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Libras I (UniFatecie)

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Prévia do material em texto

Libras I
Professora Me. Elizete Pinto Cruz Sbrissia Pitarch Forcadell
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
F697L Forcadell, Elizete Pinto Cruz Sbrissia Pitarch 
 Libras I / Elizete Pinto Cruz Sbrissia Pitarch Forcadell. 
 Paranavaí: EduFatecie, 2022. 
 137 p. : il. Color. 
 
 
 
1. Língua brasileira de sinais. 2. Interpretes para surdos. 3. 
 Surdos - Educação. 4. Língua de sinais. 5. Aquisição 
 da linguagem. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de 
 Educação a Distância. III. Título. 
 
 CDD: 23 ed. 371.912 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
dos sites Shutterstock e 
Pexels.
AUTORA
Professora Me. Elizete Pinto Cruz Sbrissia Pitarch Forcadell
● Mestre em Ensino Formação Docente Interdisciplinar (UNESPAR);
● Especialista em Educação Especial: Área da Surdez – Libras (ESAP); 
● Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica (ESAP);
● Especialista em Atendimento Educacional Especializado – AEE (UEM);
● Graduada em Pedagogia (UEM);
● Graduada em Letras com Habilitação em Libras (EFICAZ);
● Proficiência em Tradução/Interpretação de Libras (FENEIS);
● Proficiência em Tradução/Interpretação de Libras (PROLIBRAS);
● Técnica em Tradução/Interpretação de Libras (IFPR);
● Docente Universitária da Disciplina de Libras;
● Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Especial 
 e Inclusiva – GEPEEIN (IFPR).
CURRÍCULO LATES: http://lattes.cnpq.br/4629794516295407 
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Prezado (a) acadêmico (a)!
Que alegria estar com você novamente! Seja bem-vindo (a) à Disciplina de LIBRAS I.
Chegou a hora de você se desafiar a praticar a Língua Brasileira de Sinais, conhecer 
os aspectos visuais e gramaticais, as propriedades e a formação dos léxicos na morfologia 
e na sintaxe que podem mudar o significado e o sentido dos sinais e formar frases para 
iniciar sua comunicação com os surdos. É importante refletir e saber utilizar cada formação 
de sinais e sua descrição imagética, pois pode descrever cada objeto, animais e pessoas. 
Vale lembrar que, para que você não perca o contato com a língua de sinais, é 
preciso exercitar os “olhos” para “ver” as complexidades da língua, e, permitir que suas 
“mãos” possam “falar” durante a prática dessa língua visuo-espacial.
Essa disciplina te convida a mergulhar em um outro mundo, o das imagens em 
movimento, dos significados em comunicação, dos traços das expressões que traduzem 
todas emoções. 
Aprender língua de sinais é desafiante e instigante, e você acadêmico(a) poderá 
através desse material didático executar seus primeiros sinais e iniciar a comunicação com 
a comunidade surda.
Portanto, aproveite este material didático que foi elaborado em 4 Unidades e 
apresenta conteúdos teóricos, mas, principalmente práticos. Sabemos que estudar essa 
disciplina exige contato com a prática, por isso, tentamos apresentar a você, exemplos 
sinalizados por essa autora e pelo Professor Me. Murilo Sbrissia Pitarch Forcadell, surdo e 
esposo da autora desse material didático, a quem agradecemos pela valorosa contribuição. 
Na Unidade I - DIVISÃO DA LÍNGUA DE SINAIS: ASPECTOS DA VISUALIDADE, 
você vai adquirir noções básicas da Libras reconhecendo os aspectos visuais que compõem 
a língua, desenvolver a consciência espacial, as expressões faciais e corporais e a percep-
ção visual na língua de sinais, registrar o conceito de descrição imagética e identificar os 
processos de formação de sinais, analisando os conhecimentos linguísticos e culturais dos 
sujeitos surdos.
Na Unidade II - CONVERSANDO EM LIBRAS, passaremos a conhecer e distin-
guir os parâmetros da Libras na constituição dos sinais, percebendo os elementos visuais 
e estéticos na literatura sinalizada, aprenderemos o alfabeto manual e o sinal soletrado, 
a diferença entre os numerais cardinais, ordinais e quantidade nos diferentes contextos, 
e como executar os sinais conforme seus parâmetros de configuração de mão, utilizando 
esses sinais de maneira apropriada em situações comunicativas com surdos.
Na Unidade III - APRESENTAÇÃO PESSOAL, apresentaremos as saudações 
em Libras em contextos formal e informal, você será capaz de usar adequadamente os 
pronomes e os advérbios de lugar na Língua Brasileira de Sinais e compreender a Libras 
em seus aspectos morfológicos e sintáticos.
Na Unidade IV – OS CLASSIFICADORES NA LIBRAS, será compartilhado com 
você os verbos de locomoção e os verbos classificadores e seu sistema de flexão, para 
que inicie a construção de frases com verbos de locomoção e com verbos classificadores, 
diferenciando classificadores de adjetivos descritivos, bem como conhecer os vários tipos 
de verbos classificadores na Libras.
Durante toda essa disciplina de Libras I, estaremos sempre ao seu lado, pois o 
nosso desejo é que você possa avançar mais e mais a cada Unidade de Estudo. Buscamos 
então, usar uma linguagem acessível para facilitar a apreensão dos conteúdos. Portanto, 
para que a aprendizagem de Libras se torne algo prazeroso e contagiante, você precisa 
ir além desse material didático, leia, releia, treine – se for o caso – o material, assista às 
videoaulas correspondentes e desafie-se a praticar os sinais. Não se esqueça de consultar 
os sites e links que sugerimos, a fim de complementar seus estudos. Procure aprimorar 
seus conhecimentos sobre o assunto com colegas que já cursaram Libras, busque conhe-
cer e iniciar uma relação comunicativa com os surdos. O importante é não ficar parado, 
lembre-se que a Libras é a comunicação em suas mãos!
Bons estudos e abraços sinalizados!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 4
Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade
UNIDADE II ................................................................................................... 34
Conversando em Libras
UNIDADE III .................................................................................................. 68
Apresentação Pessoal
UNIDADEIV ................................................................................................ 103
Os Classificadores na Libras
4
Plano de Estudo:
● Experiência visual: o ouvir pelos olhos e o falar com as mãos;
● Componentes não manuais: expressões faciais e corporais na Libras;
● A percepção e o processamento visual espacial dos surdos;
● Os aspectos da visualidade na educação dos surdos;
● A descrição imagética na Libras;
● Signo visual e suas propriedades na Libras.
Objetivos da Aprendizagem:
● Adquirir noções básicas da Libras reconhecendo 
os aspectos visuais que compõem a língua;
● Desenvolver a consciência espacial, as expressões faciais 
e corporais e a percepção visual na língua de sinais;
● Registrar o conceito de descrição imagética;
● Identificar os processos de formação de sinais, analisando os 
conhecimentos linguísticos e culturais dos sujeitos surdos.
UNIDADE I
Divisão da Língua de Sinais:
Aspectos da Visualidade
Professora Me. Elizete Pinto Cruz Sbrissia Pitarch Forcadell
5UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
INTRODUÇÃO
Iniciamos esta unidade com um questionamento reflexivo a você acadêmico(a)!
Já parou para pensar, se de repente você se visse obrigado(a) a se comunicar 
sem emitir sons, usar as mãos e as expressões faciais e corporais para ser compreen-
dido(a)? Não te parece estranho, ter que criar estratégias para que as pessoas possam 
compreender seus pensamentos, seus sentimentos, suas emoções, seus conhecimentos, 
as informações, através de uma emissão não baseada em sons e falas orais? Você já 
parou para observar um grupo de surdos conversando? O que você sentiu? Como você se 
sentiria se estivesse no meio deles por alguns instantes?
Se você já teve essa experiência, posso imaginar algumas das suas respostas ou 
reflexões para cada um desses questionamentos, se você ainda não teve essa experiência, 
sugiro que comece aos poucos a ir observando e tentando refletir sobre isso.
Um dos pontos que certamente você irá perceber é a forma criativa que os surdos 
estabelecem para se comunicar através da comunicação visuo-espacial, o uso das expres-
sões faciais e corporais, a sinalização rápida, o direcionamento dos olhos, os apontamentos, 
são pontos muito destacados nessa comunicação, a isso, damos o nome de experiência 
visual da surdez, ou seja, a ausência da audição faz com que os surdos recorram a outros 
caminhos para interagir e desenvolver suas necessidades de compreensão linguística. 
Não podemos confundir essa forma de comunicação como mímica, como muitas 
pessoas erroneamente o fazem. Já estudamos anteriormente que a língua que os surdos 
brasileiros utilizam em sua comunicação, ensino e aprendizagem (LIBRAS), passou a ser 
reconhecida através da Lei 10.436/2002, sendo assim, ela tem o mesmo status linguístico 
que as línguas orais, no caso do Brasil, a Língua Portuguesa. 
Assim, a Libras é uma língua natural, relacionada aos costumes e à cultura da co-
munidade surda brasileira, que flui de uma necessidade de comunicação entre as pessoas 
que utilizam a modalidade ou visuo-espacial para se comunicar.
A experiência visual dos surdos, os componentes não-manuais, a percepção e o 
processamento visual espacial, os aspectos da visualidade na educação dos surdos, a 
descrição imagética e o signo visual e suas propriedades, a partir de agora farão parte dos 
nossos estudos que estão subdivididos em tópicos neste material didático. 
6UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
1. EXPERIÊNCIA VISUAL: O OUVIR PELOS OLHOS E FALAR COM AS MÃOS
Para iniciarmos os estudos deste capítulo, propomos apresentar uma síntese sobre 
a modalidade visuo-espacial, escrito por Heloisa Maria Moreira Lima Salles et al. (2007 
p. 83-84) o texto a seguir é um convite para que você, acadêmico(a) mergulhe a fundo 
nas reflexões abordadas no livro de Salles, et al. (2007) intitulado: “Ensino de Língua 
Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica”, vol. I.
