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05 - ACONSELHAMENTO DE DEPENDENTES

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1
Aprendendo a Aconselhar
“Tenho idéias, mas que fazer com elas... partilhar...
pensar alto... prosear... como fui inventando meu
modo de vida? Parece que o fazer às vezes é tratado
como da ordem de um privado. Quem sabe porque o
que se faz traz consigo uma espécie de denúncia de
nossa posição no mundo que nunca será igual à do
outro, é sempre passível de outra abordagem. É quase
um se expor à realidade e correr o risco de frustrar e
se decepcionar. Mas isto é o que chamamos de teste de
realidade, de ir à cultura é o que nos faz humanos
diferentes e semelhantes, nunca iguais. Só nossa raça
humana é igual! Portanto, vamos fazer, criar, poetizar,
sonhar, compartilhar...” Marina S. Rodrigues Almeida.
Podemos dizer com base bíblica que o diálogo foi instituído por
Deus, quando conversava diariamente no jardim com o homem, Gênesis
2 e 3. Nós seres humanos fomos criados com a capacidade para a fala, e
nos sentimos muito bem quando dialogamos com alguém e falamos
sobre nossa vida. Em momentos difíceis, é natural procurarmos alguém
em quem confiamos para aliviarmos nossa dor, contando sobre nossos
problemas e em contrapartida recebermos um conselho ou uma
orientação do que devemos fazer. Uma conversa sempre foi bem vindo,
porém para que o aconselhamento tenha sucesso e surta efeitos
duradouros alguns procedimentos são necessários. É o que iremos
estudar neste curso, ou seja, os conceitos, as técnicas, tipos e métodos
de aconselhar nos mais variados meios em que o ser humano habita. Ore
e peça ao Senhor para abrir a sua mente para aprender e apreender
sobre todo o conteúdo deste curso. Se ler e não entender, leia
novamente, caso contrário, estaremos à disposição às dúvidas. Tenha
uma boa leitura.
1 - BREVE HISTÓRICO DO ACONSELHAMENTO
O aconselhamento se desenvolveu, em primeiro lugar, nos Estados Unidos
no princípio do século XX. Foi promovido pelos líderes do movimento de
reforma social que tinham como objetivo reduzir as desigualdades e as
injustiças ligadas à industrialização maciça. A consideração da pessoa e à
análise crítica do funcionamento da sociedade americana dão lugar à
2
criação de organizações caritativas e de associações filantrópicas. Em
1908, Frank Parsons inaugura em Boston um dos primeiros centros de
aconselhamento em instituições municipais (Centro de Orientação
Juvenil). No mesmo momento, o Movimento de Saúde Mental lançado
por Cliddord Beers estabelece em 1909, programas de aconselhamento
junto a serviços psiquiátricos. Nos anos 30, nos Estados Unidos, Carl
Rogers revoluciona a psicologia clínica, que até então estava centralizada
exclusivamente sobre os testes de inteligência, recolocando a pessoa no
centro do dispositivo terapêutico, iniciando uma das grandes correntes
do aconselhamento: a abordagem centrada na pessoa, desenvolvida em
sua obra " Counseling and Psycotherapy ", publicada em 1942.
Na França, o aconselhamento foi introduzido em 1928 sob a forma do
Conselho de Orientação Profissional. Nos anos 50, um novo método, o
"case work", surge no trabalho social. Esta ajuda psicológica
individualizada se apóiam nos principais conceitos de Carl Rogers, como
o do: direito do cliente de ser considerado e tratado como uma pessoa,
sua necessidade de ser respeitado, de não ser julgado e de estabelecer
ele mesmo suas escolhas. Em 1961, a Associação Francesa dos Centros
de Consulta Conjugal (AFCCC) desenvolve, em torno do psiquiatra e
psicanalista Jean Lemaire o aconselhamento junto a casais (conselho
conjugal). Esta corrente do aconselhamento integra conceitos saídos da
psicanálise, da psicossociologia de grupos e de teóricos como Moreno,
Rogers e Lewin.
A história mundial do aconselhamento é atravessada por múltiplas
abordagens: Cognitivo-comportamental, existencial, psicanalítica,
emocional, sistêmica, a tal ponto que o aconselhamento acaba dando
lugar ao aparecimento de várias correntes teóricas, clínicas e práticas.
A Organização Mundial de Saúde escolheu e recomenda desde 1987 o
aconselhamento como o método de ajuda, de apoio e de prevenção mais
apropriado em âmbito mundial, para enfrentar as inomináveis ameaças
individuais, comunitárias e coletivas engendradas por epidemias e outras
doenças infecciosas.
A prática do aconselhamento em diversos campos, evidentemente,
representa hoje, uma eficácia enorme na atuação rápida de problemas
urgentes.
2 - ORIENTAÇÃO, ACONSELHAMENTO E PSICOTERAPIA
Orientar, do ponto de vista psicológico, significa facilitar o conhecimento
e a análise de caminhos ou direções para a conduta, com base em
referenciais pessoais e sociais. Aconselhar, paralelamente, refere-se ao
processo de indicar ou prescrever caminhos, direções e procedimentos
3
ou de criar condições para que a pessoa faça, ela própria, o julgamento
das alternativas e formule suas opções. Psicoterapia além de abarcar o
processo de aconselhamento utiliza-se também do tratamento de
perturbações da personalidade e de condutas através de métodos e
técnicas psicológicas.
É fácil admitir que esses três conceitos, expressos em atuações práticas
de ajuda, estão constantemente se intercruzando, ou seja, nos hábitos e
costumes do dia-a-dia, seja nos processos educacionais ou psicológicos
formais e intencionais. Às vezes, uma simples ação orientadora, em que
se facilita o acesso a informações e se deixa à pessoa decidir por si só,
pode ser muito mais eficaz do que um conselho ou controle da conduta;
noutros casos, principalmente em situações de emergência e de grande
ansiedade, um conselho pode ser mais produtivo do que um demorado
processo de orientação ou de terapia; em muitos casos, porém,
orientações e conselhos não são suficientes para alterar a conduta,
recorrendo à terapia, como processo mais complexo, mais difícil e mais
demorado A efetividade de uma atuação depende de inúmeros fatores
nos quais sobressaem a personalidade do cliente, as emergências
existentes, os recursos disponíveis, os objetivos que se quer atingir e os
critérios sociais e filosóficos que os determinam.
Os conceitos de orientação e de aconselhamento, vistos pelo lado de
seus efeitos, têm variado ao longo da história. Já dizia Sócrates quatro
séculos antes de Cristo: "Conhece-te a ti mesmo", conceito que parece
se renovar no posicionamento atual da linha existencialista e rogeriana
(isto é, segundo o conceito de Rogers) e que com algumas alterações de
forma e de conteúdo vem prevalecendo através dos tempos. Todavia, há
pensamentos diferentes.
Williamson (1939), um dos pioneiros do movimento acadêmico de
Orientação, identificava, em certos aspectos, o aconselhamento com a
Educação, considerando que "à parte da moderna Educação referida como
aconselhamento é a que se refere a processos individualizados e
personalizados, destinados a ajudar o indivíduo a aprender matérias
escolares, traços de cidadania, valores e hábitos pessoais e sociais e todos
os outros hábitos, habilidades, atitudes e crenças que irão constituir um ser
humano normal e ajustado”.
Como uma das grandes expressões no campo do aconselhamento,
Rogers (1942, 1951) não se preocupa em estabelecer conceitos e
definições, de toda sua obra, porém, se depreende que o
aconselhamento é um método de assistência psicológica destinado a
restaurar no indivíduo, suas condições de crescimento e de atualização,
habilitando-o a perceber, sem distorções, a realidade que o cerca e a
agir, nessa realidade, de forma a alcançar ampla satisfação pessoal e
4
social. Aplica-se em todos os casos em que o indivíduo se defronta com
problemas emocionais, não importando se trata de doenças ou
perturbações não patológicas. O aconselhamento consiste em uma
relação permissiva, que oferece ao indivíduo oportunidade de
compreender a si mesmo e a tal ponto que a habilita a tomar decisões
em face de suas novas perspectivas, o cliente passa a se dirigir através
da liberação e reorganização de seu campo perceptual.
Para Robinson (1950), baseado principalmente nas técnicas de
comunicação, e originariamente de seu colega Rogers, o aconselhamento
é a atuação que "cobre todos ostipos de situações de duas pessoas, na
qual, uma delas, sendo o cliente é ajudado a ajustar-se mais eficazmente a si
próprio e a seu meio". Sua técnica principal é a comunicação, através de
entrevistas cuidadosamente conduzidas e testadas de momento a
momento, que facilitam a tomada de decisões e atuam
terapeuticamente.
De ponto de vista dos efeitos da relação ocorrida no processo de
aconselhamento, Pepinskye Pepinsky (1954) os definem como
resultantes da interação que ocorre entre dois indivíduos, conselheiro e
cliente, sob forma profissional, sendo iniciada e mantida como meio de
facilitar alterações no comportamento do cliente.
Patterson (1959) é de opinião que o aconselhamento pode ser focalizado
em termos de áreas de problemas (educacionais, vocacionais, conjugais,
etc.), assim como em termos de ajustamento pessoal ou mesmo
terapêutico. Segundo esse mesmo autor, o aconselhamento não se limita
a pessoas normais; aplica-se ao excepcional, ao anormal ou ao
desajustado; manipula as tendências adaptativas do indivíduo a fim de
que este possa usá-los efetivamente.
