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Hermenêutica bíblica Aula 10: Hermenêutica e NT: Evangelho de João, Cartas Paulinas e Apocalipse Apresentação Nesta aula, constataremos a importância do estudo da linguagem bíblica nos seguintes livros do Novo Testamento (NT): Evangelho de João, Cartas Paulinas, Cartas Católicas e Apocalipse. Ao identi�carmos seu gênero literário, ilustraremos o contexto histórico dos textos para interpretar a cena bíblica sem qualquer desvio de sua Mensagem Divina. Objetivos Decodi�car o contexto histórico das narrativas do Evangelho de João, das Cartas Paulinas, Cartas Católicas e do Apocalipse; Identi�car o gênero literário da linguagem bíblica nestes livros; Articular a interpretação hermenêutica nas cenas bíblicas descritas. Fonte: Shutterstock | Por: ChameleonsEye. Primeiras palavras Vale relembrar que o estilo literário de todos os Evangelhos é chamado simplesmente de Evangelho. Esta é a categoria literária que de�ne os livros redigidos pelos evangelistas. A�nal, a palavra evangelho signi�ca literalmente boas notícias. Ao longo da Bíblia, aparecem 21 cartas, incluindo as 14 de Paulo e as 7 católicas . Todas as Cartas Paulinas são consideradas Epístolas, ainda que, em sua origem, algumas tenham sido escritas como cartas. Carta considerada uma mensagem mais direta a uma pessoa, comunidade ou grupo Epístola tem um caráter mais abrangente e amplo – menos restrito, portanto, que o das cartas. Carta, missiva (latim) ou epístola (grego) é o termo que descreve um manuscrito, um datiloscrito ou um impresso destinado a estabelecer uma comunicação interpessoal escrita, entre pessoas e/ou organizações, de cunho particular. (COSTA, 2008) Leitura https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula10.html javascript:void(0); Vamos fazer uma retrospectiva para entendermos como a carta marcou a nossa história. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Evangelho de João Para anunciar sua boa notícia, João utiliza, com mais frequência e intensidade, as alegorias, mas não faz uso das parábolas, assim como também não apresenta fatos conhecidos da vida de Jesus Cristo. Exemplo O sermão da montanha, a trans�guração, a expulsão dos demônios e a instituição da Eucaristia. Os fatos narrados neste Evangelho utilizam as alegorias para a transmissão de seus fundamentos teologais. Exemplo Algumas passagens fortes de seu Evangelho: bom pastor, da porta, do grão de trigo e da videira, pão da vida, a ceia, oração sacerdotal, bodas de Caná, ressurreição de Lázaro, o lava-pés, Nicodemos e Samaritana. Para Tenney (2008), “O Evangelho de João é o mais invulgar e talvez o mais valioso do quarteto dos evangelhos canônicos”. Exemplo javascript:void(0); Ele é o único evangelista que narra as bodas de Caná, o primeiro milagre de Jesus (João 2,1-11). Este fato rea�rma o seu Evangelho como um livro de objetivo teológico. Cena do calvário com São João, Maria e Santa Maria Madalena aos pés da cruz, uma das imagens mais conhecidas de João, o apóstolo (século XIX). Por Joseph Ernst Tunner, na igreja de Sant'Antonio Nuovo, em Trieste, Itália. | Fonte: Wikimedia. Termos que aparecem nos evangelhos sinóticos, mas não estão em João (ou são raríssimos): Reino Demônios Povo Homens justos Chamada Termos que aparecem em João, porém não constam nos sinóticos (ou são raríssimos): Logos 40 vezes Amor (grego: ágape): 44 vezes Saber (grego: ginosko): 57 vezes Verdade (aletheia): 46 vezes Mundo (grego: kosmos): 78 vezes javascript:void(0); Poder Compaixão Evangelho Orar Oração Pregar Arrepender-se Parábola Publicano Saduceu Vida: 55 vezes Luz: 23 vezes Trevas: 8 vezes Consolador (parakletos): 4 vezes Termos simbólicos evocativos Verdade, luz, vida, amor, glória, mundo, julgamento, hora, testemunho, água, espírito, amar, conhecer, ver, ouvir, testemunhar, manifestar, dar, fazer, julgar... Mesmo quando João apresenta um acontecimento presente nos sinóticos, sua maneira de narrar é diferente. Não se esqueça de que este Evangelho não é um sinótico. Nele, assim como em Apocalipse, também de sua autoria, muitas �guras da poesia