos que leia o artigo O papel da biblioteca na formação 
do leitor, de Luiz Percival L. Brito. Fazendo uso dos conhecimentos 
adquiridos e dos aspectos abordados no artigo supracitado, 
apresente um texto de, no máximo, três páginas, com o propósito de 
responder ao seguinte questionamento: como a biblioteca escolar e a 
sala de leitura podem contribuir para a formação do leitor na escola? 
FONTE: BRITTO, L. P. O papel da biblioteca na formação do leitor. 
Biblioteca Escolar: que espaço é esse? ano 21, p. 18-25, out. 2011. 
Disponível em: https://midiasstoragesec.blob.core.windows.net/001/2017/08/
biblioteca-escolar-que-espao--esse.pdf. Acesso em: 19 abr. 2020. 
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1.3 DISCUSSÃO SOBRE A LEITURA 
E SUA RELAÇÃO COM A BIBLIOTECA 
ESCOLAR E SALA DE LEITURA 
Nesta seção, vamos discutir a importância da leitura, a formação do leitor 
e sua relação com a biblioteca escolar e a sala de leitura, bem como suas 
contribuições para a comunidade escolar e a família. Nessa perspectiva, Rocco 
(1994) afi rma que a leitura é essencial para a formação dos jovens na sociedade 
contemporânea e, quanto mais cedo começarem, mais benefícios podem agregar 
em seu desenvolvimento humano ao longo da vida. Para a autora, refl etir sobre 
a leitura remete a duas questões: por que os jovens devem desenvolver sua 
formação leitora? O que, de fato, os jovens agregam em seu desenvolvimento 
com a leitura? Que relação têm a biblioteca escolar e a sala de leitura com a 
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CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
formação leitora dos estudantes? Que contribuições a leitura, a biblioteca e a sala 
de leitura podem trazer para os estudantes e a comunidade escolar? 
FIGURA 16 – LEITURA, BIBLIOTECA E SALA DE LEITURA
FONTE: <http://agencia.sorocaba.sp.gov.br/escolas-municipais-recebem-
revitalizacao-de-salas-de-leitura/#&gid=1&pid=1>. Acesso em: 15 abr. 2020.
A partir desses questionamentos, é relevante trazer a contribuição de 
Queiroz e Maciel (2014) no tocante à formação leitora, orientam que a formação 
de leitores autônomos e críticos exige a construção de diferentes habilidades ao 
longo dos anos, tanto pelas famílias quanto pelas escolas. Nessa perspectiva, a 
biblioteca e a sala de leitura são essenciais e podem contribuir signifi cativamente 
com o trabalho pedagógico da escola e da equipe docente. 
Quando se trata da formação de leitores infantis, especialmente, 
crianças das classes populares, as escolas devem criar 
estratégias e projetos pedagógicos que atraiam sua atenção, 
considerando a complexidade da leitura e a falta de acesso a 
materiais de boa qualidade (QUEIROZ; MACIEL, 2014, p. 26). 
Os questionamentos abordados no início desta seção foram: por que os 
jovens devem desenvolver sua formação leitora? O que de fato os jovens agregam 
em seu desenvolvimento com a leitura? Não é tão simples encontrar respostas 
apropriadas para tais questões. Apesar da complexidade desses problemas, os 
profi ssionais da educação não desistem de buscar estratégias para enfrentar 
esses desafi os. Desse modo, passamos a discutir essas questões a partir da 
importância da formação do leitor entre os estudantes.
Para enriquecer seus estudos nesse momento, sugerimos que assista ao 
vídeo, indicado a seguir, da Professora Magda Soares, que vem dedicando sua 
carreira à formação do leitor e professores da educação básica, especialmente em 
relação às temáticas do ensino e aprendizagem da leitura, escrita e letramento. 
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 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Para refl etir melhor sobre as contribuições da biblioteca e da 
sala de leitura na formação de crianças leituras, sugere-se que você 
assista ao vídeo Alfaletrar, biblioteca escolar e literatura, publicado 
pela professora mineira Magda Soares. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=yQQtoyNhfGs.
Para analisar dados de leitura em nosso país, lançamos mão da pesquisa 
intitulada Retratos da Leitura no Brasil, desenvolvida pelo IBOPE/Instituto Pró-
Livro. Em sua quarta edição, a pesquisa afi rma que foi considerado leitor aquela 
pessoa que leu pelo menos um livro nos últimos três meses – inteiro ou em partes. 
Nessa pesquisa, foram entrevistadas em todo o país mais de 5.000 pessoas, a 
partir dos cinco anos de idade, sobre seus hábitos e motivações de leitura. 
Os resultados mostram que o número de leitores cresceu no Brasil nos últimos 
quatro anos. Em 2011, os leitores eram 50% da população. Em 2016, os leitores 
aumentaram para 56%, o que corresponde a mais de 104,7 milhões de pessoas. 
Apesar do ligeiro crescimento, 54% dos leitores brasileiros não se identifi cam 
com textos literários, uma vez que os alfabetizados não leem romances, contos e 
poesias por vontade própria.
O relatório divulgou que, em 2015, apesar do aumento de leitores brasileiros, 
o índice de leitura é, ainda, baixo. Isto é, os brasileiros leitores leram em média 
2,43 livros terminados e 2,53 em partes no ano. Em conformidade com as autoras 
Queiroz e Maciel (2014), a leitura é uma das vias de acesso ao conhecimento e 
à cultura para o povo brasileiro. Portanto, 44% não usufruem desse canal para 
acessarem o conhecimento e a cultura pelo fato de não serem leitores. Por outro 
lado, sabemos que formar um leitor na escola não é tão simples, pois não é 
uma habilidade passiva, estática. Nesse ponto, a colaboração da biblioteca e da 
sala de leitura pode ser essencial para trabalhar com os professores,como já 
defendemos nas seções anteriores, e garantir o trabalho pedagógico de forma 
dinâmica. Do mesmo modo que é difícil para o professor, sozinho, dar conta 
dessa tarefa, a biblioteca também não pode ser um mero depósito silencioso de 
livros. Conforme a pesquisa, o que motiva os brasileiros a lerem? Quais motivos 
as crianças, jovens e adultos têm para ler? Podemos ver o resultado da pesquisa 
Retratos da Leitura na Figura 17. 
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CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
FIGURA 17 – PRINCIPAL MOTIVAÇÃO PARA LER UM LIVRO
FONTE: <https://prolivro.org.br/wp-content/uploads/2020/07/Pesquisa_
Retratos_da_Leitura_no_Brasil_-_2015.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2020.
A Figura 17 apresenta as principais motivações que impulsionam os leitores 
brasileiros a escolherem um livro para ler de acordo com a faixa de idade. De 
acordo com os dados, o gosto pela leitura (25%) é a primeira motivação dos 
participantes, seguida da atualização cultural (19%), entretenimento (distração) 
(15%), motivos religiosos (11%), crescimento pessoal (10%), exigência escolar 
(7%) e atualização profi ssional ou exigência do trabalho (7%). É possível 
observar que as motivações para ler um livro integram o papel civilizador da 
leitura em nosso país. Entretanto, a primeira razão apresentada pelos leitores 
como obstáculo para aumentar a leitura de textos é a falta de tempo (43%). Com 
esses resultados, é possível compreender, também, que se a pessoa desenvolve 
o gosto pela leitura, ela, de modo geral, continua essa prática por toda a sua 
vida e poderá ampliar seu crescimento pessoal, atualizar-se para melhorar o seu 
desempenho profi ssional e realizar uma das práticas mais importantes, que é ler 
para seu entretenimento pessoal, como destaca Cagliari (1989, p. 148) “a leitura 
é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender 
na vida terá de ser conseguido por meio da leitura fora da escola”. Então, a leitura 
pode contribuir para os estudantes irem além de obter o diploma, inclusive em sua 
formação humana. 
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 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 18 – PRINCIPAL MOTIVAÇÃO PARA LER UM LIVRO, POR FAIXA ETÁRIA
FONTE: <https://prolivro.org.br/wp-content/uploads/2020/07/Pesquisa_
Retratos_da_Leitura_no_Brasil_-_2015.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2020.
A Figura 18 traz dados parecidos com os apresentados na Figura 17. 
Entretanto, é relevante conhecer as motivações por faixa etária para propor 
estratégias de aprendizagem na escola, incluindo a biblioteca e a sala de leitura. 
Na Figura 17, apresentada anteriormente, os leitores que têm como primeira 
motivação o gosto pela leitura são os jovens entre 11 e 13 anos de idade, seguido 
pelas crianças de 5 e 10 anos de idade. Observa-se que esses participantes 
estão, na verdade, iniciando a formação leitora, estando a maioria deles inseridos 
na escola com práticas de leitura. Portanto, a escola deve continuar realizando 
boas estratégias de leitura. 
O número de leitura aumenta conforme a escolaridade (10,87 para os 
entrevistados com nível superior) e a renda familiar (11,28 para mais de 10 
salários mínimos). A prática da leitura também é maior entre estudantes (9,38 
livros por ano), sobretudo devido a títulos indicados pela escola e didáticos.
Ser leitor é muito mais que decifrar palavras e frases, mas a possibilidade 
de se tornar humano. Para deixar claro o que estou querendo dizer com “tornar 
humano”, apoiamo-nos no discurso de Mario Vargas Llosa ao receber o prêmio 
Nobel de Literatura de 2010, quando afi rma que:
[...] um mundo sem literatura se transformaria num mundo 
sem desejos, sem ideais, sem desobediência, um mundo de 
autômatos privados daquilo que torna humano um ser humano, 
ou seja, a capacidade de sair de si mesmo e de se transformar 
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CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
em outro, em outros, modelados pela argila dos nossos sonhos 
(LAGO, 2019, s.p.). 
Outra pergunta feita foi em relação aos títulos na lista da última obra lida e 
quais os títulos mais marcantes? A resposta mais pontuada foi a Bíblia. Com isso, 
registrou-se que o livro mais lido no Brasil é a Bíblia. Entretanto, os participantes 
não fi zeram a relação dessa resposta com a sua resposta à pergunta: qual a 
principal motivação para ler um livro? Tal constatação deriva de que apenas 11 
participantes elegeram como principal motivação motivos religiosos.
FIGURA 19 – FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DE UM LIVRO
FONTE: <https://prolivro.org.br/wp-content/uploads/2020/07/Pesquisa_
Retratos_da_Leitura_no_Brasil_-_2015.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2020.
A Figura 19 apresenta os fatores que infl uenciam na escolha de um livro. 
De acordo com os dados, 30 participantes escolhem o livro pelo tema e assunto. 
Essa relação é esperada por pessoas leitoras adultas, como é informado nas 
observações do gráfi co. A infl uência é seguida pelo autor (12); dicas de outras 
pessoas, título e capa (11 cada); dicas de professores (7); críticas/resenhas (5); 
e editora, publicidade/anúncio e redes sociais (2). Esses dados mostram que na 
sexta posição estão as dicas dos professores. Possivelmente, esse dado nos 
indica que precisamos indicar mais títulos para os nossos estudantes. A biblioteca 
e a sala de leitura podem contribuir signifi cativamente na indicação de títulos com 
excelente qualidade, que farão diferença para a formação dos leitores. 
Além da infl uência da escolha dos livros, a pesquisa também questionou 
qual o local e os suportes que os participantes utilizam para realizar suas leituras. 
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 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Onde as pessoas que participaram da pesquisa gostam de ler? Quais as suas 
preferências? Elas preferem livros impressos, digitais ou ambos? 
O Quadro 5 tem como intenção responder as nossas perguntas: Onde as 
pessoas que participaram da pesquisa gostam de ler? Quais as suas preferências? 
Elas são por livros impressos, digitais ou ambos? Para isso, vamos apresentar os 
dados na tabela a seguir:
QUADRO 5 – LOCAL DE LEITURA, LIVRO IMPRESSO E DIGITAL E AMBOS
Local de leitura Livro Impresso Livro Digital Ambos
Casa 75 6 19
Sala de aula 88 3 9
Trabalho 61 14 25
Biblioteca da escola ou faculdade 81 2 17
Transporte (ônibus, trem, metrô, 
avião) 75 15 13
Parques, praças, shoppings, praias, 
clubes 74 14 12
Livraria 88 3 9
Outros lugares 86 5 9
Biblioteca comunitária 76 4 9
Cybercafé, lan house 34 42 24
Cafeteria ou bares 65 13 20
FONTE: A autora.
O Quadro 5 mostra que o local para realizar a leitura escolhido pelos 
participantes é, em primeiro lugar, a casa, seguida pela sala de aula, trabalho, 
biblioteca da escola ou faculdade, transporte, lugares públicos (parques, praças, 
shoppings, praias e clubes), livraria, outros lugares, biblioteca comunitária, 
cybercafé ou lan house e cafetaria ou bares).
Em relação ao suporte de preferência para a leitura, constatamos que o 
suporte de preferência dos participantes dessa pesquisa é o livro impresso em 
todos os locais, exceto os leitores que escolheram os cybercafés ou lan house, 
pois 42 deles preferem livros digitais. Constatamos, ainda, que a quantidade 
dos leitores que se posicionaram favoráveis aos dois suportes é, também, baixa, 
considerando o uso das tecnologias na sociedade contemporânea, pois só os 
leitores que escolheram como local de leitura de sua preferência o trabalho se 
posicionaram favoráveis a ambos os suportes. Isto é, 25 deles dizem que os dois 
suportes atendem às suas preferências.
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CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARESE A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
Em relação às bibliotecas, a plataforma QEdu apresentou os dados do Censo 
Escolar 2016, mostrando que, do total de 183.376 escolas, 67.088 possuem 
biblioteca, o que equivale a 37%. Outras 43.218 unidades (24%) afi rmam que 
possuem sala para leitura. Não existem números consistentes sobre a presença 
de bibliotecários nesses estabelecimentos, mas estima-se que a maioria não 
conta com esse profi ssional. Caldin (2003, p. 47) afi rma que “a leitura se confi gura 
como um meio de se apropriar do que se passa ao redor da pessoa. Portanto, 
ler pode ser visto como um ato social”. Nessa direção, recorremos a Cagliari 
(1989, p. 148), que expressa de forma contundente que a leitura é uma “atividade 
fundamental desenvolvida pela escola para a formação dos estudantes”. Para o 
autor, “o melhor que a escola pode oferecer a seus alunos deve estar voltado para 
a leitura. Se um aluno não se sair muito bem nas outras atividades, mas for um 
bom leitor, penso que a escola cumpriu em grande parte sua tarefa (CAGLIARI, 
1989, p. 148).
Assim, a escola que não proporciona aos estudantes o contato com a leitura, 
não está cuidando efetivamente da formação leitora dos estudantes que estão 
sob a sua responsabilidade. Entretanto, é bom lembrar de que essa atividade 
pedagógica é um compromisso de todos que na escola atuam. Portanto, temos 
aqui um chamado ao pessoal da biblioteca e da sala de leitura para transformá-
las em espaços ativos com o objetivo de realizar a formação leitora e a formação 
humana, com a aprendizagem de temas importantes, os quais a escola tem 
dividido com a família e a comunidade, para a formação humana. Nesse sentido, 
sugerimos a leitura de um fragmento de um texto que discute a importância da 
biblioteca para crianças pequenas a seguir: 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Para fi nalizar este capítulo, é interessante trazer algumas considerações 
para orientar o seu estudo, especialmente no tocante à discussão sobre a 
conceituação, a caracterização, as missões, objetivos e categorias da biblioteca 
escolar e da sala de leitura, além de suas contribuições para a escola, a família 
e a comunidade em que a escola está inserida. Na contextualização, refl etimos 
sobre a importância da biblioteca como o espaço-lugar que vai além de guardar 
as coleções, mas que pode nos ajudar a preservar a memória do conhecimento, 
bem como estabelecer com a escola uma relação de pertencimento
Nesse sentido, discutimos, na primeira seção, a evolução da escrita, seus 
suportes, mudanças históricas e a invenção da prensa por Johannes Gutenberg 
no século VX, os livros, a biblioteca e sua origem histórica em nosso país e a 
importância da sala de leitura para formação de leitores e escritores.
52
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Na segunda seção, o debate foi direcionado à gestão da biblioteca escolar 
e da sala de leitura, seu conceito, missões, funções e objetivos, bem como suas 
contribuições para a escola, a família e a comunidade escolar 
Na terceira e última seção, a discussão foi em torno da importância da leitura, 
a formação do leitor e sua relação com a biblioteca escolar e a sala de leitura 
e suas contribuições para a comunidade escolar e a família, perpassando pela 
pesquisa do IBOPE que investigou o comportamento leitor dos brasileiros nos 
últimos anos. 
Para fundamentar a discussão deste capítulo, inserimos textos teóricos 
sobre a histórica da escrita, a leitura e a formação leitora dos estudantes, bem 
como sobre a gestão da biblioteca e da sala de leitura. Apresentamos, ainda, 
relatórios de audiências públicas sobre o cenário das bibliotecas, salas de leitura, 
entre outros. Por fi m, adicionamos textos teóricos (fragmentos) para aprofundar 
sua aprendizagem sobre a gestão da biblioteca e sala de leitura. 
Desejamos a você bons estudos!
Solicitamos que assistam ao vídeo A menina que odiava livros, 
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZsURXKum5K0. 
Fazendo uso dos conhecimentos adquiridos e dos aspectos 
abordados no vídeo supracitado, apresente um texto com o propósito 
de responder ao seguinte questionamento: que estratégias podemos 
criar para incentivar o gosto pela leitura?
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CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
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55
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
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 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
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57
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, SUAS FUNÇÕES 
E CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERALE CONTRIBUIÇÕES PARA OS SEGMENTOS ESCOLARES E A COMUNIDADE EM GERAL
 Capítulo 1 
REGO, L. B. Descobrindo a língua escrita antes de aprender a ler: algumas 
implicações pedagógicas. In: KATO, M. A concepção da escrita pela criança. 
2. ed. Campinas: Pontes, 1994.
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Acesso em: 8 jun. 2018.
58
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
CAPÍTULO 2
GESTÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA
SALA DE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E
FUNÇÕES
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Revisitar os objetivos dos programas, projetos e campanhas de incentivo à 
leitura em nosso país.
 Dialogar sobre o gerenciamento e a organização da biblioteca escolar e da 
sala de leitura no tocante aos espaços físicos, funcionamento, formação e 
desenvolvimento do acervo, armazenamento, seleção, aquisição e dinamização 
desses espaços.
 Apresentar práticas e projetos pedagógicos desenvolvidos em bibliotecas 
escolares e salas de leitura no país para qualifi car ainda mais o processo de 
ensino e aprendizagem e a atuação profi ssional da comunidade escolar nesses 
contextos escolares.
60
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
61
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOSE LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
FIGURA 1 – GERENCIAMENTO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA
FONTE: <https://bibliotecasbr.lojaintegrada.com.br/
bibliotecasmudam>. Acesso em: 10 ago. 2020.
Neste capítulo, nossa intenção é dialogar com você acerca do gerenciamento 
da biblioteca escolar e da sala de leitura. Para tanto, buscamos refl etir 
especialmente acerca dos programas, projetos e campanhas de incentivo à leitura 
instituídos em nosso país, bem como aspectos da organização dos espaços 
físicos, funcionamento, formação do acervo, armazenamento, seleção, aquisição 
e dinamização desses espaços. Concordamos que as bibliotecas podem mudar 
as pessoas e elas podem mudar o mundo, como demonstra o sentido do livro dos 
autores Daniele Carneiro e Juliano Rocha, publicado de forma independente pela 
editora Magnolia Cartonera e o blog Bibliotecas do Brasil, como mostra a Figura 1. 
Apresentamos, também, algumas sugestões de práticas e projetos 
pedagógicos que se confi guram em recursos de apoio ao processo de ensino e 
aprendizagem para estudantes da educação básica e comunidade escolar.
Quero ser lembrado por algo que 
dure para sempre. Sabes o quê? 
Fez uma pausa, olhou-me, e anunciou, solene: - Um livro. 
Um livro que conte a história da humanidade de nosso povo. 
Um livro que seja a base da civilização. 
Claro, o livro como objeto, também é perecível. 
Mas o conteúdo do livro, não. 
É uma mensagem que passa de geração em geração, que fica na cabeça 
das pessoas. E que se espalha pelo mundo. 
O livro é dinâmico. O livro se dissemina como as sementes. 
Que o vento leva, [...]. 
– Quero que escrevas esse livro 
Quero que descrevas a trajetória de nossa gente através do tempo [...]. 
Quero um livro que as gerações leiam com respeito, 
mas também, com encanto (SCLIAR, 1999, p. 116).
62
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Nesta contextualização, ressaltamos que dialogar acerca da biblioteca 
escolar e da sala de leitura é de fundamental importância para compreendermos 
a relevância que esses espaços com livros interessantes e outros materiais têm 
na formação histórica, cultural e educacional dos estudantes até os dias de hoje, 
como destaca Scliar (1999), que traz a imagem dinâmica do livro em seu poema 
na epígrafe acima. Entretanto, destacamos que, apesar de a biblioteca escolar 
e sala de leitura serem distintas, elas possuem muitas atividades semelhantes 
em relação aos objetivos e às atividades desenvolvidas, as quais são essenciais 
para fortalecer o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes, o qual 
deves ser comprometido com a educação de qualidade. Arriscamos dizer que a 
sala de leitura pode complementar as atividades da biblioteca escolar, por isso, 
muitas vezes, encontramos esses espaços conjugados em muitas escolas, 
ou seja, biblioteca escolar com sala de leitura. Talvez esse modelo seja o mais 
interessante para as bibliotecas escolares, as quais têm como uma das funções 
estimular a leitura e contribuir para formação leitora e cultural dos estudantes da 
educação básica em nosso país. 
Constatamos, também, que a preocupação com a formação do leitor em 
nosso país não é nova. De acordo com Zilberman (1988), há registros dessa 
preocupação de forma clara desde o século XVIII e, ainda, que a formação do leitor 
necessariamente passaria pelo uso do livro. Nesse sentido, a autora afi rma que:
A prática da leitura foi ostensivamente promovida pela 
pedagogia do século XVIII, pois propagava os ideais iluministas 
[...]. Dessa feita, valorizando o livro enquanto instrumento 
de cultura e usando-o como arma contra a nobreza feudal 
que justifi cava seus privilégios, invocando a tradição que 
os consagrara. E os pensadores iluministas procuravam a 
época solapar uma ordem de conceitos até então tida como 
inquestionável por meio da circulação de ideias nos textos 
escritos (ZILBERMAN, 1988, p. 17).
Cabe destacar que a ideia trazida por Zilberman (1988) sobre a valorização 
do livro na citação anterior é importante para continuarmos explorando e aplicando 
estratégias de leitura com os estudantes até os nossos dias, pois “[...] ler é antes 
de tudo, um direito fundamental do cidadão e uma das principais vias de acesso 
ao conhecimento e à cultura, bem como o desenvolvimento e a construção da 
autonomia dos cidadãos do nosso tempo. [...]” (QUEIROZ; MACIEL, 2014, p. 
26). Uma das estratégias de formação dos leitores pode ser desenvolvida tanto 
nas bibliotecas escolares quanto nas salas de leitura. Então, o que distingue a 
biblioteca escolar da sala de leitura? 
Constatamos que apesar, de a biblioteca escolar e a sala de leitura serem 
diferentes, elas possuem atividades e objetivos comuns. Portanto, a distinção entre 
63
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
esses espaços pode começar na origem deles, seguida das funções que cada um 
deles assume. Uma dessas diferenças diz respeito ao processo de organização 
da biblioteca escolar e da sala de leitura, como, por exemplo, a primeira biblioteca 
do mundo foi erguida em “Nínive, cidade mais importante da Assíria (atual Iraque), 
pelo rei Assurbanípal II, por volta do século 7 a.C. Nela, foram guardados milhares 
de tabuletas escritas (argila) com caracteres cuneiformes, a mais antiga forma de 
escrita que se tem notícia” (CAGLIARI, 1989, p. 148). 
Historicamente, a primeira função da biblioteca, como discutimos no primeiro 
capítulo, era a de preservar os relatos/feitos da humanidade com vistas a 
salvaguardar toda e qualquer informação, fatos, registros históricos e científi cos 
elaborados pelos povos. Essa função, ao lado de outras assumidas pela biblioteca 
em tempos mais recentes, tem sido mantida, ao longo dos anos, até os nossos 
dias. Tal fato ocorre em qualquer tipo de biblioteca, seja ela pública, escolar, 
especializada, infantil, entre outras, pois o princípio entre elas é o mesmo, ou seja, 
preservar a memória histórica dos fatos e fenômenos vividos pela humanidade. O 
que vai diferir uma biblioteca da outra são os serviços que entregam aos usuários 
e a diversidade de seus acervos. 
Já a sala de leitura, guardadas as suas diferenças com a biblioteca escolar, 
tem como principais funções: estimular à leitura e desenvolver atividades de ensino 
que atendam às necessidades e aos interesses da comunidade escolar e das 
instituições de ensino onde está inserida. É interessante destacar que incentivar 
a leitura e desenvolver atividades de ensino, sem sombra de dúvidas, estão no 
rol das funções desenvolvidas, também, pela biblioteca escolar. Então, por que 
criaram as salas de leituras? Sabemos, no entanto, que a biblioteca escolar 
assume mais funções que a sala de leitura e, ao mesmo tempo, agregou uma sala 
de leitura em seu espaço físico. Nesse sentido, surgem muitos questionamentos 
para compreender esse fato. Com isso, vamos responder ao longo do capítulo os 
questionamentos a seguir: 
• Quantas são as bibliotecas escolares e as salas de leitura nas 
escolas públicas implantadas no Brasil?
• Quais as bibliotecas escolares que possuem sala de leitura no 
Brasil?
• Por que o poder público criou salas de leitura? 
• Será que a criação das salas de leitura está relacionada à exigência 
do profi ssional responsável – que não é necessariamente um(a) 
bibliotecário(a)? 
64
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
2 GESTÃO DA BIBLIOTECA 
ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA, 
SEUS OBJETIVOS E FUNÇÕES
Iniciando o nosso diálogo, neste capítulo, buscamos responder aos questionamentos, 
entre outras informações que consideramos relevantes para seu estudo nesta disciplina. 
O Censo Escolar da Educação Básica de 2017 (Tabela 1) evidencia que 31% das escolas 
públicas (federal, estadual e municipal), no Brasil, possuíam biblioteca escolar e 20% 
delas, salas de leitura. Deacordo com a Lei n. 12.244, de 24 de maio de 2010, todas 
as escolas públicas do país são obrigadas a implantar a biblioteca escolar até o ano de 
2020. Os dados apresentados na Tabela 1 a seguir, elaborada por Santos (2018, p. 35), 
confi rmam que a universalização da biblioteca escolar e da sala de leitura em todas as 
escolas públicas tem, ainda, uma imensa batalha a vencer, considerando que já estamos 
no ano do prazo fi nal estabelecido pela lei - que é o ano de 2020. 
TABELA 1 – ESCOLAS PÚBLICAS NO BRASIL COM BIBLIOTECAS E SALAS DE 
LEITURA, SEGUNDO CENSOS ESCOLARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA (2010 A 2017)
Ano
Total de escolas 
públicas de Educação 
Básica
Escolas com 
Bibliotecas
Escolas com Sala de 
Leitura
2010 158.710 42.832 (27%) 19.548 (12%)
2011 156.164 42.895 (27%) 23.054 (15%)
2012 154.583 43.513 (28%) 25.766 (17%)
2013 151.884 43.928 (29%) 26.551 (17%)
2014 149.098 44.305 (30%) 26.054 (17%)
2015 146.718 45.456 (31%) 27.471 (19%)
2016 145.647 45.681 (31%) 28.953 (20%)
2017 144.726 44.906 (31%)] 29.093 (20%)
FONTE: Santos (2018, p. 35).
Analisando a Tabela 1, é possível constatar que, no período entre 2010 e 
2017, das 144.726 escolas públicas que oferecem educação básica, 44.906 (31%) 
possuíam bibliotecas com salas de leitura e 29.093 (20%) possuíam bibliotecas 
sem sala de leitura no ano de 2017. Constatamos, ainda, que o aumento de 
escolas públicas com biblioteca foi de 2.074 no país, o que corresponde a um 
crescimento de apenas 5%. No mesmo período, o número de escolas com sala 
de leitura teve um aumento substancial de 49%. Destacamos, ainda, que nessa 
série histórica, houve a redução de 13.984 escolas públicas no total geral. Por 
outro lado, ressaltamos que os números de bibliotecas escolares e salas de leitura 
65
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
apresentados na Tabela 1 evidenciam que, apesar de as estratégias de formação 
do leitor não serem algo novo, estão longe de atender às necessidades dos 
estudantes em formação da educação básica, ainda mais com a redução de escolas 
públicas que atendem aos estudantes que mais utilizam esse recurso público. 