Na corrente comportamental, encontramos Bijou (1966) afirmando ser "o
objetivo final do aconselhamento ajudar o cliente a lidar mais
eficazmente com seu meio e a substituir o comportamento mal ajustado
pelo ajustado". "Parece claro, do ponto de vista da análise experimental
do comportamento, que uma das mais eficientes formas de produzir as
alterações desejáveis é pela modificação direta das circunstâncias que as
suportam, e um dos meios mais efetivos de manter essas alterações é
organizar um meio que continue a suportá-las". A aplicação das leis de
aprendizagem é o meio pelo qual se adquire comportamentos desejáveis.
Krumboltz (1966), coloca os alvos do aconselhamento na mesma direção
dos psicólogos contemporâneos. Segundo seus conceitos, "orientadores e
psicólogos dedicam-se a ajudar as pessoas a resolverem mais
adequadamente certos tipos de problemas. Alguns desses problemas
relacionam-se com importantes decisões escolares e profissionais, tais
5
como: Que curso devo fazer? A que profissão devo me dedicar? Outros
problemas se relacionam com dificuldades pessoais, sociais e emocionais,
tais como: Como posso salvar meu casamento? Como poderei suportar
esses horríveis sentimentos de ansiedade, solidão e depressão? Como
deverei agir para fazer valer meus direitos? Como posso relacionar-me
melhor com os outros?" A essas questões o conselheiro acrescenta
outras: Como se conceituam os problemas? Como colocar alvos? Que
técnicas serão úteis para atingir esses alvos? Como avaliarei meu próprio
trabalho? Tais questões são tão familiares e nos apegamos tanto a elas
que os novos procedimentos (refere-se ele ao método comportamental)
podem justificar uma verdadeira revolução no aconselhamento
A posição européia, notadamente à francesa, face ao aconselhamento
psicológico, é bem diferente da americana. Piéron (Nepveu, 1961), em
um de seus últimos trabalhos, dizia que os métodos americanos
aproximam-se muito da Psicanálise e que a concepção francesa e a
americana divergem muito no juízo que fazem sobre o papel do
conselheiro. "No regime americano, onde a educação não tem caráter
nacional e onde a tendência geral é a de favorecer em todos os domínios
as iniciativas individuais. o conselheiro se aproxima muito do
psicoterapeuta; dirige-se a 'clientes' e não participa, de modo algum, dos
problemas gerais da educação, nem se preocupa em participar de uma
obra coletiva. Na França, ao contrário, tem-se procurado reduzir, ao
máximo, a comercialização em matéria de orientação. Esta, que tende a
se integrar, cada vez mais, na obra nacional de educação, não visa
satisfazer clientes, mas a servir os interesses dos Jovens encarando o
seu futuro..."
Embora haja movimentos renovadores, Nepveu pareceu exprimir bem a
tendência na época dominante na França e, talvez, na Europa quando,
analisando os métodos de Rogers, de Super e de Bordin e baseando-se
em contribuições européias de Nahoum, Delys e de outros, afirma que
uma das atitudes correntes é o "conselheiro adotar uma atitude de
perito, ou de amigo desinteressado". "Esforça-se em compreender os
problemas e as pessoas, em prever uma certa possibilidade de êxito, em
formular conselhos adequados, bem-vindos e liberais".
Não obstante algumas controvérsias, o aconselhamento psicológico
parece ter tomado corpo e expressão na década de 1950-1960. De
acordo com relato de Super (1955), "essa nova expressão resultou do
consenso geral de um grande número de psicólogos reunidos no
Congresso Anual da American Psychological Association, em 1951, na
Northwestern University". O "Counseling Psychology" substitui os antigos
conceitos e métodos, originários da orientação profissional, modelada por
Parsons e seus seguidores, pela idéia de um trabalho mais sensível à
"unidade da personalidade, mais sensível às pessoas do que aos
6
problemas, pois que a adaptação a um aspecto da vida está em relação
com todos os outros". "O novo movimento encerra dados teóricos e
técnicos da psicoterapia, inclui orientação profissional e ocupa-se,
sobretudo, do indivíduo como pessoa, procurando ajudá-lo a adaptar-se
com sucesso aos vários aspectos da vida. Os conselheiros ou
orientadores, nesse novo ponto de vista, ocupam-se de pessoas normais
podendo cuidar, ainda, daquelas que apresentam deficiências e são mal
ajustados, porém, de uma maneira diferente daquela que caracteriza a
Psicologia Clínica".
Stefflre e Grant (1976), ao escreverem sobre aconselhamento
psicológico, chegam a algumas considerações que parecem exprimir a
dimensão hoje dominante: a) "a definição de aconselhamento depende dos
diferentes pontos de vista das autoridades no assunto” – “Essas diferenças
têm origem em diferentes pontos de vista filosóficos"; b) "não se pode fazer
uma distinção muito clara e precisa entre aconselhamento e psicoterapia"; c)
"o aconselhamento é uma forma deliberada de intervenção na vida dos
clientes". Esse mesmo autor classifica o aconselhamento em quatro
diferentes posições ou "sistemas", baseado em quatro diferentes teorias:
a) Teoria do traço-fator, segundo a qual a mudança do comportamento
"depende do conhecimento que o cliente tenha de informações";
b) Teoria centrada no cliente, pela qual o comportamento é modificado
pela "reestruturação do campo fenomenológico";
c) Teoria comportamental, segundo a qual, após um diagnóstico da
situação, determina-se os comportamentos a serem extintos ou
reforçados;
d) Teoria psicanalítica, que se propõe: “claramente a uma redução de
ansiedade na crença de que daí resulte um comportamento mais flexível e
discriminador".
Para Rollo May (1977), o campo do aconselhamento situa-se entre os
problemas da personalidade, para os quais há necessidade de um
terapeuta e os problemas de imaturidade ou de carência de instrução,
para os quais há necessidade de um educador.
Uma revisão de alguns textos sobre aconselhamento, aliada a nossa própria experiência,
poderia nos levar às seguintes considerações:
1. A orientação, o aconselhamento psicológico e a psicoterapia não
são meros procedimentos técnicos ou operacionais. Subjacente a eles há
todo um arcabouço de posições filosóficas operantes tanto no terapeuta
ou 'conselheiro, como nas pessoas assistidas, o que estabelece
marcantes diferenças entre a psicologia e outras ciências humanas.
Mesmo na posição clássica de liberdade e de não-diretividade há, por
parte do psicólogo, uma deliberada e consciente postura filosófico-social.
7
Noutro extremo, em que o conselheiro visa instalar um comportamento
específico, há, igualmente, um papel social idealizado.
2. O posicionamento conceitual do orientador, conselheiro ou
terapeuta flutua, em geral, entre três premissas: a) o homem é um
produto predominantemente social; possui impulsos naturais, bons ou
maus, que precisam ser canalizados para um tipo de sociedade na qual
nos localizamos e que nos assegura a sobrevivência e o bem-estar; b) o
homem é suficientemente capaz de decidir por si mesmo e escolher as
açõesmais adequadas para si próprio e para os outros desde que sejam
criadas condições facilitadoras para avaliação auto e hetero-referente e
para as opções individuais; c) a autodeterminação é uma utopia; o
homem é o produto de múltiplas variáveis; temos que atuar nos agentes
que o controlam e nos comportamentos tal como ocorrem na vida.
quotidiana.
Na prática pedagógica ou psicológica é difícil à distinção entre
orientação, aconselhamento e psicoterapia e a maioria dos autores não
se preocupa muito com essa diversificação teórica. Alguns, entretanto,
tentam traçar linhas demarcatórias. Assim, Perry (1960) distingue o
aconselhamento da psicoterapia, baseando-se nos papéis e funções
sociais visados pelo primeiro e na dinâmica da personalidade proposta
pela psicoterapia. Outros autores parecem diferençar estas duas
atuações que atribuem ao aconselhamento os procedimentos que se
focalizam no plano intelectual, cognitivo, consciente, e à psicoterapia os
que se relacionam com fatores afetivos e inconscientes. Rogers (1942;
1955) usa os dois termos de forma indiferente, porquanto, segundo ele,
não há o que distinguir na série de contactos individuais que visam
assistir a pessoa na alteração de atitudes ou do comportamento. Wolberg
(1977) salienta que a psicoterapia é uma forma de tratamento para
problemas de natureza emocional e na qual uma pessoa, especialmente
treinada, estrutura uma relação profissional com o cliente, com o
objetivo de remover ou de modificar os sintomas ou padrões
inadequados de comportamento e promover crescimento e
desenvolvimento da personalidade. Analisando o relacionamento cada
vez mais intenso entre o aconselhamento e a psicoterapia. Albert (1966),
por outro lado, declara que o mesmo processo informativo, concerne-se
ao aconselhamento acadêmico e vocacional, não pode se limitar aos
planos conscientes e racionais da personalidade, já que os níveis
profundos refletem-se em todos os aspectos do comportamento.
Nossa experiência vem indicando uma razoável ocorrência de casos nos
quais os métodos de orientação e aconselhamento confundem-se com os
de terapia. Se um jovem tem dificuldade de relacionamento com os pais
se aplicarmos determinadas técnicas de tratamento emocional, sejam
elas rogerianas, comportamentais ou outras, estaremos fazendo
8
aconselhamento ou terapia? Se uma mulher procura o psicólogo para
libertar-se de um contínuo desinteresse sexual pelo marido, tendo-se
constatado, previamente, não haver problemas na área orgânica que
possam ser responsáveis pelo fato e verificar-se haver uma real
incompatibilidade emocional entre mulher e marido e se técnicas
psicológicas forem usadas para tentar soluções, seria essa tarefa
aconselhamento ou psicoterapia? Se um jovem, movido por profundos
sentimentos de insegurança na escolha de carreira, não consegue tomar
decisões e o psicólogo passa a cuidar do problema nos seus aspectos
emocionais, estaria efetuando intervenção terapêutica?