hebraica são utilizadas. Há nos escritos joaninos um destaque do paralelismo: “O estilo e vocabulário deste Evangelho são singulares, a não ser pelas epístolas de João. As sentenças são curtas e simples. São hebraicas no raciocínio e gregas na linguagem. [...] o vocabulário é o mais limitado de todos os evangelhos, mas de mais profundo signi�cado”. (MACDONALD, 2008, p. 234-235) As bodas de Caná (1562-63), por Paolo Veronese, atualmente no Museu do Louvre, em Paris. | Fonte: Wikimedia. Conforme podemos perceber, estudar a Bíblia é muito mais do que analisar fontes literárias, ainda que elas sejam de grande valia para sua compreensão. Conhecer a Bíblia é estudar a Palavra de Deus. Bento XVI, na exortação apostólica Verbum domini, nos ajuda compreender que: "o justo conhecimento do texto bíblico só é acessível a quem tem uma a�nidade vital com aquilo de que fala o texto. Tudo isso põe em relevo a relação entre a vida espiritual e a hermenêutica da Escritura. De facto, com o crescimento da vida no Espírito, cresce também no leitor a compreensão das realidades de que fala o texto bíblico." (BENTO XVI, 2010) Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Cartas Paulinas (Epístolas) São Paulo, de fato, escreveu cartas particulares para pessoas, comunidades e grupos, além de outras redigidas justamente para serem conhecidas por todos os cristãos. Barbaglio (1989, p. 16) a�rma que suas cartas “foram ditadas pela urgência de dar resposta a problemas concretos e particulares das comunidades”. No entanto, tanto as de cunho particular como as gerais se difundiram, tornando-se fontes e fundamentos do próprio Cristianismo. Dessa forma, todas são consideradas Epístolas. javascript:void(0); Nas Cartas Paulinas, encontramos muitos gêneros literários, já que algumas constituem grandes tratados teológicos sobre a fé, enquanto outras contêm abordagens variadas do cotidiano, da moral e da convivência entre aquelas pessoas, como mostra o pequeno bilhete a Filemon. Todas, no entanto, seguem uma organização comum: 1 Saudação O anúncio para a comunidade que recebe a carta, saudando-a. Em seguida, Paulo apresenta um resumo da fé; 2 Corpo da carta: As exortações e as orientações à explicitação dos problemas ou das virtudes pelos quais passam a comunidade. Ele destaca claramente os objetivos e aponta os caminhos; 3 Conclusão As saudações de graças de origem litúrgica. Ocorre um agradecimento a Deus, ao nome de Jesus e as demais recomendações litúrgicas. "Saulo, Saulo, por que me persegues?" perguntou Jesus a Paulo em Atos dos Apóstolos 9, 45. Quem poderia imaginar que um implacável perseguidor do Cristianismo se tornaria um de seus pilares? Deus imaginou, projetou e executou. Saulo se converteu e se transformou no grande apóstolo Paulo. Houve cristãos que não acreditaram nessa conversão no início, mas o apóstolo soube ser �rme e �el, adquirindo a con�ança deles. São Paulo surge cerca de um ano após a subida de Jesus ao céu. Ele não é parte dos 12, mas ganhou status de apóstolo. Conversão de Saulo, em Damasco, na Síria | Fonte: wikimwdia. Para entender a forma como ele escrevia, é importante conhecer a formação anterior à sua conversão (quando era Saulo). Paulo: Teve base familiar; Foi educado na Torá; Frequentou escola; Estudou o hebraico; Era circuncidado; Teve seu pai como tutor e Gamalieu como seu rabino; É possível que tenha sido um dos membros do Sinédrio, inclusive sendo o responsável pela sentença de execução de Estevão. https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula10.html javascript:void(0); Esses pontos apresentam a ampla formação de São Paulo. Isso justi�ca a sua linguagem erudita, articulada, bem explicada, fundamentada e sem equívocos. As Cartas Paulinas são cristocêntricas, �éis ao Espírito Santo. Exibem os relatos da coragem do apóstolopara levar o nome de Jesus Cristo ao mundo inteiro. Por conta disso, ele mesmo pagou caro - e com a própria vida. Foi preso, perseguido, apedrejado e torturado. Há características gerais nas 14 cartas de São Paulo: 1. Não obedecem a uma ordem cronológica; 2. Surgiram antes de Atos