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Processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil

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Processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil
・O modelo de assistência centrada no hospital psiquiátrico entrou em crise no final da década de 70
1970/1980 - Ocorre um fluxo maior de movimentos de greve a respeito de saúde mental e a respeito do funcionamento
da saúde mostrando a possibilidade de construção de uma rede de cuidados efetivos
Franco Basaglia (Psiquiatra; 1970)
・Franco introduz a psiquiatria comunitária (Vai contra o tratamento rigorosamente biomédico)
↪ O biomédico não realiza cirurgias e não prescreve tratamentos
・Dizia sobre a necessidade de outras formas de assistências
(Enfermagem, assistência social, fonoaudiologia, ajuda psicológica, entre outros)
・Basalia comparou os espaços manicomiais aos campos de concentração nazista
・Surge o Movimento Antipsiquiatria na Itália: Iam contra a ideia biomédica (Idealizado por Basaglia)
↪ Influência no surgimento e intensificação de movimento antimanicomial no Brasil
Crítica do modelo hospitalocêntrico (1978-1991)
1978: Início efetivo do movimento para mudanças no sistema manicomial
・Ocorre o congresso nacional do MTSM em São Paulo com ideias antimanicomiais
・Ocorre o I congresso nacional de saúde mental no Rio de Janeiro
1989: Projeto de Reforma Psiquiátrica | Projeto de lei elaborado por Paulo Delgado buscando a regulamentação dos
direitos das pessoas com transtornos mentais e melhoras formas de tratamento, um tratamento humanizado
・Importância de Paulo Delgado, criador do projeto de lei para reforma psiquiátrica
Década de 90 - Surgimento do SUS (Sistema Único de Saúde)
・Após o surgimento do sus, os seus princípios são introduzidas na constituição federal
・Após a criação do sus, passa a se falar sobre assistência de saúde mental
Implantação da Rede Extra-Hospitalar (1992-2000)
1992 - Projeto de lei de Paulo Delgado se torna estadual
↪ A lei não se torna federal pois alguns estado não concordam em aderir e propõem em oferecer ajuda psicológica através de
clínicas particulares - Severa crítica pois o tratamento em clínicas particulares tinham como consequência o lucro e por isso, a
intenção do estado não era ajudar aqueles que eram vistos como vulneráveis, mas tinham o intuito de receber lucro - seja
público ou seja particular - pois as clínicas possuem um valor inalcançável por pessoas que vivam em situação de carência.
・Determina-se a substituição progressiva de leitos psiquiátricos por uma rede integrada de atenção à saúde mental
・Ajuda a Reforma Psiquiátrica a expandir e ganhar força
II Conferência Nacional de Saúde Mental
・A partir desse evento, entram em vigor leis federais que regulamentam a implantação de serviços de atenção diária, a
criação dos primeiros CAPS, NAPS e Hospitais-dia; e as primeiras fiscalizações de hospitais psiquiátricos
1992 - Criação do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial)
・O CAPS surge após o ‘fim dos manicômios e decisão de expandir o RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) para
atendimento de demandas sobre saúde mental - oferecem acesso gratuito a tratamentos humanizados e equipes
multiprofissionais
CAPS (Centro de Atenção Psicossocial)
・Papel do CAPS: É papel do CAPS prestar atendimento clínico em regime de atenção diária evitando as
internações em hospitais psiquiátricos; promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais;
regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental e dar suporte na rede básica de saúde;
CAPS II: serviços de médio porte para adultos com transtornos mentais severos e persistentes;
equipe mínima de 12 profissionais; funcionam durante os cinco dias úteis da semana.
CAPS III: são os serviços de maior porte; funciona 24 horas por dia, com uma equipe mínima de 16
profissionais
CAPSi: especializados no atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais;
funcionam durante os cinco dias úteis da semana; equipe mínima de 11 profissionais .
CAPSad: especializados no atendimento de pes s oas que fazem uso prejudicial de álcool e
outras drogas; funcionam durante os cinco dias úteis da semana, equipe mínima de 13 profissionais
・A atenção aos pacientes nestas unidade s de saúde deverá incluir as seguintes atividade s desenvolvidas por
equipes multiprofissionais: – atendimento individual, atendimento grupal, atividades de sala de espera, visitas
domiciliares, atividades comunitárias
Reforma Psiquiátrica após a lei nacional (2011-2005)
2001: Aprova-se a lei nº 10.216 de Paulo Delgado
・A lei dizia que pessoas com transtornos mentais deveriam ter seus direitos básicos respeitados, acesso às
informações detalhadas sobre sua condição, receber tratamentos adequados e serem protegidos
・Ocorre o impulso no processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil
・III Conferência Nacional de Saúde Mental e a Criação do programa “De Volta para Casa”
・O princípio da lei antimanicomial era a reinserção social de pacientes e assegurar direitos
・É traçada a política para a questão de álcool e drogas, pensando em projetos para redução desses casos
Lei nº 10.216 - Paulo Delgado
Art. 1º. O artigo 1º diz respeito à garantia de assistência à saúde mental para todos, sem diferenciação
Art. 2º. O artigo 2º diz respeito aos 09 direitos da pessoa portadora de transtorno mental.
