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Passo Fundo 2017 MARCILÉIA DE MATOS DA (IM) POSSIBILIDADE DE CUMULAR OS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE Passo Fundo 2017 DA (IM) POSSIBILIDADE DE CUMULAR OS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera de Passo Fundo, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. Orientador: Camila Amâncio MARCILÉIA DE MATOS MARCILÉIA DE MATOS DA (IM) POSSIBILIDADE DE CUMULAR OS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera de Passo Fundo, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. Aprovado em: __/__/____ BANCA EXAMINADORA Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Dedico este trabalho ao meu pai Deoclides de Matos (in memoriam), por sempre ter acreditado na possibilidade da conquista dessa vitória. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente, a Deus, por ter me concedido força e saúde para esta longa caminhada. A minha família, por me ensinarem viver a vida com dignidade e humildade, além da inteira doação e apoio para que este sonho se tornasse realidade. Ao meu namorado, por toda paciência e apoio doados, por nunca me deixar desistir e por acreditar que eu seria capaz de superar mais este desafio. Aos professores desta faculdade, em especial à professora Mohara Franken de Freitas, por dividir comigo seus saberes e auxiliar de forma prestativa e acertada a realização deste estudo. Por fim, manifesto meus agradecimentos a todos meus amigos e companheiros de jornada, aos meus professores e a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para que se tornasse possível minha formação. A todos, muito obrigada! RESUMO A Constituição Federal de 1988 trouxe vários direitos trabalhistas positivados que se esbarram com alguns dispositivos elencados na CLT e Normas Regulamentadoras que complementam a Segurança e Medicina do Trabalho. O presente trabalho trata sobre a possibilidade de cumular os adicionais de insalubridade periculosidade. Embora o entendimento majoritário jurisprudencial seja de que a cumulação é vedada, há entendimento de que estes adicionais são passiveis de cumulação com base em argumentos de que existe em excepcionais situações, a possibilidade de cumular os adicionais à verba remuneratória dos trabalhadores que exercem profissões que, em decorrência da própria atividade acarretam riscos iminentes à vida e a saúde do trabalhador. Palavras-Chave: Direito do Trabalho; Adicionais; Insalubridade e Periculosidade; Cumulação. ABSTRACT The Federal Constitution of 1988 brought several positive labor rights that come up against some devices listed in the CLT and Regulatory Norms that complement Occupational Health and Safety. The present paper deals with the possibility of cumulating the additives of unhealthy hazard. Although the majority of the case-law is that cumulation is prohibited, there is an understanding that these additional amounts may be cumulated on the basis of arguments that there is in exceptional situations the possibility of adding the additional to the remuneration of workers in professions which, As a result of the activity itself entails imminent risks to the life and health of the worker. Keywords: Labour Law; Additional; Unhealthy and hazardous; Cumulation. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ART Artigo CF Constituição Federal CLT Consolidação das Leis do Trabalho EPI Equipamento de Proteção individual MTE Ministério do Trabalho e Emprego NR Norma Regulamentadora OIT Organização Internacional do Trabalho TCC Trabalho de Conclusão de Curso TST Tribunal Superior do Trabalho SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 09 2 HISTÓRIA, ORIGEM E EVOLUÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO....................11 2.1 HISTÓRIA E ORIGEM DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA..................................11 2.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO........................................................14 2.3 EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO EM SEGURANÇA DO TRABALHO...................28 3 DOS ADICIONAIS...................................................................................................21 3.1 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE......................................................................21 3.2 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE...................................................................24 3.3 ADICIONAL DE PENOSIDADE............................................................................27 4 A (IM) POSSBILIDADE DE CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE.................................................................29 4.1 CORRENTE MAJORITÁRIA................................................................................29 4.2 CORRENTE MINORITÁRIA.................................................................................31 4.3 ATUAL POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL.............................................35 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 39 6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 41 9 1. INTRODUÇÃO O presente TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) tem o objetivo apresentar a (in)admissibilidade da cumulação do adicional de insalubridade e periculosidade, quando o trabalhador executa atividade sob a incidência de agentes nocivos à saúde, bem como nos casos em que há risco acentuado do trabalho. O trabalho em condições insalubres expõe o empregado a uma situação de maior dano a saúde, sendo por esta razão o aumento da remuneração, através do pagamento do adicional de insalubridade. As condições de trabalho insalubres estão estabelecidas na Norma Regulamentadora (NR) nº 15, da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a qual elenca quais agentes químicos, físicos e biológicos são prejudiciais à saúde do trabalhador. No que lhe concerne, tem direito ao adicional de periculosidade, os obreiros que laborem em contato com inflamáveis, explosivos, eletricidade e radiação ionizante ou substancias radioativas. As atividades e operações perigosas encontram-se elencadas na NT nº 16 da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho e Emprego, sendo evidenciadas pelo contato constante com inflamáveis e explosivos. A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu artigo 7°, caput e incisos XXII e XXIII, que são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, a redução dos riscos inerentes do trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, bem como o adicional de remuneração de atividades insalubres e perigosas. O direito de o trabalhador perceber os adicionais de insalubridade e periculosidade é assegurado pelos artigos 189 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Este trabalho pretende demonstrar que não há fundamentos jurídicos, biológicos e lógicos que consubstanciem a impossibilidade da cumulação do adicional de insalubridade e periculosidade, pois o trabalhador que labora exposto aos riscos da atividade e a agentes nocivos à saúde, simultaneamente, não tem o 10 mesmo prejuízo daquele que trabalha somente exposto aos riscos da atividade ou a agentes nocivos à saúde.Afinal, os adicionais de insalubridade e periculosidade visam não só a remuneração pelos efeitos nocivos e os riscos do ambiente laboral, mas também procuram resgatar a dignidade humana do trabalhador. Entretanto, o presente estudo não tem o escopo de esgotar toda a matéria, mas sim estimular as discussões acerca da (im)possibilidade da cumulação do adicional de insalubridade e periculosidade nos Tribunais Trabalhistas. Como método e técnica de pesquisa, foi utilizada a metodologia descritiva sendo realizadas pesquisas bibliográficas, jurisprudenciais, que consiste na identificação, localização e obtenção de informações sobre o assunto abordado e assim juntamente denominando seu Referencial Teórico. Como fruto dessa pesquisa bibliográfica, este trabalho se configura em um relatório de três capítulos, no primeiro versamos sobre a origem e evolução do Direito do Trabalho, elencando juntamente os princípios que regem tal estudo e por fim a caracterização e legislação da Segurança do Trabalho. Já no segundo capítulo, foi tratado acerca dos adicionais, fazendo um apanhado geral referente sua definição, caracterização e principalmente direcionado a legislação prevista. E, por fim, no terceiro capítulo abordamos o problema jurídico do qual trata-se este TCC, analisando os entendimentos doutrinários, jurisprudenciais, e, dissertando a cerca de decisões favoráveis e desfavoráveis. O método usado neste trabalho foi o hipotético-dedutivo, onde a investigação científica visa construir e testar uma possível resposta ou solução para um problema. 