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Apostila História da Educação - facul Única

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FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Margaret Regina de Assis Isaac 
 
Mestre em Educação na área de concentração Formação de Professores, Instituições e 
História da Educação pela Universidade Federal de Ouro Preto (2018). Especialista em 
Gestão Escolar pela Universidade Federal de Ouro Preto (2016). Graduada em Pedagogia 
pela Universidade do Estado de Minas Gerais (2008). Atua como Professora formadora do 
Pacto pela Alfabetização na Idade Certa e na área de pesquisa em Educação, ênfase 
em Formação Docente, Práticas Pedagógicas e Saberes Docentes. 
 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Rubens Henrique L. de Oliveira 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Luiza Filgueiras 
 
 
 
 
 
 
 
© 2021, Faculdade Única. 
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização 
escrita do Editor. 
 
 
 
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
http://www.faculdadeunica.com.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo 
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles 
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abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações 
importantes nas quais você deve ter um maior grau de 
atenção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em 
cada unidade do livro. 
 
São para o esclarecimento do significado de 
determinados termos/palavras mostradas ao longo do 
livro. 
 
Este espaço é destinado para a reflexão sobre 
questões citadas em cada unidade, associando-o a 
suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu 
cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
DOS PRIMÓRDIOS À ANTIGUIDADE OCIDENTAL ..................................... 8 
1.1 A EDUCAÇÃO DIFUSA NAS SOCIEDADES TRIBAIS ................................................ 9 
1.2 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL ....................................................... 10 
1.3 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA OCIDENTAL .................................. 14 
1.4 A EDUCAÇÃO ESPARTANA .................................................................................. 16 
1.5 A EDUCAÇÃO ATENIENSE .................................................................................... 16 
1.6 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA OCIDENTAL: ROMA ..................... 18 
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 26 
A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA ............................................................ 28 
2.1 AS CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO MEDIEVAL ............................................. 28 
2.2 A EDUCAÇÃO FEUDAL ......................................................................................... 31 
2.3 A EDUCAÇÃO URBANA ....................................................................................... 33 
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 42 
A EDUCAÇÃO NA IDADE MODERNA ..................................................... 43 
3.1 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ESCOLA ............................................................... 43 
3.2 O DIÁLOGO ENTRE O ANTIGO E O MODERNO .................................................. 44 
3.3 A INFLUÊNCIA DA IGREJA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO ............................... 45 
3.4 A REVOLUÇÃO PEDAGÓGICA BURGUESA ......................................................... 47 
3.5 O BRASIL: A CATEQUESE À SERVIÇO DA EDUCAÇÃO NA COLÔNIA – SÉCULO 
XVI 49 
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 56 
EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE .............................................. 57 
4.1 O MOVIMENTO NATURALISTA DE ROUSSEAU ..................................................... 59 
4.2 KANT E O IDEALISMO ........................................................................................... 61 
4.3 A EDUCAÇÃO NO BRASIL A PARTIR DA CONTEMPORANEIDADE: UM BREVE 
HISTÓRICO ............................................................................................................ 62 
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 73 
 
A EDUCAÇÃO PÓS-CONTEMPORÂNEA – SÉCULO XX .......................... 74 
5.1 CONCEPÇÕES EDUCACIONAIS NO SÉCULO XX ................................................ 74 
5.2 CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA ............................................................................. 75 
5.3 CONCEPÇÃO PSICOLÓGICA .............................................................................. 77 
5.4 CONCEPÇÃO TECNOLÓGICA ............................................................................. 80 
FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 87 
 
A EDUCAÇÃO NO ANO DE 2020 EM MEIO À CRISE DE UMA PANDEMIA
 ................................................................................................................. 88 
6.1 AS DIFICULDADES DAS ESCOLAS PELA ADOÇÃO EMERGENCIAL DO ENSINO 
REMOTO NO BRASIL ............................................................................................. 89 
6.2 A NOVA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA ................................................................. 91 
6.3 ENSINO HÍBRIDO: UMA NOVA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO? ........................ 92 
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 107 
 
UNIDADE 
02 
UNIDADE 
03 
UNIDADE 
04 
UNIDADE 
05 
UNIDADE 
06 
UNIDADE 
01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 108 
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 109 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
CONFIRA NO LIVRO 
 
Nesta unidade serão abordados os aspectos do período paleolítico 
e neolítico, primórdios da humanidade. As características da 
educação difusa nas sociedades tribais serão apresentadas, bem 
como a educação na antiguidade clássica, mais especificamente 
na Grécia e Roma. 
A abordagem sobre os ideais da educação na Idade Média, 
ressaltará as características da Educação Medieval (influência da 
igreja católica na educação), a Educação Feudal (surgimento da 
classe burguesa) e a Educação Urbana (educação difundida por 
meio da linguagem oral e artística). 
 
 
A Idade Moderna apresenta a institucionalização da escola, o 
diálogo entre o antigo e o moderno para o resgate de uma 
educação humanista
e a influência da revolução francesa na vida 
do cidadão. Fará, também, uma breve abordagem sobre a 
educação no Brasil a partir do século XVI. 
A Unidade 4 aborda o Iluminismo que marca o início do século XVIII 
iniciando a contemporaneidade, marcada por revoluções 
importantes que alteraram significativamente a vida do cidadão do 
mundo. 
 
 
A Unidade 5 faz uma breve abordagem das concepções 
pedagógicas que têm norteado o trabalho educacional em todo o 
mundo. No entanto, o assunto será mais bem detalhado e 
aprofundado na disciplina de Didática. 
A Unidade 6 apresentará o Ensino Remoto, fruto de uma educação 
que se constituiu emergencial devido à pandemia do Coronavírus. 
A nova relação famíia/escola será abordada, apresentando uma 
pequena abordagem acerca do Ensino Híbrido que já vem sendo 
discutido e experimentado há mais de 20 anos e que agora tem a 
oportunidade de se firmar à nova realidade do século XXI. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
DOS PRIMÓRDIOS À ANTIGUIDADE 
OCIDENTAL 
 
 
 
 
Para que se entenda a evolução do homem que o inseriu em sociedade e, 
para tanto, necessitando de uma vida organizada que transfere às próximas 
gerações seu modo de vida para a sobrevivência, faz-se necessária uma abordagem 
que situe o ser humano na pré-história: o período Paleolítico e o Neolítico, conhecidos 
como idade da pedra e que marcam o primeiro período da história da humanidade 
de aproximadamente 5.000.000 a 5.000 a.C. 
O período Paleolítico, também conhecido como idade da pedra lascada, era 
dividido em paleolítico inferior e superior. Tem características que apontam que o 
homem vivia em grupos, era nômade e lutava por sua sobrevivência. Os primeiros 
hominídeos viviam da caça e da coleta. Já possuíam o controle do fogo e 
confeccionavam seus próprios instrumentos de trabalho como a faca e o machado, 
utilizando-se de materiais como a pedra lascada, madeiras e ossos. Posteriormente, 
foram aperfeiçoando as suas ferramentas, a partir de marfim e ossos para a 
confecção de arco e flecha, lançador de dardos, anzol e linha, o que comprova que 
desenvolviam o hábito da caça e da pesca. As pesquisas mostram, a partir dos 
historiadores e antropólogos, que nessa época já desenvolviam a pintura e a 
arquitetura. 
Já o período Neolítico é dividido em dois momentos: idade da pedra polida e 
idade dos metais. Na primeira fase, inicia-se o cultivo dos campos, o que contavam 
com o auxílio de ferramentas como a enxada e passaram a desenvolver o artesanato 
que consistia na confecção da cerâmica e dos tecidos, a partir do tear inventado 
por eles. Surge, agora, os primeiros arquitetos, que utilizavam as pedras para a 
edificação de suas moradias. A segunda fase é marcada por invenções que alteram, 
radicalmente, a vida do ser humano na face da terra: a roda, a escrita, a metalurgia 
e o arado de bois. Surgem as primeiras cidades e a metalurgia. 
 
 
UNIDADE 
01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
1.1 A EDUCAÇÃO DIFUSA NAS SOCIEDADES TRIBAIS 
Falar em educação em uma época quando a escola ainda não se 
institucionalizava em um ambiente fechado e organizado, num tempo em que não 
se imaginava adotar métodos educacionais, a responsabilidade pelo ensino era 
atribuída aos adultos a partir das influências de conduta e comportamento, 
conforme ilustrou tão bem Aranha (1996, p. 56): 
 
O homem não possui aparelhamento instintivo como o dos animais, e 
por isso precisa ser socializado para sobreviver, o que é feito mediante 
a educação recebida das pessoas que o circundam, a partir dos 
modelos sociais do grupo a que pertence. De fato, desde que nasce, 
o homem é submetido a um intenso processo de aprendizagem que 
não termina senão com a morte. 
 
