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HERMENEUTICA BIBLICA - AULA 10-Hermenêutica e NT-Evangelho de João, Cartas Paulinas e Apocalipse

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Hermenêutica bíblica
Aula 10: Hermenêutica e NT: Evangelho de João, Cartas
Paulinas e Apocalipse
Apresentação
Nesta aula, constataremos a importância do estudo da linguagem bíblica nos seguintes livros do Novo
Testamento (NT): Evangelho de João, Cartas Paulinas, Cartas Católicas e Apocalipse. Ao identi�carmos seu
gênero literário, ilustraremos o contexto histórico dos textos para interpretar a cena bíblica sem qualquer
desvio de sua Mensagem Divina.
Objetivos
Decodi�car o contexto histórico das narrativas do Evangelho de João, das Cartas Paulinas, Cartas
Católicas e do Apocalipse;
Identi�car o gênero literário da linguagem bíblica nestes livros;
Articular a interpretação hermenêutica nas cenas bíblicas descritas.
 Fonte: Shutterstock | Por: ChameleonsEye.
Primeiras palavras
Vale relembrar que o estilo literário de todos os
Evangelhos é chamado simplesmente de Evangelho.
Esta é a categoria literária que de�ne os livros
redigidos pelos evangelistas. A�nal, a palavra
evangelho signi�ca literalmente boas notícias.
Ao longo da Bíblia, aparecem 21 cartas, incluindo as
14 de Paulo e as 7 católicas . Todas as Cartas
Paulinas são consideradas Epístolas, ainda que, em
sua origem, algumas tenham sido escritas como
cartas.
Carta
considerada uma mensagem mais
direta a uma pessoa, comunidade ou
grupo 
Epístola
tem um caráter mais abrangente e
amplo – menos restrito, portanto,
que o das cartas.
Carta, missiva (latim) ou epístola (grego) é o termo que descreve um manuscrito, um datiloscrito ou um
impresso destinado a estabelecer uma comunicação interpessoal escrita, entre pessoas e/ou organizações, de
cunho particular. (COSTA, 2008)
Leitura
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula10.html
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Vamos fazer uma retrospectiva para entendermos como a carta marcou a nossa história.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Evangelho de João
Para anunciar sua boa notícia, João utiliza, com mais
frequência e intensidade, as alegorias, mas não faz
uso das parábolas, assim como também não
apresenta fatos conhecidos da vida de Jesus Cristo.
Exemplo
O sermão da montanha, a trans�guração, a expulsão dos demônios e a instituição da Eucaristia.
Os fatos narrados neste Evangelho utilizam as alegorias para a transmissão de seus fundamentos teologais.
Exemplo
Algumas passagens fortes de seu Evangelho: bom pastor, da porta, do grão de trigo e da videira, pão da vida, a ceia,
oração sacerdotal, bodas de Caná, ressurreição de Lázaro, o lava-pés, Nicodemos e Samaritana.
Para Tenney (2008), “O Evangelho de João é o mais invulgar e talvez o mais valioso do quarteto dos evangelhos
canônicos”.
Exemplo
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Ele é o único evangelista que narra as bodas de Caná, o primeiro milagre de Jesus (João 2,1-11). Este fato rea�rma
o seu Evangelho como um livro de objetivo teológico.
 Cena do calvário com São João, Maria e Santa Maria Madalena aos pés da
cruz, uma das imagens mais conhecidas de João, o apóstolo (século XIX). Por
Joseph Ernst Tunner, na igreja de Sant'Antonio Nuovo, em Trieste, Itália. |
Fonte: Wikimedia.
Termos que aparecem nos evangelhos sinóticos, mas
não estão em João (ou são raríssimos):
Reino
Demônios
Povo
Homens justos
Chamada
Termos que aparecem em João, porém não
constam nos sinóticos (ou são raríssimos):
Logos 40 vezes
Amor (grego: ágape): 44 vezes
Saber (grego: ginosko): 57 vezes
Verdade (aletheia): 46 vezes
Mundo (grego: kosmos): 78 vezes
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Poder
Compaixão
Evangelho
Orar
Oração
Pregar
Arrepender-se
Parábola
Publicano
Saduceu
Vida: 55 vezes
Luz: 23 vezes
Trevas: 8 vezes
Consolador (parakletos): 4 vezes
Termos simbólicos evocativos
Verdade, luz, vida, amor, glória, mundo,
julgamento, hora, testemunho, água, espírito,
amar, conhecer, ver, ouvir, testemunhar,
manifestar, dar, fazer, julgar...
