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Doença Hipertensiva Específica da gravidez 1 🏩 Doença Hipertensiva Específica da gravidez Definições A DHEG compreende o conjunto de alterações pressóricas (incluindo eclampsia e pré-eclâmpsia) observadas a partir da 2ª metade da gestação. É caracterizada por hipertensão arterial associada à proteinúria; também pode haver edema, mas este não faz mais parte dos critérios diagnósticos. A hipertensão na gravidez é dividida em 5 categorias: 1. pré-eclâmpsia; 2. eclâmpsia; 3. hipertensão gestacional ou transitória. 4. hipertensão crônica com pré-eclâmpsia sobreposta; 5. hipertensão crônica de qualquer etiologia Conceito de DHEG: conjunto de alterações pressóricas observadas na gestação (incluindo eclâmpsia e pré-eclâmpsia) Caracterização a partir de 20 semanas: Hipertensão arterial Edema Proteinúria Casos em que a PAsistólica é maior ou igual a 140mmHg e a PA diastólica maior ou igual a 90mmHg + proteinúria patológica (>300mg/24h) + elevação do ácido úrico concomitante → atenção especial Situações graves associadas: Eclâmpsia (convulsões tônico-clônicas generalizadas em gestantes com pré-eclâmpsia) consequência da pré-eclâmpsia grave → comprometimento do SNC → convulsões tônico-clônicas na iminência da aclâmpsia, destaca-se tríade: cefaleia, dor epigástrica e alterações visuais Síndrome de HELLP (agravamento da pré-eclâmpsia com hemólise - Luísa com bilirrubina normal- , aumento das enzimas hepáticas e plaquetopenia) Descolamento prematuro da placenta - DPP Coagulação Intravascular Disseminada - CIVD Hemorragia cerebral Edema pulmonar Insuficiência Hepática Insuficiência Renal Aguda Complicações perinatais: Prematuridade Restrição do crescimento fetal (RCF) Sofrimento fetal Morte perinatal Classificação das síndromes hipertensivas da gestação Doença Hipertensiva Específica da gravidez 2 Pré-eclâmpsia: desenvolvimento de hipertensão arterial, com proteinúria significativa e/ou edema de mãos e face que ocorre após 20 semanas. Era considerada hipertensa a mulher com pressão arterial sistólica de pelo menos 140 m m Hg e/ou pressão arterial diastólica de pelo menos 90 mmHg. A proteinúria significante era definida com o pelo menos 0,3 g/L em urina de 24 horas ou de pelo menos 1 + pelo método quantitativo de fita. Eclâmpsia: aparecimento de convulsões em paciente com pré-eclâmpsia. Hipertensão crônica: hipertensão arterial persistente anterior à gravidez ou anterior a 20 semanas e que se mantem após o puerperio. Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia associada à hipertensão arterial crônica: aparecimento de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia em paciente com antecedente de hipertensão arterial crônica. Hipertensão transitória: elevação dos níveis pressóricos no final da gestação ou n início do puerpério (24 horas de pós-parto), sem proteinúria e que retoma aos valores norm ais em até 10 dias após o parto. Doença hipertensiva não classificável: em que as informações obtidas não são suficientes para a classificação. Classificação usada pelo HCFMUSP Doença Hipertensiva Específica da gravidez 3 O HCFMUSP não utiliza apenas proteinúria para classificação em pré-eclâmpsia (muitas pacientes sem proteinúria passam a apresentá-la na evolução da doença e outras, com proteinúria significativa, deixam de apresentá-la com a estabilização da doença proporcionada pela internação e pelo tratamento) Fatores de Risco 75% ocorre em mulheres nulíparas nível socioecônomico desfavorável (*eclâmpsia e sínd. HELLP) idade materna avançada história familiar de DHEG obesidade gestação multípara doença trofoblástica gestacional ? DHEG em gestação pregressa diabetes mellitus doença renal doença do colágeno ? trombofilias Risco da nulípara apresentar DHEG > risco da multípara em multíparas: mais observada em pacientes com HAS pré-gravídica ou quando há troca de parceiros Maior distribuição de casos de DHEG nos extremos da vida reprodutiva (abaixo