Na caracterização das línguas de sinais, o primeiro aspecto a considerar é que essas 
línguas utilizam a modalidade visuo-espacial, que se distingue da modalidade oral-auditiva, 
utilizada pelas línguas orais. Essa oposição remete ao cerne do conceito de linguagem, 
suas propriedades e manifestações. 
Como salienta Brito (1995, p. 11), a linguista brasileira pioneira no estudo da Língua 
Brasileira de Sinais (Libras), o canal visuo-espacial pode não ser o preferido pela maioria 
dos seres humanos para o desenvolvimento da linguagem, posto que a maioria das línguas 
naturais são orais-auditivas, porém é uma alternativa que revela de imediato a força e a 
importância da manifestação da faculdade de linguagem nas pessoas.
Heloisa Maria M. L.Salles et al. (2004), em Ensino de língua portuguesa para sur-
dos: caminhos para a prática pedagógica, comenta:
7UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
Um aspecto que se sobressai no contraste entre as modalidades visuo-es-
pacial e oral-auditiva é a questão da arbitrariedade do signo linguístico. Esse 
conceito estabelece que, na constituição do signo linguístico, a relação entre 
o significante (imagem acústica / fônica) e o significado é arbitrária, isto é, não 
existe nada na forma do significante que seja motivado pelas propriedades 
da substância do conteúdo (significado). Uma característica das línguas de 
sinais é que, diferentemente das línguas orais, muitos sinais têm forte motiva-
ção icônica. Não é difícil supor que esse contraste se explique pela natureza 
do canal perceptual: na modalidade viso-espacial, a articulação das unida-
des da substância gestual (significante) permite a representação icônica de 
traços semânticos do referente (significado), o que explica que muitos sinais 
reproduzam imagens do referente; na modalidade oral-auditiva, a articulação 
das unidades da substância sonora (significante) produz sequências que em 
nada evocam os traços semânticos do referente (significado), o que explica o 
caráter imotivado ou arbitrário do signo linguístico nas línguas orais (SALLES 
et al., 2004, p. 83).
Para compreender melhor sobre a construção da experiência visual das pessoas 
surdas, Strobel (2008) exemplifica que os surdos conseguem andar ao mesmo tempo em 
que escrevem a mensagem no celular, diferentemente dos ouvintes. Isso porque, com a 
impossibilidade ou dificuldade de ouvir, os surdos se baseiam na visão e, portanto, desen-
volvem uma atenção visual muito grande, percebendo mais detalhes do que os ouvintes. 
Também possuem uma comunicação facial bastante expressiva e usam o corpo e muitos 
gestos para se fazerem entender.
Sob esse ponto de compreensão é possível entender que, não há uma comunica-
ção sem o estabelecimento do olhar, e, esse olhar além de estar associado à gramática 
espacial, também é pré-requisito que contribui na organização dos espaços físicos.
Vivenciar a surdez como ‘experiência visual’ permite que o surdo possa compreen-
der e interagir com o mundo, e no mundo, por meio da sua cultura, suas experiências, sua 
língua, suas representações e produções. A língua visual-espacial é capaz de dar ao surdo 
o direito de pensar, sonhar e planejar as coisas em sua língua natural.
A língua de sinais acontece em um espaço de sinalização que inclui o próprio corpo 
sinalizante e o espaço à frente do seu corpo. Os sinais serão feitos neste espaço, como 
você pode observar no vídeo The Giving Tree in American Sign Language, acessando: 
https://www.youtube.com/watch?v=moUvQIsro_M
FIGURA 1 - A REPRESENTAÇÃO DA ÁRVORE NA HISTÓRIA E O SINAL ÁRVORE
Fonte: SILVERSTEIN. The giving tree in American Sign Language. 2013. Disponível em:
 https://www.youtube.com/watch?v=moUvQIsro_M. Acesso em: 26 ago. 2021. 
8UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
FIGURA 2 - SINAL DE ÁRVORE
Fonte: SILVERSTEIN. The giving tree in American Sign Language. 2013. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=moUvQIsro_M.Acesso em: 26 ago. 2021.
The giving tree (em português: A árvore generosa) que é traduzido em várias lín-
guas, inclusive em línguas de sinais e latim. A análise do texto sinalizado foi feita com 
foco no uso da mão passiva e ativa na ação construída para a representação dos dois 
personagens principais da história
O texto faz uso frequentemente dos classificadores, da mudança de papel e da pers-
pectiva do sinalizador. Também é rico em expressões faciais e recursos não manuais. A árvore 
é representada pelo corpo do sinalizador. Para indicar a vida da árvore (as folhas, flores e 
os frutos), o sinalizador usa a configuração de mão, principalmente com as duas mãos, que 
indicam os galhos da árvore. Na verdade, a forma das mãos refere-se ao sinal ÁRVORE. 
Somente quando o sinalizador quer representar o menino é que usa uma das mãos 
(em sinal de ÁRVORE) como mão passiva. A mão ativa então representa o menino, incor-
porando a inflexão dos verbos direcionais. No final da história, quando a árvore não tem 
galhos, o sinalizador não usa as mãos e a configuração de mão (em sinal de ÁRVORE). Aliás, 
para indicar o tronco cortado da árvore, o sinalizador se curva e a parte superior do corpo é 
abaixada. Assim, existe uma metáfora. O corpo para cima demonstra a vida (a árvore viva 
com galhos, flores, frutos), e o corpo para baixo, o fim da vida (a árvore sem galhos e com o 
tronco cortado). A perspectiva do sinalizador é baseada nessa contradição, e os recursos não 
manuais (por exemplo, o olhar do sinalizador) são direcionados por esta relação espacial; 
para cima, quando representa a árvore, e para baixo, quando representa o menino.
9UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
● Conectando objetivos com estrutura: a mudança de papel
Objetivo: Reconhecer a mudança de papéis como um marcador da mudança de 
sujeito e/ou objeto, bem como o uso do olhar para indicar o sujeito em uma sinalização.
FIGURA 3 - MUDANÇA DE PAPÉIS NA SINALIZAÇÃO
Fonte: adaptado pela autora: SILVERSTEIN. The giving tree in American Sign Language, 2013. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=moUvQIsro_M. Acesso em: 26 ago. 2021.
Para Campello (2008), o papel do olhar, movimentos dos lábios, estufar das boche-
chas, boca em forma de “canudo”, movimentos das sobrancelhas, movimentos oculares, 
movimentos da testa, movimentos da cabeça, movimentos da face direita ou da esquerda 
puxando os lábios para cima ou para baixo e diversas formas da expressão facial são muito 
importantes: neles se mostra o “termômetro” em cada medida dos sinais ou dos gestos, 
para dar sentido ou dar o valor de tamanho ou de forma. As representações, associadas 
com as expressões faciais do narrador ou sujeito surdo, completam e acabam qualificando 
o signo visual em sinal.
10UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
2. COMPONENTES NÃO MANUAIS: EXPRESSÕES FACIAIS E CORPORAIS 
 NAS LIBRAS
A Libras conta com uma série de componentes não manuais, conforme Quadros e 
Karnopp (2004) esses componentes referem-se às expressões faciais e aos movimentos 
do corpo produzidos durante a realização do sinal ou realizados isoladamente para marcar 
construções sintáticas – marcar sentenças interrogativas, relativas, concordância, tópico 
e foco, marcar referência específica, referência pronominal, negação, advérbios, grau ou 
aspecto, bem como para marcar afetividade conforme ocorre nas línguas naturais e podem 
muitas vezes definir ou diferenciar significados entre sinais.
Muitos ouvintes ao iniciarem seus estudos e aprendizagem na área da língua de 
sinais apresentam bastante dificuldades em compreender a diferença que a expressão 
da face tem para marcar aspectos gramaticais. Vejamos alguns depoimentos e relatos de 
alunos ouvintes iniciantes da aprendizagem da Libras:
“É uma dificuldade pra gente de trabalhar a expressão facial...”
“A expressão facial não é uma coisa rotineira para nós ouvintes, e por isso é tão difícil.” 
“O professor contou uma piada para nós. É a primeira vez que “ouço” uma piada 
de surdos e contada por um surdo, e me impressiona muito a capacidade do professor 
surdo de mostrar os sentimentos através do corpo, da fase e do olhar também. Não é só as 
mãos que falam, mas o conjunto. Para pessoas contidas como eu é um “baile” desenvolver, 
além das mãos, essa capacidade de falar com o corpo! Depois em outra atividade ele 
nos chamou a atenção para a expressão facial. Particularmente tenho bastante dificuldade 
neste aspecto: cara de gesso!” 
11UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
A expressão facial e corporal é o quinto parâmetro na Língua Brasileira de Sinais e 
pode traduzir alegria, tristeza, raiva, amor, encantamento, entre outros sentimentos, dando 
mais sentido à Libras e, em alguns casos, determinando o significado de um sinal, como, 
por exemplo:
FIGURA 4 - EXPRESSÕES FACIAIS ASSOCIADAS ÀS PALAVRAS
Fonte: arquivos da autora (2021).
FIGURA 5 - EXPRESSÕES FACIAIS ASSOCIADAS ÀS PALAVRAS
Fonte: arquivos da autora (2021).
12UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
Para os usuários de língua de sinais, as expressões faciais têm duas funções distin-
tas: as afetivas, capazes de expressar as emoções (assim como nas línguas faladas) e as 
gramaticais que se subdividem em lexicais e sentenciais (como orações relativas), servindo 
para distinguir funções linguísticas, uma característica única das línguas de modalidade 
visual-espacial.
FIGURA 6 - EXPRESSÕES FACIAIS AFETIVAS
Fonte: arquivos da autora (2021).
FIGURA 7 - EXPRESSÕES FACIAIS AFETIVAS
Fonte: arquivos da autora (2021).
13UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
FIGURA 8 - EXPRESSÕES FACIAIS GRAMATICAIS
Fonte: arquivos da autora (2021).
