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TRABALHO DE CHARQUEADAS/RS Processo nº: XXXXXXXX XYX METALÚRGICA, a qual possui nome fantasia “xxxxxx”, portadora do CNPJ nº 0xxxxxxxxxxxxx, por sua procuradora que junta neste ato instrumento de procuração, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência para apresentar defesa na forma de CONTESTAÇÃO à Reclamatória Trabalhista que lhe move o Sr. João, já qualificado nos autos pelos fatos e fundamentos de direito que a seguir passa a expor: 1 – PRELIMINARMENTE: 1.1 – Da Exceção de Incompetência em razão do lugar. Excelência, o Reclamante interpôs reclamatória trabalhista contra o excipiente, pleiteando verbas rescisórias, neste foro, entretanto, o foro competente para o julgamento da ação é o do lugar onde o Reclamante prestou serviços, que é a Vara do Trabalho de Montenegro/RS, conforme o art. 651/CLT: Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. Diante do exposto, requer sejam os autos remetidos para a Vara do Trabalho de Triunfo/RS. 1.2 – Da Impugnação ao Pedido de Assistência Judiciária Gratuita. Tendo em vista as novas disposições do NCPC, não mais se faz necessário interpor peça apartada quando da impugnação ao pedido de AJG do Reclamante, conforme art. 337, XIII, da Lei 13.105/2015, vejamos: Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: […] XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. […] No âmbito do Processo do Trabalho, este benefício somente pode ser concedido quando presentes e atendidos os requisitos exigidos pelo § 3º do art. 790 da CLT: § 3º. É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Com efeito, o Reclamante percebe, mensalmente a título de aposentadoria por tempo de contribuição no INSS, a quantia de R$ 3.200,00, superior ao mínimo previsto (R$ 2.578,00), para que faça jus ao referido benefício e não possui quaisquer encargos que possam obstar sua contribuição processual. Não pode ser desvirtuada a natureza do benefício da gratuidade judiciária, visto que destinada a pessoas sem possibilidade de sustento próprio e de sua família, não sendo este o caso da parte autora. Atualmente, a simples afirmação de miserabilidade jurídica não basta para o deferimento da assistência judiciária gratuita. Assim, em sede preliminar, requer-se o indeferimento do pedido de AJG. 2 – DO MÉRITO: 2.1- Dos Pedidos: Diz o Reclamante que foi admitido pela Reclamada em 01 de julho de 2013, no cargo de Auxiliar de Operador, tendo na época remuneração no valor de R$ 2.000,00. Que em 18 de abril de 2020, houve a ruptura do contrato de trabalho, sem justa causa, sem ter recebido as verbas rescisórias em sua totalidade. Que não teve aviso prévio indenizado, exercia função diferente da anotada na CTPS, nunca recebeu pelas horas extras trabalhadas e tampouco adicional de periculosidade. Pelo que PLEITEIA: - salário correspondente ao prazo de aviso prévio; adicional de periculosidade de 30%; anotação em CTPS e equiparação salarial ao paradigma da função de Operador, que alega ter exercido de dezembro/2018 até sua demissão; e o pagamento de horas extras no patamar de 50% ao valor da hora normal. 2.2- Considerações Iniciais: A Reclamada, data venia, discorda das alegações insertas na exordial, impugnando, especificamente, as pretensões discriminadas nos termos articulados que passa aduzir: Na realidade, como restará provado na instrução processual, as alegações do Reclamante não condizem com a realidade. 2.3 - Aviso prévio indenizado (diferença para o valor correto na rescisão). A Reclamada efetuou de forma integral e correta, o pagamento de aviso prévio indenizado ao Reclamante, portanto, não há o que se falar em pagamento de diferenças na rescisão. Em anexo o documento de recebimento do aviso prévio. O reclamante foi dispensado de imediato, recebeu o aviso prévio indenizado. É portanto descabido o aduzido na inicial, pois a reclamada procedeu o desligamento do reclamante na data da concessão do instituto, não havendo que se falar em cumprimento de aviso prévio até 18 de maio de 2020. Rejeita-se o pedido. 2.4 – Da Jornada de Trabalho e pagamento de horas extras Laborava o reclamante de Segunda à Sexta-feira, das 08 às 17h30min, usufruindo de 1 h e 30 min para refeição e descanso. Aos sábados laborava das 08 às 12 horas. Impugna-se o horário aduzido na exordial. O autor nunca laborou em regime de horas extras, restando impugnada a jornada de trabalho descrita na inicial, por inverídica em seu teor. Improcedem a condenação da reclamada no pagamento de horas extras excedentes da 8ª diária ou da 44ª semanal. Rejeita-se o pedido. Outrossim, esclarece a Reclamada que os cartões de ponto eram mecânicos, sendo registrados pelos próprios empregados, refletindo a jornada real realizada diariamente. Ademais, cumpre esclarecer que não há obrigatoriedade da implantação dos cartões de ponto na Reclamada, tendo em vista que mantém menos de 10 empregados no local. Mas, por precaução e cautela sempre manteve os registros de ponto que são fiéis a jornada realizada. Desta feita, não há que se falar no pagamento de horas extras, uma vez que, não há irregularidades quanto a jornada laboral, uma vez que sua jornada jamais ultrapassou o permitido por lei, ou seja, 44 horas semanais. Ante o exposto, o pedido de pagamento das horas extras merece ser julgado integralmente improcedente, bem como, as integrações e reflexos nos consectários de direito, posto que, em não havendo a condenação no pagamento do principal, não há que se cogitar no pagamento do acessório; assim, da mesma forma deverá ser julgada o pleito quanto à incidência dos reflexos em DSR's, 13º salários proporcionais, férias proporcionais + 1/3, FGTS + 40%, e demais consectários. Diante do exposto, o ônus da prova compete aquele que alega, cabendo ao reclamante, comprovar a realização de horas extras, tudo na forma do artigo 818 da CLT e art. 333, inciso I, do Código de Processo Civil. Neste sentido: “HORAS EXTRAS. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova quanto às horas extraordinárias é do autor, por se tratar de fato constitutivo de seu direito (inciso I do artigo 333 do CPC e artigo 818 da CLT). Os registros de horários trazidos pela reclamada, devidamente assinados pelo obreiro, merecem credibilidade, quando não infirmados por prova em contrário. Recurso a que se nega provimento. (TRT/SP - 00971200700202006 - RO - Ac. 8ªT 20090904332 - Rel. SILVIA ALMEIDA PRADO - DOE 23/10/2009) Outrossim, apenas por argumentar, na remota hipótese de serem deferidas horas extras, requer a Reclamada seja observada a efetiva remuneração da Reclamante, bem como, os respectivos adicionais de 50% (cinquenta por cento) de acordo com a carta Magna de 1988, observando ainda a compensação das horas extras quitadas. 2.5 – Da equiparação salarial O Reclamante alegou que percebia R$2.000,00 mensais pelo cargo que, na prática, ocupava a partir de dezembro/2018. Igualmente, alegou que, o paradigma de seus colegas da função OPERADOR, equivalia ao dobro do que recebia, requerendo as diferenças salariais e reflexos. O artigo 461, parágrafo primeiro, da Consolidação das Leis do Trabalho dispõe que deverá ser assegurada a igualdade salarial aos empregados que exercerem as mesmas funções, prestando o trabalho de igual valor ao mesmo empregador, na mesma localidade. Ainda, a Súmula 06, inciso III, do Tribunal Superior do Trabalho, aduz que EQUIPARAÇÃO SALARIAL.ART. 461 DA CLT (redação do item VI alterada) – Res. 198/2015, republicada em razão de erro material – DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015 III - A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma exercerem a mesma função, desempenhando as mesmas tarefas, não importando se os cargos têm, ou não, a mesma denominação. (ex-OJ da SBDI-1 nº 328 - DJ 09.12.2003) Ocorre que os colegas de trabalho do Reclamante exerciam a função de operador de máquinas de grande porte que atendiam matriz e filiais, enquanto o Reclamante exercia a função de auxiliar de operador de máquina de pequeno porte, que atendia apenas a filial onde era lotado. Sendo assim, o Reclamante não faz jus ao direito de receber a diferença salarial pleiteada por ele na inicial, requerendo, desde já, que tal pedido seja julgado improcedente, diante os fundamentos expostos. 2.6 – Do Adicional de Periculosidade Alega o Reclamante em sua exordial que durante o período de prestação de serviço, acessava áreas energizadas para realizar manutenção de serviços elétricos, geradores de energia e subestação de energia, sem receber o respectivo adicional. Inicialmente, cumpre asseverar, que durante o contrato de trabalho do Reclamante, não tinha acesso à área energizada, nem de forma habitual e tampouco intermitente, pois conforme acima aduzido, sua função era de “auxiliar de operador”, atuando em ambiente totalmente adequado e seguro para o desempenho das atividades dos empregados da Contestante e, ainda, não possuindo qualificação técnica para trabalhar na área de subestação elétrica da empresa. Com efeito, insta consignar que o Reclamante sempre atuou devidamente munido de todos os equipamentos de proteção individuais, conforme documentos acostados na defesa. Importante frisar que a Reclamada acosta à sua defesa, ficha de controle de fornecimento de EPI’s, o que demonstra o fornecimento de equipamentos de proteção, capazes de proporcionar aos empregados uma melhor qualidade de vida dentro da empresa. Neste mister, é certo que tanto o Reclamante, quanto os demais empregados laboraram em ambiente adequado às normas de higiene e segurança do trabalho. A Reclamada assevera igualmente, que, em caso de determinação de realização de perícia, a parte sucumbente arque com os respectivos honorários, nos termos do art. 790-B da CLT. “Ad Cautelam” em sendo deferido o adicional de periculosidade que este tome como base de cálculo o salário base do Reclamante demonstrada em ficha de registro e holerites. 3 – DA IMPUGNAÇÃO DOS PEDIDOS Impugna-se TODOS os pedidos do Reclamante eis que manifestamente improcedentes não merecendo guarida, bem como por terem sido devidamente pagos. Vai impugnado: 3.3 - Aviso prévio indenizado (diferença para o valor correto na rescisão); 3.4 – Da Jornada de Trabalho e pagamento de horas extras; 3.5 – Da equiparação salarial; 3.6 – Do Adicional de Periculosidade. 4 – REQUERIMENTOS: a) Isto posto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente Contestação, bem como sua apreciação para acolher as preliminares, acatando o pedido do ora excipiente, declinando-se os autos para o foro de Montenegro/RS e indeferindo a AJG ao Reclamante, bem como julgar Improcedente a presente demanda, com extinção do feito com resolução de mérito, condenando o Reclamante ao pagamento das custas processuais; b) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito permitidos, especialmente, pela prova testemunhal, e pelo depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de confissão, o que desde já, “ad cautelam” fica expressamente requerido; c) Impugna-se o pedido de Assistência Judiciária, eis que o Reclamante não cumpre com os requisitos legais para tal concessão, devendo ser condenado ao final, aos ônus sucumbenciais. Nestes termos, Pede Deferimento. Charqueadas, 09 de setembro de 2022. Advogada OAB/RS xxxx
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