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LITERATURA-E-LINGUAGEM-INFANTIL

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2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 3 
2 LITERATURA INFANTIL ................................................................... 4 
2.1 Desenvolvimento na Europa ....................................................... 6 
2.2 No Brasil ...................................................................................... 7 
2.3 Na atualidade .............................................................................. 8 
3 CONTEXTUALIZANDO LITERATURA INFANTIL ............................. 9 
4 A LITERATURA INFANTIL E A FORMAÇÃO DE NOVOS LEITORES
 13 
5 CARACTERÍSTICAS DAS OBRAS DE LITERATURA INFANTIL ... 16 
6 A LITERATURA INFANTIL NAS ESCOLAS .................................... 19 
7 TRABALHANDO TEXTOS DE LITERATURA INFANTIL NAS SÉRIES 
INICIAIS .......................................................................................... 22 
7.1 A capacitação do educador ....................................................... 22 
7.2 A imaginação, a fantasia e a literatura infantil ........................... 24 
7.3 O trabalho com os textos literários ............................................ 26 
8 LITERATURA INFANTIL DE MONTEIRO LOBATO ........................ 29 
9 AS CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA PARA A FORMAÇÃO DAS 
CRIANÇAS ...................................................................................... 33 
10 A LITERATURA E OS ESTÁGIOS PSICOLÓGICOS DA CRIANÇA
 36 
11 O LIVRO INFANTIL: SUA ESTÉTICA E SEUS ENCANTAMENTOS
 38 
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 43 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o 
tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos 
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não 
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de 
atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 LITERATURA INFANTIL 
 
Fonte: virusdaarte.net 
Aquino (2012) enfatiza que a literatura é uma linguagem específica capaz 
de atuar sobre as mentes e proporcionar ao homem a oportunidade de ampliar, 
transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Da mesma forma, 
pode-se dizer que a literatura infantil, em sua essência, possui a mesma 
natureza, entretanto, alguns autores afirmam que a sua diferença reside no seu 
destinatário, isto é, aquele que recebe a mensagem, ou seja, a criança. Afirma, 
ainda, que a literatura infantil é para Coelho (2000, p. 27), “fenômeno de 
criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra”. 
Pelo mesmo pressuposto, Sacconi (2010) define literatura como “arte ou 
profissão que utiliza a palavra como meio de expressão, ajustando-se a códigos 
estéticos que variam nos diferentes períodos históricos, movimentos artísticos 
ou autores individuais”, enquanto que a literatura infantil é “próprio de crianças 
ou feito para elas”. 
A literatura infantil é o produto histórico de relações objetivas e também 
subjetivas que o ser humano mantém com seu meio social, linguístico, 
cultural, intelectual, político e econômico, além de ser resultado de 
algumas concepções (do artista que a produz e dos adultos que 
contribuem para disseminação das obras literárias) filosóficas, 
educacionais e até mesmo políticas no que diz respeito à educação 
ofertada em determinado período histórico (AQUINO, 2012, p. 60). 
 
 
5 
 
Conforme Cademartori (2010), a literatura infantil, como seu adjetivo 
determina, é a literatura destinada às crianças, que tem como objetivo principal 
oferecer-lhes, através do fictício e da fantasia, padrões para interpretar o mundo 
e desenvolver seus próprios conceitos. Através da literatura, a criança tem 
acesso tanto à herança cultural como à pluralidade cultural que se observa em 
nosso país, em razão do encontro das várias etnias e do processo de 
colonização brasileiro. Esse processo ocorre conforme a adequação à faixa 
etária, enriquecendo seu conhecimento e contribuindo para a construção de sua 
personalidade. 
Para entender a literatura infantil se deve compreender, antes de tudo, a 
quem ela se destina, o público, ou seja, a criança. Assim, pode-se levar em conta 
um pouco da formação e da história dessa construção literária. 
Por volta do século XVII, a criança não era considerada criança e convivia 
igualmente com adultos; não havia um mundo infantil ou uma visão sobre esse 
mundo. Consequentemente, não se escrevia para crianças. Portanto, a literatura 
infantil “não nasceu infantil”, pois tendo se originado das fábulas, eram histórias 
dirigidas aos adultos com o fim de ensinamentos morais, sociais, religiosos e 
políticos. Foi muito difícil introduzir a literatura infantil no mundo literário, pois as 
crianças, assim como a mulher, não eram respeitadas e nem vistas como parte 
da população humana e, como tal, não eram dignas de preocupação e atenção 
do adulto, sendo marginalizadas. (AQUINO, 2012). 
Afirma Cademartori (2010, p. 43) “A criança, na época, era concebida 
como um adulto em potencial, cujo acesso ao estágio dos mais velhos só se 
realizaria através de um longo período de maturação [...]”. Aquino (2012) destaca 
que a partir do séc. XVIII, quando ocorreu a ascensão da burguesia e 
consequente valorização da família e do ambiente doméstico, passou-se a focar 
a criança como diferente do adulto, levando em conta suas necessidades e 
especificidades. Conforme Aquino (2012, p. 64): 
Afinal de contas, a literatura infantil tem sua gênese em três bases 
distintas: primeiramente, a literatura infantil possui sua evolução 
histórica influenciada pelas concepções acerca da infância e o 
tratamento dado a ela; depois as alterações que acontecem com a 
própria literatura infantil repercutem nas obras infantis, por exemplo, 
em relação às técnicas e temas da arte literária; e, por fim, a evolução 
do próprio gênero no sentido de acompanhar as mudanças de idade 
do seu público infantil e em fase de crescimento. 
 