FIGURA 9 - EXPRESSÕES FACIAIS ASSOCIADAS À SENTENÇA INTERROGATIVAS
Fonte: arquivos da autora (2021).
14UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
FIGURA 10 - EXPRESSÕES FACIAIS ASSOCIADAS 
À SENTENÇAS AFIRMATIVAS OU NEGATIVAS
Fonte: arquivos da autora (2021).
FIGURA 11 - EXPRESSÕES FACIAIS ASSOCIADAS À SENTENÇAS EXCLAMATIVAS
Fonte: arquivos da autora (2021).
Os trabalhos de Baker e Cokely (1980), Baker e Padden (1978) e Baker-Shenk 
(1983) são estudos que analisam a importância das expressões não-manuais expressa 
pela face (sobrancelhas franzidas, piscar dos olhos, movimentos de lábios) e pelo corpo 
(movimento de cabeça e tronco). Os estudos de Baker-Shenk (1983) serviram de base 
para Ferreira-Brito e Langevin (1995) identificarem as marcas não manuais em Libras. É 
importante registrar que duas expressões não manuais podem ocorrer simultaneamente, 
como podemos observar nas frases apontadas por Quadros apud Strobel (1995, p. 25), e 
sinalizadas pela autora deste material didático:
15UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
FIGURA 12 - EXPRESSÕES FACIAIS ASSOCIADAS ÀS CONSTRUÇÕES SINTÁTICAS
PORTUGUÊS LIBRAS Expressão
Você encontrou 
seu amigo?
VOCÊ ENCONTRAR AMIG@ 
(expressão de interrogação)
Você encontrou seu amigo. VOCÊ ENCONTRAR AMIG@ 
(expressão de afirmação)
Você encontrou seu amigo! VOCÊ ENCONTRAR AMIG@ 
(expressão de alegria)
Você encontrou 
seu amigo!?
VOCÊ ENCONTRAR AMIG@ 
(expressão de dúvida/desconfiança)
Você encontrou seu amigo. VOCÊ ENCONTRAR AMIG@ 
(expressão de negação)
Você encontrou seu amigo? VOCÊ ENCONTRAR AMIG@ 
(expressão de interrogação/negação)
Fonte: adaptado de: Strobel (1995).
16UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
3. A PERCEPÇÃO E O PROCESSAMENTO VISUAL ESPACIAL DOS SURDOS
Quando falamos em surdez como experiência visual, Skliar, (2013, p. 28) esclarece 
que todos os mecanismos de processamento da informação, e todas as formas de com-
preender o universo em seu entorno, se constroem como experiência visual. O autor ainda 
em seus estudos complementa: 
Ao definir a surdez como uma experiência visual, que constitui e especificaa 
diferença, não estou restringindo o visual a uma capacidade de produção e 
compreensão especificamente linguística ou a uma modalidade singular de 
processamento cognitivo. Experiência visual envolve todo tipo de significa-
ções, representações e/ou produções, seja no campo intelectual, linguístico, 
ético, estético, artístico, cognitivo, cultural etc (SKLIAR, 1998, p. 11).
Assim, reconhecer e valorizar a importância da experiência visual para os sujeitos 
surdos, como forma peculiar de apreender o mundo e de posicionar-se diante dele, não 
só abre caminhos para que este se constitua na sua diferença, como também cria possi-
bilidades no seu processo de aprendizagem, levando em consideração às características 
visuais, gestuais e espaciais da língua de sinais. 
Para Campello (2008) essa experiência visual do surdo está relacionada à percep-
ção de signos visuais, e a partir dessa percepção os surdos criam os significados que irão 
compor a sua comunicação sinalizada: 
O signo visual nascido ou criado culturalmente pela comunidade Surda está 
em constante pesquisa, uma vez que envolve uma dada percepção visual 
e construção de ideias e imagens visualizadas que regem ou se constituem 
como princípios da língua natural e da modalidade comunicativa que pos-
sibilita a comunicação interativa entre os Surdos em um mesmo ambiente 
linguístico ou distinto deles. Os signos visuais (ou do som da palavra para os 
oralizados) criam uma língua quando repassam uma ou várias informações 
para o cérebro e essa passa para uma ação verbal ou sinalizada (CAMPE-
LLO, 2008, p. 100).
17UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
Nessa linha de pensamento, Campello (2008, p. 91) ressalta que a Língua de Sinais 
tem “inúmeras formas de apreensão, interpretação e narração do mundo a partir de uma 
cultura visual”, o que significa que a Língua de Sinais, no âmbito da experiência visual, 
não pode ser pensada apenas em seus aspectos estruturais, mas ancora-se também na 
exploração da visualidade do sujeito.
Sobre a experiência visual apontada por Campello (2008), temos que a cultura 
surda e identidade surda são formadas pelas experiências e pelos saberes do povo surdo. 
Todo o povo surdo traz consigo a experiência de ser surdo – e esta é uma experiência 
surda individual. Contudo, quando essa experiência pessoal se mistura com os saberes 
provenientes das experiências de outras pessoas surdas, incluindo aquelas que vêm do 
passado ou de outros lugares, nós podemos encontrar a cultura surda (BAHAN, 1994). 
Então, existem muitas formas pelas quais as pessoas surdas podem adquirir saberes do 
mundo surdo, todavia a Literatura Surda se torna uma das mais importantes. 
A Literatura Surda produzida pelos artistas surdos advém das suas experiências e 
dos saberes presentes no seu mundo surdo. Assim, os surdos levam adiante a sua cultura 
(linguística e de outros saberes) para outros surdos. 
A Literatura Surda pode incluir a escrita por surdos, mas é principalmente uma 
literatura em línguas de sinais, quase sempre produzida por pessoas surdas. Pode ser 
original (criada pelos próprios autores surdos), traduzida ou adaptada. Essas traduções e 
adaptações nem sempre são traduções de textos, mas sim de outros recursos como filmes 
e teatros (BAHAN, 2006). 
A Literatura Surda em língua de sinais é uma manifestação artística (com poemas, 
narrativas, teatros, piadas, entre outros) criada e apresentada por surdos. Entende-se que 
determinada produção faz parte da Literatura Surda se ela é criada e apresentada por 
surdos, o conteúdo mostra elementos da cultura surda, o público-alvo é um público de 
surdos, e/ou a forma de apresentação é por meio da língua dos surdos. A centralidade 
está na linguagem estética visual, a qual tem suas origens no uso da língua cotidiana, 
mas se modifica e se destaca por ser “diferente”, principalmente por aumentar a produção 
das imagens visuais. O objetivo das produções literárias é criar imagens visuais fortes e 
inesperadas. Por isso, podemos identificar alguns elementos nas narrativas, piadas, teatros 
e poemas em Libras que chamam a atenção para o aspecto visual.
As produções literárias focalizam o uso do espaço. Os sinais que costumam ser 
colocados no espaço de sinalização tendem a ser altamente icônicos, ou seja, apresentam 
uma função majoritariamente ilustrativa, criando imagens impressionantes. O espaço, além 
de icônico, tende a ser metafórico. A incorporação dos personagens mostra diretamente 
como são estes personagens, quais os seus sentimentos e como ele se comporta. Essa 
“ação construída”, também conhecida como “incorporação”, é um recurso muito valorizado 
na Literatura Surda no qual o artista recria os personagens por intermédio do seu próprio 
corpo, como vimos anteriormente no tópico I: The giving tree (em português: A árvore ge-
nerosa). A incorporação literária muitas vezes usa o exagero, com movimentos maiores e 
expressões não manuais mais fortes do que na simples conversa.
18UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
4. OS ASPECTOS DA VISUALIDADE NA EDUCAÇÃO DOS SURDOS
Ser professor de alunos surdos significa considerar suas singularidades de apreen-
são e construção de sentidos, as possibilidades de leitura de imagens se bem exploradas 
pelo professor, vai na mesma direção da construção desses sentidos. Martins (2010) com-
plementa que:
[...] para que [o professor] possa garantir uma prática adequada e eficaz, 
precisa desenvolver uma pedagogia visual e ser capaz de “transformar as 
palavras, as frases, as significações, os signos em outros signos visuais, ou 
seja, em “palavras visuais” em imagem, porque isso facilita muito para os 
surdos (MARTINS, 2010, p. 39).
A “experiência visual” na educação de surdos e na escolarização dos surdos com 
suas demandas de recursos gesto-visual e espacial aproxima-se sobremaneira da mesma 
tendência da chamada Sociedade da Visualidade, a sociedade da imagem. Como diz Jobim 
e Souza (2000, p.115), “vivemos na sociedade da visualidade, da estetização da realidade, 
da transformação do real em imagens [...]”. 
Nesse contexto as questões da surdez relacionadas à comunicação com base em 
signos visuais se destacam e se coadunam com as características do tempo contemporâneo: 
a visualidade anteriormente citada. Assim, a surdez passa a ser considerada e reconhecida 
por parâmetros diferentes dos tradicionais. Apresentamos, na sequência, o pensamento de 
alguns autores sobre tais questões que já foram ressaltadas por Skliar (1998):
19UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
TABELA 1 - A SURDEZ E A EXPERIÊNCIA VISUAL
 ► Wrigley (1996) afirma que é preciso compreender “a surdez não como uma questão de audiologia, 
mas em um nível epistemológico” (apud SKLIAR, 1998, p.10). 
 ► Skliar (1998, p.11) destaca, por sua vez, que “A surdez constitui uma diferença a ser politicamente 
reconhecida; a surdez é uma experiência visual”. A surdez não é mais considerada como patologia 
clínica terapêutica e sim como uma “experiência visual”. 
 ► Skliar (1995, p. 13) lembra que a Surdez está “ancorada em práticas de significação e de represen-
tações compartilhadas entre os Surdos”. Os signos visuais e suas interpretações variam de acordo 
com a subjetividade visual, representatividade visual e pensamento visual dos sujeitos Surdos. 