Reconhecemos muitos benefícios quando os estudantes têm acesso a uma sala 
de leitura bem dinamizada. No entanto, questionamos: por que determinadas escolas 
não têm biblioteca escolar com sala de leitura? Sabemos que tanto a biblioteca quanto a 
sala de leitura desenvolvem funções de extrema importância na qualifi cação do ensino 
e da aprendizagem dos estudantes da educação básica. A título de ilustração, sabemos 
que foi só no ano de 2009 que a sala de leitura foi incorporada ao Programa Nacional 
Sala de Leitura (PNSL), realizado pela Fundação de Amparo ao Estudante (FAE), ligada 
ao Ministério da Educação e Cultura. Entretanto, a Sala de Leitura (SL) buscou reforçar 
o objetivo do PNSL, ou seja, incentivar a leitura dos estudantes do ensino fundamental 
II, do ensino médio, da Educação de Jovens e Adultos – EJA e dos profi ssionais da 
educação de todo o país, em um espaço diferente da biblioteca escolar, com um acervo 
rico de livros e periódicos científi cos e gerenciado por toda a equipe de profi ssionais 
docentes da escola e não apenas o profi ssional bibliotecário escolar.
O modelo de sala de leitura previsto pelo Programa Nacional Sala de Leitura 
(PNSL) prescreveu que a sala deveria ser ampla, arejada e equipada com mesas, 
cadeiras e equipamentos tecnológicos, abrigando um acervo com vistas a atender 
às necessidades dos estudantes. Essa sala de leitura deveria ser coordenada 
pelos próprios professores da escola e funcionar “[...] sem interrupção durante 
toda a semana e em todos os turnos de aulas” (SÃO PAULO, 2009, p. 35). 
FIGURA 2 – ATIVIDADE PEDAGÓGICA NA SALA DE LEITURA
FONTE: <https://undime.org.br/noticia/20-07-2016-13-46-projeto-
de-professor-amazonense-tem-como-meta-democratizar-o-acesso-
e-o-gosto-pela-leitura>. Acesso em: 20 abr. 2020.
66
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Observamos que a ideia inicial do Programa Nacional Sala de Leitura (PNSL) 
era estimular a leitura dos estudantes de forma dinâmica, uma vez que a utilização 
da sala de leitura deveria ser diferente da biblioteca escolar, especialmente em 
relação ao horário de funcionamento da sala de leitura, a prestação de serviços 
e a coordenação ampliada por todos profi ssionais responsáveis. Enfi m, a sala 
de leitura deveria ser usada em todos os turnos de aulas da escola, durante 
todos os dias letivos. Para dar conta dessa estrutura, a coordenação dessa sala 
cabia a todos os profi ssionais docentes da escola ao mesmo tempo, excluindo 
a obrigatoriedade da presença do profi ssional bibliotecário para cuidar da 
preservação e manutenção do acervo e de outros materiais pedagógicos, 
iconográfi cos, fonográfi cos e documentos históricos. Sugere-se que a estrutura 
da sala de leitura seja mais simples e com custos reduzidos para atender aos 
principais objetivos, que são: estimular a leitura e desenvolver atividades de 
ensino. 
Para ter a melhor compreensão sobre o funcionamento da 
biblioteca e da sala de leitura, sugerimos que você assista ao vídeo 
Biblioteca e salas de leitura melhoram o desempenho escolar dos 
alunos? Esse vídeo traz o resultado de uma pesquisa feita pelo 
INSPER com 500 escolas que atendem alunos dos anos iniciais 
do ensino fundamental de 17 estados brasileiros. Disponível em: 
http://www.crb8.org.br/bibliotecas-e-salas-de-leitura-melhoram-o-
desempenho-dos-alunos/. 
2.1 DIÁLOGO SOBRE A GESTÃO 
E ORGANIZAÇÃO DA BIBLIOTECA 
ESCOLAR E SALA DE LEITURA
Já dizia o famoso escritor Monteiro Lobato (1951, p. 45): “Um país se faz com 
homens e livros”. Através dessa frase célebre, acreditamos que Monteiro Lobato 
tinha plena consciência da importância de incentivar a formação leitora das novas 
gerações em nosso país. Para Soares (2009, p. 53), a frase de Lobato é atual, 
pois a leitura pode trazer diversos benefícios, tanto ao desenvolvimento do país 
quanto aos sujeitos em uma sociedade letrada como a nossa, como destaca a 
seguir: 
67
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
[...] por meio do livro, homens e mulheres são capazes de criar 
uma nação que compreende seus desafi os e busca soluções 
para a construção de um país justo, sustentável e democrático. 
A leitura sistemática constrói uma subjetividade complexa, 
permitindo o deleite estético e a ampliação do repertório de 
conhecimentos do leitor (SOARES, 2009, p. 53). 
Soares (2009), em sua citação anterior, destaca a importância da leitura para a 
construção subjetiva, cultural e educacional e do seu papel estratégico na formulação 
e execução das políticas que promovam o acesso ao livro e à formação de leitores, 
fortalecendo as ações de cidadania, inclusão social, desenvolvimento humano e o 
desenvolvimento da sociedade brasileira. Como fazer avançar um país com homens 
não leitores? As possibilidades desse desenvolvimento fi cam reduzidas. Portanto, 
todas instituições e organizações não governamentais devem privilegiar estratégias que 
incentivam a formação leitora dos sujeitos adultos e, em especial, das novas gerações. 
FIGURA 3 – ORGANIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E SALA DE LEITURA 
BIBLIOTECA INFANTIL PARQUE VILLAS BOAS (EUA)
FONTE: <https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/
projeto-para-biblioteca/>. Acesso em: 26 abr. 2020.
Programas, projetos e campanhas de incentivo à leitura
Sabemos que desenvolver a competência leitora de uma sociedade letrada não 
é algo simples. Analisando por outro lado, sabemos, também, que o alcance desse 
objetivo é complexo, mas não é impossível. Faz-se necessário, portanto, criar e 
implantar programas, projetos e campanhas de incentivo à leitura em todo o país, que 
sejam bem-estruturados e sustentáveispor um longo tempo, para que ultrapassem o 
nível de ações pontuais para se tornar uma prática social e cultural da comunidade. 
Fazendo um balanço rápido sobre os programas, projetos e campanhas de 
incentivos à leitura em nosso país até o momento, já foram criados e implantados 
diversos programas, projetos e campanhas com diferentes objetivos, em diferentes 
68
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
épocas, e nem sempre os resultados atendem às expectativas das proposições, 
pois continuamos perseguindo até hoje um dos primeiros objetivos, que é formar os 
sujeitos em leitores, especialmente durante a escolarização da educação básica.
Para esclarecer a trajetória que o Brasil vem construindo sobre a formação 
leitora dos sujeitos, em especial dos estudantes, acreditamos que seja interessante 
discutirmos aqui fatos históricos. Na década de 1970, o governo federal 
manifestou interesse em estimular a formação leitora dos estudantes brasileiros, 
com vistas a elevar os índices de alfabetização infantil que eram extremamente 
baixos no país, para não dizer vergonhosos. A partir de então, por intermédio do 
Instituto Nacional do Livro (INL), iniciou-se o projeto de fi nanciamento de obras 
literárias para incentivar a leitura pelo país afora. Os resultados desse projeto não 
atenderam às expectativas do Instituto Nacional do Livro (INL). 
Com isso, na década de 1980, a Fundação Nacional do Livro fi nanciou 
projetos de incentivo à leitura em parceria com empresas educacionais privadas 
e secretarias de educação estaduais e municipais. A partir de então, com 
essas parcerias, o Intitulo Nacional do Livro (INL) fi rmou o objetivo de ampliar e 
melhorar o acervo de obras da literatura infanto-juvenil nas escolas públicas de 
todo o país, com o intuito de alcançar a formação leitora dos estudantes. Nessa 
mesma década, mais especifi camente em 1984, a Fundação Nacional do Livro 
ampliou ainda mais suas ações, agregando a distribuição de títulos de literatura e 
a criação de salas de leitura nas escolas públicas, confi gurando essas ações no 
Programa Nacional Sala de Leitura (PNSL).
Contudo, o Programa Nacional Sala de Leitura (PNSL) continuou vinculado à 
Fundação de Amparo ao Estudante (FAE/Ministério da Educação e Cultura). Nessa 
década, ainda no período da redemocratização, esse programa fi rmou mais uma 
parceria. Dessa vez, fi rmou com as secretarias de educação estaduais que ainda 
não tinham feito ainda e Universidades Federais Públicas a fi m de dar continuidade 
ao objetivo central, ou seja, estimular a leitura dos estudantes em todas as regiões do 
país, bem como fortalecer a ampliação das salas de leitura nas escolas públicas. Para 
tanto, com essa nova parceria, o programa continuou distribuindo livros de literatura 
e periódicos para as escolas públicas de todo o país e introduziu a capacitação de 
professores das redes públicas de ensino com a contribuição das universidades 
públicas, como destaca o pesquisador Custódio (2000, p. 153) a seguir:
Tendo sido criado em 1984, até 1987, o Programa Nacional 
Salas de Leitura – PNSL se desenvolveu compondo, enviando 
acervos para a ambientar as Salas de Leitura em todas as 
regiões do país e a capacitação dos professores. Esse trabalho 
era executado em parceria com as Secretarias Estaduais de 
Educação e as Universidades, essas últimas ocupando-se da 
capacitação dos professores (CUSTÓDIO, 2000, p. 153).
69
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
Em 1988, com a avaliação das ações do PNSL, seu objetivo foi 
redimensionado para alcançar resultados mais efetivos em torno da formação 
de leitores no país. A partir de então, o PNSL incorporou a implementação e a 
implantação de bibliotecas escolares, passando a ser denominado Programa 
Nacional Salas de Leitura/Biblioteca Escolares, por meio de um protocolo de 
intenções celebrado entre Fundação de Amparo ao Estudante (FAE) e o Instituto 
Nacional do Livro e Leitura (INLL). Ressalta-se, aqui, que o Instituto Nacional 
do Livro (INL) agregou o objetivo da leitura e passou a ser Instituto Nacional 
do Livro e Leitura (INLL). Em parceria, essas instituições começaram a criar 
bibliotecas escolares com salas de leituras e, ao mesmo tempo, passaram a 
incrementar bibliotecas que já tinham sido criadas nas escolas públicas, mas se 
encontravam sem vitalidade. Além disso, os professores que atuavam nesses 
espaços (bibliotecas escolares e salas de leitura) começaram a ter oportunidade 
de se capacitarem para melhor atender à comunidade escolar, em especial os 
estudantes e professores nas escolas públicas. Essa capacitação de professores 
teve grande sucesso em diversas localidades no país.
Já nos anos de 1990, o Instituto Nacional do Livro e Leitura (INLL) foi extinto. 
Apesar da extinção, os programas e projetos desenvolvidos pelo INLL tiveram 
continuidade com a distribuição de acervos e discussões relativas à formação 
do leitor, tanto nos setores encarregados desses programas no Ministério da 
Educação e Cultura quanto nos cursos de formação de professores oferecidos 
pelas Universidades Públicas Federais em parceria com as Secretarias de 
Educação Estaduais de Ensino. Em 1992, foi instituído o Programa Nacional de 
Incentivo à Leitura (PROLER) articulado à Fundação Biblioteca Nacional (FBN). 
FIGURA 4 – IMPORTÂNCIA DA LEITURA E CIDADANIA
FONTE: <https://m.leitura.com.br/produto/quem-perde-a-voz-
perde-vez-85085>. Acesso em: 20 abr. 2020.
Nesse mesmo ano, surgiu uma parceria entre o governo francês e brasileiro, 
dando origem ao Pró-Leitura, com o objetivo de atuar na formação do professor 
do ensino fundamental para que ele estimulasse a leitura nas escolas com a 
70
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
participação de alunos. Esse programa agregou, também, a formação inicial dos 
futuros professores do ensino fundamental e dos pesquisadores durante quatro 
anos (PEREIRA; NETO, 2015, p. 53).
A partir de 1994, paralelamente ao Pró-Leitura e ao PROLER, começou a 
funcionar o Programa Nacional Biblioteca do Professor (PNBE). Seu propósito 
era formar professores dos anos iniciais do ensino fundamental, distribuir livros 
literários, além de produzir e difundir materiais de capacitação dos professores 
(PEREIRA; NETO, 2015, p. 53). Nessa primeira edição, os livros distribuídos 
eram obras literárias brasileiras e estrangeiras selecionadas por professores das 
universidades públicas federais, “profi ssionais com experiências docentes na 
educação básica e na formação de professores”. (PEREIRA; NETO, 2015, p. 53).
A parceria entre o PNBE e as Universidades públicas resultou em questões 
relevantes, como, por exemplo, o desenvolvimento de uma política de leitura 
para o país, especialmente para os sistemas públicos de ensino, abrangendo 
a formação do professor, tanto em sua formação inicial quanto na formação 
continuada. Esses profi ssionais tiveram acesso a livros, periódicos e informações 
atualizadas. Nesse sentido, considerando a necessidade de ofertar um conjunto 
de recursos como suporte ao processo de formação permanente dos professores 
dos anos iniciais do ensino fundamental e aos estudantes de licenciaturas/futuros 
profi ssionais, foi instituído o Programa Nacional Biblioteca do Professor (PNBE), 
por meio da Portaria n. 956, de 21 de junho de 1994 (CUSTÓDIO, 2000).
FIGURA 5 – PROGRAMA DE LEITURA (PROLER)
FONTE: <https://proleruniritter.wordpress.com/>. Acesso em: 1º maio 2020.
Dando continuidade ao resgate histórico dos programas, projetos e 
campanhas de incentivo, o Governo Federal e órgãos não governamentais, na 
década de 1990, implantaram o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). 
Com uma atuação complementar à ação de distribuição de livros, iniciou-se a 
formação em serviço dos professores, para que esses profi ssionais pudessem 
promover a leitura em suas classes em todas asregiões do país. Assim, os 
coordenadores dos programas governamentais concluíram que a promoção da 
71
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
leitura não aconteceria apenas com ações de distribuição de livros literários para 
a escola, pois as escolas que visitavam duas situações eram recorrentes: 
(i) encontrar os livros do PNBE guardados nas caixas, sem 
que ao menos tivessem sido abertas; 
(ii) quando havia bibliotecas, ainda que precárias, não havia 
um profi ssional com formação específi ca para fazer a ponte 
entre o livro e o aluno. Em uma dessas escolas, quem 
cuidava dos acervos era a mesma pessoa responsável pela 
máquina de xerox (PEREIRA; NETO, 2015, p. 52).
Diante disso, era preciso que os títulos distribuídos às escolas fi cassem 
“fora das caixas” e fossem para as mãos dos professores e dos estudantes em 
contextos mediadores da leitura. Na época, a maioria dos professores não eram 
leitores e não se apropriavam de práticas leitoras em sua formação docente. Com 
a intenção de tornar o docente um promotor ativo de leitura com os estudantes de 
suas classes, foi criado o Programa Nacional de Biblioteca Escolar (PNBE) para 
formar os professores que trabalhavam com o ensino fundamental I em todas as 
regiões do país. 
De acordo com Pereira e Neto (2015, p. 51), o PNBE é um “programa único no 
mundo tanto pela sua dimensão quanto pelo alcance em termos de investimentos 
e distribuição de acervo literário às escolas públicas”. Os autores vão mais longe 
quando se referem ao PNBE. Para eles, o contexto de políticas e programas de 
leitura no Brasil, visto que: “o PNBE é singular, se comparado à política do livro
com alguns outros países, em virtude de sua complexidade, recursos fi nanceiros 
investidos, quantidade de obras distribuídas e da dimensão geográfi ca do Brasil, 
que abarca centenas de escolas públicas” (PEREIRA; NETO, 2015, p. 51). Cada 
etapa do PNBE integra-se ao Programa Nacional do Livro e Leitura (PNLL). 
Essa parceria se “efetivou, em 2006, como Política de Estado do Ministério da 
Educação (MEC) e do Ministério da Cultura (MinC) para fomentar a leitura no 
Brasil” (PEREIRA; NETO, 2015, p. 52).
Ainda na década de 1990, foi instituído o Programa Nacional de Incentivo à 
Leitura (PROLER), cujo objetivo principal era coordenar, disseminar, articular e 
ouvir as propostas e ideias para dinamizar experiências de leitura, realizadas nas 
diversas regiões do país. Em 1997, a Secretaria de Ensino Fundamental (SEF) do 
Ministério da Educação (MEC) criaram o Plano Nacional de Biblioteca da Escola 
(PNBE), com a intenção de prover recursos diversifi cados para a promoção da 
leitura no ensino fundamental.
Em 2001, o MEC e a SEF criaram o Programa Literatura em Minha Casa, com 
o objetivo de integrar as práticas de leitura, a escola e a família. Compreendemos 
que programas são conjuntos de princípios ou relação de objetivos de um 
72
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
indivíduo, um partido político ou uma associação, com uma lista detalhada de 
compromissos, projetos ou planos para serem executados. Compreendemos 
que projetos são planos gerais de edifi cação ou execução e campanhas são 
conjuntos de esforços, ou de meios, para se atingir a um objetivo. Nos últimos 26 
anos, foram desenvolvidos pelo Governo Federal, em parceria com órgãos não 
governamentais, vários programas, projetos e campanhas a nível nacional com o 
objetivo de promover e incentivar a leitura.
A partir de 2006, o Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade 
de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (Ceale/UFMG) assumiu 
o processo de avaliação das obras que integram o PNBE. Nesse mesmo ano, o 
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) ampliou o atendimento 
do PNBE e encaminhou material didático-pedagógico para professores do ensino 
fundamental das escolas que participaram do Programa de Desenvolvimento 
Profi ssional Continuado – Programa Parâmetros em Ação. Entre os materiais 
enviados, seguiam os volumes impressos dos Parâmetros Curriculares Nacionais 
(BRASIL, 1998).
Em 2003, houve mais uma novidade do PNBE, já que foram incluídas obras 
destinadas aos estudantes do ensino fundamental I e II e suas famílias para que 
fossem levadas para suas casas como estímulo para compor a biblioteca familiar. 
Entre os anos de 2001 e 2002, o MEC criou a ação Literatura em Minha Casa. No 
ano seguinte, em 2003, foram desenvolvidas mais quatro ações junto ao PNBE. 
As ações foram:
- Biblioteca Escolar - para estudantes do 6º ao 9º anos ensino 
fundamental II; 
- Biblioteca do Professor - livros destinados ao uso próprio do 
docente, em casa, sem que tivessem de retornar à escola;
- Palavra da Gente - estudantes da Educação de Jovens e 
Adultos (EJA);
- Casa da Leitura - acervo entregue aos municípios para serem 
repassados às bibliotecas públicas (PEREIRA; NETO, 2015, 
p. 60).
É importante ressaltar que uma das regras do PNBE é alternar os critérios 
de distribuição dos acervos de acordo com os anos escolares, de modo que as 
versões do PNBE de 2009 a 2013 não sofreram mudanças muito signifi cativas, 
Nos anos de 2010 e 2011, o PNBE distribuiu acervo à educação infantil, ensino 
fundamental, ensino médio, educação de jovens e adultos, ao professor e à 
educação especial, bem como periódicos. 
No ano de 2012, o PNBE seguiu a dinâmica já estabelecida e o Ministério da 
Educação incluiu no programa “obras também em formato MecDaisy, tecnologia 
73
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
que cria livros digitalizados com áudio” (PEREIRA; NETO, 2015, p. 60). De 2013 
até os dias de hoje, o PNBE vem seguindo a dinâmica de distribuição, alternando 
o acervo para os níveis e modalidades de ensino. Paralelamente a esses anos, 
o Programa Nacional do Livro e Leitura (PNLL) continua. Apesar dessas ações 
desenvolvidas pelos PNBE e PNLL desde a década de 1990, a pesquisa realizada 
por Jane Paiva e Andréa Berenblum (2009) evidencia que ter o livro na escola não 
signifi ca, ainda, formar leitores. Para as autoras, nos “[...] casos em que esses 
materiais são utilizados, o trabalho pedagógico continua marcado por uma forte 
tendência à decomposição de textos para o estudo de gramática prescritiva, 
em busca de respostas corretas e únicas interpretações para a leitura” (PAIVA; 
BERENBLUM, 2009, p. 182).
Constata-se que as escolas não utilizam, ainda, os acervos dos PNBE e PNLL 
como são orientadas nas formações inicial e continuada. Constatamos também 
que a formação de leitores poderia ser melhor desenvolvida caso tivéssemos 
“mediadores de leitura nas escolas, sejam eles professores, bibliotecários, entre 
outros que, se preparados para a tarefa, poderiam revolucionar a leitura na escola 
pública nas práticas pedagógicas das escolas” (AROSI; RIBEIRO, 2016, p. 6581).
Nessa mesma direção, Soares (2009, p. 79) propõe, inicialmente, que para a 
formação leitura dos estudantes na escola, faz-se necessário: 
[...] refl etir acerca das barreiras que não permitem aos 
estudantes, na sociedade brasileira, o acesso equitativo à 
leitura, desde as que concernem à aquisição da tecnologia da 
escrita, a partir da qual se criariam condições de possibilidade 
de leitura, até aquelas que propiciam o acesso ao livro como 
a existência de bibliotecas – públicas e escolares – ou de 
livrarias, fornecendo dados imprescindíveis à análise sobre o 
direito à leitura (SOARES, 2009, p. 79). 
Nessa citação, a autora desenvolve a discussão sobre as barreiras que 
difi cultam a democratização da leitura pelos sujeitos, em especial dos estudantes 
da classe popular, elegendo como objeto de refl exão a leitura, tomada como 
condição para a democratização cultural. 
74
 Gestão de Biblioteca Escolare Sala de Leitura
Já que estamos discutindo os programas governamentais 
articulados à formação leitora dos estudantes do país e a criação 
de bibliotecas escolares e salas de leitura, não podemos deixar de 
destacar o Dia Nacional do Livro Infantil, que é comemorado no dia 
18 de abril. Esse dia foi criado em 2002, em homenagem ao escritor 
Monteiro Lobato, que nasceu em 18 de abril de 1882. Sua obra mais 
conhecida é o Sítio do Picapau Amarelo, dirigida ao público infanto-
juvenil. Essa história se passa no sítio da Dona Benta, avó de Narizinho 
e Pedrinho, onde habitam criaturas como o Visconde de Sabugosa, 
a boneca Emília e a Cuca, que estão impregnadas no imaginário de 
diversas gerações. Quem não se lembra dessas personagens?
Gerenciando a biblioteca escolar e a sala de leitura
FIGURA 6 – BIBLIOTECA ESCOLAR E SALA DE LEITURA
FONTE: <farroupilha.rs.gov.br/2018/10/26/escola-presidente-dutra-reforma-
biblioteca-e-inaugura-sala-da-leitura/>. Acesso em: 12 maio 2020.
Neste tópico, apresentamos o gerenciamento da biblioteca escolar e da sala 
de leitura, especialmente aspectos da organização e do layout desses espaços, 
buscando garantir a melhor disposição possível para recepcionar os estudantes, 
a equipe docente e as famílias da comunidade escolar. Apresentamos, 
ainda, o funcionamento desses espaços no que diz respeito à formação e ao 
desenvolvimento do acervo – armazenamento, seleção, aquisição, desbaste e 
desgaste, que não são tarefas simples. São necessários diversos cuidados, entre 
eles o funcionamento, o acervo e a organização, para que se atinjam os objetivos 
propostos (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007). Além disso, é oportuno 
discutir os eventos culturais e as atividades que poderão ser desenvolvidas com e 
pelos estudantes através do apoio da equipe docente. 
75
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
Organizar uma biblioteca escolar e uma sala de leitura exige muitos cuidados, 
os quais devem ser observados para atingir seus objetivos. Espera-se que 
esses espaços sejam dinâmicos e possam contribuir para a formação cultural da 
comunidade escolar, em especial dos estudantes, desenvolvendo sua curiosidade 
e seu senso crítico, que os levarão à cidadania plena. Válio (1990) defi ne biblioteca 
escolar como um espaço que busca estimular a formação cultural, especialmente a 
formação leitora e a aprendizagem de conhecimentos construídos pela humanidade, 
a partir da utilização de seu acervo de livros e de outros materiais pelos estudantes. 
Além disso, coopera com a instrução e a formação cultural da comunidade escolar 
e dá suporte ao atendimento do currículo da escola.
Já as Diretrizes da International Federation of Library Associations and 
Institutions (IFLA) compreendem que a biblioteca escolar, nos dias de hoje, é:
[...] um espaço de aprendizagem físico e digital na escola onde a 
leitura, a pesquisa, a investigação, o pensamento, a imaginação 
e a criatividade são fundamentais para imprimir o conhecimento 
e o crescimento pessoal, social e cultural da comunidade escolar, 
em especial, os estudantes (IFLA, 2015, p. 19). 
Nessa mesma direção, Lima afi rma que a biblioteca escolar tem a função 
educativa de integrar “os recursos ou equipamentos pedagógicos, como um 
laboratório da práxis educativa e está presente na escola e constitui um instrumento 
de ensino e aprendizagem de fundamental importância” (LIMA, 2016, p. 32).
FIGURA 7 – SALA DE LEITURA DE ESCOLA DO ENSINO FUNDAMENTAL
FONTE: <https://www.publishnews.com.br/materias/2019/05/03/investir-em-
educacao-e-investir-em-biblioteca-escolar>. Acesso em: 12 maio 2020.
E a sala de leitura, como podemos defi ni-la? Com relação à sala de leitura, Santos 
(2018, p. 35-36) afi rma que a presença da sala de leitura nas escolas públicas pode 
sinalizar uma opção “[...] dos estados e municípios por um caminho mais econômico, 
inclusive, porque o modelo recomendado pelo PSL (Programa da Sala de Leitura) 
não se faz necessário a construção de novos espaços e a contratação do profi ssional 
76
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
bibliotecário”. Concordamos com Santos (2018) que a aderência a esse PSL talvez 
seja mais por razões econômicas que pedagógicas, contradizendo o próprio objetivo 
das propostas educacionais das esferas federal, estadual e municipal brasileiras, as 
quais apresentam em seus discursos que o principal objetivo diz respeito à oferta da 
educação de qualidade para todos os estudantes da educação básica. Contudo, em 
muitas escolas brasileiras com pouca possibilidade de receber a instalação de uma 
biblioteca escolar, as atividades desenvolvidas nas salas de leitura têm refl etido em 
bons resultados junto aos estudantes. 
Santos (2018) evidenciou a dinâmica da sala de leitura da escola observada 
e os resultados positivos para a aprendizagem dos estudantes. Por outro lado, 
revela problemas vividos por outros profi ssionais dessas salas no país afora, 
como, por exemplo, a prática solitária de muitos professores das salas de aula, 
ou seja, eles “têm formação em diversas áreas do conhecimento e, em geral são 
servidores readaptados que constantemente têm seus trabalhos interrompidos 
devido à rotatividade dos colegas” (SANTOS, 2018, p. 42) e, a todo momento, 
têm de substituir seus colegas, dando aula com respaldo da gestora escolar. 
Para ter uma melhor compreensão sobre o funcionamento da 
sala de leitura modelo de São Paulo, sugere-se que você assista 
ao vídeo Sala de Leitura, publicado pela rede estadual de ensino 
de São Paulo, produzido para a Bienal do Livro 2010. Disponível no 
endereço: https://www.youtube.com/watch?v=dMDcSfNxZQU. 
 De um modo geral, as bibliotecas escolares e salas de leitura são 
acomodadas em espaços existentes na escola, ou seja, são espaços adaptados. 
Com isso, na maioria das vezes, são destinados espaços pequenos e não 
muito estratégicos. Daí, surgem difi culdades para atender às necessidades de 
uma biblioteca escolar e de uma sala de leitura que deseja entregar serviços e 
produtos de boa qualidade. Nesse sentido, torna-se importante que a comunidade 
escolar conceba como importantes esses recursos pedagógicos, uma vez que 
eles objetivam garantir o direito de aprendizagem aos estudantes e de ensinar, 
pesquisar, divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber aos professores 
e à comunidade escolar, conforme estabelece um dos princípios do ensino 
assegurado no inciso II do artigo 3º da Lei n. 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e 
Bases (BRASIL, 1996), “II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar 
a cultura, o pensamento, a arte e o saber”. Com isso, talvez seja possível criar 
soluções mais viáveis para essas difi culdades.
77
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
No conjunto da organização da biblioteca escolar e da sala de leitura, 
cabe discutir, ainda, a questão do layout, pois ele é de extrema relevância para 
estruturar bem o espaço e permitir o melhor aproveitamento tanto do ponto de 
vista da disposição do mobiliário e do acervo quanto dos serviços e produtos 
oferecidos à comunidade escolar, especialmente à formação dos estudantes. 
De acordo com Pimentel, Bernardes e Santana, (2007, p. 28), o layout é a 
maneira de distribuir melhor os elementos no espaço físico da biblioteca e da sala de 
leitura para torná-las o mais agradável possível, incluindo a qualidade de elementos 
como: iluminação, temperatura, acústica e cores. Além disso, “a organização 
adequada para comportar o mobiliário, o acervo, o espaço para leitura, estudo e 
pesquisa individual e em grupo entre outros espaços, possibilitando bem estar aos 
usuários nesses espaços” (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 28). 