11 2. HISTÓRIA, ORIGEM E EVOLUÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO 2.1 História, origem e evolução trabalhista O Direito do Trabalho surgiu com a sociedade industrial e o trabalho assalariado, ou seja, com a Revolução Industrial, no século XVIII. Porém antecedeu a formação do Direto do Trabalho a chamada sociedade pré-industrial, onde observava-se primeiramente a escravidão, em que o trabalhador era considerado coisa, e não um sujeito de direito. No feudalismo, havia o regime de servidão, em que o senhor feudal dava proteção militar e política aos servos, sendo que os mesmos não tinham liberdade. A Idade Média se caracterizou pelas corporações de ofício, nas quais existiam três modalidades de membros: os mestres, os companheiros e os aprendizes. Com a Revolução Francesa foram suprimidas as corporações de oficio, sendo opostas com o ideal de liberdade individual da pessoa, constituindo-se que no liberalismo o Estado não devia interceder na área econômica. Assim dispõe Garcia sobre o tema: [...] a Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, foi a principal razão econômica que acarretou o surgimento do Direito do Trabalho. A necessidade de pessoas para operar as maquinas a vapor e têxteis impôs a substituição do trabalho escravo, servil e corporativo pelo trabalho assalariado. (GARCIA, 2011, p.2) Pode se verificar que, devido às péssimas condições de trabalho daquela época, com intensas jornadas e exploração do labor de mulheres e menores, gerou a questão social. Em razão dessas condições adversas, os trabalhadores começaram a se reunir, para exigir melhorias nas condições de trabalho, por meio de sindicatos. E virtude disso, o estado também deixa seu estado de renúncia, passando a intervir nas relações de trabalho, com a finalidade de proteção do trabalhador por meio de legislação proibitiva de abusos do empregador. Essas mudanças ocorreram em razão da ideia de justiça social, que se fortaleceu a partir da doutrina social da Igreja Católica. Houve, ainda o surgimento do chamado constitucionalismo social, após o término da Primeira Guerra Mundial, o que significou a inclusão, nas Constituições, 12 de disposições pertinentes a defesa de interesses sociais, inclusive garantindo direitos trabalhistas. A primeira Constituição que dispôs sobre o Direito do Trabalho foi a do México, de 1917. A segunda a trazer disposições sobre o tema foi a da Alemanha, de Weimar, de 1919, com repercussão na Europa. Ainda, em 1919, o Tratado de Versalhes prevê a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Menciona Sergio Pinto Martins (2007, p.8-9) que: Na Itália, aparece a Carta del Lavoro, de 1927, instituindo um sistema corporativista-fascista, que inspirou outros sistemas políticos, como os de Portugal, Espanha e, especialmente, do Brasil. O corporativismo visava organizar a economia em torno do Estado, promovendo o interesse nacional, além de impor regras a todas as pessoas. Surge o corporativismo na metade do século XIX com o fim de organizar os interesses divergentes da Revolução Industrial. O Estado interferia nas relações entre as pessoas com o objetivo de poder moderador e organizador da sociedade. Nada escapava a vigilância do Estado, nem a seu poder. O Estado regulava, praticamente tudo, determinando o que seria melhor para cada um, organizando a produção nacional. O interesse nacional colocava-se acima dos interesses dos particulares [...]. (MARTINS, 2007, p.8-9) Assim, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve a criação da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1944, a OIT aprovou a Declaração de Filadélfia, estendendo os princípios do Tratado de Versalhes e estabelecendo a cooperação internacional para a realização da justiça social. Em 1946, consolidou-se a vinculação da OIT a ONU, como instituição especializada para as questões referentes a regulamentação internacional do trabalho. Ainda no plano internacional, a Declaração Universal de direitos Humanos, de 1948, também prevê diversos direitos trabalhistas. Conclui Gustavo Filipe Barbosa Garcia (2011, p.3) que: Como se nota, o Direito do Trabalho é uma verdadeira conquista obtida ao longo da história da humanidade, exercendo papel fundamental, ao garantir condições mínimas de vida aos trabalhadores, assegurando a dignidade da pessoa humana e evitando abusos que o capital e a busca pelo lucro pudessem causar aos membros da sociedade, em especial aqueles que não detêm o poder econômico. Ainda Garcia explica que: “o Direito do Trabalho, exerce o importante papel de assegurar patamares mínimos de dignidade e justiça social, impedindo que a 13 busca pela obtenção de lucros e a concorrência acabem impondo níveis inaceitáveis de exploração do trabalho humano, em afronta aos valores magnos de liberdade, justiça, solidariedade e bem comum”. (GARCIA, 2011, p.4) No Brasil, aufere o doutrinador Martins (2007, p.9) que, “as constituições brasileiras versavam apenas sobre a forma do Estado, o sistema de governo. Posteriormente, passaram a tratar de todos os ramos do Direito e, especialmente, do Direito do Trabalho, como ocorre com nossa Constituição atual”. Concerne Garcia (2011) que a Constituição Imperial de 1824, seguindo o liberalismo, aboliu as corporações de ofício, estabelecendo o dever de existir liberdade de exercício de profissões. O próprio trabalho escravo existiu, formalmente, até a Lei Aurea, de 13 de maio de 1888, que aboliu a escravidão no Brasil. A Constituição de 1891 reconheceu a liberdade de associação, de forma genérica. Do acima exposto, segue o entendimento de que: As transformações ocorridas na Europa, com o crescente surgimento de leis de proteção ao trabalho, e a instituição da OIT em 1919, influenciaram o surgimento de normas trabalhistas no Brasil. Do mesmo modo, os imigrantes em nosso país deram origem a movimentos operários, reivindicando melhores condições de trabalho. Começa assim, a surgir a política trabalhista de Getúlio Vargas, em 1930. (GARCIA, 2011, p.4) Portanto, iniciada a política trabalhista de Getúlio Vargas, em 1930, a primeira Constituição brasileira a ter normas específicas de Direito do Trabalho foi a de 1934, como influência do constitucionalismo social. Martins (2007) aduz que, “a Constituição de 1937 instituiuo sindicato único, imposto por lei, vinculado ao Estado, exercendo funções delegadas de poder público, podendo haver intervenção estatal direta em suas atribuições [...]”. Para Garcia (2011) a “Consolidação das Leis do trabalho, aprovada pelo Decreto-lei 5.452, de 1º de maio de 1943, sistematizou e reuniu as diversas leis esparsas sobre Direito do Trabalho existentes à época”. A saber: A Constituição de 1946 restabeleceu o direito de greve, rompendo, de certa forma, com o corporativismo da Carta de 1937, apresentando um rol de direitos trabalhistas superior aquele das Constituições anteriores. A Constituição de 1967 manteve os direitos trabalhistas previstos nas Constituições anteriores e passou a prever o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. A Emenda Constitucional 1, de 17 de outubro s 1969, não 14 alterou os direitos trabalhistas previstos na Constituição de 1967. (GARCIA, 2011, p.5) A Constituição Federal de 1988, promulgada em 05/10/1988, tratando dos “Direitos Sociais” (art. 6º), regula de forma particular a matéria pertinente ao Direito do Trabalho nos seus arts. 7º a 11º. 2.2 Princípios do Direito do Trabalho Princípios são enunciados amplos, máximas ou assertivas que no seu todo servem como base e sustentáculo de informação ao legislador na elaboração de uma norma. A cerca das funções principiológicas Martins destaca: Os princípios tem várias funções: informadora, normativa e interpretativa. A informadora serve de inspiração ao legislador e de fundamento para as normas jurídicas. A função normativa atua como uma fonte supletiva, nas lacunas ou omissões da lei. A função interpretativa serve de critério orientador para os intérprete e aplicadores da lei. (MARTINS, 2007, p.61) Os princípios gerais do direto são aplicáveis em nosso âmbito por força do disposto no art. 8º da CLT, conforme exemplifica Nascimento: [...] Assim, as autoridades administrativas e a Justiça do trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e por outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. (NASCIMENTO, 2008, p.362-363) Existem princípios que são comuns ao Direito em geral. É de se destacar, por exemplo, que ninguém poderá alegar a ignorância do Direito. Deve-se respeitar a dignidade da pessoa humana; é proibido o abuso de direito, o enriquecimento sem causa etc. Os princípios constitucionais do trabalho, presentes na Constituição Federal de, ao prever 1988, figuram como verdadeiros alicerces na regulação da matéria, nesse sentido a República Federativa do Brasil constitui-se em estado democrático de Direito, tendo como fundamentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da 15 pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º da CF/1988). Assim, para Garcia: Da mesma forma, constituem “objetivos fundamentais” da República