Atualmente, a tendência é distinguir aconselhamento de psicoterapia
mais em termos de grau do que em forma de atuação, esta última é
semelhante e até certo ponto indistinguível do primeiro, tanto no seu
feitio profilático como no de recuperação ou cura. Deixar ao psicólogo os
chamados "casos normais com problemas", diferenciando-os dos
patológicos ou anormais para os psiquiatras, é praticamente impossível,
mesmo porque o conceito de normalidade é apenas uma proposição
teórica (Mowrer, 1954). Quer nos parecer, pois, que a psicoterapia ou o
aconselhamento são mais bem descritos em termos de um continuum,
em lugar de um julgamento dicotômico. A flexibilidade do trabalho do
orientador e do psicólogo deve ser assegurada, em benefício do próprio
cliente por ele assistido. Essa atuação, face aos casos claramente
patológicos, pode ser associada à de outros profissionais. A evolução de
cada caso indicará se deve ou não fazer o encaminhamento do orientado
a outro profissional, onde o conselheiro demarcará os limites da atuação
orientadora e da ação terapêutica.
Uma das mais explícitas conceituações e descrições dos papéis atribuídos
aos que se especializam em Aconselhamento Psicológico é proposta por
Jordan (1968), em seu levantamento sobre as funções do Conselheiro
Psicológico. Segundo dados por ele compilados, este atua em diferentes
setores da vida social (consultórios, centros universitários, escolas,
hospitais, centros de reabilitação, serviços de orientação profissional,
departamentos de pessoal, serviços de colocação e de treinamento,
etc.). Analisando as eventuais diferenças entre Clínica e
Aconselhamento, assinala que alguns especialistas apontam diferenças
entre essas duas especializações, outros, porém, consideram tais
diferenças como irrelevantes. Segundo muitos especialistas, o psicólogo-
conselheiro tende a trabalhar com pessoas normais, convalescentes ou
recuperadas e a encaminhar casos mais sérios a outros especialistas. Usa
técnicas psicoterápicas e outros recursos, tais como exploração de
condições ambientais, informações, testes, experiências exploratórias e
outros procedimentos mais freqüentemente do que o psicólogo clínico.
.Em geral, o conselheiro terá desempenho profissional de acordo com a
formação que recebeu e das expectativas de trabalho que se oferecem.
9
Os dados hoje existentes parecem caracterizar o psicólogo-conselheiro
como o profissional da psicologia de formação mais eclética o que não
impede, contudo, que se dedique também a um determinado tipo de
atuação na qual, particularmente, venha a especializar-se, a exemplo
dos que se dedicam a problemas psicológicos do Trabalho, da Educação,
da Família, etc.
3 - OUTRA DEFINIÇÃO DE ACONSELHAMENTO
Na cultura anglo-saxônica, o termo aconselhamento ("counseling") é
utilizado para designar um conjunto de práticas que são tão diversas
quanto as que configuram as práticas de : orientar, ajudar, informar,
amparar, tratar. H.B e A.C. English definem o aconselhamento como " uma
relação na qual uma pessoa tenta ajudar uma outra a compreender e a
resolver problemas aos quais ela tem que enfrentar ". Um tema que
concerne à filosofia do aconselhamento, predomina em toda a literatura
anglo-saxônica: a crença na dignidade e no valor do indivíduo pelo
reconhecimento de sua liberdade em determinar seus próprios valores e
objetivos e no seu direito de seguir seu estilo de vida.
O indivíduo tem um valor em si, independentemente do que pode
realizar. Muitas vezes, a pessoa não é consciente ou ignora seu potencial
de desenvolvimento. O aconselhamento visa ajudá-la a desenvolver sua
singularidade e a acentuar sua individualidade. Mais que uma filosofia
que poderia ser interpretada, à primeira vista, como uma forma de
individualismo selvagem, todos os grandes textos do aconselhamento
fazem referência à responsabilidade da pessoa diante dela mesma, do
outro e do mundo em torno dela. O individuo não é nem bom, nem ruim
por natureza ou por hereditariedade. Ele possui um potencial de evolução
e de mudança. O(A) aconselhador(a) deve considerar o sentido e os
valores que o cliente atribui à vida, às suas próprias atitudes e
comportamentos porque quando uma mudança se impõe no contexto de
vida, isto pode se chocar com as opções filosóficas da pessoa em questão
e ser en si uma causa de dificuldade (ex. : mudança de atitude diante do
trabalho, da família, da sexualidade, da morte,…).
Segundo Catherine Tourette-Turgis, "o princípio de coerência do
aconselhamento reside fundamentalmente no fato de que muitas situações
da vida são, elas mesmas, causas de sofrimentos psicológicos e sociais,
necessitando uma conceitualização e que dispositivos de apoio sejam
colocados à disposição das pessoas que as vivem".
Para ela, "o aconselhamento é uma forma de " psicologia situacionista " :
isto é, a situação é causa do sintoma e não o inverso. Neste sentido, o
aconselhamento, forma de acompanhamento psicológico e social, designa uma
situação na qual duas pessoas estabelecem uma relação, uma fazendo
1
0
explicitamente apelo à outra através de um pedido (verbalizado) com objetivo de
tratar, resolver, assumir um ou mais problemas que lhe dizem respeito…a
expressão " acompanhamento psicológico " seria insuficiente na medida em que os
campos de aplicação do aconselhamento…designam muitas vezes realidades sociais
produtoras em si mesmas de um conjunto de distúrbios ou de dificuldades para os
indivíduos ". "(1)
Neste sentido, o aconselhamento responde às necessidades de pessoas
que procuram ajuda de uma outra para resolver, em um tempo
relativamente breve, problemas que não são oriundos necessariamente
de problemáticas profundas (do ponto de vista psicológico). Estes
problemas podem estar ligados, na verdade, aos empecilhos ou a um
contexto específico com o qual elas precisam se adaptar ou aos quais
elas devem sobreviver e pelos quais, na maior parte do tempo, a
sociedade não as preparou (ex.: traumatismos de guerra, prevenção da
aids, desemprego, …) ou não assegura as funções de apóio adequadas
em tempo real, ou seja, de imediato.
Existem pontos comuns no desenvolvimento do aconselhamento que
podem ser resumidos pela importância dada:
 aos métodos ativos na relação de ajuda
 à crença no potencial de um indivíduo ou de um grupo
 à crença na transformação em um curto espaço de tempo
 ao estabelecimento de uma relação aonde a autoridade é
substituída pela empatia, aonde a realidade prevalece sobre o
passado longínquo a um ambiente facilitador de mudança e de
evolução pessoal (grupo, trabalho nas comunidades).
4 - O ACONSELHAMENTO BÍBLICO
Segunda a "Associação Americana de Psicologia Nouthetic”, instituição
que é dedicada ao avanço de Psicologia baseada na Bíblia, acredita que o
conselheiro cristão, por definição, é alguém comprometido com o Velho e
Novo Testamento como a única regra autorizada de fé e prática.
A palavra “nouthetic” vem da palavra grega “nouthesia” que é traduzida
por "conselho", "admoestação", "exortação", e de vários outros modos
nas Escrituras do Novo Testamento. É uma das palavras Bíblicas para
aconselhamento pastoral, e está incluído no título desta organização para
indicar o compromisso e sua responsabilidade baseados completamente
no aconselhamento voltados para a Escritura como a única regra de fé e
prática".
1
1
No livro “Treinamento em Aconselhamento Bíblico e Discipulado em
Profundidade”. Basicamente o aconselhamento pode ser definido nos três
itens abaixo:
1. Discernir o pensamento e comportamento que Deus quer mudar;
2. Usar a Palavra de Deus para mudar o pensamento e o
comportamento;
3. Alvo: Para a glória de Deus e para o benefício do aconselhado.
(Atos 20:31)
Numa definição teológica, podemos atribuir a palavra aconselhar em três
pontos importantes para a prática cristã:
1. Ajudar a corrigir os erros bíblicos nas motivações, e
comportamento de alguém em sua relação com Deus, seu próximo e
consigo própria, de modo que, pêlo processo de continua transformação
bíblica seja capacitada a se despojar dos velhos hábitos e padrões
pecaminosos do velho homem e possa se revestir dos hábitos do novo
homem, que é chamado a seguir nos passos de Jesus, tendo como alvo
se parecer com Jesus em sua vida humana terrena, ou seja, atingir a
plena maturidade em Cristo.
2. Dizendo isso em outras palavras, seria, ajudar a pessoa a trocar o
seu ponto de vista humano e antropocêntrico, pelo ponto de vista de
Deus, que no seu aspecto soberano é Teocêntrico e em seu aspecto
redentivo é Cristocêntrico, e em seu aspecto de santificação progressiva
é pneumatocêntico, tendo como ponto de partida a conversão espiritual
ou novo nascimento, onde a pessoa é capacitada a mudar foco de sua
vida de si mesmo para Deus e Sua Vontade.
3. Portanto aconselhar é, primeiramente, anunciar a Cristo como o
único que pode trazer redenção permanente da causa básica de todos os
problemas: o pecado e seus ídolos; Uma vez salvo, tendo em vista que,
somente a Palavra de Deus liberta da escravidão do pecado (João 8:32),
deve-se discipular em profundidade ao aconselhado, nascido de novo, no
sentido de que aprenda não só todos os ensinos de Cristo, mas
especialmente aprenda, que ser discípulo de Cristo, é antes de Tudo,
pertencer a Ele e a Seu reino de modo prioritário-incondicional e querer
imitar a sua vida de pureza e santidade.