A vida tribal era pautada no sagrado que perpetuava os mitos e ritos por meio 
da oralidade, mantendo-se os costumes e as crenças de uma geração a outra. Não 
há nessa sociedade uma hierarquia, o trabalho é coletivo, existindo a figura do chefe 
guerreiro que transmitia os anseios da comunidade que, embora demonstrassem 
respeito e prestígio não lhe deviam obediência, uma vez que não exercia um papel 
de soberano. A educação visava o desenvolvimento de habilidades, capacitando o 
homem à integração social, onde a criança imitava o adulto em sua conduta a partir 
das atividades cotidianas, aprendendo e acumulando conhecimento de tradições 
como as artes, os ofícios, os ritos, os cultos e outras manifestações culturais: 
 
A formação é integral — abrange todo o saber da tribo — e universal, 
porque todos podem ter acesso ao saber e ao fazer apropriados pela 
comunidade. É bem verdade que alguns se destacam, detendo um 
conhecimento mais amplo ou especial — como no caso do feiticeiro 
https://bit.ly/3gxC0Dl
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
— o que, no entanto, não resulta em privilégio, mas apenas em 
prestígio, como já foi dito. O conhecimento mítico imprime uma 
tonalidade especial à educação, pois os relatos aprendidos não são 
propriamente históricos, no sentido da revelação do passado da tribo. 
Diferentemente, o mito é atemporal e conta o ocorrido no “início dos 
tempos”, nos primórdios. Daí os diversos ritos que marcam as 
passagens, como o nascimento e a morte ou ainda a iniciação à vida 
adulta (ARANHA, 2006, p. 35). 
 
A figura, a seguir, organiza as características do modelo de educação 
praticado nas sociedades primitivas tribais: 
 
Figura 1: Principais característica do modelo de educação na sociedade primitiva 
 
Fonte: Adaptado de Aranha (2006) 
 
Quando a escrita se torna necessária para registro e controle (em decorrência 
das produções e da vida social, alterada pelo surgimento das classes sociais e 
relação de trabalho escravista), o saber que era acessível a todos, fica agora restrito 
às classes dominantes. 
 
1.2 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ORIENTAL 
As civilizações antigas procuravam se instalar em regiões atravessadas por rios, 
o que garantiria condições necessárias à sobrevivência de suas famílias. 
Organizavam-se em castas que não se misturavam, tendo a influência da religião em 
seus costumes e modo de viver. Cambi (1999) faz uma abordagem interessante para 
caracterizar as sociedades da época, o qual intitulou de Sociedades Hidráulicas que 
nascem no Extremo Oriente com a China e a Índia: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
As grandes sociedades hidráulicas nascem no Extremo Oriente com a 
China e a Índia, as quais, sulcadas por grandes rios, acolhem 
populações numerosas e diversas e organizam sua vida de modo 
unitário por meio da religião e do papel do Estado. São sociedades 
ligadas à cultura dos vegetais” (Braudel): o milho, a cevada, a ervilha, 
o sorgo; onde a carne escasseia. São sociedades ligadas ao problema 
da irrigação. Aspectos centrais também nas sociedades hidráulicas 
mais ocidentais: da Mesopotâmia e do Egito, que se modelam 
segundo a mesma estrutura das asiáticas e manifestam as mesmas 
características tanto sociais como técnicas e um forte 
desenvolvimento destes dois aspectos (CAMBI, 1999, p. 60-61). 
 
Origina-se, portanto, o Estado, as classes sociais e a educação informal que, 
de uma geração a outra consistia na transmissão dos valores e do estilo de vida 
praticados por cada casta/comunidade. De acordo com Monroe (1970) a 
educação era teórica e prática, uma vez que a experiência dos adultos se transmitia 
oralmente às crianças para que se ajustassem ao meio natural em que viviam e aos 
costumes de sua comunidade. Bittar (2009) atribui esta prática a um binômio entre 
“falar bem” e “o fazer”. Na educação prática, acontecia o treino para obtenção de 
alimentos, abrigo e vestuário, treinamento este que acontecia através da imitação 
que a criança fazia do adulto: os meninos aprendiam o ofício dos homens e as 
meninas, por sua vez, os trabalhos domésticos realizados pelas mulheres mais velhas. 
A função educativa pela teoria consistia na instrução dos jovens
pelos mais velhos, 
preservando as tradições e a cultura da sociedade. 
Na Índia, a educação era fortemente influenciada pela religião hinduísta e 
posteriormente pelo budismo. Os sacerdotes, mais conhecidos como Brâmanes 
recebiam uma educação privilegiada, estudando, além da religião, disciplinas como 
a filosofia, literatura, gramática, matemática, astronomia, direito e medicina. Os 
demais indivíduos das outras castas recebiam uma educação voltada para a 
prática, ou seja, precisavam ser formados para o trabalho. No entanto, os Sudras e 
os Pários eram excluídos de acesso a qualquer tipo de educação. Com os ideais 
budistas, a educação sofre forte influência pelos ensinamentos espirituais do mestre, 
no sentido de desenvolver a personalidade por meio da autoconscientização e senso 
crítico, a partir de uma postura proativa de seus discípulos. Os alunos aprendiam a ler 
e a escrever, por meio das escrituras sagradas hindus, como os Vedas, focando no 
desenvolvimento espiritual, sem prejuízo da estimulação intelectual que acontecia 
através da instrução da lógica e da poesia. O ideal educativo consistia no 
desenvolvimento do ser humano integral: físico, espiritual e intelectual. No entanto, 
a educação não tinha caráter universal devido ao sistema de castas que 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
diferenciava a educação de acordo com a classe, já que indivíduos de uma casta 
não poderiam migrar para a outra. A imagem aponta o funcionamento da 
sociedade em castas: 
 
Figura 2: Sistema de castas na Índia 
 
Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3vhPF5o. Acesso em: 14 fev. 2021 
 
 
 
A educação na China favorecia mais as classes abastadas como os 
mandarins, conhecidos como “funcionários literatos” que recebiam instrução em 
escolas especializadas e intelectualizadas, influenciadas pelo Confucionismo 
(religião mais sofisticada que o Budismo e que ensinava Filosofia e Ética) e pelo 
Taoísmo que pregava o misticismo e a salvação. O mesmo não acontecia com os 
cidadãos de castas inferiores como os camponeses, mercadores e artesãos que, não 
tendo uma cultura organicamente definida, permaneciam subordinados aos 
governantes e contavam com uma formação elementar que, pela limitação da 
difícil língua chinesa (ARANHA, 2006; CAMBI, 1999), memorizavam conteúdos como o 
cálculo e a alfabetização. Há relatos, na história da antiguidade, de que o 
Confucionismo influenciou, positivamente, a educação formal tendo como método 
a promoção de valores sociais. A cultura chinesa teve suas raízes no Confucionismo 
https://bit.ly/3vhPF5o
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
(entrar no mundo humano), Budismo e Taoísmo (transcender o mundo humano). No 
entanto foi o Confucionismo que impactou a sociedade humana com seus 
ensinamentos. Os textos de Confúcio eram indicados para memorização e os alunos 
se submetiam a exames que avaliavam a Língua escrita (ideográfica), a Literatura e 
a Matemática. 
No JAPÃO a educação segue o modelo da China, tendo características 
dualista e literária, nada pragmática em uma sociedade fortemente dividida por 
classes sociais (CAMBI, 1999). As religiões predominantes eram o Xintoísmo, primeira 
religião do Japão e o Budismo. De acordo com Piletti e Piletti (2012, p. 20) a educação 
formal no Japão começava entre 13 e 16 anos, tendo como base dois livros: o Kotio 
que ensinava os deveres familiares e o Rongo que disseminava a filosofia de 
Confúcio: 
 
[...] À semelhança da China, o sistema de exames era muito 
importante. Os mestres eram escolhidos pela monarquia, mas havia, 
também, mestres particulares. [...] No início do século VII d.C., surgiu a 
Universidade de Tóquio, onde se ensinava Ciência Política, 
Jurisprudência, Matemática, Medicina, Astronomia e os clássicos 
chineses. Mais tarde, a Universidade foi substituída pelo Colégio de 
Confúcio, que chegou a ter até três mil alunos. As mulheres recebiam 
uma educação limitada. 
 
Ainda de acordo com Piletti e Piletti (2012) no ano de 270 d.C., um chinês 
letrado levou a escrita chinesa para o Japão sendo que, na ocasião, muitos 
japoneses desconheciam a arte de escrever. 
 
 
 
https://bit.ly/3dHRtPl
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
1.3 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA OCIDENTAL 
A Grécia Antiga compreende o período clássico dos séculos V a IV a.C, época 
em que não existia monarquia central e sim cidades-estados, surgindo daí o conceito 
de cidadania. 
Como bem explica Cambi (1999), há uma mudança drástica na forma como 
a cultura é difundida, agora com caráter autônomo que abraça todos os saberes de 
forma racional, contemplando mais a teoria do que a prática, o que passa de 
educação à pedagogia, a partir da qual emergem modelos que fogem à tradição. 
O termo que irá expressar a mudança na formação/educação do cidadão grego é 
a paideia, termo cunhado por volta do século V a.C. e que, de acordo com Werner 
Jaeger citado por (ARANHA, 2006) transcende as expressões como civilização, 
cultura, tradição, literatura ou educação: todas fundem-se no conceito global de 
paideia. 
De acordo com vários teóricos a Grécia é o berço da civilização, deixando 
características importantes que se assemelham com a educação dos séculos XIX e 
XX. “Nenhum outro período há, até o século XVIII, tão cheio de sugestões para o 
educador do presente” (MONROE, 1970, p. 27). A educação não está mais a serviço 
da teologia, tampouco é restrita ao sacerdote. Os gregos viam na educação formal, 
o ideal de preparar os indivíduos para a cidadania, por meio do desenvolvimento 
intelectual da personalidade, a partir do estudo do homem, da natureza e do 
sobrenatural. Pensadores importantes como Sócrates deixaram-nos muitos 
ensinamentos acerca da natureza racional do homem que deveria desenvolvê-la, 
para a vida, por meio de disciplinas como a ciência, a arte, a filosofia e a religião. 
A educação na Grécia antiga foi dividida em dois períodos: o período antigo 
e o período novo. O período antigo compreende o homérico e o histórico. O período 
antigo homérico é apresentado a partir de Homero, provável autor das epopeias 
Ilíada e Odisseia, conforme apresenta Aranha (2006) que retratava os 
acontecimentos da época. A figura abaixo nos proporciona uma visão privilegiada 
Mas, seus ensinamentos, que correspondem a uma revolução humanista, influíram e 
continuam influindo na cultura oriental quanto na ocidental” (PILETTI; PILETTI, 2012, p. 22-
23). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
de como ocorria a educação no período mencionado, exatamente porque suas 
obras poéticas (epopeias) eram lidas e estudadas, visando à educação militar do 
nobre grego: 
 