dos 18 e acima dos 40 anos) 💡 Como a primeira gestação ocorre com mais frequênà a em mulheres jovens, a maioria dos casos de DHEG se dá nesse grupo etário. Entretanto, quando são excluídos outros fatores de risco comuns a essa faixa etária (nuliparidade, obesidade, estresse biopsicossocial, pré-natal deficiente), a idade não constitui risco para DHEG. Fator de risco obesidade: Maior IMC → maior risco de DHEG Doença Hipertensiva Específica da gravidez 4 Única situação em que a DHEG pode se manifestar em idades gestacionais inferiores a 20 semanas: doença trofoblástica gestacional (DHEG em maior frequência) Etiologia Deficiência da invasão trofoblástica Fatos que sugerem que a placenta desempenha papel na patogenia da DHEG: presença de DHEG em casos em que não existe feto (doenças trofoblásticas gestacionais) retirada da placenta inicia o processo de resolução da doença Na DHEG o fluxo uteroplacentário diminui → diminuição da oxigenação fetal origem: invasão inadequada do trofoblasto intravascular → artérias espiraladas não se modificam → camada muscular média com diâmetro menor e maior resistência resultado: redução do fluxo sanguíneo no espaço interviloso redução da perfusão placentária podem ser responsáveis pela ativação endotelial seguida de vasoespasmo (responsável pela ocorrência de h ipertensão arterial, oligúria e convulsões), pelo aumento da permeabilidade capilar (responsável pela ocorrência de ed ema, proteinúria e hemoconcentração) e pela ativação da coagulação (responsável pela plaquetopenia) Fatores Imunológicos Mecanismos de rejeição do feto (falta de tolerância dos tecidos maternos e fetais) → resposta inflamatória exacerbada → impede implantação adquada da placenta Doença Hipertensiva Específica da gravidez 5 desequilíbrio entre a qtdd de linfócitos Th1 e Th2 (Th2 > Th1) → favorecimento da instalação de DHEG Mais frequente em nulíparas que em multíparas Incidência aumenta com troca de parceiro → supõe-se que a exposição prévia a um mesmo antígeno paterno tenha efeito protetor 💡 A maioria dos estudos sobre desfechos obstétricos em pacientes submetidas à reprodução assistida com uso de ovodoação relata uma frequência de 20 a 50% de doença hipertensiva, mesmo quando os dados são corrigidos para a idade das pacientes. Lesão Endotelial e Alterações Inflamatórias Vasos de mulheres com pré-eclâmpsia e do cordão umbilical de seus recém-nascidos produzem menos prostaciclinas e óxido nítrico (vasodilatadores) Gravidez normal: Placenta libera citocinas e prostaglandinas pró-inflamatórias → endotélio entra em estresse oxidativo → aumento da permeabilidade capilar DHEG: Lesão endotelial da pré-eclâmpsia → cél. endoteliais perdem funções normais e começam a desempenhar novas funções → produção de vasoconstritores (endotelina e fatores pró-coagulantes) mudança de permeabilidade responsável pelo extravasamento de proteínas sanguíneas para o 3° espaço → mecanismo responsável pelo aparecimento de proteinúria Predisposição Genética Filhas de mães com pré-eclâmpsia tem maior incidência Vários polimorfismos gênicos envolvendo fator de necrose tumoral (TNF), linfotoxina-alfa, interleucina-1 beta já foram associados à pré-eclâmpsia, assim como uma variante do gene do angiotensinogênio Fatores Nutricionais Estresse Fator emocional interfere no sist. imune → facilitam deposição de imunocomplexos → dificultam placentação normal Difícil entender o valor do estresse no surgimento da DHEG pois cada indivíduo apresenta determinada resposta Maior estresse → alterações endoteliais → aumento da ativ. simpática vasoconstritora → aumento dos níveis de PA Fatores Ligados à Angiogênese Altos níveis de sFlt1 na placenta e soro de pacientes com pré-eclâmpsia sFlt1: proteína solúvel com atividade antiangiogênica → se liga a fatores angiogênicos (VEGF e PIGF) → impede sua atividade biológica 💡 Dois estágios n.a fisiopatologia da pré-ed âmpsia, o primeiro sendo a placentação inadequada e o segundo a inflamação