 
6 
 
Da preocupação com os pequenos, surge a literatura infantil, que tinha 
como intuito principal uma educação moral, destacando-se o que era certo e o 
que era errado. Essa literatura incluía textos que tinham sido produzidos por e 
para adultos, fábulas e contos populares de origem folclórica. Segundo 
Cademartori (2010, p. 43): “A literatura passou a ser vista como um importante 
instrumento para tal [educar moralmente], e os contos coletados nas fontes 
populares são postos a serviço dessa missão”. Deste modo, a literatura infantil 
acaba se tornando um gênero. No século XVI, os contos clássicos já existiam e 
eram contados oralmente; depois foram compilados e transformados por 
Perrault, Irmãos Grimm e Hans Andersen, no século XVII. 
Esses contos chegaram até a família Perrault, através de contadores que, 
na época, faziam parte da vida doméstica e eram considerados servos. Seus 
contos caracterizavam-se por sarcasmo em relação ao popular e, ao mesmo 
tempo, foram marcados pela arte moralizante através da literatura pedagógica.2.1 Desenvolvimento na Europa 
A literatura infantil nasce a partir de algumas transformações sociais e tem 
suas origens na Europa. Apesar de já existir manuscritos destinados às crianças, 
como tratados de pedagogia, escritos pelos protestantes com fins religiosos, a 
literatura pedagógica, na cultura erudita e a literatura oral, de vertente popular. 
Dentre os que coletaram esse tipo de textos, o francês Charles Perrault é 
considerado o pioneiro da literatura infantil. No século XVII, Perrault coleta 
narrativas populares e lendas da Idade Média e as adapta, dando-lhes valores 
comportamentais da classe burguesa, criando os chamados contos de fadas 
(CADEMARTORI, 2010). 
Segundo Cademartori (2010), a época em que Perrault coletou seus 
contos foi penosa e de grandes transformações e contradições sociais, momento 
após a Fronde, movimento popular de oposição ao governo absolutista do 
reinado de Luís XIV. Esse momento histórico também foi marcado pelo conflito 
entre Reforma e Contrarreforma, e pela ascensão da burguesia como classe 
social, fato determinante para a consolidação de instituições como a família e a 
escola. 
 
 
7 
 
Se antes a criança era vista como um adulto em miniatura, sem condições 
especiais e sem uma preocupação específica com sua aprendizagem, a partir 
do fortalecimento da burguesia, essas concepções começam a se modificar; a 
criança passa, então, a ser considerada socialmente como um ser diferente do 
adulto. Para Lajolo e Zilberman (2007, p. 18): 
Numa sociedade que cresce por meio da industrialização e se 
moderniza em decorrência dos novos recursos tecnológicos 
disponíveis, a literatura infantil assume, desde o começo, a condição 
de mercadoria. No século XVIII, aperfeiçoa-se a tipografia e expande-
se a produção de livros, facultando a proliferação dos gêneros literários 
que, com ela, se adéquam à situação recente. Por outro lado, porque 
a literatura infantil trabalha sobre a língua escrita, ela depende da 
capacidade de leitura das crianças, ou seja, supõe terem estas 
passado pelo crivo da escola. 
Coube, então, à escola a tarefa de cuidar tanto da formação da criança 
quanto de levar esta criança a valorizar socialmente a leitura. A partir deste 
ponto, começam os laços entre literatura e escola, habilitando a criança para o 
consumo de obras impressas. A literatura passa a ser vista de um lado, como 
mediadora entre a criança e a sociedade de consumo, já por outro lado, 
conforme Lajolo e Zilberman (2007), como dependente da ação da escola, a 
quem cabe promover e estimular, como condição de viabilizar a circulação do 
texto literário. 
Assim, os livros destinados para crianças aparecem, portanto, no 
momento em que ocorre a ascensão da burguesia, na Europa, e estavam 
repletos de intenções morais e pedagógicas explícitas, pois eram produzidos 
com o intuito de constituir cidadãos devidamente alfabetizados e alinhados com 
as necessidades e as visões de mundo daquela sociedade. 
2.2 No Brasil 
O aparecimento da literatura infantil no Brasil foi iniciado pelo 
aceleramento da urbanização que ocorreu entre o fim do século XIX e o começo 
do século XX. Segundo Lajolo e Zilberman (2004, p. 28), depois desse momento, 
passa a existir um grande contingente de consumidores de bens culturais e o 
conhecimento passa a ser importante para o novo modelo social. Com isso, 
começava a se firmar no Brasil o desenvolvimento das traduções e adaptações 
 