Figura 3: Educação no Período Antigo Homérico 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2021) 
 
Observe que o modelo de educação apresentado na figura acima aborda a 
formação para a guerra/ação (Ájax), a formação para a arte de falar bem/retórica 
(Ulisses) e, por fim, para a formação integral, representada por Aquiles, onde deverá 
acontecer a junção dos dois propósitos de educação. Fica patente, pela 
representação da imagem, a partir da influência de Homero, que a educação 
escolarizada/formal não foi planejada para a alfabetização de crianças, no período 
compreendido entre o ano de 900 a 750 a.C, mas visando o investimento na 
educação dos jovens, tendo característica política que intencionava a formação 
para o exercício do poder. 
Outro período antigo é o histórico que apresenta o tipo de educação 
praticado nas cidades de Esparta e Atenas, visando também a formação dos jovens 
gregos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
Figura 4: Modelos de Educação no Período Antigo Histórico 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2021) 
 
 
 
1.4 A EDUCAÇÃO ESPARTANA 
A educação que se pretendia desenvolver na cidade-estado Esparta 
valorizada as atividades bélicas, ou seja, os jovens eram treinados para as guerras, a 
partir de uma formação militar. A criança, a partir dos
7 anos de idade, recebia 
educação púbica (pelos mais velhos) que era obrigatória e contemplava o ensino 
de música, canto e dança coletiva, sendo que a partir dos 12 anos, as atividades 
voltavam-se para a ginástica que praticava o treino militar. O ideal de vida do 
homem espartano consistia na luta e defesa pelos interesses do Estado. 
 
1.5 A EDUCAÇÃO ATENIENSE 
Em Atenas, além da educação voltada para a força física, formavam-se o 
cidadão para o intelecto, por meio da iniciativa privada. A partir dos 7 anos de idade, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
as meninas permaneciam em companhia das mulheres, dedicando-se ao trabalho 
doméstico, ao passo que os meninos recebiam, fora do ambiente doméstico, ensino 
de alfabetização, educação física (ginástica) e musical. Surge aí a figura do 
Pedagogo, escravo designado a acompanhar a criança do sexo masculino para 
participar das atividades educativas. Importante ressaltar que, de acordo com 
Aranha (2006), o ensino de leitura e escrita merecia, na ocasião, menor importância 
em detrimento das práticas esportivas e musicais, cujos professores tinham maior 
prestígio. Vale destacar ainda que durante o período grego existiam dois tipos de 
ginásios públicos: a Academia (para os filhos de sangue puro) e o Cinosargo (para os 
filhos de sangue misto). 
No período Helenístico, de acordo com Aranha (2006), a Paideia torna-se 
enciclopédia, significando conhecimento geral que toda pessoa culta precisava 
adquirir, a partir do aprofundamento de estudos teóricos, que acabava restringindo 
as práticas da ginástica. As disciplinas ficaram então divididas entre humanísticas 
(gramática, retórica e dialética) e científicas (aritmética, música, geometria e 
astronomia). A filosofia é aperfeiçoada e posteriormente, introduz-se o estudo de 
teologia com o advento do cristianismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
1.6 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA OCIDENTAL: ROMA 
A educação na Roma antiga sofreu forte influência da conquistada Grécia, 
no entanto os romanos eram considerados um povo mais prático, objetivo e prezava 
pela eficácia e utilidade (MONROE, 1970). Os processos educativos começavam no 
lar, onde o caráter moral era formado pelo pai, sendo que a mulher tinha um papel 
muito importante para a vida familiar, diferente das mulheres gregas que não 
delegavam a função de criar os filhos às amas. Outra característica importante da 
educação em Roma diz respeito à paideia dos filósofos gregos Platão, Isócrates e 
Aristóteles que influenciou o que os romanos denominaram de Humanitas, termo que 
abrange a formação integral do homem (ARANHA, 2006). 
A história da educação romana pode ser dividida em três períodos: educação 
primitiva (século V a III a.C.), helênica (século III a I a.C.) e imperial (século I a V d.C.). 
Na fase da Roma arcaica que, conforme Cambi (1999) era o período em que 
governaram sete reis, de Rômulo a Tarquínio, acontecia a educação dita primitiva 
ou como Aranha (2006) denominou de “heroico-patrícia”. As famílias tinham pátrios 
poderes sobre os filhos e os educavam: os meninos aprendiam a ler, escrever, contar, 
conhecimentos de agricultura, guerra e política. Já as meninas aprendiam os 
trabalhos domésticos. Após os 17 anos, os meninos aprendiam tarefas militares e 
questões da vida pública. Desenvolviam, também, habilidades como nadar, equitar 
e manejar armas. Praticavam exercícios físicos visando à preparação para as guerras. 
Importante ressaltar que o modelo de educação adotado nesse período foi o 
das Doze Tábuas, texto-base que foi escrito no bronze, no ano de 451 a.C., que 
discorria sobre a dignidade, a coragem e a firmeza como valores máximos (virtudes) 
a serem desenvolvidos no cidadão, juntamente com a parcimônia e a piedade 
(CAMBI, 1999). A publicação da lei das Doze Tábuas, segundo Aranha (2006) constitui 
o primeiro código escrito romano. O método de aprendizagem prática era de 
imitação do pai e seus antepassados. As escolas elementares, na ocasião, ensinavam 
https://bit.ly/3sLm4zJ. Acesso em: 15 fev. 2021. 
https://bit.ly/3sLm4zJ
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
a ler, escrever e a contar, a partir do lúdico, pela prática dos jogos. 
No período de educação helênica, influenciado pela cultura grega, 
aprendiam o latim, o grego, os clássicos, principalmente a partir de Homero. Os jovens 
de famílias mais ricas aprendiam a retórica para oratória política e jurídica. Esse 
período foi marcado pelas escolas dos letrados que posteriormente passaram a se 
chamar escolas de gramática, época em que a Odisseia foi traduzida para o latim e 
introduzida como conteúdo literário para os jovens estudantes: “com o tempo, a 
humanitas degenerou, restringindo-se ao estudo das letras e descuidando-se das 
ciências...” (ARANHA, 2006, p. 89). 
Enfim, no período imperial a educação já era patrocinada pelo Estado e tinha 
o objetivo de difundir a cultura greco-romana. Quintiliano (40 a 118 d.C.) foi um 
pensador importante dessa época, influenciando a educação com a obra “A 
educação do orador”. A educação precisava seguir quatro etapas: na família – 
primeira infância, elementar: sobre os cuidados de um professor; secundária: música, 
literatura, geometria e oratória; superior: retórica para formação do orador. 
 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/3xcX6Nn
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 Dialética: arte do diálogo; arte de, através do diálogo, fazer a demonstração de um 
tema, argumentando para definir e distinguir com clareza os assuntos e conceitos 
debatidos nessa discussão. 
 Poleis: comunidade cujo governo era desenvolvido pelos próprios cidadãos (homens 
livres, em grego: politikos), separando claramente o espaço público, do privado; 
regida por normas gerais, preceitos e um poder por eles guiado, realizava comércio 
com outras cidades, durante a Antiguidade Grega (século VIII, a.C.): Pólis Grega. 
Fonte: Dicionário Online de Língua Portuguesa. Disponível em: https://bit.ly/3n0A3R8. 
Acesso em: 10 abr. 2021. 
https://bit.ly/3n0A3R8
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
1. (ENADE, 2011) Não brota do individual, mas da ideia. Acima do homem como ser 
gregário ou como suposto eu autônomo, ergue-se o Homem como ideia. A ela 
aspiram os educadores gregos, bem como os poetas, artistas e filósofos. Ora, o 
Homem, considerando na sua ideia, significa a imagem do Homem genérico na 
sua validade universal e normativa. Como vimos, a essência da educação consiste 
na modelagem dos indivíduos pela norma da comunidade. Os gregos foram 
adquirindo gradualmente consciência clara do significado desse processo 
mediante aquela imagem do Homem, e chegaram por fim, através de um esforço 
continuado, a uma fundamentação, mais segura e mais profunda que a de 
nenhum povo da Terra, do problema da educação. 
JAEGER, W. W. Paideia: a formação do homem grego. Tradução: Artur M. Pareira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 10-11. 
 
