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Assistência de enfermagem ao cliente com problemas respiratórios SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema respiratório é formado pelo trato respiratório superior e inferior, que precisam funcionar em harmonia para a plena ocorrência da ventilação. É importante lembrar que a ventilação é definida como o movimento de entrada e saída de ar das vias aéreas. O trato respiratório inferior é composto pelos pulmões e por sua estrutura específica responsável pelas trocas gasosas. A troca gasosa é compreendida como o movimento de entrada e saída do ar. Essa dinâmica ocorre com a entrega de oxigênio para os tecidos por meio da corrente sanguínea e a eliminação dos gases tóxicos pela expiração após a troca. PNEUMONIA A pneumonia está entre as principais causas de morte no mundo e consiste no comprometimento do parênquima pulmonar por meio de infecção causada por um agente etiológico, que pode ser químico, físico ou mecânico. Podem ainda ser divididas em: Pneumonia adquirida na comunidade (PAC) Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), sendo esta considerada uma iatrogênias . PNEUMONIA Agente etiológico O Streptococcus pneumoniae é o maior agente etiológico associado à PAC, porém esta também pode ser desenvolvida por bactérias endógenas das vias aéreas superiores (cavidade nasal, faringe e laringe), que, por ausência ou diminuição dos mecanismos fisiológicos de defesa, instalam-se nas vias aéreas inferiores (traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos). Entre os micro-organismos comumente associados à pneumonia, também temos: Haemophilus influenzae, Chlamydia pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae , vírus sincicial respiratório (VSR), adenovírus, vírus da influenza, metapneumovírus e vírus da parainfluenza. COVID 19 Entre os meios fisiológicos para impedir o acometimento de pneumonias (SETHI, 2020), os principais são: Reflexo de tosse para expulsão de substâncias estranhas que invadem o sistema respiratório inferior, como muco, resíduos gástricos, corpos estranhos, entre outras. Células ciliadas, que revestem o sistema respiratório inferior e deslocam muco, micro-organismos e substâncias estranhas para serem expelidos. Sistema imunológico específico e inespecífico, como proteínas produzidas pelas células pulmonares e glóbulos brancos. Fatores que podem contribuir para o acometimento de pneumonia (SETHI, 2020), entre eles: Cirurgia e/ou lesão abdominal ou torácica, em que a respiração e o reflexo de tosse podem ser comprometidos pela dor. Condições como debilitação física, paralisias, inconsciência ou pessoas acamadas, o que dificulta ou diminui as incursões respiratórias. Comprometimento imunológico por medicamentos imunossupressores, doenças como HIV e HTLV, câncer, bebês e crianças pequenas com sistema imunológico imaturo. Hábitos como o alcoolismo, o tabagismo e doenças como a diabetes e a insuficiência cardíaca. Sinais e os sintomas Tosse com secreção de aspecto alterado e espesso Ruídos adventícios à ausculta pulmonar Dor torácica, febre Dispneia Náuseas Diarreia Anorexia Extremos de idade, como crianças e idosos, podem não manifestar febre e/ou dor, podendo cursar apenas com dispneia. Agravamento do quadro O agravamento da pneumonia pode desencadear quadros inflamatórios sistêmicos, como sepse incidindo em: hipotensão arterial grave, baixa concentração de O2 no organismo com hipóxia acidose respiratória por retenção de CO2 abscesso pulmonar com acúmulo de conteúdo inflamatório no pulmão empiema entre o pulmão e a caixa torácica síndrome da angústia respiratória aguda (Sara) Diagnóstico Raios X - são os mais solicitados, apesar de não apresentarem maior fidedignidade de resultado. Ultrassonografia de tórax (USG) - USG é a que apresenta maior especificidade à consolidação em comparação ao raios X. Tomografia computadorizada (TC) - TC pode mostrar-se mais eficiente a achados diagnósticos alternativos, como pneumonia fúngica, tromboembolismo pulmonar, neoplasias, tuberculose pulmonar, entre outros. Tratamento O tratamento medicamentoso para a pneumonia consiste na administração, oral ou intravenosa, de antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasitários Corticoides e anti-inflamatórios Oxigenoterapia, a depender