ligada à ativação do sistema endotelial; o elo entre esses estágios seria o predomínio dos fatoresantiangiogênicos sobre os angiogênicos. Fisiopatologia Fator de importância primária na DHEG: redução da perfusão tecidual secundária ao vasoespasmo arteriolar e lesão endotelial → elevação da resistência vascular periférica e da pressão arterial Alterações cardiovasculares Na DHEG, volume plasmático é menor do que em gestações normais. Lesão endotelial → aumento da permeabilidade capilar → extravasamento do plasma para o meio extravascular → edema e hemoconcentração → aumento da viscosidade sanguínea → fenômenos trombóticos Ação exacerbada de vasopressores (ex. endotelina) → vasoespasmo → aumento da resistência vascular periférica → isquemia em órgãos alta sensibilidade de gestantes pré-eclâmpticas à angiotensina II Doença Hipertensiva Específica da gravidez 6 💡 O aumento da resistência periférica total é o principal responsável pela elevação da pressão arterial na DHEG As gestantes hipertensas crônicas com teste da angiotensina positivo também têm maior chance de desenvolver DHEG sobreposta. Prostaglandinas Lesão endotelial → diminuição de prostaciclinas (vasodilatador e antiagregante plaquetário) Aumento da relação tromboxano/prostaciclina → aumento da sensibilidade à infusão da angiotensina II → vasoconstrição Alterações da coagulação Alterações de coagulação intravascular disseminada estão presentes em cerca de 10% dos casos de pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia indicadores mais sensíveis de coagulação intravascular disseminada destacam-se: plaquetopenia o aumento dos produtos de degradação da fibrina e do fibrinogênio diminuição de antitrombina III redução da relação fração coagulante/fração antigênica do fator VIII Alguns estudos: Vasoespasmo → lesão vascular → coagulação intravascular disseminada Outros estudos: disfunção endotelial (ativação de plaquetas e componentes da cascata de coagulação) antecede vasoespasmo Alterações renais DHEG: perfusão renal cai → redução do fluxo plasmático e na filtração glomerular (lesão glomerular) → níveis de creatinina e ácido úrico podem aumentar Concentração sérica de ácido úrico eleva-se (relacionado com a gravidade da doença) Pré-eclâmpsia: vasoespasmo intenso → lesão tubular → aumento da permeabilidade a proteínas → proteinúria Infusão de líquidos contraindicada Endoteliose glomerular (específico da DHEG): tumefação das células endoteliais do glomérulo e acúmulo de lipídeos → oclusão do lúmen dos capilares → deposição de material fibrinoide denso entre a lâmina basal e as células endoteliais processo reversível que involui após a gravidez Alterações Hepáticas Vasoespasmo intenso → lesões hepáticas em gestantes com pré-eclâmpsia grave ou eclâmsia Dois tipos de lesão: lesões periportais sinais de necrose (necrose hemorrágica periportal) Resultado: aumento dos níveis séricos de transaminases Alterações pulmonares Na eclâmpsia, tanto o edema pulmonar como a broncopneumonia aspirativa são causas de insuficiência respiratória grave e estão implicados em até 60% dos casos de óbito materno. Em virtude de o território vascular estar diminuído pelo vasoespasmo, a infusão de soluções cristaloides ou coloides sem monitorização cuidadosa pode causar congestão e edem a pulmonar, com insuficiência respiratória. As convulsões, o uso indevido de drogas depressoras do sistem a nervoso central (benzodiazepínicos, clorpromazina, prom etazina etc.), as obstruções de vias aéreas e a aspiração de secreções nasofaríngeas e gástricas reduzem a ventilação pulmonar, agravam a hipoxia tecidual, própria do vasoespasm o e propiciam a instalação da broncopneumonia aspirativa Alterações cerebrais Duas teorias que explicam as alterações cerebrais na eclâmpsia e pré-eclâmpsia grave Doença Hipertensiva Específica da gravidez 7 1. Hipertensão grave → vasoconstrição reflexa → queda do fluxo cerebral, edema citotóxico e eventuais áreas de infarto cerebral 