 
8 
 
de obras literárias para o público infantil e juvenil, e surge então, à compreensão 
da necessidade de uma literatura nacional própria para a criança brasileira que 
precisava se instruir, um público ávido por consumir os produtos culturais dos 
novos tempos. 
No Brasil, foi somente a partir do século XIX que surgiram livros nacionais 
de literatura endereçados a crianças, embora a maior parte fosse constituída por 
traduções e adaptações de obras europeias tradicionais, especialmente 
portuguesas, que visavam difundir regras e padrões de comportamentos, 
doutrinando-se as crianças. Nas palavras de Gregorin Filho (2009), 
Na educação e na prática da leitura no Brasil, do final do século XIX 
até o surgimento de Monteiro Lobato, os paradigmas vigentes eram o 
nacionalismo, o intelectualismo, o tradicionalismo cultural com seus 
modelos de cultura a serem imitados e o moralismo religioso, com as 
exigências de retidão de caráter, de honestidade, de solidariedade e 
de pureza de corpo e alma em conformidade com os preceitos cristãos. 
(p. 28). 
De acordo com Aquino (2012), no Brasil, o surgimento da literatura infantil 
teve quatro fases. A primeira, do final do século XIX ao início do século XX, de 
caráter pedagógico e moralizante, com o objetivo de formar um público de 
leitores infantis. A segunda fase ocorreu entre 1920 a 1945, em um período de 
efervescência política, intelectual e artística, época em que nasce oficialmente a 
literatura infantil brasileira com Monteiro Lobato trazendo uma inovação temática 
das histórias, diversificação dos gêneros, e aproximação entre linguagem e tom 
coloquial. A terceira fase, de 1950 a 1960, foi um período de retorno à tendência 
nacionalista e caráter conservador, privilegiando a supremacia do urbano sobre 
o rural. A quarta fase, de 1970 a 1980, foi um período de várias modificações 
nos cenários político, econômico e social, gerando transformações na literatura 
infantil: o caráter didático-pedagógico foi atenuado; afastamento do padrão 
formal culto, temas mais modernos, recuperação do folclore oral, e a poesia 
retratando mais o registro do cotidiano infantil. 
2.3 Na atualidade 
Gregorin Filho (2012) afirma que entre as décadas de 1970 e 1980, a 
literatura infantil apresentou um aumento considerável na sua produção, em que 
 
 
9 
 
boa parte se deve ao fato de as escolas tornarem-se um dos espaços para 
divulgação desse gênero literário em ascensão num cenário de lutas pela 
liberdade de expressão. Autores buscam colocar no papel a voz da criança e o 
seu universo cheio de conflitos para serem lidos e vivenciados, além de 
discutidos numa proposta de diálogo e não de imposição de valores. 
Desde então, ao invés da perspectiva do adulto que pretende ensinar 
algo, é possível encontrar uma quantidade muito significativa de livros que 
priorizam o universo e a perspectiva infantis. No lugar de informações utilitárias, 
conhecimentos escolares e valores morais explícitos, autores contemporâneos 
têm valorizado a qualidade literária e o lúdico, que podem se manifestar tanto 
por meio das temáticas abordadas quanto da liberdade para experimentações 
com o significante linguístico. 
3 CONTEXTUALIZANDO LITERATURA INFANTIL 
 
Fonte: alpv.org.br 
Os primeiros livros para crianças surgiram no século XVIII. Escritores 
como La Fontaine e Charles Perrault concentraram seu trabalho em contos de 
fadas. Desde então, a literatura infantil vem ocupando seu espaço e assumindo 
sua relevância. Como resultado, surgiram muitos escritores, como Andersen, os 
Irmãos Grimm e o Monteiro Lobato, imortalizados pela grandiosidade de suas 
 
 
10 
 
obras. Na época, a literatura infantil era vista como uma mercadoria, 
principalmente para as sociedades aristocráticas. Com o tempo, as sociedades 
se desenvolveram e se modernizaram por meio da industrialização, ampliando 
assim a produção de livros. 
Desde então, o vínculo entre escola e literatura se fortaleceu, pois para 
obter livros, as crianças devem dominar a linguagem escrita, e as escolas 
precisam desenvolver essa habilidade. Segundo Lajolo & Zilbermann, “as 
escolas passaram a fazer com que as crianças consumissem impressos, 
atuando como intermediárias entre a criança e a sociedade de consumo”. (2002, 
pág. 25) 
Assim surgiu outra abordagem relacionada à literatura infantil, que na 
verdade é literatura feita para adultos e usada por crianças. Seu aspecto crítico 
didático-pedagógico se baseia em uma linha moralista,paternalista, centrada na 
manifestação do poder. Portanto, é uma obra de literatura que incentiva a 
obediência, de acordo com a igreja, governo ou senhor. Uma literatura 
deliberada cujas histórias sempre terminam em recompensar o bem e punir o 
mal percebido. Adere estritamente aos preceitos religiosos, argumentando que 
a criança é moldada de acordo com os desejos de quem a educa, podando suas 
habilidades e expectativas. 
Até os primeiros vinte anos do século XX, as obras educativas para 
crianças eram caracterizadas pela educação moral, ou seja, o único objetivo do 
livro era educar, modelar e moldar as crianças de acordo com as expectativas 
dos adultos. A obra tem pouco propósito de tornar a leitura um prazer, retratando 
a aventura pela aventura. Poucas histórias falam sobre a vida de forma lúdica, 
ou fazem pequenas viagens pelo cotidiano, ou têm afirmações centradas na 
amizade, sobre amigos vizinhos, escola, vida. 
Essa visão de mundo maniqueísta baseada em interesses institucionais 
começou a ser superada por volta da década de 70, e a literatura infantil passou 
por uma reavaliação, em grande parte aportada ao Brasil pela obra de Monteiro 
Lobato. Estende-se então a todos os caminhos da atividade humana, 
valorizando a aventura, o cotidiano, a família, a escola, os esportes, os jogos, as 
minorias, e até penetra na esfera política e seus efeitos. 
Hoje, as dimensões da literatura infantil são mais amplas e importantes. 
Proporciona às crianças um desenvolvimento emocional, social e cognitivo 
 