Federativa do Brasil: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º da CF/1988). (GARCIA, 2011, p.33) Cabe destacar que a República Federativa do Brasil, em suas relações internacionais, tem como um de seus princípios regentes a “prevalência dos direitos humanos” (art. 3º da CF/1988). Dessa forma, também leciona o doutrinador que: De extrema importância, ainda, a previsão do art. 170 da Constituição Federal de 1988, ao prever que a ordem econômica é “fundada na valorização do trabalho e na livre iniciativa”, tendo por fim “assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social”, observados, entre outros, os princípios da função social da propriedade, da defesa do meio ambiente, da redução das desigualdades regionais e sociais, da busca pelo pleno emprego. (GARCIA, 2011, p.33) Kant concebe a dignidade da pessoa como parte da autonomia ética e da natureza racional do ser humano. Para ele, o homem existe como um fim em si mesmo e, portanto, não pode ser tratado como objeto. O Direito do Trabalho apresenta princípios próprios, reconhecidos pela doutrina e aplicados pela jurisprudência, quais sejam: o princípio da proteção, o princípio da irrenunciabilidade, o princípio da primazia da realidade e o princípio da continuidade da relação de emprego. Segundo Garcia, o princípio da proteção engloba três vertentes: in dubio pro operário; aplicação da norma mais favorável; e a condição mais benéfica. Com relação ao in dubio pro operário, havendo dúvida sobre o seu efetivo alcance, deve- se interpreta-la em favor do emprego. Segue então, a lição: Por se tratar de princípio inerente ao Direito (material) do trabalho entende- se que o in dubio pro operário não apresenta caráter processual, uma vez que o Direito processual do Trabalho possui disposições específicas e próprias, como a avaliação da qualidade das provas produzidas e a aplicação das regras de ônus da prova. (GARCIA, 2011, p.35) 16 Conceitua Martins (2007), que “o princípio da aplicação da norma mais favorável é no sentido de que, havendo diversas normas validas incidentes sobre a relação de emprego, deve-se aplicar aquela mais benéfica ao trabalhador”. Ainda, Garcia (2011) faz uma ressalva: “o parâmetro para se verificar a norma mais favorável não deve ser o trabalhador considerado individualmente, mas sim “a coletividade interessada”, ou “o trabalhador com um todo” [...]”. Nascimento (2008) conceitua, objetivamente que, “o princípio da condição mais benéfica, corresponde, no direito do trabalho, ao princípio do direito adquirido do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal do Brasil”. Complementa Garcia: Por meio do princípio da condição mais benéfica, assegura-se ao empregado a manutenção, durante o contrato de trabalho, de direitos mais vantajosos, de forma que as vantagens adquiridas não podem ser retiradas nem modificadas para pior. (GARCIA, 2011, p.36) Para concluir, Delgado (2016), menciona que “incorporado pela legislação (art. 468, CLT) e jurisprudências trabalhistas (Súmula 51, I, TST), o princípio informa que cláusulas contratuais benéficas somente poderão ser suprimidas caso suplantadas por clausula posterior ainda mais favorável, mantendo intocadas em face de qualquer subsequente alteração manos vantajosa do contrato ou regulamento de empresa”. Temos como regra que os direitos trabalhistas são irrenunciáveis pelo trabalhador. O princípio da irrenunciabilidade significa não se admitir em tese, que o empregado renuncie, ou seja, abra mão dos direitos assegurados pelo sistema jurídico trabalhista, cujas normas são, em sua grande maioria, de ordem pública, dotadas de natureza cogente. O art. 9º da CLT é claro no sentido de que “serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos trabalhistas”. Dessa forma, urge salientar que: Poderá, entretanto, o trabalhador renunciar a seus direitos a seus direitos se estiver em juízo, diante do juiz do trabalho, pois nesse caso não se pode dizer que o empregado esteja forçado a fazê-lo. Estando o trabalhador ainda na empresa é que não se poderá falar em renúncia a direitos 17 trabalhistas, pois poderia dar ensejo a fraudes. É possível, também ao trabalhador transigir, fazendo concessões recíprocas, o que importa um ato bilateral. (MARTINS, 2007, p. 64) Por fim, a condição pessoal do empregado e o grau de subordinação jurídica apresentam relevância quandoda verificação da higidez na manifestação de sua vontade. A respeito do princípio da primazia da realidade, Garcia (2011) cita: “O princípio da primazia da realidade indica que, na relação de emprego, deve prevalecer à efetiva realidade dos fatos, e não eventual forma construída em desacordo com a verdade”. Cabendo referir, portanto, que: [...] Por exemplo, se um empregado é rotulado de autônomo pelo empregador, possuindo contrato escrito de representação comercial com o último, o que deve ser observado realmente são as condições fáticas que demonstrem a existência do contrato de trabalho. Muitas vezes, o empregado assina documentos sem saber o que está assinando. Em sua admissão, pode assinar todos os papéis possíveis, desde o contrato de trabalho até seu pedido de demissão, daí a possibilidade de serem feitas provas para contrariar os documentos apresentados, que irão evidenciar realmente os fatos ocorridos na relação entre as partes. (MARTINS, 2007, p. 65) São privilegiados, portanto, os fatos, a realidade, sobre a forma ou a estrutura empregada. No entanto, por meio da noção de “contrato-realidade”, deve prevalecer o reconhecimento do vínculo empregatício, caso presentes aos seus requisitos (arts. 2º e 3º da CLT). O princípio da continuidade da relação de emprego tem o objetivo de preservar o contrato de trabalho, fazendo com que se presuma ser a prazo indeterminado e se permita a contratação a prazo certo apenas como exceção. Delgado (2016) reporta sobre tal princípio: Informa tal princípio que é de interesse do Direito do trabalho a permanência do vínculo empregatício, com a integração do trabalhador a estrutura e dinâmica empresariais. Apenas mediante tal permanência e integração é que a ordem justrabalhista poderia cumprir satisfatoriamente o objetivo teleológico do Direito do Trabalho, de assegurar melhores condições, sob a ótica obreira, de pactuação e gerenciamento da força de trabalho em determinada sociedade. (DELGADO, 2016, p. 212) 18 A importância desse princípio revela-se não apenas ao conferir segurança ao empregado durante a vigência de seu contrato de trabalho, mas também na sua integração a empresa, favorecendo a qualidade do serviço prestado. 2.3 Evolução da legislação em Segurança do Trabalho A Segurança e Medicina do Trabalho são importantes segmentos da ciência, relacionado ao Direito do Trabalho, incumbido de oferecer condições de proteção à saúde do trabalhador no local de trabalho. Garcia (2011), expõe que “na Constituição Federal de 1988, o art. 7º, inciso XXII, assegurou o direito de redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”. Já Barsano e Barbosa abordam que: A segurança do trabalho é a ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes e incidentes originados durante a atividade laboral do trabalhador. Tem como principal objetivo a prevenção de acidentes, doenças ocupacionais e outras formas de agravos à saúde do profissional. Ela atinge sua finalidade quando consegue proporcionar ambos, empregado e empregador, um ambiente de trabalho saudável e seguro, garantindo aquela certeza de que vão laborar num ambiente agradável, ganhar o seu pão de cada dia e retornar para a família, felizes e alegres de terem cumprido mais uma jornada de trabalho em sua vida profissional. (BARSANO E BARBOSA, 2012, p.21) Até o início do século XVIII, não havia preocupação com a saúde do trabalhador. Com o advento da Revolução Industrial e de novos processos industriais, as modernizações das máquinas começaram a surgir doenças ou acidentes decorrentes do trabalho. A partir desse momento, há necessidade de elaboração de normas para melhorar o ambiente de trabalho em seus mais diversos aspectos, de modo que o trabalhador não possa ser prejudicado com agentes nocivos a sua saúde. O Direito passou, então, a determinar certas condições mínimas que deveriam ser observadas pelo empregador, inclusive aplicando sanções para tanto e exercendo fiscalização sobre as regras determinadas. Martins (2007) explana como a segurança do trabalho fundamentou-se no Brasil: 19 [...] o legislador mostrou-se consciente das modificações tecnológicas e das consequências na saúde do trabalhador. Tanto que foi editada a Lei nº 6.514/77, que deu nova redação aos arts. 154 a 201 da CLT, tendo sido complementada pela Portaria nº 3.214/78, que dispôs, entre outras coisas, sobre serviço especializado em segurança e medicina do trabalho, equipamento de proteção individual, atividades e operações insalubres e perigosas etc. (MARTINS, 2007, p.632) No que concerne a Legislação aplicada a Segurança do Trabalho, Barsano