Para Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 28) a bibliotecaescolar e a 
sala de leitura deveriam ser “abrigadas em um prédio próprio, projetado para esse 
fi m, em local de pouco barulho e de fácil acesso às pessoas”. Entretanto, como 
na maioria das vezes a comunidade escolar tem de adaptar os ambientes, eles 
sugerem algumas dicas importantes para organizar melhor esses ambientes, 
conforme o Quadro 1 a seguir: 
QUADRO 1 – DICAS PARA GESTÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E SALA DE LEITURA
Para saber a quantidade de livros a ser colocada em determinado espaço, pode-se usar um 
cálculo padrão que diz que 1 m2 pode comportar até cinquenta volumes. Assim, se você 
possui duzentos volumes, esses podem ser disponibilizados em uma área mínima de 4 m2.
As paredes devem ter uma cor clara para refl etir a luz e aumentar o grau de visibilidade.
As janelas devem permitir a entrada de luz natural, de modo que possibilite um ambiente 
claro que favoreça a leitura; garantindo, assim, a preservação e a conservação do acervo.
Os livros devem fi car em local arejado e com pouca incidência de raios solares.
O piso deve ser de material resistente e de fácil conservação sendo o mais usado o de 
material em vinílico. Há ainda pisos de madeira e os frios (cerâmica, pedra e metal).
O piso em material carpete não é recomendado, pois, além da difi culdade de limpeza e 
pouca durabilidade, são propícios ao acúmulo de microorganismos e pregas.
A iluminação artifi cial faz-se necessária para permitir o perfeito funcionamento no horário 
noturno. Lâmpadas de Diodo Emissor de Luz - LED são as mais indicadas não só pela 
economia, mas porque têm baixo poder de aquecimento e causam menos danos ao acervo.
Para facilitar o controle e a circulação dos usuários, a biblioteca deve ter somente uma 
entrada destinada a ele. Não podemos nos esquecer de incluir acessos para as pessoas 
com maior idade e aquelas com necessidades especiais.
FONTE: Adaptado de Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 29).
78
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
O mobiliário deve levar em consideração o espaço físico (tamanho) e as 
atividades que serão desenvolvidas, ou seja, acervo e equipamentos destinados 
à biblioteca e à sala de leitura. Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 30) 
sugerem que os móveis devem ser de madeira ou aço. 
Os de aço são mais resistentes e oferecem maior segurança 
na armazenagem dos livros e evitam a retenção da umidade. 
Os de madeira são de baixo custo e devem ser reforçados 
para suportar o peso dos livros. Além disso devem receber 
tratamento contra a infestação de insetos (PIMENTEL; 
BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 30).
Em relação às mesas, é interessante equipar a biblioteca e a sala de leitura 
com mesas dos dois tipos. Algumas grandes, para estudos e reuniões em grupos, 
e outras menores, para o estudo individual. 
Elas devem estar de preferência distantes umas das outras, 
pois quando estamos em grupo a nossa tendência é falar 
mais alto. Se esses espaços atenderem, também, crianças 
pequenas, o mobiliário deve ser colorido, alegre e apropriado 
às condições físicas desses(as) pequenos(as) (tamanho, 
anatomia das mesas e cadeiras), possibilitando o seu bem-
estar e encantamento, conquistando desde já o usuário desse 
espaço (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 30).
FIGURA 8 – BIBLIOTECA ESCOLAR X LAYOUT DO ESPAÇO
FONTE: <https://www.seduc.pi.gov.br/noticia/Comunidade-Escolar-
da-21-Gerencia- Regional-de-Educacao-sai-em-busca-do-ouro-
na-OBMEP-2013/5275/>. Acesso em: 20 abr. 2020.
No tocante à sinalização da biblioteca e sala de leitura, a primeira informação 
deve começar por sua sinalização no prédio da escola para todos os usuários, 
incluindo a sinalização braile, para incluir os cegos e defi cientes visuais. 
79
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
Entretanto, essa sinalização pode ser externa e interna. A sinalização externa 
pode indicar a biblioteca ou a sala de leitura, mas pode comunicar também a 
importância desses espaços para a comunidade escolar e seus visitantes. 
Já a sinalização interna deve estar na recepção da escola onde está localizada 
a biblioteca ou a sala de leitura. Essa informação pode comunicar aos estudantes 
e às famílias que a escola se preocupa com a aprendizagem e a formação cultural 
dos estudantes. Essa comunicação pode “conter informações sobre os serviços 
oferecidos pela biblioteca, como: empréstimo de livros, reforço escolar, hora do 
conto, palestras, discussão de fi lmes e vídeos, horário de funcionamento, normas 
de uso, documentos necessários para inscrição ou cadastro etc.” (PIMENTEL; 
BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 31). 
É de fundamental importância que, dentro da biblioteca ou da sala de 
leitura, haja informações para comunicar e orientar à comunidade escolar sobre 
o uso desses espaços, como, por exemplo, o acesso ao acervo (por autores ou 
assuntos), os catálogos dos livros e de outros materiais, bem como a indicação 
das estantes, o espaço onde o grupo pode se reunir ou estudar juntos ou 
individualmente por meio das relações (por autores e assuntos), dos catálogos 
dos livros e de outros materiais. Além disso, deve-se disponibilizar murais 
interativos ou com informações sobre as atividades e eventos que esses espaços 
vão promover ou, ainda, informações sobre os livros e aqueles mais lidos, mais 
procurados ou outras informações que sejam relevantes para os usuários. Enfi m, 
não se deve descuidar das sinalizações internas ou externas para dinamizar a 
biblioteca escolar ou sala de leitura. 
O horário de funcionamento da biblioteca escolar e sala de leitura 
Sabemos que é de extrema importância a biblioteca escolar e a sala de 
leitura atenderem à comunidade escolar durante o funcionamento em todos os 
turnos que ocorrem as aulas. Para que esses espaços estejam em funcionamento 
em período integral e durante todo ano letivo, faz-se necessário promover a 
aprendizagem ativa e oferecer atividades atrativas aos estudantes. 
Se a gestão e a equipe docente tiverem condições de ampliar o funcionamento 
desses espaços, pode-se optar por colocar em funcionamento da biblioteca 
escolar no horário de almoço, nos fi nais de semana e no período de recesso e 
férias escolares para receber, além dos estudantes da escola, os moradores da 
comunidade como uma forma de estudo ou de lazer: 
80
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 9 – HORÁRIO E ATIVIDADES DA BIBLIOTECA ESCOLAR E SALA DE LEITURA
FONTE: A autora.
A composição dos acervos, formação, armazenamento e seleção 
O acervo da biblioteca escolar e da sala de leitura pode ser como qualquer outro 
tipo de biblioteca, ou seja, ser formado por livros, enciclopédias, periódicos, revistas, 
jornais, e-books, vídeos, fi lmes, CDs, DVDs e outros materiais impressos e digitais. Esses 
materiais são classifi cados geralmente como coleções ou item. Apesar dos materiais 
tecnológicos e digitais, o livro impresso é o item em maior número nesses espaços. 
FIGURA 10 – FUNCIONAMENTO DA BIBLIOTECA, 
COMPOSIÇÃO E ARMAZENAMENTO DO ACERVO 
FONTE: <http://blog.crb6.org.br/artigos-materias-e-entrevistas/bibliotecas-
dao-lugar-a-salas-de-leitura/>. Acesso em: 12 maio 2020.
Outro aspecto importante para a formação do acervo desses ambientes diz 
respeito à escolha dos itens que irão compor suas coleções. Para isso, é preciso 
defi nir, ainda, os critérios que serão utilizados para selecionar os itens e gêneros 
das coleções e como serão armazenados e mantidos esses acervos.
81
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
Para Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 33), a organização dos 
acervos de uma biblioteca escolar e de uma sala de leitura “envolve o trabalho 
constante de inclusão e exclusão de itens, atividades que favorecem a atualização 
do acervo com relaçãoaos anseios dos usuários, que podem variar de acordo 
com o surgimento ou o desuso de suas necessidades de informação”. Portanto, 
é necessário que o profi ssional responsável pela biblioteca e pela sala de leitura 
esteja atento para manter um acervo atualizado e atenda às necessidades da 
comunidade escolar. Assim, o armazenamento está vinculado às funções desses 
espaços. Contudo, o armazenamento tem de levar em consideração o tamanho 
do espaço, o layout, o acervo e os usuários a serem atendidos.
Em relação à seleção dos itens para compor o acervo da biblioteca escolar e da sala 
de leitura, alguns requisitos entram em cena, pois dependem da capacidade fi nanceira 
da escola, do número de títulos que recebem dos programas nacionais de distribuição de 
livro e das doações recebidas. Entretanto, a seleção deve estabelecer como critério para 
a seleção os objetivos da gestão e da equipe docente, pois nem sempre todos os itens 
recebidos de doações combinam com os objetivos desses espaços. Geralmente, o maior 
número de títulos recebidos nas doações é de livros didáticos. 
Nesse caso, se o objetivo é estimular à leitura e incentivar a aprendizagem 
dos estudantes com espaços atrativos, não serão aproveitados todos os títulos 
recebidos. Geralmente, a seleção dos títulos é fundamentada em estudos e 
indicações por especialistas, como indicações em eventos acadêmicos que 
estão relacionados aos objetivos da biblioteca escolar e sala de leitura, pois não 
adianta selecionar títulos de áreas que não dialogam com os usuários ou ter um 
número elevado de um título ocupando espaços de outros livros. Nesse sentido, o 
planejamento desse item com toda a equipe escolar é fundamental para traçar os 
critérios de seleção do acervo. A pessoa que fi ca a cargo da seleção se guiará por 
meio dos critérios de seleção elaborados por toda a equipe docente e estudantes.
Em síntese, para escolher o acervo, é preciso saber os objetivos e 
necessidades da sala de leitura e da biblioteca escolar naquela comunidade 
escolar, incluindo o que precisam e podem adquirir por meio de compras, o 
que recebem por meio de doação ou até por meio de trocas dos títulos entre os 
usuários e pessoas da comunidade. 
A aquisição do acervo, desbaste e o descarte
A aquisição do acervo, o desbaste e o descarte são elementos essenciais 
para a composição da biblioteca escolar e da sala de leitura. A aquisição do 
acervo é essencial e envolve atividades de compra, guarda e compartilhamento 
de doação e permuta de livros, entre outros materiais. Pimentel, Bernardes 
e Santana (2007, p. 34) afi rmam que a “[...] preocupação com o processo de 
82
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
aquisição é extremamente necessária, pois ela pode contribuir com a formação 
de um acervo com qualidade ou não.” Se uma dessas atividades de aquisição não 
for bem planejada, a formação do acervo pode ser prejudicada. 
Vale a pena lembrar que nem sempre a escola recebe recursos fi nanceiros 
para comprar todos os títulos interessantes para compor o acervo da biblioteca 
escolar e complementar o da sala de leitura com títulos que atraem os estudantes 
e a equipe docente. Nesse sentido, pontuamos que a equipe escolar pode pensar 
em estratégias colaborativas para compor o acervo, como, por exemplo, promover 
uma boa campanha de arrecadação de livros, uma feira de trocas de livros com a 
comunidade escolar e outros participantes e, ainda, uma rodada de trocas entre 
bibliotecas escolares do bairro e da cidade. Tais estratégias podem contribuir para 
a construção de um excelente acervo para esses ambientes.
Diferentemente da aquisição, na biblioteca escolar e na sala de leitura faz-se 
necessário também o desbaste e o descarte. Enfi m, por que fazer desbaste? O que 
é desbaste? Por que fazer o descarte quando os recursos para compor o acervo são 
escassos? Bem, o desbaste é a substituição temporária de alguns itens da coleção das 
estantes ou “vitrines” da biblioteca ou da sala de leitura. Isto é, em determinada época, 
por diversas razões, alguns livros que não estão sendo usados ou emprestados com 
frequência podem ser guardados em um depósito ou outro lugar e ter outros expostos 
para chamar a atenção dos nossos usuários, por exemplo, os professores desenvolvem 
todo ano, no mês de agosto, o trabalho sobre folclore. Então, é importante que nesse 
mês o acervo sobre folclore esteja mais evidente nesses espaços para colaborar com a 
pesquisa dos estudantes e professores. “Quando chegar ao término do mês de agosto, 
os livros acerca do folclore poderão ser desbastados e ser substituídos por outros e 
assim por diante” (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 35)
Já o descarte ou a seleção negativa é a retirada defi nitiva de alguns 
títulos do acervo da biblioteca escolar e da sala de leitura, os quais estejam 
repetidos (muitos exemplares), livros comprovadamente sem uso (verifi cados 
pelas estatísticas de empréstimo), títulos desatualizados ou danifi cados, cuja 
restauração seja impossibilitada, pois não permite a manipulação da obra. Sendo 
assim, é importante que seja realizado o descarte com critérios para eliminar 
livros que não estão servindo para manter o nível de qualidade desses ambientes 
com o objetivo de atender aos usuários. 
Acervo, coleções de livros de referências
Em relação à composição do acervo, torna-se importante discutir os títulos 
ou coleções, como livros de referências e materiais que guardam uma memória 
externa, por exemplo: catálogos, bases de dados, hemeroteca, entre outros 
materiais. Portanto, a organização efi ciente do acervo da biblioteca escolar e da 
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GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
sala de leitura pede uma organização baseada no armazenamento e no arranjo 
das coleções, além de um importante processamento técnico para receber o 
material que retorna dos empréstimos e devoluções.
O que coleciona a hemeroteca? 
Quais os tipos dos materiais encontrados na hemeroteca: impressos 
ou digitais? 
Você já ouviu falar ou utilizou o material da hemeroteca alguma vez?
Como já foi dito, nos dias de hoje, o acervo de uma biblioteca ou de uma 
sala de leitura não possui somente livros. Geralmente, ele é constituído por 
diversos tipos de coleções, as quais variam de acordo com as especifi cidades 
das bibliotecas e das salas de leitura. Diante disso, o acervo de uma biblioteca 
especializada é diferente do acervo de uma biblioteca escolar. No entanto, toda e 
qualquer biblioteca tende a ter um mesmo conjunto básico de coleções, como as 
mencionadas a seguir: 
QUADRO 2 – COLEÇÕES E LIVROS DE REFERÊNCIA
Coleção Especifi cidades
Coleções de 
livros de referências
Conjunto de livros de consulta. Indicam onde encontrar o 
assunto procurado de uma forma mais detalhada, por exemplo, 
dicionário, enciclopédias, atlas, índices.
Coleção de livros textos
Conjunto de livros que compõem o acervo geral: literatura, 
didáticos e informativos etc.
Coleção de periódicos
Conjunto de revistas, jornais ou outro tipo de material que 
circule em períodos regulares (diário, mensal, anual) ou outro 
período com informações atualizadas.
Coleção de materiais 
não bibliográfi cos ou 
multimeios
Conjunto de materiais que estão em uma forma diferente de 
livros, vídeos, fi lmes, CD, DVD, fotografi as, slides, materiais 
digitais, jogos etc.
Hemeroteca Conjunto de recortes de jornais que informam sobre diversos 
assuntos e temas atuais no suporte impresso ou digitais.
FONTE: Adaptado de Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 40-41).
84
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 11 – MATERIAIS ENCONTRADOS NA HEMEROTECA
FONTE: <http://caipirissimagxp.blogspot.com/2017/05/guaranesia-ganha-
hemeroteca-digital.html>. Acesso em: 12 maio 2020.
Como foi possível observar, a Figura 11 traz a ilustração de uma hemeroteca 
digital, com recortes de jornais e diversasmatérias jornalísticas antigas para 
contribuir com a formação cultural dos estudantes e dos professores que 
participaram desde sempre em eventos dessa natureza. Sugerimos utilizar 
a hemeroteca digital como projeto pedagógico a ser realizados com e pelos 
estudantes e professores nas escolas, inclusive de forma interdisciplinar, com 
várias áreas do conhecimento, e, depois, criar um momento no calendário da 
biblioteca escolar ou sala de leitura para apresentá-los e trocar experiências entre 
outras turmas.
Quem são os profi ssionais responsáveis pela biblioteca escolar e sala 
de leitura? 
Em relação aos profi ssionais responsáveis pela biblioteca escolar e pela sala 
de leitura, observamos que o nosso país apresenta, ainda, um descompasso. 
As redes de ensino, em especial as públicas, não possuem em seus quadros a 
quantidade de bibliotecários necessários para alocar em cada uma das bibliotecas 
esse profi ssional. Hoje, as redes (federal, estadual ou municipal) não dispõem 
de bibliotecários sufi cientes para atender a cada escola, apesar de a legislação 
enfatizar a ocupação das bibliotecas escolares por profi ssionais bibliotecários 
(Lei n. 12.244/2010 e Resolução do Conselho Federal de Biblioteconomia - CFB 
199/2018). Os profi ssionais que atuam nas salas de leitura são indicados pelo 
programa que os professores, sendo que tal indicação foi prevista desde a criação 
desse espaço pelo Programa Nacional Sala de Leitura (PNSL). Acreditamos que 
a comunidade escolar busca dinamizar ativamente esse espaço diariamente em 
todos os turnos. Entretanto, sabemos que, com a dinâmica exigida na biblioteca e 
sala de leitura, apenas um bibliotecário na escola não tem condições de atender 
a contento a todas as orientações do programa. Portanto, com isso, é preciso que 
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GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
a comunidade fi que atenta que, em escolas maiores, com três turnos, apenas um 
bibliotecário não é sufi ciente para realizar o trabalho com a qualidade exigida. 
É preciso refl etir que, além das autoridades educacionais não conseguirem 
cumprir a legislação até o presente momento em relação aos profi ssionais 
bibliotecários, há outra difi culdade nesse campo que diz respeito à condição dos 
profi ssionais que atuam hoje nas bibliotecas escolares, pois são professores 
readaptados funcionalmente que, na maioria dos casos, não possuem formação 
específi ca de bibliotecário escolar e têm de desenvolver tarefas de um bibliotecário 
apenas com sua experiência pessoal e profi ssional de professor. Limas (2015, p. 
106) aponta, em seu estudo intitulado Redes de bibliotecas escolares no Brasil: 
estudo exploratório, que a inserção dos professores readaptados funcionalmente 
nas bibliotecas escolares é adotada por muitas redes de ensino públicas e 
privadas. Por outro lado, essa prática criou, na maioria dos casos, uma imagem 
negativa historicamente para esses professores, os quais foram bons profi ssionais 
em seu ofício e não conseguem manter o padrão de qualidade nesse novo posto, 
uma vez que não receberam formação profi ssional para desempenhá-lo, como 
pode ser verifi cado nos depoimentos de duas participantes da pesquisa de escolas 
diferentes ao serem questionadas: como concebem professores readaptados?
Pesquisadora: Como você vê os professores readaptados na 
biblioteca? 
Bem, vejo que se trata de professores que, por razões de 
saúde, foram afastados das salas de aula e passaram a 
atuar na biblioteca para continuar seu trabalho. Eles fazem 
de tudo, atividades feitas pelos auxiliares de biblioteca, pelo 
bibliotecário. Em todos os casos, em maior ou menor número, 
existe essa situação em todos os lugares que eu sei. Em 
escolas estaduais e municipais. Às vezes, a crítica vem pelo 
fato de alguns professores em readaptação funcional nas 
bibliotecas não fazerem muito bem as atividades. Isso espalha 
uma imagem negativa para eles durante muito tempo (Selma 
Chaves, auxiliar de biblioteca, 31 anos).
[...]
Eu falei do professor em readaptação funcional que a gente 
tem difi culdades em alguns casos em função do laudo dele. 
Mas a gente tem difi culdades também com auxiliares e com 
professores. Porque há uma tendência a achar, do senso 
comum. Não e só aqui. Isso na própria universidade, eu já ouvi. 
Quando a gente está em discussões na sala de aula. “Ah, porque 
biblioteca escolar... joga o professor lá que ...readaptado, não 
é e tal”. A gente tem professor que trabalha muito bem. A gente 
tem professor que não trabalha tão bem. A gente tem auxiliar 
de biblioteca que não trabalha bem. A gente tem bibliotecário 
que trabalha muito bem. E a gente tem bibliotecário que não 
trabalha bem. Então assim... é só pra desmistifi car isso de que 
professor em readaptação profi ssional na biblioteca é sempre 
86
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
um estorvo. E em alguns casos nessa rede. Vou falar que 
é onde a gente está, se não são eles o trabalho não vai. Eu 
queria ter falado isso, deixar isso registrado (Carolina Teixeira 
de Paula, auxiliar de biblioteca, 27 anos) (LIMAS, 2015, p. 97).
Analisando os resultados do estudo exploratório de Limas (2015) e os 
depoimentos das auxiliares de bibliotecas, observamos que a primeira participante 
confi rma a imagem negativa criada do professor readaptado funcionalmente 
em nosso país. Entretanto, a auxiliar de biblioteca relativiza esse discurso, 
argumentando que não é a readaptação funcional que deve imprimir a condição 
negativa aos professores que são encaminhados à biblioteca escolar, pois há 
outros profi ssionais que não são readaptados e não trabalham bem, como, por 
exemplo, auxiliares de bibliotecário, bibliotecários e professores readaptados 
e, conforme disse Carolina Teixeira de Paula “só prá desmitifi car isso de que 
profi ssional em readaptação profi ssional na biblioteca é sempre um estorvo” e 
ainda “se não são eles o trabalho não vai” (LIMAS, 2015, p. 6). Nesse caso, os 
professores readaptados que estão e chegarão à biblioteca deverão ser acolhidos 
para que possam dar o melhor de si com a experiência pessoal e profi ssional 
e, ao mesmo tempo, cobrar das autoridades educacionais cursos de formação 
continuada para que esses professores desenvolvam o seu trabalho com 
qualidade. 
Solicitamos que leia o artigo Biblioteca escolar: (re)organização 
e fomento à leitura, publicado por Edson Luiz Rezende Junior. Faça 
suas anotações e, em seguida, apresente um texto que discuta as 
ideias mais relevantes apresentadas pelo autor sobre a organização 
da escola selecionada. Recomendamos ao estudante que articule as 
informações do artigo com as que discutimos neste capítulo.
FONTE: JUNIOR, E. L. R. Biblioteca Escolar: (Re)organização e Fomento 
à Leitura. Revista Ininga, v. 2, n. 1, 2015. Disponível em: https://revistas.
ufpi.br/index.php/ininga/article/view/5931. Acesso em: 19 abr. 2020. 
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FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
2.2 DIÁLOGO ACERCA DAS 
SUGESTÕES DE PRÁTICAS E 
PROJETOS PEDAGÓGICOS PARA 
APOIAR A GESTÃO DA BIBLIOTECA 
ESCOLA E DA SALA DE LEITURA
Nesta seção, apresentamos algumas sugestões de práticas e projetos 
pedagógicos como recursos de apoio ao processo de ensinar e de aprender para 
estudantes e a comunidade escolar da educação básica realizados por diferentes 
atorespara construir os seguintes objetivos de aprendizagem: apresentar e discutir 
práticas e projetos pedagógicos desenvolvidos em bibliotecas escolares e salas 
de leitura no país para qualifi car ainda mais o processo de ensino e aprendizagem 
e a atuação profi ssional da comunidade escolar nesses contextos escolares.
Os projetos e as práticas pedagógicas apresentadas aqui foram recolhidas por 
meio de um levantamento de trabalhos desenvolvidos em bibliotecas escolares, 
salas de leitura e escolas de educação básica com o objetivo de dinamizar 
esses espaços disponíveis no banco de dados do SciELO – Scientifi c Electronic 
Library, pois acreditamos que é interessante profi ssionais da comunidade escolar 
conhecerem experiências aplicadas. 
Para capturar os projetos e práticas pedagógicas, utilizamos como descritores 
as seguintes palavras-chave: 
(i) Projetos pedagógicos na biblioteca escolar.
(ii) Projetos pedagógicos na sala de leitura das escolas básicas.
(iii) Projetos pedagógicos na biblioteca escolar e sala de leitura.
(iv) Prática pedagógica na biblioteca escolar e sala de leitura.
Nesta seção, o termo “prática pedagógica” pode ser compreendido como 
uma ação que começa desde que: 
[...] o planejamento e a sistematização da dinâmica dos 
processos de aprendizagem até a caminhada no meio de 
processos que ocorrem para além da aprendizagem, de 
forma a garantir o ensino de conteúdos e atividades que são 
considerados fundamentais para a formação do estudante 
(FRANCO, 2016, p. 547). 
Nesse sentido, o professor no exercício de seu ofício buscará “recolher 
as aprendizagens de outras fontes, de outros mundos, de outras lógicas, para 
88
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
incorporá-las em seu processo de ensino” (FRANCO, 2016, p. 547) com vistas a 
ampliar aquilo que os estudantes já sabem de forma crítica. 
Já a expressão “projeto pedagógico” pode ser defi nida, de acordo com Almeida 
(2002, p. 58), como uma prática que “[...] rompe com as fronteiras disciplinares, 
tornando-as permeáveis na ação de articular diferentes áreas de conhecimento, 
mobilizadas na investigação de problemáticas e situações da realidade”. Enfi m, 
podemos compreender como uma prática mais dinâmica e contextualizada, 
proporcionando situações de aprendizagem em que os estudantes podem 
aprender fazendo, pesquisando, experimentando, refl etindo, construindo e 
intervindo, a partir de conhecimentos diversifi cados, contextualizados, situações 
de aprendizagem reais e signifi cativas, entre outras possibilidades. 
Privilegiamos, aqui, projetos e práticas pedagógicas realizadas em escolas 
da educação básica, em uma feira livre, e uma prática que ocorre no lar de 
diversas regiões brasileiras, bem como aqueles que concorreram a concursos de 
premiação, como, por exemplo, o Prêmio VivaLeitura, considerando que esses 
eventos têm uma comissão julgadora que os analisam e emitem um parecer 
avaliativo sobre a proposta de trabalho. A título de ilustração, o Prêmio VivaLeitura 
é uma iniciativa dos Ministérios da Cultura, da Educação e da Organização dos 
Estados Ibero-americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI). A seguir, 
explicitamos, na Figura 12, os títulos dos projetos e práticas pedagógicas que 
compuseram a nossa análise: 
FIGURA 12 – PROJETOS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ANALISADAS
PROJETOS E PRÁTICAS PEDAGÓGICOS
PROJETO 1: ROEDORES DE LIVROS
PRÁTICA 1: LEITURA, MARCO DE 
PROJETO PEDAGÓGICO DE ESCOLA 
DO RIO
PROJETO 2: LITERATURA NAS RUAS
PRÁTICA 2: ESCOLA GAÚCHA 
INCENTIVA ALUNOS A APRECIAR 
OBRAS DE LITERATURA
PROJETO 3: BIBLIOTECÁRIA LEVA AMOR 
PELOS LIVROS A MORADORES EM 
SITUAÇÃO DE RUA
PRÁTICA 3:GÊMEAS DE 7 ANOS CRIAM 
CANAL PARA DIVULGAR SEUS VÍDEOS 
COM DICAS SOBRE LIVROS INFANTIS
PROJETO 4: CELULAR É FERRAMENTA 
DE LEITURA E DE APRENDIZAGEM DE 
HISTÓRIA
PRÁTICA 4: ATIVIDADES ATRAEM 
ESTUDANTES À BIBLIOTECA EM 
ESCOLA PARAIBANA
PROJETO 5: ESCOLA DE PERNAMBUCO INVESTE EM LEITURA E CRESCE EM 
AVALIAÇÃO
FONTE: A autora.
89
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
Em seguida, apresentamos a síntese de cada um dos projetos e práticas 
pedagógicas analisadas para que você possa compreender a proposta de 
trabalhos dos professores e bibliotecário, crianças e família.
FIGURA 13 - PROJETO 1: ROEDORES DE LIVROS
FONTE: <http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/40271-
roedores-de-livros>. Acesso em: 12 maio 2020.
O Projeto Roedores de Livros teve seu nome inspirado na expressão “rato de 
biblioteca”, que geralmente é usada para identifi car pessoas que gostam de ler e 
que gostam de estar cercadas de várias obras impressas. Esse projeto foi criado em 
2006, em uma biblioteca de Brasília, no Distrito Federal, por um grupo de professores 
voluntários e verdadeiros “ratos de biblioteca”. De acordo com uma das integrantes 
do Projeto, a professora Ana Paula Bernardes, a iniciativa deu certo e, ano a ano, 
o projeto só cresce. Hoje, o projeto tem como objetivo ler, contar e encantar com 
histórias no Shopping Popular de Ceilândia, ou melhor, na feira popular da maior 
região administrativa do Distrito Federal (cerca de 490 mil habitantes).