Considerando o tema abordado no texto, avalie as afirmações seguintes: 
 
I. A educação grega se distinguia da educação da maioria dos povos que a 
antecederam por considerar a razão como instrumento a serviço do próprio 
homem. 
II. A filosofia era ensinada na Grécia e abrangia os mais diversos tipos de 
conhecimento, que se estendiam pela matemática, astronomia, física, biologia, 
ética, entre outros. 
III. A Grécia possuía diferentes cidades-estado com processos de ensino 
semelhantes e caracterizados pela igualdade de oportunidades aos diferentes 
segmentos da população. 
IV. A educação grega foi caracterizada pela presença de diferentes pensamentos 
filosóficos como os de Sócrates, dos Sofistas, Platão e Aristóteles, que 
compartilhavam dos mesmos ideais e processo de ensino. 
 
É correto apenas o que se afirma em: 
 
a) I e II. 
b) II e IV. 
c) III e IV 
d) I, II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
e) I, III e IV. 
 
2. (CONCURSO
PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA - PI) Na Grécia Antiga, várias 
cidades estados se revezaram no poder, mas apenas duas obtiveram grandes 
conquistas e importância política, social e econômica durante muito tempo. Por 
conta disso, a educação em ambas era bastante diferenciada, inclusive a 
maneira pela qual os exercícios físicos eram encarados e desenvolvidos. Uma 
pensava o desenvolvimento holístico do indivíduo, valorizando os exercícios como 
complemento, mas sem muito apelo bélico, a outra percebia os exercícios como 
a única maneira de se conseguir preparar o indivíduo para o conflito e para a vida. 
 
As características referem-se respectivamente, à: 
 
a) Atenas e Esparta. 
b) Esparta e Atenas. 
c) Esparta e Jônios. 
d) Esparta e Minus. 
e) Jônios e Esparta. 
 
3. (CESPE. 2006 - ADAPTADA) A história da Antiguidade Clássica é marcada por 
continuidades e descontinuidades em relação ao mundo diversificado da 
Antiguidade Oriental. Povos da Mesopotâmia e do Nilo demonstraram que o 
processo histórico que unia o Oriente e a África ao Mediterrâneo europeu não era 
estanque, isolado e sem comunicação com o que viria a ser a pujança de Grécia 
e Roma. A propósito da riqueza dos povos da Antiguidade Clássica e de suas 
heranças, assinale a opção correta: 
 
a) Roma e Grécia construíram suas histórias de costas para as heranças das 
sociedades hidráulicas da Mesopotâmia e do Egito. 
b) O escravismo, inexistente em experiências históricas até então, era um sistema 
secundário de utilização da força de trabalho nas duas grandes civilizações da 
Antiguidade Clássica. 
c) As formas mais avançadas de manifestações filosóficas e científicas que 
apareceram na sociedade grega, como também em Roma, eram inéditas, mas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
continham aspectos herdados de tradições que vinham de sociedades do Oriente 
Próximo. 
d) As condições da vida e do trabalho, no mundo clássico antigo, foram marcadas 
por formas assalariadas de remuneração do trabalho muito próximas às do mundo 
contemporâneo. 
e) Todas as respostas estão corretas. 
 
4. Podemos dizer que a Grécia é o berço da Pedagogia por sua trajetória, aparição 
dos filósofos e seus questionamentos relacionados à educação, concebemos três 
principais filósofos, identifique qual dos filósofos tinha como ideal de educação, 
diante da frase que representa o seu pensamento. “A educação não serve 
apenas para alcançarmos o conhecimento de fora para dentro, mas para 
despertar no indivíduo o que ele já sabe”. 
 
a) A citação refere-se ao pensamento de Sócrates. 
b) Alexandre o grande, tinha esse ideal de educação. 
c) A citação refere-se ao pensamento dos sofistas 
d) Platão acreditava nesse ideal como educação. 
e) O pensamento é de Aristóteles. 
 
5. Leia o texto e responda a questão 
 
História da Educação 
Lucila C. Pereira 
Tomando a herança cultural deixada pela antiguidade como a fonte principal sobre a 
qual a civilização ocidental se ergueu, o legado deixado pelas principais cidades estados 
da Grécia Antiga – Esparta e Atenas – constitui-se como princípio de organização social e 
educativa que serviu de modelo para diversas sociedades no decorrer dos séculos. 
Reconhecida por seu poder militar e caráter guerreiro, o modelo de educação espartano 
baseava-se na disciplina rígida, no autoritarismo, no ensino de artes militares e códigos de 
conduta, no estímulo da competitividade entre os alunos e nas exigências extremas de 
desempenho. Por outro lado, Atenas tinha os logos (conhecimento) seu ideal educativo 
mais importante. O exercício da palavra, assim como a retórica e a polêmica, era 
valorizado em função da prática da democracia entre iguais. Como herança da 
educação ateniense surgiram os sofistas, considerados mestres da retórica e da oratória, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
eles ensinavam a arte das palavras para que seus alunos fossem capazes de construir 
argumentos vitoriosos na arena política. Fruto da mesma matriz intelectual, porém em 
oposição ao pensamento sofista, o filósofo Sócrates propunha ensinar a pensar – mais do 
que ensinar a falar - através de perguntas cujas respostas dependiam de uma análise 
lógica e não simplesmente da mera retórica. 
[...] (Adaptado). 
 
Ainda que existam concepções opostas, tanto o pensamento sofista quanto o 
socrático contribuíram para a educação contemporânea por meio da (s)/do(s): 
 
a) experiências do passado e das reflexões retóricas com base em uma disciplina 
rígida, no diálogo e nas exigências de desempenho pelo código de conduta. 
b) valorização da experiência e do conhecimento prévio do estudante enquanto 
estratégias que se tornaram muito importantes para o sucesso na aprendizagem 
desse aluno. 
c) processo de educação do indivíduo no qual é considerado o desenvolvimento 
dos grupos sociais e das sociedades como principal motivo para a efetivação do 
ensino/aprendizagem. 
d) princípios de organização das sociedades visando a prática da democracia, o 
incentivo à capacidade de polemizar e argumentar por meio da palavra. 
e) Todas as alternativas estão corretas. 
 
6. Texto para a questão. 
 
Por que o legado do sábio chinês Confúcio atravessou milênios? 
Pensador desenvolveu uma filosofia política que refletia seu horror ante a guerra constante 
que o rodeava. Ao longo dos séculos, o pensamento chinês tem sido o produto de uma 
variedade de influências, entre elas o budismo, o taoísmo e o marxismo. No entanto, uma 
tradição esteve acima de todas no pensamento chinês por mais de dois milênios: as ideias 
do pensador Confúcio (551 a.C. a 479 a.C.). 
Embora ele tenha chegado a simbolizar a filosofia chinesa, não teve muito sucesso em 
vida. Ele viveu durante uma época em que a China que conhecemos hoje era um mosaico 
de pequenos reinos rivais. Confúcio desenvolveu uma filosofia política que refletia seu 
horror ante a guerra constante que o rodeava. Ele vagou de reino em reino tentando 
persuadir os governantes a seguir seus ensinamentos, mas nunca conseguiu nada além de 
um cargo público de baixo escalão. No entanto, conseguiu um grupo de seguidores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
dedicados, que transmitiu seus ensinamentos às gerações seguintes. 
Apenas centenas de anos depois, durante a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.), o 
confucionismo, um sistema ético de comportamento e governo, tornou-se o norte que 
definiria a cultura chinesa nos dois milênios seguintes. O confucionismo não é uma religião 
como tal. Ainda que Confúcio não negasse a existência de um mundo espiritual, ele 
afirmou que era mais importante se concentrar neste mundo enquanto se estava nele. 
Refletindo seu desgosto pela guerra, ele declarou que a ordem era um requisito 
fundamental na sociedade. Sustentar essa ordem era acreditar na importância das 
relações hierárquicas. Os súditos tinham de obedecer a seus governantes, filhos a seus pais 
e esposas, a seus maridos. No entanto, Confúcio não queria que essa ordem fosse imposta 
pela força. Ele achava que a sociedade deveria ser harmoniosa e as pessoas deveriam ser 
encorajadas em seu "autodesenvolvimento" para que pudessem aproveitar ao máximo 
sua posição. 
Segundo o pensamento de Confúcio, o estado moral de alguém não dependia de sua 
posição social. Era possível, e de fato bastante provável, que houvesse bons camponeses 
ao mesmo tempo que um governante poderia ser perverso ou um aristocrata, cruel. O 
pensamento confucionista também se diferenciava do pensamento moderno, na medida 
em que glorificava o passado e defendia a veneração da velhice. "Eu sigo o Zhou", disse 
Confúcio, referindo-se à antiga dinastia que foi considerada uma "idade de ouro" perdida 
por gerações de governantes chineses. 
No centro do confucionismo há um contrato social: os governados deviam lealdade aos 
governantes, mas os governantes que não se importavam com o bem-estar do povo 
perderiam o "mandato do céu" e poderiam ser justamente
derrubados. Confúcio nunca 
deu aos governantes uma licença para a opressão. 
Ao participar do "li" (que é frequentemente traduzido como "ritual", mas na verdade 
significa algo como "comportamento apropriado"), os humanos provaram ser civilizados, 
independentemente de sua origem, e podiam aspirar a se tornar "junzi" ("pessoas de 
integridade") ou mesmo "sheng" ("sábios"). Para isso, a educação era fundamental. 
O pensamento confucionista mudou imensamente com o tempo. O próprio Confúcio 
provavelmente não teria reconhecido a maneira como suas ideias foram adaptadas por 
governantes posteriores. Apesar da ênfase na ética e na harmonia como a melhor maneira 
de governar um país, os governantes chineses também garantiram o monopólio do uso da 
força. Confúcio desaprovava a busca do lucro como um fim em si, mas da dinastia Song 
(960 d.C. a 1279 d.C.) em diante, a China viveu uma revolução comercial, e no final do 
período imperial (1368 d.C. a 1912 d.C.) até a ideologia oficial rendeu-se à lógica do lucro. 
O confucionismo não foi um conjunto monolítico de ideias por mais de 2.500 anos. No 
entanto, seus princípios básicos sustentaram o que significava ser chinês até meados do 
século 19. A chegada de influências ocidentais, na forma de comerciantes de ópio e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
missionários, deu uma sacudida indesejada ao velho mundo do pensamento 
confucionista. O pensamento moderno deixou sequelas profundas. O impacto do 
nacionalismo e do comunismo, e seu amor inerente pela novidade e pelo progresso, em 
vez da reverência por uma era de ouro do passado, destruíram muitas das certezas do 
antigo mundo confucionista. 
No entanto, essas ideias não desapareceram completamente. Na China contemporânea, 
o governo, que não está mais tão ligado à ideologia de Mao Tse-tung, está buscando a 
tradição chinesa para encontrar um núcleo moral para o século 21. O "professor número 
um", Confúcio, está novamente nos programas escolares. Os valores de ordem, hierarquia 
e obrigação mútua permanecem tão atraentes no século 21 quanto no século 5 a.C. 
(Rana Mitter. Revista BBC History. 31/12/2018, com adaptações) 
 