・Acesso a tratamento humano e respeitoso suprindo as suas necessidades e recuperação
・Importante lembrar que não exclui a participação familiar, do trabalho e da comunidade - Inserção Social
・Garantia de sigilo e contra formas de abusos e exploração de pessoas portadoras de transtornos
・Garantia a presença médica para esclarecer informações sobre a internação involuntária
・Livre acesso aos meios de comunicação e receber informações sobre o seu tratamento
・Ser tratado por serviços comunitários e em ambiente terapêutico
Art. 3º. O artigo 3º diz respeito a políticas públicas que devem ser garantidas pelo Estado.
Art. 4º. A internação só é indicada quando os recursos extra curriculares não forem suficientes
Recursos extra hospitalares podem ser Serviços Residenciais Terapêuticos, moradias ou casas
inseridas, preferencialmente, na comunidade, destinadas a cuidar dos portadores de transtornos
mentais, egressos de internações psiquiátricas de longa permanência, que não possuam suporte
social e laços familiares e, que viabilizem sua inserção social
・Importante ressaltar que para internação é preciso laudo médico e equipe multiprofissional
・A finalidade do tratamento é a reinserção social
Art. 5º. O artigo 5º diz respeito à política pública de inserção social para aqueles em situação de
vulnerabilidade e que dependem da instituição
Art. 6º. Tipos de Internações
Voluntária: a pedido do próprio paciente, a pedido dele
・Saída: alta médica ou a pedido voluntário do paciente
Involuntária: a pedido de terceiros (não necessariamente um familiar, laço sanguíneo)
・Saída: alta médica ou através de um familiar
・A retirada não pode ser feito por terceiros; porém, caso a pessoa que assine como responsável no
processo de entrada, pode solicitar a saída do paciente por ser considerado “responsável” por ela
↪ Toda internação é comunicada ao Ministério Público para ciência
A comunicação é feita pelo responsável técnico pelo paciente dentro de 72 horas; Caso
ocorra divergências no decorrer da internação, a família deve ser informada em 24 horas
Compulsória: a pedido da justiça
・Para internação compulsória, é preciso garantir segurança a todos os envolvidos no processo
・A internação ocorre em um presídio, em ala específica de tratamento
Art. 7º. Em caso de internação voluntária, o paciente deve assinar documentos na entrada concordando com a
opção de tratamento e no processo de saída, deve solicitar o fim do tratamento através de solicitação escrita.
Art. 8º. A internação voluntária ou involuntária só pode ser admitida através de laudo médico, registrado (CRM)
Art. 9º. A internação compulsória só é autorizada por um juiz, no âmbito judicial.
Art. 10. A família deve ser informada em caso de intercorrências no processo terapêutico dentro de 24 horas.
Art. 11. Pesquisascientíficas podem ser realizadas sem consentimento para fins diagnósticos ou terapêuticos.
Os principais desafios da Reforma Psiquiátrica
・Acessibilidade e equidade
・Formação de Recursos Humanos
・O debate cultural: e stigma, inclusão social, superação do valor atribuído ao modelo hospitalocêntrico, papel dos meios
de comunicação
・ O debate científico: evidência e valor
A REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL: INSERÇÃO DA PSICOLOGIA NO SISTEMA
ÚNICO DE SAÚDE E NA SAÚDE SUPLEMENTAR
・1978 - Surge primeiro CAPS, São Paulo
・1989 - entrada no Congresso do projeto de lei que 12 anos depois será conhecido com o a lei da Reforma Psiquiátrica
Brasileira 10.216/ 2001
・Década de 80, marcada pela reforma do asilo, e pela ambulatorização, mas teve pequena influência na mudança
efetiva do modelo assistencial. A década seguinte é crucial para que o que chamamos de Reforma Brasileira
・1990-2003, concentra a intensidade política e normativa da Reforma Psiquiátrica
・Ambiente favorável aos debates para uma sociedade sem manicômios. Aprovação da lei 10.216/01 provendo a
discussão parlamentar que propunha a extinção progressiva do modelo hospitalocêntrico.
・Papel da militância e do protagonismo s oc ial foram fundamentais no enfrentamento das inúmeras resistências

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