dos Apóstolos e dos Evangelhos, podendo ter in�uenciado os evangelistas; 3. Possuíam mensagens para alimentar a fé dos cristãos convertidos; 4. Foram enviadas às comunidades de acordo com as notícias que chegavam de cada uma, como relatos de intrigas, confusões, mal-entendidos, �delidade e unidade; 5. II Coríntios é a fusão de cinco cartas perdidas; 6. Há 14 conhecidas, incluindo Hebreus, mas muitas outras se perderam; 7. A Carta aos Hebreus é atribuída a São Paulo, mas sua autoria é anônima; 8. Elas serviram como motivação para que os �éis se mantivessem �rmes na integridade da fé pela oração, pela moral e pela convivência fraterna; 9. Ofereciam re�exões e orientações sobre o comportamento humano no cotidiano: trajes, limpeza, respeito com o lugar sagrado, poder da oração, autenticidade do cristão, repúdio à hipocrisia e à falsidade contra Jesus; 10. Algumas delas tiveram a participação dos discípulos em sua redação. Cartas Dêutero-Paulinas Elas são compostas pelas cartas: 1 Pastorais I Timóteo II Timóteo e I Tito; 2 De cativeiro Efésios, Colossenses, II Tessalonicenses; 3 Roto-Paulinas Literalmente escritas por São Paulo de próprio punho: Romanos, Gálatas, I Tessalonicenses, I, Coríntios, II Coríntios, Filipenses e Filemon; 4 Autoria anônima Embora seja atribuída a Paulo: Hebreus. Elas têm um remetente (São Paulo) e alguns destinatários. Identi�cá-los facilitará a compreensão da linguagem delas: Destinatários das Cartas Clique no botão acima. 1. Cartas Eclesiásticas Têm como destinatárias as: Comunidades constituídas; Igrejas particulares. 2. Cartas Pastorais Foram redigidas para os seguidores de Paulo que eram instruídos para continuar a sua missão. São cartas mais curtas que as Eclesiásticas. Exemplo Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses e II Tessalonicenses. Esta foi a forte mensagem de São Paulo, entregando aos novos líderes sua missão, já que ele estava próximo do martírio: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”. (2 Timóteo 4,7) 3. Carta Pessoal Trata-se de uma mensagem especí�ca a um amigo. Por isso, foi escrita como um bilhete a Filemon. É uma curtíssima carta de meia página, a menor feita pelo apóstolo. São Paulo enviou o escravo Onésimo, que conheceu na prisão e ajudou em sua conversão, até seu amigo Filemon, recomendando que ele fosse acolhido e cuidado. É uma mensagem que mostra como o amor e a caridade devem superar a lei judaica. Barbaglio (1989, p 40) elucida que, em “síntese, podemos de�nir as cartas apostólicas ou pastorais como substitutivos da viva voz do apóstolo, impossibilitado de visitar pessoalmente as comunidades”. 4. Outros tipos de cartas De forma geral, elas foram escritas para o povo, mas, conforme já destacamos, três pessoas as receberam em caráter especí�co: Filemon, Timóteo e Tito. Exemplo I Timóteo, II Timóteo e Tito, dois líderes aconselhados pelo grande líder São Paulo. Timóteo liderava a igreja de Éfeso; Tito, a de Creta. Paulo escrevendo as suas Epístolas, por Valentin de Boulogne ou Nicolas Tournier, século XVI, atualmente na Blaffer Foundation Collection, em Houston, no Texas. | Fonte: Wikimedia. Cartas Católicas (Epístolas) javascript:void(0); O termo católicas signi�ca cartas universais, ou seja, para todos. Não há um destinatário de�nido nelas, ao contrário do que acontece com as Cartas Paulinas. Elas são redigidas para todos os cristãos. As Cartas Católicas são, na verdade, Epístolas, com destaque para a segunda e a terceira epístola de João, pois ambas, de fato, constituem cartas com remetentes especí�cos. Leitura Leia as Cartas Católicas. Não há entre estas cartas (Epístolas) elementos que possam justi�cá-las como pertencentes a um mesmo gênero literário, pois cada uma emitia mensagens apropriadas para seus destinatários: seus remetentes escreviam sobre temas e situações diversas. Atenção javascript:void(0); O agrupamento delas em um único bloco de Cartas Católicas é justi�cada pelo critério eliminatório: a�nal, elas não são Cartas Paulinas. Fragmento Muratori (século VIII), preservado na Biblioteca Ambrosiana, em Milão. Trata-se de um dos mais