da necessidade do paciente Cuidados de enfermagem Controlar a permeabilidade das vias aéreas, auxiliando na expectoração de secreção brônquica e na antecipação à deterioração clínica. Incentivar respirações profundas e mobilização com o menor esforço possível, sendo essa uma ferramenta não farmacológica que pode trazer benefícios. Promover repouso e conservação de energia, no caso dos clientes com quadros exacerbados, para evitar a piora dos sintomas. Estimular a ingesta de líquidos, pois os pacientes com pneumonia apresentam tendência à desidratação em razão da febre e da sudorese intensa. Estimular o abandono do tabagismo, sendo essa também uma recomendação pertinente na prevenção de pneumonias. Encorajar o paciente à correta adesão ao tratamento, o que se mostra fundamental, uma vez que a não adesão completa do esquema antibiótico pode acarretar resistência microbiana e falência terapêutica. Edema Agudo de Pulmão (EAP) O edema agudo pulmonar é uma condição clínica caracterizada por baixo nível de oxigênio no sangue que pode estar associada a diferentes patologias, como cardiovasculares e renais. A rápida identificação e a tomada de decisão assertiva são vitais para um bom prognóstico ao paciente e o aumento da sobrevida. O edema agudo pulmonar pode ser definido como: CARDIOGÊNICO Se dá como resultado de distúrbio cardíaco, em que ocorre desarmonia entre o ventrículo direito e o ventrículo esquerdo, congestionando a circulação pulmonar. Está associado a patologias como hipertensão arterial sistêmica (HAS), insuficiência cardíaca, cardiopatia isquêmica, arritmias, miocardites, sopros e doenças das valvas cardíacas. Quando o quadro clínico é associado à hipertensão, denomina-se edema agudo pulmonar hipertensivo e, quando associado à hipotensão, edema agudo pulmonar secundário ao choque cardiogênico. O edema agudo pulmonar pode ser definido como: NÃO-CARDIOGÊNICO O edema agudo pulmonar não cardiogênico pode estar relacionado com diferentes patologias em associação a estados hidrodinâmicos: * como insuficiência renal * choque séptico por Sara * obstrução de vias aéreas como no laringospasmo * ressuscitação volêmica agressiva, pneumonia * altitudes elevadas, uso de drogas como cocaína O que fazer quando se suspeita de edema agudo pulmonar? Deve-se realizar avaliação clínica detalhada e solicitar exames complementares: eletrocardiograma (ECG), com a finalidade de avaliar distúrbios de condução e arritmias, alterações condizentes com isquemia, infarto antigo e sobrecarga miocárdica (CG); raios X de tórax ou ecografia pulmonar, com atenção a achados de consolidação em bases compatíveis com congestão, derrame pleural e cardiomegalia. Tratamento Fornecer oxigenoterapia invasiva, a depender do quadro clínico do paciente, podendo ser necessários até mesmo intubação traqueal Administração de diuréticos para diminuir o excesso de líquidos circulantes, Controle da PA Tratamento da causa-base, principalmente para os casos de origem cardiogênica Cuidados de enfermagem Promover adequado posicionamento, visando a diminuir o retorno venoso. Deve-se colocar o paciente na posição ereta, com os membros inferiores pendentes, a fim de promover a redistribuição hídrica pulmonar e a descompressão diafragmática pelo abdome, favorecendo a expansibilidade torácica. Monitorar a condição cardiorrespiratória com oximetria de pulso. Realizar ausculta de sons respiratórios, observando áreas com sons vesiculares diminuídos ou abolidos, presença de ruídos adventícios, como estertores, estertores crepitantes ou bolhosos, e expansibilidade torácica. Controlar a ingesta e a administração de líquidos com otimização do balanço hídrico assertivo. Instalar oxigenoterapia não invasiva e controlar atentamente a saturação periféricae acesso venoso calibroso. Promover suporte emocional, visando a tranquilizar o cliente, pois a diminuição da chegada de oxigênio promove o aumento da sensação de medo e ansiedade, tornando a condição clínica mais grave. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) É caracterizada pela obstrução progressiva crônica das vias aéreas, após broncodilatação, por infecção associada à resposta inflamatória diretamente das vias aéreas e sistêmica. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) Atualmente, não se faz mais a associação do diagnóstico da DPOC com patologias como bronquite crônica ou enfisema, pois o termo mais preciso para o diagnóstico dessa doença se dá por espirometria após o uso de broncodilatadores e a análise na relação do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) dividido pela capacidade vital forçada (CVF) < 0,70 (FERNANDES, 2017). Fatores de risco Inalação de agentes tóxicos, com destaque para o tabaco, que gera danos à via aérea em toda a sua extensão pela destruição das células ciliadas responsáveis pela eliminação do muco, ocasionando broncoconstrição e até nos alvéolos, com sua destruição progressiva. Moradores de regiões com temperaturas mais frias podem ser prejudicados pela inalação de produtos derivados da queima de biomassa dentro de casa com a finalidade de prover calor. Processos infecciosos recorrentes ou antigos, como histórico de tuberculose, bronquiolite ou pneumonias recorrentes. Fatores socioeconômicos desfavoráveis, como higiene, acesso à água potável e rede de esgoto. Envelhecimento pulmonar, pela perda de elasticidade e tônus do tecido pulmonar. Fatores genéticos podem estar envolvidos no mecanismo fisiopatológico da doença. O perfil do paciente portador de DPOC é o de indivíduos com exposição significativa a gases ou partículas nocivas e sintomas respiratórios crônicos, como: Hipersecreção tosse crônica produtiva Inflamação limitação do fluxo aéreo com aprisionamento sibilos à ausculta alterações da via aérea e dos alvéolos com enfisema culminando em dispneia em diferentes graus, de acordo com a evolução da doença (BATISTA, 2020) Diagnóstico O diagnóstico pode ser fechado com anamnese e exame físico, em que serão avaliados: o histórico clínico a exposição a agentes tóxicos compatível e a espirometria após o uso de broncodilatador com relação do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), que pode apresentar resultado em uma escala de 1 a 4. Assim, quanto maior o resultado, sugere-se maior gravidade clínica do paciente, dividido pela CVF < 0,7 (BATISTA, 2020). Cuidados Ambulatoriais Pautados pelo retardo na progressão da doença Pela redução de riscos e pelo alívio de sintomas, promovendo a melhora da tolerância ao exercício Tratando as comorbidades A cessação do tabagismo ou do agente agressor O incentivo à prática de atividades físicas A reabilitação pulmonar A vacinação com as vacinas para influenza anualmente e pneumocócica a cada cinco anos, a fim de prevenir pneumonias Orientação farmacológica e oxigenoterapia, quando necessário. Atendimento emergencial hospitalar Administração de oxigênio em baixo fluxo, por cateter nasal (1 a 5l/min) ou máscara de Venturi (2 a 12l/min), a fim de manter uma titulação de SpO2 de 88% a 92%. Permanecendo hipoxêmico, orienta-se o uso de ventilação não invasiva nas modalidades de pressão positiva contínua na via aérea (CPAP) e de bilevel positive airway pressure (BPAP). Caso não haja êxito, avalia-se a intubação com suporte mecânico. Cuidados de enfermagem no ambiente hospitalar Monitorar as funções cardiorrespiratórias, com atenção à frequência respiratória e à classificação do padrão respiratório, e monitorar a SpO2, otimizando valores de 88% a 92%. Posicionar adequadamente no leito, com ângulo de 30o a 90o e aprazar e administrar as medicações, conforme prescrição médica. Instalar oxigenoterapia e realizar controle rigoroso, visando à oferta de oxigênio adequado ao cliente. Estimular a mudança de decúbito, com preferência para decúbitos que favoreçam a expansibilidade pulmonar. Observar a característica e a quantidade de secreções pulmonares, com atenção às cianoses periférica e central. Estar sempre atento para poder promover medidas de conforto para alívio dos sintomas. Estimular, em casos específicos, a cessação do tabagismo, apresentando recursos em diálogo com a equipe multiprofissional. Distúrbio respiratório que se define por doença prevenível, tratável e sem cura, caracterizada pela obstrução progressiva crônica das vias aéreas, após broncodilatação, por infecção associada à resposta inflamatória diretamente das vias aéreas e sistêmica. Marque a alternativa correta acerca dessa definição. A- PNEUMONIA B- TUBERCULOSE C- EMPIEMA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA EDEMA AGUDO PULMONAR
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