O pastor José Laerton em sua tese de mestrado em aconselhamento
bíblico, 2000, cita baseado em uma apostila de “aconselhamento bíblico
e discipulado”, uma pirâmide como forma de mostrar os pontos
importantes no aconselhamento bíblico.
Vejamos:
1
2
CANON
EXEGESE
HERMENÊUTICA
TEOLOGIA BÍBLICA
TEOLOGIA SISTEMÁTICA
TEOLOGIA PRÁTICA
A pirâmide do aconselhamento Bíblico é uma forma gráfica de mostrar como se encara e se utiliza a Bíblia
no genuíno aconselhamento cristão. Tudo começa com o estabelecimento da autoridade epistemológica
que dará a matéria-prima do aconselhamento. A questão chave é: “Quem tem autoridade para dizer o que
realmente é a personalidade humana? Como ela funciona? Como corrigir seus problemas? Poderíamos,
também, afunilar estas perguntas, reduzindo-as a duas apenas: Quem tem a verdade para o
aconselhamento do homem: As ciências humanas, encarnadas na psiquiatria, psicologia, sociologia, etc.
ou a Bíblia. Por isso, a atitude que se têm em relação a Bíblia é que vai definir se o aconselhamento é
realmente bíblico ou não. De modo que, podemos afirmar com confiança, como diz do Dr. Bill Moore:
“Aconselhamento Bíblico não é mistura de Psicologia + Teologia”, ou seja, aconselhamento Bíblia é só
teologia.
Toda a pirâmide abaixo, iniciando com a atitude do aconselhamento para
com o cânon das escrituras, descreve o que se fazer com a Bíblia com se
aconselha alguém.
4.1 - CANON
O conselheiro bíblico deve ser alguém que crê no cânon bíblico, ou seja,
que a Bíblia, é tudo quanto um conselheiro precisa para aconselhar,
porém, isso só vai acontecer se ele crer, que a Bíblia é inspirada (a
autêntica Palavra de Deus), inerrante (sem erros de quaisquer espécie),
infalível (funciona como se propõe, sem jamais falhar), sempre relevante
(nunca se desatualiza), suficiente (tem toda a verdade para restaurar a
alma e conduzir uma vida a bem-aventurança), por isso tudo, é a
autoridade suprema, única e incontestável em matéria de fé e pratica.
4.2 - EXEGESE
Uma vez decido que a Bíblia é a autoridade final no aconselhamento
Bíblia, passa-se então a estudá-la para saber o que Deus está dizendo.
Para isso, começa-se com a exegese, ou o estudo do sentido original do
texto. Isso pode ser feito analisando as palavras nas línguas originais
1
3
(hebraico, aramaico e grego). Para quem não conhece essas línguas,
deve prover-se de boas e confiáveis traduções da Bíblia. Na exegese é
importante saber o sentido das palavras, suas formas e figuras de
linguagem, sua sintaxe e gramática, ou qual o sentido que aquela
palavra tem dentro da frase, do período e do contexto imediato.
4.3 - HERMENEUTICA
Depois de se definir o sentido original das palavras e frase para seus
leitores originais, devem-se fazer, o que nós poderíamos chama de
“ponte hermenêutica”, ou seja, tentar interpretar ou descobrir como
aquela verdade escrita no passado se aplica aos seus leitores
contemporâneos.
4.4 - TEOLOGIA BÍBLICA
Em seguida após, saber como a verdade escrita por Moisés,
primeiramente, para uma sociedade agro-pastoril antes de Cristo, se
aplica a avançada sociedade tecnológico dos dias atuais, o conselheiro
deve, fazer sintetizar a sua interpretação em uma ou mais declarações
doutrinárias, que definam bem o mandamento, princípio ou doutrina
reconhecimento naquele texto. Tal declaração, nós chamaríamos de
teologia bíblica.
4.5 - TEOLOGIA SISTEMÁTICA
Para que se tenha certeza, de que a declaração doutrinária extraída do
texto está em conformidade como o ensino geral da bíblia e portanto é
sã doutrina, deve-se agora, organizar as várias declarações doutrinárias
achadas em uma ordem lógica e então, procurar ver onde as declarações
doutrinárias que achei, se encaixam no conjunto geral da teologia
sistemática.
4.6 - TEOLOGIA PRATICA
Finalmente, após tem descobertoo que significava meu texto para os
leitores originais e para os leitores modernos, ter extraído as declarações
doutrinárias e organizado as mesmas de forma a fazer uma unidade que
se encaixa bem na teologia sistemática, que é reconhecida como a sã
doutrina, o conselheiro, passa a extrair de tudo isso, os princípios,
métodos e formas de se por em prática aquilo que foi descoberto ser a
vontade de Deus, no caso que estamos estudando.
Como vimos a pirâmide teológica é vital para que o aconselhamento
ser real-mente bíblico. Vimos também, que requer muito esforço e
trabalho junto as Escrituras, para alguém querer se tornar um
conselheiro Cristão. Não é preciso ser um especialista, formado em uma
1
4
faculdade, porém, é necessário que seja um bereano, ou como Paulo
disse: “um obreiro aprovado, que não tem do que se envergonhar” e que
“maneja bem a Palavra da verdade” (II Tm 2:15).
4.7 - CAMPOS DE APLICAÇÃO
Existem vários programas de aconselhamento e todos privilegiam uma
abordagem por situação e não uma abordagem pela a problemática
individual profunda (do ponto de vista psicológico ou psicopatológico).
Trata-se de serviços, de acompanhamento ou de apoio as pessoas
confrontadas a uma situação difícil, como :
 Uma doença grave (ex. : cancer, infecção pelo HIV, etc.);
 Um acidente;
 A perda de um próximo;
 Um estupro;
 A tortura;
 O álcool ;
 A toxicomania ;
 O suicídio;
 O incesto;
 O terrorismo ;
 A violência doméstica;
 A educação para a saúde;
 Falsa religião e falso cristianismo;
 Dentre outras situações.
5 - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ACONSELHAMENTO
Uma observação muito importante é que toda pessoa que se dispõe para
aconselhar cristãos deve antes de tudo ter uma vida de oração e devoção
a Deus. O setor ou departamento de aconselhamento da igreja deve,
antes de tudo, levar em conta algumas considerações importantes:
. Estar com os objetivos firmados, ou seja, o que realmente pretendemos
com o aconselhamento;
. Todos devem participar ativamente em conjunto para cumprir com o
objetivo do aconselhamento. O pastor não deve aconselhar dirigindo toda
a atenção para ele, desmerecendo os outros conselheiros que possam
existir, ou com ciúmes de que uma outra pessoa esteja fazendo um
trabalho mais dedicado que o seu;
. Respeitar todos que procuram o serviço de aconselhamento.
Independente da cor, raça, sexo, idade, profissão, ambos merecem toda
a atenção disponível e por igual. Quando falo igual significa que não
devemos ter algum preferido, pois sabemos que com alguns somos mais
1
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maleáveis e mais compreensivos do que com outros, porém devemos
fazer o possível para que isto não transpareça.
Estas são algumas considerações muito importantes a serem seguidas no
âmbito do aconselhamento cristão.
6 - A IMPORTÂNCIA DO ACONSELHAMENTO
Atualmente com a mídia, a globalização, os modelos impostos pela
sociedade, onde a cada dia um estereótipo diferenciado e falho, onde
muitos acreditam que seja bom, é seguido pela maioria. As pessoas
perdem com toda afobação do dia a alegria e o prazer de viver. Vivem
somente para o trabalho e para o enriquecimento financeiro, esquecendo
que a atenção, o carinho, o afeto, e a alegria, são extremamente
importantes na vida do ser humano. Fomos feitos por Deus com a
belíssima capacidade de sentir, de pensar e de amar. Ficamos tristes,
alegres, somos bons em determinados momentos e falhamos às vezes
até demais, porém o homem a cada dia vai se afundando na lama, e não
percebe que sua vida psíquica está de mal a pior. Estar na lama pode ser
uma realidade que o ser humano às vezes pode experimentar,
dependendo da vida que leva, ou de fatores que fogem ao seu controle,
porém acostumar a viver na lama, esta não deve a característica em
hipótese alguma do ser humano cristão. Daí a importância do
aconselhamento, por que é nessas horas que o pastor deve entrar em
ação para tentar mudar este ser humano da inércia, e levá-lo à
transformação do entendimento. Richard Baxter um grande pregador
inglês disse certa vez que “o pastor não deve ser somente um pregador
de púlpito, mas deve ser conhecido também como conselheiro de almas,
assim como o médico o é para o corpo”. O pastor deve entender que o
conselho, a orientação, a indicação do caminho a ser seguido, será em
muitas vezes dados por ele. Ele é quem esta na direção do rebanho. O
Senhor exige dele uma preocupação e uma responsabilidade para com as
suas ovelhas. O pastor também deve entender que ele não é o todo
poderoso, antes com humildade deve pedir a Deus sempre em oração
para lhe dar entendimento e sabedoria para saber guiar o rebanho.
Assim como a ovelha precisa ouvir do pastor a orientação, este também
deve ter um ponto de contato direto com Deus para ouvir o que deve
ouvir e aprender.