A respeito das ideias do texto, analise as afirmativas a seguir: 
 
I. O confucionismo, em sua forma original, perdurou até o século XIX, quando se 
mesclou ao budismo, ao taoísmo e ao marxismo. 
II. A noção de identidade chinesa se modificou no século XX, em função do 
impacto do nacionalismo e do comunismo. Entretanto, há uma retomada dos 
princípios de Confúcio no século XXI. 
III. Segundo Confúcio, estado moral e posição social não se interdependiam, 
diferentemente da obrigatoriedade de cooperação mútua entre governantes 
e governados. 
 
Assinale: 
 
a) Se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. 
b) Se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. 
c) Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. 
d) Se todas as afirmativas estiverem corretas. 
e) Se nenhuma afirmativa estiver correta. 
 
7. Na civilização indiana, a estrutura social passou a ser organizada por meio do 
sistema de castas. Sobre esse sistema, é correto dizer que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
a) Os indivíduos passavam a pertencer a determinada casta a partir do momento 
em que era iniciado em rituais de purificação religiosa. 
b) Os indivíduos estavam associados a castas de acordo com o seu nascimento. 
c) As castas eram definidas de acordo com o desempenho militar. 
d) As castas não tinham nenhuma relação com o sistema religioso hindu. 
e) Nenhuma casta se considerava superior à outra. 
 
8. O budismo não é só uma religião, mas também um sistema ético e filosófico, 
originário da região da Índia, que foi criado por: 
 
a) Mahatma Gandhi; 
b) Bhagavad-Gita; 
c) Mao Tse-Tung; 
d) Siddhartha Gautama; 
e) Confúcio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA 
 
 
 
2.1 AS CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO MEDIEVAL 
O período denominado Idade Média compreende a Alta Idade Média que 
começou com a queda do Império Romano no período dos séculos V até meados 
do século IX e a Baixa Idade Média que vai do final do século IX até o século XV, 
quando os turcos tomam Constantinopla (1453). 
De acordo com Monroe (1970) a educação, sob o domínio do cristianismo, 
recebe um caráter totalmente novo: a instrução da Igreja, pela doutrina, e a prática 
do culto, substituem uma educação intelectual praticada por meio de treino físico e 
retórico. Para que se entenda melhor a educação na idade média será dividida em 
dois momentos como alguns teóricos denominam: a educação cristã e a educação 
medieval. 
Segundo Cambi (1999) na Alta Idade Média a vida era organizada pelas 
relações de vassalagem e dos princípios do feudo. Uma época em que foi marcada 
pelas invasões bárbaras, pelo fortalecimento da igreja católica e a formação do 
império carolíngio. Na Baixa Idade Média a burguesia, nova classe social, surge 
revolucionando a cultura. A educação passa por transformação como discorre 
Cambi: 
 
Nessa época tão complexa e dinâmica, tão inquieta e dramática, a 
educação/instrução também sofre uma profunda transformação: 
institucionaliza-se no nível superior numa organização totalmente 
nova como a universitas studiorum, livre agregação de docentes e 
estudantes que acolhe as diversas especializações do saber e forma 
os profissionais necessários para uma sociedade em transformação. 
[...] Todo o universo da educação sofre uma transformação no sentido 
burguês: especializa-se, articula-se, socializa-se e, gradativamente, 
também se laiciza, se separa do predomínio eclesiástico, pondo em 
ação os primeiros germes da Idade Média (CAMBI, 1999, p. 15). 
 
 
Aranha (2006) cita a educação, na idade Média, em três abordagens: a 
educação bizantina, a educação islâmica e a Paideia cristianizada: 
 
1. A educação bizantina (Império Romano do Oriente ou Império Bizantino – de 
UNIDADE 
02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
395 a 1453): Tem ênfase na vida cristã, no entanto, embora zelosos pela 
religiosidade, ainda se sentiam fortemente ligados ao humanismo. O ensino 
religioso não predominava nos níveis primário e secundário, no entanto, os 
clássicos pagãos eram bastante estudados, visando à formação humana e a 
preparação para o ofício da Administração do Estado. Destaca-se a 
Universidade de Constantinopla no período de 425 a 1453 que acolheu as 
obras antigas e orientou os estudos de filosofia e ciências, preservando o direito 
romano. 
2. A educação Islâmica – No século VIII há um renascer cultural pelos árabes que 
se estende até o século IX com a criação da “Casa de Sabedoria”. Os árabes 
se interessavam por pesquisa e experimentação, os quais se destacavam nas 
áreas de matemática (algarismos, álgebra, logaritmos), medicina, geografia, 
astronomia e cartografia. Várias escolas primárias são criadas com o intuito do 
ensino de leitura e escrita. O Alcorão era ensinado para que os ensinamentos 
de Alá influenciassem a vida moral. Nessa época existiam preceptores 
particulares. 
3. A Paideia cristianizada - Com as reformas de Alcuíno no século IX, o conteúdo 
do ensino se constituiu em trivium (gramática, retórica e dialética) para o 
ensino médio e quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música) para 
o ensino superior. Com a liberação do Mediterrâneo, desenvolve-se o 
comércio e renascem as cidades, surgindo a classe burguesa. A partir daí 
modifica-se o sistema educacional e como consequência, o surgimento das 
escolas seculares que objetivavam uma educação para a vida prática. 
Disciplinas como a história, geografia e ciências naturais substituíram os 
tradicionais trivium e quadrivium 
 
A Pedagogia na Idade Média - Embora os monges temessem a influência da 
produção intelectual sobre os fiéis, não poderiam abrir mão da herança cultural, o 
que passaram a contar com os monges copistas, a fim de traduzir os textos, 
selecionados
da literatura e filosofia gregas, para o latim. Os bibliotecários eram 
instruídos a controlar o acesso a leituras permitidas ou proibidas, preservando a fé a 
todo custo. Outra medida para combater as ideias pagãs foi a criação da filosofia 
cristã que não ignorava a razão, mas fazia dela um instrumento para a fé, em dois 
períodos denominados de Patrística (filosofia dos padres da igreja do século II ao V – 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
ainda na Antiguidade) e Escolástica (filosofia das escolas cristãs ou dos doutores da 
igreja, do século IX ao XIV). 
As teorias cristãs, no ocidente, influenciaram a pedagogia na idade média, 
conforme podemos verificar no quadro a seguir: 
 
Figura 5: Características da Pedagogia na Idade Média 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2021) 
 
A análise do quadro acima, que aborda influências na educação da Idade 
Média, aponta dois grandes filósofos: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. 
A educação cristã – De acordo com Cambi (1999) o cristianismo provocou 
uma revolução educativa/cultural no mundo antigo: 
 
Trata-se da afirmação de um novo “tipo” de homem (igualitário, 
solidário, caracterizado pela virtude da humanidade, do amor 
universal, da dedicação pessoal, como ainda pela castidade e pela 
pobreza), que do âmbito religioso vem modelar toda a visão da 
sociedade e também os comportamentos coletivos, reinventando a 
família (baseada no amor e não apenas e sobretudo na autoridade e 
no domínio), o mundo do trabalho (abolindo qualquer desprezo pelos 
trabalhos “baixos”, manuais, e colocando num plano de colaboração 
recíproca os patrões e escravos, os serviçais, os empregadores e os 
dependentes) e o da política (que deve inspirar-se nos valores ético-
sociais de igualdade e solidariedade, devendo ver o soberano agir 
como um pai e um guia do povo, para dar vida a uma res publica 
christiana) (CAMBI, 1999, p. 121). 
 