 
11 
 
indiscutível. De acordo com Abramovich (1997), quando as crianças ouvem 
histórias, elas começam a visualizar seus sentimentos sobre o mundo com mais 
clareza. Além de ensinar assuntos ilimitados, essas histórias abordam os 
problemas existenciais típicos da infância, como medo, ciúme e afeto, 
curiosidade, dor, perda. 
De acordo com ABRAMOVICH (1997), através de uma história, pode-se 
descobrir outros lugares, outros tempos, outras formas de se comportar e ser, 
outras regras, outra ética, outro ponto de vista... É Começar a entender de 
história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisa saber 
o nome, muito menos pensar que se parece com uma sala de aula. 
Assim, quanto mais cedo as crianças são expostas aos livros, mais cedo 
elas experimentam o prazer de ler e maior a probabilidade de se tornarem 
leitores adultos. Da mesma forma, por meio da leitura, as crianças adquirem uma 
postura de reflexão crítica extremamente relevante para sua formação cognitiva. 
É perceptível que, quando uma criança ouve ou lê uma história e é capaz 
de comentar, perguntar, duvidar ou discutir, ela irá interagir verbalmente, o que 
neste caso se enquadra no conceito de linguagem de Bakhtin (1992). Para ele, 
o antagonismo de ideias, entre ideias e textos, sempre teve um caráter coletivo, 
social. 
Pode-se dizer que o conhecimento é adquirido no diálogo, e o diálogo se 
desenvolve através do confronto, da oposição. Assim, segundo Bakthin (1992), 
a linguagem é constitutiva, ou seja, o sujeito constrói seus pensamentos a partir 
do pensamento dos outros e, portanto, é uma linguagem de diálogo. 
A vida é inerentemente conversacional. A vida significa dialogar: 
perguntar, ouvir, responder, concordar, etc. Nesse diálogo o homem participa 
com toda a sua vida: com os olhos, lábios, mãos, alma, espírito, com todo o seu 
corpo, com suas ações. Ele se coloca completamente na palavra, que entra na 
estrutura dialógica da existência humana, no simpósio universal. (Bakhtin, 1992, 
p. 112) 
É a partir deste ponto de vista da interação social e do diálogo que 
pretendemos compreender a relevância da literatura infantil, que, segundo 
Coelho (2001, p.17), “é um fenômeno linguístico”. 
 
 
12 
 
A leitura é o processo pelo qual o leitor constrói ativamente o significado 
do texto. Segundo Coelho (2002), é o estado básico do ser humano no sentido 
de compreender o mundo. 
Compreender o sentido daquilo que nos cerca inicia-se ainda quando 
somos bebês, segundo Martins (1994), som, cheiro, tato e paladar são os 
primeiros passos para aprender a ler. No entanto, a leitura é uma atividade que 
envolve não apenas a decodificação de símbolos, mas também uma série de 
estratégias que possibilitam ao indivíduo compreender o que está lendo. Nesse 
sentido, um leitor competente é aquele que é capaz de selecionar ativamente 
das passagens que circulam na sociedade aquelas que podem satisfazer uma 
necessidade. Quem pode abordar essas questões usando estratégias de leitura 
adequadas para atender a essa necessidade. 
Portanto, pode-se observar que a capacidade de aprendizagem está 
relacionada à formação pessoal do indivíduo. Dessa forma, Lajolo (2002) aponta 
que cada leitor entrelaça o sentido pessoal do mundo que lê com os diversos 
sentidos que encontra ao longo da história do livro. 
Assim, o ato de ler representa mais do que apenas a decodificação, pois 
não está diretamente ligada a experiências pessoais, fantasias ou necessidades. 
Segundo PCN (2001), a decodificação é apenas uma das várias etapas no 
desenvolvimento da leitura. Segundo Bamberguerd (2003, p.23), a 
compreensão, interpretação e avaliação das ideias percebidas são outras etapas 
que “se integram ao ato de ler”. Dessa forma, de acordo com a diversidade 
textual dos PCN (2001), possibilitar que os indivíduos desenvolvam 
significativamente as etapas da leitura contribui para a formação de leitores 
competentes. 
 
 
13 
 
4 A LITERATURA INFANTIL E A FORMAÇÃO DE NOVOS LEITORES 
 
Fonte: pensaraeducacao.com.br 
A literatura infantil provavelmente esteve presente em sua vida desde as 
primeiras fases da infância, não é? A maioria das pessoas normalmente carrega 
consigo lembranças associadas à leitura de alguma obra literária infantil. Essas 
lembranças podem tanto ser o enredo dos clássicos contos de fadas quanto o 
nome de algum autor que tenha habitado o seu imaginário infantil. 
 Hoje é consenso para a grande maioria dos educadores que a literatura 
infantil deve ser utilizada como ferramenta para o desenvolvimento dos 
processos de alfabetização e que ela é de fato importante para a formação de 
novos leitores. Contudo, dentro da área literária ela ainda ocupa local de pouco 
destaque em relação a outros gêneros voltados para os públicos adultos. Você 
pode perceber que, com a reconfiguração social que ocorreu após a 
globalização, houve um avanço na área da literatura infantil. Assim, obras de 
autores renomados conseguiram obter sucesso e atingir seus leitores infantis 
pelas mais variadas nações do globo, tanto no formato do livro físico quanto do 
digital. 
Considerando que a leitura influencia diretamente a aprendizagem da 
escrita, comprovadamente, crianças que têm pais e mães leitores, que procuram 
manusear e ler para os filhos os mais diversos gêneros literários, estarão mais 
 