Mesmo quando João apresenta um acontecimento presente nos sinóticos, sua maneira de narrar é diferente.
Não se esqueça de que este Evangelho não é um sinótico.
Nele, assim como em Apocalipse, também de sua autoria,
muitas �guras da poesia hebraica são utilizadas.
Há nos escritos joaninos um destaque do paralelismo:
“O estilo e vocabulário deste Evangelho são singulares, a
não ser pelas epístolas de João. As sentenças são curtas e
simples. São hebraicas no raciocínio e gregas na linguagem.
[...] o vocabulário é o mais limitado de todos os evangelhos,
mas de mais profundo signi�cado”.
(MACDONALD, 2008, p. 234-235)
 As bodas de Caná (1562-63), por Paolo Veronese, atualmente no Museu do
Louvre, em Paris. | Fonte: Wikimedia.
Conforme podemos perceber, estudar a Bíblia é muito
mais do que analisar fontes literárias, ainda que elas
sejam de grande valia para sua compreensão.
Conhecer a Bíblia é estudar a Palavra de Deus. Bento
XVI, na exortação apostólica Verbum domini, nos
ajuda compreender que:
"o justo conhecimento do texto bíblico só é acessível a quem
tem uma a�nidade vital com aquilo de que fala o texto. Tudo
isso põe em relevo a relação entre a vida espiritual e a
hermenêutica da Escritura. De facto, com o crescimento da
vida no Espírito, cresce também no leitor a compreensão das
realidades de que fala o texto bíblico."
(BENTO XVI, 2010)
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Cartas Paulinas (Epístolas)
São Paulo, de fato, escreveu cartas particulares para pessoas,
comunidades e grupos, além de outras redigidas justamente para serem
conhecidas por todos os cristãos. Barbaglio (1989, p. 16) a�rma que suas
cartas “foram ditadas pela urgência de dar resposta a problemas
concretos e particulares das comunidades”. No entanto, tanto as de
cunho particular como as gerais se difundiram, tornando-se fontes e
fundamentos do próprio Cristianismo. Dessa forma, todas são
consideradas Epístolas.
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Nas Cartas Paulinas, encontramos muitos gêneros literários, já que
algumas constituem grandes tratados teológicos sobre a fé, enquanto
outras contêm abordagens variadas do cotidiano, da moral e da
convivência entre aquelas pessoas, como mostra o pequeno bilhete a
Filemon. Todas, no entanto, seguem uma organização comum:
1
Saudação
O anúncio para a comunidade que recebe a carta,
saudando-a. Em seguida, Paulo apresenta um resumo
da fé;
2
Corpo da carta:
As exortações e as orientações à explicitação dos
problemas ou das virtudes pelos quais passam a
comunidade. Ele destaca claramente os objetivos e
aponta os caminhos;
3
Conclusão
As saudações de graças de origem litúrgica. Ocorre um
agradecimento a Deus, ao nome de Jesus e as demais
recomendações litúrgicas.
"Saulo, Saulo, por que me persegues?" perguntou Jesus a
Paulo em Atos dos Apóstolos 9, 45.
Quem poderia imaginar que um implacável
perseguidor do Cristianismo se tornaria um de seus
pilares?
Deus imaginou, projetou e executou. Saulo se
converteu e se transformou no grande apóstolo
Paulo.
Houve cristãos que não acreditaram nessa conversão
no início, mas o apóstolo soube ser �rme e �el,
adquirindo a con�ança deles.
São Paulo surge cerca de um ano após a subida de
Jesus ao céu. Ele não é parte dos 12, mas ganhou
status de apóstolo.
 Conversão de Saulo, em Damasco, na Síria | Fonte: wikimwdia.
Para entender a forma como ele escrevia, é importante conhecer a formação anterior à sua conversão (quando
era Saulo). Paulo:
Teve base familiar;
Foi educado na Torá;
Frequentou escola;
Estudou o hebraico;
Era circuncidado;
Teve seu pai como tutor e Gamalieu como seu rabino;
É possível que tenha sido um dos membros do Sinédrio, inclusive sendo o responsável pela sentença de
execução de Estevão.
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula10.html
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Esses pontos apresentam a ampla formação de São Paulo.
Isso justi�ca a sua linguagem erudita, articulada, bem
explicada, fundamentada e sem equívocos.