O autor acrescenta que o cristianismo provoca uma revolução pedagógica e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
educativa, marcando por muito tempo a vida no Ocidente. Aranha (2006) faz uma 
abordagem interessante a partir da Paideia que intitula de “Paideia cristianizada”. 
Foram mil anos, marcados pela influência da igreja católica na vida de toda a 
sociedade. 
Por volta do século VI, há uma necessidade de transmissão dos ensinamentos 
morais aos novos irmãos monges, o que faz surgir as escolas monacais, a partir das 
quais ensinavam o latim e as humanidades, sendo os melhores alunos premiados com 
o estudo da filosofia e teologia. Com a queda do império, as escolas continuaram a 
existir de forma muito precária, onde lutavam pela manutenção das sete artes liberais 
(lógica, gramática, retórica, aritmética, música, geometria e astronomia). 
A partir do século VIII com mudanças bruscas no comércio pela invasão do 
Islã, o povo perde o interesse pela escola, no entanto o Estado buscava pessoas 
religiosas e cultas para as tarefas administrativas. Entre o século VIII e IX, o imperador 
Carlos Magno influencia a educação quando reúne em sua corte, na Alemanha, 
grandes intelectuais com o intuito de reformar a vida eclesiástica e o sistema de 
ensino, o que dá origem às escolas palatina (ao lado do palácio) responsável por 
difundir estudos para restruturação e fundação de escolas monacais e catedrais, 
bem como das escolas paroquias, responsável pelo nível de ensino elementar. 
 
2.2 A EDUCAÇÃO FEUDAL 
Para que se entenda como ocorreu a educação na sociedade feudal, no 
período compreendido entre 476 e 1492 (aproximadamente), importante é perceber 
como se comportava a sociedade na época. A figura, a seguir, apresenta as classes, 
bem como o papel desempenhado por elas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
Figura 6: A sociedade Feudal 
 
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3ulVGND. Acesso em: 04 fev. 2021. 
 
A sociedade estava organizada em torno do feudo. Cambi (1999, p. 155) 
descreve o feudo de forma que consigamos entender o que a pirâmide representa: 
 
O feudo é uma unidade territorial, governada por um senhor que age 
dentro dele como fonte de direito, que se empenha na sua defesa 
militar, que impõe aos habitantes do feudo a obrigação à fidelidade 
e à submissão, em troca de proteção. A economia do feudo é, em 
geral, de subsistência, produzindo e consumindo in loco as 
mercadorias de que tem necessidade, reduzindo ao mínimo o 
intercâmbio e apresentando-se predominantemente agrícola. A 
cultura, no feudo, desenvolve-se somente no castelo do feudatário ou 
nas igrejas e, sobretudo, nos mosteiros: ela também se caracteriza por 
poucos intercâmbios e é toda devotada à fé cristã, aos seus dogmas, 
aos seus mitos. 
 
Na sociedade feudal a estrutura era estática, não havia possibilidade de 
migração de um nível para o outro. Quem nascia nobre gozava de seus privilégios 
até à morte, ao passo que aqueles que nasciam servos ou à margem da sociedade, 
não encontravam meios de ter sua sorte alterada. 
A economia feudal nasce com a invasão, no mar mediterrâneo, dos 
mulçumanos (Islã), dos húngaros e escandinavos. A religião, também, influenciava a 
sociedade que procurava se distanciar dos prazeres da carne, amedrontada, pelo 
juízo final (Apocalipse), voltando a atenção, sobretudo para o trabalho. 
https://bit.ly/3ulVGND
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
A igreja monopolizava o ensino formal, difundindo o modelo cristão de 
educação. As escolas abaciais e catedrais foram organizadas pela igreja e 
transmitiam o saber às elites. O ensino agora volta-se para os valores cristãos, o que 
diferencia, consideravelmente, do ensino de Grécia e Roma que intencionavam a 
formação do cidadão para a vida política. Nas escolas catedrais ensinavam-se a 
leitura e a memorização, o cálculo e o canto, sendo o público alvo os noviços, ou 
seja, os meninos-monge (CAMBI, 1999). As escolas catedrais cultivavam o ensino do 
trívio (gramática, retórica e dialética) e sobretudo de quadrívio (aritmética, retórica 
e dialética). Tanto as escolas abaciais quanto as catedrais eram ligadas ao estudo 
dos textos canônicos, dedicadas à formação espiritual. Por outro lado, as escolas 
palacianas, que ensinavam a gramática e a retórica, tinham um ideal laico que 
objetivava formar a nobreza e os administradores do império. Carlos Magno (742-814) 
tinha um ideal pela fusão de igreja e estado, formando uma sociedade cristã, cuja 
bíblia seria a norteadora da formação cultural e espiritual dos indivíduos. 
 
2.3 A EDUCAÇÃO URBANA 
Por volta do ano 1000, com o surgimento das cidades, uma nova classe social 
se forma: a burguesia, totalmente urbana com ideais de empreendedorismo, 
individualidade, liberdade, laicidade e produtividade. Há a partir de agora um 
distanciamento do Feudalismo e o mundo é renovado pelas novas formas de 
produção que exigem saberes especializados. Surgem movimentos de lutas sociais 
que se expressam através das produções artísticas e literárias. 
As famílias encaravam as crianças como adultos em miniatura, não 
dispensando aos pequenos os devidos cuidados com a saúde física e psicológica, 
permitindo, inclusive, a sua participação, sem censuras, em festas religiosas e outros 
eventos da vida adulta. A educação voltava-se para a formação moral (igreja) e 
técnicas (oficinas) para o trabalho. 
O povo era analfabeto e aprendia a partir da linguagem oral e imagens, por 
meio da cultura que era propagada, também, pelo teatro: 
 
Mas a palavra age também através do teatro, que potencializa ainda 
mais as palavras com a imagem. Já o teatro que nasce nos adros das 
igrejas com representações sacras é um teatro explicitamente 
educativo: confirma a fé, que ele dramatiza, elementariza e reduz aos 
princípios essenciais, tornando-os facilmente perceptíveis e 
comunicativos. O combate entre a alma e o corpo, uma das peças 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
mais difundidas na Idade Média, exacerba e confirma o dualismo
dramático da antropologia cristã e a sua visão da vida como 
sublimação heroica. Ao lado do teatro sacro, existe também o teatro 
popular: a comédia, a farsa, a sotie (ou farsa dos loucos), que 
encontram espaço sobretudo no Carnaval, que exaltam os temas 
censurados pela cultura oficial (o ventre, o sexo, a fome, o engano, 
etc) e os potencializam de forma paródica (CAMBI, 1999, p. 179). 
 
Percebe-se pela citação de Cambi que a sociedade e a igreja utilizavam-se 
do teatro para transmitir os seus ensinamentos ao povo, mas também através das 
imagens de obras artísticas, como representaram bem os artistas Giotto, Gaddi, 
Ambrogio Lorenzetti, dentre outros: 
 
Figura 7: Quadro da morte de São Francisco de Giotto de Bandone 
 
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3oVEUnA. Acesso em: 04 fev. 2021. 
 
Cita-se o teatro, as imagens pela arte, no entanto, as festas também tinham o 
poder de alimentar o imaginário do povo pelo povo, configurando-se em uma 
espécie de educação informal, que conforme Cambi (1999), exerce um papel 
fundamental para uma sociedade analfabeta. 
Por outro lado, a alfabetização (ensino formal) ocorria para as classes altas, a 
partir da igreja (religiosa) ou da cavalheiresca (laica). A igreja, por meio de seus 
representantes ensinavam a interpretar os valores cristãos através de textos e obras 
que contribuíam com a formação espiritual, como aconteceu por meio da 
Escolástica e Teologia ensinadas nas universidades. Por outro lado, a educação para 
https://bit.ly/3oVEUnA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
uma sociedade laica ocorria por meio da epopeia cavalheiresca, mitos, poesias 
trovadorescas que promoviam visões simbólicas e alegóricas de amor e 
espiritualidade pelas virtudes cristãs. 
 
 
 
 
 
 https://bit.ly/3dKCq7z.
https://ytube.io/3H5K.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
1. (UFU,2010) A filosofia de Agostinho (354 – 430) é estreitamente devedora do 
platonismo cristão milanês: foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de 
Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo 
sermões de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho venceu suas últimas 
resistências (de tornar-se cristão). (PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística 
ocidental. In: CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval. Rio de Janeiro Zahar 
Editores: 1983, p.77.) 
 
Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, por meio dos escritos de 
Plotino, o pensamento de Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado 
ao pensamento de Platão. 
 
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma dessas diferenças: 
 
a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o conhecimento verdadeiro, 
enquanto, para Platão, a verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser 
humano. 
b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no mundo das Ideias, enquanto 
para Agostinho não existe nenhuma realidade além do mundo natural em que 
vivemos. 
c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para Platão a alma não é imortal, já 
que é apenas a forma do corpo. 
d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade, reminiscência, a alma reconhece 
as Ideias que ela contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o 
conhecimento é resultado da Iluminação divina, a centelha de Deus que existe 
em cada um. 
e) Todas as alternativas estão corretas. 
 
2. (CESPE, 2006 - Adaptada) O feudalismo era, na Idade Média, um sistema não 
apenas econômico, mas também social, marcado por forte ressonância na 
formulação do poder político de quase toda a Europa Ocidental. Com relação 
a esse sistema, assinale a opção correta. 
http://www.ufu.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
a) O feudalismo, sustentado na escravidão, dominou a Europa Ocidental desde a 
crise do Império Romano até praticamente à Revolução Francesa. 
b) Sustentada pela noção de estamento, a sociedade feudal apresentava taxas 
baixíssimas, ou quase inexpressivas, de mobilidade interna. 
c) Na Idade Média, as mulheres detinham poderes adicionais associados ao sistema 
de reprodução da cultura religiosa. 
d) A força da religião, embora fundamental na construção das instituições feudais, 
não influenciava o poder político. 
e) Todas as afirmativas estão corretas. 
 