 ► Luklin (1998, p. 44) diz que “O conhecimento dos códigos do ver e do olhar de uma cultura visual 
possibilita outras interpretações e favorece os ‘estrangeiros’ que se aproximam da comunidade de 
pessoas Surdas”, facilitando o conhecimento pela visualidade e com os signos visuais. 
 ► Lane (1992, p. 38) aponta que é “mencionada muita coisa sobre as perdas auditivas e nada sobre o 
aumento da percepção visual e raciocínio”.
Fonte: Skliar (1998).
A “experiência visual” em consonância com o tema aspectos da visualidade na 
Educação de Surdos, relacionado ao processo de ensinar e aprender com os Surdos, é 
assunto poucopesquisado, estudado e trabalhado aqui no Brasil, por vários fatores, dentre 
esses gostaríamos de destacar: 
● ausência de uma política educacional específica para a educação dos surdos; 
● exigência de integração dos componentes curriculares aos aspectos da visualidade 
na educação de Surdos;
● a área é ainda destinada a poucos, pois os estudos da imagem visual, da semió-
tica imagética e mesmo da língua de sinais estão presentes como disciplina em 
raros cursos secundários ou superiores.
Esses pontos comentados têm como objetivo chamar a atenção para uma outra 
questão importante relacionada ao processo de ensinar e aprender: o registro escrito dos 
conteúdos “ensinados”. Os signos da língua dos sujeitos surdos possuem um caráter vi-
sual, independentemente da escrita e da oralidade. Esses possuem um “outro” modo de 
olhar, com percepções do mundo pautadas nesse caráter visual que difere do caráter da 
fala, que tem a palavra como signo. O registro por e com a escrita do português pode ser 
realizado de forma mecânica, sem “nada dizer” ao aluno surdo, mesmo que as anotações 
sejam feitas por ele. É sabido que muitos alunos não-surdos são exímios copistas sem que 
compreendam nada do que escrevem. As palavras para eles não possuem valor de signo.
20UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
Para entender melhor sobre a aprendizagem por meio da visualidade com diversas 
formas de representação presentes no nosso dia a dia, recorremos às experiências visuais 
dos surdos e aliamos aos estudos da pesquisadora professora doutora Fernandes (2006) 
sobre “Práticas de letramentos na educação bilíngue para surdos” , em que a pesqui-
sadora apresenta um roteiro de leitura com base na experiência visual, afirmando que esse 
canal sensorial deve ser amplamente explorado nos sujeitos surdos, e que a representação 
dos símbolos visuais estão intrinsecamente ligados ao processamento cognitivo, possibili-
tando a construção de conhecimentos.
No quadro a seguir, Fernandes (2006) define melhor como seria a Seleção 
de Textos para iniciar um roteiro de leitura com os surdos, alertando que é necessário 
selecionar textos que apresentam linguagem verbal e não-verbal, para que o aluno surdo 
possa fazer as associações entre as linguagens e constituir os sentidos no texto, como, 
por exemplo: fotografias, desenhos, caricaturas, cartazes, outdoors, folhetos, informativos, 
revistas, jornais, gibis, artes plásticas e cênicas, vídeos com trechos de programas de TV 
(novelas, humorísticos, propagandas...), filmes (legendados, preferencialmente), games 
eletrônicos, softwares, entre outros.
TABELA 2 - SELEÇÃO DE TEXTOS
Elementos intertextuais (Conhecimento prévio)
 ■ Exploração do conhecimento prévio das informações do texto, fazendo relações com o cotidiano 
dos alunos sobre o tema proposto, questionando os alunos e conduzindo as hipóteses de leitura, por 
meio do diálogo em Libras. 
 ■ Organizar perguntas que conduzam à ‘adivinhação’ das palavras e/ou expressões desconhecidas 
presentes no texto. Se necessário, associar pistas visuais como desenhos, ícones, etc. 
 ■ Seleção de aspectos que organizam o texto escrito e o inserirem em determinado gênero (carta, reporta-
gem, notícia, bulas...) tipologia (narração, descrição, argumentação...) e formalidade (formal/informal). 
 ■ Explorar sinais de pontuação (travessões, exclamações, interrogações...); a organização em verso 
ou prosa; o uso de maiúsculas/minúsculas como recurso estilístico; as caixas de texto, os des-
taques, as notas de rodapé, os asteriscos, a cor e o formato das letras, as marcas da oralidade 
(repetições, reduções de palavras, gírias, dialetos...).
 ■ Seleção de aspectos gramaticais desconhecidos pelos alunos surdos: ordem dos constituintes (su-
jeito-verbo-objeto), conhecimento de gênero e número (concordância nominal), concordância verbal 
(tempo/pessoa...), colocação pronominal, entre outros. 
Fonte: Fernandes (2006).
21UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
Para Fernandes (2006) esse primeiro passo é importante porque permite ao aluno 
surdo combinar descrições imagéticas com as pistas textuais, com essa associação o 
professor poderá interagir com seu aluno, estimulando-o a refletir sobre as imagens e as 
palavras já conhecidas ou não por ele. 
A seguir propomos duas imagens que poderão nos ajudar a compreender melhor 
esse processo de exploração da experiência visual:
FIGURA 13 - LINGUAGEM VERBAL FIGURA 14 - LINGUAGEM NÃO-VERBAL
Perceba que na imagem acima se os textos 
trouxeram apenas informações escritas, se 
apresentaram como grandes cartas enigmáti-
cas, como comparativamente a leitura desse 
texto em árabe nos pareceria.
Já com esta imagem mesmo sem as informações es-
critas, seria possível criar estratégias para conduzir 
o olhar do aluno para as ideias centrais do texto (lin-
guagem não-verbal). Explorar o conhecimento prévio 
sobre a imagem, realizar relações com o cotidiano, 
chamar a atenção para as pistas de palavras que não 
estão descritas na imagem, mas podem ser mais fami-
liares aos alunos, induzir o raciocínio para associações 
importantes, questionar e conduzir hipóteses de leitu-
ra, ampliar o vocabulário com informações novas e etc. 
22UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
5. A DESCRIÇÃO IMAGÉTICA NA LIBRAS
Morfologicamente, dentro da especificidade da estrutura icônica, a transferência 
de tamanho serve para representar o signo visual do Urso Grande em sinais, e se utiliza da 
descrição imagética para representá-la, como mostra a forma do corpo e do tamanho do 
urso e em seguida, a descrição corporal e da grandeza do urso, como você pôde observar 
nas imagens acima.
Isso reflete a transferência da percepção visual, cujos detalhes são transferidos 
mentalmente para o signo visual e, consequentemente, repassam para a imagem visual 
que acaba transmitindo o tamanho por meio de sinais.
É sempre bom relembrar que na estrutura icônica cada língua de sinais representa 
seus referentes, ainda que de forma icônica, convencionalmente porque cada uma vê os obje-
tos, seres e eventos representados em seus sinais sob uma determinada ótica ou perspectiva. 
Por exemplo, o sinal ÁRVORE em Libras representa o tronco da árvore através do antebraço e 
os galhos e as folhas através da mão aberta e do movimento interno dos seus dedos.
Outros exemplos:
23UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
FIGURA 15 - SINAIS ICÔNICOS
Fonte: arquivos da autora (2021).
Também há um tipo de transferência icônica metafórica, como poderemos citar 
os exemplos: sabemos que a cor amarela semanticamente é diferente da cor amarela 
como objeto de pintura, e corresponde à forma que se assemelha com a cor do sol para 
demonstrar a visualidade mais chocante. A cor é um signo abstrato, mas sinalizamos a cor 
amarela junto com a metáfora ou com expressões chamativas que possam denominar a 
cor, como ouro, pessoa doente (de malária), as cores das flores (margaridas ou girassóis). 
Culturalmente, a cor preta associa-se com a cor da morte, do terror, da infelicidade, do 
prenúncio de dias ruins etc. A cor branca denuncia a inocência, a brancura da neve, a 
pureza etc. Todos os signos que sinalizamos denotam a expressividade da suavidade ou 
do grotesco, dependendo da manifestação das cores.
Esses sinais podem ser incorporados como adjetivos, aumentativos, diminutivos, 
advérbios, e toda a gramática, como outras línguas, mas com suas próprias especificidades 
e particularidades. 
A sintaxe na Libras é a área da gramática que trata da estrutura da sentença. E anali-
sar alguns aspectos dessa língua requer “enxergar” ou “ler” esse sistema que é viso-espacial 
e não oral-auditivo. Os mecanismos espaciais apontados por Quadros e Karnopp (2004 p. 
127-133) que são importantes para estruturar a sintaxe da língua de sinais são os seguintes: 
a) Local particular – são os espaços paradefinir a localização espacial acompa-
nhada com o referente. Quando sinalizam determinados sinais sempre acom-
panham com a direção do olhar, dependendo da direção (lado esquerdo, lado 
direito, em cima, embaixo etc).
24UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
b) Direcionar a cabeça, os olhos e o corpo – é um dos mecanismos espaciais 
para definir onde os movimentos da cabeça, dos olhos ou do corpo estão e 
acompanham juntamente com a “apontação” ou de um sinal para determinado 
referente ao substantivo ou ponto de locação.
c) Apontação ostensiva – é uma apontação para associar a locação com deter-
minado substantivo ou ponto de locação. 
d) Usar o pronome – com a apontação para determinar a referência no ponto de 
locação. 
e) Usar um classificador – é um mecanismo muito importante, e utiliza-se como 
“transferência imagética”, cujos detalhes são transferidos mentalmente para o 
signo visual e, consequentemente, repassar para a imagem visual que acaba 
transmitindo o tamanho, forma, espaço, e dá o “toque visual” por meio de sinais. 
