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AO JUIZO DA 15ª VARA DO TRABALHO DE CAMPINAS/SP Autos n° 0016.987-16-2020.1234.0001 Americanas Armazém, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ sob n°..., com o endereço na rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., neste ato representado por seu Advogado, devidamente habilitado com escritório profissional na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., CEP..., vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 847 da Consolidação das Leis Trabalhistas, oferecer: CONTESTAÇÃO Nos autos da Reclamação trabalhista proposta por Joaquim, já qualificados nos autos da presente ação, pelas razões de fato e de direito que passa a expor: 1 - RESUMO DA DEMANDA E DA DEFESA O Reclamante alega que foi dispensado sem justa causa com cumprimento de aviso prévio trabalhado da sociedade empresária Americanas Armazém, na qual ele trabalhou no dia 15 de maio de 2013 a 14 de outubro de 2019. Não obstante, no dia seguinte ao início do aviso prévio o autor foi indicado para compor a chapa para disputa da presidência do sindicato dos empregados da categoria profissional da empregadora. Ressalva-se que o reclamante trabalhava como vendedor e as vezes trabalhava como motorista para realização de entregas esporádicas. Além disso, o autor informa que nunca recebeu os valores relacionados à atribuição de ticket de alimentação mensal de R$300,00, bem como 1 cesta básica mensal. Ao final requer a condenação da Reclamada às seguintes verbas: Reintegração em razão do registro de candidatura com dirigente sindical, ou indenização referente ao período estabilizatório; pagamento de 20 horas extras por mês durante todo o período laborado; pagamento de R$ 300,00 (Trezentos reais) por mês; o pagamento de R$ 70,00 (setenta reais) por mês retroativo a todo o período laborado referente ao valor da cesta básica devida desde o início do contrato de trabalho; indenização por desvio de função; pagamento de 13º salário integral de 2019, 2/12 referente ao 13º salário proporcional do ano de 2020, além de indenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) sob alegação de que o empregador reteve a sua CTPS por mais de 48 horas, o que retardou o ingresso do empregado ao serviço do seguro desemprego. Entretanto, razão não lhe assiste devendo ser julgados improcedente todos os pedidos, considerando-se que a Reclamada apresentou documentos que comprovem a satisfação de seus deveres quanto à rescisão trabalhista discutida, senão vejamos a seguir: a) a empresa apresentou TRCT Na qual consta o pagamento de todas as verbas rescisórias ao ex empregado; b) um recibo de adiantamento salarial; c) recibo de quitação anual no lugar pelo sindicato; d) comprovante de domicílio da empresa comprovando que sempre teve sede em São Luís -MA Dito isso, com relação aos fatos e requerimentos contidos na inicial, e apresentados pela Reclamante, a reclamada não concorda, e passara a contestá-los a seguir: 2 – DAS PRELIMINARES A) DA EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DE TERRITORIALIDADE A Reclamante interpôs a inicial reclamatória alegando fazer jus aos direitos trabalhistas nela elencados, que supostamente lhe seriam devidos, entretanto a Vara do Trabalho na qual se foi endereçada, é territorialmente incompetente. Nos fundamentos do art. 651 da CLT, a competência do foro para o ajuizamento da ação recai sobre a localidade onde o empregado prestou serviços, mesmo que este tenha sido contratado em outro local. Assim sendo, considerando-se que a sociedade empresária Americanas Armazém encontra sede na cidade de São Luís- MA, conforme demonstra o comprovante de domicílio da empresa (doc. X), nota-se que a distribuição da ação à 15ª Vara do Trabalho de Campinas/ SP, foi errônea, ao invés da __ Vara do Trabalho de São Luís/ MA, a qual é competente, mediante a observância do disposto no art. 800, §1º da Consolidação da Leis Trabalhistas (CLT). 