O estabelecimento do pastor conselheiro foi dado por Deus em Isaías
40:11 quando diz “Como pastor apascentará o seu rebanho, nos seus
braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que
amamentam, ele guiará mansamente”. Em Ezequiel 34:16 vemos
também outra função do pastor que é “a perdida buscarei, a desgarrada
tornarei a trazer, a quebrada ligarei e a enferma fortalecerei”. Quão
1
6
importante é a função de conselheiro. Nunca na história do ser humano o
povo precisou tanto de ser orientado como nos nossos dias atuais.
Regras e mais regras são criadas, conceitos e mais conceitos são
estabelecidos e muitos desses fogem totalmente a orientação e ao que
diz respeito à palavra de Deus. Cristãos pedindo ajuda a macumbeiros,
espíritas, idólatras, pessoas que não têm nada de Deus, e é lamentoso
dizer que muitos procuram profissionais da saúde que não sejam cristãos
dando preferência ao mundo, enriquecendo pessoas que estão longe de
Deus, se esquecendo que existem pessoas sérias, compromissadas com
Deus que também atuam na área da saúde. Não seja um desses,
valorize o profissional cristão que você conheça. Valorize a sua vida.
Valorize seu pastor que está disposto para lhe ajudar nesta área
também. Que o Senhor lhe abençoe nesta nova jornada a ser seguida da
sua vida.
7 – METAS PARA O ACONSELHAMENTO PASTORAL
As metas no aconselhamento variam de acordo com cada aconselhado.
Paul Holf em seu livro “O pastor como conselheiro” cita algumas metas
que descreveremos resumidamente a seguir:
. Diminuir as emoções destrutivas, tais como a ansiedade, hostilidade,
ira ou angustia;
. Fazer com que o aconselhado se conscientize de seu problema e utilize
os seus próprios recursos com ajuda do conselheiro para enfrentar o
problema;
. Fazer com que a pessoa possa entender o problema que está vivendo,
de maneira que consiga visualizar o porque daquilo tudo. Deve levá-lo a
conhecer seus pontos fracos, seu orgulho, seus limites e se auto-
valorizar;
. Desenvolver no aconselhado a aceitação e que ele possa assumir as
suas responsabilidades sem desculpas e culpar os outros pelos seus
problemas;
. Ajudá-lo a desenvolver a sua relação com o próximo, enfrentando a
culpa, desenvolvendo a capacidade de amar e perdoar o semelhante;
. Ajudar o aconselhado a quebrar regras que estão atrapalhando a sua
convivência diária;
. Ajudar o aconselhado a buscar no Senhor, lendo mais a palavra de
Deus, para que possa conhecer mais a vontade do altíssimo;
. Ajudar o aconselhado a desenvolver uma perspectiva realista das
coisas. Não fantasiando uma situação que não está acontecendo de fato.
Enfrentando as desilusões na vida e aprendendo baseado no que já viveu
a tomar as decisões sem precipitações;
. Ajudar o aconselhado a desenvolver a sua fé no Senhor; confiando e
acreditando na operação sobrenatural de Deus;
1
7
. O conselheiro deve sanar dúvidas concernentes à palavra de Deus.
Principalmente concernente à salvação. Deve lembrar o aconselhado as
características essenciais que todo salvo em Cristo Jesus deve possuir;
. Ajudar o aconselhado a crescer no conhecimento, maturidade no
serviço da obra de Deus.
8 – REQUISITOS PARA SER UM BOM CONSELHEIRO
Sabemos que não é fácil ser conselheiro nos dias atuais. Porém algumas
características são essenciaispara que haja o respeito e consideração
para com o conselheiro. Ele deve desenvolver as seguintes
características para atuação neste trabalho:
. Deve ser educado, tratar bem as pessoas, e uma pessoa de fácil
acesso. Uma pessoa de boa índole e que se mostra interessado em
ajudar o próximo;
. Deve ser uma pessoa sensível às necessidades alheias, entender e
compreender os anseios, desejos e problemas das pessoas que o procura
para um conselho;
. Ele deve respeitar o aconselhado com sendo uma pessoa que necessita
de ajuda e não mais um caso para solucionar;
. Deve entender aos motivos da natureza humana, sendo um leitor
dedicado tanto da palavra de Deus, quanto de livros que tratam do
assunto relacionado a cada caso que esteja aconselhando, entendendo
que sempre terá algo mais a aprender, nunca confiar na sua capacidade
achando que já domina o assunto;
. Deve compreender as suas próprias limitações, sabendo até onde tem
capacidade de ajudar o próximo e reconhecendo que, caso o
aconselhando não apresente melhorias encaminhá-lo para um
profissional específico;
. Deve sempre estar refletindo sobre a sua conduta diária; sua vida
íntima; particular; familiar; para que consiga se compreender melhor e
tenha condições de ajudar o próximo. Só podemos ajudar a outro se
estivermos bem, “um cego não pode guiar outro cego”.
Essas são apenas alguns requisitos para um bom conselheiro. Com o
tempo a experiência irá lhe ensinar muito mais.
ADENDO 1
EXEMPLOS DE MÉTODOS DE ORIENTAÇÃO, ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO E PSICOTERAPIA
MÉTODOS ENTRADOS NO
CONTEXTO SÓCLO-
CULTURAL
MÉTODOS CENTRADOS NO CONTEXTO
PESSOAL
MÉTODOS MISTOS E
MÉTODOS CENTRADOS NO
PROBLEMA
□□Informação - □□Psicanálise e técnicas □□Terapia médica ou
orientação analiticamente orientadas somática
□□Persuasão □□Técnicas de reorganização cognitiva □□Fisiocultura e esportes
□□Manipulação ambiental □□Técnicas de crescimento pessoal e □□Técnicas sugestivas e
□□Aproveitamento de autodeterminação hipnóticas □□Arteterapia
interesses e recursos □□Técnicas suportivas ou de □□Ludoterapia
pessoais e ambientais tranquilização □□Terapia gestáltica □□Biblioterapia
□□Terapia ocupacional □□Terapia biofuncional e bioenergética □□Semântica
□□Socioterapia □□Psicodrama □□Modificação do
□□Comunidades □□Análise transacional comportamento
terapêuticas e vivenciais; □□Terapia primal □□Fé, misticismo,
processos de grupo □□Psicobiologia parapsicologia e áreas
□□Logoterapia correlatas
□□Existencialismo □□Processos de grupo
Quadro 1
18
TRABALHOS A SEREM DESENVOLVIDOS:
1 - Fazer uma pesquisa na Internet, livros, etc..., e elaborar um texto
descritivo, contendo: Criador, objetivos, método de trabalho, conceito;
das psicoterapias abaixo.
. Terapia Cognitivo-comportamental
. Terapia Interpessoal
. Terapia Comportamental;
. Terapia Psicanalítica;
. Terapia Centrada na Pessoa;
. Terapia Sistêmica;
. Terapia Gestalt.
Exemplo de texto descritivo:
“A psicoterapia Comportamental fundada no ano de xxxx, por xxxxxx,
que visa atuar xxxxx, descrevendo xxxxxx, etc.... Já a Terapia Cognitivo-
Comportamental, foi fundada no ano de xxx e seu método de trabalho se
baseia xxxxxx. A psicanálise criada por xxxxx, no ano de xxxx, quando
descobriu que seus pacientes xxxxxxxx, xxxxx. No ano de xxxxx o
médico xxxx utilizando-se de uma técnica xxxxx”.
2 - Busque novas fontes e descreva com no mínimo 1 página o conceito
das seguintes palavras: aconselhar/aconselhamento, terapia,
orientar/orientação.
3 - Faça um resumo bem elaborado, ou seja, com início, meio e fim do
item 1.2 “Orientar, Aconselhamento e Psicoterapia”.
4 - Como você entende, a partir do estudo deste primeiro módulo o
aconselhamento com base psicológica. Descreva com suas palavras o
que a psicologia tem a contribuir para o aconselhamento.
5 - Elabore uma resenha com no mínimo duas páginas do texto:
Aconselhamento Pastoral.
6 - Destaque as linhas que demarcam a orientação, aconselhamento e
psicoterapia segundo os autores citados no texto.
7 – Ler o texto aconselhamento telefônico e descrever os pontos
essenciais que permeiam essa prática.
Aconselhamento em Casos de Dependência Química parte 2
Leitura 1
CONTEXTUALIZAÇÃO DAS DROGAS NA ADOLESCÊNCIA
Evidências clínicas:
Fatores de risco e proteção para uso de drogas na
adolescência:
Diversos estudos foram realizados na tentativa de determinar fatores de
risco e de proteção com relação ao uso de drogas na adolescência.
Sussman e colaboradores8 evidenciaram, como fatores de risco, ser do
sexo masculino, fumar, ter inabilidade de lidar com a raiva e
apresentar depressão. Outro achado desse estudo foi que o adolescente
que não mora com um dos pais tem mais risco de usar drogas. Em
revisão realizada por Simkin9 sobre o tema, encontrou-se como fatores
de risco: 1) cultural e social: permissividade social, disponibilidade de
droga, extrema privação econômica e morar em favela 2) interpessoal:
a) na infância – família com conduta álcool e droga relacionadas, pobre e
inconsistente manejo familiar, personalidade dos pais e abuso físico b)
na adolescência – conflitos familiares e ou sexual, eventos estressantes
(como mudança de casa e escola), rejeição dos seus pares na escola ou
outros contextos, associação com amigos usuários. 3)
Psicocomportamental: precoce e persistente problema de conduta,
fracasso escolar, vínculo frágil com a escola, comprometimento
ocupacional, personalidade antisocial, psicopatologia (Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade, depressão e transtorno de conduta,
ou ansiedade nas mulheres), atitudes favoráveis para drogas, inabilidade
de esperar gratificação 4) Biogenético: genealogia positiva para
dependência química e vulnerabilidade psicofisiológica ao efeito de
drogas. Em contrapartida, o estudo descreve alguns fatores de proteção:
ambiente estável, alto grau de motivação, forte vínculo pais-criança,
supervisão parental e disciplina consistentes, ligação com instituições
pró-sociais e associação com amigos não usuários. Outro achado
relatado foi que o tratamento precoce do THDA reduz em 85% o
envolvimento com drogas.
