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PNM na Infância 4


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May Freitas (Habilidades Médicas V) 
PNEUMONIA NA INFÂNCIA 
Definição e epidemiologia 
Definição  é a inflamação do parênquima pulmonar causada, na maioria das vezes, por 
microorganismos e raramente por agentes não infecciosos. 
 É um assunto de grande relevância porque a maioria das crianças tem em 4 a 6 infecções 
respiratória por ano e destas, até 3% evoluem para pneumonia (10-20% evoluirão para óbito). 
 Ocorre com maior incidência no inverno. 
o No brasil: 2 picos – parainfluenza na primavera e o VSR no outono. 
 
Fisiopatologia 
O trato respiratório inferior é estéril (ação de mecanismos fisiológicos de defesa), a infecção vai 
ocorrer quando o microrganismo consegue vencer a barreira de defesa do hospedeiro: 
 
 
 
Defesas do aparelho respiratório: 
1. Anatomia das vias aéreas: filtração aerodinâmico (o fluxo de ar numa via aérea tortuosa, 
promove o turbilhonamento e filtração das partículas inaladas) 
2. Epitélio da naso e orofaringe (junção firme entre as células, o que vai dificultar a penetração 
do agente infeccioso) 
3. Muco/ Depuração mucociliar (dificulta o contato do microorganismo com a membrana 
celular + batimento ciliar – expele as partículas que ficam aderidas ao muco) 
4. Reflexo de tosse 
5. Célular inflamatórios 
a. Macrófalos alveolares 
b. Netutrófilos 
c. Imunoglobulinas 
d. Complemento 
e. Surfactante 
Vias de acesso 
do agente ao 
pulmão
Broncoaspiração
Inalação
Hematogênica
Contiguidade
Apiração de conteúdo gátrico
Inoculação nas vias por procedimento
Diminuição da eficiência desses mecanismos: quando a 
quantidade do agente infectante satura os mecanismos de defesa. 
May Freitas (Habilidades Médicas V) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vai haver também: No interstício da membrana vai haver dilação dos vasos sanguíneos  para 
permitir que as células de defesa alcancem o foco infeccioso  gerando extravasamento de líquido 
para o interstício  EDEMA. 
 
Classificação 
Morfológica 
 Pneumonias Lobares – ocorre dentro da Luz alveolar 
 Pneumonia intersticial – luz alveolar livre, mas o processo inflamatório ocorre na parede 
alveolar (bactérias atípicas e pneumonias viriais) 
 Broncopneumonia – inflamação no alvéolo e na via aérea (bacterianas) 
Local 
 PAC (Pneumonia adquirida na comunidade) 
 Hospitalar 
Agente 
 Infecciosa 
 Não infecciosa 
 
 
 
Microrganismo atingiu 
o epitélio baixo 
Penetrar e destruir as 
células epiteliais 
Formação de um 
agregado infeccioso 
Tentativa de 
conter o foco 
infeccioso 
Reação inflamatória nas 
células invadidas 
Produção de secreção 
fibrinopurulentanta 
A invasão bacteriana do parênquima promove solidificação 
esxudativa do tecido pulmonar - CONSOLIDAÇÃO 
May Freitas (Habilidades Médicas V) 
Etiologia 
 
 RN – Bactérias maternas 
o Staphylococcus aureus – relacionado a baixa faixa etária e maior gravidade clínica 
(pode ter infecções cutâneas associadas) 
 Lactente e pré-escolar – Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e pneumococcus 
COVID: 
LEVE  Acometimento de via aérea superior + Sintomas inespecíficos (febre, fadiga, tosse, mal-
estar...) + Sintomas gastrintestinais. 
MODERADO  pneumonia sem complicações e sinais de gravidade. 
GRAVE  pneumonia grave com tosse ou dificuldade de respirar + pelo menos 1 dos seguintes 
sinais: 
 Cianose central ou 
 Saturação < 92% ou 
 Sinais de angústia respiratória; 
 Sinais sistêmicos de alerta. 
CRÍTICOS  Síndrome respiratória aguda grade (SRAG) ou quadro de choque 
Fatores de risco 
 Desnutrição 
 Baixa idade 
 Comorbidades associadas 
 Baixo peso ao nascer 
 Vacinação incompleta 
 Pneumonias prévias 
 
 
May Freitas (Habilidades Médicas V) 
Quadro clínico 
Pneumonias Típicas 
 Quadro mais súbito 
 Febre 
 Tosse 
 Taquipneia 
 Taquicardia 
 Saturação de O2 
 Dispneia e sinais de esforço respiratório 
 Desidratação (Boca seca, saliva escassa, choro sem lágrima, diurese diminuída, sinais de má 
perfusão periférica - alargamento do tempo de enchimento capilar, pulso fino) 
 