3 – DA PREJUDICIAL DO MÉRITO A) Prescrição Quinquenal O Reclamante postula em sua reclamatória trabalhista ajuizada em 25 de julho de 2021 o pagamento de verbas que remontam à data de sua admissão em 14 de maio de 2013. De acordo com o artigo 7º inciso XXIX, da CF/88 e artigo 11 da CLT e Súmula 308 do TST, a prescrição trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados a data do ajuizamento da reclamação. Diante do exposto, requer a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487 inciso II, do CPC, no que tange às verbas pleiteadas anteriores aos últimos 5 anos contados do ajuizamento da ação. 4 – DO MÉRITO A) DA ESTABILIDADE O reclamante apresentou candidatura ao cargo de dirigente sindical da sua categoria no dia seguinte após início de cumprimento do aviso prévio, onde foi indicado para compor em uma chapa como candidato a presidente do sindicato dos empregados da categoria profissional da reclamada, o que lhe assegura a garantia de emprego, segundo alegou, requerendo assim a sua reintegração. Ocorre que o Reclamante não se enquadra na situação prescrita no art. 543, § 3º da CLT conforme alegado, pois o registro de sua candidatura ocorreu já no período de aviso prévio. Portanto, esta situação não lhe garante a estabilidade, mesmo que este aviso fosse indenizado, em face do entendimento do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciado na Súmula 369, inc. V. Portanto, o Reclamante não faz jus à reintegração, uma vez que, quando da sua candidatura à direção do sindicato de sua categoria, já se encontrava cumprindo aviso prévio. B) DAS HORAS EXTRAS Aduz o reclamante que laborava 20 horas extras mensais, e que não recebeu corretamente pelas horas extras laborais, alegações estas quem não podem prosperar, pelos fatos que serão evidenciados. O Reclamante cumpria jornada de trabalho variável, de segunda a sábado, de segunda a sexta de 7:00 hrs as 16:00 horas, com 01 hora para intervalo e descanso, e sábado de 7:00 hrs as 11:00 hrs, sendo assim totalmente infundada a pretensão no que tange ao pagamento de horas extras a mais de 8:00 horas diárias e 44 hrs semanais. Desta forma não há que se falar no pagamento de horas extras, uma vez que, não existe irregularidade alguma quanto a sua jornada laboral, já que sua jornada não ultrapassou o permitido por lei. Ante o exposto, o pedido de pagamento, das horas extras merece ser julgado integralmente improcedente, com fulcro nos arts. 58º e 71°, parágrafo 2º da CLT, bem como, as integrações e reflexos nos consectários de direito, posto que, em não havendo a condenação no pagamento principal, não há que se cogitar no pagamento acessório. C) DO ACORDO COLETIVO O reclamante alega que não foi contemplado com o benefício da convenção coletiva de trabalho da categoria, requer o retroativo a todo período laborado do valor da cesta básica que seria devida desde o início do contrato. A reclamada possui o acordo coletivo firmado com a categoria profissional do empregado, que consta a retirada dos benefícios da cesta básica e do ticket alimentação referente aos anos de 2010 a 2020 em corroboração com as provas em anexo, que evidenciam o pagamento integral do referido benefício. D) DO 13º SALÁRIO A reclamada CONTESTA a informação que o reclamante tem direito ao 13º salário integral do ano de 2019 e 13º de 2/12 de 2020, pois o ex empregado foi dispensado em 14 de outubro de 2019, cumprindo 48 dias de aviso prévio trabalhado, tendo, portanto, direito a apenas 11/12 avos de 13º salário referente ao ano de 2019. Posto isso, a reclamada confessa que efetuou o pagamento de apenas 7/12 do 13º salário referente ao ano de 2019, devendo assim realizar o pagamento do restante dos meses devidos ao reclamante. Todavia, faz-se necessário citar, que a empregadora possui créditos com o ex empregado, referente a um adiantamento salarial de R$ 2.000 (Dois mil reais) que foi pago em 07/05/2019a Joaquim, bem como 51 dias de aviso prévio dados pela reclamada para o reclamante. E) DA DEVOLUÇÃO DA CTPS O reclamante alega que o empregador reteve sua CTPS por mais de 48 horas, que isso justificaria a indenização por danos morais referentes ao valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por eventual retardo ao ingresso do reclamante ao serviço de seguro desemprego. Ora, antes de tudo é necessário frisar que a legislação atual dilatou o prazo para que o empregador mantivesse consigo a CPTS para os devidos fins do registro, prazo este que deixou de ser apenas 48 horas, e passou a ser de 