As Cartas Paulinas são cristocêntricas, �éis ao Espírito Santo. Exibem os relatos da coragem do apóstolopara
levar o nome de Jesus Cristo ao mundo inteiro. Por conta disso, ele mesmo pagou caro - e com a própria vida.
Foi preso, perseguido, apedrejado e torturado.
Há características gerais nas 14 cartas de São Paulo:
1. Não obedecem a uma ordem cronológica;
2. Surgiram antes de Atos dos Apóstolos e dos Evangelhos, podendo ter in�uenciado os evangelistas;
3. Possuíam mensagens para alimentar a fé dos cristãos convertidos;
4. Foram enviadas às comunidades de acordo com as notícias que chegavam de cada uma, como relatos de
intrigas, confusões, mal-entendidos, �delidade e unidade;
5. II Coríntios é a fusão de cinco cartas perdidas;
6. Há 14 conhecidas, incluindo Hebreus, mas muitas outras se perderam;
7. A Carta aos Hebreus é atribuída a São Paulo, mas sua autoria é anônima;
8. Elas serviram como motivação para que os �éis se mantivessem �rmes na integridade da fé pela oração, pela
moral e pela convivência fraterna;
9. Ofereciam re�exões e orientações sobre o comportamento humano no cotidiano: trajes, limpeza, respeito com
o lugar sagrado, poder da oração, autenticidade do cristão, repúdio à hipocrisia e à falsidade contra Jesus;
10. Algumas delas tiveram a participação dos discípulos em sua redação.
Cartas Dêutero-Paulinas
Elas são compostas pelas cartas:
1
Pastorais
I Timóteo II Timóteo e I Tito;
2
De cativeiro
Efésios, Colossenses, II Tessalonicenses;
3
Roto-Paulinas
Literalmente escritas por São Paulo de próprio punho:
Romanos, Gálatas, I Tessalonicenses, I, Coríntios, II
Coríntios, Filipenses e Filemon;
4
Autoria anônima
Embora seja atribuída a Paulo: Hebreus.
Elas têm um remetente (São Paulo) e alguns destinatários. Identi�cá-los facilitará a compreensão da linguagem
delas:
 Destinatários das Cartas
 Clique no botão acima.
1. Cartas Eclesiásticas
Têm como destinatárias as:
Comunidades constituídas;
Igrejas particulares.
2. Cartas Pastorais
Foram redigidas para os seguidores de Paulo que eram instruídos para continuar a sua missão. São
cartas mais curtas que as Eclesiásticas.
Exemplo
Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses e II Tessalonicenses.
Esta foi a forte mensagem de São Paulo, entregando aos novos líderes sua missão, já que ele estava
próximo do martírio: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”. (2 Timóteo 4,7)
3. Carta Pessoal
Trata-se de uma mensagem especí�ca a um amigo. Por isso, foi escrita como um bilhete a Filemon. É
uma curtíssima carta de meia página, a menor feita pelo apóstolo.
São Paulo enviou o escravo Onésimo, que conheceu na prisão e ajudou em sua conversão, até seu
amigo Filemon, recomendando que ele fosse acolhido e cuidado. É uma mensagem que mostra como o
amor e a caridade devem superar a lei judaica. Barbaglio (1989, p 40) elucida que, em “síntese, podemos
de�nir as cartas apostólicas ou pastorais como substitutivos da viva voz do apóstolo, impossibilitado de
visitar pessoalmente as comunidades”.
4. Outros tipos de cartas
De forma geral, elas foram escritas para o povo, mas, conforme já destacamos, três pessoas as
receberam em caráter especí�co: Filemon, Timóteo e Tito.
Exemplo
I Timóteo, II Timóteo e Tito, dois líderes aconselhados pelo grande líder São Paulo. Timóteo liderava a igreja de
Éfeso; Tito, a de Creta.
 Paulo escrevendo as suas Epístolas, por Valentin de Boulogne ou Nicolas
Tournier, século XVI, atualmente na Blaffer Foundation Collection, em Houston,
no Texas. | Fonte: Wikimedia.
Cartas Católicas (Epístolas)
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O termo católicas signi�ca cartas universais, ou seja, para todos. Não há um destinatário de�nido nelas, ao
contrário do que acontece com as Cartas Paulinas. Elas são redigidas para todos os cristãos.
As Cartas Católicas são, na verdade, Epístolas, com destaque
para a segunda e a terceira epístola de João, pois ambas, de
fato, constituem cartas com remetentes especí�cos.
Leitura
Leia as Cartas Católicas.