Brown10 enfatiza que o exercício de colocação de limites por parte dos
pais, o monitoramento familiar e ter uma refeição diária junto com os
filhos funciona também como fator de proteção. Além desses, afirma que
a religiosidade praticada e o trabalho comunitário seriam fatores de
proteção familiar.
Miles11, ao estudar a relação do uso de drogas na adolescência com
características dos pais, percebeu que apenas um terço deles
apareceram para a entrevista. O número de casais (pais) que tinham
relacionamento informal (61% dos dependentes químicos versus 7% dos
não dependentes), problemas com o álcool, drogas ilícitas e transtorno
de personalidade antisocial era superior aos dos controles. As mães
apresentavam maior prevalência de tabagismo, alcoolismo e uso de
cocaína. Nessa mesma linha, Bensley12 acrescenta que adolescentes com
história de abuso físico ou sexual na infância têm 2.8 vezes mais chance
de uso leve ou moderado de drogas na adolescência e 3.4 de uso
pesado. Crianças que sofreram abuso físico ou sexual na infância têm
12.2 vezes mais chance de experimentar maconha ou usar álcool antes
dos 10 anos. Ademais, quanto mais precoce o abuso do álcool ou drogas,
mais estaria relacionado com abuso físico ou sexual na infância.
Newcomb13 demonstrou ainda que, quanto maior o número de fatores de
proteção, menor será o consumo de drogas pelos adolescentes, e, caso
inverso, quanto maior o número de fatores de risco, maior a prevalência
de consumo.
Estudos Prospectivos
Entre tantos estudos que envolveram a busca da etiologia da
dependência química, destacaram-se aqueles que partiram de amostras
de crianças e as estudaram por décadas, na esperança de identificar
diferenças (e semelhanças) entre aquelas que foram desenvolvendo
alcoolismo e as que não o foram14.
Dentre os estudos prospectivos, dois deles serão privilegiados nesta
revisão, devido às suas qualidades metodológicas. McCord e McCord15
foram capazes de localizar, durantequase 30 anos, 255 dos 325 meninos
estudados. Esses "meninos", ao final do estudo, estavam com idades
entre 30 e 35 anos. Eles demonstraram que os futuros alcoolistas foram,
na infância, mais autoconfiantes, menos perturbados por medos normais,
mais agressivos, hiperativos e heterossexuais que os que não
desenvolveram alcoolismo.
Talvez o mais interessante e discutido dos estudos prospectivos seja o de
Vaillant16, que escreveu o livro A História Natural do Alcoolismo, por
possuir amostra e seguimento maiores. Este autor e seus colaboradores
acompanharam sua amostra de 660 indivíduos, procedentes de duas
subamostras (de 204 e 456 meninos, respectivamente) por mais de 50
anos. Após todo este tempo, ele dispõe de dados de 559 "meninos".
Com relação à teoria da oralidade, Vaillant17 descreve que "não há mais
oralidade entre crianças que serão abusadoras de álcool, comparadas
com as demais. Entretanto, existe mais oralidade entre alcoolistas que
nos grupos controles, ou seja, a oralidade vem com o alcoolismo em vez
de precedê-lo". Vaillant16, 18 também estudou o impacto da figura da mãe
nos meninos de sua amostra. Concluiu que "mães que proporcionaram
cuidados inadequados não aumentaram a chance de ter filhos alcoolistas,
e, mais, que mães que proveram relações calorosas não tiveram menos
alcoolismo do que as demais na prole. Tais achados contrastam com os
relativos à figura paterna, pois claramente uma relação calorosa com o
pai foi capaz de gerar menos alcoolismo, e, inversamente, foi marcante a
prevalência de abuso alcoólico entre aqueles que tiveram má relação
com o pai". Para este autor, seria maior o fator protetor de boas relações
na infância do que etiogênica a presença de fatos traumáticos. A
hereditariedade, a etnicidade (ser latino) e a presença de
comportamentos anti-sociais na infância foram os fatores mais
associados ao futuro alcoolista, na amostra estudada por Vaillant.
Psicodinâmica do adolescente envolvido com drogas:
Sabe-se que, ao passar para a adolescência, o jovem experimenta uma
mudança tanto fisiológica quanto psicológica. Ao lado das modificações
em seu corpo, também surgem transformações nas suas percepções em
relação a si próprio e aos outros. Ele passa, então, por um período de
maior fragilidade egóica. O resultado é uma volta narcísica para o seu
mundo interno, com questionamentos sobre os pais, as instituições e a
sociedade. Esta volta narcísica provoca uma série de ansiedades naturais
do período, como as da identidade pessoal, as depressivas, pela perda da
identidade infantil, e até paranóides, devido à luta interna que passa a
travar em busca desse novo conhecimento. Concomitantemente, há a
formação de novos grupos, mas é também um período de isolamento,
em que o jovem busca compreender as mudanças pelas quais está
passando.
De forma ampla, o entendimento psicodinâmico dos adolescentes tem
sido um desafio para os profissionais da saúde mental. Torna-se ainda
mais complexa a compreensão daqueles que utilizam substâncias
psicoativas. São escassos os estudos nessa área, e poucos autores
arriscaram-se a aprofundar esse tema. No Brasil, por exemplo, a Revista
Brasileira de Psicanálise, nos últimos 30 anos, nada publicou sobre a
matéria.
Várias teorias psicodinâmicas sobre a gênese desta condição já foram
desenvolvidas: teoria das gratificações narcísicas, teoria da oralidade,
teoria das relações maníacas e teoria das perversões. Rosenfeld19
concluiu que havia um consenso entre a maioria dos autores da época
que em ambos (uso de drogas e alcoolismo) havia "uma importância dos
aspectos orais, mania, depressão, impulsos destrutivos e auto-
destrutivos e perversão, tais como a homossexualidade e o
sadomasoquismo". No entanto, desde então, os autores centraram-se
em outros pontos que pensam ser mais relevantes. Para este trabalho
foram selecionados os trabalhos daqueles autores de reconhecida
reputação e com maior número de publicações na área da dependência
química. Algumas dessas teorias serão comentadas ou complementadas
com comentários ou vinhetas clínicas dos autores deste artigo.
Atualmente, a maioria dos autores concorda que o envolvimento com
substâncias psicoativas implica uma relação narcisística. Clark20, mesmo
em 1919, já sublinhava a importância das regressões profundas no
alcoolismo, tais como as identificações primárias com a mãe, combinadas
ao intenso auto-amor (narcisismo); Kielholz21 incluiu o alcoolismo como
uma neurose narcísica. Rosenfeld21 refere que os dependentes seriam
portadores de inveja primária do seio materno, o que levou a paciente
que ilustra seu trabalho a precocemente preterir o seio em favor de seu
próprio polegar. A droga, nesta perspectiva, seria um substituto deste
polegar.
Apesar de inúmeros autores, além dos já citados, no início do século
vinte, terem elaborado algumas teorias sobre a dependência química de
adultos, a maioria dos artigos que se referem a adolescentes sugiram a
partir da década de 70. Ainda assim, é válido ressaltar que algumas das
teorias abaixo relatadas também foram desenvolvidas na análise de
casos de adultos.
Kohut22, 23 investigou jovens dependentes e concluiu que eles carecem de
um objeto bom interiorizado. As funções paterna e materna encontram-
se comprometidas. A personalidade encontra-se privada de coesão, como
se faltasse a imagem idealizada do pai e a empatia da mãe. Nesse
contexto, as drogas transformariam a realidade ansiogênica em neutra,
reforçando nos usuários a sua onipotência. "É o triunfo da negação".
Segundo ele, a função da terapia seria proporcionar uma gradual
identificação e introjeção de elementos bons pelo paciente, com o
estabelecimento de uma forte aliança terapêutica.
Entretanto, o vínculo inicial com os dependentes químicos é
extremamente frágil e, devido a essa negação e onipotência, é
importante cativá-los, evitando confrontações ou posturas que possam
ser interpretadas como autoritárias ou preconceituosas.
Krystal24 também fez importantes contribuições nesse campo. Ele
descreve que a realidade psíquica do dependente de drogas é dominada
por uma forte experiência de ambivalência na relação com a imagem da
mãe, posteriormente estendida à droga e a outras pessoas do seu círculo
de relações, incluindo o terapeuta. Ele diz: "ao mesmo tempo que o
adicto clama pelo amor objetal da mãe, ele o despreza" e relaciona isso
ao fim do efeito da droga, uma vez que, além da garantia do prazer
(aproximação da mãe), o usuário também tem a garantia do pós-efeito
(distanciamento). Não deixa de ser um controle onipotente do objeto. Ele
ainda acrescenta que muitos usuários de drogas apresentam uma certa
alexitimia (incapacidade de expressar os seus sentimentos), como se
houvesse uma economia dos afetos e de sua não representação.
