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APG 3 - Complicações agudas do Diabetes Mellitus Quadro clínico - As complicações agudas do diabetes melito incluem a cetoacidose diabética (CAD), o estado hipergl icêmico hiperosmolar (EHH) e a hipoglicemia - No EHH ocorre hiperglicemia com desidratação e aumento da osmolaridade, já na CAD, além da alteração da glicemia temos também alteração do metabolismo lipídico com produção de cetoácidos e consumo de bicarbonato - A CAD é mais comum em crianças e jovens, sendo, muitas vezes, a primeira manifestação do DM tipo 1. Já o EHH, é mais comum em pacientes maiores de 40 anos - CAD * A ausência de insulina leva ao aumento da liberação de ácidos graxos do tecido adiposo, em consequência da ausência de supressão da atividade da lipase das células adiposas, a qual degrada os triglicerídios em ácidos graxos e glicerol. O aumento nos níveis de ácidos graxos ocasiona a síntese de cetonas pelo fígado * A hiperglicemia leva à diurese osmótica, à desidratação e à perda crítica de eletrólitos. A hiperosmolaridade do líquido extracelular resultante da hiperglicemia ocasiona um desvio da água do compartimento intra para o extracelular. Com frequência, a concentração de sódio extracelular está baixa ou normal, apesar do aumento das perdas urinárias de água causado pelo desvio do líquido intracelular para o meio extracelular. Esse efeito de diluição é denominado pseudo-hiponatremia. Os níveis séricos de potássio podem estar normais ou elevados, apesar da depleção total do potássio que resulta da poliúria prolongada e dos vômitos * Glicemia maior que 250 mg/dL * pH arterial < 7,3 * Cetose (cetonemia ou cetonúria) - EHH * A hiperglicemia leva à perda de um grande volume de água por diurese osmótica. A desidratação em geral é mais grave no EHH do que na CAD. À medida que o volume plasmático diminui, há desenvolvimento de insuficiência renal. A resultante diminuição na eliminação renal de glicose eleva ainda mais os níveis glicêmicos, aumentando a gravidade do estado hiperosmolar. Nos estados hiperosmolares, o aumento da osmolaridade sérica tem o efeito de atrair a água para fora das células, inclusive das células cerebrais * Glicemia > 600 mg/dL * Osmolariade > 320 mosm/kg * pH arterial < 7,3 * As manifestações mais proeminentes do EHH são fraqueza, desidratação, poliúria, alterações neurológicas e sede excessiva. As alterações neurológicas incluem hemiparesia, convulsões e coma; esses sintomas podem ser confundidos com um acidente vascular encefálico - A CAD e o EHH podem ser desencadeados por infecções, como pneumonia, infecção urinária, sepse e gastroenterites. Cerca de 30% dos pacientes com DM tipo 1 desenvolvem CAD devido à descontinuação da medicação - CAD * Hiperglicemia: o paciente com DM tem dificuldade para transportar a glicose para o meio intracelular devido à diminuição ou resistência à insulina, gerando um estado de glicopenia intracelular. Isso causa liberação de hormônios contrarreguladores como o hormônio do crescimento, cortisol e catecolaminas que levam ao aumento do glucagon e lipólise, que irão estimular a gliconeogênese, glicogenólise e lipólise com mais liberação de glicose no sangue. A CAD ocorre com a deficiência de insulina, por isso o quadro é mais comum em DM tipo 1 * Acidose : ocorre devido a alteração do metabolismo lipídico, em que há aumento da carnitina-palmitil-transferase que faz transporte de ácidos graxos para os hepatócitos. Dessa forma, há produção de energia usando como substrato os lipídeos e consequente liberação de ácido aceto acético, ácido beta-hidroxibutírico e a c e t o n a , e s t a b e l e c e n d o o q u a d r o d e cetoacidose. Há consumo da reserva alcalina e diminuição posterior do ph sanguíneo * Glicosúria: glicemias acima de 180 mg/ dl ultrapassam a capacidade de reabsorção de g l i c o s e r e n a l e o c o r r e g l i c o s ú r i a com desidratação e perda de eletrólitos, com aumento da osmolaridade e lesão renal aguda por desidratação. - EHH * No EHH, a deficiência de insulina é relativa, de forma que não ocorre elevação tão importante do glucagon, e assim a alteração do metabolismo lipídico não ocorre com produção de cetoácidos. Entretanto, esses pacientes se apresentam com desidratação muito maior. A diurese osmótica pela hiperglicemia