 
14 
 
propensas a se tornarem novas e ávidas leitoras. Nas últimas décadas, houve 
um aumento significativo nas obras de literatura infantil, que despertaram o 
interesse de uma legião de novos leitores pelo mundo. Ao comentar sobre essa 
expansão, Lígia Cadematori (2017) afirma que: 
No final do século XX, a literatura infantil passou pelo que se pode 
chamar de internacionalização do gênero, resultado da globalização 
dos mercados. Um livro infantil, uma vez comprovada sua aceitação 
pelo público de um país influente, é logo distribuído para crianças dos 
demais países e logo se torna sucesso global. É o que comprovam os 
fenômenos de recepção constituídos por obras em série de J.R.R. 
Tolkien, O Senhor dos Anéis; de J.K. Rowling, Harry Potter; e títulos de 
Stephenie Meyer, como Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse. 
É importante refletir sobre a citação da autora, que relata como tais obras 
tornam-se sucessos globais. Como se sabe, essas obras são difundidas e 
chegam às crianças pelos meios digitais de comunicação viainternet. Hoje, é 
perceptível que as crianças, desde muito cedo, já interagem com dispositivos 
eletrônicos diversos, que as fascinam e, ao mesmo tempo, podem estar 
produzindo novos conceitos e ideias sobre o mundo e afetando sua 
subjetividade. Tais artefatos digitais da cultura contemporânea (tablets, 
smartphones, iPads), além de muitos outros jogos e aplicativos, são 
manuseados com destreza pelas crianças. Já em relação à literatura infantil, é 
importante que você atente à ideia de que a criança, para ter contato com o livro, 
com a obra infantil e sua leitura, desde a época em que ela ainda não se encontra 
alfabetizada, é imprescindível a presença do adulto ou, ao menos, de outra 
criança leitora. Esse aspecto é importante e traduz o quanto os pais e 
professores de educação infantil são necessários para realizar essa 
aproximação e estimular o gosto pela literatura desde os primeiros anos da 
infância, oferecendo “aos pequenos um tipo de informação e de recorte de 
mundo distintos daqueles que consomem diariamente” (CADERMATORI, 2017). 
Outro ponto que merece destaque nessa fase inicial é que a criança 
também vai ser influenciada ao visualizar o adulto praticando a leitura em seu 
dia a dia. Ou seja, o adulto leitor também estará ensinando a partir do exemplo 
de sua prática de leitor que os livros são interessantes e merecem ser objeto de 
admiração das crianças. Veja o que diz Azevedo (2004, p. 1) sobre esse aspecto: 
Fala-se muito em “formação de leitores”. É “politicamente correto” 
elogiar a literatura e a leitura. Infelizmente, não poucas crianças têm 
 
 
15 
 
contato com adultos — pais, professores e outros — que recomendam 
a leitura, falam em livros e autores “clássicos”, mas, na verdade, não 
são leitores nem se interessam pela literatura. Apesar de bem 
intencionadas, essas pessoas, adeptas da filosofia do “faça o que eu 
digo, não faça o que eu faço”, costumam descrever a literatura de 
forma bastante idealizada. Falam em algo “mágico”, num prazer 
“indescritível”, referem-se a “viagens” e coisas assim. Raramente, 
porém, talvez por não terem experiência, lembram-se de comentar, por 
exemplo, que a leitura, como muitas coisas boas da vida, exige esforço 
e que o chamado prazer da leitura é uma construção que pressupõe 
treino, capacitação e acumulação. 
O autor destaca, de forma crítica, a importância de os adultos perceberem 
que, além daquilo que a leitura é capaz de proporcionar, ela deve ser alvo de 
investimentos para que a criança seja capaz de realizá-la de forma eficiente. 
Desenvolver a aprendizagem dessa habilidade de leitura é hoje um dos grandes 
objetivos das instituições escolares. 
Um leitor pode ser definido sob vários aspectos. Ele pode ser aquele que 
é capaz de transitar por diferentes estilos literários e conseguir classificá-los e 
discriminá-los. Ou pode ser aquele que consegue dar sentido e utilizar os textos 
lidos em seu benefício próprio, ampliando sua percepção sobre as coisas e sua 
visão de mundo. Além disso, pode simplesmente ser aquele que lê por 
entretenimento. Enfim, as pessoas leem pelos mais diversos motivos, pessoais, 
subjetivos, pois “todas as “literaturas”, é preciso que você perceba, são 
importantes e têm sua razão de ser. A indiferenciação entre elas, entretanto, 
pode afastar as pessoas da leitura (AZEVEDO, 2004). Aqui, você pode perceber 
como a literatura infantil deve ser priorizada para as crianças, pois é a mais 
apropriada para elas, uma vez que suas características são pensadas para que 
se tornem atrativas e proporcionem experiências que acompanham o 
desenvolvimento nessa faixa etária. 
É importante deixar claro: para formar um leitor é imprescindível que entre 
a pessoa que lê e o texto se estabeleça uma espécie de comunhão baseada no 
prazer, na identificação, no interesse e na liberdade de interpretação. É 
necessário também que haja esforço e este se justifica e se legitima justamente 
através da comunhão estabelecida (AZEVEDO, 2004, p. 2). 
Essa interessante citação do autor remete ao caráter da interdependência 
da criança com relação ao adulto ao ter contato pela primeira vez com obras de 
literatura infantil, o que vai fazer com que a comunhão citada possa ocorrer. Da 
mesma forma, fica evidente que existe esforço para que se aprendam e 
 