Todos as manhãs de sábados, comparecem a esse shopping mais de 30 
crianças, entre 4 e 14 anos de idade. Como é realizado em uma feira, a maioria 
das crianças participantes são fi lhos e fi lhas dos próprios feirantes ou de pessoas 
que sempre vão à feira fazer compras ou passear no local, os quais conhecem 
o projeto e passam a participar com frequência. Essas crianças são, também, 
estudantes das escolas públicas da região. Elas vão à biblioteca (na feira), espaço 
cedido ao Grupo dos Roedores e lá ouvem histórias, participam de ofi cinas de 
artes e de outras atividades e, quando querem, podem também emprestar livros e 
levar os exemplares para ler em casa. 
A iniciativa voluntária tem como objetivo atrair outros “roedores” interessados 
em aprender a ler cada dia melhor e a se divertir com a mágica dos livros 
literários. De acordo com a professora Bernardes, a proposta é acolher a todos. 
“A gente deixa todos juntos. Temos todas as idades no projeto. O grande presente 
é convidar a criança para ler junto, para se divertir e fazer uma coisa mais 
aconchegante” (MEC, 2016a, s.p.).
90
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Para essa professora, a leitura tem de ser um ato de carinho, de amor, de 
estar junto. “E a criança vai levar esse ‘estar junto’ para sempre. E vai sempre 
associar o livro a uma coisa muito boa. E é isso que aproxima a criança do livro” 
(MEC, 2016a, s.p.).
Para ampliar o projeto, os voluntários vão até as escolas públicas, 
apresentam o projeto e desenvolvem atividades. No entanto, as atividades não 
fi cam limitadas ao espaço da biblioteca do shopping e tampouco aos pequenos 
estudantes. Segundo Bernardes, “neste ano (2018), promovemos um grande 
encontro, o qual chamamos de Encontro com Escritores. Nele, visitamos dez 
regionais administrativas, levando um escritor e divulgamos, também, o nosso 
projeto” (MEC, 2016a, s.p.). Para a professora Bernardes, os encontros foram 
realizados com intenção de incentivar não só os jovens a ler, mas os professores 
procurarem a biblioteca, que tem um grande acervo.
Hoje, o acervo da biblioteca dos Roedores é bom. No entanto, fazemos 
campanhas de doação para recebermos e sempre são bem-vindas. 
“Encaminhamos todos os livros que recebemos nas doações a outras instituições 
de Brasília que estejam organizando pequenas bibliotecas ou salas de leitura” 
(MEC, 2016a, s.p.), diz a professora Bernardes. Além disso, “oferecemos, ainda, 
apoio a pequenos projetos e a organizações não governamentais que estão 
preocupadas com a formação de leitores” (MEC, 2016a, s.p.). O trabalho tem 
despertado muitos leitores, o que é bem importante.
FIGURA 14 – PROJETO 2: LITERATURA NAS RUAS
FONTE: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/21090-alunos-vao-as-ruas-de-uberaba-como-multiplicadores-de-leitura>. Acesso em: 20 abr. 2020.
O projeto Literatura nas Ruas foi criado em 2012, pelo professor Diovane de César 
Resende Ribeiro, no Centro Municipal de Educação Infantil Maria Eduarda Farnezi 
Caetano, no município mineiro de Uberaba, com o objetivo de despertar o interesse das 
crianças da educação infantil pela literatura e torná-las multiplicadoras de leitura. Com 
isso, parte das atividades do projeto ocorrem nas ruas e os resultados superaram as 
expectativas em termo de aceitação das crianças e adesão das famílias.
91
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
Segundo Diovane, o projeto surgiu da necessidade pessoal de não só 
comprovar a importância da arte na educação infantil, como também estimular 
o gosto das crianças pela literatura. Tão logo começou a trabalhar, em 2012, 
procurou sensibilizar crianças e suas famílias em uma biblioteca comunitária para 
conhecer e apreciar diferentes linguagens artísticas. As ações desenvolvidas na 
biblioteca “ganharam destaque, então decidimos estruturar e desenvolver esse 
projeto” (MEC, 2015a, s.p.).
O professor revela que as crianças tiveram oportunidade de assistir à 
apresentação da companhia de teatro integrada por adolescentes, a Cia. Rogê, 
com a adaptação do livro A Caixa Preta, do escritor Tiago de Melo Andrade, 
durante a 3ª Festa Literária de Uberaba (FLU). Como as crianças manifestaram o 
interesse pela atividade, ele selecionou algumas poesias para serem distribuídas 
aos moradores da comunidade em que a escola estava situada. Percebeu, então, 
que era possível ir além e ampliar a distribuição dessas poesias em outros lugares.
Nesse ínterim conseguiu selar a parceria com a Biblioteca Comunitária Ler é 
Preciso, cujo responsável o Professor Antônio Bernardes Neto, que já coletava e 
doava obras literárias, repassou ao Professor Diovane vários exemplares de obras 
literárias. Após o trabalhar com a leitura dessas obras recebidas com as crianças, 
elas tiveram como tarefa confeccionar marcadores de livros para distribuir junto 
com as obras na praça central de Uberaba aos moradores de rua. Essas ações 
foram bem avaliadas por todos participantes, então:
[...] resolvemos ampliá-las e agregar um projeto de poesia. 
Nele, as crianças ouviram, leram e declamaram muitos 
poemas. Em seu encerramento, realizamos um sarau com 
contos e poesias, fazendo uma homenagem ao Poetinha, em 
comemoração ao centenário de nascimento do poeta, escritor 
e compositor Vinícius de Moraes [1913-1980]. Essa atividade 
envolveu as famílias, as quais muito dedicadas a ajudar seus 
fi lhos, em casa, nos ensaios com as declamações (MEC, 
2015a, s.p.).
Durante essas atividades, percebi que as crianças queriam ler cada vez 
mais. “Alguns, assim que terminavam as atividades, logo escolhiam outro livro 
do Cantinho de Leitura para folheá-los e lê-lo enquanto os colegas estavam 
concluindo suas tarefas” (MEC, 2015a, s.p.).
Esse professor conta com formação superior em Pedagogia e, no ensino 
médio, no curso de magistério. Entretanto, desde quando cursava o magistério, 
atuava na área da educação como voluntário na biblioteca da escola onde cursou 
o ensino fundamental. O Projeto Literatura nas Ruas foi um dos fi nalistas da 
sétima edição do Prêmio VivaLeitura, na categoria 2, destinada a escolas públicas 
92
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
e particulares. Segundo MEC (2015a, s.p.): “Após essa experiência, saio com a 
força revigorada e mais crente de que tudo é possível. Basta acreditar”, diz o 
Professor Diovane. 
FIGURA 15 – PROJETO 3: BIBLIOTECÁRIA LEVA AMOR PELOS 
LIVROS A MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA
FONTE: <http://portal.mec.gov.br/busca-geral/222-noticias/537011943/37921-
bibliotecaria-leva-amor-pelos-livros-a-moradores-de-rua>. Acesso em: 20 abr. 2020.
Há 34 anos, o amor pelas pessoas e livros ocupa os dias da bibliotecária 
Terezinha Maria de Jesus da Conceição Lima, a Teca Lima, de Belém, nesse 
projeto de leitura. Ela acredita que a leitura oferece às pessoas a possibilidade 
de adquirir conhecimento, crescer, viajar, relaxar e amenizar o sofrimento. Para 
a bibliotecária Terezinha Lima, “a leitura é um momento de prazer” (MEC, 2016b, 
s.p.). Por isso, a Terezinha Lima tem se preocupado em levar os livros até aqueles 
que estão mais distantes e isolados, como detentos e quilombolas. “Tudo dá certo, 
quando gostamos de pessoas”, diz a bibliotecária.
Terezinha Lima é funcionária da biblioteca estadual do Pará, mas estava 
cedida à Biblioteca Pública Municipal Avertano Rocha, no Distrito de Icoaraci, 
Pará. E foi ali que ela desenvolveu o projeto com moradores em situação de rua 
com objetivo de tornar visíveis os invisíveis. Um instigante desafi o, mas também 
um dos ganhadores da oitava edição do Prêmio VivaLeitura, iniciativa dos 
ministérios da Cultura e da Educação. Na premiação recebida em maio de 2018, 
esse projeto foi o vencedor da categoria 1, Biblioteca Viva. Terezinha Lima criou 
esse projeto em 2014, a partir da observação da parcela da sociedade que inclui 
pedintes, guardadores de carros e artesãos.
O trabalho, realizado em parceria com o Centro de Referência Especializado 
para População em Situação de Rua (Centro Pop), contribuiu para a integração 
e o reconhecimento da comunidade em relação aos moradores em situação de 
rua. Segundo a bibliotecária, os participantes gostam de frequentar o espaço da 
biblioteca, onde não só têm oportunidade de ler e pegar livros emprestados, como 
93
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
de usar o computador e participar dos variados projetos culturais lá desenvolvidos. 
Um deles é o Boi Literário Paraense, promovido pela biblioteca há mais de 30 
anos, que realiza a festa em 24 de junho, com brincadeiras típicas juninas. Nele, 
os homens participam de ofi cinas de musicalidade e as mulheres se dedicam à 
personalização de indumentárias e bordados.
Outra importante atividade promovida pela biblioteca é o Jardim Poético, 
realizado sempre no mês de abril. Um dia inteiro é dedicado a atrações de bandas 
e corais, além de exposição dos objetos de artesanato feitos pelos próprios 
moradores de rua.
A biblioteca apoia, também, projetos desenvolvidos pelo Centro Pop, como 
o Auto de Natal, a Paixão de Cristo e atividades culturais, como, por exemplo, 
o Cinema na Biblioteca, os quais contam sempre com a participação desses 
moradores em situação de rua. A bibliotecária tem especialização em organização 
de arquivos e em gestão pública. Ela acredita estar no lugar certo para trabalhar 
porque gosta de ler. “É uma bibliotecária dinâmica, atuante e inclui em todos os 
projetos a literatura como base para outras linguagens artísticas” (MEC, 2016b, s.p.)
O Prêmio VivaLeitura foi o primeiro que Terezinha Lima obteve em sua 
carreira, mas ela se sente premiada sempre que empresta um livro, que um leitor 
consegue pesquisar sobre o assunto que precisa ou que os usuários da biblioteca 
são aprovados em concursos, entre outros pontos.
Os livros foram adquiridos a partir das indicações de assuntos e títulos feitas 
pelos próprios moradores de rua. Localizado na mesma rua da biblioteca, a quatro 
quarteirões de distância, o Centro Pop conta com profi ssionais dedicados ao 
trabalho na abordagem e na triagem de moradores em situação de rua, emissão 
de documentos e realização de ofi cinas. 
FIGURA 16 – PROJETO 4: CELULAR É FERRAMENTA DE 
LEITURA E DE APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA
FONTE: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/21062-celular-e-
ferramenta-de-leitura-e-de-aprendizagem-de-historia>. Acesso em: 20 abr. 2020.
94
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Rodolfo Alves Pereira, professor de história de escolas das redesestaduais 
de educação de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, criou um blog e um aplicativo 
para incentivar a leitura de textos históricos pelos estudantes do 9º ano do ensino 
fundamental. Ele garante que os estudantes ganharam habilidade na leitura, 
capacidade de articular ideias e argumentos de forma escrita e se tornaram mais 
refl exivos em função de mais tempo de estudo e de leitura de textos de qualidade.
As inovações tecnológicas fazem parte do projeto O Celular como Ferramenta 
de Leitura e de Aprendizagem, iniciado no ano de 2011 com estudantes da Escola 
Estadual Luiz Salgado Lima, no município mineiro de Leopoldina. Até agosto 
do ano de 2010, os estudantes usavam o celular apenas como telefone celular. 
Então, o professor criou um aplicativo para facilitar o acesso dos estudantes aos 
textos e conteúdos por ele postados no seu blog. 
O aplicativo permite a postagem de textos de diversos gêneros, como: 
notícias, mapas e pinturas entre outros. “Todo tipo de documento que sirva como 
fonte histórica de leitura e pesquisa em nossas aulas” (MEC, 2016b, s.p.), ressalta 
o professor. Com novas formas de ler e estudar, as aulas se tornaram mais 
atrativas. Os estudantes passaram a ler mais e a registrar suas refl exões sobre 
os textos. Segundo MEC (2016b, s.p.): “Muitas dessas refl exões são postadas no 
blog e os estudantes se tornaram produtores do conhecimento, na medida em que 
se posicionam e têm seus trabalhos publicados”, explica o professor. Para ele, o 
projeto atende diretamente cerca de 90 estudantes, mas todos os professores e 
estudantes da escola podem baixar o aplicativo e usá-lo em sala de aula.
De acordo com o professor Rodolfo, o blog tem apresentado resultados 
expressivos, quantitativa e qualitativamente. O trabalho foi intensifi cado no ano 
de 2016, a partir da proposta de manter o blog atualizado com postagens de 
qualidade, bem como de aumentar a participação dos estudantes nas atividades 
de manutenção. Conforme MEC (2016b, s.p.): “Vamos dar continuidade à 
metodologia aplicada, mesclando aulas com o uso das tecnologias da informação 
no ensino-aprendizagem”, o que ressalta o professor em questão.
O projeto foi um dos fi nalistas da sétima edição do Prêmio VivaLeitura, na 
categoria 2, destinada a escolas públicas e particulares, o que deixou o professor 
orgulhoso. “Ficar entre os fi nalistas signifi ca um reconhecimento, a coroação de 
um ano de trabalho muito feliz e produtivo” (MEC, 2016b, s.p.). Ele revela que 
pretende dar prioridade ao desenvolvimento de habilidades e competências 
fundamentais para formar leitores refl exivos e capazes de exercer a cidadania 
em uma sociedade democrática e plural. Assim, Rodolfo afi rma que: “Terei de 
fortalecer os planos de aula para que os estudantes tenham objetivos e metas 
claras e exequíveis” (MEC, 2016b, s.p.)
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FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
FIGURA 17 – PROJETO 5: ESCOLA DE PERNAMBUCO 
INVESTE EM LEITURA E CRESCE EM AVALIAÇÃO
FONTE: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/17282-escola-de-
pernambuco-investe-em-leitura-e-cresce-em-avaliacao>. Acesso em: 20 abr. 2020.
A escola rural do povoado de Lagoa da Cruz, no alto da serra do Sertão 
do Pajeú, no município de Quixaba, no estado de Pernambuco, investiu em 
leitura e elevou seus índices de aprovação. Esse povoado tem apenas três mil 
habitantes e é de difícil acesso. Seria uma localidade esquecida, se não fosse 
sua fama em relação ao ensino de qualidade oferecido pela Escola Tomé 
Francisco da Silva, que atrai estudantes das cidades vizinhas. A escola tem 
800 alunos matriculados em turmas do primeiro ano do ensino fundamental 
ao fi nal do ensino médio e é destaque tanto no índice de desenvolvimento da 
educação básica (Ideb) quanto no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Em 2009, a instituição conquistou o título de melhor escola pública de 
Pernambuco. No mesmo ano, obteve o segundo lugar no Prêmio Nacional de 
Referência em Gestão Escolar, promovido pelo Conselho Nacional dos Secretários 
de Educação (Consed). Para se ter ideia da qualidade do ensino oferecido, a 
escola atingiu nota 6,5 no Ideb — a meta do Ministério da Educação era atingir, até 
o ano 2022, a média nacional de 6 pontos, que corresponde ao índice de países 
desenvolvidos. No Enem de 2010, a Escola Tomé Francisco obteve nota 585,33 
e fi cou em primeiro lugar entre as escolas regulares de Pernambuco. Segundo o 
gestor da instituição: “Não tem receita pronta para o sucesso da gestão escolar, 
porque cada escola tem sua particularidade” (MEC, 2011, s.p.). No entanto, ele cita, 
entre os passos da empreitada, o trabalho coletivo dos educadores, que recebem 
formação continuada, a atenção aos projetos pedagógicos e o apoio das famílias.
O incentivo à leitura permeia os projetos desenvolvidos durante todo o ano. 
O Projeto Prazer de Ler já existe há uma década e se volta para estudantes do 
primeiro ao nono ano. Sua proposta é motivar os estudantes a ler por meio de 
ofi cinas de contos, poesias e música. No fi m das atividades, eles apresentam 
peças teatrais para a comunidade escolar. Em 2010, 120 estudantes apresentaram 
a peça teatral A Menina que Odiava Livros na abertura dos Jogos Escolares 
96
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Regionais, no município de Afogados da Ingazeira. Em 2011, foi encenada a peça 
A Bela Borboleta. 
Outro projeto de incentivo à leitura estimula a produção de textos para o blog 
da escola. O diretor da instituição afi rma que: “Conseguimos, assim, usar mais 
intensamente o laboratório de informática” (MEC, 2011, s.p.). Um dos próximos 
projetos da escola será desenvolvido na área de exatas. “No próximo ano, vamos 
trabalhar projetos com Matemática, Física e Química, sem abandonar aqueles 
que têm garantido bom desempenho dos estudantes em humanas”, adianta a 
coordenadora de projetos pedagógicos para os anos iniciais, Josilene Quitute 
diz que para atingir a meta de melhorar as notas dos estudantes nas disciplinas 
de exatas, a ideia é mudar a forma de ensinar cálculos de matemática feitos 
hoje apenas no quadro de giz. A coordenadora explica que: “Queremos chamar 
profi ssionais para explicar como se faz o cálculo de uma área na prática” (MEC, 
2011, s.p.).
Assim, é uma rica experiência em uma escola de um povoado rural de 
Pernambuco, com grande potencial para despertar nos jovens a responsabilidade 
e o desejo de se esforçarem para aprender, além de promover o aumento da 
autoestima. Então, é possível despertar jovens para aprender, já que, mesmo com 
todas as difi culdades e escassez de recursos, a escola tem conseguido avançar 
em relação à área de linguagem. 
FIGURA 18 – PRÁTICA 1: LEITURA, MARCO DE PROJETO 
PEDAGÓGICO DE ESCOLA DO RIO
FONTE: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/222-537011943/18254-escola-do-
rio-tem-na-leitura-o-marco-de-projeto-pedagogico>. Acesso em: 20 abr. 2020.
Inserir os estudantes no mundo da leitura é o marco do projeto político-
pedagógico da Escola Municipal Portugal para 514 estudantes da educação 
infantil ao sexto ano do ensino fundamental. Todos os dias, os professores 
promovem o Momento da Leitura, quando leem para os alunos ou algum aluno lê 
97
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FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
para os demais. As turmas também fazem momentos de leitura individual. Cada 
estudante pode escolher o livro. A instituição está localizada no bairro de São 
Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Segundo o coordenador pedagógico, Alexandre Roque de Araújo, 
“a escola mantém livros à disposição em todas as salas de aulas” e 
“o acervo é atualizado periodicamente, com rodízio de obras entre as 
turmas ou trocas feitas diretamente na biblioteca” (MEC, 2012a, s.p.)
A biblioteca, conhecida, também,como sala de leitura, conta com um 
professor regente que desenvolve projetos para estimular à leitura entre os 
estudantes. Além de participar de atividades dirigidas, as crianças podem escolher 
livros para ler em casa e partilhar com os familiares, semanalmente.
Segundo Alexandre, uma prática que contribui para o desenvolvimento da 
habilidade de leitura e de escrita é o uso de um diário por alunos das turmas do 
quarto ao sexto ano. “Eles usam o diário para escrever livremente sobre o que 
quiserem e têm a liberdade de partilhar ou não os registros para a turma” (MEC, 
2012a, s.p.). Há 12 anos no magistério, Alexandre é habilitado ao magistério dos 
anos iniciais e graduado em História.
A Escola Portugal participa também de trabalho voltado especifi camente aos 
estudantes do primeiro ano do ensino fundamental. Isto é, o Projeto Trilhas, que 
disponibiliza diversos livros literários e diferentes materiais (jogos) para uso dos 
professores e estudantes, desenvolvido pelo Instituto Natura em parceria com 
Ministério da Educação. O coordenador pedagógico destaca que: “É um projeto 
de alfabetização e formação de leitores” (MEC, 2012a, s.p.). 
Um dos resultados já verifi cados com a aplicação do projeto foi o despertar da 
curiosidade das crianças para diversos tipos de textos, como parlendas — rimas 
infantis, usadas em brincadeiras ou como técnica de memorização —, poesias e 
contos. O coordenador analisa: “Também auxiliou no processo de aquisição da 
escrita” (MEC, 2012a, s.p.). De acordo com Alexandre, o momento dedicado às 
atividades do projeto tornou-se o preferido na sala de aula: “As crianças podem 
viajar no mundo do faz de conta e liberar a imaginação” (MEC, 2012a, s.p). 
Professora responsável pela implementação do projeto Trilhas em duas turmas 
do primeiro ano, Daysi dos Santos Fonseca destaca como maior contribuição do 
trabalho é o resgate cultural, para despertar nas crianças a vontade e a curiosidade de 
participar das rodas de leitura e tornar o ato de ler um momento descontraído e lúdico.
Outro ponto que Daysi, com 30 anos de magistério, considera relevante é a 
riqueza cultural do projeto, até mesmo para os professores que não vivenciaram 
na infância as cantigas e brincadeiras de roda, agora resgatadas. 
98
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 19 – PRÁTICA 2: ESCOLA GAÚCHA INCENTIVA 
ALUNOS A APRECIAR OBRAS DE LITERATURA
FONTE: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/207-1625150495/18985-escola-
gaucha-incentiva-alunos-a-apreciar-obras-de-literatura>. Acesso em: 20 abr. 2020.
Desde que foi criada, há 17 anos, a Escola Municipal Valneri Antunes, de Porto 
Alegre, incentiva o gosto pela leitura entre as crianças da educação infantil. Localizada 
no Parque Chico Mendes, no bairro Mário Quintana, a escola atende 204 crianças com 
idades de um ano a 5 anos e 11 meses. Elas fi cam na instituição das 7 às 19 horas. 
O interesse pelas obras de literatura infantil é estimulado constantemente. 
Em um espaço de leitura usado pelas 11 turmas, as crianças têm a oportunidade 
de escutar histórias, manusear livros e são orientados a tratar as obras com 
cuidado. Para a pedagoga Lia Fernanda Fadini, diretora da escola há seis anos: 
“Achamos que a literatura seria uma ajuda à comunidade, que enfrenta muitos 
problemas com drogadição e violência” (MEC, 2013, s.p.).
A preocupação da escola em incentivar a leitura levou à participação no 
Concurso Escola de Leitores – Programa Prazer em Ler. O projeto Pipoletras 
(carrinho de pipoca com livros), criado pela professora Sigrid Fraga Moreira, fi cou 
entre os vencedores da segunda edição (2011-2012). As mudanças ocorreram 
não só no espaço de leitura, revitalizado, com paredes coloridas, pufes, mesinhas 
e cadeiras coloridas adequadas à faixa etária, mas em todas as salas de aula, 
que dispõem agora de um cantinho de leitura. 
Nara, coordenadora pedagógica, considera como principal mudança a 
postura de educadores e funcionários. Eles aprenderam, em cursos de formação, 
que os livros não têm de fi car fechados e começaram a incentivar e valorizar a 
literatura entre os próprios colegas. Segundo a professora, o grupo tinha grande 
difi culdade em abrir o armário e liberar o acervo à comunidade. Houve compra de 
novos livros, tanto de literatura infantil quanto para adultos e até os funcionários 
começaram a ler mais, nos períodos de intervalo ou retirando obras para ler 
em casa. A pedagoga, com especialização em educação infantil e 21 anos de 
magistério, ressalta que: “Hoje, os armários foram substituídos por prateleiras ao 
alcance das crianças” (MEC, 2013, s.p.). 
99
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FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
As crianças com mais de cinco anos podem levar livros para casa todas as 
semanas. Nara, coordenadora pedagógica, diz que: “Eles fazem isso com muito 
orgulho, levam para casa um tesouro que dividirão com a família” (MEC, 2013, 
s.p.).
A cada período de 15 dias, o carrinho de pipocas com livros percorre os 
locais da comunidade a fi m de aproximar os livros das pessoas. O Pipoletras visita 
instituições como creches comunitárias e entidades que apoiam menores de 6 a 
14 anos em situação de vulnerabilidade econômica e social por meio do Serviço 
de Apoio Socioeducativo (Sase), da prefeitura. De acordo com Lia, é possível 
perceber o interesse e o cuidado com os livros demonstrados pelos adolescentes 
atendidos (MEC, 2013, s.p.).
As visitas do carrinho, que obedecem a um cronograma, são acompanhadas, 
geralmente, pela professora Sigrid. Durante a visita, cada instituição recebe uma 
caixa com diversas obras para empréstimos aos interessados. Elas devem ser 
devolvidas à escola depois de 15 dias. Lia destaca o comprometimento observado 
no momento do retorno dos livros à biblioteca. “Mães envolvidas com drogadição 
têm demonstrado interesse e cuidado em devolver os livros” (MEC, 2013, s.p.). O 
Pipoletras sempre está presente em atividades da escola que têm a participação 
das famílias, como as festas juninas.
Uma experiência vivida em visita à Colômbia, em 2012 — uma área especial 
de leitura para mães e bebês na escola, a “bebeteca” —, despertou em Nara a 
disposição de implantar algo semelhante. Assim, no berçário da Escola Valneri 
Antunes, foi organizado um espaço que permite aos bebês interagir com livros 
específi cos para a faixa etária — de pano e de plástico, com sons e imagens, que 
despertam a curiosidade.
FIGURA 20 – PRÁTICA 3: GÊMEAS DE 7 ANOS CRIAM CANAL PARA 
DIVULGAR SEUS VÍDEOS COM DICAS SOBRE LIVROS INFANTIS
FONTE: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/222-537011943/34491-
gemeas-de-7-anos-criam-canal-para-divulgar-seus-videos-com-
dicas-sobre-livros-infantis>. Acesso em: 20 abr. 2020.
100
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Acostumadas aos livros, as irmãs Beatriz e Juliana Mello, de 7 anos de idade, 
iam bem no segundo ano do ensino fundamental, mas precisavam melhorar a 
produção de textos. A solução apontada pela escola foi a leitura em voz alta. 
E, para estimular, gravar o momento para que elas mesmas se avaliassem. Foi 
assim que o simples exercício acabou se transformando em canal de vídeos no 
YouTube, feito por e para crianças.
Para a mãe das gêmeas, Ana Carolina Trotta, 39 anos: “Na hora de gravar, 
sugeri que contassem um pouco o que acharam do livro para fi car mais divertido” 
(MEC, 2016c, s.p.). Ainda, “Ao terminar, elas viram e pediram para mostrar ‘para 
todos os amigos e todas as crianças’” (MEC, 2016c, s.p.).
O primeiro vídeo foi postado em setembro de 2015, quando o canal Dicas da 
Bia e da Juju ainda nem tinha nome. Seis meses se passaram e, com a mesma 
espontaneidade do começo, as meninas seguem com o projeto de literatura 
infantil até hoje.
A ideia inicial não era ambiciosa. Mas, com a exposição, chegou a preocupar 
Ana Carolina. “Como era um assunto que acho importante, acabeicedendo; hoje, 
fi co feliz com o resultado” (MEC, 2016c, s.p.). Na casa dessa família carioca, 
leitura sempre foi tema de interesse e de incentivo. Desde bebês, Beatriz e 
Juliana são estimuladas pelos pais a cultivarem esse hábito. “Até hoje, mesmo 
elas já sabendo ler, às vezes revezamos as páginas para lermos juntas” (MEC, 
2016c, s.p.).
Como brincadeira de criança, que não precisa de muito para ser divertida 
nem tem hora para acontecer, as garotas gravam quando e sobre os livros que 
querem. As coleções Go Girl, Bruxa Onilda, Bruxinha Winnie e Casa Amarela são 
as que Juliana mais gosta. Mas as revistinhas da Turma da Mônica, do Menino 
Maluquinho e do Riquinho também têm lugar cativo na leitura da menina.
Entre os livros de que Beatriz gosta, chama atenção a preferência por autores 
consagrados, como Ziraldo, Ruth Rocha e Ana Maria Machado. Talita Rebouças 
para crianças, histórias sobre animais e princesas, além das revistinhas que a 
irmã também curte são outros exemplos das leituras de Bia.
Ana Carolina também notou melhora na pontuação e na estrutura das frases 
construídas pelas meninas, além disso: “Elas já gostam muito de livros e de gibis 
também. Com o canal, o assunto fi cou mais presente na vida delas e acabaram 
lendo mais” (MEC, 2016c, s.p.)
A escola da rede particular, onde as irmãs estudam, tem projetos de estímulo 
à leitura e compartilhamento de livros, incluindo uma biblioteca na sala de aula, 
101
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
abastecida pelos próprios alunos. Mas um fator importante para Bia e Juju já 
serem leitoras, mesmo tão pequenas, é o ambiente familiar. Para elas, ver avós e 
pais com livros nas mãos sempre foi comum, e as histórias escritas aparecem em 
vários momentos da vida das irmãs. Sem rotina ou pressão.
Depois da maternidade e com os afazeres do trabalho, ela confessa ter se 
distanciado da prática da leitura, reservando esse momento quase sempre para 
as fi lhas. Uma amostra de que qualquer um, em qualquer idade, de maneira 
simples, pode ajudar a criar ou recriar um leitor.
