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Bioquimica 10

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Bioquímica aplicada e interpretação 
de exames laboratoriais W
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Autoria do Desafio Profissional: Rafaela Benatti de Oliveira 
Leitora Crítica: Iara Gumbrevicius 
 
 Proposta de Resolução 
 
Você, como nutricionista, encontrará na sua jornada profissional muitas pessoas que optaram por 
mudar os hábitos alimentares e estilo de vida, o que, em muitos casos, é extremamente satisfatório 
e muda a vida da pessoa para melhor, trazendo mais qualidade de vida, entretanto, por outro lado 
sabe muito bem que quando a pessoa muda a alimentação sem um acompanhamento de um 
nutricionista está sujeita a ficar doente, como o caso da Ana Paula. 
Um exame essencial a ser solicitado no caso apresentado é o hemograma completo, e por que esse 
exame? Esse é o primeiro exame a ser solicitado quando há suspeita que o paciente tem anemia, e 
o que nos leva a essa suspeita é o tipo de dieta que a pessoa optou nos últimos 9 meses (e não fez 
suplementação de vitaminas e minerais), o relato de estar sem força física, cansaço, irritabilidade, 
alteração de humor, emagrecimento, palidez cutânea e mucosas descoradas. 
O hemograma da paciente mostrou que ela está com uma anemia grave, do tipo macrocítica, visto 
que o VCM estava maior que 100 fL, o que sugere uma anemia megaloblástica ou perniciosa, que 
ocorrem quando há deficiência de ácido fólico ou vitamina B12. O quadro ainda está acompanhado 
de uma leucopenia (diminuição de leucócitos) e de uma trombocitopenia (diminuição de plaquetas), 
que reflete um acometimento na produção desses tipos celulares pela medula óssea, nesse caso é 
necessário solicitar um mielograma (exame que avalia a medula óssea). Há outros exames 
importantes para solicitar nesse caso, como: dosagem de ferro, ferritina, transferrina, bilirrubina 
total e indireta, LDH e AST. E por que solicitar esses exames? A dosagem de ferro serve para 
descartar qualquer problema na absorção do ferro, nesse caso, devido ao tipo de dieta da paciente. 
Os níveis séricos de ferro também são utilizados para calcular a saturação da transferrina e a 
dosagem de ferritina. A dosagem de ferritina é o exame que melhor reflete a reserva de ferro e é 
também uma proteína de fase aguda. A transferrina é o transportador do ferro e no caso de anemia 
megaloblástica se encontra elevado. Esses exames são necessários solicitar para essa paciente por 
conta de sua dieta, pois o nosso organismo absorve melhor o ferro do tipo heme, cuja origem é de 
 
 
fontes animais (carnes), e como a mesma não está suplementando, é importante solicitar e 
recomendar a suplementação de ferro. Os marcadores de lesão hepática (bilirrubina, LDH e AST) 
são necessários, pois o etilismo, doenças hepáticas crônicas e o uso de alguns medicamentos 
podem desencadear uma anemia megaloblástica. Os exames que confirmam o diagnóstico de 
anemia megaloblástica ou perniciosa são dosagem de ácido fólico e dosagem de vitamina B12. 
Ainda, no caso de ser uma anemia perniciosa (doença autoimune), é necessário dosar os 
autoanticorpos (Ac. anti-célula parietal gástrica (AcCPG), o Ac. anti-Factor Intrínseco (Ac-FI) e o Ac. 
antigastrina), exames esses que o médico deverá solicitar, mas é importante que você saiba 
interpretá-los e que encaminhe para um médico, quando necessário. Os resultados do hemograma 
de Ana Paula mostram um valor de hemoglobina de 5,1 g/dl, que são bem baixos, sendo necessário 
passar por uma avaliação médica para verificar se há ou não a necessidade de transfusão de sangue. 
A anemia megaloblástica pode ocorrer pela deficiência de folato (ácido fólico ou vitamina B9) ou de 
cobalamina (vitamina B12). No caso da deficiência de ácido fólico, essa pode ocorrer pelo consumo ou 
absorção inadequada, maior necessidade (como ocorre na gravidez e amamentação) e perda 
aumentada. Já no caso da deficiência de vitamina B12, essa pode ocorrer pela sua falta na dieta (o que 
acontece com vegetarianos e veganos), ausência do fator intrínseco (necessário para absorção da 
vitamina B12, é secretado pelas células parietais do estômago) e por organismos intestinais ou 
anormalidades no íleo (como a bactéria Helicobacter pylori). Os pacientes apresentam sintomas de 
anemia, que incluem a fadiga, fraqueza, palpitação, vertigem e taquicardia. Os sintomas 
gastrointestinais incluem úlcera, língua inchada e avermelhada, perda de peso e diarreia. Tanto a 
deficiência de ácido fólico como a deficiência de vitamina B12 apresentam os mesmos sintomas 
gastrointestinais e anemia. Por outro lado, a deficiência de vitamina B12 também pode apresentar 
várias manifestações neurológicas, que incluem torpor, perda de força física, fraqueza, ataxia, reflexos 
alterados, diminuição na sensibilidade vibratória e distúrbios mentais (desde irritabilidade até psicose). 
Nesse sentido, a dieta de Ana Paula a fez adoecer, pois, a fonte de vitamina B12 na dieta humana 
tem origem dos alimentos de origem animal, como leite, carne e ovos, como ela não faz a 
suplementação e não ingere mais nada de origem animal, a deficiência se intensificou. Não seria o 
caso de uma deficiência de ácido fólico, pois alimentos de origem vegetal, como: folhas verdes 
escuras, aspargos, brócolis, frutas cítricas, feijões, ervilhas, lentilhas, abacate, frutas cítricas, são 
exemplos de fonte dessa vitamina. O tratamento consiste em tratar a causa subjacente da 
deficiência e na reposição de vitamina B12 ou ácido fólico. Vegetarianos podem precisar 
 
 
suplementar a vitamina B12 mesmo com uma dieta bem planejada, e veganos precisam 
suplementar, pois não ingerem fontes dessa vitamina. 
Neste desafio profissional, você deve notar que vários conteúdos de bioquímica abordados no seu 
material foram aplicados. Os principais aspectos bioquímicos envolvidos nesse estudo foram a 
avaliação laboratorial das anemias, através do hemograma, marcadores de lesão hepática 
(bilirrubina, LDH e AST) para descartar outras causas de anemia megaloblástica, dosagem de 
vitamina B12 e ácido fólico (para descobrir o tipo de carência que levou a anemia) e a de 
autoanticorpos. no caso de anemia perniciosa (doença autoimune) 
Aproveite para discutir com seus colegas as recomendações, sugestões e acompanhamento 
nutricional em casos de pacientes vegetarianos ou veganos.

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