Também se usa para representar o referente em descrições imagéticas. 
f) Usar um verbo direcional – os verbos são recursos muito úteis para direcionar 
do ponto da partida ao ponto de chegada para determinados sinais. 
g) Estabelecer o referente – é um dos instrumentos para definir o referente mes-
mo visível ou não visível em determinadas locações espaciais. 
h) Marcação não-manual – é a expressão facial e gramatical que complementa o 
discurso por meio de movimentos da cabeça e movimentos do corpo. 
25UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
6. SIGNO VISUAL E SUAS PROPRIEDADES NA LIBRAS
Se você conseguiu ler a mensagem acima sem dificuldades é porque seu dicionário 
mental reconheceu todas as letras e lhes atribuiu um sentido, não necessitando soletrar 
letra por letra para compreender a palavra invertida. 
É esse o mecanismo cognitivo que permitirá que os surdos passem da palavra ao 
significado, sem conhecer seus sons!
Como ocorre com a gramática em todas as línguas, a Libras possui ordem básica 
da frase que é a SVO (Sujeito, Verbo e Objeto). Segundo as pesquisas da Libras, as regras 
gramaticais admitem também a flexibilidade na sentença. Pode ser também OSV e SOV 
quando há concordância e as marcas não-manuais. Podemos observar os exemplos: 
SVO - EL@ VENDER UVA
OSV – UVA EL@ VENDER
SOV – EL@ UVA VENDER
O advérbio varia, assim como mostra a sentença em sinais: 
AMANHÃ J-O-Ã-O VENDER UVA ou J-O-Ã-O VENDER UVA AMANHÃ.
26UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
Da topicalização muda a ordem da frase de acordo com a prosódia, ou das senten=
-ças interrogativas ou da afirmativa ou de negação, assim como: 
Afirmativa: MAÇÃ, J-O-Ã-O GOSTA 
Negativa: MAÇÃ, J-O-Ã-O NÃO GOSTA
Interrogativa: EST@ MAÇÃ, ONDE J-O-Ã-O PEGAR
Quanto à estrutura sintática a Libras possui gramática diferenciada da Língua 
Portuguesa, portanto, não pode ser estudada com base no português. A construção de um 
enunciado obedece regras próprias que refletem a forma de o surdo processar suas ideias, 
com base em sua percepção visual espacial da realidade. Vamos ver alguns exemplos na 
tabela de como isso acontece:
TABELA 3 - ESTRUTURA SINTÁTICA 
Exemplo (1)
Libras: EU IR CASA (verbo direcional)
Português: “Eu irei para casa”
(observe que /para/ não se usa em Libras porque está incorporado ao verbo)
Exemplo (2)
Libras: FLOR EU – DAR MULHER ^ BENÇÃO (verbo direcional)
Português: “Eu dei a flor para a mamãe.”
Exemplo (3)
Libras: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação)
Português: “Para que serve isto?”
Exemplo (4)
Libras: IDADE VOCÊ (expressão facial de interrogação)
Português: “Quantos anos você tem?”
Fonte: Strobel e Fernandes (1998).
Há alguns casos de omissão de verbos na Libras, como vamos exemplificar:
TABELA 4 - OMISSÃO DE VERBOS NA LIBRAS
Exemplo (1)
Libras: CINEMA O-P-I-A-N-O MUITO BO@
Português: “O filme O Piano é maravilhoso!”
Exemplo (2)
Libras: PORQUE PESSOA FELIZ-PULAR
Português: “...porque as pessoas estão felizes demais!”
Exemplo (3)
Libras: PASSADO COMEÇAR FÉRIAS EU VONTADE DEPRESSA VIAJAR
Português: “Quando chegaram as férias, eu fiquei ansiosa pra viajar”
Fonte: Strobel e Fernandes (1998).
27UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
A estrutura Semântica e Pragmática na Libras também apresenta distinção entre 
a língua falada ou escrita, como no caso da língua portuguesa. Na língua portuguesa, a 
estrutura semântica e pragmática se aborda em relação com os sentidos das palavras e 
das frases, por exemplo: “Me lambuzo todo chupando manga” e “Não posso sair com essa 
manga rasgada”. Os sinais, na sua maioria, não são correspondidos com as palavras da 
língua portuguesa, por exemplo: 
a) ÔNIBUS IGUAL COBRA – se refere a ônibus que faz muitos trajetos e leva muito tempo para chegar;
b) TOCAR-VIOLINO – se refere à “monotonia” ou “ser monótono”; 
c) CONHECER – se refere a JÁ TER-ESTADO (conhece em algum lugar); 
d) VIVER – se refere à pessoa que está em determinado lugar.
 SAIBA MAIS
● Signo: é a união de um conceito com uma imagem acústica, que não é o som ma-
terial, físico, mas a impressão psíquica dos sons, perceptível quando pensamos 
numa palavra, mas não a falamos. 
● Signo Visual: é a união de um conceito com imagem visual com a impressão psí-
quica da imagem, perceptível quando pensamos num significado.
● Percepção Visual: é uma de várias formas de percepção associadas à visão. Con-
siste na habilidade de detectar as descrições e interpretar (ver) as consequências 
do estímulo da imagem, do ponto de vista lógico e cognitivo. 
● Descrição Imagética: os detalhes são transferidos mentalmente para o signo vi-
sual e consequentemente repassam para a imagem visual que acaba transmitindo 
o tamanho e o grau por meio de sinais.
● Experiência Visual: na teoria cultural e de Estudos Surdos, a língua de sinais vem 
construída e absorvida visualmente juntamente com a cultura do sem som. As percep-
ções visuais e suas experiências visuais, no dia a dia, com seus “próprios significados 
não-sonoros” transportam aquilo que foi vivenciado por meio da língua de sinais.
● Aspectos da Visualidade: pela ausência do som, criamos as nossas informações 
sobre a cultura do seu criador em detrimento da maioria da comunidade Surda e 
seus usuários que perderam ou nunca tiveram contato com a língua de sinais. O 
artefato varia e é acrescido ao longo do tempo, dependendo da evolução da tecno-
logia, de novas descobertas e dos recursos de que nós necessitamos para viver por 
meio da visão.
 Fonte: Campello (2009).
28UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
REFLITA 
Acadêmico(a), estamos chegando ao final dos nossos estudos do capítulo I, mas ainda 
há tempo para uma prazerosa reflexão em forma de poema “O Balé das mãos” de Ale-
xis Pier Aguayo, que reflete a beleza da comunicação visual-gestual, em sua cadência 
e força. Te convido a acessar o Link e perceber na tradução em língua de sinais pelo 
intérprete Quintino Martins Oliveira, como as mãos são capazes de dançar e criar o 
mundo ao seu redor. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=U-7bpBFkoAI 
O Balé das Mãos 
Em meio a mil palavras
 Um único gesto molda toda a expressão do sentimento 
O corpo se expressa com desenvoltura
 E as mãos seguem graciosamente cada movimento 
Ouvidos trocados pelos olhos em uma escuta atenciosa 
E o balé das mãos segue incansável e incessante. 
O Silêncio quebrado às vezes pelo baque das mãos
 Só o silêncio, e as mãos seguem de forma majestosa. 
Cada par de mãos, iguais, e ao mesmo tempo diferentes. 
Dando mais uma graça a esse belíssimo espetáculo 
Onde cada movimento completa o próximo, e é completado pelo anterior. 
Cada forma, expressando todo o sentimento em si, presente.
E mesmo no fim quando elas dão o sinal de adeus no fim do espetáculo, 
A levamos em nossa memória, em nossa alma e coração.A recordação daquela dança de movimentos, expressões e sentimentalismo, 
A magia fantástica do glorioso Balé das mãos. 
Alexis Pier Aguayo 
Fonte: Alexis Pier Aguayo (2016).
29UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprender Libras é entrar no mundo das imagens, da interpretação, da tradução, 
da leitura, da vivência com o corpo, das experiências visuais espaciais, cujo objetivo é 
compreender o outro.
A teoria e prática da “experiência visual” se fundem porque para se atuar na prática 
é preciso de uma atividade teórica. Não é uma posição absoluta e sim relativa, ou trata-se 
de uma diferença, da visualidade, pois vamos considerar que nas relações entre teoria 
e prática, diremos que a primeira depende da segunda, na medida em que a prática da 
“experiência visual” é fundamento da teoria, uma vez que indica com precisão a definição 
de desenvolvimento e progresso do conhecimento visual.
Nesta unidade, você estudou que a língua de sinais é formada através da experiência 
visual que é um “espaço de produção”, conforme diz Quadros (2007), igualmente na teoria 
cultural e de Estudos Surdos, que provêm da constituição dos surdos apresentando seus 
diversos artefatos. E que, historicamente, a língua de sinais sempre existiram, e existem, 
quando dois sujeitos usuários dessa forma de comunicação estabelecem suas comunicações.
Aprendemos a diferenciar a modalidade de uma língua oral auditiva e uma língua de 
sinais, conhecendo os aspectos linguísticos que estruturam a Libras, além de compreender-
mos que as características gramaticais da língua usada pela comunidade surda brasileira se 
estruturam pela modalidade visual espacial, ou seja, a linguagem do corpo, não como uma 
ilustração de uma narrativa oral, e sim a língua que atribui sentidos à identidade cultural surda.
Vimos que, além dos sinais produzidos pelas mãos, as línguas de sinais usam 
recursos não manuais, que incluem expressões faciais, movimentos da boca, direção do 
olhar, direção dos movimentos das mãos, produzindo a formação linguística.
Você também percebeu que a Libras não é uma língua tão fácil de aprender. Não 
é mímica. Para sua aquisição é necessário muito estudo e principalmente seu exercício 
corporal, na interação com as comunidades surdas ou com ouvintes que a dominem linguis-
ticamente, internalizando sua aquisição.
30UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
Esperamos que esta Unidade tenha contribuído para uma melhor compreensão 
acerca dos aspectos da visualidade e do uso da “descrição imagética” para a educação de 
sujeitos Surdos do Brasil. Sem esquecer a importância da necessidade de criar um Estudo 
Visual para desenvolver, aprofundar, preservar os registros imagéticos e uma pesquisa 
acerca das descrições imagéticas que irão contribuir mais para o desenvolvimento dos 
estudos e pesquisas na área linguística nas próximas Unidades desse Material Didático e, 
consequentemente, darão suporte linguístico para a formação dos futuros professores.