e Barbosa discorrem: A Segurança do Trabalho, no Brasil, até a promulgação da Constituição Federal de 1988, sempre foi vista pelo empregador como uma mera necessidade para seu empregado. Pouco importando se este estava bem ou não, não se levavam em conta suas reclamações de saúde, suas necessidades médicas. Para os empregadores capitalistas, naquela época, funcionário bom era aquele que não faltava, não demonstrava sintomas de doenças, não se queixava dos problemas da empresa, só trabalhava. (BARSANO E BARBOSA, 2012, p.24) Foi com a entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, carta magna soberana a qualquer outra legislação brasileira, que as leis, os decretos e outras normas que tratavam da segurança do trabalho passaram a adequar-se a nova CF/1988, criando garantias trabalhistas e inovando os preceitos de segurança e medicina do trabalho até então esquecidos pela legislação pátria, e por consequência garantindo a integridade dos trabalhadores em suas diversas atividades. Atualmente existem diversos dispositivos legais e regulamentadores que tentam buscar na pratica a eficácia dessas tão almejadas garantias. Temos as normas emanadas do Poder Legislativo, chamadas de “leis”, e os decretos, regulamentos, regimentos internos, portarias, instruções e resoluções, que provem do Executivo através do seu chefe, de seus ministros ou secretários de Estado. (BARSANO E BARBOSA, 2012, p.25) Barsano e Barbosa 2012, passam então a expor as principais partes da Legislação Trabalhista e Previdenciária que busca, por meio de regulamentações, garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro para todos os envolvidos no processo de trabalho: empregadores, empregados, clientes, fornecedores etc. 20 As legislações elencadas pelos autores acima são: Legislação Federal, Estadual e Municipal e as Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Com base no art. 200 da CLT, foi expedida a Portaria nº 3.214/78, que trata de uma série de normas complementares no que diz respeito a condições de segurança no trabalho. Martins, 2007, alude: “as empresas devem fornecer obrigatoriamente aos empregados o Equipamento de Proteção individual (EPI), gratuitamente, de maneira a protege-los contra os riscos de acidentes do trabalho e danos a sua saúde”. As empresas estão obrigadas a manter serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho, nos quais será necessária a existência de profissionais especializados exigidos em cada empresa (médico e engenheiro do trabalho). São os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Martins ainda explana: De acordo com o art. 163 da CLT, é obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), conforme as instruções do Ministério do trabalho que estão contidas na NR 5 da Portaria nº 3.214/78. A Cipa tem por objetivo observar e relatar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar as medidas para reduzir até eliminar os iscos existentes e/ou neutralizá-los, discutindo os acidentes ocorridos e solicitando medidas que os previnam, assim como orientando os trabalhadores quanto a sua prevenção.(MARTINS, 2007, p.636) Dessa forma, após o estudo acima exposto, referente a origem e evolução do Direito do Trabalho, seus aspectos históricos e apresentação do tema, objeto do presente trabalho, será a dada a continuidade aprofundando a discussão da (im)possibilidade de cumulação dos adicionais de insalubridade e periculosidade. 21 3 . DOS ADICIONAIS 3.1 Adicional de insalubridade De maneira precisa, conceitua Regina Célia Buck: Adicional de insalubridade é o percentual pecuniário, estabelecido por lei, que se acrescente ao salário do trabalhador como forma de compensá-lo pelo exercício da profissão em condições que acarretem danos à sua saúde, causados por agentes nocivos, presentes no ambiente de trabalho. (BUCK, 2015, p. 71) O adicional de insalubridade é previsto no artigo 7º, inciso XXIII, da constituição Federal de 1988, com regulamentação pelo artigo 189 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho. Insalubre é o prejudicial à saúde, que dá causa a doença. O adicional de insalubridade é devido ao empregado que presta serviço em atividades insalubres, sendo calculado a razão de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio) e 40% (grau máximo) sobre o salário mínimo, conforme estabelece a redação do artigo 192 da CLT: Art. 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. (CLT, Decreto-Lei n. 5452, de 1º de maio de 1943) Ademais, o adicional de insalubridade, também está previsto e regulamentado pela Norma Regulamentadora nº 15 (NR 15) do Ministério do Trabalho, a qual especifica quais atividades são insalubres, e qual o seu respectivo grau, consoante narrado a seguir: NR 15 - NORMA REGULAMENTADORA 15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES 15.1 São consideradas atividades ou operações insalubres as que se desenvolvem: 15.1.1 Acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos n.º 1, 2, 3, 5, 11 e 12; 15.1.2 (Revogado pela Portaria MTE n.º 3.751/1990). 15.1.3 Nas atividades mencionadas nos Anexos n.º 6, 13 e 14; 15.1.4 Comprovadas através de laudo de inspeção do local de trabalho, constantes dos Anexos n.º 7, 8, 9 e 10. 22 15.1.5 Entende-se por "Limite de Tolerância", para os fins desta Norma, a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. 15.2 O exercício de trabalho em condições de insalubridade, de acordo com os subitens do item anterior, assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário mínimo da região, equivalente a: 15.2.1 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo; 15.2.2 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 15.2.3 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo; 15.3 No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa. 15.4 A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação do pagamento do adicional respectivo. 15.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer: a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; b) com a utilização de equipamento de proteção individual. 15.4.1.1 Cabe à autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde do trabalhador, comprovada a insalubridade por laudo técnico de engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional devido aos empregados expostos à insalubridade quando impraticável sua eliminação ou neutralização. 15.4.1.2 A eliminação ou neutralização da insalubridade ficará caracterizada através de avaliação pericial por órgão competente, que comprove a inexistência de risco à saúde do trabalhador. 15.5 É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho, através das DRTs, a realização de perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou determinar atividade insalubre. 15.5.1 Nas perícias requeridas às Delegacias Regionais do Trabalho, desde que comprovada à insalubridade, o perito do Ministério do Trabalho indicará o adicional devido. 15.6 O perito descreverá no laudo a técnica e a aparelhagem utilizadas. 15.7 O disposto no item 15.5 não prejudica a ação fiscalizadora do MTb nem a realização ex-officio da perícia, quando solicitado pela Justiça, nas localidades onde não houver perito. Anteriormente entendia-se, de forma majoritária, que o adicional de insalubridade, com exceção da existência da norma mais benéfica, era calculado com base no salário mínimo, e que isso não violava a Constituição Federal de 1988. Ainda nessa época, o Tribunal Superior do Trabalho, por meio da Resolução 121/2003, revisou a Súmula 228 de sua Jurisprudência Uniforme, passando a ter a seguinte redação: “O percentual do adicional de insalubridade incide sobre o salário mínimo de que cogita o art. 76 da CLT, salvo as hipóteses previstas na Súmula 17”. (GARCIA, 2011, p. 203) Garcia relata que: 23 Ao mesmo tempo, foi restaurada a Súmula 17, a seguir transcrita: “O adicional de insalubridade devido a empregado que, por força de lei, convenção coletiva ou sentença normativa, percebe salario profissional será sobre este calculado”. Registre-se desde já que, mais recentemente, após a aprovação da Súmula vinculante 4 do STF, ocorreu nova alteração da Sumula 228 do TST, tendo a Sumula 17 sido mais uma vez cancelada [...]