Não há entre estas cartas (Epístolas) elementos que possam justi�cá-las como pertencentes a um mesmo gênero
literário, pois cada uma emitia mensagens apropriadas para seus destinatários: seus remetentes escreviam sobre
temas e situações diversas.
Atenção
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O agrupamento delas em um único bloco de Cartas Católicas é justi�cada pelo critério eliminatório: a�nal, elas não
são Cartas Paulinas.
 Fragmento Muratori (século VIII), preservado na Biblioteca Ambrosiana,
em Milão. Trata-se de um dos mais antigos cânones do NT. | Fonte: wikipedia.
 As sete Cartas Católicas
 Clique no botão acima.
Há sete Cartas Católicas no total. Elas têm como remetentes:
Tiago, o justo: Uma carta;
Apóstolo Judas: Uma;
Apóstolo Pedro: Duas;
Apóstolo João: Três.
a) Carta de Tiago
Tiago emite conselhos morais e exorta para a vivência da fé pela prática da justiça, da caridade e da
misericórdia. Seu texto contém muitos hebraísmos:
Construções hebraicas (1,22; 2,12; 4,11);
Paralelismo;
Parataxe;
Genitivo de qualidade (1,25; 5,15).
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O autor exprime-se num grego de alto nível, apenas comparável ao texto de Hebreus; de fato, ele tem um
vocabulário rico.
Recursos retóricos da diatribe cínico-estoica;
Pequenos diálogos com um interlocutor imaginário (2,14-26);
Perguntas retóricas (2,4.5b.14.16; 3,11-12; 4,4-5);
Interpelações incisivas (1,16.19; 4,13; 5,1);
Imperativos (mais de 60);
Paradoxos e contrastes (1,26; 2,13.26; 3,15; 4,12);
Frequentes exemplos e comparações.
Tudo isso confere à sua escrita uma grande vivacidade, evocando escritores como Epiteto ou Séneca.
Fonte: (CAPUCHINHOS, 2019-B)
b) 1ª Carta de Pedro
Exortação para que os cristãos permaneçam �rmes na fé mesmo nas tribulações e hostilidades pelas
que estavam passando. Pedro se coloca como a própria testemunha de Jesus (I Pedro 5:1). Sua
linguagem é suave, transmitida em tom de conselhos, motivação e consolo.
c) 2ª Carta de Pedro
A preocupação de Pedro era reforçar a Doutrina (2Pd 2,1). Nesta carta, ele já é mais rígido. Seu texto, por
isso, possui uma linguagem mais radical, dura e de despertar da consciência. Trata-se de uma carta
testamental, na qual o apóstolo está imbuído de sua autoridade, apresentando uma re�exão teológica e
pastoral.
d) 1ª Carta de João
A linguagem do apóstolo é clara: seu texto é um alerta sobre os grandes erros que ameaçavam a fé. Por
isso, ele propõe regras e fórmulas para a superação deles.
Esta carta é uma clara exortação aos que, motivados pelo Gnosticismo, queriam tirar Deus do centro de
suas vidas.
Exemplo
Há 63 palavras que não aparecem no resto do NT. Além disso, 45 encontram-se nos Setenta e 4 estão ausentes do
grego helenístico.
Exemplo
Aconselha a recuperação da ortodoxia e a con�ssão dos pecados em busca da verdade e da essência da fé. (4,1-
3).
e) 2ª Carta de João
Demonstra a preocupação com a apostasia, ou seja, a negação da crença. João convoca para uma
retomada “à senhora eleita, e a seus �lhos”. (2 João 1:1)
Esta linguagem �gurativa expressava a necessidade de educar os �éis para que eles permanecessem
na Igreja. O apóstolo também demonstrou alegria pelos que se mantiveram �rmes na fé e na doutrina (2
João 1:4).
f) Carta de Judas
Sua autoria é do discípulo Judas, o irmão de Tiago – e não do apóstolo que traiu Jesus e se enforcou.
Esta carta tem como remetente as pessoas que conheciam as tradições judaicas e o Antigo
Testamento.
A preocupação dela era alertar para os vários momentos, ao longo da história, em que os falsos mestres
atentaram contra a fé. Ela ainda fazia exortações sobre as forças apóstatas, o paganismo, as heresias e
tantas outras agressões à fé.
A Carta de Judas ainda apresentava a importância de viver a santidade. Ele era �rme contra todos esses
males, mas também fez vibrantes e contundentes elogios aos cristãos �rmes na fé e no amor a Deus.