 
16 
 
desenvolvam as habilidades da leitura. Esse esforço será amenizado se as 
experiências ocasionadas pelas obras lidas tenham gerado interesse e 
motivação, favorecendo que os objetivos de aprendizagem (leitura e escrita) 
sejam perseguidos pelos alunos. 
Embora existam alguns discursos alardeando um possível “fim” dos livros 
de maneira geral, associando essa ideia aos avanços dos meios digitais, isso 
não vai se realizar. O que se percebe hoje, inclusive, é um aumento significativo 
de autores que têm explorado um novo gênero literário, que é o da literatura 
digital, que se utiliza de suporte em ambientes virtuais para chegar até seus 
leitores. 
5 CARACTERÍSTICAS DAS OBRAS DE LITERATURA INFANTIL 
 
Fonte: cabeleiraempe.com.br 
A literatura infantil traz em suas obras algumas características distintas 
que definem seu gênero literário. Você vai conhecer algumas dessas 
características a partir de agora. Veja esta citação de Cecília Meireles (1984, p. 
97): “[…] a literatura infantil, em lugar de ser a que se escreve para as crianças, 
seria a que as crianças leem com agrado”. Aqui, você vai partir desse destaque 
feito pela autora para refletir que uma obra de literatura infantil agrada ao seu 
público pois o leva a multiplicar os sentidos propostos. Ou seja, a criança, ao se 
 
 
17 
 
deparar com o misto de imagens e palavras presentes na obra, poderá, a partir 
de sua interpretação pessoal, tomar os rumos da trama que se desenrolará. 
Pode parecer contraditório num primeiro momento, mas uma obra de 
literatura infantil deve possuir o cuidado de não se tornar demasiadamente 
“infantilizada”. Ou seja, não deve partir do pressuposto de que as crianças, ao 
se depararem com ela, não teriam capacidade de entendimento suficiente caso 
fosse escrita/produzida com maior grau de rigor literário. Segundo comentam 
Paiva e Oliveira (2010, p. 26): “Alguns livros infantis são desprezados pelas 
crianças, pois apresentam em seus textos a puerilidade que chega a aparentar 
a banalização da inteligência infantil, não preenchem as exigências intelectuais 
e sentimentais da criança.” 
Ou seja, a criança exige que o adulto e, por consequência, as obras de 
literatura infantil apresentem um texto claro, de fácil compreensão, porém que 
não menospreze sua capacidade e habilidade de leitora. 
A maioria das obras de literatura infantil apresenta uma estrutura 
específica ao desenvolver seus textos. Essa estrutura tem, segundo Faria 
(2009), os seguintes itens: 
 1. situação inicial de equilíbrio; 
2. desenvolvimento; 
3. desenlace. 
Você deve notar que as etapas 1 e 2 poderão ocorrer mais de uma vez, 
dependendo da história contada. 
Outro aspecto que faz com que algumas obras de literatura infantil 
ganhem destaque e sejam consideradas boas obras pelos alunos/estudantes diz 
respeito à linguagem utilizada e à sua aproximação com os aspectos culturais 
da vida deles. Ou seja, ao lerem uma obra na qual encontrem semelhanças ou 
aproximações com uma realidade que conheçam ou com a qual convivam 
cotidianamente, aumentarão ainda mais o seu interesse e o gosto pela leitura. 
Lajolo (2008, p. 45), ao referir-se à utilização de poemas na educação, irá fazer 
menção a essa questão ao afirmar que: “Em outras palavras: leitor e texto 
precisam participar de uma mesma esfera de cultura. O que estou chamando de 
esfera de cultura inclui a língua e privilegia os vários usos daquela língua que, 
no correr do tempo, foram constituindo a tradição literária da comunidade (à qual 
o leitor pertence) falante daquela língua (na qual o poema foi escrito).” 
 
 
18 
 
Mesmo reconhecendoa importância desse enlace a ser realizado com a 
cultura na qual a criança se encontra envolvida e com a qual, de alguma maneira, 
se identifica, você deve lembrar que uma característica essencial de uma obra 
de literatura infantil é o seu caráter divertido, sua capacidade de promover o 
entretenimento do leitor. Pois, conforme afirma Frantz (2001, p. 16): 
[...] a literatura infantil é também ludismo, é fantasia, é questionamento, 
e dessa forma consegue ajudar a encontrar respostas para as 
inúmeras indagações do mundo infantil, enriquecendo no leitor a 
capacidade de percepção das coisas. 
Como você pode perceber, a questão que envolve o lúdico e que costuma 
permear os primeiros anos de escolarização na vida dos alunos também deve 
ser encontrada nas obras de literatura infantil. Por meio da associação de 
imagens interessantes e de textos criativos, que chamem a atenção e coloquem 
as crianças para pensar, essas obras poderão conquistar mais leitores, pois vão 
fazer com que se sintam desafiados a desenvolver sua percepção e seu 
entendimento. 
 Dessa forma, algumas das características que você viu até aqui podem 
ser resumidas na Figura 1, a seguir. 
 
Resumindo, obras de literatura infantil que apresentem esses traços em 
sua elaboração possibilitam o engajamento dos novos leitores em suas histórias. 
Assim, esses leitores podem se envolver em tramas e se sentir desafiados e 
instigados a dar continuidade ao desenvolvimento do hábito da leitura. Você 
deve lembrar que é instigante uma obra que não trata seu público 
 
 
19 
 
menosprezando suas capacidades de interpretação e entendimento. Quando se 
fala em cultura, é importante destacar sua associação com os recursos da 
linguagem e a possibilidade de haver uma identificação por parte do leitor infantil 
com as cenas ou textos utilizados. A criatividade é um elemento importante, pois 
permite que o autor, inclusive, se valha do exercício de empatia e volte a “pensar 
como criança” ao propor suas escritas e compor suas obras. O caráter lúdico, 
associado a todos os demais aspectos, poderá assegurar que a leitura se torne 
agradável, interessante e motivadora. 
6 A LITERATURA INFANTIL NAS ESCOLAS 
 