. (GARCIA, 2011, p.203) De todo modo, como destaca Amauri Mascaro Nascimento: “Denomina-se salário profissional aquele fixado como o mínimo de uma profissão com o que caracteriza como uma espécie do gênero mínimo salarial”. Em razão disso, o adicional de insalubridade, nesse entendimento anterior das Súmulas 228 e 17 do TST, era calculado sobre o mínimo salarial, gênero do qual são espécies o salário mínimo e o salário mínimo profissional. (NASCIMENTO, 2008, p. 867) Complementa Garcia, acerca da Súmula 17: A Súmula 17 incluía no conceito de salário profissional não só aquele recebido por força de lei, como também convenção coletiva ou sentença normativa, sem mencionar expressamente o acordo coletivo, espécie de norma coletiva, decorrente de negociação coletiva e firmada pelo sindicato profissional com a empresa, mas que já podia ser mediante interpretação extensiva. (GARCIA, 2011, p.203) Em razão disso, relevante era que fosse devido salário especial decorrente do exercício de determinada profissão, seja ele previsto em lei ou norma coletiva. A lei não determina que o adicional de insalubridade incide sobre o salário mínimo profissional, se o empregado percebe esse salário por força de lei. O fato de o trabalhador receber um piso salarial fixado em norma coletiva não implica dizer que o adicional de insalubridade é calculado sobre essa base de cálculo, pois a lei não dispõe nesse sentido. Martins menciona que: “O certo, porém, seria o empregador eliminar a insalubridade no local de trabalho ou o empregado não estar sujeito a trabalhar em locais insalubres. O pagamento do adicional não resolve o problema relativo à saúde do trabalhador”. (MARTINS, 2007, p. 275) A lei, porém, não dispõe que a base de cálculo do adicional de insalubridade é o salário profissional. Somente por intermédio de lei a base de cálculo poderia ser 24 assim estabelecida. Logo a Sumula 17 do TST não poderia usar essa base de cálculo.Garcia explica qual o entendimento adotado na época atual: Na atualidade, o entendimento que se tornou vitorioso é no sentido de que a disposição do art. 192 da CLT, especificamente quanto ao cálculo do adicional de insalubridade com base no salário mínimo, não foi recepcionada pela Constituição em vigor. O mencionado posicionamento, pacificando a questão, destaca que essa previsão viola o salário mínimo para qualquer fim. Esse entendimento já vinha sendo adotado em diversos julgados do Supremo Tribunal Federal, inclusive mais recentemente. [...]. (GARCIA, 2011, p.206) É expresso o art. 194 da CLT no sentido de que o adicional de insalubridade ou periculosidade cessará com a eliminação do risco a saúde ou integridade física. Logo, cessada a causa, deixa de existir o direito ao pagamento do adicional, não se incorporando ao salário. Martins esclarece: Integrará a remuneração do empregado para cálculo de outras verbas se for pago em caráter habitual, como das férias (art. 142, § 5º, da CLT), 13º salário, aviso prévio, FGTS, indenização (S. 139 do TST). O trabalho executado em caráter intermitente, em condições insalubres, não afasta, por essa circunstância, o pagamento do adicional de insalubridade (S. 47 do TST). O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade, devendo tomar as medidas que conduzam a diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo de EPI pelo empregado (S289 do TST). O trabalhador rural tem direito ao adicional de insalubridade, devendo ser verificada a condição que lhe é prejudicial à saúde. (MARTINS, 2011, p.237) O adicional de insalubridade, assim como o de periculosidade, é devido ao trabalhador temporário, pois a alínea a do art. 12 da Lei 6.019/74 prevê remuneração equivalente à percebida pelos empregados da mesma categoria da empresa tomadora ou cliente. Tendo os adicionais de insalubridade e periculosidade caráter salarial, podem ser enquadradas na referida alínea do art. 12 da Lei 6.019/74, em equiparação aos trabalhadores permanentes da empresa tomadora de serviços. Seria absurdo o trabalhador temporário laborar em local perigoso ou insalubre e nada perceber a esse título. 3.2 Adicional de periculosidade 25 “Adicional de periculosidade é um valor devido ao empregado que presta serviços em condições perigosas, na forma da lei”. (MARTINS, 2007, p. 278). O adicional de periculosidade, previsto no art. 7º, inciso XXIII, da CF/88, é regulamentado pelo artigo 193 e seguintes da CLT e pela Norma Regulamentadora nº 16 (NR 16) do Ministério do Trabalho, conforme seguem abaixo descritas: Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. § 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. § 4º São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta. (CLT, Decreto-Lei n. 5452, de 1º de maio de 1943) Com base nessa definição ficou clara a necessidade de especificação das atividades caracterizadas como perigosas para que seja possível a aplicação do adicional na vida real, ensejando maior proteção legal aos trabalhadores. O art. 193, caput, da CLT, estabelece as atividades ou operações consideradas perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, referindo-se ao contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. Leciona Martins: [...] O adicional será de 30% sobre o salário do empregado, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa (§1º do art. 193 da CLT). A natureza do adicional de periculosidade é de salário, pois remunera o trabalho em condições perigosas e não de indenização. Adicional é espécie de salário. Faz jus ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido o adicional, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerando o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido (S. 364, I, do TST). Se o adicional for pago com 26 habitualidade, integrará as férias (§5º do art. 142 da CLT), o 13º salário, o aviso prévio, o FGTS, a indenização (S. 132, I, do TST) [...]. (MARTINS, 2007, p. 237, 238). A NR-16 especificou as atividades perigosas que ensejariam o pagamento do referido adicional. O anexo 1 da NR trata das atividades perigosas com explosivos e o anexo 2 das atividades e operações perigosas com inflamáveis. NR 16 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS 16.1. São consideradas atividades e operações perigosas as constantes dos Anexos números 1 e 2 desta Norma Regulamentadora-NR. 16.2. O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa. 16.2.1. O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. 16.3. É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho, através das Delegacias Regionais do Trabalho, a realização de perícia em estabelecimento ou setor da empresa, com o objetivo de caracterizar e classificar ou determinar atividade perigosa. 16.4. O disposto no item 16.3 não prejudica a ação fiscalizadora do Ministério do Trabalho nem a realização ex officio da perícia. 16.5. Para os fins desta Norma Regulamentadora - NR são consideradas atividades ou operações perigosas as executadas com explosivos sujeitos a: a) degradação química ou autocatalítica; b) ação de agentes exteriores, tais como, calor, umidade, faíscas, fogo, fenômenos sísmicos, choque e atritos. 16.6. As operações de transporte de inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos, em quaisquer vasilhames e a granel, são consideradas em condições de periculosidade, exclusão para o transporte em pequenas quantidades, até o limite de 200 (duzentos) litros para os inflamáveis líquidos e 135 (cento e trinta e cinco) quilos para os inflamáveis gasosos liquefeitos. 16.6.1. As quantidades de inflamáveis, contidas nos tanques de consumo próprio dos veículos, não serão consideradas para efeito desta Norma. 16.7. Para efeito desta Norma Regulamentadora considera-se líquido combustível todo aquele que possua ponto de fulgor maior que 60ºC (sessenta graus Celsius) e inferior ou igual a 93ºC (noventa e três graus Celsius). Assim, como as atividades perigosas foram devidamente regulamentadas pelo Ministério do Trabalho, será viável a aplicação do preceito legal aos casos concretos, e assim, assegurar que um maior grupo de trabalhadores, que laboram expostos aos elementos periculosos, receba a proteção estabelecida pelo artigo 193 da CLT. 27 3.3 Adicional de penosidade Primeiramente urge esclarecer e definir o que são atividades tidas como penosas. Dessa forma, atividades classificadas como penosas, são às realizadas sob demasiado empenho físico etambém esforço mental, e, em decorrência disso ocasiona fadiga e desgaste físico, além de cansaço excessivo. Contudo, não se trata de atividade de perigo iminente, muito menos de ser tida como ocupação insalubre. Porém, pode causar ao obreiro diversas mazelas e doenças, e nos casos mais graves, o óbito. Dessa forma, cabe referir o posicionamento doutrinário, que leciona: [...] O conceito de trabalho penoso é indicativo para se estabelecer se haverá ferimento a dignidade humana do trabalhador, bem como identificar se o meio ambiente de trabalho está inadequado, e ainda, verificar a existência permanente da atividade penosa, quando então serão estudados os limites, proibições e critérios remuneratórios. (MARQUES, 2009, p.61) E segue o entendimento dissertando que: [...] motorista e cobrador de ônibus, motorista de táxi, empregados de serviços de limpeza ou conservação de bueiros, galerias ou assemelhados, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, caixas e vigilantes de banco, cantor e locutor de rádio, entre outros tantos tratados pela jurisprudência em nossos tribunais. (MARQUES, 2009, p.64) Assim, nas palavras de MARQUES, a relação entre o trabalho realizado de forma penosa e o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, deve ser sempre levada em conta, tendo em vista que o obreiro somente poderá exercer função considerada como penosa, quando forem apontados os limites para o exercício dessa função, como ela será realizada, além da remuneração do trabalhador de acordo com atividade penosa que realiza, estabelecendo assim meios adequados para que tal atividade possa ser desempenhada. O posicionamento doutrinário classifica como atividade penosa, àquela exercida de forma que não propicie ao trabalhador meios que estejam adequados para a realização deste trabalho tido como penoso, e, que por não terem sido observa dos tais cuidados, acarretaram mazelas a integridade física e psíquica do 28 obreiro em decorrência do trabalho desempenhado não observadas condições mínimas para sua efetivação. Por fim, o art. 7º, inc. XXIII da Lei Maior de 88, estabelece o direito ao adicional a todos os trabalhadores que exercem atividades tidas como penosas. Entretanto, deve ser esclarecido que, não há no ordenamento jurídico pátrio, classificação de quais são às profissões e/ou atividades exercidas pelos obreiros tidas como penosas. E também, não há lei correspondente ao quantum remuneratório dessas atividades tidas como penosas, inclusive, na própria CLT que não define nem impõem regra nem para um e nem para o outro. 