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Síndrome Hepatorrenal Síndrome Hepatorrenal Definição: é uma situação clínica em que ocorrem insuficiência renal e alterações da circulação arterial, com vasoconstrição renal em pacientes com cirrose avançada (insuficiência hepática aguda ou crônica que apresenta HIPERTENSÃO PORTAL e ASCITE). A alteração renal é funcional, sendo totalmente reversível (função renal normaliza) após transplante hepático. Grave disfunção orgânica; Causas: - Na maioria das vezes não há fator etiológico definido; - Progressão da hepatopatia; - Infecções; - Após episódios de depleção volêmica = sangramentos e paracentese sem expansão volêmica - Uso de medicações de causam vasoconstrição arterial renal - Outras medicações: anti-inflamatórios, aminoglicosídeos, contraste, betabloqueadores, diureticoterapia exagerada. Fisiopatologia multifatorial: hipoperfusão renal, status inflamatório, lesão tubular aguda e disfunção microvascular Mau prognóstico: mortalidade em poucas semanas; Prevenção: monitorização constante da função renal em cirróticos (principal medida efetiva). Tipos de SHR: - Tipo 1: caracteriza-se por insuficiência renal rapidamente progressiva, definida como aumento de 100% nos valores basais da creatinina sérica sempre que o valor final for superior a 2,5 mg/dl em um intervalo de tempo de até 2 semanas. - Tipo 2: é caracterizada por dimi- nuição moderada e constante da função renal (creatinina sé- rica entre 1,5 e 2,5 mg/dl) na ausência de outras causas de insuficiência renal. Lesão Renal Aguda: Os níveis de creatinina no ' paciente com cirrose avançada são mais baixos. Cuidado: determinar o nível basal de creatinina do paciente. A lesão renal aguda é definida pelo KDIGO (Kidney Disease Improving Global Outcomes) como um aumento absoluto da creatinina sérica maior ou igual a 0,3mg/dl em menos de 48 horas ou um aumento de 50% em menos de 7 dias ou débito urinário menor que 0,5ml/kg/hora por mais de 6 horas. Segundo o KDIGO, a lesão renal aguda é dividida em estágios, conforme o grau de comprometimento da função renal. Classificação: Pré-renal (70%), intrarrenal (30%) e pós-renal menos de 1%) Estadiamento: As principais causas de LRA em pacientes com cirrose são pré-renal, SHR e necrose tubular aguda. * * * * * * * * + : - Diagnóstico: Em razão da falta de testes específicos, o diagnóstico de SHR deve ser baseado na exclusão de outras causas de insuficiência renal que acometem pacientes com cirrose; O Clube Internacional de Ascite redefiniu os critérios utilizados para o diagnóstico de SHR; Tratamento: Buscar e tratar causa base Vasoconstritores: Terlipressina - Paciente não crítico - Infusão contínua: 2 mg (máximo de 12 mg/dia) - Bolus: 0,5mg 6/6h - 2mg 4/4h - Se aparecimento de efeitos colaterais, suspender! Noradrenalina - UTI - Alvo: elevar PAM em 10 mmHg Albumina: 1g/kg/dia por 2 dias (máximo de 100g/dia) ou 20 a 40 g/dia Cuidado com a sobrecarga de volume. Se congestão pulmonar, suspender. Se hipervolemia, dar diuréticos. Para o Diagnóstico Diferencial, solicitar: - Exames séricos: Cr e Na - Exames urinários (amostra isolada): urina tipo 1, Cr, Na e proteinúria - USG de ris e vias urinárias ¥ - ç - L L - L L Pode ser feita hemodiálise, apenas em pacientes que irão para o transplante! Duração do tratamento: Quando creatinina < 1,5 retira a albumina e o vasoconstritor Resposta parcial em 14 dias Ausência de resposta Tratamento definitivo: transplante hepático. Profilaxia: Em pacientes com peritonite bacteriana espontânea (PBE) e sem LRA: Albumina 1,5g/kg no D1 e 1,0g/kg no D3 para profilaxia de disfunção renal Nos pacientes com PBE + LRA: Dose de tratamento PBE: Norfloxacino 400mg/dia Síndrome Hepatopulmonar Síndrome Hepatopulmonar Definição: a SHP é definida como uma tríade clínica caracterizada por: 1) doença hepática; 2) alteração da troca gasosa pulmonar caracterizada por elevação do gradiente alvéolo-arterial de oxigênio (AaO2); 3) dilatações vasculares intrapulmonares. A SHP tem sido reconhecida como importante complicação vascular nos pulmões desenvolvendo hipoxemia sistêmica em pacientes com cirrose e hipertensão portal. Mas pode ter outras causas além da cirrose hepática, como: hepatite crônica viral sem cirrose hepática, malformações vasculares congênitas. Ela é classicamente definida por aumento do gradiente alvéolo- arterial (AaPO2) em ar ambiente (>15mmHg, ou> 20mmHg em pacientes >64 anos de idade) com ou sem hipoxemia resultante da vasodilatação intrapulmonar na presença de disfunção hepática ou hipertensão portal. Na coexistência de doença cardíaca ou pulmonar, o estabelecimento do diagnóstico de SHP pode ser difícil. Está presente em 4-32% dos pacientes com cirrose, sendo observada mais comumente em pacientes com meia- idade e em ambos os sexos. SHP aumenta a mortalidade no cenário dos pacientes com cirrose e pode influenciar a frequência e a gravidade. Fisiopatologia: sua fisiopatogenia ainda não está bem definida, mas especula-se que há combinação de fatores, tais como: - Desequilíbrio na resposta dos receptores de endotelina, remodelação microvascular pulmonar e predisposição genética, levando à dilatação vascular intrapulmonar e translocação bacteriana. A etiologia da cirrose não parece estar