Fonte: cpt.com.br 
Como já visto anteriormente, é consenso hoje na área da educação que 
a literatura infantil se faça presente no interior da escola. Afinal, sua utilização 
somente contribui para a formação de novos leitores, servindo de base para a 
aprendizagem e o desenvolvimento das habilidades da leitura e da escrita. Por 
isso, cada vez de forma mais intensa, a literatura infantil tem participado dos 
currículos escolares já desde a educação infantil. Lajolo (2008, p. 106) faz o 
seguinte comentário a esse respeito: 
É a literatura, como linguagem e como instituição, que se confiam os 
diferentes imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e 
 
 
20 
 
comportamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute, 
simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas utopias. Por isso 
a literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer 
plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária, 
alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que 
nunca vá escrever um livro: mas porque precisa ler muitos. 
Ora, para que as pessoas possam viver plenamente em sociedade e 
exercer sua cidadania, precisam dominar as habilidades da leitura e da escrita, 
uma vez que, ao seu redor, inúmeras são as mensagens que cotidianamente o 
interceptam e exigem sua capacidade de tradução e significação. 
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, que norteiam 
os rumos a serem tomados por todas as escolas brasileiras, já manifestam essa 
importância atribuída à literatura infantil. Ao comentar as práticas pedagógicas a 
serem adotadas nessa etapa da educação básica, as Diretrizes estabelecem que 
se “possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e 
interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e 
gêneros textuais orais e escritos” (BRASIL, 200- documento on-line). Para que a 
criança possa usufruir dessa experiência, se faz necessário que o professor atue 
como o leitor que irá demonstrar o quanto a leitura e a escrita podem cumprir 
finalidades diversas e atrativas, seja informando, instruindo ou simplesmente 
divertindo. Na educação infantil, isso é realizado a partir de alguns ritos, como a 
utilização das rodas de conversa com os alunos e das contações e 
dramatizações de histórias. 
A utilização das obras de literatura infantil na escola, porém, deverá ser 
realizada de forma planejada e coerente com os processos de aprendizagem 
desenvolvidos com os estudantes. Ao comentar a utilização da literatura infantil 
na escola, Faria (2009, p. 20) afirma o seguinte: 
Geralmente, em trabalhos com a leitura e a elaboração de textos 
narrativos ou poéticos, costuma-se solicitar aos alunos que produzam 
textos espontâneos, como se eles dominassem instintivamente todos 
os elementos básicos na construção de narrativas ou poemas. Essa é 
uma ideia muito corrente na escola, a de acreditar que a criatividade 
das crianças já é suficiente para elaborar (criar) suas histórias e 
pequenos poemas. Mas a aquisição dessas competências passa de 
início pela leitura ou audição de narrativas ou poemas. 
A partir das palavras da autora, você pode perceber a importância de que 
o professor se torne o leitor de obras de literatura infantil aos seus alunos na sua 
prática cotidiana em sala de aula. Assim, posteriormente ele pode estabelecer 
 
 
21 
 
atividades em que os estudantes produzam ou criem suas narrativas. O 
destaque que deve ser feito é o de que o professor é o responsável pela análise 
e pela escolha de obras a serem utilizadas, que poderão despertar o gosto pela 
leitura em seus alunos. Essas obras, além de servirem como disparadoras e 
despertarem o interesse da turma para os assuntos a serem desenvolvidos, 
também farão com que os alunos conheçam os mais variados gêneros de 
narrativas literárias infantis, sejam elas fábulas, contos, histórias em quadrinhos, 
mitos, textos folclóricos, poesias, entre outros. Ao professor cabe explorar essas 
obras, apresentando desde aquelas que possuem unicamente imagens (a partir 
das quais as mais diversas leituras podem ser realizadas) até aquelas que se 
isentem dessas imagens, cedendo somente à escrita a sua possibilidade de 
leitura, interpretação e construção de sentidos pelos estudantes. 
As rodinhas de conversa são muito encontradas na educação infantil e 
representam um espaço em que o professor, ao sentar ao solo junto com seus 
alunos, em formato de roda, pode estabelecer uma conversa sobre algum tema 
livre ou relacionado ao que será discutido em aula. Servem também para que os 
alunos desde cedo percebam que as palavras organizam a vida social e 
preparem-se para aprender a apropriar-se do seu universo, transmitindo suas 
mensagens, organizando seus pensamentos e interagindo a partir da fala. 
Ao escolher as obras que vai utilizar com seus alunos, o professor precisa 
conhecer alguns aspectos básicos que compõem a escrita de obras de literatura 
infantil. O que pode auxiliar nessa hora é perceber como se associam as 
imagens e o texto. Afinal, existirão obras de literatura infantil em que o texto e a 
imagem apresentarão uma relação de complementariedade e outras em que 
haverá repetição, dependendo dos objetivos do autor. Nesse caso, ao planejar 
a utilização de uma obra de literatura infantil, o professor deve escolher a que 
está em consonância com seus propósitos pedagógicos, uma vez que: “[...] 
quando o livro não tem claramente uma função pedagógica como auxiliar da 
alfabetização, o que justifica a repetição do enunciado escrito na imagem, 
considera-se que a boa ilustração deve ser de complementaridade” (FARIA, 
2009, p. 40). 
Essa relação de complementaridade se traduz na capacidadede ambos 
os elementos (texto e imagem) poderem se somar na interpretação do conjunto 
que se pretende comunicar. Assim, você pode encontrar obras de literatura 
 