antigos cânones do NT. | Fonte: wikipedia. As sete Cartas Católicas Clique no botão acima. Há sete Cartas Católicas no total. Elas têm como remetentes: Tiago, o justo: Uma carta; Apóstolo Judas: Uma; Apóstolo Pedro: Duas; Apóstolo João: Três. a) Carta de Tiago Tiago emite conselhos morais e exorta para a vivência da fé pela prática da justiça, da caridade e da misericórdia. Seu texto contém muitos hebraísmos: Construções hebraicas (1,22; 2,12; 4,11); Paralelismo; Parataxe; Genitivo de qualidade (1,25; 5,15). javascript:void(0); O autor exprime-se num grego de alto nível, apenas comparável ao texto de Hebreus; de fato, ele tem um vocabulário rico. Recursos retóricos da diatribe cínico-estoica; Pequenos diálogos com um interlocutor imaginário (2,14-26); Perguntas retóricas (2,4.5b.14.16; 3,11-12; 4,4-5); Interpelações incisivas (1,16.19; 4,13; 5,1); Imperativos (mais de 60); Paradoxos e contrastes (1,26; 2,13.26; 3,15; 4,12); Frequentes exemplos e comparações. Tudo isso confere à sua escrita uma grande vivacidade, evocando escritores como Epiteto ou Séneca. Fonte: (CAPUCHINHOS, 2019-B) b) 1ª Carta de Pedro Exortação para que os cristãos permaneçam �rmes na fé mesmo nas tribulações e hostilidades pelas que estavam passando. Pedro se coloca como a própria testemunha de Jesus (I Pedro 5:1). Sua linguagem é suave, transmitida em tom de conselhos, motivação e consolo. c) 2ª Carta de Pedro A preocupação de Pedro era reforçar a Doutrina (2Pd 2,1). Nesta carta, ele já é mais rígido. Seu texto, por isso, possui uma linguagem mais radical, dura e de despertar da consciência. Trata-se de uma carta testamental, na qual o apóstolo está imbuído de sua autoridade, apresentando uma re�exão teológica e pastoral. d) 1ª Carta de João A linguagem do apóstolo é clara: seu texto é um alerta sobre os grandes erros que ameaçavam a fé. Por isso, ele propõe regras e fórmulas para a superação deles. Esta carta é uma clara exortação aos que, motivados pelo Gnosticismo, queriam tirar Deus do centro de suas vidas. Exemplo Há 63 palavras que não aparecem no resto do NT. Além disso, 45 encontram-se nos Setenta e 4 estão ausentes do grego helenístico. Exemplo Aconselha a recuperação da ortodoxia e a con�ssão dos pecados em busca da verdade e da essência da fé. (4,1- 3). e) 2ª Carta de João Demonstra a preocupação com a apostasia, ou seja, a negação da crença. João convoca para uma retomada “à senhora eleita, e a seus �lhos”. (2 João 1:1) Esta linguagem �gurativa expressava a necessidade de educar os �éis para que eles permanecessem na Igreja. O apóstolo também demonstrou alegria pelos que se mantiveram �rmes na fé e na doutrina (2 João 1:4). f) Carta de Judas Sua autoria é do discípulo Judas, o irmão de Tiago – e não do apóstolo que traiu Jesus e se enforcou. Esta carta tem como remetente as pessoas que conheciam as tradições judaicas e o Antigo Testamento. A preocupação dela era alertar para os vários momentos, ao longo da história, em que os falsos mestres atentaram contra a fé. Ela ainda fazia exortações sobre as forças apóstatas, o paganismo, as heresias e tantas outras agressões à fé. A Carta de Judas ainda apresentava a importância de viver a santidade. Ele era �rme contra todos esses males, mas também fez vibrantes e contundentes elogios aos cristãos �rmes na fé e no amor a Deus. Saiba mais PERSONA, M. Quem é' a "senhora eleita" de 2 João 1:1?. 26 dez. 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZrJgK-1sQGg. Acesso em: 11 set.2019. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Apocalipse É hora de estudarmos o livro mais singular do NT: o Apocalipse. Nenhum é igual a ele. Por mais variações e estilos que outros textos do NT possuam, nenhum se assemelha ao do Apocalipse. Para uns, ele é um livro de revelação; para outros, de profecias – e ainda há quem o interprete como um livro de anúncio do �m. Algumas pessoas chegam a ter medo de lê-lo. Há muitas complexidades, confusões e equívocos sobre a literatura apocalíptica: "[...] por meio dos séculos, muitos métodos foram propostos, javascript:void(0); resultando em várias interpretações diferentes. [...] Como resultado, o Apocalipse tem sido um livro que as pessoas confundem, fazendo com que alguns se separem do mundo para aguardar a consumação, enquanto, outras vezes, pessoas se encorajam a tomar uma posição heroica contra as forças do mal [...]