3. Temos um olhar marcado para o período da Idade Média, já que foi um longo 
tempo cerca de mil anos de predominância da religião, principalmente do 
aspecto referente à educação. 
 
De acordo com o trecho a seguir, identifique qual era a posição da Companhia 
de Jesus diante da educação burguesa. 
 
“Repetições em casa. Todos os dias, exceto os sábados, os dias feriados e os 
festivos, designe uma hora de repetição aos nossos escolásticos para que assim se 
exercitem as inteligências e melhor se esclareçam as dificuldades ocorrentes". 
 
a) A educação burguesa não era prioridade na Idade Média. 
b) A educação estava centrada em formar cidadãos. 
c) O ensino era voltado para formação de monges. 
d) A educação priorizava a formação dos padres. 
e) A educação era pensava somente nos plebeus. 
 
4. Para São Tomás de Aquino a educação é: 
 
a) Uma atividade que jamais se revelará como potência. 
b) Uma potencialidade que torna irreal o ato potencial. 
c) Uma atividade que torna realidade o embrutecimento potencial. 
d) Uma atividade que evita a realidade no que é potencial. 
e) Uma atividade que torna realidade aquilo que é potencial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
5. (UFU, 2003) A teoria da iluminação divina, contribuição original de Agostinho à 
filosofia da cristandade, foi influenciada pela filosofia de Platão, porém, 
diferencia-se dela em seu aspecto central. 
 
Assinale a alternativa abaixo que explicita esta diferença. 
 
a) A filosofia agostiniana compartilha com a filosofia platônica do dualismo, tal cmo 
este foi definido por Agostinho na Cidade de Deus. Assim, a luz da teoria da 
iluminação está situada no plano suprassensível e só é alcançada na 
transcendência da existência terrena para a vida eterna. 
b) A teoria da Iluminação, tal como sugere o nome, está fundamentada na luz de 
Deus, luz interior dada ao homem interior na busca da verdade das coisas que 
não são conhecidas pelos sentidos; esta luz é Cristo, que ensina e habita no 
homem interior. 
c) Agostinho foi contemporâneo da Terceira Academia, recebendo os 
ensinamentos de Arcesilau e Carnéades, o que resultou na posição dogmática 
do filósofo cristão quanto à impossibilidade do conhecimento da verdade, sendo 
o conhecimento humano apenas verossímil. 
d) A alma é a morada da verdade, todo conhecimento nela repousa. Assim, a 
posição de Agostinho afasta-se da filosofia platônica, ao admitir que a alma 
possui uma existência anterior, na qual ela contemplou as ideias, de modo que o 
conhecimento de Deus é anterior à existência. 
e) Todas as alternativas estão corretas. 
 
6. Leia os textos e responda a seguir: 
 
TEXTO I 
Não é possível passar das trevas da ignorância para a luz da ciência a não ser 
lendo, com um amor sempre mais vivo, as obras dos Antigos. Ladrem os cães, 
grunhem os porcos! Nem por isso deixarei de ser um seguidor dos Antigos. Para eles 
irão todos os meus cuidados e, todos os dias, a aurora me encontrará entregue ao 
seu estudo. 
BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000. 
http://www.ufu.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
TEXTO II 
A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar admitir tudo o que parece vir 
dos modernos. Por isso, quando descubro uma ideia pessoal e quero torná-la 
pública, atribuo-a a outrem e declaro: — Foi fulano de tal que o disse, não sou eu. 
E para que acreditem totalmente nas minhas opiniões, digo: — O inventor foi 
fulano de tal, não sou eu. 
BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo:
Unesp, 2000. 
 
Nos textos são apresentados pontos de vista distintos sobre as mudanças culturais 
ocorridas no século XII no Ocidente. Comparando os textos, os autores discutem 
o(a): 
 
a) Produção do conhecimento face à manutenção dos argumentos de autoridade 
da Igreja. 
b) Caráter dinâmico do pensamento laico frente à estagnação dos estudos 
religiosos. 
c) Surgimento do pensamento científico em oposição à tradição teológica cristã. 
d) Desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor fé e razão. 
e) Construção de um saber teológico científico. 
 
7. (ENEM 2015) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no 
Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções 
comercial e industrial – digamos modestamente artesanal – que ele apareceu, 
como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se 
impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de 
preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem 
uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só 
aparecerá com as cidades. 
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010 
 
O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto 
evidencia o(a): 
 
a) Apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
b) Relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho. 
c) Importância organizacional das corporações de ofício. 
d) Progressiva expansão da educação escolar. 
e) Acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. 
 
8. Se numa conversa com homens medievais utilizássemos a expressão “Idade 
Média”, eles não teriam ideia do que estaríamos falando. Como todos os homens 
de todos os períodos históricos, eles viam-se na época contemporânea. De fato, 
falarmos em Idade Antiga ou Média representa uma rotulação a posteriori, uma 
satisfação da necessidade de se dar nome aos momentos passados. No caso do 
que chamamos de Idade Média, foi o século XVI que elaborou tal conceito. Ou 
melhor, tal preconceito, pois o termo expressava um desprezo indisfarçado em 
relação aos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século 
XVI. Este se via como o renascimento da civilização greco-latina, e portanto, tudo 
que estivera entre aqueles picos de criatividade artístico-literária (de seu próprio 
ponto de vista, é claro) não passara de um hiato, de um intervalo. Logo, de um 
tempo intermediário, de uma idade média. 
(Hilário Franco Junior. A Idade Média: Nascimento do Ocidente, p.9) 
O “desprezo indisfarçado” de que fala o texto acabou dando origem a uma visão 
retrospectiva da Europa medieval como a “idade das trevas”. Essa visão, originada 
no mundo moderno: 
 
a) Estava baseada nas práticas bastante disseminadas à época de feitiçaria e 
bruxaria, marcas da sociedade medieval, enquanto entre as autoridades da Igreja 
predominava o analfabetismo. 
b) Contraria a ideia de que o conceito de “feudalismo” confere uma lógica ao 
desenvolvimento histórico da Europa, fazendo-se necessária a superação do 
atraso feudal para o desenvolvimento europeu. 
c) Teve pouca repercussão, e o olhar que predomina hoje no senso comum ressalta 
a Idade Média como o período em que se formaram os contornos políticos e 
culturais do continente europeu. 
d) Tem como referência o obscurantismo religioso, a ausência de universidades e a 
falta de leituras até mesmo no interior da Igreja Católica, características marcantes 
do período medieval. 
e) Esteve condicionada por uma perspectiva racionalista, num momento em que ser 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
humanista significava colocar em questão os pressupostos teocêntricos 
defendidos pela Igreja. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
A EDUCAÇÃO NA IDADE 
MODERNA 
 
 
 
 
Nesta unidade será abordado o Renascimento ou a Renascença: período 
compreendido entre os séculos XV e XVI que marcará o retorno aos valores greco-
romanos e a busca pelos valores antropocêntricos em oposição ao teocentrismo que 
marcou a Idade Média. A influência dos aspectos religiosos para a educação será 
discorrida a partir da Reforma e Contrarreforma. Por fim, uma pequena abordagem 
acerca da Revolução Burguesa, iniciando o século XVII/XVIII. 
 
3.1 A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ESCOLA 
 A modernidade altera a vida familiar que passa a ser nuclear e adquire 
uma característica mais afetiva, empenhada pelos cuidados com as peculiaridades 
da infância e de suas necessidades. As crianças que antes eram envolvidas na vida 
dos adultos, têm agora o seu próprio lugar de proteção no seio familiar que, por sua 
vez, emana esforços de cuidados e planejamento no sentido de prepará-las para a 
vida adulta. Da mesma forma a escola se altera, caminhando junto à família, 
buscando formas de munir os alunos de conhecimentos científicos, mas também de 
valores essenciais à formação humana. Há agora a preocupação em separar as 
crianças por faixas etárias – “classes de idade” segundo Cambi (1999), bem como a 
organização dos níveis de ensino que atendam a públicos específicos (século XVI): 
 
Duas Instituições educativas, em particular, sofrem uma profunda 
redefinição e reorganização na Modernidade: a família e a escola, 
que se tornam cada vez mais centrais na experiência formativa dos 
indivíduos e na própria reprodução (cultural, ideológica e profissional) 
da sociedade. A ambas é delegado um papel cada vez mais definido 
e mais incisivo, de tal modo que elas se carregam cada vez mais de 
uma identidade educativa, de uma função não só ligada ao cuidado 
e ao crescimento do sujeito em idade evolutiva ou à instrução formal, 
mas também à formação pessoal e social ao mesmo tempo (CAMBI, 
1999, p. 203). 
 
A Burguesia, classe emergente da sociedade medieval, percebia a 
necessidade da formação de seus herdeiros para a administração de seus negócios, 
UNIDADE 
03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
bem como para a vida política. Surge, a partir do século XVI os colégios que tinham 
como meta a formação moral, no entanto, ainda muito ligados à igreja, o que 
frustrava os ideais humanistas renascentistas. 
Assim, por iniciativa de particulares, criam-se as primeiras escolas na Europa 
que passam a ver a criança como um ser com características diferentes dos adultos, 
as quais necessitavam receber uma educação voltada para suas peculiaridades 
físicas, emocionais e psicológicas. Personalidades como Martinho Lutero (1483-1546) 
e Melanchthon (1497-1560) batalhavam pela fundação de escolas primárias para 
todas as crianças (Aranha, 2006). Lutero defendia a escola pública, atribuindo ao 
Estado a competência de promover o ensino universal gratuito a todos. A proposta 
luterana se contrapunha ao rigor de castigos, bem como do verbalismo proposto 
pela Escolástica, defendendo a introdução de jogos, exercícios físicos e música no 
currículo escolar. 
 