Uma completa união com o objeto parece ser ameaçadora, uma vez que
o caráter ambivalente da relação significa que ele está contaminado com
intenso ódio, inveja e medo de ser ferido, uma visão compartilhada com
outros autores como Kernberg25. Como conseqüência da ambivalência, a
criança não é capaz de introjetar a imagem da mãe, o que leva a uma
falta das funções de auto-cuidado, comum nos adictos. Soma-se a isso
um sentimento de insegurança e dependência.
Khantzian26, um dos autores mais produtivos dessa área, postula que
indivíduos dependentes de drogas apresentam uma predisposição ao uso
e a se tornarem dependentes, principalmente devido a um severo
prejuízo do ego e distúrbios do senso do self, envolvendo dificuldades
com instintos, affect defense, auto-cuidados, dependência e necessidade
de satisfação. As enormes e persistentes dificuldades dos dependentes
de heroína chamaram, desde muito cedo, a atenção do autor,
principalmente no que diz respeito aos sentimentos e impulsos
associados à agressão. A maneira drástica como a heroína aliviava os
sentimentos disfóricos de raiva e desassossego foi um ponto comum
encontrado nas observações clínicas do pesquisador, levando-o a
acreditar que o uso da droga poderia ser visto como uma maneira de
auto-medicação, sua hipótesemais conhecida. Segundo essa teoria, os
efeitos psicoativos específicos de cada droga interagem com os
transtornos psiquiátricos e estados afetivos dolorosos.
Ilustra esse ponto o relato de um paciente, jovem de dezenove anos,
com uma história de cinco anos de abuso de cocaína, que relatou,
durante a entrevista inicial, uma persistente sensação de dificuldade de
socialização, baixa auto-estima, iniciadas no início da adolescência.
Contou que com a cocaína passara a sentir-se mais "solto", com mais
energia para fazer suas atividades diárias e menos preocupado com a
opinião ou julgamento dos outros em relação a si.
Olievenstein27 chama a atenção para o problema da falta. Para esses
autores, talvez mais importante do que o prazer narcísico propiciado
pelas drogas, estaria um sentimento de falta, geralmente aliviado por
elas. As mães não suficientemente boas (Winnicott27) gerariam um
estado de crônica falta. Uma falta oceânica e jamais saciável. Desta
ótica, o depender de drogas seria o resultado do deslocamento deste
sentimento de falta para uma "coisa", com a notória vantagem de esta
ser alcançável em qualquer esquina do mundo14.
David Rosenfeld28, concordando com Khantzian, observa diversas
estruturas psicopatológicas comuns na drogadição, com sua própria
dinâmica inconsciente e psicogênese infantil, em que cada indivíduo
procura a droga por um determinado motivo. Certos pacientes não têm
noção de perigo, pelo comprometimento dos processos de introjeção dos
objetos parentais e sentem o seu mundo interno esvaziado e sem vida.
Constantes condutas de risco podem ser entendidas, então, como fruto
da necessidade de sentirem-se vivos.
Um adolescente de dezessete anos, usuário de múltiplas drogas desde os
seus 11 anos, referia uma história de abandono pelos pais na infância,
tendo sido criado pela avó materna, junto com seus três irmãos. Desde
cedo, envolveu-se em furtos e roubos. O jovem descrevia sentimentos
crônicos de vazio interno e descontrole de impulsos. Contou que obtinha
prazer nas situações de alto risco de vida. De forma impressionante,
após uma overdose de cocaína, dizia sentir-se mais vivo.
Outra autora que fala sobre a relação da droga com os estados afetivos é
Joyce Mc Dougall29. Ela coloca o comportamento adictivo como uma
solução à intolerância afetiva. O objeto de adição seria experimentado
como essencialmente bom, um objeto idealizado, com uma promessa de
prazer e capaz de resolver magicamente as angústias e os sentimentos
de morte interna. A solução adictiva teria origem principalmente na
relação mãe-bebê, quando a mãe sente-se fusionada ao bebê e cria uma
relação de dependência do bebê à sua presença. Isso dificultaria que a
criança constituísse em seu mundo interno as representações maternas
e, mais tarde, paterna cuidadoras, capazes de conter e manejar seus
estados de sofrimento psíquico. A falta de objetos internos de
identificação para aliviar por si mesmo seus estados de tensão psíquica
ocasionaria mais tarde uma busca no mundo externo de algo que
substituísse a mãe, como a droga. O objeto adictivo seria então um
objeto transitório, como postula a autora, e não transicional, uma vez
que resolveria momentaneamente a tensão psíquica através de solução
somática e não psicológica.
Quanto às questões técnicas, diversos autores descrevem que a
contratransferência com o dependente químico é semelhante àquela que
se experimenta com pacientes psicóticos, provocando reações de intensa
frustração, ódio ou desesperança, devido às freqüentes recaídas. Alguns
pacientes podem ter a necessidade de serem hospitalizados várias vezes
antes de alcançarem a abstinência.
Imhof30 refere que esses pacientes fazem com que o psicanalista, muitas
vezes, cumpra uma função de um objeto inanimado, ou seja, uma droga.
"O perigo que o psicanalista corre é começar a funcionar como um objeto
não humano, respondendo ao que foi transferido". É muito sutil a forma
com que o paciente vai transformando o analista em um objeto
inanimado, a ser usado nos momentos de necessidade. Ele explica que é
importante que o terapeuta perceba esse tipo de relação para poder
revertê-la.
Uma moça de 22 anos, com uma história de 7 anos de uso de maconha e
cocaína, costumava procurar o seu terapeuta somente após o uso de
drogas. Solicitava sessões extras e, quando isso não era possível,
propunha um encontro rápido, mesmo que fosse nos intervalos de 10
minutos entre as sessões, para poder desabafar, e no dia da sessão não
comparecia.
Nesses casos, o terapeuta deve cuidar para não se comprometer com o
superego dos pais, tampouco assumir uma posição maternal de extremo
zelo e preocupação31. Ele deve estar ciente de que as interpretações
podem ser desvalorizadas, o que, freqüentemente, pode despertar
contra-atitudes negativas do terapeuta. Os desafios e agressões impõem
ao terapeuta uma atitude de abstenção de toda contra-agressão.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TERAPÊUTICAS
Historicamente, as abordagens psicoterapêuticas utilizadas com usuários
de drogas têm sido um reflexo das modalidades mais proeminentes, em
cada época particular, aplicadas para os outros transtornos mentais. A
técnica psicanalítica clássica já foi indicada, há algumas décadas, como o
tratamento de escolha para esses pacientes. Contudo, esse modelo
terapêutico isoladamente demonstrou resultados desanimadores. Este
fato tem sido atribuído à falta de ênfase no controle dos sintomas
relacionados ao uso da droga e pelo foco mais dirigido aos aspectos
psicodinâmicos, em detrimento dos aspectos biológicos e sociais. Ilustra
essa dificuldade, como Ramos32 demonstrou, o ocorrido com Anna O., a
primeira paciente da história da psicanálise. Breuer tratou-a,
subestimando os efeitos do consumo de hidrato de cloral e morfina
praticados pela paciente. Com isso, duas semanas após ter dado-lhe alta,
a paciente precisou ser hospitalizada novamente.
A clássica neutralidade analítica e as interpretações tendem a ser
geradores de ansiedade, desencadeando recaídas33. Entretanto, um
número de diferentes intervenções de "orientação psicodinâmica" já foi
desenvolvido, tais como intervenção em crise, terapia suportiva e
psicoterapia expressiva, e algumas delas já foram testadas em
dependentes químicos com resultados semelhantes aos de outras
técnicas cognitivo-comportamentais, psicosociais, grupos de auto-ajuda
e em forma de aconselhamento34, 35. Outros estudos mostram ainda que,
a longo prazo, a psicoterapia psicodinâmica provou ser mais efetiva do
que o aconselhamento35.
Devido às inúmeras razões relacionadas ao melhor entendimento do
paciente e ao vínculo com o terapeuta, a perspectiva psicodinâmica
torna-se uma ferramenta muito útil na conceitualização dos dependentes
químicos, ajudando na formulação das estratégias comportamentais
efetivas e no aprofundamento da qualidade da recuperação desses
pacientes. Sabe-se também que os distúrbios emocionais e interpessoais,
abordados nas terapias psicodinâmicas, são importantes precipitantes de
"fissuras" e recaídas. O manejo desses aspectos é extremamente
relevante para a prevenção destas recaídas36.
Entretanto, a maioria dos estudiosos dessa área alega que os
dependentes químicos devem estar estabilizados em relação à sua
abstinência das drogas37 ou, pelo menos, no estágio de mudança de
ação38, para poderem beneficiar-se das abordagens psicodinâmicas.
Além disso, esses pacientes deverão ter uma percepção do sofrimento
intrapsíquico, um desejo pelo auto-conhecimento – mais que puramente
a remoção dos sintomas – e uma habilidade de atribuir parte do seu
sofrimento aos problemas internos29.
A eficácia da psicoterapia dinâmica para adolescentes dependentes
químicos ainda é um campo a ser melhor explorado, em relação aos
adultos39.
Um estudo interessante, realizado com dependentes químicos, avaliou o
desempenho dos terapeutas e suas variações, demonstrando que
terapeutas mais interessados e capazes de uma melhor aliança
terapêutica, bem como os que conseguiam prover uma relação mais
calorosa tinham melhores resultados40. A confidencialidadetambém
parece ser algo fundamental, que necessita ser discutida com os
pacientes adolescentes, uma vez que 25% dos pacientes relatam que
abandonariam o tratamento caso soubessem que o sigilo seria
rompido41.