5 (cinco) dias consoante ao art. 29, caput da CLT. Além disso, sequer configura o prejuízo do ingresso ao seguro desemprego, pois o prazo para requerer tal benefício se dá a partir do 7° ao 120° após a data da demissão. Dessa forma, a causa de pedir não aponta qualquer prejuízo ao reclamante, uma vez que, a retenção da carteira de trabalho, por si só, não gera dano moral para justificar a responsabilização do empregador, em total desacordo com os artigos 186 e 927, ambos do Código Civil, visto que de fato não lhe causou nenhum prejuízo extrapatrimonial e nem que tenha sofrido constrangimentos maiores pela retenção da CPTS. Em suma, as alegações da reclamada são insuficientes para caracterizar indenização por dano moral. F) DA INDENIZAÇÃO DO DESVIO DE FUNÇÃO O Reclamante alega que laborava na função de vendedor, afirmando que esporadicamente exercia a função de motorista, para a realização de entregas excepcionais, e em razão disso, pleiteia a indenização pelo desvio de função, entretanto, equivoca-se o Reclamante. Primeiramente, conforme consta no contrato de trabalho, desde o momento da contratação o Reclamante esteve ciente de que foi contratado para exercer a função de vendedor. Vale enfatizar que as atividades de vendedor são diversas dentro da função em si, não havendo qualquer norma, inclusive inexistindo previsão contratual que enrijecesse as atividades as quais o Reclamante estava atrelado. É importante alertar para a inobservância do princípio da boa fé na presente relação processual, por parte da Reclamante, tendo em vista que, se faz presente intuito de enriquecimento através da presente demanda, notadamente em relação ao referido pedido de indenização. Por fim, ao reclamante nunca foram impostas por qualquer atividade, que não aquela, para a qual fora contratado, considerando-se que a realização de entregas integrava sua função de vendedor, já que o intuito das mesmas, era de conceder os produtos adquiridos aos clientes, não havendo que se falar em acúmulo, quiçá desvio de função. Assim, resta negada a tese da reclamante, sendo desta o ônus de provar o alegado, a teor do disposto no art. 373, I do NCPC. Vale ressaltar que, em face da negativa total da Reclamada, é ônus do autor comprovar o alegado exercício das funções adversas, elencadas na exordial, nos termos dos artigos 818 da CLT e 333 do CPC. Além disso, sabe-se que o empregador pode exigir do empregado qualquer atividade lícita dentro da jornada normal, desde que seja compatível com a sua condição pessoal e que não esteja impedida no seu contrato de trabalho, nos termos do parágrafo único do artigo 456 da CLT. Por tais razões, salienta-se que ao reclamante nunca foram impostas quaisquer outras atividades que não a de vendedor, e em vista disso, não merece prosperar o pedido indenizatório, referente ao desvio de função, já que este não se configura na lide. G) DOS HONORÁRIOS SUCUMBÊNCIAIS Requer o pagamento dos honorários de sucumbências na base de no mínimo de 5% (cinco por cento) e no máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação por sentença, do proveito econômico ou sobre o valor atualizado da causa com fulcro no artigo 791-A da CLT. 5– DOS REQUERIMENTOS FINAIS Diante de todo o exposto, requer que seja acolhida a preliminar de exceção de incompetência territorial, conforme previsto no artigo 800 da CLT, é que sejam os autos remetidos à Vara do Trabalho de São Luís (MA). Requer ainda que sejam acolhidas as demais preliminares arguidas, a fim de julgar extinto os pedidos sem resolução do mérito. E se, superadas, requer que seja acolhida quanto ao mérito a prescrição quinquenal (prejudicial de mérito), e julgados improcedentes todos os pedidos da presente reclamação. Que o reclamante seja condenado ao pagamento das custas processuais e honorários sucumbenciais. 6– DAS PROVAS Requer o direito de produzir as provas em direito admissíveis, sem exceção, especialmente pelo depoimento pessoal do reclamante, sob pena de confissão, oitiva de testemunhas, juntada de documentos, perícia e todas as demais que se fizer necessário à resolução da lide apresentada. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data Advogado/OAB
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