. O problema, na interpretação, não está tanto no trato do material pelo autor como no fato de que, por meio dos anos, o fundo histórico e o caráter literário foram depreciados e completamente perdidos [...]. Os primeiros leitores aparentemente entenderam o signi�cado, em virtude do conhecimento que tinham, mas este conhecimento perdeu-se para as gerações subsequentes, e o Apocalipse, desde então, tem sido um mistério. " (HALE, 2001, p. 441) Four horsemen of Apocalypse, por Viktor Vasnetsov, em 1887. | Fonte: wikimedia. Atenção javascript:void(0); O gênero literário do Apocalipse é o apocalíptico. Ele herdou tal característica de outras obras apocalípticas da literatura judaica. 1. Contexto histórico João, o autor do Apocalipse, estava preso e não podia expressar os ensinamentos da verdade do Evangelho de forma clara, mas recebeu de Deus a inspiração para continuar anunciando a sua mensagem de maneira �gurativa. Seu modo sobrenatural de relatar de�ne a presença divina na história humana, pois somente Ele podia prever os acontecimentos, já que apenas Deus é o Justo Juiz que julgará a todos nós. O apóstolo, ao longo do texto, encoraja os cristãos perseguidos, injuriados, torturados e humilhados. Com um forte tom de mistério, apresenta a todos que Deus é maior do que qualquer dragão, mal e perseguição, asseverando que Ele triunfa e sempre triunfará. Vale lembrar que João escreveu o Apocalipse enquanto estava sofrendo na prisão. De lá, animava, encorajava, orientava e exortava para que os cristãos permanecessem �rmes na fé: “Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca”. (Ap 3,15-16) 2. Conceito e objetivo O Livro do Apocalipse é introduzido como revelação. Revelação de Jesus Cristo, que lhe foi con�ada por Deus para manifestar aos seus servos o que deve acontecer em breve. Ele, por intermédio de seu anjo, comunicou ao seu servo João, e ele atesta como Palavra de Deus o testemunho de Jesus Cristo e tudo aquilo visto (e relatado) no texto. (Ap. 1,1-2) Atenção É preciso, no entanto, compreender que a revelação anunciada por João é a plena e indiscutível fé de que Deus, revelado de�nitivamente em Jesus Cristo, está para sempre na história. É a Revelação de Cristo. O Apocalipse não pode ser compreendido como um livro de fatalidades, de �nais dos tempos, de temor e de castigos, mas como um texto de esperança e da certeza da bondade divina, pois Deus quer que todas as coisas sejam renovadas: “Eis que faço novas todas às coisas”. [...] “Eu venho em breve (...). Vem, Senhor Jesus!”. (Ap 21,5, 22,7.20) Ele é o livro dedicado à constatação de que o dono do mundo é o Senhor dos Céus. É Deus! Nenhum tirano ou poderoso da Terra retira Dele o seu poder, que é único e intransferível. João na ilha de Patmos, onde o Apocalipse foi escrito. | Fonte: wikimedia. João, ao longo de seus escritos, utiliza a comparação e o paralelismo entre o céu e a Terra. A história terrena não caminha sem a intervenção divina. A simbologia do livro transmite uma intensa mensagem de esperança. No entanto, essa linguagem esperançosa não foi entendida pelos perseguidores do Cristianismo, e sim pelos que acreditaram que Jesus é o Salvador enviado por Deus. A vida em Jesus é para além da vida terrena. É a vida eterna! Antecipamos a alegria dela na espera de sua volta. A esperança cristã é indispensável para que compreendamos a escatologia e a parúsia. Há de chegar o momento em que Deus vai interferir e fazer justiça. Trata-se do mistério de Jesus e da Páscoa – en�m, da vida para todos. Pela esperança cristã, temos a certeza de que todas as injustiças deixarão de acontecer e o Reino de Deus se instalará. A salvação virá pela graça de Deus e pela fé em Jesus Cristo: “Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou". (Ap 21,4) javascript:void(0); Nessa segunda vinda, o mundo será renovado. É a