FIGURA 21 – PRÁTICA 4: ATIVIDADES ATRAEM ESTUDANTES 
À BIBLIOTECA EM ESCOLA PARAIBANA
FONTE: <http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/17675-atividades-
atraem-os-estudantes-a-biblioteca-em-escola-paraibana>. Acesso em: 20 abr. 2020.
Incentivar estudantes e seus familiares a se envolverem com a leitura de 
modo lúdico e recreativo, é uma das razões que levaram o professor de Língua 
Portuguesa, Enildo da Paixão Rodrigues, a promover atividades capazes de atrair 
estudantes à biblioteca da Escola de Ensino Fundamental Durmeval Trigueiro 
Mendes, em João Pessoa, na Paraíba. O professor Enildo é, também, coordenador 
da biblioteca, que leva o nome do poeta paraibano Lúcio Lins (1948-2005).
Para o professor Rodrigues, bibliotecas contribuem para o desenvolvimento 
da cidadania. “É importante fazer os estudantes compreenderam que é por 
meio da leitura que cada indivíduo pode se capacitar melhor para vivenciar sua 
cidadania e, dessa forma, exigir o cumprimento dos direitos individuais e coletivos” 
(MEC, 2012b, s.p.).
Rodrigues vê a Biblioteca Lúcio Lins como um recurso de prolongamento da 
sala de aula e de outros espaços educacionais. Ele explica que ali é organizada 
uma agenda semanal de leitura e de narração de histórias. Para essas atividades, 
os professores de língua portuguesa levam os alunos à biblioteca uma vez por 
semana. Lá, os estudantes participam de rodas de leitura de livros, leem jornais e 
revistas e fazem a leitura e a releitura de elementos iconográfi cos.
102
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Além dessas atividades, são realizadas na biblioteca palestras, ofi cinas, 
mostras de fi lmes e de vídeos sobre temas diversos, como direitos humanos, 
sustentabilidade ambiental, cidadania, ações antidrogas, questões de gênero, 
alimentação saudável, saraus literários, datas históricas e religiosas. Os 
estudantes têm acesso livre, nos intervalos das aulas, e podem pegar, ao longo 
do mês, quantos livros emprestados quiserem.
Em datas históricas, durante a semana cultural da escola ou quando 
é necessário fazer a divulgação de livros ou de material pedagógico, são 
organizadas exposições na biblioteca. Essa biblioteca abriga, também, a 
realização de atividades interdisciplinares, como: música, circo, teatro e dança 
com a participação de diversos professores.
Rodrigues afi rma que as atividades ajudam os estudantes a ganhar 
desenvoltura na leitura e no discurso, oral e escrito. “Os alunos passam a 
vislumbrar a beleza das histórias literárias, aprendem a distinguir realidade de 
fi cção e concluem que a biblioteca é um espaço privilegiado para a aquisição 
de conhecimentos” (MEC, 2012b, s.p.). O professor Rodrigues diz, ainda que a 
biblioteca “é um ambiente no qual os estudantes aprendem a ler, a pesquisar e a 
compor textos de forma autônoma” (MEC, 2012b, s.p.).
A Biblioteca Lúcio Lins também é um local para a realização de projetos. 
Um deles, o Viajando Através das Histórias Infanto-Juvenis, foi criado para 
desenvolver a capacidade de leitura de alunos com difi culdade de aprendizagem. 
Outro projeto é o Conhecendo Nossa Comunidade e Escola, destinado a 
promover visitas a locais próximos à escola e a permitir que os estudantes 
conheçam projetos voluntários realizados na própria comunidade. “O objetivo é 
fazer o aluno participar, na prática, da vida da comunidade e exercer compromisso 
com a coletividade” (MEC, 2012b, s.p.). Com 38 anos de magistério, o professor 
Rodrigues tem graduação em letras e especialização em educação em direitos 
humanos. 
Considerações sobre os projetos e as práticas pedagógicas
Em relação às considerações sobre os projetos e as práticas pedagógicas, 
ressaltamos que a escolha desses projetos foi bastante cuidadosa para que eles 
cumprissem os objetivos desta seção e inspirassem os estudantes do curso a criar 
seus projetos para incrementar suas práticas pedagógicas nas bibliotecas e salas 
de leitura ou, ainda, com contexto escolar. Apesar desse critério, selecionamos 
projetos e práticas pedagógicos que aconteceram fora dos muros da escola, mas 
eles agregam estudantes e fomentam o gosto pela leitura de forma inovadora. 
103
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FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
Não só o critério da inovação fez parte dessa escolha. Lançamos outros 
critérios para assegurar a nossa discussão ampla por aqui. Todos os projetos e 
práticas escolhidos foram capturados no portal aberto do Ministério da Educação, 
considerando que a maioria deles concorreram a prêmios educacionais. É 
relevante a escolha de projetos vencedores de concursos, considerando que eles 
passaram por uma comissão de avaliação composta por especialistas. Portanto, 
eles têm uma proposta que merece a atenção de outros educadores e valorização 
dos colegas. 
Em relação à escolha dos projetos e práticas pedagógicas, destacamos que 
todas as experiências foram aplicadas na prática e fomentam a formação cultural 
e a aprendizagem de conhecimentos produzidos pela humanidade, especialmente 
a formação leitora de crianças e jovens nesses últimos seis anos. Portanto, 
consideramos essas experiências atuais, ainda que algumas delas já aconteçam 
há mais tempo, e cada uma traz encantamentos de seu jeito. 
 Cabe destacar que a prática do projeto Roedores de Livros ocorre em 
um lugar inusitado, ou seja, em uma feira popular e livre. Como o projeto e o 
grupo de professores voluntários foram bem recepcionados, os feirantes cederam 
um espaço para que eles pudessem compartilhar essa ação com a comunidade 
com regularidade, especialmente porque os participantes são, em sua maioria, os 
fi lhos dos comerciantes e a comunidade que utiliza esse comércio.O projeto Literatura nas Ruas, também criado por um professor, tem 
como aplicação direta as crianças pequenas, em uma ação com pessoas da 
comunidade fora do espaço da escola. De um modo geral, questionamos: é 
possível a aplicação desse projeto? Não é uma tarefa fácil, mas a aplicação 
desse projeto ocorreu mesmo com as diversas variáveis envolvidas. Seu objetivo 
é, também, desafi ador, pois se trata de despertar o interesse das crianças da 
educação infantil pela literatura e torná-las multiplicadoras de leitura. A literatura 
sobre a formação de leitores orienta que, quanto mais cedo começar a leitura, 
mais possibilidades a criança tem de se transformar em um leitor. Com isso, o 
professor Diovane de César Resende Ribeiro aplicou o que orientam as Diretrizes 
Nacionais da Educação Infantil (2012). Na análise, fi ca claro que a aplicação do 
projeto só ocorreu porque teve o apoio das famílias das crianças. Outra questão 
importante na formação das crianças e estudantes maiores é a necessidade da 
construção da aproximação da família na escola. 
No caso do projeto que explora o celular como um recurso pedagógico para 
ensinar e aprender conteúdos de História, cabe destacar o uso do celular para a 
comunidade escolar, pois a presença do celular gera, ainda, confl itos na relação 
professor e estudantes. Cremos que esse projeto pode inspirar outras escolas a 
aprofundar e criar possiblidades de incluir o celular em suas práticas pedagógicas. 
104
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
As práticas pedagógicas selecionadas para este capítulo têm como 
centralidade o incentivo à leitura desde as crianças da educação infantil aos 
estudantes do ensino fundamental II. Em especial, destacamos a escola rural 
de um povoado de Pernambuco que tem investido na leitura, sendo que suas 
avaliações mudaram radicalmente. Com esses resultados, a escola apresenta 
grande potencial para despertar nos jovens a responsabilidade e o desejo de 
aprenderem, ampliando, também, a autoestima dos estudantes e da comunidade 
escolar. Então, é possível despertar os jovens para aprender, mesmo com todas 
difi culdades e a escassez de recursos pelas quais a escola tem passado, mas 
tem conseguido avançar com a colaboração de toda comunidade escolar. Outra 
experiência que merece ser destacada aqui é a experiência com a gravação de 
vídeos pelas crianças para encantar seus pares com o apoio da família. 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
Para fi nalizar este capítulo, faz-se necessário trazer algumas considerações 
para orientar o seu estudo. Inicialmente, foi contextualizada a discussão acerca 
do gerenciamento da biblioteca escolar e da sala de leitura. Nessa discussão, 
refl etimos sobre os programas, projetos e campanhas de incentivo à leitura 
instituídos em nosso país, trazendo algumas considerações históricas para ilustrar 
a nossa compreensão de que não é tão simples transformar os estudantes de 
nossas escolas em leitores críticos e refl exivos como algumas pessoas pensam. 
Em seguida, tratamos de aspectos do gerenciamento da biblioteca escolar 
e da sala de leitura, principalmente da organização dos espaços físicos, 
funcionamento, formação do acervo, armazenamento, seleção, aquisição e 
dinamização desses espaços. Ressaltamos que vemos os espaços de formação 
de leitores como essenciais para o desenvolvimento humano integral, a formação 
cultural e a aprendizagem do conhecimento formal da nossa sociedade. 
Foram discutidas, ainda que rapidamente, as semelhanças e diferenças 
entre a biblioteca escolar e sala de leitura em nosso país, inclusive as difi culdades 
que esses espaços vivenciam para atender às necessidades dos estudantes e 
da equipe docente. Por último, apresentamos a síntese de projetos e práticas 
pedagógicas. A seleção desses projetos seguiu alguns critérios, com a intenção 
de trazer para este capítulo projetos e práticas que pudessem nos inspirar e nos 
ajudar a criar outras experiências. Os projetos foram desenvolvidos em diferentes 
regiões e modalidades de ensino, como a experiência inovadora com o suporte 
tecnológico na prática pedagógica, a experiência que valoriza o protagonismo 
de crianças e jovens, as experiências de leitura fora do contexto escolar com 
a presença de estudantes e as experiências com a participação de adultos da 
comunidade local e da família. 
105
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
Para discutir de forma mais aprofundada a temática proposta, inserimos 
outras vozes a partir de vídeos, artigos, resultados de pesquisas, projetos 
pedagógicos e notícias jornalísticas com entrevistas de especialistas que vêm se 
dedicando a estudar essa temática, além de atividades que podem oportunizá-lo 
a sistematizar seu estudo e aprendizagem. 
Assista ao vídeo A biblioteca ou a sala de leitura não é só uma soma 
de livros, é um conjunto organizado de materiais... São duas perguntas 
sobre leitura respondidas pela especialista Telma Weisz ao Portal da 
Nova Escola, disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/7998/
portas-abertas-para-o-mundo-da-leitura. Faça suas anotações e, 
em seguida, apresente um texto em que sejam discutidas as ideias 
apresentadas pela especialista para dinamizar a biblioteca escolar ou a 
sala de leitura de sua escola. Recomendamos ao estudante que articule 
as informações do vídeo e as discutidas neste capítulo. 
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106
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
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107
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
CAGLIARI, L. C. Alfabetização & Linguística. São Paulo: Spicione, 1989.
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divulgar-seus-videos-com-dicas-sobre-livros-infantis. Acesso em: 20 ago. 2020.
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 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
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109
GESTÃO DDA BIBLIOTECA ESCOLAR A BIBLIOTECA ESCOLAR EE DDA SALA A SALA DDE LEITURA, SEUS OBJETIVOS E LEITURA, SEUS OBJETIVOS EE 
FUNÇÕESFUNÇÕES
 Capítulo 2 
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ZILBERMANN. R. A leitura e o ensino da literatura. 2. ed. São Paulo: Cultrix. 
1988.
110
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
CAPÍTULO 3
INTEGRAÇÃO DA BIBLIOTECA, DA
UNIDADE DE ENSINO E DA COMUNIDADE
ESCOLAR, SEUS RECURSOS E ATIVIDADES
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Discutir a concepção de biblioteca escolar e da sala de leitura a partir do olhar 
dos estudantes e da comunidade escolar. 
 Dialogar acerca da dinamização necessária da biblioteca escolar e da sala de 
leitura para atender às necessidades da comunidade escolar.
 Analisar elementos que caracterizam as bibliotecas públicas e comunitárias e 
suas distinções e benefícios para a comunidade em geral. 
 Apresentar contribuições, ações e alguns projetos de bibliotecas comunitárias 
construídos por iniciativas populares e seus benefícios para a comunidade em 
geral.
112
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
113
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, discutiremos com você alguns aspectos da biblioteca escolar 
e da sala de leitura, especialmente dos recursos humanos, materiais e atividades 
que favorecem a integração entre escola e comunidade. Para isso, dialogaremos, 
no primeiro momento, sobre o olhar que a comunidade escolar tem da biblioteca 
escolar e sala de leitura e a dinamização desses espaços para atender às 
necessidades dos estudantes e da equipe docente. Em um segundo momento, 
discutiremos sobre a biblioteca pública e a biblioteca comunitária e o que as 
distinguem, apresentando contribuições, ações e alguns projetos de bibliotecas 
comunitárias construídos por iniciativaspopulares, além de seus benefícios para 
a comunidade em geral. 
Em conformidade com o que já discutimos nos capítulos anteriores, a 
biblioteca escolar e a sala de leitura são espaços fundamentais que podem 
contribuir positivamente para “o desenvolvimento dos processos de ensino e 
aprendizagem de qualidade, além de serem considerados espaços relevantes de 
apoio didático-pedagógico e cultural para toda comunidade escolar” (PEREIRA, 
2016, p. 38), como mostra a Figura 1. 
FIGURA 1 – BIBLIOTECA E ATIVIDADE – PINACOTECA
FONTE: <https://www.braziliantimes.com/comunidade-brasileira/2018/05/02/feira-de-
educacao-do-consulado-vai-ser-dia-05-de-maio.html>. Acesso em: 19 maio 2020.
Refl etir sobre o que pensa a comunidade escolar a respeito da biblioteca 
escolar e de sala de leitura pode auxiliar gestores das unidades de ensino a 
rever a dinâmica que têm utilizado nesses espaços e verifi car, ainda, se ela está 
atendendo ou não às necessidades da comunidade escolar. Tais providências 
podem apoiar e qualifi car o processo de ensino e aprendizagem dos jovens 
estudantes de sua escola, em especial daqueles que estão integrados nas escolas 
públicas. Behr, Moro e Estabel (2008, p. 32) sinalizam que a gestão do ensino e da 
114
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
aprendizagem de qualidade na educação básica passa, também, pela biblioteca 
escolar e pela sala de leitura atuante com propostas dinâmicas e atuantes.
Para ampliar a visão sobre a importância da formação leitora no processo 
de desenvolvimento humano e sociocultural dos estudantes, discutimos, também, 
os elementos que caracterizam as bibliotecas públicas e comunitárias e suas 
distinções, além dos benefícios que elas trazem para a comunidade em geral por 
meio de alguns projetos de bibliotecas comunitárias construídos por iniciativas 
das comunidades.
2 INTEGRAÇÃO DA BIBLIOTECA, 
DA UNIDADE DE ENSINO E DA 
COMUNIDADE ESCOLAR, SEUS 
RECURSOS E ATIVIDADES
Behr, Moro e Estabel (2008, p. 32) defendem que a escola “[...] deve priorizar 
o processo de desenvolvimento humano dos estudantes da educação básica 
como um todo, além de assegurar o acesso e o uso da informação”. Nessa 
mesma direção, Ely (2003, p. 46) pontua que a biblioteca escolar e a sala de 
leitura “podem iniciar a formação leitora, desenvolver habilidades, competências e 
atitudes cidadãs apropriadas para os jovens estudantes de nosso tempo, as quais 
seguirão com eles ao longo da vida”. Esses espaços, quando bem integrados ao 
cotidiano escolar, assumem a função socioeducativa, complementando o trabalho 
pedagógico e articulando estudantes à equipe docente.
A biblioteca escolar e a sala de leitura podem contribuir, ainda, com “a 
formação de futuros(as) frequentadores(as) de outros tipos de bibliotecas” (BEHR; 
MORO; ESTABEL, 2008, p. 32). Em síntese, a biblioteca escolar e a sala podem 
contribuir tanto com a constituição de jovens estudantes, leitores e cidadãos 
quanto com investidores em seu capital cultural, valorizando o conhecimento 
crítico, como destaca a Figura 2 a seguir:
115
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
FIGURA 2 – IMPORTÂNCIA DO LIVRO, LEITURA E CULTURA
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/474496510725744918/>. Acesso em: 18 maio 2020.
De acordo com Ely (2003, p. 47), a biblioteca escolar deve oferecer aos 
estudantes e a equipe docente, no mínimo, serviços como: “[...] o serviço de 
referência, de empréstimo de livros a domicílio e para as salas de aula, bem como 
a leitura e a consulta local, entre outros.” Assim, a biblioteca escolar e a sala de 
leitura funcionam como espaços importantes que constituem, junto com a escola, 
o processo de ensino, de aprendizagem e de desenvolvimento sociocultural dos 
estudantes, ou seja, esses espaços são partes vivas da escola, contribuindo de 
forma ativa com os estudantes e a equipe docente com seus serviços. Entretanto, 
para contribuir, a biblioteca escolar e a sala de leitura devem possuir um acervo 
atualizado para uso dos estudantes e da equipe docente, mas esse uso também 
deve ser por lazer, para despertar nos estudantes o prazer de ler, a imaginação, a 
fantasia e a descoberta do conhecimento. Portanto, faz-se necessário que esses 
espaços sejam, também, acolhedores.
Por outro lado, sabemos que implantar e manter bibliotecas escolares e salas 
de leituras apropriadas e acolhedoras para atraírem a comunidade escolar e, 
ainda, estimular a formação crítica e refl exiva dos jovens estudantes nas escolas 
públicas brasileiras não é tão fácil, pois, das 180 mil escolas brasileiras, 98 mil ou 
55% não têm biblioteca escolar ou sala de leitura, segundo dados do INEP no ano 
de 2018. Nessa perspectiva, Macedo (2005, p. 68) assevera que:
[...] os pontos críticos, todavia, não recaem tão-somente na 
inexistência da biblioteca escolar e sala de leitura, mas na 
precariedade desses espaços: ou são “arremedos” de biblioteca 
escolar e sala de leitura, as quais têm pouca organização, 
com a prestação de serviços desanimadora, e que não pode 
servir de modelos para o uso correto da informação, ou não 
contam com alguém motivado para ofertar a prestação de 
serviços bibliotecários com qualidade para esses jovens e a 
comunidade que têm o direito assegurado [...].
Com base nessas considerações, constatamos que esses espaços têm 
difi culdades para entregar serviços de qualidade que satisfaçam às necessidades 
116
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
dos usuários se não forem gerenciados por profi ssionais habilitados e 
motivados, tais como: o bibliotecário escolar e professores das diversas áreas de 
conhecimento. Esses profi ssionais devem realizar, nesses ambientes, diversas 
atividades, tanto no campo educativo quanto no campo sociocultural, conforme 
destaca Corrêa et al. (2002, p. 121), quando afi rmam que os profi ssionais 
responsáveis pela biblioteca e a sala de leitura devem:
[...] desempenhar algumas funções educativas, contudo 
diferentes das que um professor desempenha em sala de 
aula. Sua função educativa se concentra no sentido de 
auxiliar a comunidade escolar na utilização correta das 
fontes de informação, dando um embasamento para que o 
educando saiba usufruir esses conhecimentos, também fora 
do ambiente escolar. Ele ensina a socialização, através do 
compartilhamento de informações, de utilização de materiais 
e ambientes coletivos, preparando assim o educando no 
desenvolvimento sociocultural.
Concordando com as considerações feitas por Corrêa et al. acima, 
destacamos que a biblioteca escolar e a sala de leitura terão difi culdades de 
atender aos usuários de forma satisfatória se não tiverem um bom gerenciamento 
pelos profi ssionais responsáveis, bem como as condições adequadas do poder 
público. Assim, já é consenso entre a equipe docente que o trabalho pedagógico 
se torna mais signifi cativo quando a biblioteca escolar e a sala de leitura 
desenvolvem ações dinâmicas, atrativas e de qualidade. 
Para alcançar esses resultados, os serviços oferecidos pela biblioteca 
escolar e sala de leitura devem estar de acordo com o interesse dos estudantes e 
da equipe docente. Isso requer um planejamento integrado entre os profi ssionais 
responsáveis por esses espaços e a equipe docente, pois não adianta os 
profi ssionais responsáveis por esses espaços criarem uma série de serviços 
para instigar o desenvolvimento intelectual e cultural dos estudantes se a equipe 
docente não participar ativamente desse planejamento. Esse trabalho terá 
mais chances se for em uma perspectiva interdisciplinar com a equipe docente, 
incluindo a participação ativa dos estudantes. 
Silva e Araújo (2003) ressaltam que o plano de trabalho da biblioteca 
escolar e da sala de leitura deve estar incluído no projeto político-pedagógico da 
instituição para complementar as atividades realizadasem sala de aula, inclusive 
a formação leitora. 
117
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
Para ter melhor a compreensão sobre as condições das 
bibliotecas escolares e das salas de leitura no Brasil, sugerimos que 
você assista ao vídeo Dados do Inep mostram que 55% das escolas 
brasileiras não têm biblioteca ou sala de leitura. Disponível em: 
https://www.camara.leg.br/noticias/549315-dados-do-inep-mostram-
que-55-das-escolas-brasileiras-nao-tem-biblioteca-ou-sala-de-
leitura/.
2.1 DISCUTINDO A BIBLIOTECA 
ESCOLAR SOB O OLHAR DOS 
ESTUDANTES E DA COMUNIDADE 
ESCOLAR
FIGURA 3 – BIBLIOTECA ESCOLAR E SALA DE LEITURA
FONTE: <https://marciatravessoni.com.br/noticias/leitura-para-o-
desenvolvimento-biblioteca-infantil-do-colegio-ari-de-sa-e-destaque-
pelos-projetos-especiais>. Acesso em: 12 maio 2020.
Nesta seção, abordamos, inicialmente, o olhar que estudantes e equipe 
docente têm a respeito da biblioteca escolar e da sala de leitura, bem como a 
dinamização desses espaços para atender às necessidades dos estudantes e da 
equipe docente da escola em que esses espaços estão inseridos, considerando 
os seguintes objetivos a seguir: 
118
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
• discutir a concepção que os estudantes e a comunidade docente têm da 
biblioteca escolar e a sala de leitura;
• dialogar acerca da dinamização da biblioteca escolar e da sala de leitura 
com vistas a atender às necessidades da comunidade escolar.
Concepção dos estudantes e da equipe docente acerca da biblioteca 
escolar e da sala de leitura
FIGURA 4 – JOVENS ESTUDANDO EM BIBLIOTECA ESCOLAR
FONTE:<http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2012/05/servidores-da-fundacao-
tancredo-neves-em-belem-ameacam-greve.html>. Acesso em: 12 maio 2020.
O estudo analisado aqui é qualitativo e intitulado A Biblioteca sob o olhar da 
comunidade escolar, publicado por Pereira em 2016. Ele investigou a visão dos 
estudantes do ensino fundamental II e o posicionamento dos professores e da gestora 
a respeito da necessidade de implantação da biblioteca em uma determinada escola 
pública, situada na cidade de João Pessoa. Participaram do estudo 35 estudantes do 
6º ao 9º ano (20,2% do universo), cinco professores (62,5%) e a gestora da escola, 
por meio da aplicação de questionários. Aos alunos, priorizou-se o uso de questões 
fechadas, já com os professores e a gestora, foram utilizadas questões abertas.
O autor analisou os resultados separadamente. Dessa forma, esses 
resultados foram apresentados em três subseções. Apresentamos a síntese 
desses resultados: 
Estudantes
Os estudantes possuíam idade entre 10 e 18 anos, tendo 18 estudantes 
entre 10 e 13 anos de idade e 17 entre 14 e 18 anos. Apesar de alguns estudantes 
estarem na faixa etária acima dos padrões médios de idade/série estabelecidos 
pelas Diretrizes Básicas da Educação Nacional vigente, a maioria está na faixa 
adequada pelas orientações ofi ciais para cursar o ensino fundamental II. 
119
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
Dos estudantes respondentes, 74% deles afi rmaram que gostam de ler 
muito ou moderadamente. Soares (2010) afi rma que a importância da leitura 
é indiscutível quando o assunto em pauta é educação. Afi nal, mesmo com o 
surgimento das novas tecnologias, os livros continuam sendo um instrumento 
essencial para o processo de ensino e aprendizagem e a formação cultural de 
bons estudantes. 
Quanto ao local onde despertaram o gosto pela leitura, a família e a escola 
estão entre os ambientes mais signifi cativos para os estudantes, com 34% cada. 
A internet foi indicada por 23% dos estudantes. A biblioteca escolar obteve apenas 
9% das indicações e a sala de leitura nenhuma, mas nessa escola há uma sala 
de leitura. Essas indicações são preocupantes e comprovam que os espaços – 
biblioteca escolar e sala de leitura - necessitam discutir sua dinamização para 
atender aos interesses da comunidade a fi m de entregar de forma efetiva os 
serviços com a qualidade exigida pelos estudantes dessa escola. 
Quando os estudantes foram indagados se costumam frequentar 
bibliotecas de um modo geral, 74% responderam que não. Subentende-se que 
um dos motivos que os levam a não frequentarem bibliotecas pode ser por não 
reconhecerem esse espaço como um lugar signifi cativo para sua formação 
humana ou a ausência de um desses espaços próximos à sua residência, além 
de fatores históricos e culturais, como a infl uência da família.
Indagados em relação aos serviços que gostariam que fossem oferecidos pela 
biblioteca de sua escola, 51% dos estudantes gostariam de ter acesso à internet, 
outros 26% queriam que fossem oferecidos auxílios a pesquisas escolares, 
indicação de livros interessantes e a normalização de trabalhos, enquanto 23% 
gostariam de ter acesso a gibis, revistas, jornais e fi lmes com debates para 
compreenderem melhor as obras, pois alegaram que não compreendem o sentido 
desses gêneros. Como ilustração, Jonas, estudante do 9º ano, disse que “a 
professora de Português passou para a gente vê o fi lme Vidas Secas. O fi lme é 
bem legal, mas queria saber mais sobre o que ele quer nos dizer. Acho que se 
tivesse um debate na biblioteca, aprendia mais, eu e meus colegas” (PEREIRA, 
2016, s.p.). 
40% dos respondentes disseram que a biblioteca escolar pode ser 
importante para a aprendizagem deles se conseguir ajudá-los a se apropriarem 
dos conhecimentos, enquanto 34% afi rmaram que é um local ideal para realizar 
pesquisas e 23% disseram que o espaço é útil para estudar, sendo que somente 
3% alegaram que a biblioteca serve para se manterem atualizados. De acordo com 
Pereira (2016), ao serem indagados sobre como concebiam a biblioteca e a sala 
de leitura, as respostas dos estudantes deram muitas indicações da importância 
desses espaços para sua formação escolar e cultural quando apontaram como 
120
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
um local de debate que possibilita a eles se apropriarem de conhecimento, de 
pesquisa, de estudo e de atualização. Isso mostra o quanto é necessária a 
implantação de bibliotecas nas escolas públicas do país. 
Em relação à atuação do profi ssional responsável pela biblioteca, 97% dos 
estudantes concordam que sua postura deve ser dinâmica e que ele deve discutir 
com os professores da escola a fi m de melhorar o trabalho da biblioteca e da sala 
de leitura. Apenas um estudante (3%) não opinou e permaneceu neutro. Observa-
se, portanto, a importância de cumprir a Lei n. 12.244, de 24 de maio de 2010, 
que determina a obrigatoriedade do poder público de instalar bibliotecas escolares 
com a presença do bibliotecário em todas as instituições de ensino do país.
Professores
FIGURA 5 – PROFESSORES PLANEJANDO AÇÕES JUNTOS COM BIBLIOTECÁRIA
FONTE: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2236/monitoria-
aluno-aluno-colaboracao>. Acesso em: 12 maio 2020.
O grupo de professores é formado por cinco sujeitos que ministram 
disciplinas como: língua portuguesa, matemática, ciências naturais, geografi a 
e história. Desses professores, três são do sexo feminino (60%) e dois são do 
sexo masculino (40%). Com relação à idade, três (60%) deles estavam na faixa 
etária entre 21 e 40 anos de idade e os outros dois (40%) entre 41 a 60 anos 
de idade. Todos os professores possuíam graduação na modalidade licenciatura 
plena nas disciplinas em que atuavam. A professora de ciências naturais, além 
da licenciatura, era graduada em pedagogia e tinha curso de pós-graduação em 
psicopedagogia.
121
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUSRECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
QUADRO 1 – DADOS DOS PROFESSORES
Professores Sexo Faixa etária Tempo de atuação
Professora 1 - Língua Portuguesa F 21- 40 anos 01 mês
Professora 2 – Matemática F 21- 40 anos 20 anos
Professora 3 – Ciências Naturais F 21- 40 anos 13 anos
Professora 4 – História M 41- 60 anos 03 meses
Professora 5 – Geografi a M 41- 60 anos 18 meses
FONTE: A autora.