3.2 O DIÁLOGO ENTRE O ANTIGO E O MODERNO 
Aranha (2006) aponta um possível resgate de uma cultura que desperta o ser 
humano para a sua essência, desvinculada da imposição de influências religiosas: 
 
O retorno às fontes da cultura greco-latina, sem a intermediação dos 
comentadores medievais, foi um procedimento que visava também à 
secularização do saber, isto é, a desvesti-lo da parcialidade religiosa, 
para torná-lo mais humano. Procurava-se com isso formar o espírito do 
indivíduo culto mundano, “cortês” [...]. (ARANHA, 2006, p. 124). 
 
Assim como Aranha, Cambi (1999) fala sobre os novos elementos da 
educação do Renascimento que dialogam com o período clássico: o físico para a 
formação do caráter a partir da cavalaria e literatura, sendo conteúdo cívico para 
a prática cotidiana dessa nova era antes reservada à formulação religiosa e 
teológica. Outro elemento, ainda, é o estético, o qual inspirou
a nova educação no 
estudo da literatura, trabalhada no cotidiano escolar através da gramática e da 
retórica, expressado na perfeição da língua ensinada, bem como no caráter e 
conduta formados a partir da educação por ela intencionada. O historiador 
acrescenta, ainda, que o conteúdo da nova educação, expresso pelas línguas e 
literaturas clássicas dos gregos e romanos designa-se humanidades, ressaltando que 
a finalidade da educação passa para o domínio da literatura, abordando a partir de 
então as questões antropocêntricas, o que diverge da ênfase que era dada aos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
aspectos da espiritualidade na vida cotidiana que separava o santo do profano. O 
humanismo busca, então, a individualidade desvinculada da teologia autoritária 
própria da Idade Média. A ênfase do saber volta-se para a racionalidade. 
 
3.3 A INFLUÊNCIA DA IGREJA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO 
A Reforma protestante foi um movimento originado por reação contra abusos 
da igreja católica, sendo a venda de indulgências um episódio importante 
promovido pelo papa Leão X que perdoava os pecados a partir da contribuição 
financeira para a igreja católica. Martinho Lutero foi um dos reformadores que mais 
influenciou o movimento – nascido na Alemanha (1483-1546) – membro da ordem 
dos agostinianos e, mais tarde, professor da universidade de Wittenberg. Lutero foi o 
autor das 95 teses, manifesto elaborado e redigido por ele e afixado na porta da 
igreja de Wittenberg que culminou em sua excomunhão da igreja católica em 1520. 
Ele defendia que o relacionamento do ser humano com Deus não necessitava da 
mediação da igreja com exigências de sacrifício e contribuição financeira, mas pela 
fé. Defendia que a Bíblia deveria ser traduzida em todas as línguas e fosse acessível 
a todos os interessados. 
A doutrina luterana influenciou a educação em sua época, a qual defendia a 
educação pública mantida pelo Estado e que foi se institucionalizando ao longo do 
tempo: 
 Escola primária: alfabetização (textos bíblicos), matemática, atividades 
musicais (cantos e hinos cristãos); 
 Educação secundária: reservada aos filhos da alta burguesia: caráter religioso, 
ensino do latim, obras clássicas greco-romanas, preparação para as profissões 
liberais; 
 Escolas superiores e universidades – despreza a Escolástica medieval e valoriza 
a interpretação da bíblia. 
 
Vale ressaltar aqui que Lutero, Calvino e posteriormente Comenius buscavam 
uma escola que atendesse a todas as crianças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
Figura 8: Lutero e as 95 teses 
 
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3oTXFrv. Acesso em: 04 fev. 2021. 
 
Por outro lado, a Contrarreforma foi uma reação da igreja católica para 
reverter os efeitos da reforma que desmoralizava o clero. Através do Concílio de 
Trento, a igreja reafirma os seus dogmas e estabelece os tribunais da Inquisição. A 
Companhia de Jesus, ordem dos Jesuítas, tendo como fundador Inácio de Loyola, 
criou escolas religiosas e a partir delas, catequizou povos de continentes recém 
descobertos, sobretudo no Brasil. O método aplicado por eles era o Ratio Studiorum 
que funcionava da seguinte forma: 
 
Figura 9: Funcionamento do método Ratio Studiorum 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2021) 
 
https://bit.ly/3oTXFrv
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 
 
3.4 A REVOLUÇÃO PEDAGÓGICA BURGUESA 
A partir do século XVII a classe burguesa (França) torna-se dominante e o 
capitalismo se consolida. Os ideais educacionais, a partir da revolução da burguesia, 
pregavam a universalidade, a gratuidade, a laicidade e a estatalidade. Nasce, 
então, o sistema nacional de educação subordinado ao Estado em um ambiente de 
muitas contradições pelos movimentos do proletariado, classe menos favorecida que 
necessitava do trabalho fabril e que, muitas vezes, deixava de enviar a criança para 
a escola a fim que ela trabalhasse e contribuísse com o sustento da família. A 
educação agora vai se desvinculando dos ideais da igreja católica que perde o seu 
poder para o Estado. 
Destaca-se aqui uma grande personalidade que ficou conhecida como o pai 
da Didática Moderna: John Amos Comenius (1592-1670), autor da obra “Didática 
Magna” escrita em 1632. A máxima de Comênio, nome conhecido no Brasil era: 
“Ensinar tudo a todos”. O método proposto por esse grande pensador educacional 
consistia na transmissão do conhecimento pelo professor, cujos alunos 
permaneceriam obedientes e receptivos aos ensinamentos do mestre. Comênio 
comparava a educação a uma máquina, o que remete à mecanização do ensino 
ou a uma educação mecanizada, conforme expressa o pensamento de Comênio 
citado no livro História da Educação de Piletti e Piletti (2012, p. 137) que referencia 
Munford: 
 
Não é uma coisa na verdade maravilhosa que uma máquina, um 
objeto sem alma, possa se mover de maneira tão semelhante à vida, 
tão contínua, tão regular? Antes da invenção dos relógios, a 
existência dessas coisas não parecia tão impossível como o fato de 
que as árvores pudessem andar, ou as pedras falar? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
Figura 10: Ideais educativos por Comenius 
 
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3wHiNnD. Acesso em: 04 fev. 2021. 
 
De acordo com Terra (2014) Comênio afirmava que não há como dissociar a 
fé religiosa da filosofia orientada pela razão e o empirismo da ciência. O educador 
tinha uma visão de totalidade, defendia a adoção da pansofia. Defendia escolas 
maternais para que as crianças se desenvolvessem tendo acesso ao saber desde a 
tenra idade. 
 
 
 
https://ytube.io/3H5N
https://bit.ly/3wHiNnD
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
 
 
 
3.5 O BRASIL: A CATEQUESE À SERVIÇO DA EDUCAÇÃO NA COLÔNIA – 
SÉCULO XVI 
Por mais de 200 anos, os índios, os filhos dos colonos e os futuros sacerdotes 
foram catequisados pelos jesuítas, missionários originados da Companhia de Jesus na 
cidade de Lisboa, em Portugal e que foram enviados ao Brasil para ensinar, a 
princípio, os nativos a ler e escrever, por meio dos valores cristãos católicos, conforme 
afirma Monroe (1970, p. 183): “A companhia de Jesus, organizada em 1540, tornou-
se o principal instrumento da Contrarreforma. Os meios adotados pela Ordem para 
consecução de seus propósitos foram a pregação, a confissão e o ensino”. 
As estruturas do ensino foram organizadas pelo padre português Manuel de 
Nóbrega é o primeiro jesuíta a aprender a língua dos nativos brasileiros (tupi-guarani) 
foi Aspilcueta Navarro. 
A Ordem dos Jesuítas dispensava maior interesse pelas escolas secundárias e 
superiores que as denominavam como Colégios inferiores (ginásios) e superiores 
(universidades seculares e teológicas), etapas da Ratio Studiorum. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
 
Figura 11: Os Jesuítas no Brasil 
 
Fonte: Disponível em https://bit.ly/3yEkSlY. Acesso em: 04 fev. 2021. 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/3yEkSlY
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
 
 
1. Observamos que dentro do período que compreende a Reforma e a Contra-
Reforma, houve uma manifestação religiosa, tanto no aspecto espiritual quanto 
político relacionado ao domínio da sociedade de acordo aos seus interesses, 
porém houve uma manifestação no que se refere à educação nos dois períodos. 
Diante dos aspectos positivos e negativos trazidos para a educação, assinale a 
alternativa correta. 
 
a) No período da Reforma podemos observar que a educação priorizava o preparo 
rigoroso com a mente e na Contra-Reforma a educação está baseada nos jogos 
e nos exercícios físicos. 
b) Era recomendado dentro do contexto educacional o estudo da matemática e 
literatura na Contra-Reforma, enquanto na Reforma a educação estava 
baseada aos manuais de instrução e organização (Radio Studiorum). 
c) O objetivo da Contra-Reforma era o trabalho de alfabetização voltado para a 
leitura do livro sagrado e na Reforma a formação

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