Saiba mais
PERSONA, M. Quem é' a "senhora eleita" de 2 João 1:1?. 26 dez. 2014. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=ZrJgK-1sQGg. Acesso em: 11 set.2019.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Apocalipse
É hora de estudarmos o livro mais singular do NT: o Apocalipse. Nenhum é igual a ele. Por mais variações e
estilos que outros textos do NT possuam, nenhum se assemelha ao do Apocalipse. Para uns, ele é um livro de
revelação; para outros, de profecias – e ainda há quem o interprete como um livro de anúncio do �m. Algumas
pessoas chegam a ter medo de lê-lo. Há muitas complexidades, confusões e equívocos sobre a literatura
apocalíptica:
"[...] por meio dos séculos, muitos métodos foram propostos,
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resultando em várias interpretações diferentes. [...] Como
resultado, o Apocalipse tem sido um livro que as pessoas
confundem, fazendo com que alguns se separem do mundo
para aguardar a consumação, enquanto, outras vezes,
pessoas se encorajam a tomar uma posição heroica contra as
forças do mal [...]. O problema, na interpretação, não está
tanto no trato do material pelo autor como no fato de que,
por meio dos anos, o fundo histórico e o caráter literário
foram depreciados e completamente perdidos [...]. Os
primeiros leitores aparentemente entenderam o signi�cado,
em virtude do conhecimento que tinham, mas este
conhecimento perdeu-se para as gerações subsequentes, e o
Apocalipse, desde então, tem sido um mistério. "
(HALE, 2001, p. 441)
 Four horsemen of Apocalypse, por Viktor Vasnetsov, em 1887. | Fonte:
wikimedia.
Atenção
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O gênero literário do Apocalipse é o apocalíptico. Ele herdou tal característica de outras obras apocalípticas da
literatura judaica.
1. Contexto histórico
João, o autor do Apocalipse, estava preso e não podia expressar os ensinamentos da verdade do Evangelho de
forma clara, mas recebeu de Deus a inspiração para continuar anunciando a sua mensagem de maneira
�gurativa. Seu modo sobrenatural de relatar de�ne a presença divina na história humana, pois somente Ele podia
prever os acontecimentos, já que apenas Deus é o Justo Juiz que julgará a todos nós. O apóstolo, ao longo do
texto, encoraja os cristãos perseguidos, injuriados, torturados e humilhados. Com um forte tom de mistério,
apresenta a todos que Deus é maior do que qualquer dragão, mal e perseguição, asseverando que Ele triunfa e
sempre triunfará.
Vale lembrar que João escreveu o Apocalipse enquanto estava sofrendo na prisão. De lá, animava, encorajava,
orientava e exortava para que os cristãos permanecessem �rmes na fé: “Conheço as suas obras, sei que você
não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, não é frio nem
quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca”. (Ap 3,15-16)
2. Conceito e objetivo
O Livro do Apocalipse é introduzido como revelação. Revelação de Jesus Cristo, que lhe foi con�ada por Deus
para manifestar aos seus servos o que deve acontecer em breve. Ele, por intermédio de seu anjo, comunicou ao
seu servo João, e ele atesta como Palavra de Deus o testemunho de Jesus Cristo e tudo aquilo visto (e relatado)
no texto. (Ap. 1,1-2)
Atenção
É preciso, no entanto, compreender que a revelação anunciada por João é a plena e indiscutível fé de que Deus,
revelado de�nitivamente em Jesus Cristo, está para sempre na história. É a Revelação de Cristo.
O Apocalipse não pode ser compreendido como um livro de fatalidades, de �nais dos tempos, de temor e de
castigos, mas como um texto de esperança e da certeza da bondade divina, pois Deus quer que todas as coisas
sejam renovadas:
“Eis que faço novas todas às coisas”. [...] “Eu venho em breve
(...). Vem, Senhor Jesus!”.
(Ap 21,5, 22,7.20)
Ele é o livro dedicado à constatação de que o dono do mundo é o Senhor dos
Céus. É Deus! Nenhum tirano ou poderoso da Terra retira Dele o seu poder,
que é único e intransferível.
 João na ilha de Patmos, onde o Apocalipse foi escrito. | Fonte: wikimedia.
João, ao longo de seus escritos, utiliza a comparação e o paralelismo entre o céu e a Terra. A história terrena não
caminha sem a intervenção divina. A simbologia do livro transmite uma intensa mensagem de esperança. No
entanto, essa linguagem esperançosa não foi entendida pelos perseguidores do Cristianismo, e sim pelos que
acreditaram que Jesus é o Salvador enviado por Deus.