Os professores foram questionados sobre: qual a importância da biblioteca 
escolar e da sala de leitura? Veja as respostas desse grupo no Quadro 2.
QUADRO 2 – RESPOSTAS DOS PROFESSORES SOBRE A 
IMPORTÂNCIA DA BIBLIOTECA E SALA DE LEITURA
Prof. 1: “[...] para a construção do conhecimento do alunado, é necessário realizarmos 
leituras e conhecer o mundo através dos livros”.
Prof. 2: “[...] é uma importante fonte de pesquisa para toda comunidade escolar”.
Prof. 3: “Para facilitar o ensino-aprendizagem”.
Prof. 4: “[...] vai ajudar nossos alunos na realização dos trabalhos e nos estudos para as 
provas, ampliando ainda mais os seus conhecimentos”.
Prof. 5: “Para ajudar alunos e professores a adquirirem mais conhecimentos”.
FONTE: Adaptado de Pereira (2016).
Pereira (2016) analisou as respostas dos professores e afi rma que eles veem 
a biblioteca escolar e a sala de leitura como espaços de leitura, ensino, pesquisa 
e estudo como muito importantes no processo de aquisição do conhecimento por 
parte dos estudantes. Apenas um deles se incluiu como usuário desses espaços, 
quando disse que a biblioteca e sala de leitura têm as funções de ajudar alunos e 
professores a adquirirem mais conhecimentos (PEREIRA, 2016). 
Além disso, os professores foram indagados com a seguinte pergunta: que 
serviços mais contribuem para o processo de ensino-aprendizagem? Para 80% 
dos professores, a orientação para as pesquisas escolares e a normalização de 
trabalhos são os principais, enquanto 20% afi rmaram que o empréstimo domiciliar 
é o que mais colabora nesse processo. 
Questionados acerca da gerência da biblioteca e dos benefícios que ela pode 
trazer para a formação dos estudantes, obteve-se o posicionamento descrito no 
Quadro 3.
122
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
QUADRO 3 – RESPOSTAS SOBRE A GERÊNCIA DA BIBLIOTECA E SALA DE LEITURA 
Prof. 1: “Ter um profi ssional que oriente boas leituras seria uma infl uência positiva para 
os estudantes”;
Prof. 2: “Os alunos seriam muito benefi ciados no desenvolvimento de suas pesquisas, 
estudos em grupo e nas relações de trabalho”;
Prof. 3: “Teriam oportunidade de conhecimento e compreensão de múltiplas leituras”;
Prof. 4: “Se benefi ciariam principalmente em suas pesquisas”;
Prof. 5: “Benefícios de mais conhecimentos adquiridos”.
FONTE: Adaptado de Pereira (2016).
A análise de Pereira (2016) ressalta que os professores reconhecem que a presença 
da biblioteca escolar e da sala de leitura organizadas e coordenadas por profi ssionais 
competentes só traz benefícios para a comunidade escolar, seja na orientação de boas 
leituras, na compreensão de variados tipos de textos ou na pesquisa escolar. 
Os professores também foram questionados com a seguinte pergunta: que 
profi ssionais podem ser responsáveis pela biblioteca? Para eles, o bibliotecário é, 
ainda, o profi ssional mais qualifi cado para realizar as atividades na biblioteca e o 
professor na sala de leitura, conforme mostram as justifi cativas do Quadro 4. 
QUADRO 4 – RESPOSTAS SOBRE A GERÊNCIA DA 
BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA 
Prof. 1: “O bibliotecário possui o conhecimento necessário para orientar na escolha do 
livro. Já a sala de leitura é incumbência dos professores”.
Prof. 2: “Ele está qualifi cado para administrar o acervo da biblioteca e o professor trabalha 
muito bem na sala de leitura, na minha opinião.”
Prof. 3: “O bibliotecário está apto a suprir as necessidades do educando. E o professor 
na sala de leitura”.
Prof. 4: “É o profi ssional mais capacitado para atender as necessidades do alunado”.
Prof. 5: “Como é um profi ssional qualifi cado nessa área, tem a capacidade de atuar nela”.
FONTE: Adaptado de Pereira (2016).
Os professores acreditam nas habilidades do bibliotecário enquanto gestor 
da biblioteca escolar, pois, assim como todos os profi ssionais que estudaram 
sobre uma determinada área do conhecimento, eles são os mais capacitados 
para atuarem nelas. Já os professores farão o trabalho com qualidade nas salas 
de leitura. A educação de qualidade depende de estruturas apropriadas, que 
possibilitem ao estudante ir além da sala de aula e viajar por mundos ricos em 
informações e conhecimentos, como as salas de leitura e as bibliotecas escolares. 
123
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
Gestora Escolar
A gestora atua na instituição há pouco mais de um ano, é graduada em 
pedagogia e está na faixa etária entre 30 a 40 anos. Ela afi rmou, ainda, que essa 
é sua primeira experiência enquanto gestora escolar. 
Pereira (2016) indagou a gestora escolar sobre a importância da biblioteca 
escolar para o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes e professores 
de sua escola e obteve a seguinte resposta: “Contribui muito. Por ser um ambiente 
de descobertas e de exposição de conhecimento. Nesses ambientes que temos 
a oportunidade de conhecer o mundo que nos cercam” (PEREIRA, 2016, p. 50).
Pereira (2016) diz, ainda, que para compreender a sociedade que fazemos 
parte, precisamos nos debruçar cada vez mais no universo da leitura. As 
bibliotecas, como explicitado pela gestora da escola, são espaços fundamentais 
no processo de aquisição do conhecimento, uma vez que nelas existem os mais 
diversos gêneros e materiais de informação. 
Questionada sobre a contribuição da biblioteca escolar para o aprendizado 
dos estudantes, ela respondeu que: “Seu acervo possibilita, de acordo com um 
bom planejamento, enriquecer o ensino-aprendizagem” (PEREIRA, 2016, p. 51). 
Pereira (2016) infere que a gestora escolar acredita na responsabilidade 
da biblioteca escolar e no apoio aos docentes e confi rma a importância desse 
espaço para o ensino e aprendizagem. As pesquisas escolares exigidas pelos 
professores são formas extensivas de aprimorar os ensinamentos repassados 
em sala de aula. Portanto, para que o processo de ensino e aprendizagem 
seja alcançado de forma efetiva, faz-se necessária a existência de ambientes 
apropriados, acolhedores e de profi ssionais qualifi cados apoiando esse fi m. 
A gestora escolar foi questionada sobre a importância da biblioteca na prática 
docente. Para ela, a utilização adequada da biblioteca é capaz de melhorar 
signifi cativamente a qualidade das aulas ministradas pelo corpo docente, 
consequentemente, poderá gerar benefícios para os estudantes, pois, com 
aulas mais dinâmicas e atrativas, o ensino-aprendizagem no ensino fundamental 
pode até se tornar mais fácil: “A adequada utilização da biblioteca enriquece as 
atividades dos professores, fortalece também suas estratégias e torna suas aulas 
mais atraentes” (PEREIRA, 2016, p. 51).
A gestora escolar também afi rmou que as adequações nos espaços da 
escola muitas vezes não são feitas devido à carência de recursos fi nanceiros. 
Cabe aos envolvidos no sistema escolar – seja professor, estudantes, gestor, 
bibliotecário ou a própria comunidade – reivindicar às autoridades as adequações 
124
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
desses espaços para uma educação de qualidade. Por fi m, a gestora escolar 
afi rma que: “Há uma urgente necessidade de difundir o uso de bibliotecas nas 
escolas e sala de leitura para fortalecer a leitura também fora das instituições, 
visto que, essa prática ainda não faz parte das atividades diárias da maioria dos 
estudantes” (PEREIRA, 2016, p. 52). Ainda, “a implantação de bibliotecas e de 
salas deleitura nas escolas deve priorizar atividades de leitura, considerando que 
a leitura desenvolve nos estudantes o pensamento crítico, a compreensão de 
mundo e pode torná-los cidadãos mais conscientes de seus direitos e obrigações” 
(PEREIRA, 2016, p. 52). 
Os resultados desse estudo mostram que o grupo pesquisado concebe 
a biblioteca escolar e a sala de leitura como espaços importantes de apoio à 
formação dos estudantes da educação básica. Os participantes, especialmente 
os estudantes, afi rmaram que os espaços devem ser bem estruturados e que os 
serviços oferecidos devem ser diversifi cados para apoiá-los pedagogicamente, 
devendo permitir o acesso às tecnologias de informação e serem bem gerenciados 
por bibliotecários e profi ssionais responsáveis. Além disso, toda a comunidade 
escolar almeja a construção de bibliotecas e salas de leitura nas instituições de 
ensino. Conclui-se que, para a implantação e reformas nas bibliotecas e salas de 
leitura em escolas públicas, é necessário o apoio do poder público, no sentido 
de destinar recursos fi nanceiros às reformas, ampliações das dependências 
pedagógicas e implantação das bibliotecas e salas de leitura e compra de 
mobiliário e equipamentos tecnológicos, bem como a manutenção desses 
espaços. Por considerarem importante a dinâmica da biblioteca e sala de leitura, 
vamos passar a discussão da dinamização desses espaços. 
Dinamização da biblioteca escolar e da sala de leitura 
FIGURA 6 – MEDIAÇÃO DE LEITURA PARA CRIANÇAS PEQUENAS
FONTE: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/
bibliotecas/noticias/?p=21223>. Acesso em: 12 maio 2020.
125
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
Neste tópico, vamos dialogar com você sobre a dinamização da biblioteca 
e da sala de leitura, bem como a mediação de leitura. Ressaltamos que esse 
diálogo é de fundamental importância atualmente, uma vez que esses espaços 
têm como um de seus principais objetivos pedagógicos fomentar a leitura dos 
jovens estudantes e auxiliar no planejamento e na atuação da equipe docente 
acerca dessa questão. Assim, a biblioteca escolar e a sala de leitura “podem 
proporcionar aos estudantes dentro da escola, outras oportunidades de leitura e 
acesso a todo o tipo de informação, com os mais diversos meios e materiais de 
acesso a essa informação” (BALÇA, 2006, p. 208).
Sabemos que a responsabilidade de transformar estudantes em leitores 
autônomos e críticos exige o desenvolvimento de diferentes habilidades ao longo 
dos anos pelas famílias e pelas escolas. Queiroz e Maciel (2014, p. 26) ressaltam 
que “[...] quando se trata de formar leitores, especialmente jovens estudantes das 
classes populares, as escolas devem criar estratégias e projetos que atraiam sua 
atenção, considerando a complexidade da leitura e a falta de acesso a materiais 
de boa qualidade.” Outra grande contribuição pode vir da biblioteca escolar e da 
sala de leitura, como salienta o professor Silva (1987, p. 23): “Sem bibliotecas na 
real acepção da palavra e gente especializada para dinamizá-las, continuaremos 
a incentivar os governos a não agir.” Sem sombra de dúvida, o professor Silva 
(1987) está nos alertando de que é preciso continuar a luta para o bibliotecário 
habilitado ocupar seu lugar na escola e contribuir com a formação de leitores 
críticos e autônomos junto com a equipe docente, como orientam os Parâmetros 
Curriculares Nacionais desde 1998. 
No interior da escola, a formação de estudantes que sejam leitores críticos 
e autônomos não cabe apenas ao professor de língua portuguesa, mas a toda 
comunidade escolar, inclusive à biblioteca e à sala de leitura. Esses espaços 
não podem fi car de fora dessa empreitada, já que eles podem garantir mais uma 
oportunidade de leitura a esses estudantes. Criar momentos de leitura no currículo 
escolar, além das aulas propriamente ditas, é uma proposta de abrir as portas, 
alargar os horizontes e ampliar a consciência sobre a leitura de mundo para os 
estudantes ao longo da vida, especialmente porque o mundo se transforma a todo 
momento, gerando até difi culdades para acompanhar essas transformações que 
acontecem em tempo recorde, inclusive no processo de ensino e aprendizagem.
Somado às questões da velocidade das transformações no século XXI, o 
processo de ensino e aprendizagem também é desafi ado a lidar com jovens 
estudantes denominados de “nativos digitais” em salas de aula, ou seja, uma 
geração de sujeitos que nasceram após a ascensão da internet em todo o 
mundo. Essa característica impacta diretamente na forma como esses estudantes 
encaram o processo de ensino e aprendizagem. Com isso, a escola não pode 
organizar seu processo educativo do mesmo modo que fazia há 20 anos atrás. É 
126
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
premente a necessidade de mudanças no processo de organização do ensino e 
nos espaços da biblioteca e da sala de leitura.
Analisando as transformações tecnológicas e as prerrogativas da educação 
básica, que deve ser inclusiva nos dias de hoje, temos que a educação inclusiva 
deve atender a todos os estudantes, sejam eles nativos digitais, plenos ou Pessoas 
com Defi ciência (PcD) que estão presentes nas salas de aula. Assim, os inúmeros 
recursos auditivos e visuais disponibilizados pelas invenções tecnológicas tornam 
a biblioteca escolar e a sala de leitura tradicionais pouco interessantes para esses 
estudantes. Com isso, talvez a biblioteca escolar e a sala de leitura sejam os 
espaços que mais demandam transformações para atender aos estudantes nesse 
momento em nossas escolas.
Entretanto, as mudanças na biblioteca e na sala de leitura vão além de 
simples reformas no ambiente físico e aquisição de novos equipamentos. É 
necessário, portanto, transformar as ações pedagógicas oferecidas por esses 
espaços, pois o principal objetivo deles é auxiliar a instituição de ensino na 
formação de estudantes leitores, inserindo-os de maneira qualifi cada e prazerosa 
no universo da literatura e do conhecimento sobre a cidadania de nossos tempos. 
Nessa perspectiva, sugerimos uma atividade para iniciar o processo de 
mudança na concepção da biblioteca escolar e da sala de leitura que deve ser 
construída com estudantes de todas as faixas etárias e modalidades de ensino. 
Essa atividade é a valorização desses espaços. 
Nessa valorização, cabe, em primeiro lugar, estruturar uma forma dos 
estudantes conhecerem e reconhecerem os recursos que a biblioteca escolar e 
a sala de leitura já têm, especialmente, o acervo. Em seguida, construírem juntos 
com os estudantes e toda a equipe docente novos valores para esses espaços na 
escola. Muitos estudantes e até profi ssionais de ensino não utilizam a biblioteca 
da escola nem a sala de leitura. Pasmem, mas é verdade! Se não conhecem 
os espaços, como eles podem se tornar importante para a comunidade escolar? 
Para essa valorização, sugerimos que resgatem a história da biblioteca, da sala 
de leitura ou das duas se tiverem espaço, a partir dos seguintes questionamentos 
com os estudantes e professores: 
127
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
• Você já teve a curiosidade de saber quando a sua escola, biblioteca 
ou salas de leitura foram criadas e quem as organizou? 
• Você sabe quais são os livros que fazem parte do acervo da 
biblioteca e da sala de leitura? 
• Desse acervo, quantos livros você já leu? 
• No que você pode contribuir para que a biblioteca e a sala de 
leitura sejam mais dinâmicas e atendam às necessidades de toda 
a comunidade escolar? 
• Qual é a participação da biblioteca e da sala de leitura nas demais atividades 
da escola? (PIMENTEL; BERNARDES;SANTANA, 2007, p. 74).
Com esses questionamentos, estudantes e professores podem refl etir sobre os 
recursos que já têm na biblioteca e na sala de leitura, observarem a sua efetividade 
e como eles podem contribuir para o planejamento das programações culturais 
e pedagógicas desses espaços. Com esse novo modo de planejar, estudantes 
e professores poderão contribuir para que esses espaços deixem de ser apenas 
contemplativos e passem a ser mais ativos e atrativos para o processo educativo. 
Outra sugestão que consideramos importante diz respeito à inclusão da 
programação da biblioteca e da sala de leitura no projeto político-pedagógico. Essa 
inclusão pode ser um excelente caminho para desenvolver a valorização desses 
espaços formativos e construir diversas atividades educativas e culturais, bem 
como ampliar os serviços para atender à comunidade escolar, inclusive permitir 
a maior participação da comunidade escolar, fi rmando parcerias com “os líderes 
comunitários, os sindicatos, as organizações comerciais, industriais, religiosas, 
autoridades políticas, os artistas, os profi ssionais liberais, as associações de 
classe, as ONGs e os clubes de serviço, entre outras que se afi nem com os 
objetivos da escola” (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 75).
Estabelecer parcerias com associações, entidades e ONGs pode propiciar 
o envolvimento da comunidade e render benefícios para a escola, inclusive 
fortalecer a atuação da biblioteca escolar e da sala de leitura. A participação da 
associação de pais da escola é um exemplo desse fortalecimento. Essas parcerias 
podem contribuir para aproximar a escola da comunidade, especialmente por 
meio da biblioteca escolar e da sala de leitura, as quais podem prestar ou trocar 
alguns serviços com essa comunidade. É importante que a comunidade perceba 
que a biblioteca e a sala de leitura são bens culturais, os quais lhes pertencem e 
que podem ser utilizados por ela, seja participando do planejamento, dando sua 
opinião ou ajudando a tomar as decisões assertivas. Por fi m, para fortalecer o 
128
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
trabalho pedagógico da escola como um todo, é de fundamental relevância que a 
comunidade participe do planejamento do projeto político-pedagógico da escola. 
Por outro lado, a escola deve acolher essa comunidade para aproveitar seu 
potencial de ação comunitária tanto quanto sua função específi ca.
FIGURA 7 – DINAMIZAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR E DA SALA DE LEITURA
FONTE: http://blog.crb6.org.br/artigos-materias-e-entrevistas/bibliotecas-
dao-lugar-a-salas-de-leitura/. Acesso em: 12 maio 2020.
Dependendo das condições da comunidade, a escola, especialmente a 
biblioteca e a sala de leitura, pode contribuir, oferecendo serviços de informação à 
comunidade sobre assuntos básicos, como as dos exemplos do Quadro 5.
QUADRO 5 – INFORMAÇÕES SOBRE SERVIÇOS DE 
UTILIDADE PÚBLICA À COMUNIDADE
Saúde – assistência médica, hospitalar, saúde bucal, planejamento familiar, prevenção 
de doenças, vacinação etc.
Emprego – agências de emprego, oferta de concurso público, vagas de ocupação etc.
Saúde – assistência médica, hospitalar, saúde bucal, planejamento familiar, prevenção 
de doenças, vacinação etc.
Emprego – agências de emprego, oferta de concurso público, vagas de ocupação etc.
Legislação – obtenções de documentos, direitos e deveres, assistência jurídica, 
obtenção de benefícios etc.
Educação – escolas, cursos, bolsa de estudos, ensino profi ssionalizante, estágios, 
vestibulares etc. 
Cultura – centros culturais da região, agenda e divulgação de eventos, oferta de cursos 
relativos à área de música, arte cênica, literatura, religião, entre outros.
Transporte – horários dos itinerários dos meios de transportes públicos da localidade, agendamento 
de passagens, telefones importantes, identifi cação das empresas de transporte etc.
Segurança – Defesa Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, 190, entre outros.
Conselho Tutelar – proteção integral e denúncia de violência contra criança e 
adolescentes. 
FONTE: Adaptado de Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 76).
129
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
Em algumas comunidades, essas informações não são facilmente 
encontradas e tampouco atualizadas, fazendo as pessoas perderem muito tempo 
com ligações telefônicas que não se completam e gerando gastos fi nanceiros 
desnecessários. Nesse sentido, os estudantes e profi ssionais da biblioteca e 
da sala de leitura podem prestar informações valiosas e de qualidade para a 
comunidade. Para isso, deve-se reservar um local de destaque para divulgá-las, 
como um quadro de avisos, no site, por e-mail, WhatsApp da escola e até mesmo 
na rádio comunitária. Dependendo da importância da informação, ela pode se 
estender aos murais das igrejas, de outras escolas e de outras instituições de 
grande circulação de pessoas na comunidade.
Será que, atualmente, para se formar leitores, basta ter livros na biblioteca e 
na sala de leitura? De pronto, podemos dizer que ter livros de boa qualidade na 
biblioteca e na sala de leitura é muito importante, mas esse material sozinho não 
forma um leitor atualmente, em virtude da diversidade de estudantes que temos 
na escola, como estudantes nativos digitais, estudantes plenos e outros com 
defi ciência, estudantes com desenvolvimento global atípico e altas habilidades, 
considerando que toda escola deve ser inclusiva. 
Grossi (2008) afi rma que pessoas que não são leitoras restringem a sua vida 
à comunicação oral e difi cilmente ampliam seus horizontes com ideias diferentes 
das pessoas próximas com quem convivem. A leitura de diferentes gêneros 
textuais possibilita o desenvolvimento de habilidades requeridas pela formação 
leitora crítica e autônoma, como ressalta a citação a seguir: 
[...] é nos livros que temos a chance de entrar em contato com 
o desconhecido, conhecer outras épocas e outros lugares – 
e, com eles abrir a cabeça. Por isso, incentivar a formação 
de leitores é não apenas fundamental no mundo globalizado 
em que vivemos. É trabalhar pela sustentabilidade do planeta, 
ao garantir a convivência pacífi ca entre todos e o respeito à 
diversidade (GROSSI, 2008, p. 3).
Concordamos com Grossi (2008) quando ele afi rma que a leitura tem o poder 
de desenvolver habilidades e competências bastante complexas para transformar 
as pessoas com capacidade de ler o mundo de forma crítica e sustentável, 
buscando desenvolver a ética, o respeito a si mesmo e ao outro, a aceitação da 
diversidade e a criatividade em relação ao meio sociocultural.
Nesse sentido, para alcançar resultados mais positivos junto aos jovens, faz-
se necessário que a biblioteca escolar e a sala de leitura sejam mais dinâmicas 
e criem estratégias que atraiam os estudantes e a equipe docente, com vistas 
a favorecer as mais diversas formas de expressão cultural e a apropriação das 
diferentes linguagens. Pimentel, Bernardes e Santana (2007) sugeriram algumas 
130
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
estratégias de dinâmicas nas bibliotecas escolares e salas de leitura das escolas 
que atendem estudantes dos anos fi nais do ensino fundamental, do ensino médio, 
da educação técnica profi ssional tecnológica e da educação de jovens e adultos, 
como vemos no Quadro 6.
QUADRO 6 – ESTRATÉGIAS PARA DINAMIZAR BIBLIOTECA E SALA DE LEITURA
ESTRATÉGIAS DE DINÂMICAS DA BIBLIOTECA E SALA DE LEITURA
Exposições artísticas e 
pintura 
Roda de leitura Varal de leitura 
Festival de poesia Sarau literário Ofi cinas literárias
Encontros com o escritor do 
livro
Cursos de extensão Apresentações teatrais e 
musicais
FONTE: Adaptado de Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 79-80).
Assim, as estratégias mencionadas no Quadro 6 podem dinamizar a biblioteca 
e a sala de leitura nas escolas que atendemestudantes dos anos fi nais do ensino 
fundamental, do ensino médio, da educação técnica profi ssional tecnológica e 
da educação de jovens e adultos. Além das estratégias para dinamizar esses 
espaços, é preciso que a equipe promotora considere os seguintes elementos 
listados por Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 78): 
• calendário da programação cultural;
• perfi l cultural da comunidade escolar;
• qualidade da atividade e sua relação com os objetivos dos 
espaços promotores de leitura;
• tempo de duração da atividade que não poderá ser extensa 
e estar de acordo com o cronograma preestabelecido para 
não prejudicar o bom funcionamento das aulas, da biblioteca 
escolar e da sala de leitura;
• horário adequado da atividade (hora do intervalo: recreio, 
lanche);
• frequência ou repetição de apresentação de uma mesma 
atividade;
• recursos para realizar o evento, desde mesas, cadeiras, 
microfone, computador, pendrive, CD, caixa de som, entre 
outros;
• divulgação da atividade tanto para a comunidade interna 
quanto a externa.
As estratégias para crianças pequenas da educação infantil e estudantes 
dos anos iniciais do ensino fundamental na biblioteca escolar e na sala de leitura 
podem ser criadas para incentivá-los a ler e a desenvolver novas habilidades, pois 
a leitura: 
131
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
[...] é fundamental. Para isso, as políticas de incentivo à leitura 
se descolem da mera organização de feiras ou da criação de 
bibliotecas e salas de leitura. O mais urgente é investir em 
formação de mediadores, professores leitores e bibliotecários 
capazes de semear o prazer da leitura por todo o país. 
Mediadores são agentes importantes e efi cientes para fazer 
da leitura uma prática social mais difundida e aproveitada 
(LINARD; LIMA, 2008, p. 9). 
Os autores da citação anterior destacam que a leitura na infância possibilita 
descobertas de sentimentos, palavras e podem levar as crianças a desenvolverem 
habilidades e competências leitoras, bem como aumentar substancialmente a 
capacidade crítica de ler textos e realidade. O ato de ler estimula o imaginário 
e dá a possibilidade de responder as dúvidas em relação às inúmeras questões 
que vão surgindo ao longo da vida, o surgimento de novas ideias e o despertar da 
curiosidade do leitor, fazendo com que ele sempre busque outros textos para ler. 
Uma das formas de incentivar a criança a ler é apresentá-la aos livros que 
estimulam a vontade e o prazer. A partir daí, elenca-se diversas vantagens, como 
a de que ela conheça mundos novos e realidades diferentes para que, dessa 
forma, ela possa construir sua própria linguagem, oralidade, valores, sentimentos 
e ideias que levará para o resto da vida. “O livro leva a criança a desenvolver 
a criatividade, a sensibilidade, a sociabilidade, o senso crítico, a imaginação 
criadora por meio do texto literário (poesia ou prosa)” (PRADO, 1996, p. 19-20). 
Indursky e Zinn (1985, p. 56) afi rmam que a “prática leitora não é somente 
entretenimento ou de uso acadêmico. Ela pode ser uma prática que amplie 
a visão de mundo do leitor, a qual o sujeito pode contextualizar suas próprias 
experiências com o texto lido”. Assim, a produção de leitura “[...] consiste no 
processo de interpretação desenvolvido por um sujeito-leitor que se, defrontando 
com um texto, analisa, questiona com o objetivo de processar seu signifi cado 
projetando sobre ele sua visão de mundo para estabelecer uma interação crítica 
com o texto” (INDURSKY; ZINN,1985, p. 56).
Assim, o gostar de ler é construído em um processo individual, coletivo e 
social ao mesmo tempo, pois ouvir histórias é relevante tanto para os que já sabem 
ler quanto para aqueles que não sabem. O professor deve buscar compreender 
as difi culdades particulares que crianças ou estudantes apresentam no momento 
de ouvir e ler histórias e deve, ao mesmo tempo, estimulá-las a produzir e ouvir 
textos por meio de várias estratégias, tais como: 
▪ hora do conto ou contação de história;
▪ recontos de história;
▪ exposição de desenhos e pinturas sobre uma determinada 
história ou desenhos livres;
132
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
▪ desenhos e pinturas coletivas;
▪ escrita de textos e produção de livros com histórias 
inventadas pelas crianças e estudantes; 
▪ apresentações teatrais e musicais; 
▪ dramatização de textos e músicas;
▪ varal de textos, livros e poesias; 
▪ sarau literário;
▪ encontros com o escritor, buscando aproximar leitor e autor 
(PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 79-80).
É importante que, ao fi nal de cada uma dessas atividades, as crianças, os 
estudantes e a equipe gestora e docente façam a avaliação, identifi cando pontos 
positivos, o que pode ser feito de uma forma melhor e, quando possível, fazer 
essa avaliação em conjunto com todos participantes. É importante lembrar, ainda, 
que as atividades devem atender aos interesses dos participantes, da escola e da 
comunidade envolvida, para que possam resultar positivamente na circulação de 
bens culturais, na socialização de ideias e nas experiências vivenciadas.
Se os horários permitirem, a biblioteca e a sala de leitura podem desenvolver 
algumas dessas estratégias de ação para a comunidade na qual a escola está 
inserida. Além das estratégias, é possível convidar as famílias e a comunidade 
em geral para participar de ofi cinas, as quais são essencialmente práticas. Se a 
comunidade tiver interesse, pode participar da elaboração do planejamento das 
propostas das ofi cinas, as quais podem ocorrer mensal, semestral ou anualmente. 
Pimentel, Bernardes e Santana (2007) dão diversas sugestões, algumas delas 
foram incluídas na Quadro 7 a seguir: 
QUADRO 7 – OFICINAS QUE PODEM DINAMIZAR A BIBLIOTECA E SALA DE LEITURA
OFICINAS
Contação de história – por meio da arte de contar histórias, procura seduzir o ouvinte 
ao texto literário.
Porcelana fria ou biscuit – confecção de personagens das obras literárias das histórias 
por meio do conhecimento teórico – prático. 
Saraus literários - declamação de poesias e textos literários, incluindo a música. 
Meia de seda – customiza-se meia de seda e produz-se trabalhos manuais relacionados 
às datas comemorativas do calendário brasileiro.