profecia de fé. Os olhos da fé que farão com que acreditemos na parúsia. Céu e Terra serão renovados e os mortos ressuscitarão. A literatura apocalíptica é cheia de simbolismos, mitologia, orientação cosmológica, numerologia (gematria), experiências estáticas, alegações de inspiração, visões esotéricas (no sentido do ensinamento ministrado a um círculo restrito de ouvintes), drama, empréstimo de outros apocalipses, alegoria e prosa. Pode ser uma resposta às necessidades que surgem das perseguições, resolvendo o problema colocado pela justiça de Deus e pelo sofrimento do homem, além de expor os objetivos do nacionalismo. (SHREINER, 2004, p. 425) Muitos avaliam a mensagem apocalíptica como o �m dos tempos, o julgamento dos pecadores, o juízo �nal ou o prêmio para os que se mantiverem �éis. O fato é que Deus envia os seus sinais – e toda simbologia do Apocalipse representa com intensidade esse fato. Em todas as situações, Ele se revela e nos chama à conversão. Atividade 1. O Evangelho segundo João (também referido como o Quarto Evangelho ou, simplesmente, João) é um dos quatro evangelhos canônicos do NT. Sobre ele, é incorreto a�rmar que: a) Trata-se do único evangelista que narra as bodas de Caná, o primeiro milagre de Jesus. b) Os fatos narrados não têm nenhuma característica de fundamentos teologais. c) Utiliza com mais frequência as alegorias, mas não usa as parábolas. d) Tem características diferentes; por isso, não é um dos sinóticos. e) O vocabulário utilizado é o de mais profundo significado. 2. Nas Cartas Paulinas, encontramos muitos gêneros literários, levando em conta que algumas são grandes tratados teológicos sobre a fé, enquanto outras apresentam abordagens variadas do cotidiano, da moral e da convivência entre aquelas pessoas. De uma forma geral, elas foram escritas para o povo, mas três pessoas receberam cartas especí�cas de Paulo. São elas: a) Filemon, Timóteo e Tito b) Efésios, Colossenses e Tessalonicenses c) Romanos, Gálatas e Tessalonicenses d) Timóteo, Coríntios e Filipenses e) Filemon, Efésios e Colossenses 3. Por mais variações e estilos que haja em um livro do NT, nenhum se assemelha ao Apocalipse. Seu texto é dedicado à constatação de que o dono do mundo é o Senhor dos Céus. É Deus! Nenhum tirano ou poderoso da Terra retira Dele o seu poder, que é único e intransferível. O gênero literário do Apocalipse é: a) Romântico b) Apocalíptico c) Evangelho d) Histórico e) Sapiencial Notas Católicas1 universais, ou seja, para todos os cristãos. Saulo2 Ele é conhecido como Saulo (nome em aramaico oriundo do Judaísmo) e Paulo (nomenclatura romana). Referências ALTER, R. A arte da narrativa bíblica. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. BÍBLIA CATÓLICA. Bíblia católica. Disponível em: https://www.bibliacatolica.com.br/. Acesso em: 10 set. 2019. BÍBLIA ONLINE. Bíblia online. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br/. Acesso em: 10 set. 2019. BARBAGLIO, G. As cartas de Paulo. Tradução de José Maria de Almeida. São Paulo: Loyola,1989. BENTO XVI. Exortação apostólica pós-sinodal Verbum domini do santo padre Bento XVI [...] na missão da Igreja. In: A Santa Sé. 30 set. 2010. Disponível em: //w2.vatican.va/content/benedict- xvi/pt/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20100930_verbum-domini.html. Acesso em: 10 set. 2019. BRASIL. Lei nº 6538, de 22 de junho de 1978. Disponível em: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6538.htm. Acesso em: 11 set. 2019. CARSON, D. A. et al. Atos in Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997. CAPUCHINHOS. Cartas Católicas. Disponível em: https://capuchinhos.org/biblia/index.php/Cartas_Cat%C3%B3licas. Acesso em: 11 set. 2019-A. CAPUCHINHOS. Carta de Tiago. Disponível em: https://capuchinhos.org/biblia/index.php/Carta_de_Tiago. Acesso em: 11 set. 2019-B. COSTA, S. R. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. HALE, B. D. Introdução ao estudo do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001. MACDONALD, W. Comentário bíblico popular: Novo Testamento. 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