Pneumonias Atípicas 
Mycoplasma pneumoniae: 
 Início gradual de mal-estar, febre, cefaleia e tosse irritativa. 
 Pode ter tosse coqueluchoide (Seca e irritativa) 
 Ausência de resposta ao tratamento habitual (betalactâmicos) 
Chlamydia trachomatis 
 Pode ser uma Pneumonia afebril 
 Tosse coqueluchoide, taquipneia e estertores finos bilaterais 
 Conjuntivite + (Relato materno de leucorreias antes do parto) 
Exame físico 
(1) Gemência 
(2) Estado geral 
(3) Cianose/palidez 
(4) FR e FC 
 
 
< 2 meses: FR > 60 irpm 
2 a 11 meses: FR > 50 irpm 
1 a 4 anos: FR > 40 irpm 
Acima de 5 anos: FR > 30 irpm 
May Freitas (Habilidades Médicas V) 
Semiologia respiratória 
(1) Inspeção 
 Sinais de esforço 
 RN manifestam sinais respiratórios evidentes, manifestam sinais mais gerais como recusa 
alimentar, letargia, distensão abdominal, palidez, cianose, hipotermia, taquipneia, dispneia, 
taquicardia). 
 
(2) Palpação 
 Expansibilidade torácica – se é simétrica 
 Frêmito Toraco-vocal (FTV): 
o Nas consolidações (Pneumonia lobar ou broncopneumonia) – o som encontra-se 
aumentado 
o Nos derrames (Presença de água) – diminuída 
(3) Percussão: 
 Som maciço nas consolidações e derrame pleural 
(4) Ausculta 
 MV: deveria ser limpo e simétrico 
o Diminuído nas consolidações e 
o Abolido nos derrame pleura 
 Ruídos adventícios: 
o Estertores finos (crepitações): sons nítidos e descontínuos – pneumonia, edema de 
pulmão 
o Estertores grossos: menos agudos e mais duradouros. Sofrem alterações na percepção 
do examinador com a tosse. Quando há secreção espessa dentro da via aérea 
o Sibilo – presença indica obstrução de via aérea baixa que pode ser por presença de 
secreção ou espasmo de musculatura lisa 
SINAIS DE GRAVIDADE 
Tiragem subcostal 
Dificuldade de ingerir líquidos 
Dificuldade respiratória grave (movimentos involuntários da cabeça, gemência e batimentos de asa 
de nariz) 
Cianose central 
Sinais de má perfusão periférica (FC alta, pulso periférico fino e tempo de enchimento capilar 
prolongado) 
May Freitas (Habilidades Médicas V) 
Diagnóstico 
Segundo a OMS: DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
Quadro clínico sugestivo (Ex: tosse, coriza, febre) +: 
Sinal Classificação 
Pneumonia 
 
 Taquipneia 
 Estertores crepitantes 
Pneumonia GRAVE  Tiragem subcostal 
Pneumonia MUITO GRAVE 
 Cianose central 
 Tiragem universal (subcostal, 
intercostal, retração de fúrcula e aleteio 
nasal) 
 Incapacidade de ingerir líquidos 
 
Exames complementares: 
 Laboratórios: Hemograma (Viral – leucograma normal com predomínio de linfócitos e 
bacteriana – leucocitose com desvio à esquerda), gasometria, eletrólitos e PCR. 
 Estudo microbiológico: Hemocultura, cultura do líquido pleural (se houver derrame) 
 Sorologia: nas infecções que são atípicas 
 Pesquisa viral em secreções respiratória (SWAB nasal) 
Diagnóstico por imagem: 
 Raiox De Tórax 
 TC - complicações 
 
Complicações: 
 Sepse/Choque séptico 
 Pneumatocele 
 Atelectasia – colabamento alveolar 
 Abcesso pulmonar 
 Derrame pleural – acúmulo de líquido na cavidade 
pleural 
o Exsudato: hemorrágico, turvo ou purulento. 
Pneumonia 
o Transudato: límpido, amarelo-claro. Doenças 
extrapulmonares (IC) 
Quadro clínico: sintomas da pneumonia + dor pleurítica 
 
 
 expansibilidade diminuída, 
FTV abafado e MV abolido, 
macicez ou submacicez à 
percussão 
May Freitas (Habilidades Médicas V) 
Tratamento 
(1) Pneumonia– tratar ambulatorialmente 
 Típica Amoxicilina 
 Atípica: macrolídeo (azitromicina, eritromicina ou claritromicina) 
(2) Grave ou muito grave – medicação endovenosa 
 Ampicilina + aminoglicosídeo ou 
 Ampicilina + cefalosporina de 3ª geração ou 
 Eritromicina (suspeita de atípica) 
Maiores de 2 meses: 
 Penicilina cristalina ou ampicilina ou 
 Oxacilina + cefalosporina de 3ª geração ou amoxicilina + clavulanato ou cefuroxima

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