Origami – arte milenar de dobradura em papel muito apreciada por jovens e adolescentes. 
A atividade pode ser relacionada à confecção de personagens da literatura.
Apresentação teatral – apresentação de histórias utilizando vários recursos que 
valorizam a cultura local.
Fuxicos – por meio de retalhos de tecidos confeccionam-se bolsas, capas de almofadas, 
blusas, colchas de cama e outros artigos artesanais.
Caixas artesanais – confecção de caixas de papelão com várias formas e divisórias
133
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
Concurso de poesia – é uma forma de incentivar a produção literária na biblioteca.
Máscaras – confecção de máscaras teatrais e folclóricas individuais e personalizadas, 
além do estudo sobre as várias formas e suas aplicações.
Pintura em tela – noções básicas de pintura acrílica e em óleo, utilizando temas inspirados 
na literatura brasileira.
Bonecos – confecção, manipulação, estudo e conceito de bonecos.
Palestras e seminários educativos – podem ser de temas atuais ou de acordo com as 
necessidades da comunidade. Por exemplo: DST/Aids, uso indevido de drogas, gravidez 
na adolescência, entre outros temas envolvendo a saúde.
FONTE: Adaptado de Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 79-80).
Com a oferta dessas ofi cinas desenvolvidas pela biblioteca escolar, seus 
serviços e produtos, ela pode se transformar em um ponto de referência para a 
comunidade geral,além dos estudantes. 
 Solicitamos que assista ao vídeo Nova Escola na sua Escola | 
Roda de Leitura, elaborado pela Nova Escola por Ana Flavia 
Alonço, disponível no endereço: https://www.youtube.com/
watch?v=_0xT_wG3tKY. Esse vídeo apresenta em prática uma 
roda de leitura para educação infantil trabalhando a relação entre 
textos e ilustrações e, em seguida, a contadora conversa com 
um grupo de professoras. Após assistir ao vídeo, apresente um 
texto (com, no máximo, duas páginas) respondendo ao seguinte 
questionamento: como o profi ssional responsável pela biblioteca 
escolar ou sala de leitura pode trabalhar a leitura com crianças 
pequenas, enfatizando aspectos importantes dessa prática? 
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 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Mediação da aprendizagem
FIGURA 8 – MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
FONTE: <https://movimentobocalixo.wordpress.com/2011/04/11/
mini-forum-de-leitura/>. Acesso em: 12 maio 2020.
Neste tópico, vamos refl etir sobre a importância da aprendizagem. Todo 
mundo reconhece que um dos principais objetivos da escola é construir 
possibilidades de aprendizagem do conhecimento e da formação sociocultural dos 
jovens estudantes. Nesse sentido, a escola deve buscar mediar a aprendizagem, 
especialmente com os jovens das classes populares, cuja centralidade está na 
condução das interações planejadas e da intencionalidade pedagógica para 
construir a autonomia e o desejo de aprender pelos estudantes, como destaca 
a Professora Maria Teresa de Assunção Freitas da Universidade Federal de Juiz 
de Fora (UFJF). Desse modo, é interessante assistir ao vídeo As características 
do professor mediador, no qual o Professor Marcos Meier discute essas 
características de forma detalhada e pode ajudar o projeto da biblioteca escolar e 
sala de leitura. 
O termo aprendizagem está sendo entendido aqui como “uma 
atividade conjunta, em que relações colaborativas entre estudantes e 
equipe docente podem e devem ter espaço” (MONROE, 2018, s.p.). 
O professor, como o sujeito mais experiente, deve “ser o grande 
orquestrador de todo o processo de ensino e aprendizagem. Além 
de ser o sujeito mais experiente, sua interação é planejada e tem 
intencionalidade pedagógica” (MONROE, 2018, s.p.), como destaca 
a professora Maria Teresa de Assunção Freitas. 
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INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
Como os estudantes aprendem? 
De acordo com a teoria sociocultural, a aprendizagem é um processo que 
se inicia desde o nascimento. No início da infância, a criança aprende explorando 
o ambiente onde está inserida. Ela se diverte ao ver a chuva cair, os animais, 
pressiona interruptores e observa o efeito, morde objetos, desmonta brinquedos e 
vai, assim, descobrindo o mundo. Analisando essas atividades, parece que, para 
se apropriar dos saberes, basta o contato direto com os objetos de conhecimento. 
Na realidade, boa parte das relações entre o sujeito e seu meio em nossa cultura 
não ocorre diretamente. Para levar a água à boca, por exemplo, a criança aprende 
a utilizar um copo. Para alcançar um brinquedo em cima da mesa, apoia-se em 
um banquinho. Ao ameaçar colocar o dedo na tomada, muda de ideia com o 
alerta da mãe - ou pela lembrança de um choque. Em todos esses casos, um elo 
intermediário se interpõe entre o ser humano e o mundo.
De acordo com Vygotsky (2003), essas ações intermediadas são 
fundamentais para a apropriação do conhecimento e vão diferenciar o homem 
dos outros animais. O autor demonstrou essa distinção a partir de diversos 
experimentos realizados com animais. Em um deles, que é comum até hoje entre 
nós, um macaco conseguia pegar uma banana no alto de uma jaula se visse 
um caixote no mesmo ambiente. No entanto, se o caixote não estivesse ali, o 
símio nem tentava experimentar outro objeto para ajudá-lo a pegar a banana e 
ter sucesso em seu objetivo. Nesse caso, o ser humano age de forma diferente. 
"Enquanto o macaco precisa ver o instrumento, o ser humano consegue imaginá-
lo ou conceber outro objeto e atribuir a mesma função", afi rma a professora Marta 
Kohl de Oliveira (1997, p. 39), da Universidade de São Paulo (USP), em seu livro 
Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 
O exemplo também é útil para distinguir dois importantes elementos 
mediadores propostos por Vygotsky (2003), que são: os instrumentos e o signo. 
Os instrumentos, ao se interpuserem entre o homem e o mundo, 
vão ampliar signifi cativamente as possibilidades do homem 
transformar a natureza, por exemplo, o machado representa 
um instrumento mediador da relação entre o trabalhador rural 
e o mundo do trabalho, uma vez que o mesmo corta mais e 
melhor que a mão humana (VYGOTSKY, 2003, p. 78).
Vygotsky (2003), na citação anterior, ressalta a importância dos instrumentos 
para o desenvolvimento humano, já que eles permitiram e ainda permitem ao 
homem transformar a natureza, como, por exemplo, uma chave de fenda que 
facilita e qualifi ca a colocação de parafusos para os mecânicos. Uma escada vai 
contribuir muito para o trabalhador consertar o telhado e uma vasilha vai facilitar 
o armazenamento de água para preparar os alimentos etc. Alguns animais, 
136
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
sobretudo primatas, podem até utilizar instrumentos eventualmente, mas é o 
homem quem concebe o uso desses instrumentos de modo mais sofi sticado, 
guardando instrumentos para o futuro, inventando os novos e deixando as 
instruções para que outros os fabriquem em outros momentos.
Outro elemento mediador de suma importância é o signo. Ele é tipicamente 
humano. Houaiss, em seu dicionário (2010), defi ne o signo como "qualquer objeto, 
forma ou fenômeno que representa algo diferente de si mesmo". A linguagem, 
por exemplo, é toda composta de signos: a palavra mesa em nossa cultura nos 
remete ao objeto concreto mesa. Veja que você pode imaginar agora uma mesa 
mesmo sem a necessidade de vê-la. Para o homem, a capacidade de construir 
representações mentais, substituindo os objetos do mundo real é um traço 
evolutivo importante do nosso desenvolvimento humano: "Essa capacidade de 
representar mentalmente algo sem ele estar presente possibilita libertar-nos do 
espaço e do tempo presentes, fazer relações mentais na ausência das próprias 
coisas, fazer planos e produzir intenções", destaca Oliveira (1997, p. 42). 
Essa característica é fundamental para a apropriação do conhecimento, pois 
permite ao sujeito aprender por meio da experiência do outro. Uma criança, por 
exemplo, não precisa pôr a mão na chama de uma vela para saber que ela queima. 
Esse conhecimento pode ser apropriado com a orientação da mãe ou de uma 
pessoa mais experiente. Quando o pequeno associa a representação mental da 
vela à possibilidade de queimadura, ocorre uma internalização do conhecimento 
- e ele já não precisa das advertências maternas para sua queimadura como 
destaca Vygotsky (2003).
Nesse sentido, Vygotsky (2003, p. 79) ressalta que a “interação 
(principalmente a realizada entre sujeitos face a face) tem uma função central 
no processo de internalização (que compreendemos como aprendizagem)”. 
Ele afi rma, em seu livro A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos 
processos psicológicos superiores, que "o caminho do objeto até a criança e sua 
aprendizagempassa por outra pessoa" (VYGOTSKY, 1998, p. 68). Portanto, a 
aprendizagem é mediada por outra pessoa mais experiente. O conceito de 
aprendizagem mediada na escola confere um papel privilegiado ao professor, 
pois é ele quem planeja as interações com a intencionalidade pedagógica de 
construir estudantes autônomos, capazes de aprenderem sozinhos e participarem 
do processo de ensino com vontade de aprender. Esse professor passa a ser, 
então, o mediador do conhecimento para os estudantes com a intencionalidade 
pedagógica de promover, assim, a aprendizagem. De acordo com a teoria 
sociocultural de Vygotsky, as interações com essas características especiais são 
a base para que o sujeito consiga compreender as representações mentais de 
seu grupo social e possa internalizar sua cultura. 
137
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
O que é ser um(a) mediador(a) da aprendizagem? De acordo 
com o dicionário Houaiss (2010), o mediador da aprendizagem 
é aquele que medeia, intermedeia, intervém, propõe e conduz 
atividades junto aos estudantes com a intenção pedagógica de que 
eles aprendam. 
Na perspectiva do desenvolvimento humano construída por Vygotsky (1998), 
ele enfatiza a importância do aprendizado. Para o autor, existe um percurso de 
desenvolvimento, em parte defi nido pelo processo de maturação do organismo 
individual, pertencente à espécie humana, mas é o aprendizado que possibilita 
o despertar do processo interno do desenvolvimento que, se não fosse o contato 
do sujeito com certo ambiente cultural, não ocorreria, ou seja, “o aprendizado é 
um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções 
psicológicas superiores culturalmente organizadas e especifi camente humanas” 
(VYGOTSKY, 1998, p.101). 
Essa concepção de aprendizagem reforça a importância que Vygotsky dá 
ao papel do outro social no desenvolvimento e na aprendizagem dos sujeitos da 
espécie humana e na escola em particular. Para explicitar essa relação com o 
outro, Vygotsky (1998) oferece um conceito específi co essencial em sua teoria, 
ou seja, o conceito de zona de desenvolvimento proximal ou iminente (ZPD). Para 
Vygotsky (1998, p. 87), a ZPD é: 
[...] a distância entre o nível de desenvolvimento real (aquilo 
que o estudante já sabe) que se costuma determinar por 
meio da solução independente de problemas, e o nível 
de desenvolvimento potencial (aquilo que está em vias de 
aprender), determinado por meio da solução de problemas sob 
a orientação de um adulto (na escola pelo professor) ou com 
a colaboração dos companheiros de classe mais experientes. 
138
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 9 – ZONA DE DEZENVOLVIMENTO PROXIMAL
FONTE: <https://www.dicaseducacaofi sica.info/abordagem-
construtivista-educacao-fi sica/>. Acesso em: 20 maio 2020.
FIGURA 10 – ZPD: NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL
FONTE: <https://escribo.com/2019/03/28/desenvolvimento-
cognitivo-e-aprendizado/>. Acesso em: 20 maio 2020.
Hoje, sabemos que o estudante não se apropria do conhecimento apenas 
com as interações do professor e da escola, mas, na perspectiva da teoria 
sociocultural elaborada por Vygotsky (1998), a escola e o professor assumem 
funções privilegiadas na construção da aprendizagem dos jovens estudantes, 
especialmente daqueles das classes populares, já que o aprendizado se dá na 
relação entre os sujeitos. Diante dessa orientação teórica, alguns professores 
se apressam e organizam aulas em que todas as atividades são realizadas 
em grupo. Trata-se de um entendimento incorreto do conceito: não é porque a 
apropriação de conhecimentos ocorre, sobretudo, nas interações com o outro 
mais experiente, que trabalho pedagógico nas aulas deve ser feito apenas em 
grupos. Os momentos de trabalhos em grupos na sala de aula são essenciais para 
a aprendizagem, mas o professor deve planejar também atividades que sejam 
realizadas com interações do professor e estudantes, estudantes e seus pares 
(grupos) estudantes em duplas e estudantes sozinhos (individuais e refl exivas), 
como destaca Freitas (2007).
139
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
Para ter melhor a compreensão sobre a aprendizagem mediada 
na escola, sugerimos que você assista ao vídeo As características 
do professor mediador, feito pelo Prof. Marcos Meier, disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=RtVvvMaSX90.
Considerando a aprendizagem que a biblioteca e a sala de leitura na escola 
procuram construir, é de fundamental importância que as características da 
mediação da aprendizagem estejam presentes, enfatizando a aprendizagem 
do conhecimento e a formação cultural dos estudantes, como ressaltamos no 
Capítulo 2. Naquele momento, afi rmamos que as atividades desses espaços 
deveriam ir além do trabalho apenas com a leitura. Entretanto, não se trata de 
desmerecer o trabalho de leitura, pois, a nosso ver, o trabalho com a leitura deve 
continuar, mas ir além dela, já que vemos a leitura como uma das vias em que 
todos os estudantes podem utilizar para alcançar a aprendizagem necessária a 
fi m de estar incluído no mundo letrado. 
A leitura de vida que fazemos a todo instante nos ajuda a fazer a leitura 
das letras e dos sinais gráfi cos espalhados ao nosso redor. Partimos sempre 
da constatação de que a leitura de mundo precede a leitura da palavra, como 
ressaltou Paulo Freire (1996). Assim, a leitura é um dos principais elementos para 
o crescimento de mundo do sujeito. Podemos dizer que é pela formação do leitor 
que se constrói a cidadania e se promove a capacidade de discernimento, da 
criatividade, da lógica e da pesquisa.
Saber ler implica não só aprender a decodifi car sinais gráfi cos e juntar letras, 
mas aprender a descobrir sentidos. Saber ler é compreender – e não simplesmente 
decifrar. Quando fazemos a correspondência letra–som, não podemos dizer que 
estamos realizando uma atividade de leitura. As pessoas que identifi cam as letras, 
mas não são capazes de dar signifi cados a elas, não compreenderam o que 
leram, sendo chamadas de analfabetos funcionais.
Ler é um processo em que o leitor é instigado a desenvolver, por meio do 
trabalho mental entre as unidades de pensamento, a construção de signifi cados 
com base nos conhecimentos já incorporados em seu repertório. Signifi ca 
estabelecer vínculos entre um número cada vez maior de informações.
Você sabia que, enquanto você realiza esta atividade de leitura, um número 
infi nito de células cerebrais está em funcionamento? Que durante o processo de 
leitura seu cérebro está em grande atividade? É verdade, ele precisa combinar, ao 
140
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
mesmo tempo, os sinais gráfi cos e as unidades de pensamento que constituem 
a linguagem. Só depois de dominadas essas duas dimensões da leitura é que se 
pode afi rmar que se adquiriu verdadeiramente a competência de leitora.
Assim, para que os estudantes que frequentam a biblioteca ou sala de 
leitura de sua escola possam ter uma boa formação de leitora, é importante 
que encontrem sentido naquilo que leem. Por isso, é essencial que os textos 
selecionados ajudem o estudante compreender o texto, dialogar com as palavras 
impressas e entrar no imaginário do autor refazendo o percurso da criação. Todo 
bom leitor é um coautor, pois recria o texto de acordo com suas vivências e 
constrói uma visão mais ampla de mundo.
Quando a leitura acontece de verdade, ela é capaz de nos transportar a 
outros lugares, situações e tempos passados e futuros. Ler, aqui, é viajar sem sair 
do lugar. É uma aventura, algo em que mergulhamos e que até nos faz esquecer 
o momento presente. Essas característicassão relatadas com frequência pelos 
leitores infantis dos livros de literatura. Para dar suas contribuições à formação 
leitora das novas gerações, cabe ao profi ssional da biblioteca e da sala de leitura 
conhecer o acervo desses espaços. 
Em relação à função do mediador de aprendizagem na biblioteca e na sala 
de leitura, o profi ssional responsável pode ser visto como o agente que promove a 
aprendizagem dos estudantes a partir do planejamento das interações elaborado 
junto com a equipe docente. Esse mediador é, também, como destacam 
Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 84): “o agente cultural que exerce 
diversas atividades nesses espaços”. Esse mediador deve selecionar, junto com 
as crianças e seus professores, títulos literários infantis e contar histórias para 
crianças, dramatizando textos infantis e promovendo momentos de reconto das 
histórias ouvidas, desenhos e pinturas desses títulos. Junto com estudantes 
jovens e seus professores, eles podem selecionar e expor livros de interesse 
desse grupo, promovendo recitais de poesias, de contos, rodas de leituras, 
representações teatrais e debates sobre temas de interesse dos estudantes. 
Além disso, esse agente pode divulgar informações sobre livros, textos literários 
e espetáculos culturais da cidade, organizar murais e apresentar as novidades do 
mercado editorial. Desse modo, ele pode dinamizar os espaços da biblioteca e 
sala de leitura.
141
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
A palavra mediação deriva do latim mediatio, que signifi ca 
intercessão, interposição, intervenção. Nesse sentido, mediar é 
posicionar-se entre, é atuar deliberadamente para interferir em um 
processo ou situação. A interpretação do termo mediar, quando se trata 
do trabalho educativo do professor e da professora, refere-se ao fato de 
que ele assume a tarefa de promover o encontro entre dois elementos 
do processo de ensino e aprendizagem: a criança que aprende e o 
objeto cultural que é por ela apreendido. Para Vygotsky (2003 apud
Bissoli, 2014, p. 589), a “aprendizagem é um processo ativo, e implica 
a sua participação como sujeito, promovendo o seu desenvolvimento. 
Ao ouvir uma história, ao cantar uma canção, ao participar de uma 
brincadeira ou ao aprender para que serve um objeto, a criança passa 
por uma vivência singular que implica sempre aprendizagem e afeto”.
Cabe, ainda, ao mediador de aprendizagem: preparar os espaços da biblioteca 
e da sala de leitura e acolher a comunidade escolar. Assim, o agente mediador 
deve estar preparado para receber os diversos tipos de leitores e de não leitores. 
Fazendo uma analogia, a atuação do agente mediador pode ser comparada à de um 
agricultor, que prepara a terra, aduba, joga as sementes, irriga e, mais tarde, colhe. 
O mediador prepara o local, deixa-o agradável e receptivo. Depois, enche o local de 
livros e textos de qualidade. Após, começa a jogar as sementes, propondo diversas 
atividades criativas. A partir daí, precisa cuidar e irrigar o pensamento com frequência 
dos estudantes, para não deixar secar o imaginário e a fantasia. Assim, deve sempre 
seguir, chamando-os para novas atividades na biblioteca e na sala de leitura para 
torná-los leitores autônomos e críticos que buscam livremente suas leituras.
Pode-se dizer, ainda, em uma nova comparação, que a tarefa principal 
do mediador da aprendizagem é descobrir a vontade de aprender que há em 
cada estudante. Aguiar (2001, p. 36) compara esse descobrir com o descobrir 
a aprendizagem, afi rmando que “a aprendizagem do conhecimento que já mora 
no estudante e, nós, nos diversos papéis que representamos – como pais, 
professores, bibliotecários e mediadores de aprendizagem – temos de ajudar 
o outro em sua descoberta”. No mais, cabe ao mediador: planejar, convidar e 
recepcionar a comunidade ao deleite de cada uma das atividades.
Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 86) ressaltam que: 
[...] o perfi l de quem quer ser um mediador da aprendizagem 
na biblioteca escolar e na sala de leitura deve ser, antes de 
qualquer coisa, de um leitor. Isso mesmo! Como ele poderá 
142
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
mediar atividades em uma biblioteca sem ler? O mediador 
antes de qualquer outra coisa deve conhecer seu produto: 
o livro. Ele deve saber quais são os principais títulos de sua 
biblioteca, quais obras podem seduzir melhor seu leitor, ou 
seja, a comunidade escolar.
O mediador da aprendizagem deve estar bem informado e buscar a solução 
dos problemas que impendem o leitor de despertar para a aprendizagem. 
Para isso, é preciso que ele, a partir de observações cuidadosas, conheça os 
estudantes, as manifestações culturais locais, como os estudantes se comportam 
nas atividades de pesquisas, como escolhem o título e qual o lugar preferido 
nesses espaços. Enfi m, o que se espera desse mediador é que ele conheça os 
estudantes e planeje as interações apropriadas para eles. 
Pimentel, Bernardes e Santana (2007) chamam a atenção de que crianças cada 
vez mais cedo têm acesso à internet. Diante disso, essas crianças estão passando 
da condição de iniciantes do processo de aprendizagem à condição de internautas 
sem estar com as competências e habilidades de aprendizagem totalmente 
consolidadas. Mas o que há de mal nisso? “As falhas no processo de aprendizagem 
dessas crianças podem gerar, no futuro, um usuário dessas tecnologias com diversas 
defi ciências e sem o senso crítico necessário para sua promoção e participação na 
sociedade” (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007, p. 91).
Por que as crianças preferem a opção eletrônica? Porque o livro exige esforços 
que demandam tempo, que precisam de concentração, raciocínio, refl exão, dedução 
e, até mesmo, certa cumplicidade com o autor. Já os meios eletrônicos oferecem 
uma dinâmica pronta, animada e exigem mínimos esforços do telespectador, como o 
de apertar botões, alimentando a mais danosa inclinação do ser humano (AGUIAR, 
2001). As crianças iniciantes necessitam, ainda, serem despertadas pelo mediador 
da aprendizagem, o qual seleciona o que há de melhor e oferece uma variedade de 
gêneros textuais, incluindo os literários, até que elas possam defi nir suas preferências 
e desenvolvam sua autonomia, como destaca Freitas (2014).
E como trabalhar com os jovens estudantes na biblioteca e sala de leitura? 
Cremos que é preciso adentrar no mundo dos jovens estudantes para entendermos 
suas expectativas em relação à aprendizagem e ao que pensam a respeito do 
momento atual e de sua formação cultural. Se os jovens estudantes receberam 
em sua infância bons estímulos, eles terão desenvolvidas muitas habilidades e 
competências e buscarão por si só textos de qualidade para lerem na biblioteca 
e na sala de leitura, pois nesse momento esses jovens estão descobrindo seu 
mundo interior e seu egocentrismo crítico, organizando seu plano de vida e seus 
valores. De um modo geral, o interesse desses jovens está relacionado à leitura 
de livros de aventuras, romances sensacionais e relatos de viagens. Entretanto, 
como cada um tem o seu gosto, esses espaços precisam contemplar os interesses 
143
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
dos jovens, oferecendo títulos de diversos gêneros a esses sujeitos: poesias, 
contos, notícias, crônicas, romances, teatros, histórias em quadrinhos, charges 
inteligentes, textos informativos etc. Quando os jovens estudantes são expostos 
a diversos gêneros, aumentam as possibilidades de eles se tornarem capazes de 
exercer sua autonomia e amadurecer suas competências para a aprendizagem. 
Ele começa a selecionar o que lhe interessa, a ser mais crítico e a exigir a leituracom mais conteúdo, mais argumentos e mais possibilidades de interpretação.
É preciso colocar os jovens estudantes em situações em que eles possam 
observar e analisar a diversidade de materiais que a língua oferece, seja em 
termos de ritmo e de sonoridade ou de signifi cação. É necessário apresentar o 
texto literário como uma obra de arte que é desenhada e imaginada. Uma vez 
encantados com a leitura e a aprendizagem, os jovens estudantes podem se 
motivar a aprender e passarão a procurar materiais de estudos de boa qualidade.
Isso não é difícil de entender. Pense no que mais gosta de fazer. Você 
precisa ter alguém o motivando o tempo todo para fazer o que gosta? Claro que 
não. Uma ideia que agrada muito é o sarau literário, momentos de rap ou sarau 
poético. Aliar essas atividades com a música é realmente estimulante para esses 
estudantes nessa fase. Nesse momento, é bom explorar outras habilidades e 
competências dos estudantes, como, por exemplo, quem toca violão, fl auta ou 
qualquer outro instrumento ou, quem sabe, repentista de literatura de cordel, 
cantor de música clássica ou de música sertaneja? No recital ou sarau, procure 
livros de poesia ou com personagens que o grupo considera importante.
Outras atividades que podem chamar a atenção das crianças e jovens na 
biblioteca e na sala de leitura são exposição de charadas, parlendas, adivinhações 
(“o que é, o que é?”), travas-línguas, piadas, curiosidades, apresentações teatrais 
que podem ocorrer mensalmente e, ainda, construir murais interativos que podem 
ser colocados em lugar de destaque na biblioteca ou sala de leitura. Neles, os 
estudantes poderão sugerir títulos que tenham interesse em ler, títulos que ainda 
não leram e críticas ao enredo, à ilustração, às personagens, entre outras.
Os profi ssionais responsáveis pela biblioteca e sala de leitura podem colocar 
estantes ou expositores em lugar de destaque com as novas aquisições de livros 
feitas pela biblioteca ou sala de leitura, sejam livros comprados, doados, lançamentos 
do mercado editorial ou títulos que a biblioteca ainda não tenha, mas já está em 
vias de adquiri-los. Avise aos estudantes com um cartaz sinalizando que são novas 
aquisições. Também, uma vez por mês, programe um dia de vídeos ou fi lmes com 
títulos de interesses dos estudantes e crie um ambiente gostoso e aconchegante. 
Por último, veja as dicas para incentivar a aprendizagem na biblioteca e na 
sala de leitura, elaboradas por Pimentel, Bernardes e Santana (2007, p. 100). 
144
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Dica 1 – Tudo o que fi zer na biblioteca ou na sala de leitura fale 
do livro, do autor, do ilustrador. Esse é o seu principal produto. 
Em tudo que fi zer coloque o livro. Deixe claro que uma atividade 
diferente de leitura ou uma determinada apresentação artística 
foi inspirada em livros.
Dica 2 – Avise com antecedência à escola qualquer atividade 
programada na biblioteca escolar ou na sala de leitura. Talvez, 
algum estudante queira usar a biblioteca para estudo ou 
pesquisa e vai encontrar um ambiente agitado e festivo, o que 
pode ser desagradável para o usuário no momento.
Dica 3 – Como troféu, para qualquer premiação, dê um livro ou algo 
relacionado à leitura como, por exemplo, um marcador de páginas. 
Assim, o mediador da aprendizagem poderá planejar várias atividades 
ricas, convidando os estudantes para participar do planejamento e da 
organização, envolvendo-os ativamente e relacionando as atividades com foco na 
interdisciplinaridade de diversas disciplinas.
Solicitamos que assista aos vídeos O que acontece quando lemos, 
elaborados pelo Programa TV Escola. Disponíveis no endereço: https://
www.youtube.com/watch?v=TMORNt4tfo0 e https://www.youtube.
com/watch?v=Et4B29WyW_s. Os vídeos apresentam algumas pistas 
sobre a prática de leitura, como, por exemplo, a facilidade que temos 
de ler o texto de um assunto que já conhecemos, a velocidade dos 
olhos na leitura e quando compreendemos um assunto ou apenas 
quando deciframos. Fazendo uso do conhecimento adquirido e dos 
aspectos abordados nos vídeos supracitados, apresente um texto de, 
no máximo, três páginas, respondendo ao seguinte questionamento: o 
que acontece quando lemos atualmente? 
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145
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
2.2 BIBLIOTECAS PÚBLICAS E 
COMUNITÁRIAS E ALGUNS PROJETOS 
COMUNITÁRIOS E SEUS BENEFÍCIOS 
PARA A COMUNIDADE EM GERAL
A criação de bibliotecas populares me parece uma das 
atividades mais necessárias para o desenvolvimento da 
cultura brasileira. Não que essas bibliotecas venham resolver 
qualquer dos dolorosos problemas de nossa cultura [...] mas 
a disseminação, no povo, no hábito de ler, se bem orientada, 
criará fatalmente uma população urbana mais esclarecida, 
mais capaz de vontade própria, menos indiferente à vida 
nacional (ANDRADE, 1957, p. 7).
Nesta seção, discutimos com você acerca dos elementos que identifi cam 
bibliotecas públicas e comunitárias, suas distinções e benefícios para a 
comunidade em geral, já que essas bibliotecas são pensadas e organizadas 
pelas próprias comunidades. Desse modo, apresentamos algumas contribuições, 
ações e projetos de bibliotecas comunitárias e de salas de leitura construídas 
por iniciativas populares e seus benefícios para toda a comunidade a partir dos 
seguintes objetivos:
● analisar elementos que caracterizam as bibliotecas públicas e 
comunitárias, suas distinções e seus benefícios para a comunidade em 
geral;
● apresentar contribuições, ações e alguns projetos de bibliotecas 
comunitárias construídos por iniciativas populares e seus benefícios para 
a comunidade em geral. 