Para isso, é necessário que você, acadêmico(a) se proponha a aprofundar seus 
conhecimentos, buscando explorar os materiais complementares que foram sugeridos 
neste Material Didático. Para treinar as percepções visuais e cognitivas, é preciso elaborar, 
argumentando todos os aspectos dos sentidos e significados e, finalmente, coletar, ler e 
interpretar os sentidos e significados dos sinais através das narrativas.
31UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
LEITURA COMPLEMENTAR
Caro (a), Acadêmico (a)!
O livro de Karin Lilian Strobel (2008) “As imagens do outro sobre a cultura surda” 
é uma publicação muito importante nos Estudos Surdos. É um livro que traz as imagens 
do outro sobre a cultura surda a partir do olhar do próprio surdo. Para compreender melhor 
nossos estudos desse material didático, sugiro aprofundar os conhecimentos trazidos pela 
autora deste livro, que especificamente no capítulo 4, a autora descreve os artefatos cultu-
rais do povo surdo. Parte das experiências visuais, conversa sobre a língua de sinais, uma 
língua que também é uma experiência visual, as famílias, a literatura, o lazer, as artes, a 
política e os materiais. Todos estes artefatos foram concebidos a partir do VER.
Fonte: Strobel, UFSC (2008).
32UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
MATERIAL COMPLEMENTAR
Como material complementar cito a história contada e ilustrada, intitulada “Casal Feliz” 
é uma criação do autor Cleber Couto (2010), que é surdo e atua principalmente nos seguintes 
temas: palhaços surdos, inclusão, educação dos surdos e Língua Brasileira de Sinais. A história 
que preferi apresentar suas páginas nesse material didático, fala sobre o encontro entre a mão 
vermelha e a mão azul, uma história contada a partir da percepção visual.
Fonte: Cleber Couto (2010).
33UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 
LIVRO
Título: Curso de Libras 1 iniciante
Autor: Nelson Pimenta e Ronice Muller de Quadros.
Ano: 2013.
Sinopse: O livro destina-se às pessoas ouvintes ou surdas in-
teressadas em aprender ou melhorar conhecimentos em Língua 
Brasileira de Sinais - Libras. Propõe uma forma de aprender a 
língua natural dos surdos a partir do conceito de língua como fator 
de cultura e identidade dos indivíduos, ou seja: o aluno aprender, 
entendendo os mecanismos de comunicação e interação que 
acontecem no mundo dos surdos e, por isso, tem uma apreensão 
maior e mais sólida dessa língua rica e complexa.
WEBSITE
De forma especial, destacamos que na Literatura Surda podemos 
brincar com a nossa língua, a Libras. Nesse contexto, não se trata 
de algo meramente comunicativo, mas sim uma fonte de prazer e 
diversão – tanto para adultos quanto para crianças. O objetivo das 
produções literárias é criar imagens visuais fortes e inesperadas. 
Por isso, podemos identificar alguns elementos nas narrativas, 
piadas, teatros e poemas em Libras que chamam a atenção para 
o aspecto visual. Aproveitando para dar mais algumas dicas so-
bre Literatura Surda para vocês, trago como sugestão explorar o 
repositório institucional da UFSC, nele há mais de 1000 vídeos 
selecionados no eixo Literatura Surda do Corpus da Libras, penso 
que os vídeos trarão elementos visuais completos que te farão 
entrar no mundo da visualidade surda. 
Você pode encontrar uma lista de vídeos através do link: https://
repositorio.ufsc.br/handle/123456789/172841 
Há também o projeto Literatura Didática em Libras – disponível no 
link: https://vimeo.com/showcase/6241328
34
Plano de Estudo:
● Configurações de mão na Libras;
● Elementos visuais e estéticos possíveis na linguagem literária em Libras;
● O alfabeto manual da Libras;
● Os numerais na Libras;
● Calendário e advérbio de tempo.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer e distinguir os parâmetros da Libras na constituição dos sinais; 
● Perceber os elementos visuais e estéticos na literatura sinalizada;
● Conhecer o alfabeto manual e o sinal soletrado;
● Diferenciar os numerais cardinais, ordinais quantidade nos diferentes contextos;
● Executar os sinais conforme seus parâmetros de configuração de mão;
● Utilizar os sinais de maneira apropriada em situações comunicativas com surdos.
UNIDADE II
Conversando em Libras
Professora Me. Elizete Pinto Cruz Sbrissia Pitarch Forcadell
35UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 35UNIDADE II Conversando em Libras
INTRODUÇÃO
A língua de sinais é a língua natural da comunidade surda. Esta língua, com regras 
morfológicas, sintáticas, semânticas e pragmáticas próprias, possibilita o desenvolvimento 
cognitivo da pessoa surda, favorecendo o acesso desta aos conceitos e aos conhecimentos 
existentes na sociedade.
Pesquisas linguísticas têm demonstrado que as línguas de sinais são sistemas 
de comunicação desenvolvidos pelas comunidades surdas, constituindo-se em línguas 
completas com estruturas independentesdas línguas orais. Os sinais são formados a 
partir de parâmetros, como a combinação do movimento das mãos, com uma determinada 
configuração de mão, num determinado lugar de realização do sinal, orientação espacial, 
expressões. Ou seja, podemos definir que para compreender melhor e ter uma boa comu-
nicação em Libras, não basta saber basicamente esses três recursos: datilologia, sinais 
e os sinais soletrados. É preciso mergulhar no aprendizado também dos Parâmetros que 
estruturam a língua: Configuração de Mão, Ponto de Articulação, Movimento, Orientação da 
Mão e Expressão Facial e Corporal.
Nosso objetivo nesta Unidade de Estudos, é que você acadêmico(a), compreenda 
que a língua de sinais traz em sua estrutura a combinação desses parâmetros para que 
consigamos obter determinado sinal. Portanto, falar com as mãos é combinar os sinais que 
formam as palavras e as frases num determinado contexto.
As línguas são consideradas naturais quando são próprias das comunidades inseri-
das, que as têm como meio espontâneo de comunicação. Podendo ser adquiridas, através 
do convívio social, como primeira língua (ou língua materna), por qualquer um de seus 
membros desde a mais tenra idade. 
36UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 36UNIDADE II Conversando em Libras
1. CONFIGURAÇÕES DE MÃO NA LIBRAS
Caro (a) acadêmico (a), você lembra o que são as configurações de mão na Libras? 
Vamos relembrar?
A configuração de mão é o ponto de partida da articulação do sinal, ou seja, a 
forma que a mão assume para realizar os sinais. Quando estudamos os Parâmetros da 
Libras, vimos que as configurações de mão estão presentes nos estudos da fonologia da 
Libras, ou seja, é uma unidade mínima fonético-fonológica, como temos o exemplo na 
língua oral, nos fonemas (a menor unidade distintiva da palavra) a palavra FALA a letra /F/ 
representa o fonema /f/(fê), Pata e Rata /P/ e /R/. Na língua de sinais, também temos as 
unidades mínimas distintivas, que combinadas produzem unidades significativas, os sinais 
que obedecem às regras para construir frases, e produzir contextos, como é o caso das 
configurações de mão, que quando combinadas a outros parâmetros produzem o sinal. 
Uma das tarefas de um investigador de uma determinada língua de sinais é identi-
ficar as configurações de mão, os pontos de articulação, os movimentos, a direcionalidade 
do sinal e as expressões que têm um caráter distintivo. Isso pode ser feito comparando-se 
pares de sinais que contrastam minimamente, um método utilizado na análise tradicional de 
fones distintivos das línguas naturais.
37UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 37UNIDADE II Conversando em Libras
Então, vamos analisar o valor contrastivos dos parâmetros fonológicos na Libras, 
e observar que o contraste de apenas um dos parâmetros altera o significado dos sinais.
● Pares mínimos na Libras
FIGURA 1 - SINAIS QUE SE OPÕEM QUANTO À CONFIGURAÇÃO DE MÃO
Fonte: Arquivos da autora (2021).
FIGURA 2 - SINAIS QUE SE OPÕEM QUANTO AO MOVIMENTO
Fonte: Arquivos da autora (2021).
FIGURA 3 - SINAIS QUE SE OPÕEM QUANTO AO PONTO DE ARTICULAÇÃO
Fonte: Arquivos da autora (2021).
38UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 38UNIDADE II Conversando em Libras
A linguística contrastiva é uma forma de trabalhar com o conhecimento explícito 
no ensino de segunda língua. Envolve a comparação entre duas ou mais línguas quanto 
aos níveis fonológico, semântico, pragmático, morfológico e sintático, (QUADROS, 1997, 
p. 102-102). O domínio que o professor tem das semelhanças e diferenças da Libras e do 
Português contribui para que construa estratégias explicativas que favoreçam a aprendiza-
gem dos alunos.
Talvez você esteja se perguntando…
O que são os Parâmetros da Libras?
Então, vai aí uma síntese.
TABELA 1 - PARÂMETROS NA LIBRAS
Fonte: Arquivos da autora (2021).
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre os Parâmetros em língua de sinais, sugiro que você acesse o 
vídeo do professor Everaldo Ferreira “Aula de Libras” destinado a surdos e ouvintes que 
querem aprender a Língua Brasileira de Sinais. Com o auxílio de animações, locuções 
e legendas, o professor ensina, passo a passo, os sinais básicos para se comunicar a 
partir do vocabulário de temas específicos como os Parâmetros em Libras. 
Link: http://tvines.org.br/?p=707 
Fonte: TV, Inês. Aula de Libras. Rio de Janeiro. Disponível em: http://tvines.org.br/?p=707.
 Acesso em: 29 ago. 2021.
39UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 39UNIDADE II Conversando em Libras
As Configurações de Mão (CM) podem ser feitas pela mão dominante (direita, se 
você for destro ou esquerda se você for canhoto) ou pelas duas mãos, dependendo do sinal 
a ser executado. Observe no quadro a seguir os sinais em Libras e as suas configurações 
de mão. Vale lembrar que, nas configurações de mão estão presentes as letras do alfabeto 
manual, os números e outras diferentes formas de mão.
FIGURA 4 - CONFIGURAÇÕES DE MÃO REALIZADOS PELA MÃO DOMINANTE
Fonte: Arquivos da autora (2021).
FIGURA 5 - MESMA CONFIGURAÇÃO DE MÃO PARA VÁRIOS SINAIS
Fonte: Arquivos da autora (2021).
40UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 40UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 6 - CONFIGURAÇÃO DE MÃO, COM APENAS UMA MÃO
Fonte: Arquivos da autora (2021).
FIGURA 7 - DUAS CONFIGURAÇÕES DE MÃO DIFERENTES 
Fonte: Arquivos da autora (2021).
41UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 41UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 8 - DUAS CONFIGURAÇÕES DE MÃO IGUAIS
Fonte: Arquivos da autora (2021).
42UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 42UNIDADE II Conversando em Libras
2. ELEMENTOS VISUAIS E ESTÉTICOS POSSÍVEIS NA LINGUAGEM 
 LITERÁRIA EM LIBRAS
Na Unidade de Estudos I, falamos um pouco sobre a literatura surda e agora quere-
mos analisar com você, acadêmico(a) alguns poemas que também foram disponibilizados a 
você pelo link: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/172841 e Literaturas Didáticas 
em Libras no link: https://vimeo.com/showcase/6241328
● Espaço Metafórico
O espaço, além de icônico, tende a ser metafórico. Tomando como exemplo o poe-
ma “Como veio a alimentação”, de Fernanda Machado (2011), analisamos a posição do 
lavrador rural e do morador urbano:
43UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 43UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 9 - ESPAÇO METAFÓRICO
Fonte: Adaptado de Fernanda Machado (2011).
Assim, o uso de espaço para articular os sinais mostram a metáfora de que “o mais 
alto tem poder”.
● Espaço Simétrico
Outra forma de utilizar o espaço é a simetria, a ocorrência de sinais de maneira 
espelhada. Encontramos esse recurso no poema narrativo “Voo sobre Rio”, de Fernanda 
Machado (2013).
FIGURA 10 - ESPAÇO SIMÉTRICO EM VOO SOBRE RIO
Fonte: adaptado de Fernanda Machado (2013). 
44UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 44UNIDADE II Conversando em Libras
● Mesma Configuração de Mãos
Outra maneira de brincar com a língua é usar sinais das mesmas configurações de 
mão ou configurações novas e inesperadas. Vemos esses fenômenos, principalmente, nas 
narrativas infantis, nas quais podemos contar uma história em que o sinal do protagonista 
e outros sinais utilizados no decorrer do conto apresentam a mesma configuração de mão. 
Identificamos esse recurso na obra “Vaca surda de salto alto” de Marina Teles (2019), 
nos momentos em que a narradora produz os sinais de VACA, USAR-SALTO-ALTO, VACA-
-GORDA, AVIÃO e CELULAR, todas com a configuração de mão em “Y”. 
FIGURA 11 - MESMA CONFIGURAÇÃO DE MÃO 
Fonte: Marina Teles (2019).
Nesta mesma obra, também vemos brincadeiras com a língua, quebrando suas 
próprias regras para a criação dos sinais de BRINCOS, OI, VACA-COMER com a mesma 
configuração de mão em “Y”. 
FIGURA 12 - MESMA CONFIGURAÇÃO DE MÃO
Fonte: Marina Teles (2019).45UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 45UNIDADE II Conversando em Libras
Esses elementos podem ser simplesmente estéticos – porque é prazeroso ver 
essas escolhas – ou podem ser metafóricos – por exemplo, se as configurações de mão 
estão todas fechadas (sugerindo força, peso ou algo acentuado), abertas (sugerindo algo 
leve e positivo) ou curvadas (com características mais negativas).
● Múltiplas Perspectivas
Por meio das múltiplas perspectivas, podemos ver produções de ação e reação, 
inclusive no momento da sinalização. Um exemplo disso se encontra na narrativa “Bolinha 
de Ping-Pong”, de Rimar Segala, (2009) na qual vemos pessoas jogando com uma bola, 
enquanto a bola pula e é rebatida. A perspectiva pode ser explorada por meio do afasta-
mento ou da aproximação. O sinal da bola pulando, visto de maneira afastada, utiliza um 
classificador que expressa objetos pequenos; quando a bola é rebatida e se aproxima, ela 
se torna maior e acaba sendo representada pela cabeça do artista. 
Em “Tinder”, de Anna Luiza Maciel, (2018) a personagem mulher mexe com o 
celular e, a cada ação, enxergamos através da perspectiva do próprio celular. Essa diferen-
ciação da perspectiva cria uma sensação de “desfamiliarização”, um elemento da literatura 
no qual vemos o cotidiano de uma perspectiva diferente da esperada.
● Incorporação de Personagens
Na Literatura Surda, não falamos tanto do que acontece, pois preferimos mostrar 
o que acontece. A incorporação dos personagens mostra diretamente como são estes 
personagens, quais os seus sentimentos e como ele se comporta. Essa “ação construída”, 
também conhecida como “incorporação”, é um recurso muito valorizado na Literatura Surda 
no qual o artista recria os personagens por intermédio do seu próprio corpo. A incorporação 
literária muitas vezes usa o exagero, com movimentos maiores e expressões não manuais 
mais fortes do que na simples conversa. 
A artista Klícia Campos (2017), na tradução do cordel “Antônio Silvino, rei dos can-
gaceiros”, se torna um cangaceiro macho; em “Bolinha de Ping-Pong”, Rimar Segala (2009) 
que descreve os dois jogadores de tênis de mesa, um homem e uma mulher, antes do jogo 
e, na sequência, incorpora cada personagem rebatendo a bola. 
Também podemos mostrar animais, plantas e objetos inanimados pela incorpora-
ção. Quando damos forma humana aos não humanos, utilizamos um fenômeno chamado 
antropomorfismo. Podemos também dar intenções, emoções e até a fala humana para 
estes não humanos. O artista literário vai escolher dentre as opções de mapeamento entre 
os corpos do humano e do personagem em questão. A exemplo disso podemos ver no 
personagem de sapo de “O sapo e o boi”, de Nelson Pimenta (1999).
46UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 46UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 13 - INCORPORAÇÃO DE PERSONAGEM
Fonte: Nelson Pimenta (1999).
Nesses exemplos, vemos que podemos utilizar a cabeça do artista para representar 
a cabeça dos animais, enquanto outras partes do corpo (como a língua comprida do sapo 
e o chifre do boi) exigem que o artista use as mãos para criá-las. 
A expressão facial e o uso de outros elementos não manuais, como a direção do 
olhar e a abertura dos olhos, são recursos especialmente importantes nesses exemplos de 
antropomorfismo, visto que muitas vezes os objetos não têm mãos e a comunicação não 
manual é a única opção possível. 
Usar as mãos para criar partes do corpo é um exemplo do uso de classificadores, 
os quais também fazem parte da Literatura Surda. Os classificadores colocados e movi-
mentados dentro do espaço de sinalização criam imagens visuais para o público. Podem 
apresentar múltiplas perspectivas de um personagem, do mais distante ao mais próximo, 
ou então, podem ser classificadores com configurações de mão inesperadas ou criativas. 
47UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 47UNIDADE II Conversando em Libras
3. O ALFABETO MANUAL DA LIBRAS
Iniciamos esse tópico com os estudos da pesquisadora Audrei Gesser (2009), que 
apresenta em seu livro intitulado, “Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em 
torno da língua de sinais e da realidade surdo” com uma abordagem bem clara sobre o 
alfabeto manual em Libras. Vale muito a pena você conhecer todas as temáticas trazidas 
no livro pela autora, por hora, vamos tentar compreender como ela cria esse espaço de 
estudos em torno do alfabeto manual.
A autora começa fazendo um questionamento, que muitas pessoas têm dúvidas: “a 
língua de sinais é o alfabeto manual?” (GESSER, 2009, p. 28).
De forma alguma. O alfabeto manual é utilizado para soletrar manualmente as 
palavras e é também conhecido como soletramento digital ou datilologia, é apenas um 
recurso utilizado por falantes da língua de sinais. Não é uma língua, e sim um código de 
representação das letras alfabéticas como, por exemplo:
48UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 48UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 14 - TIPOS DE ALFABETOS
Fonte: Arquivos da autora (2021).
Acreditar que a língua de sinais é o alfabeto é fixar-se na ideia de que a língua de 
sinais é limitada, já que a única forma de expressão comunicativa seria uma adaptação das 
letras realizadas manualmente, convencionadas e representadas a partir da língua oral. 
Imaginemos, por exemplo, quanto tempo levaria um surdo para falar uma sentença ou, 
ampliando bem a questão, ter uma conversa filosófica, se utilizasse apenas o soletramento 
manual? Travar uma conversa dentro deste enquadre s-o-l-e-t-r-a-d-o-s-e-r-i-a-c-a-n-s-a-t-
-i-v-o-e-m-o-n-ó-t-o-n-o-(-u-f-a-!-).
Entretanto, é importante que se diga que o alfabeto manual tem uma função na 
interação entre os usuários da língua de sinais. Lança-se mão desse recurso para soletrar 
nomes próprios de pessoas ou lugares, siglas, e algum vocabulário não existente na língua 
de sinais que ainda não tenha sinal.
Aqui chegamos num ponto bem importante: o “Batismo do Sinal Pessoal”. Os 
surdos brasileiros se batizam por meio de sinais. Na verdade, é um ritual que acontece 
quando um surdo ou ouvinte entra na comunidade surda ou passa a ter contato com surdos. 