29 4. A (IM) POSSBILIDADE DE CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE 4.1 Da corrente Majoritária Deve ser esclarecido que, primeiramente o que é de entendimento dominante, é de que o trabalhador, mesmo exposto ou exercendo atividade que o exponha a risco de vida, ou que seja realizado em condições comprovadamente insalubres, não lhe dá o direito de receber ambos adicionais, devendo o obreiro escolher, ou um ou outro. Nas palavras de CARRION, a legislação veda que sejam cumulativamente pagos ao trabalhador ambos adicionais de periculosidade e insalubridade, estabelecendo que cabe ao empregado requerer apenas um somente. (CARRION, 2011, p. 193) Ainda, a renomada doutrina leciona que, a opção entre um adicional em detrimento de outro, pode ser vantajoso para o trabalhador, tendo em vista que o poder de escolha é dele quanto ao recebimento de qual adicional quer perceber, não cabendo ao empregador tal atribuição. Na lição de MARTINS, a saber: [...] A opção caberá ao empregado e não ao empregador, podendo o primeiro escolher o adicional que quiser, na hipótese de serem devidos os dois, inclusive o pior. Não poderá, porém haver o pagamento dos dois adicionais ao mesmo tempo. (MARTINS, 2007, p. 215) O que realmente ocorre, é que o trabalhador opta pela periculosidade, tendo em vista que este adicional tem como base para que seja estabelecido, os vencimentos totais percebidos pelo obreiro, ou seja, o seu salário total (base). Diferentemente no que se refere ao adicional por trabalhar em condições insalubres, que leva em consideração para atribuição de seu valor, o salário mínimo vigente e não os rendimentos totais do trabalhador, com exceção se o adicional for pago sobre o máximo legal permitido. Assim, vez que tendo sido feito tais apontamentos, pode ser observado que, mesmo que havendo profissões em que o obreiro esteja diretamente em contato 30 com agentes nocivos à sua saúde, ou seja, preenchido um dos requisitos para que perceba o adicional de insalubridade, e concomitantemente exercendo atividade que notadamente seja tida como atividade de iminente risco de vida, não há possibilidade legal de perceber ambos adicionais, cabendo apenas ao trabalhador a escolha entre um ou outro. Todo o entendimento acima referido encontra também o acompanhamento e é compartilhado pelo Egrégio TRT4, conforme colaciona-se abaixo: EMENTA CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDA DE. Entendo que o adicional de periculosidade não é pago cumulativamente com o adicional de insalubridade, e sim alternativamente, em razão do disposto no artigo 193 da CLT, que trata do adicional de periculosidade. Ainda, adoto o entendimento consolidado por este Tribunal Regional na Súmula 76. No caso em tela, o reclamante sempre recebeu adicional de periculosidade pela sua atividade no trabalho, pago pelo reclamado. Na audiência (Id ed08a43), realizada no decorrer do processo em questão, as partes conciliaram na existência de insalubridade em grau máximo no labor do recorrente. Porém, conforme a súmula exposta e entendimento, é vedado a cumulação de adicionais de insalubridade e periculosidade, sendo possível o empregado optar pelo adicional mais vantajoso. PROCESSO nº 0020378-38.2015.5.04.0026 (RO) A Ementa acima colacionada além das demais exemplificativamente utilizadas no presente trabalho, visam esclarecer que, o entendimento predominante é de que o acumulo dos adicionais é vedado pela legislação. Os dispositivos legais utilizados para fundamentar e que servem de argumento para que os adicionais não sejam devidos de forma cumulada aos trabalhadores, encontra respaldo no art. 193, parágrafo 2º da Consolidação das Leis Trabalhistas, também utilizando como fundamento para o entendimento supra, a CF de 88, no seu art. 7º, inc. XXIII, que determina e regulamenta os adicionais devidos aos trabalhadores, exemplificando e diferenciando os três adicionais, o que para o entendimento da maior parte da doutrina e juristas, cuja leitura remete à interpretação de uma vedação legal contida no ordenamento. Contudo, mesmo que este entendimento que impossibilita a cumulatividade seja tido como o predominante, existe corrente diversa que entende que os adicionais, desde que em excepcional situação, e, preenchidos os requisitos subjetivos inerentes ao caso concreto, torna possível ao empregado e trabalhador 31 que exerce determinada atividade, ter o direito de perceber concomitantemente ambos adicionais, como será discutido adiante. 4.2 Da Corrente Minoritária Da leitura e interpretação do dispositivo legal do inciso XXIII do artigo 7º da CF/88, entende-se que está positivado ao trabalhador que está inserido e preenche os requisitos, o recebimento do adicional de penosidade, o adicional de periculosidade e/ou o adicional de insalubridade. A saber, do preceito legal: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. (Constituição Federal de 1988) O que diferencia um de outro, são os fatose atividades exercidas pelos trabalhadores que caracterizam o trabalho como sendo ou penoso, ou perigoso, ou até mesmo insalubre, não havendo confusão, em tese, entre um e outro no momento em que devem ser classificados. Contudo, tal entendimento remete a uma situação em que o obreiro, mesmo que esteja no exercício de sua função exposto a agentes tidos como insalubres pela legislação, mas também trabalhando em condições perigosas, com a vedação legal, não teria o direito a perceber conjuntamente, ambos adicionais, devendo escolher qual dos adicionais quer receber. Do entendimento doutrinário, a saber: “[...] No caso, se optar pelo adicional de periculosidade, estará trabalhando em condições insalubres de graça, ou seja, sem nenhuma compensação pecuniária, e vice-versa no caso de optar pelo adicional de insalubridade (caso em que o labor em condições perigosas será prestado sem nenhuma compensação pecuniária) [...]”. (FORMOLO, 2006, p.56) A maior parte da doutrina mostra-se contrária ao recebimento de ambos adicionais de periculosidade e de insalubridade, no entanto, há alguns que, mesmo contrários, entendem que há exceções para que a cumulação ocorra, desde que o trabalhador, no exercício e desempenho de sua função, esteja exposto a agentes 32 insalubres e também, pelo trabalho que realiza, corre perigo e iminente risco de vida, conforme entendimento abaixo transcrito: [...] Entendemos que, se as condições de trabalho do empregado são duplamente gravosas, é cabível o pagamento dos dois adicionais, pois houve exposição a dois agentes insalubres diferentes, que podem ocasionar prejuízos a diversos órgãos do corpo humano [..] a determinação contida na NR-15 da Portaria n. 3.214, de 1978, no sentido de se considerar apenas o fator de insalubridade de maior grau, no caso de incidência de mais de um agente insalubre, extrapola os limites da própria lei, que não proíbe a cumulação de mais de um adicional de insalubridade. Se se permitir tal dispositivo, o empregador poderá perder o estímulo de eliminar outros agentes agressivos. (BARROS, 2012, p.623-624) Assim, uma vez que uma pessoa que exerce profissão ou atividade onde esteja exposta cotidianamente a agentes que possam prejudicar sua saúde e que corra rico iminente de vida pela função perigosa, não deveria perceber apenas um dos adicionais. Tal entendimento mostra-se cada vez mais presente nos dias atuais pelos juristas e doutrina, tendo em vista que a situação acima narrada não se trata de um fato isolado ou incomum atualmente, merecendo entendimento diverso daquele disposto na fria letra da lei. Ainda, recepcionados pela Carta Magna Brasileira de 1988, os Tratados, principalmente o que estabelece os direitos do homem, ou seja, dos