Dialogar sobre as bibliotecas é de fundamental importância. Essa 
importância foi confi rmada na voz de Mário de Andrade desde o ano de 1939, 
quando expressou essa convicção a respeito das bibliotecas populares de forma 
assertiva e poética, especialmente quando afi rma, conforme a citação acima, que 
a organização de espaços leitores é uma atividade extremamente necessária para 
ampliar a consciência cidadã dos homens, bem como torná-los corresponsáveis 
pela vida nacional. Dito isso, convido você a conhecer um pouco mais sobre as 
bibliotecas públicas e comunitárias, como destaca a Figura 11. 
146
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 11 – BIBLIOTECAS PÚBLICAS E COMUNITÁRIAS
FONTE: <http://www.cultura.mg.gov.br/component/gmg/story/5567-biblioteca-publica-
estadual-amplia-prazo-para-devolucao-de-livros>. Acesso em: 1º maio 2020.
Consideramos de fundamental importância discutir sobre a importância das 
bibliotecas pública e comunitária, esclarecendo a atuação de cada um desses 
espaços formativos para a comunidade. Para essa discussão, recorremos 
a autores que vêm se dedicando a essa temática, como: Soares, Martins, 
Alves, Martos, Bonfuoco, Pegoraro e Ferraz. Para eles, as bibliotecas públicas 
podem ser: federal, estadual e municipal, ou seja, são bibliotecas implantadas, 
organizadas e mantidas por órgãos estatais que servem a uma população um 
pouco maior, como uma cidade ou estado. Já as bibliotecas comunitárias podem 
ou não ser subordinadas ao governo, mas atendem a populações menores, como 
bairros ou comunidades.A biblioteca comunitária, “por estar mais próxima de seus usuários estabelece 
um vínculo maior com eles, mostrando que ela é parte integrante da comunidade” 
(SOARES et al., 2019, p. 405). Por outro lado, a defi nição de biblioteca comunitária 
é “marcada por divergências entre alguns autores. Muitos deles conceituam a 
biblioteca comunitária como sendo pública ou popular” (MACHADO, 2008, p. 81). 
Já biblioteca pública tem como objetivo servir aos interesses dos usuários 
sem fazer qualquer distinção e despertar em seus usuários a consciência da 
participação social. Assim, o instrumento mais valioso de que dispõe uma 
biblioteca pública é o serviço de informação à comunidade, pois, ao fazer isso, ela 
estará cumprindo sua verdadeira missão: levar a informação e o conhecimento a 
todos os participantes.
É relevante considerar que as bibliotecas públicas contribuem para a 
formação da população usuária e serve como estímulo ao desenvolvimento da 
indústria editorial. Por isso, surge a necessidade, por parte das autoridades, de 
valorizar essas instituições, cumprindo com o dever de oferecer à comunidade 
147
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
todos os serviços relacionados à cultura, ao incentivo à leitura e à informação aos 
cidadãos que vão contribuir com o desenvolvimento da sociedade.
Nessa perspectiva, os sociólogos do conhecimento Berger e Luckmann 
(1996) trabalham com conceitos da realidade e ordens sociais, instituição, 
ideologia, identidade e memória. Desse modo, apresentamos o conceito elaborado 
por esses sociólogos no que se refere às bibliotecas públicas e comunitárias. 
Para eles, essas bibliotecas “são espaços integrados à sociedade, as quais fazem 
parte, vez que se encontram inseridas em um determinado contexto político e 
cultural” (BERGER; LUCKMANN, 1996, p. 45). Entretanto, ressaltam que tal 
contexto não é neutro, podendo tanto sofrer infl uências quanto ser infl uenciado 
no momento de organizar e difundir o seu acervo e informações. Por outro lado, 
essas bibliotecas podem, por meio dos próprios serviços prestados, promover 
mudanças nas mentalidades de seus usuários.
Para atender a todos esses públicos, a biblioteca pública deverá contar com 
um acervo variado e generalista, pois será tarefa quase impossível se aprofundar 
em todas as áreas do conhecimento. Além do acervo, torna-se relevante oferecer 
vários suportes e mídias, acompanhando as mudanças e atualizações dos 
equipamentos tecnológicos. Por outro lado, a biblioteca não pode ser um local 
inerte e frio, mas “um lugar onde convergem informações sobre o mundo, dados 
locais e globais, fragmentos de saber e da realidade, fi cção e obras verossímeis” 
(BRETTAS, 2010, p. 107). Entretanto, a biblioteca pública não pode desprezar 
seu papel de preservar a memória local, guardando e disponibilizando a produção 
cultural de sua comunidade e região (FERRAZ, 2014; IFLA, 1994). 
No Brasil, outro fator que se confi gura de extrema importância 
no que se refere à leitura como um direito fundamental de qualquer 
cidadão é a Lei nº. 10.753, de 30 de outubro de 2003, que fi cou 
nacionalmente conhecida como a Lei do Livro. Essa lei tem como 
objetivo instigar e garantir a leitura a todos os brasileiros, assegurando 
ao cidadão o pleno exercício do direito de livre acesso e uso de livros, 
independentemente de o suporte ser físico ou digital (BRASIL, 2003). 
Além disso, essa lei também instiga a exportação de livros brasileiros 
para outros países, estimulando a produção intelectual e cultural dos 
escritores e autores brasileiros, assegurando o acesso à leitura para 
portadores de necessidades especiais e visando à ampliação de 
bibliotecas em todo o país.
148
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Biblioteca comunitária, iniciativas livres e seus projetos
Neste tópico, buscamos dialogar com você sobre algumas contribuições 
acerca da biblioteca comunitária, das iniciativas livres e dos projetos de bibliotecas 
construídos por iniciativas populares e seus benefícios para a comunidade em 
geral. Para iniciar o nosso diálogo, vamos abordar a biblioteca comunitária ou 
iniciativas livres e as vantagens que esse espaço cultural pode trazer para a 
comunidade como um todo.
Para isso, recorremos a autores como Guedes (2002) e Machado (2008), 
que vêm se dedicando a estudar essa temática há algum tempo. Guedes (2002, 
p. 1) pontua que as bibliotecas comunitárias são “[...] ambientes físicos criados e 
mantidos por iniciativa das comunidades [...]”, cujo objetivo principal é ampliar o 
acesso da comunidade à informação. Para o autor, a biblioteca comunitária “pode 
ser considerada um lugar de importante inclusão social, sendo que ela possui, 
como público-alvo, aqueles que não têm fácil acesso à leitura, informações e bens 
culturais” (GUEDES, 2002, p. 1).
Ressaltamos que, apesar de esses espaços serem chamados de bibliotecas 
comunitárias, não é obrigatória a presença do bibliotecário enquanto disseminador, 
mediador da informação, promotor e incentivador da leitura e da aprendizagem, 
pois são mantidos pela própria comunidade local, a qual desempenha a função de 
incentivadora da leitura, da aprendizagem e da disseminação informacional.
Machado (2008, p. 50) defi ne a biblioteca comunitária como um “[...] espaço 
estratégico para implantação de políticas públicas de inclusão social e cultural” 
e que tem os “mesmos objetivos da biblioteca pública, que são promover o 
acesso à informação e ao conhecimento, estimular a aprendizagem, a leitura e 
sua compreensão por meio de ações voltadas a essa disseminação” (MACHADO, 
2008, p. 51). É, ainda, um “espaço de acolhimento e vivência [...] com suas ações 
e serviços organizados com base na realidade e conhecimento local” (MACHADO, 
2008, p. 51).
Já Soares (2010) afi rma que a biblioteca comunitária tem:
[...] autonomia quanto ao horário de funcionamento, tendo em 
vista que não há um regimento padronizado para esse tipo de 
biblioteca, podendo atender ao seu público de acordo com a 
demanda ou, casos raros, com a disponibilidade de horário de 
seus idealizadores, quando os mesmos são responsáveis pelo 
seu bom funcionamento (SOARES, 2010, p. 3).
Geralmente, o acervo da biblioteca comunitária é formado por doações da 
própria comunidade em que a biblioteca comunitária está inserida (SOARES, 
149
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
2010) e de outras contribuições de pessoas interessadas nesse tipo de ação. 
Horta e Rocha (2017) ressaltam que as bibliotecas comunitárias podem ser vistas 
como um instrumento de democratização e acesso à leitura, à aprendizagem e à 
informação. Nesse sentido, Machado (2019, p. 91 apud Soares et al., 2019) diz 
que as bibliotecas comunitárias são constituídas “[...] do desejo e da necessidade 
de um determinado grupo de pessoas em ter acesso ao livro, à aprendizagem dos 
jovens, à informação e à prática da leitura num real exercício de cidadania”.
Em síntese, uma biblioteca comunitária pode ser reconhecida pelas 
características elaboradas por Machado (2008) em seu estudo. Essas 
características vão distingui-la de uma biblioteca pública. São elas: 
● forma de constituição: são bibliotecas criadas efetivamente 
pela e não para a comunidade, como resultado de uma 
ação cultural;
● perspectiva comum do grupo em torno do combate à 
exclusão informacional como forma de luta pela igualdade 
e justiça social;
● processo de articulação local e o forte vínculo com a 
comunidade;
● referência espacial: estão, em geral, localizadas em regiões 
periféricas;
● fato de não serem instituições governamentais, ou com 
vinculação direta aos municípios, estados ou federações(MACHADO, 2008, p. 60-61).
Concordamos com Machado (2008) quando ela ressalta que o mais importante 
em relação às bibliotecas comunitária e pública é que ambas contribuem para o 
desenvolvimento das pessoas da comunidade, todavia parece que a biblioteca 
comunitária, por atuar em áreas de periferias, contribui mais ainda, por possibilitar 
o acesso à informação, à aprendizagem e ao conhecimento para sujeitos que 
difi cilmente teriam acesso a esses conhecimentos se não tivesse esse espaço na 
comunidade.
Por outro lado, a biblioteca comunitária nasce ancorada no interesse 
e necessidade de um grupo de moradores. Sua implantação e construção 
são concebidas pelos membros dessa própria comunidade, bem como seu 
gerenciamento (MACHADO, 2008). Por essas características, não se exige 
a presença de um bibliotecário para gerenciá-la. No entanto, muitas vezes, 
essa desobrigação em relação ao profi ssional bibliotecário pode comprometer 
a qualidade e os serviços prestados dessa biblioteca devido à ausência desse 
profi ssional (MACHADO, 2008).
Machado (2019, p. 92) pontua que a biblioteca comunitária se fundamenta 
em “cenários e conjunturas específi cos que envolvem iniciativas e ações práticas 
150
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
de indivíduos ou associações ao visualizar a necessidade de um espaço voltado 
para disponibilidade de acesso ao conhecimento e informações para uma 
população de determinada região” que sofre da ausência ou possui difi culdade 
de alcance a uma biblioteca pública. A título de ilustração, nas Figuras 12 e 
13 apresentamos seis experiências de bibliotecas comunitárias em diversos 
países com o objetivo de promover o acesso à leitura de forma prazerosa entre 
a população. Nossa intenção, aqui, é mostrar como a leitura é um tema caro a 
todas as sociedades letradas. Ao mesmo tempo, há diversas possibilidades de 
atender às necessidades da formação de leitores.
FIGURA 12 – EXPERIÊNCIAS EXITOSAS DE BIBLIOTECAS 
COMUNITÁRIAS EM DIVERSOS PAÍSES
FONTE: <https://www.archdaily.com.br/br/01-120328/seis-casos-bem-sucedidos-de-
bibliotecas-comunitarias-que-promovem-o-acesso-a-leitura/51bcfca1b3fc4ba712000030-
seis-casos-bem-sucedidos-de-bibliotecas-comunitarias-que-promovem-o-
acesso-a-leitura-foto?next_project=no>. Acesso em: 12 maio 2020.
As experiências de bibliotecas comunitárias mencionadas nas Figuras 12 e 
13 são iniciativas livres, que buscam prestar serviços importantes de democratizar 
a leitura e a informação, já que elas fazem os livros chegarem a pessoas que 
estão em situações e lugares os quais as impedem de terem acesso aos livros, à 
leitura, à aprendizagem e à informação.
Por outro lado, essas alternativas buscam incentivar à leitura prazerosa e 
antiburocráticas, em que todos têm acesso aos livros, sem problemas com 
a apresentação de documentos e comprovantes de residência, os quais 
151
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
acabam por excluir muitas pessoas da convivência com livros e informações 
aprofundadas, como pessoas de passagem, turistas, não residentes, estrangeiros 
e, principalmente, pessoas em vulnerabilidade social.
As bibliotecas comunitárias são uma maneira autônoma de promover o 
acesso facilitado ao livro, encorajar a leitura, incentivar a aprendizagem, estimular 
a busca por informações seguras e transformar essa relação com os livros mais 
íntima para as pessoas que estão excluídas, especialmente das pessoas que 
estão excluídas das livrarias e dos espaços de leitura tradicionais em vários 
países, como mostra a Figura 13: 
FIGURA 13 – EXPERIÊNCIAS EXITOSAS DE BIBLIOTECAS 
COMUNITÁRIAS EM DIVERSOS PAÍSES 
FONTE: Adaptado de: <https://www.archdaily.com.br/br/01-120328/
seis-casos-bem-sucedidos-de-bibliotecas-comunitarias-que-
promovem-o-acesso-a-leitura>. Acesso em: 12 maio 2020.
As bibliotecas comunitárias ou livres “são uma via alternativa para abraçar 
mais gente com livros, com a leitura e com o conhecimento” (MACHADO, 2019, 
p. 93). Um exemplo dessas bibliotecas e editoras é a iniciativa das Cartoneros 
Populares. 
Antigo ônibus elétrico 
transformado em Biblioteca 
Bonde Otets Paisiy. 
Projetado pelo Studio 8 1/2, 
criado não só para incentivar 
a leitura, mas revitalizar a 
zona da cidade, Bulgária. 
Seu interior foi equipado 
com confortáveis assentos 
de leitura.
152
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
FIGURA 14 – LIVROS PRODUZIDOS PELO COLETIVO CARTONEIROS POPULARES
FONTE: <http://www.bibliotecasdobrasil.com/2019/12/democratizacao-
da-leitura-atraves-das.html>. Acesso em: 20 maio 2020.
Participam da iniciativa Cartoneras Populares artistas solo e coletivas 
com um nível de consciência bem desenvolvido da realidade das publicações 
independentes, as quais enfrentam sacrifícios fi nanceiros diários. São artistas, 
professoras, bibliotecárias, educadoras, mediadoras de leitura, escritoras, 
revolucionárias, outsiders e pessoas do dia a dia que entendem o que é ser 
desfavorecido(a) fi nanceiramente para além dos seus meios, bem como 
apresentamos algumas ações, recursos, atividades e projetos que vislumbram 
fortalecer a integração entre escola e comunidade em geral. 
Com capas de papelão, pintados e costurados à mão, os livros são chamados 
de livros "cartoneros”. Os livros são publicados para partilhar as experiências dos 
artistas com projetos de incentivo à leitura e à aprendizagem informais. Eles são 
uma ótima maneira de começar a se situar no assunto, ter uma ideia de vários 
detalhes e aprender a fazer um projeto autônomo, independente e com os 
recursos que você tem ao seu alcance. São leituras importantes, que poderão 
ajudar as famílias, como os livros produzidos pelo grupo destacados na Figura 15. 
FIGURA 15 – LIVROS PRODUZIDOS PELO COLETIVO CARTONEIROS POPULARES
FONTE: <http://www.bibliotecasdobrasil.com/2019/12/democratizacao-
da-leitura-atraves-das.html>. Acesso em: 20 maio 2020.
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INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
As vantagens da biblioteca comunitária são estar mais próxima e aberta à 
população, já que, “se as bibliotecas municipais fechassem, muito pouco seria 
alterado, ou seja, [...] não haveria estranhamento uma vez que entre o acervo 
e a população não foram construídos vínculos” (MILANESI, 2002, p. 91). 
Geralmente, esse vínculo é percebido mais claramente em uma comunidade que 
se disponibiliza a criar seu próprio acervo e projetos, muitas vezes partindo de 
uma iniciativa de um pequeno grupo ou por um apenas um sujeito que se propaga 
entre os demais membros da localidade, principalmente no que se diz respeito à 
cultura e sua manutenção.
Para melhor compreender as bibliotecas comunitárias, 
sugerimos que você assista ao vídeo Biblioteca Comunitária do 
Bosque, localizada em São Sebastião. O vídeo está disponível no 
endereço: https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-df/2018/07/conheca-
bibliotecas-criadas-e-mantidas-pela-comunidade-do-df.
O conhecimento da comunidade trará às bibliotecas indicações reais para 
determinação do acervo e dos serviços a serem prestados, sempre a partir dos 
anseios e necessidades da comunidade. Para isso, é preciso que a profi ssional 
responsável pela biblioteca “esteja atento a essa questão, participe da vida da 
comunidade” (ALMEIDA JUNIOR, 1997, p. 78). É preciso reforçar o envolvimento 
no lado social e se tornar parte da comunidade, trabalhando para disseminar o 
conhecimento e a educação daqueles que são privados de tal privilégio.
FIGURA 16 – LIVROS PRODUZIDOS PELO COLETIVO CARTONEIROS POPULARES
FONTE: <http://www.bibliotecasdobrasil.com/2019/12/democratizacao-
da-leitura-atraves-das.html>. Acesso em: 20 maio 2020.
154Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
A biblioteca é a mais antiga e frequente instituição identifi cada 
com a cultura. Desde que o homem passou a registrar o 
conhecimento, ela esteve presente, colecionando e ordenando 
tabuinhas de argila, papiros, pergaminhos e papéis impressos. Pode-
se facilmente identifi car a biblioteca como importante meio para a 
manutenção da cultura, não apenas como um depósito de livros, 
mas como organismo atuante para práticas culturais desenvolvidas 
por seus responsáveis diretos. Não é aceitável que o conhecimento 
fi que somente registrado, ele precisa ser disseminado para o maior 
número de usuários possível (MILANESI, 2003, p. 24).
Você já imaginou abrir a geladeira e encontrar um livro? Os moradores 
de Ibiá, na região do Alto Paranaíba, no estado de Minas Gerais, já têm essa 
oportunidade. O projeto Geladeira Literária está transformando eletrodomésticos 
sem uso ou com defeito em bibliotecas comunitárias espalhadas pelos principais 
pontos da cidade. A ideia é simples: o acesso aos livros e a outros gêneros 
textuais é livre, sem formalidades ou burocracias. Qualquer pessoa pode abrir a 
geladeira, escolher um livro, levar para casa pelo tempo que quiser e devolver em 
uma das dez bases do projeto. Nesse caso, a geladeira “velha” foi utilizada para 
guardar esses materiais e simbolicamente comunicar aos leitores que eles podem 
saciar outro tipo de “fome”, isto é, o desejo de ler e de se informar na sociedade 
do conhecimento (CAVALCANTE; FEITOSA, 2011; MILANESI, 1986). 
FIGURA 17 – BIBLIOTECA COMUNITÁRIA: PROJETO GELADEIRA LITERÁRIA
FONTE: <https://ammg.org.br/noticia/projeto-geladeira-
literaria/>. Acesso em: 12 maio 2020.
No projeto Geladeira Literária, crianças, jovens e adultos encontram livros 
apropriados às suas faixas etárias. O projeto tem como objetivo incentivar a 
155
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
leitura de todos os sujeitos que frequentam o espaço. Por outro lado, o projeto 
busca, ainda, “desburocratizar o acesso à leitura e levar o livro onde estão as 
pessoas. As geladeiras fi cam localizadas nos pontos de maior circulação de 
pessoas, próximo a escolas e praças” (PIO, 2019, s.p.). Para uma das voluntárias 
do projeto, o projeto “acredita que todo mundo é bem-intencionado e, se você 
acredita nas pessoas, as respostas serão sempre positivas” (PIO, 2019, s.p.).
Esse projeto se destina a incentivar a leitura das pessoas dos bairros 
periféricos. O acesso aos livros e a outros gêneros textuais é livre, sem 
formalidades ou burocracias. O projeto foi pensado a partir da experiência do 
projeto Geladeira Cultural, que é realizado há 4 anos, em 39 bairros da região 
metropolitana de Recife e Olinda com 42 geladeiras. Os recursos (geladeiras 
e material de leitura) foram doados pela comunidade que desejava receber o 
projeto. Ali, as geladeiras fi cam em associações de moradores, clube de mães e 
centros sociais. 
Cada geladeira tem um padrinho ou uma madrinha que cuida para que esse 
espaço esteja sempre limpo e organizado. Os recursos para manter o projeto vêm 
dos próprios voluntários, que se mobilizam para arrecadar livros com a rede de 
contatos particular. Uma das prateleiras de cada geladeira fi ca disponível para 
que qualquer pessoa contribua com a doação de livros. 
No Distrito Federal, com o mesmo propósito do projeto Geladeira Cultural de 
Recife e Olinda, que é fomentar o gosto e o acesso à leitura. O produtor cultural 
e videoartista baiano Lucas Rafael, que reside no Distrito Federal há alguns 
anos, resolveu dar um bom uso a uma geladeira velha que tinha em casa. Ele 
passou a usá-la como depósito para guardar livros e convidar as crianças de sua 
comunidade para tomá-los emprestados e lê-los. Esses foram os primeiros passos 
para a criação de um projeto de leitura que está ganhando força Brasil a fora, que 
é o Geladeira de Livros. Segundo o seu idealizador, ele tem sido identifi cado por 
outros nomes, de acordo com a localidade.
O material para compor o projeto Geladeiras de Livros surgiu do resultado 
de uma campanha de livros usados, idealizada por um grupo de estudantes de 
uma faculdade, incluindo o idealizador. Durante os oito primeiros meses, o projeto 
funcionou na casa do produtor cultural que residia em uma comunidade de classe 
popular que tem apenas uma biblioteca pública, mas ela fi ca distante de sua 
quadra residencial. A única recomendação que as crianças recebiam é de que 
deveriam ter cuidado com o material para que outras crianças pudessem também 
ler e, quando fi nalizassem a leitura, devolvessem à geladeira. 
Foi também possível constatar que iniciativas como o projeto em questão, 
de certa forma, visam suprir a ausência dos poderes públicos nas comunidades 
156
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
populares do Brasil. Geralmente, o número de bibliotecas públicas nas cidades 
é reduzido e, quando há biblioteca, ela está distante das pessoas que mais 
precisam desses recursos (MACHADO, 2008) Além disso, em algumas cidades 
não há livrarias ou centrais de vendas. Nesses casos, é preciso que o Ministério 
da Educação priorize essas cidades nos programas de distribuição de livros para 
as instituições educativas, pois a formação leitora geralmente está somente a 
cargo das escolas brasileiras. 
Com relação à importância da informação para a formação das pessoas, vale 
ressaltar que essa formação possuiu uma capacidade transformadora, visto que, 
em determinadas ocasiões, a informação atua na subjetividade delas, integrando 
o processo de sua autonomia e se libertando das amarras invisíveis que se fazem 
presente. 
Sabendo da importância da leitura para a transformação social e cultural do 
povo em consonância com motivações da comunidade, Almeida Júnior (1997, 
p. 94) afi rma que iniciativas como a do projeto Geladeiras de Livros (Distrito 
Federal), Geladeira Cultural (Pernambuco) e Geladeira Literária (São Paulo) têm 
“importância social para formação leitora e cidadã para essas comunidades de 
pessoas pobres e pode assumir, no meio em que está inserida, como fator de 
transformação do ambiente social”.
Marisa Jesus (2007, p. 3 apud Blank e Sarmento, 2010, p. 2) alerta para 
a necessidade da “[...] existência de bibliotecas comunitárias que atendam às 
necessidades de informação, [que podem] minimizar a exclusão social”. Contudo, 
o próprio Almeida Júnior diz que “o desenvolvimento da formação leitora deve ser 
pensado como objetivos principais das políticas básicas essenciais” (ALMEIDA 
JÚNIOR, 1997, p. 98).
Os projetos de leitura citados têm objetivos semelhantes e podem auxiliar 
na formação leitora dos participantes, bem como no exercício da cidadania, pois 
propiciam o acesso à informação, ao livro, às artes e à cultura. Esse conjunto 
de elementos, aliado ao desejo/interesse dos participantes, é capaz de interferir 
positivamente na emancipação social e na formação cidadã, conscientizando-os 
da possibilidade de torná-los cidadãos críticos.
O projeto Geladeira de Livros vem imprimindo transformações na comunidade 
desde o incentivo à leitura, a apropriação de conhecimentos e o desenvolvimento 
pessoal daqueles que residem naquela localidade, além do empoderamento do 
grupo dos adultos na condução do projeto para outras pessoas da comunidade. 
Sobre o sucesso do projeto, a comunidade relata que é grande, já que acreditam 
que ajudar a comunidade com forma simples de incentivo à leitura pode fazer a 
diferença para algumas crianças e idosos.
157
INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
É possível que outras comunidades, se tiverem interesse, podem desenvolver 
o projeto. Para isso, bastarecorrer ao apoio da própria comunidade para doar 
geladeiras velhas, livros e revistas. É importante se lembrar que, para implantar o 
projeto em local público, faz-se necessário buscar autorização da prefeitura ou do 
órgão competente. Esses órgãos podem auxiliar, também, na difusão do projeto 
em conjunto com a comunidade que necessita desse incentivo.
Para melhor compreender as bibliotecas comunitárias, sugerimos 
que você assista ao vídeo Biblioteca Comunitária Ecofuturo. Esse 
vídeo está disponível no endereço: http://www.ecofuturo.org.br/blog/
projeto/bibliotecas-comunitarias/biblioteca-comunitaria-ler-e-preciso/.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
Para fi nalizar este capítulo, realizaremos uma rápida síntese dos diálogos 
que compuseram o texto. Inicialmente, contextualizamos a temática, dialogando 
sobre o alinhamento entre o processo de ensino e aprendizagem e verifi cando se 
os serviços prestados pela biblioteca escolar e sala de leitura estavam atendendo 
às necessidades da comunidade escolar. Após a contextualização, discutimos, 
ancorados no estudo de Pereira (2016), a concepção da comunidade escolar 
sobre a biblioteca escolar e a sala de leitura, a partir do olhar dos estudantes, 
professores e gestores de uma escola. Observamos que os estudantes são 
interessados em sua formação escolar, mas poucos frequentam a biblioteca da 
escola, sendo que os professores ainda não desenvolveram um planejamento 
da programação da biblioteca e da sala de recursos com os profi ssionais 
responsáveis pelos espaços formativos.
Em outro momento, discutimos as bibliotecas públicas e comunitárias, 
sinalizando a relevância de cada uma delas, suas características, objetivos e 
funções. Assim, observamos que a biblioteca pública é mantida de forma geral 
pelo poder público e a biblioteca comunitária surge da iniciativa de uma pessoa 
ou um grupo de suas comunidades, por isso tem grande poder de vincular a 
comunidade à prestação de serviços. 
Discutimos, ainda, elementos que caracterizam as bibliotecas públicas e 
comunitárias, suas distinções e benefícios que trazem para a comunidade em 
geral por meio de alguns projetos de bibliotecas comunitárias construídos por 
iniciativas das comunidades.
158
 Gestão de Biblioteca Escolar e Sala de Leitura
Por último, apresentamos alguns projetos de biblioteca pública que buscam 
incentivar a leitura a partir de estratégias simples, mas interessantes, em seis 
países diferentes. Por fi m, dialogamos sobre um projeto de biblioteca comunitária 
em nível nacional, que é realizado em Pernambuco, Minas Gerais e no Distrito 
Federal.
Para discutir de forma mais aprofundada a temática proposta, inserimos 
outras vozes a partir de vídeos, artigos, textos, resultados de pesquisas, 
projetos de biblioteca e sala de leitura e notícias jornalísticas com entrevistas de 
especialistas que vêm se dedicando a estudar essa temática. Ainda, propomos 
atividades que podem oportunizá-lo a sistematizar seu estudo e aprendizagem. 
Leia o artigo O papel da biblioteca comunitária na construção 
dos direitos humanos, publicado por Diogo Andres Salcedo e 
Mariana Alves na Revista Digital de Biblioteconomia e Ciências da 
Computação. Faça suas anotações e, em seguida, apresente um texto 
no qual discuta as ideias apresentadas pelos autores, explicitando a 
importância da biblioteca comunitária para a construção dos direitos 
humanos. Recomendamos ao estudante que articule as informações 
do artigo e as discutidas neste capítulo. 
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INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
 Capítulo 3 
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INTEGRAÇÃO DDA BIBLIOTECA, A BIBLIOTECA, DDA UNIDADE A UNIDADE DDE ENSINO E ENSINO EE DDA COMUNIDADE ESCOLAR, A COMUNIDADE ESCOLAR, 
SEUS RECURSOS SEUS RECURSOS EE ATIVIDADES ATIVIDADES
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