leva à perda importante de eletró l i tos e água l ivre, aumentando a osmolaridade - Hipoglicemia * Glicemia < 70 mg/dL * Muitos fatores podem precipitar a hipoglicemia em alguém com DM tipo 1, incluindo erros na dose de insulina, impossibilidade de ingerir alimentos, aumento do exercício, diminuição da necessidade de insulina após o afastamento de uma situação de estresse, alterações nos medicamentos e alteração no sítio da injeção da insulina. O álcool diminui a gliconeogênese hepática; portanto, pessoas com diabetes devem ser advertidas a respeito do potencial de hipoglicemia causada pela ingestão de álcool, em particular no caso de consumo em grandes quantidades ou com o estômago vazio * Os sinais e sintomas de hipoglicemia podem ser divididos em duas categorias: (a) aqueles causados pela alteração da função cerebral; e (b) aqueles relacionados à ativação do sistema nervoso autônomo. Como o cérebro depende da glicose sérica como sua principal fonte de energia, a hipoglicemia produz comportamentos relacionados à alteração da função cerebral. Podem ocorrer cefaleia, dificuldades na resolução de problemas, comportamento anormal ou alterado, coma e convulsões. No início do episódio hipoglicêmico, com frequência a ativação do sistema nervoso parassimpático causa fome. A resposta parassimpática inicial é seguida pela ativação do sistema nervoso simpático, causando ansiedade, taquicardia, sudorese e constrição dos vasos cutâneos Diagnósticos Insulinizaçäo de emergência - O tratamento é baseado na hidratação, insulinoterapia e correção dos fatores precipitante - Hidratação * Deve ser iniciada com 1000 a 1500 mL de solução NaCl a 0,9% na primeira hora (repetir se o paciente permanecer hipotenso) * Na segunda fase de hidratação mantém 250-500 ml (4ml/kg) por hora * Pacientes com Na < 135, manter SF a 0,9%. Caso o sódio esteja aumentado ou normal, deve- se utilizar o SF 0,45 (“soro ao meio”) - Quando a glicemia estiver em 250-300 a hidratação continua, mas associando a glicose a 5 ou 10% com SF - Insulinoterapia * Deve ser iniciada junto com a hidratação, exceto se o paciente apresentar hipocalemia (K < 3,3) e hipotensão arterial, em que se deve aguardar a reposição de K+ e hidratação para administrar a insulina * A insulina deve ser administrada na dose de 0,1 U/kg, em bomba de infusão continua endovenosa em bolus. Depois inicia-se com infusão da bomba de 0,1/U/kg/hora * A bomba de infusão deve ser desligada quando: * Ph > 7,3 * Anion gap ≤ 12 * Bicarbonato ≥ 15 - Reposição de potássio * Repor 25 mEq/L quando for menor que 3,3 mEq/L. So inicia a insulinoterapia quando K > 3,3. Pacientes com K > 5 só devem iniciar reposição de K quando os valores forem < 5 - Reposição de bicarbonato * A reposição de bicarbonato não demonstrou benefícios nos estudos. Só está indicada quando pH < 6,9 com reposição de 100 mEq EV de bicarbonato em 2 horas - Reposição de fósforo * Só é indicada (25 mEq de fosfato de potássio) nas seguintes condições: * Disfunção cardíaca grave * Fraqueza muscular * Rabdomiólise e anemia significativa * Concentração sérica < 1 mEq/L Orientações ao paciente - Estudos têm evidenciado que, embora as pessoas com diabetes normalmente apresentem boa adesão ao tratamento medicamentoso, o mesmo não ocorre em relação ao tratamento não medicamentoso, o que favorece o aparecimento de complicações - Esse cenário permite inferir que os avanços na extensão da cobertura promovidos pela ESF não tem sido suficientemente efetivos para promover a organização das práticas assistenciais, de modoa causar impactos positivos nas condições de vida daqueles que convivem com condições crônicas de saúde - A ausênc ia de adesão ao t ra tamento compromete o controle do diabetes, além de favorecer o surgimento de complicações - Os fatores psicossociais são as influências mais importantes que afetam o cuidado e o tratamento do Diabetes Mellitus (DM) - A comunicação centrada na pessoa tem sido associada à melhora no conhecimento a respeito da doença, no autocuidado, no controle glicêmico, e na qualidade de vida - É importante incorporar uma avaliação psicossocial no atendimento de rotina e fazer os encaminhamentos necessários, em vez de esperar que ocorra uma deterioração do estado metabólico ou psicológico
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