relacionada com o aumento do risco de desenvolvimento da SHP, cuja ocorrência é descrita em pacientes com hipertensão portal de origem não-cirrótica, sugerindo ser a hipertensão portal importante mecanismo ligado à patogênese dessa síndrome. Porém, o achado da síndrome em pacientes que não possuem cirrose hepática ou que a possuem, mas com ou sem hipertensão portal, e em crianças com malformações congênitas, nas quais o fluxo sanguíneo hepático não alcança os pulmões, supere que mediadores produzidos ou metabolizado pelo próprio fígado possam ser os responsáveis pelas DVIP observadas na SHP. Os principais mediadores associados à SHP são o óxido nítrico e a endotelina-1, os mesmos associados ao desenvolvimento da vasodilatação esplâncnica e ao aumento do tônus vascular intra-hepático, observados em cirróticos com hipertensão portal e circulação hiperdinâmica. Quadro clínico: - Dispneia (sintoma pulmonar mais frequente e se associa à presença de hipoxemia) e platipneia, associadas a ortodeoxia (não é patognomônico, mas sugere fortemente SHP); - Fadiga; - Cianose labial e ungueal - Hipocratismo digital - Aranhas vasculares - i : À - L - * - * * - * - * - : * Classificação da SHP: Baseada nos níveis de oxigenação arterial e nos achados angiográficos: Tipo I – pacientes com dilatações pré-capilares que apresentam resposta satisfatória à administração de oxigênio a 100% (PaO2 >400 mm Hg). Em casos mais avançados, as dilatações podem assumir aspecto difuso com pior resposta à suplementação com oxigênio a 100%. Tipo II – pacientes com pequenas e localizadas vasodilatações, semelhantes às MAV, que apresentam pobre resposta ao oxigênio a 100%; sendo menos comum que o tipo I. Estratificação de gravidade com base na pressão parcial de oxigênio arterial (PaO2) Diagnóstico: O inicial depende da presença de doença do fígado ou de hipertensão portal, valor elevado no gradiente de oxigênio alveolar-arterial ajustado à idade (AaPO2), e a evidência de vasodilatação intrapulmonar. SHP pode normalmente ser diagnosticada a partir de testes não-invasivos. O diagnóstico é suspeitado em base na história e exame físico, gasometria arterial deve ser realizada em ar ambiente pela oximetria de pulso. Elevado gradiente alveolar-arterial e diminuição da gasometria arterial ocorre devido à dilatação da vasculatura pulmonar levando ao shunt com anormalidade na ventilação e perfusão. A gasometria arterial revela elevada AaPO2 ajustada por idade, com ou sem hipoxemia. Com a detecção de anomalias de trocas gasosas, deve-se realizar radiografia de tórax e testes de função pulmonar para avaliação da presença de outras anormalidades pulmonares. A ecocardiografia transtorácica com contraste de microbolhasé o teste de triagem preferido para determinação de vasodilatação intrapulmonar. A angiografia pulmonar, cintilografia pulmonar com macroagregados de albumina e tomografia computadorizada de tórax podem ser úteis em algumas situações específicas. A ecocardiografia com contraste (ECC), a cintilografia pulmonar com macroagregados de albumina marcados com Tecnécio e a angiografia pulmonar são as modalidades diagnósticas utilizadas na detecção de DVIP. ± : - * - : - - Suplementação de oxigênio mantém a base da terapia para pacientes com PaO2<60 mmHg ou com dessaturação de oxigênio induzida pelo exercício. O shunt porto-sistêmico intra-hepática transjugular (TIPS) obteve utilidade limítrofe na SHP e precisa de mais estudos clínicos para determinar a sua eficácia. Atualmente não há terapia medicamentosa eficaz para o tratamento da SHP. O transplante de fígado é a única terapia eficaz estabelecida com resolução completa. A resolução total ou melhora significativa na troca de gases no pós-transplante de fígado, é observada em mais de 85% dos pacientes, e a normalização da hipoxemia arterial após ele é variável e pode ser superior a um ano. Desfechos: As causas de morte são principalmente devido às complicações de disfunção hepatocelular e hipertensão portal, e correlacionados com a gravidade da hipoxemia. A mortalidade permanece maior nos pacientes com SHP após o ajuste para a gravidade da doença hepática subjacente e após a exclusão de pacientes submetidos ao transplante de fígado durante o seguimento Mortalidade após o transplante de fígado também parece ser maior em pacientes com SHP, em comparação com aqueles sem. A SHP aumenta a mortalidade, e nos casos avançados pode apresentar piores resultados com transplante de fígado. O transplante de fígado tem sido considerado como a única terapia estabelecida para reverter a vasodilatação intrapulmonar, mas a mortalidade pós- operatória ainda é elevada em pacientes com pressão parcial de oxigênio inferior a 50 mmHg. O prognóstico é reservado sem tratamento (sobrevida < 2 anos). Tratamento: Inicialmente, a hipoxemia nos pacientes com esta síndrome responde à suplementação de oxigênio em baixo fluxo, mas ao longo do tempo, a necessidade de suplementação de oxigênio aumenta. Atualmente, nenhuma intervenção farmacológica mostrou alterar significativamente e melhorar a oxigenação arterial e alterar o curso da SHP. Assim, o transplante hepático é a única opção terapêutica eficaz para a resolução + - : : : -
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