direitos humanos, além da OIT, pela Convenção de número 155, remete ao entendimento de que são devidos ambos, adicional de periculosidade e o adicional de insalubridade, quando o obreiro trabalha exposto a essas condições. Como já supra referido, e, conforme lição que seguirá abaixo mencionada, o Brasil é signatário de tais tratados, e, como integra a OIT, posicionou-se no sentido de que reitera e aceita as medidas neles contidas. Dessa forma, assinadas tais disposições acordadas e tratadas nos tratados e convenções nos quais o país é membro, conforme a Constituição de 1988, tais ordenamentos passam a ter vigor e integram a nossa legislação, produzindo efeitos jurídicos e legais, tendo em vista o dispositivo legal do parágrafo 2º do artigo 5º da Lei Maior. Urge salientar por fim, o que estabelece o artigo 11, “b” da Convenção da OIT de número 155, a saber: Artigo 11. A fim de tornar efetiva a política a que se refere o Artigo 4 do presente Convênio, a autoridade ou autoridades competentes deverão garantir a realização progressiva das seguintes funções: [...] b) a 33 determinação das operações e processos que estarão proibidos, limitados ou sujeitos à autorização ou ao controle da autoridade ou autoridades competentes, bem como a determinação das substâncias e agentes aos quais a exposição no trabalho estará proibida, limitada ou sujeita à autorização ou ao controle da autoridade ou autoridades competentes; deverão levar-se em consideração os riscos para a saúde causados pela exposição simultânea a várias substâncias ou agentes. (Organização Internacional do Trabalho, Convenção 155) Além do todo anteriormente exposto, cabe referir que, no próprio ordenamento jurídico pátrio, tido como princípio basilar do direito do trabalho, a premissa da aplicação da norma mais favorável ao trabalhador, serve também como base para o entendimento de que é e existe sim a possibilidade de cumular, desde que comprovadamente preenchidos os requisitos, ambos adicionais. Na lição de DELGADO: [...] O operador do Direito do Trabalho deve optar pela regra mais favorável ao obreiro em três situações distintas: no instante de elaboração da regra (princípio orientador da ação legislativa, portanto) ou no contexto de confronto entre regras concorrentes (princípio orientador do processo de hierarquização de normas trabalhista) ou por fim, no contexto de interpretação das regras jurídicas (princípio orientador do processo de revelação do sentido da regra trabalhista). (DELGADO, 2016, p.198) De uma forma mais exemplificativa, e de acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas, se em uma mesma situação, houvesse um empregado efetuando um trabalho tido como perigoso, e outro realizando trabalho caracterizado como insalubre, um perceberia um adicional e o outro o adicional correspondente e diverso daquele pago ao primeiro trabalhador. Porém, quando um empregado realiza ambos trabalhos, deve optar apenas por um, ou periculosidade ou insalubridade. Assim, agindo dessa maneira, o empregador teria qualificada sua conduta na órbita do enriquecimento ilícito e sem causa, pois, pagaria apenas ao empregado um adicional, mesmo que ele exercesse e a sua função se enquadrasse como sendo perigosa e insalubre concomitantemente. Como já visto, o conceito que predomina é que não é possível cumular os adicionais. Esse posicionamento também é o que vigora nos Egrégios Tribunais através dos acórdãos proferidos que tratam sobre o tema da cumulatividade dos adicionais. Porém, mesmo de forma tímida e de entendimento menor e menos abrangente, há acórdãos e posicionamentos da jurisprudência que entendem, 34 preenchidos os requisitos e como exceção, a possibilidade de a insalubridade e da periculosidade serem conjuntamente devidas ao trabalhador. A saber, do entendimento no que se refere ao acima descrito, no julgado abaixo transcrito, que deferiu ao trabalhador ambos adicionais, conjuntamente: RECURSO DE REVISTA. CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. POSSIBILIDADE. PREVALÊNCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS E SUPRALEGAIS SOBRE A CLT. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STF QUANTO AO EFEITO PARALISANTE DAS NORMAS INTERNAS EM DESCOMPASSO COM OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS. INCOMPATIBILIDADE MATERIAL. CONVENÇÕES NOS 148 E 155 DA OIT. NORMAS DE DIREITO SOCIAL. CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE. NOVA FORMA DE VERIFICAÇÃO DE COMPATIBILIDADE DAS NORMAS INTEGRANTES DO ORDENAMENTO JURÍDICO. A previsão contida no artigo 193, § 2º, da CLT não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que, em seu artigo 7º, XXIII, garantiu de forma plena o direito ao recebimento dos adicionais de penosidade, insalubridade e periculosidade, sem qualquer ressalva no que tange à cumulação, ainda que tenha remetido sua regulação à lei ordinária. A possibilidade da aludida cumulação se justifica em virtude de os fatos geradores dos direitos serem diversos. Não se há de falar em bis in idem. No caso da insalubridade, o bem tutelado é a saúde do obreiro, haja vista as condições nocivas presentes no meio ambiente de trabalho; já a periculosidadetraduz situação de perigo iminente que, uma vez ocorrida, pode ceifar a vida do trabalhador, sendo este o bem a que se visa proteger. A regulamentação complementar prevista no citado preceito da Lei Maior deve se pautar pelos princípios e valores insculpidos no texto constitucional, como forma de alcançar, efetivamente, a finalidade da norma. Outro fator que sustenta a inaplicabilidade do preceito celetista é a introdução no sistema jurídico interno das Convenções Internacionais nos 148 e 155, com status de norma materialmente constitucional ou, pelo menos, supralegal, como decidido pelo STF. A primeira consagra a necessidade de atualização constante da legislação sobre as condições nocivas de trabalho e a segunda determina que sejam levados em conta os riscos para a saúde decorrentes da exposição simultânea a diversas substâncias ou agentes-. Nesse contexto, não há mais espaço para a aplicação do artigo 193, § 2º, da CLT. Recurso de revista de que se conhece e a que se nega provimento. (TST, 7ª Turma, RR-1072-72.2011.5.02.0384, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 24/09/2014, DEJT 03/10/2014). Dessa forma, tendo em vista a Ementa transcrita, e o entendimento nela disposto que foi confirmado e retificado pelo Egrégio TST, decisão esta que, já era discutida e proferida pelos Egrégios TRTs dos Estados que compõem a Federação, levando em consideração ainda o entendimento e a lição doutrinária, utilizadas às diversas fontes do direito, esta situação remete ao pensamento de que, se uma vez encontrados os requisitos de fato e de direito que possibilitam a cumulação dos 35 adicionais, eles podem ser sim pagos conjuntamente ao trabalhador, mesmo que como exceção, pois, a regra e a legislação, diante das relações de emprego e humanas, tendem a transformar-se e adequar-se conforme o decorrer dos acontecimentos que dizem respeito ao mundo jurídico. 4.3 Atual posicionamento jurisprudencial Como visto nos itens acima explanados, o presente estudo tratou de versar sobre o acórdão da 7ª (sétima) Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que decidiu favoravelmente a um reclamante a cumulação dos adicionais de periculosidade e insalubridade conforme supra citada decisão e jurisprudência anexa. Conforme descrito e demonstrado no Trabalho de conclusão de Curso em tela, houve o embasamento da decisão que utilizou como fundamento no julgado do TST, que para a cumulatividade dos adicionais, o fato que originaria o acumulo deveria ser de natureza diversa. Entretanto, oposto ao que fora publicado da referida decisão, o Egrégio TST não está e nem iniciou a uniformização do referido acórdão como parâmetro para que em demandas de mesma natureza seja admitido a cumulatividade do adicional de insalubridade e de periculosidade. É claro que, o teor do acórdão torna admissível que, quando acionados, e até mesmo não o sendo, os empregadores paguem de forma cumulados aos trabalhadores ambos adicionais. Contudo, o julgado e o teor do decisório, não foi apreciado pela Subseção de Dissídios Individuais (SBDI), que é considerada como sendo a responsável mais elevada, que tem por atribuição perante àquela Egrégia Corte, uniformizar as decisões proferidas pela Justiça do Trabalho pelo TST em todo território nacional. Mas isso ainda não ocorreu. É claro que, tendo em vista o sentido e teor humano, analisado ainda a ótica social, a possibilidade de cumulação dos adicionais está embasado em um ideal principiológico e até mesmo doutrinário senso de justiça. Uma vez que, pela própria natureza e fundamento teórico e jurídico das referidas verbas, para que seja 36 atribuído ao trabalhador este ou aquele adicional, deve ser verificado o que distingue um do outro, que são o risco de vida e o perigo iminente e comprovado à saúde do