2. Elevações abruptas de pressão arterial → quebra dos mecanismos de autorregulação da circ. cerebral → hiperperfusão, disrupção de capilares, extravasamento de plasma, eritrócitos, edema vasogênico a. quadro de encefalopatia hipertensiva (encefalopatia posterior reversível) - pode ser observado na maioria das gestantes com eclâmpsia pela ressonância magnética Quadro responsável pela maioria das mortes: hipertensão grave → ruptura de artérias cerebrais → hemorragia cerebral 💡 Áreas de infarto cerebral podem estar presentes em aproximadamente 25% das mulheres com eclâmpsia Alterações uteroplacentárias Insuficiência placentária → diminuição do fluxo uteroplacentário O comprometimento da circulação uteroplacentária, com aumento da resistência, pode ser evidenàado de maneira direta pela Dopplervelocimetria de artérias uterinas e indiretamente pela Dopplervelocimetria de artéria umbilical. A invasão trofoblástica deficiente nas artérias espiraladas diminui o fluxo interviloso, e a vasoconstrição das arteríolas vilosas determina elevação da resistência vascular fetoplacentária, o que, por sua vez, repercute na Dopplervelocimetria umbilical com o achado de resistência vascular aumentada, diástole zero ou reversa. A hipercontratilidade, a hipertonia uterina e o descolamento prematuro de placenta também podem estar presentes nas form as graves de DHEG Diagnóstico Anamnese e exame físico cuidadosos é essencial para o diagnóstico precoce da DHEG (maioria das gestantes são assintomáticas na fase inicial da pré-clâmpsia) Diagnóstico deve ser presumido em gestantes com mais de 20 semanas e: hipertensão arterial edema proteinúria DHEG começa com a implantação inadequada da placenta mas tem suas manifestações clínicas no 3° trimestre de gestação As gestantes com risco para o desenvolvimento de DHEG devem ser submetidas a consultas mais frequentes de pré-natal para controle mais apurado do ganho ponderal, medida da pressão arterial, pesquisa de proteinúria e dosagem sérica de ácido úrico e ureia/creatinina. No caso de mulheres com antecedentes de hipertensão arterial crônica, diabetes ou colagenoses, é prudente a solicitação desses exam es laboratoriais já na primeira consulta de pré-natal para futu ras com parações. Para aquelas pacientes que apresentam hipertensão arterial antes de 20 semanas ou anterior à gravidez, é feito o diagnóstico de hipertensão arterial crônica com DHEG sobreposta quando há aumento dos níveis pressóricos associados à proteinúria antes Doença Hipertensiva Específica da gravidez 8 ausente. Condutas Clínicas na Pré-eclâmpsia Medidas não farmacológicas Repouso em decúbito lateral esquerdo → aumento do fluxo renal, intensifica natriurese, diminui PA, melhora fluxo uteroplacentário pelo menos 1 hora no período da manhã e tarde casos graves: repouso no leito com paciente internada afastamento das atividades profissionais redução dos afazeres domésticos Dieta hipossódica 2 a 3g sal/dia (recomendação HCFMUSP) redução da oferta de sal → redução da reatividade vascular → queda da PA Conduta farmacológica *sulfato de magnésio (chance de intoxicação) *estudar por bula técnica/profissional (mecanismo de ação, com referências) 1. nacional 2. farmacopeia brasileira 3. farmacopeia americana (FDA) Sedação Gestantes com DHEG apresentam responsta vascular lábil com alteração de emoções Sedação diminui alterações emocionais Nas formas leves, em gestantes acompanhadas em regime ambulatorial, pode-se, eventualmente, optar pela sedação com benzodiazepínicos - diazepam (5 a 10 mg por via oral a cada 12 horas). Nas formas graves, para gestantes internadas, prefere-se a levomepromazina na dose de 3 mg (3 gotas da solução oral de levom epromazina a 4%) a cada 8 horas. Hipotensores Doença Hipertensiva Específica da gravidez 9 METILDOPA Classificação: inibidor de ação central. A metildopa é um pró-fármaco que exerce sua função através de seu metabólito ativo (→ alfa-metildopamina → alfa- metilnorepinefrina), inibindo