A escolha da abordagem terapêutica está intrinsecamente ligada ao tipo
de paciente e à fase (ou estágio de mudança) do tratamento em que o
paciente se encontra. Sabe-se que qualquer tratamento, em dependência
química, é melhor que nenhum tratamento e que 10 anos após o Projeto
Match42, que comparou três tipos de tratamentos em um grande número
de alcoolistas (após 1 ano, os pacientes bebiam 75% menos dias e 80%
menos quantidade, mas apenas 35% estavam abstêmios), nenhum tipo
de tratamento para dependentes químicos consegue alcançar a
abstinência total em muito mais do que um terço dos pacientes, após um
ano de tratamento.
Considerando o acima exposto, Wurmser43 propõe um tratamento
seqüencial, no qual, em primeiro lugar, tentar-se-á fazer com que o
paciente se desintoxique. Quando possível, em regime ambulatorial, mas
sempre que necessário, com hospitalizações em unidades especializadas.
Durante este primeiro momento, todos os esforços deverão ser
engendrados para se fazer uma completa avaliação diagnóstica do
paciente e de sua família, bem como, através da utilização de técnicas
motivacionais, ajudar o paciente a aderir ao tratamento. É necessária
uma abordagem mais suportiva, não confrontativa e mais diretiva por
parte do terapeuta.
Utilizam-se também nessa fase, técnicas de grupo e de aconselhamento.
Uma vez o paciente desintoxicado, diagnosticado e motivado, as terapias
cognitivo-comportamentais já comprovaram sua eficácia na manutenção
da abstinência, que deve ser monitorada pela feitura de screenings de
drogas na urina duas vezes por semana. A maioria dos casos necessitará
permanecer em tratamento por um ano ou mais dentro desse referencial
terapêutico, até que reúna condições de estabilidade para um trabalho
orientado psicanaliticamente.
Se for constatada a presença de comorbidade, esta deve ser tratada da
forma mais conveniente, associando-se farmacoterapia à psicoterapia.
Da mesma forma, famílias disfuncionais deverão receber indicação de
terapia de família. As terapias seqüenciais, ou as combinadas, no
tratamento das dependências químicas, são vistas como uma estratégia
terapêutica44.
CONCLUSÃO
Através dessa revisão, pôde-se constatar a relevância do estudo do
envolvimento dos adolescentes com o uso de substâncias psicoativas,
assim como a abrangência desse assunto, tanto pela compreensão
teórica, quanto pela definição das abordagens terapêuticas.
Percebeu-se uma carência de trabalhos psicanalíticos nessa área, assim
como de pesquisas com os adolescentes usuários de drogas, sendo que
poucos autores arriscaram-se a tecer considerações terapêuticas e
aprofundar-se nesse tema.
Em relação às teorias psicanalíticas, o fato é que, sejam por atributos
maternos, por características do próprio indivíduo (constitucionais ou
não), ou sejam ainda por ambos, parece haver uma concordância, entre
os autores revisados, de que existiria fundamentalmente uma relação
narcísica objetal na qual a substância seria a fonte de prazer narcísico14.
É interessante notar que as contribuições dos psicanalistas citados
encontram suporte nos estudos prospectivos sobre fatores de risco e
proteção mencionados no início do artigo, estabelecendo uma relação
clara entre a vivência psíquica dos cuidados parentais e a função da
droga no contexto afetivo de cada paciente. As evidências clínicas
também indicam a hipótese de que o comprometimento de aspectos da
função paterna, que inclui o monitoramento e definição dos limites, pode
ser um fator preponderante para o desencadeamento e manutenção da
dependência química.
Pelo exposto neste trabalho, ainda ficou evidente que a tarefa de tratar
um adolescente envolvido com drogas é complexa, e as diferentes
escolas psicoterápicas têm apresentado resultados modestos, nenhuma
delas sendo capaz de atender os diferentes problemas impostos,
sugerindo-se tratamentos seqüenciais ou combinados.
Essa proposta é de difícil consecução e, muitas vezes, pode ser mais
indicado um trabalho com uma equipe de diferentes profissionais da área
da saúde, que possa tratar esses problemas em conjunto. Deve-se evitar
oferecer ao paciente o que "sei fazer", dispondo-lhe o tipo de tratamento
mais adequado naquele momento.
Assinala-se ser indicado, após um período sustentável de manutenção da
abstinência e quando o paciente desejar e puder, a subseqüente
psicoterapia de orientação analítica, ou mesmo psicanálise, para a
elaboração da relação simbiotizada e dos aspectos narcísicos rumo a uma
relação de objeto independente, mesmo que isso exija o
encaminhamento para um profissional especializado nessa técnica.
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Disciplina deAconselhamentodeDependência química parte3
Leitura 2
Tema o Abuso de Drogas
Antigos textos literários e religiosos mostram que, em todas as épocas
e lugares, os seres humanos deliberadamente usaram (e abusaram de)
substâncias capazes de modificar o funcionamento do sistema nervoso,
induzindo sensações corporais e estados psicológicos alterados.
Em seu livro " Uma História Íntima da Humanidade", Theodore Zeldin
afirma que "a fuga para dentro de estados alterados de consciência, para
a sedação ou a exaltação, foi uma ambição constante por toda a parte,
em todos os séculos. Não houve civilização que não procurasse fugir à
normalidade com a ajuda do álcool, tabaco, chá, café e plantas de todas
as espécies."
A busca por agentes modificadores das funções nervosas é considerado
por alguns autores, como Ronald Siegel, um impulso tão potente como
os impulsos que levam à satisfação de necessidades fisiológicas, podendo
mesmo suplantá-los. Segundo o referido autor:
"O nosso sistema nervoso está preparado para responder aos
intoxicantes químicos quase da mesma maneira que responde às
recompensas da alimentação, da satisfação da sede e do sexo. Através
de toda a nossa história como espécie, a intoxicação funcionou como os
impulsos básicos da sede, da fome ou do sexo, por vezes obscurecendo
todas as outras atividades. A intoxicação é o quarto impulso”.
Neste artigo, procuramos expor ao leitor os conhecimentos atuais sobre
o abuso de drogas, de uma maneira sucinta mas abrangente.
Particularmente, vamos examinar os seguintes tópicos.
Por que as pessoas usam drogas
Mas por quê os intoxicantes são tão procurados? Quais as razões que
levam as pessoas a utilizá-los?
A nosso ver podem ser enquadradas em quatro grupos básicos:
1. Para reduzir sentimentos desagradáveis de angústia e depressão.
Estes sentimentos seriam :
Gerais, decorrentes da própria condição humana. A angústia do ser
humano diante da vida foi muito bem descrita pelos filósofos da corrente
existencialista. Para eles o ser humano, sem saber porquê e para que, é
jogado no mundo hostil ou indiferente.
Durante sua vida o ser humano é permanentemente ameaçado pelo
aniquilamento, confrontado com o absurdo, tendo apenas uma certeza
em relação ao seu futuro - a sua inevitável morte, que ocorrerá em data
e condições desconhecidas. De acordo com os conceitos existencialistas
poderíamos, pois, definir a vida como uma aventura trágica, absurda e
ilógica, que sempre termina em morte.
Considerando a situação existencial do homem alguns autores afirmam
que não é de se estranhar que ele se angustie e sim que ele se angustie
tão pouco.
Específicas, próprias de cada indivíduo - originadas por experiências
traumáticas ou condições patológicas. Constituiriam exemplos o uso de
drogas por veteranos de guerras ou por pessoas com fobia social ou
depressão.
2. Para exaltar sensações corporais e provocar gratificações sensoriais de
natureza estética e, especialmente, eróticas. Dizem os usuários de
drogas que a música soa melhor, as cores são mais brilhantes e o
orgasmo se torna mais intenso, durante o uso de sua droga preferida.
3. Para aumentar rendimentos psicofísicos, reduzindo sensações
corporais desagradáveis, como dor, insônia, cansaço ou superando
necessidades fisiológicas como o sono e a fome. Durante o império Inca
a folha de coca era mascada por mensageiros e carregadores para
aumentar sua resistência e velocidade.
É freqüente o uso de anfetaminas por choferes de caminhão que desejam
encurtar a duração de suas viagem.
Um exemplo curioso foi o caso de um psicopata, visto por um de nós,
internado por intoxicação anfetamínica. Empregado de um traficante de
drogas, este rapaz passara a usar os anfetamínicos para permanecer
mais tempo acordado e poder vender mais drogas, ganhando assim o
reconhecimento de seu chefe.
Dores crônicas e insônia persistente constituem causas bem
reconhecidas de abuso de analgésicos e hipnóticos diversos.
4. Como meio de transcender as limitações do corpo e o jugo da espaço-
temporalidade, unindo-se à realidade por trás de todos os fenômenos ou,
mais limitadamente, a alguma entidade espiritual qualquer, capaz de
conferir-lhe, pelo menos temporariamente, poderes especiais.
São bem conhecidos os relatos de uso de cactos e fungos por diversas
nações indígenas, em ocasiões especiais, como uma forma de unir-se a
seus deuses ou antepassados. Também documentados estão o uso de
drogas pelos shamans durante suas atividades curativas e a ingestão de
álcool por médiuns possuidos por entidades espirituais nos rituais de
cultos afroamericanos. Comumente nestes casos o uso das drogas faz-se
somente em situações bem definidas, culturalmente aceitas e
reconhecidas, não comprometendo o desempenho social das pessoas.
Por outro lado, muitos usuários de drogas, como por exemplo alguns
hippies dos anos 60, procuraram em drogas diversas

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