trabalhador. Assim, por muitas vezes e dependendo da profissão que exerce, o trabalhador pode estar exposto de forma individual, vezes exposto a um, e, por vezes exposto ao outro risco, o que o torna merecedor sim, pela ótica de um conceito amplo de justiça, de compensação financeira de ambos adicionais de periculosidade e insalubridade de forma cumulada, como verba integrante de seus vencimentos. Entretanto, cabe salientar que há um impedimento legal que de certa forma proíbe que sejam cumulados o adicional de insalubridade e o adicional de periculosidade. A consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), no seu artigo 193, parágrafo 2º, veda sem demais interpretações a cumulação dos adicionais. Também, de acordo com a renomada doutrina dominante, os fundamentos e ordenamento inclusos na CLT e na Carta Magna, no que se refere aos adicionais, distinguem e lecionam sobre os diferentes requisitos do trabalho realizado de maneira e em situação considerada perigosa ou de risco iminente à sua saúde. A redação do artigo 193, § 2º, disciplina a insalubridade que deverá ser adicionada a verba salarial do trabalhador, tendo em vista se este estiver exposto a agentes considerados lesivos, danosos e prejudiciais à saúde do empregado. E, também cabe referir que o artigo 7º, em seu inc. XXII condiciona e determina que as empresas e/ ou empregadores, reduzam e tomem providências na intenção de diminuir o risco de prejuízo e dano grave à saúde dos empregados no ambiente de labor. A Carta Magna de 1988 disserta que é direito dos trabalhadores, tanto na esfera rural quando na urbana, e de outros que tenham por objetivo tornar mais benéfico e melhorar suas vidas, a compensação por meio dos adicionais para o trabalho considerado penoso, ou perigoso e/ou considerado insalubre, nos termos da legislação. Tal previsão está contida no artigo 7º, inciso XXIII da Constituição. Extrai-se, portanto, do entendimento legal supra demonstrado que, primeiramente a legislação em vigor no Brasil, não permite que o adicional de insalubridade e o adicional de periculosidade sejam cumulativamente integrados ao 37 salário do trabalhador. Ainda, é possível verificar que, de acordo com a mesma legislação acima referida que, existe e é permitida a possibilidade de o trabalhador escolher optando pelo adicional. Assim, tendo em vista todos os argumentos fáticos, doutrinários, jurisprudenciais e jurídicos analisados e apresentados no presente estudo, pode-se concluir que: Primeiro: Não é de um todo um absurdo a cumulação do adicional de insalubridade e do adicional de periculosidade, uma vez que o empregado, por vezes, poderá estar em contato com agentes lesivos e danosos à sua saúde, bem como experimentando risco de vida em decorrência da atividade que exerce. O que deverá ser avaliado de acordo com cada situação vivenciada por ele no seu ambiente de trabalho. Mas é sabido que, a legislação veda a cumulatividade, conforme a Consolidação das Leis Trabalhistas acima colacionadas demonstra. Segundo: Não existem questionamentos ou dúvidas sobre o país ter ratificado às Convenções de nº. 148 e a Convenção de nº. 155 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), ainda, referir que, com a Ilustre Decisão do Egrégio Superior Tribunal Federal, os tratados, no caso, às Convenções da Organização Internacional do Trabalho, consideradas como legislação especialíssima que trata sobre os direitos humanos, são tidas e avaliadas com hierarquia superior à das normas citadas. Porém, como visto no presente Trabalho de conclusão de Curso, no que se refere às Convenções supra, pode ser verificado que estas não tratam e nem têm o como objeto avaliar ou definir posição sobre a (im)possibilidade da cumulatividade do adicional de periculosidade e do adicional de insalubridade ao salário dos trabalhadores. Terceiro: Por fim, a Colenda Turma dos Nobres Ministros que integram a Subseção de Dissídios Individuais – I, proferiu ilustre decisão que concretizou a corrente positivista de que é impossível nos termosda legislação vigente, cumular o adicional de insalubridade com o adicional de periculosidade, não tecendo maiores considerações nem maiores entendimentos no referido julgamento, e, também não havendo nem verbalizando teorias com qualquer advertência, exceção ou lembrete, 38 de caso onde seja possível e autorizado cumular os adicionais. Tudo disposto no E- RR 1081-60.2012.5.03.0064. Em derradeiro, pode se concluir, portanto que, os adicionais de periculosidade e de insalubridade, conforme teor e tese legal firmada pelo TST, mas não com caráter vinculante ou uniforme, não podem ser cumulados. Contudo, em muito a própria jurisprudência e doutrina trabalhista e processualista trabalhista divergem de tal entendimento, como fora demonstrado no presente estudo. Pois, o que se vislumbra é que há dois posicionamentos baseados em premissas e ideias de bem estar e organização social: um baseado na lei e o outro no justo, na justiça. 39 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo teve como escopo apresentar os entendimentos majoritários e minoritários da legislação pátria, dos Egrégios Tribunais através de suas jurisprudências e da renomada doutrina, pelas obras utilizadas, que evidenciam posicionamentos contrários e a favor da cumulação do adicional de periculosidade e do adicional de insalubridade. Foram abordadas situações fáticas através de exemplos e casos concretos havidos e que foram analisados pela Justiça Trabalhista e pelas Côrtes Superiores do país. Observou-se que, o impedimento legal para a cumulação dos referidos adicionais, é óbice imperativo para que haja a compensação monetária ao trabalhador que está exposto muitas vezes à situações que, tendo em vista os conceitos supra firmados, dão ensejo ao pagamento dos adicionais conjuntamente. Assim, haveria uma devida compensação aos trabalhadores, resguardadas às limitações, a realização de atividades tidas como insalubres e perigosas, ou seja, que ofereçam conjuntamente riscos à saúde e o iminente risco de morte aos obreiros. Assim, mesmo que o entendimento predominante seja de que não há a possibilidade da cumulação dos adicionais, através do entendimento positivo da fria letra da lei, e também do posicionamento dos Egrégios Tribunais Pátrios na grande maioria das decisões proferidas através dos acórdãos relativos ao tema em análise, não há como negar que, mesmo que o entendimento quanto ao recebimento de ambos adicionais seja minoritário, existem em excepcionais situações a possibilidade de cumular os adicionais a verba remuneratória dos trabalhadores que exercem profissões que, em decorrência da própria atividade acarretam riscos iminentes à vida e a saúde do trabalhador, como já houve através do julgado colacionado acima, entendimento sobre a cumulação dos adicionais. Portanto, mesmo que não seja a corrente predominante, há de se destacar que, o que se pretende com o presente estudo em tela, não é o deslinde da discussão acerca do exposto, mas sim uma reflexão sobre esta situação. Haja vista que, não se trata de um invencionismo jurídico, doutrinário ou jurisprudencial, mas sim da exposição de uma situação que cotidianamente ocorre na esfera trabalhista. 40 A fria letra da lei é um meio, mas não o fim para o aclaramento de situações vivenciadas e que ocorrem no mundo do direito, que trata de ser, diferentemente de algumas ciências, uma ciência cujas verdades têm o caráter transitório, sendo que a lei é uma das fontes do direito, mas não a única. 41 6. REFERÊNCIAS BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: LTr, 2012. BARSANO, Paulo Roberto. Segurança do Trabalho: guia prático e didático / Paulo Roberto Barsano, Rildo Pereira Barbosa. 1. ed. São Paulo: Érica, 2012. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 2017. BRASIL. Decreto Lei nº 5.452: Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/Del5452.htm>. Acesso em: 25 de março de 2017. BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. 9ª turma. Recurso Ordinário nº 0020378-38.2015.5.04.0026 (RO). Recorrente: Thiago Gomes Vasconcelos. Recorrido: Abastecedora de Combustíveis Nonoai Ltda. Relator: Manuel Cid Jardon. Porto Alegre, 13 de outubro de 2016. Lex – Jurisprudência do TRT 4ª região, Passo Fundo, maio de 2017. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. 7ª turma. Recurso de Revista nº TST-RR- 1072-72.2011.5.02.0384. Recorrente: Amsted Maxion Fundição e Equipamentos Ferroviários S.A. Recorrido: Ivanildo Bandeira. Relator: Cláudio Mascarenhas Brandão. Brasília, 24 de setembro de 2014. Lex – Jurisprudência do TST, Passo Fundo, maio de 2017. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. 2ª turma. Embargos em Recurso de Revista com Agravo n° TST-E-ARR-1081-60.2012.5.03.0064. Embargante: Astor Celso de Jesus. Embargada: Arcelormittal Brasil S.S. Relator: João Oreste Dalazen. Brasília, 28 de abril de 2016. 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