o efluxo simpático dos centros vasomotores cerebrais ao impedir a liberação de norepinefrina nas sinapses nervosas.A alfa-metilnorepinefrina (falso substrato → produção de neurotransmissor falso) age como potente agonista dos receptores alfa-2 adrenérgico pré-sinápticos (centrais), o que inibe a liberação de norepinefrina e impede a transmissão nervosa, levando à ↓ efluxo simpático para a periferia. Dessa forma, o estímulo simpático em direção ao coração, rins e SVP é inibido, havendo ↓ resistência periférica total com ↓ mínima da FC e do DC, o que resulta em ↓ PA. 2 mecanismos: feedback (-) e falso substrato (alto receptor fica no pós-sináptico) tempo de ação: início em 2h; duração de 24h; pico: 4-6h, em doses únicas; 2-3 dias, em doses múltiplas; biodisponibilidade: ~50% atravessa a barreira placentária e é excretada no leite materno; metabolização hepática; indicações: hipertensão (leve, moderada ou grave); contraindicações: hepatopatias ativas, hipersensibilidade, estado depressivo grave, feocromocitoma e lactação; reações adversas principais: sedação, cefaleia, astenia. por ser indutor de hepatite, devem ser realizados testes de função hepática nos primeiros meses de tratamento ou sempre que houver febre inexplicada. Receptores adrenérgicos e suas respectivas ações Alfa-1; vasoconstrição; ↑ resistência periférica; ↑PA; midríase; estímulo da contração do esfíncter superior da bexiga. alfa-2; inibição da liberação de noradrenalina; inibição da liberação de insulina. beta-1; taquicardia; ↑ lipólise; ↑ contratilidade do miocárdio. Doença Hipertensiva Específica da gravidez 10 beta-2. vasodilatação; ↓ resistência periférica; broncodilatação; ↑ glicogenólise muscular e hepática; ↑ liberação de glucagon; relaxamento da musculatura uterina. CAPTOPRIL Classificação: inibidor competitivo da enzima conversora de angiotensina (iECA). O captopril age inibindo a ECA (enzima conversora de angiotensina) e, assim, impedindo que a angiotensina I (inativa) seja transformada em angiotensina II (ativa). Dessa forma, há ↓ estimulação dos receptores AT1 (→ vasoconstrição) e ↓ produção de aldosterona (responsável pela retenção de sódio [↑ PA] e produção de EROs [inflamação + lesões´]), o que resultará em ↓ PA. tempo de ação: pico: 1h; biodisponibilidade: ~75%. Alimentação conjunta diminui a biodisponibilidade em 25-30% e, portanto, o medicamento deve ser administrado 1h antes das refeições. indicações: hipertensão, ICC, IAM, nefropatia diabética; contraindicações: hipersensibilidade ao medicamento ou a qualquer outro iECA, gravidez; categoria de risco D à gravidez: evidência positiva de risco fetal, mas os benefícios podem superar os riscos. reações adversas principais: tosse seca e persistente, dor de cabeça, diarreia, perda de paladar, fadiga e náuseas. menos comuns, mas importantes: hipotensão, taquicardia, dores no peito, palpitações, erupções cutâneas, febre, artralgia, eosinofilia, prurido. NIFEDIPINA VO em crises → absorção em 30 a 40 minutos Classificação: antagonista de canais de cálcio da classe das diidropiridinas. Esses antagonistas dividem-se em três classes (fenilalquilaminas, benzotiazepinas e diidropiridinas), sendo que as substâncias pertencentes a cada uma delas se ligam a um local distinto das subunidades alfa-1 do canal de cálcio cardíaco do tipo L (voltagem- dependente). Por meio de uma interação alostérica entre si e com o maquinário de controle da passagem de cálcio, essas substâncias impedem a abertura dos canais e, assim, reduzem a entrada de cálcio na célula, impedindo a despolarização e, consequentemente, a excitação da célula. Os efeitos desse antagonista na musculatura lisa envolvem dilatação arterial/arteriolar generalizada e ↓ resistência, o que proporciona ↓ PA. Doença Hipertensiva Específica da gravidez 11 A ↓ PA pode ocorrer de maneira abrupta e determinar hipofluxo em órgãos nobres; por conta disso, esse tipo de medicamento tem sido criticado. tempo de ação: pico: biodisponibilidade: indicações: DAC, hipertensão essencial, crise hipertensiva. contraindicações: choque vascular, hipersensibilidade, em associação com rifampicina, amamentação, gravidez com menos de 20 semanas; reações adversas principais: edema, cefaleia, constipação, sensação de mal estar; menos comuns, mas importantes: reações de ansiedade, distúrbios do sono, vertigem, enxaqueca, tontura, tremor, taquicardia, palpitações, hipotensão, síncope, epistaxe, congestão nasal, dor abdominal e gastrointestinal, náusea, dispepsia, flatulência, xerostomia, eritema, poliúria, disúria, disfunção erétil. metabolização hepática (CYP3A4); HIDRALAZINA IV em crises Classificação: vasodilatador direto. A hidralazina atua por meio da vasodilatação periférica, realizando o relaxamento direto sobre a musculatura lisa vascular (especialmente arteríolas). O mecanismo celular ainda é desconhecido, porém o relaxamento resulta em ↓ PA, principalmente PAD. Como o fármaco não tem ação depressora na bomba cardíaca, os mecanismos regulatórios fisiológicos geram reflexo de ↑ FC, ↑ volume de ejeção e ↑ DC. No caso da IC, a ↓ RP reduz a pós-carga, atenuando o trabalho realizado pelo VE. indicações: hipertensão não controlada por anti-hipertensivos orais, ICC em pacientes que não respondem adequadamente ao tratamento convencional; contraindicações: hipersensibilidade, lúpus eritematoso sistêmico idiopático ou doenças relacionadas, indivíduos com problemas cardiovasculares (taquicardia grave, IC com alto DC, insuficiência do miocárdio devido à obstrução mecânica, IC isolada do VD devido à hipertensão pulmonar, aneurisma dissecante de aorta); principais eventos adversos: palpitação, taquicardia, rubor, cefaleia, vertigens, congestão nasal, alterações do TGI (diarreia, náuseas, vômitos), hipotensão, artralgia, mialgia, edema articular, LID (lúpus induzido por droga), lesão renal por VID (vasculite induzida por droga). Sua associação à antagonistas de cálcio, iECAs, diuréticos, anti-hipertensivos, antidepressivos tricíclicos, tranquilizantes e uso de álcool pode potencializar o efeito, causando hipotensão; seu uso concomitante a betabloqueador pode aumenta a biodisponibilidade deste, podendo ser necessário reajuste da dose. Classificação de medicamentos de risco gestacional Categoria de risco na gravidez: enquadramento desenvolvido pela Food and Drug Administration (FDA) em que os fármacos são categorizados de acordo com o risco de causar dano ao feto durante a gravidez, baseando-se em estudos em animais ou humanos. Os fármacos são categorizados em 5 (cinco) categorias: A, B, C, D e X; VII - categoria A de risco na gravidez: em estudos controlados em mulheres grávidas, o fármaco não demonstrou risco para o feto no primeiro trimestre de gravidez. Não há evidências de risco nos trimestres posteriores, sendo remota a possibilidade de dano fetal; VIII - categoria B de risco na gravidez: os estudos em animais não demonstraram risco fetal, mas também não há estudos controlados em mulheres grávidas; ou então, os estudos em animais revelaram riscos, mas que não foram confirmados em estudos controlados em mulheres grávidas; IX - categoria C de risco na gravidez: não foram realizados estudos em animais e nem em mulheres grávidas; ou então, os estudos em animais revelaram risco, mas não existem estudos disponíveis realizados em mulheres grávidas; X - categoria D de risco na gravidez: o fármaco demonstrou evidências positivas de risco fetal humano, no entanto, os benefícios potenciais para a mulher podem, eventualmente, justificar o risco, como, por exemplo, em casos de doenças graves ou que ameaçam a vida, e para as quais não existam outras drogas mais seguras; XI - categoria X de risco na gravidez: em estudos em animais e mulheres grávidas, o fármaco provocou anomalias fetais, havendo clara evidência de risco para o feto que é maior do que qualquer benefício possível para a paciente;
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