A vida em Jesus é para além da vida terrena. É a vida eterna! Antecipamos a alegria dela na espera de sua volta.
A esperança cristã é indispensável para que compreendamos a escatologia e a parúsia. Há de chegar o momento
em que Deus vai interferir e fazer justiça. Trata-se do mistério de Jesus e da Páscoa – en�m, da vida para todos.
Pela esperança cristã, temos a certeza de que todas as injustiças deixarão de acontecer e o Reino de Deus se
instalará. A salvação virá pela graça de Deus e pela fé em Jesus Cristo:
“Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais
morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem
já passou".
(Ap 21,4)
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Nessa segunda vinda, o mundo será renovado. É a profecia de fé. Os olhos da fé que farão com que acreditemos
na parúsia. Céu e Terra serão renovados e os mortos ressuscitarão.
A literatura apocalíptica é cheia de simbolismos, mitologia, orientação cosmológica, numerologia (gematria),
experiências estáticas, alegações de inspiração, visões esotéricas (no sentido do ensinamento ministrado a um
círculo restrito de ouvintes), drama, empréstimo de outros apocalipses, alegoria e prosa. Pode ser uma resposta
às necessidades que surgem das perseguições, resolvendo o problema colocado pela justiça de Deus e pelo
sofrimento do homem, além de expor os objetivos do nacionalismo. (SHREINER, 2004, p. 425)
Muitos avaliam a mensagem apocalíptica como o �m dos tempos, o julgamento dos pecadores, o juízo �nal ou o
prêmio para os que se mantiverem �éis. O fato é que Deus envia os seus sinais – e toda simbologia do
Apocalipse representa com intensidade esse fato. Em todas as situações, Ele se revela e nos chama à conversão.
Atividade
1. O Evangelho segundo João (também referido como o Quarto Evangelho ou, simplesmente, João) é um dos
quatro evangelhos canônicos do NT. Sobre ele, é incorreto a�rmar que:
a) Trata-se do único evangelista que narra as bodas de Caná, o primeiro milagre de Jesus.
b) Os fatos narrados não têm nenhuma característica de fundamentos teologais.
c) Utiliza com mais frequência as alegorias, mas não usa as parábolas.
d) Tem características diferentes; por isso, não é um dos sinóticos.
e) O vocabulário utilizado é o de mais profundo significado.
2. Nas Cartas Paulinas, encontramos muitos gêneros literários, levando em conta que algumas são grandes
tratados teológicos sobre a fé, enquanto outras apresentam abordagens variadas do cotidiano, da moral e da
convivência entre aquelas pessoas. De uma forma geral, elas foram escritas para o povo, mas três pessoas
receberam cartas especí�cas de Paulo. São elas:
a) Filemon, Timóteo e Tito
b) Efésios, Colossenses e Tessalonicenses
c) Romanos, Gálatas e Tessalonicenses
d) Timóteo, Coríntios e Filipenses
e) Filemon, Efésios e Colossenses
3. Por mais variações e estilos que haja em um livro do NT, nenhum se assemelha ao Apocalipse. Seu texto é
dedicado à constatação de que o dono do mundo é o Senhor dos Céus. É Deus! Nenhum tirano ou poderoso da
Terra retira Dele o seu poder, que é único e intransferível.
O gênero literário do Apocalipse é:
a) Romântico
b) Apocalíptico
c) Evangelho
d) Histórico
e) Sapiencial
Notas
Católicas1
universais, ou seja, para todos os cristãos.
Saulo2
Ele é conhecido como Saulo (nome em aramaico oriundo do Judaísmo) e Paulo (nomenclatura romana).
Referências
ALTER, R. A arte da narrativa bíblica. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
BÍBLIA CATÓLICA. Bíblia católica. Disponível em: https://www.bibliacatolica.com.br/. Acesso em: 10 set. 2019.
BÍBLIA ONLINE. Bíblia online. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br/. Acesso em: 10 set. 2019.
BARBAGLIO, G. As cartas de Paulo. Tradução de José Maria de Almeida. São Paulo: Loyola,1989.
BENTO XVI. Exortação apostólica pós-sinodal Verbum domini do santo padre Bento XVI [...] na missão da Igreja.
In: A Santa Sé. 30 set. 2010. Disponível em: //w2.vatican.va/content/benedict-
xvi/pt/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20100930_verbum-domini.html. Acesso em: 10 set. 2019.
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