Eles olham para a pessoa e identificam alguma característica que seja específica desta 
pessoa e lhe dão um sinal. Veja os exemplos a seguir:
49UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 49UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 15 - SINAL DE BATISMO EM LIBRAS
Fonte: Arquivos da autora (2021).
Ao ser batizada, a pessoa recebe um sinal por causa do destaque da sua ca-
racterística, se essa caraterística mudar ao longo do tempo, por exemplo, como o braço 
quebrado do Murilo que foi curado com o tempo, o seu sinal permaneceu o mesmo. Quando 
questionado sobre o porquê do seu sinal, ele explica o contexto em que foi batizado.
Os usuários de língua de sinais, em algumas situações, fazem empréstimos da grafia 
da língua oral, recorrendo à datilologia para realizar sinais de pontuação (tais como, vírgulas, 
ponto final, ponto de interrogação, sinais matemáticos etc.) que, na maioria das vezes, são 
desenhadas no ar. O mesmo pode ocorrer com as preposições ou outras classes de palavras.
Entretanto, soletrar não é um meio com um fim em si mesmo. Palavras comu-
mente soletradas podem e de fato são substituídas por um sinal. Assim, podemos afirmar 
que esse recurso funciona potencialmente nas interações para incorporar sinais a partir do 
entendimento conceitual entre interlocutores – uma vez apreendida a ideia convencionam-
-se os sinais para substituir a datilologia de um dado vocábulo, por exemplo.
No Brasil, o alfabeto manual é composto de 27 formatos (contando o grafema ç 
que é a configuração de mão da letra c com movimento trêmulo). Cada formato da mão 
corresponde a uma letra do alfabeto do português brasileiro:
50UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 50UNIDADE II Conversando emLibras
FIGURA 16 - ALFABETO MANUAL
Fonte: Arquivos da autora (2021).
É importante ressaltar que o soletramento, tanto na sua forma receptiva (do ponto 
de vista de quem lê) quanto produtiva (do ponto de vista de quem realiza), supõe/implica 
letramento. O soletrando que não for alfabetizado (escrita/leitura) na língua oral de sua 
comunidade de fala, por exemplo, terá as mesmas dificuldades de um indivíduo iletrado 
para lançar mão deste uso, por exemplo:
51UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 51UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 17 - DIFICULDADE DE COMPREENSÃO DE SOLETRAMENTO
Fonte: Arquivos da autora (2021).
Para finalizar, a soletração manual não é uma representação direta do português, é 
uma representação manual da ortografia do português, envolvendo uma sequência de confi-
gurações de mão que tem correspondência com a sequência de letras escritas no português.
Seguindo a proposta de Battison (1978), palavras do português podem ser em-
prestadas à língua de sinais brasileira, via soletração manual. Por exemplo, o sinal “AZL” 
ou “AL” é derivado da soletração manual A-Z-U-L, assim como o sinal “NUN” é derivado da 
soletração N-U-N-C-A, conforme ilustram os exemplos abaixo:
FIGURA 18 - SOLETRAÇÃO MANUAL
Fonte: Arquivos da autora (2021).
52UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 52UNIDADE II Conversando em Libras
4. OS NUMERAIS NA LIBRAS
As línguas podem ter formas diferentes para apresentar os numerais quando utili-
zados como cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana ou mês, horas 
e valores monetários, isso também acontece na Libras.Sendo assim, neste tópico vamos 
aprender um pouco sobre isso.
É erro o uso de uma determinada configuração de mão para um numeral cardinal 
sendo utilizada em um contexto onde o numeral é ordinal ou quantidade, por exemplo: o 
numeral cardinal 1 é diferente da quantidade 1, como em LIVRO 1, que é diferente de PRI-
MEIRO-LUGAR, que é diferente do numeral PRIMEIRO, que é diferente de PRIMEIRO-AN-
DAR, que é diferente de PRIMEIRO-GRAU, que é diferente de MÊS-1. Estas diferenças 
serão trabalhadas neste tópico, para que você possa compreender melhor através dos 
sinais que utilizamos para exemplificar.
53UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 53UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 19 - NÚMEROS CARDINAIS
Fonte: Arquivos da autora (2021).
Observe que os números cardinais não possuem movimento.
FIGURA 19 - NÚMEROS ORDINAIS 
Fonte: Arquivos da autora (2021).
Observe que do 1º ao 9º tem a mesma forma dos cardinais, mas os ordinais possuem 
movimento. Outra observação importante é que os ordinais do 1º ao 4º têm movimentos 
para cima e para baixo e os ordinais de 5º ao 9º têm movimentos para os lados. A partir do 
numeral 10 não há mais diferença entre os cardinais e ordinais.
54UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 54UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 19 - NÚMEROS QUANTIDADE
Fonte: Arquivos da autora (2021)
Observe que os números quantidade são utilizados para quantidade de pessoas, 
coisas, animais etc., dos numerais 1 ao 4, note que os dedos estão na vertical, do numeral 
5 ao 9 seguem a mesma sinalização dos números cardinais.
● Valores Monetários
Pesos e medidas: para representar valores monetários de 1 até 9, usa-se o sinal do 
numeral correspondente ao valor, incorporando a este o sinal VÍRGULA ou, também, após 
o sinal do numeral correspondente acrescenta-se o sinal de R$ “REAL”. Para valores de 
1.000 até 9.000 usa-se a incorporação do sinal VÍRGULA ou PONTO.
55UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 55UNIDADE II Conversando em Libras
● Formas de Plural
Há plural na Libras no uso repetido de sinais ou indicando a quantidade.
FIGURA 20 - FORMAS DE PLURAL INDICANDO QUANTIDADE
Fonte: Arquivos da autora (2021).
56UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 56UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 21 - CLASSIFICADORES POSSUEM PLURAL
Fonte: Arquivos da autora (2021).
Intensificadores e Advérbio de modo: utiliza-se a repetição exagerada para intensi-
ficar o significado do sinal.
FIGURA 22 - INTENSIFICADORES 
Fonte: Arquivos da autora (2021).
● Advérbio de modo
MUITO: utilizado como intensificador em Libras e expresso através das expressões 
facial e corporal ou de uma modificação no movimento do sinal 
RÁPIDO: para estabelecer um modo rápido de se realizar a ação, há uma repetição 
do sinal da ação e a incorporação de um movimento acelerado.
57UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 57UNIDADE II Conversando em Libras
5. CALENDÁRIO E ADVÉRBIO DE TEMPO
Na Libras não há marca de tempo nas formas verbais, é como se os verbos ficas-
sem na frase quase sempre no infinitivo. O tempo é marcado sintaticamente através de 
advérbios de tempo que indicam se a ação está ocorrendo no presente: HOJE, AGORA; 
ocorreu no passado: ONTEM, ANTEONTEM; ou irá ocorrer no futuro: AMANHÃ. Por isso 
os advérbios geralmente vêm no começo da frase, mas podem ser usados também no final.
Quando não há, na frase, um advérbio de tempo específico, geralmente a frase, 
no presente, não é marcada, ou seja, não há nenhuma especificação temporal; já para a 
frase no passado, pode-se utilizar o sinal PASSADO ou o sinal JÁ, e para a frase no futuro, 
pode-se utilizar o sinal FUTURO:
58UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 58UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 23 - MARCAÇÃO DE TEMPO
Fonte: Arquivos da autora (2021).
FIGURA 24 - DIAS DA SEMANA
Fonte: Arquivos da autora (2021).
59UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 59UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 25 - MESES DO ANO
Fonte: Arquivos da autora (2021).
FIGURA 26 - ESTADOS DO TEMPO
Fonte: Arquivos da autora (2021).
60UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 60UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 27 - ESTADOS DO TEMPO
Fonte: Arquivos da autora (2021).
FIGURA 28 - ESTAÇÕES DO ANO/TEMPO/CLIMA
Fonte: Arquivos da autora (2021).
61UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 61UNIDADE II Conversando em Libras
FIGURA 29 - TEMPO/CLIMA
Fonte: Arquivos da autora (2021).
62UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 62UNIDADE II Conversando em Libras
SAIBA MAIS
Fonte: SHUTTERSTOCK. Disponível em: https://www.shutterstock.com/. Acesso em: 26 ago. 2021.
REFLITA
Os surdos podem dançar? Precisamos nos despir de preconceitos! É assim que as 21 
dançarinas surdas do Grupo de Artes Performativas da Associação Chinesa de Pessoas 
com Deficiência exibem o seu número mais conhecido, a dança Qianshou Kuanyin ou 
Bodhisattva. Esse espetáculo prende a atenção de todos, pois as dançarinas surdas for-
mam uma fila vertical e 42 braços promovem diferentes gestos harmoniosos simultanea-
mente, reproduzindo a imagem do Buda de Mil Mãos, encontrada em muitas grutas da 
China. Os métodos para a percepção dos sons pelas bailarinas vão desde a marcação 
rítmica no próprio corpo, até a utilização de uma sala especial, com caixas acústicas co-
locadas sob o piso de madeira, o que favorece a percepção dos ritmos através da vibra-
ção provocada no corpo. Esse espetáculo foi criado por um famoso coreógrafo chinês, 
Zhang Jigang, e o vídeo está no site do Youtube desde junho de 2007, permanecendo 
disponível desde então. 
Assista você mesmo: http://br.youtube.com/watch?v=Iq9IOkWYlyY 
Fonte: YOUTUBE. Grupo de Artes Performativas da Associação Chinesa de Pessoas com Deficiência. 
Disponível em: http://br.youtube.com/watch?v=Iq9IOkWYlyY. Acesso em: 29 ago. 2021.
63UNIDADE I Divisão da Língua de Sinais: Aspectos da Visualidade 63UNIDADE II Conversando em Libras
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta Unidade de Estudos, você viu que a realização dos sinais em Libras obedece 
a parâmetros que orientam o ponto de articulação, a forma assumida pela mão, o tipo de

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