 
22 
 
infantil, por exemplo, que farão uso da repetição de seus textos escritos e que 
poderão muito bem apoiar o professor no desenvolvimento de suas atividades 
com as crianças em processo de alfabetização. Também encontrará, em 
contrapartida, obras que apresentam somente imagens, sobre as quais os 
leitores poderão construir inúmeras narrativas, de acordo com a sua 
interpretação e o seu processo criativo pessoal. 
7 TRABALHANDO TEXTOS DE LITERATURA INFANTIL NAS SÉRIES 
INICIAIS 
 
Fonte: universodoslivros.com.br 
7.1 A capacitação do educador 
A partir do domínio da leitura, os sujeitos se habilitam para participar 
ativamente do contexto social em que estão inseridos, transformando a 
realidade. Ou seja, a leitura é essencial para o exercício pleno da cidadania. 
Dessa forma, a escola, assim como a família, é responsável por criar situações 
de vivência e de experiência de leitura. 
A escola, portanto, desempenha o papel de oportunizar, para todos, o 
interesse pela leitura. A aproximação entre aluno e escola se dá por meio do 
educador, responsável direto por realizar o intermédio entre o texto e o 
 
 
23 
 
educando, tendo como base a sua própria formação. Tal formação deve ser 
pautada no trabalho com o texto e focar o desenvolvimento de sujeitos leitores. 
Isso se inicia nas séries iniciais e deve ser realizado ao longo de toda a trajetória 
escolar. Logo, a capacitação do educador para o trabalho com a literatura infantil 
nas séries iniciais é fundamental. Afinal, a leitura deve ser uma prática 
estabelecida em sala de aula, e o professor é responsável viabilizá-la. 
Portanto, para a formação de leitores, é fundamental que o professor 
esteja preparado. Ele servirá como exemplo para os seus alunos e será 
responsável por motivar a leitura. Veja o que afirma Solé (1998, p. 116): 
O processo de leitura deve garantir que o leitor compreenda os 
diversos textos que se propõe a ler. É um processo interno, porém deve 
ser ensinado. Uma primeira condição para aprender é que os alunos 
possam ver e entender como faz o professor para elaborar uma 
interpretação do texto: quais as suas expectativas, que perguntas 
formula, que dúvidas surgem, como chega à conclusão do que é 
fundamental para os objetivos que o guiam, que elementos toma ou 
não do texto, o que aprendeu e o que ainda tem de aprender... em 
suma, os alunos têm de assistir a um processo/modelo de leitura, que 
lhes permita ver as “estratégias em ação” em uma situação significativa 
e funcional. 
 
Como você viu, Solé (1998) explica que os alunos devem assistir a um 
modelo de leitura para que entendam as dinâmicas postas em uso no processo 
de leitura. Há codificação, decodificação, interpretação e ação em relação ao 
texto. Essas práticas podem ser demonstradas pelo professor, que as 
exemplifica para que os alunos, como leitores, compreendam os diversos textos 
e saibam agir conforme as solicitações de cada tipo de texto. 
 A formação docente deve fazer com os professores sejam multiplicadores 
da consciência da importância do ato de ler. Veja o que afirma Nóvoa (1992, p. 
27): 
A formação pode estimular o desenvolvimento profissional dos 
professores, no quadro de uma autonomia contextualizada da 
profissão docente. Importa valorizar paradigmas de formação que 
promovam a preparação de professores reflexivos, que assumam a 
responsabilidade do seu próprio desenvolvimento profissional e que 
participem como protagonistas na implementação das políticas 
educativas. 
Nesse contexto, é necessária uma formação de professores articulada 
com a leitura. Ou seja, é básico que, na formação do professor, a leitura esteja 
 
 
24 
 
presente; mas, mais do que isso, a leitura deve ser estudada de forma atenta. 
Ou seja, a perspectiva metodológica dessa atividade deve ser abordada na 
formação docente. Apenas com essa reflexão é possível perceber a leitura como 
significativa. 
Mas o que significa uma abordagem metodológica da leitura? Significa 
que, no processo de formação docente, os indivíduos devem ser expostos à 
diversidade oferecida pelas literaturas e que também devem conhecer as 
possibilidades de trabalho em sala de aula com cada uma delas. Em se tratando 
das séries iniciais, por exemplo, o docente em formação deve conhecer as 
leituras indicadas para essa etapa e as metodologias adequadas para a 
formação de leitores. Conforme reforçam Farias e Bortolanza (2012, p. 36), “[...] 
o professor é o agente organizador das práticas educativas em sala de aula, é a 
ele que se atribui o sucesso ou o fracasso da aprendizagem da leitura [...]”. 
7.2 A imaginação, a fantasia e a literatura infantil 
A imaginação e a fantasia são elementos importantes na formação da 
criança. Mas você sabe por quê? Em que sentido esses elementos contribuem 
para a formação e para o desenvolvimento infantil? E como é possível estimular 
a imaginação e a fantasia no mundo da criança? 
Essas perguntas devem ser trabalhadas na formação docente para que o 
futuro professor, responsável por formar leitores, tenha em mente a importância 
desses elementos e busque estratégias diversificadas para utilizar em sala de 
aula, a fim de motivar nos alunos a imaginação, a fantasia e a criatividade. Uma 
aliada nessa tarefa é a literatura. 
O indivíduo estabelece contato com a atividade de criar já na primeira 
infância, embora isso varie de acordo com o contexto em que a criança está 
inserida. Mas, independentemente das condições oferecidas, a criança 
desenvolve a sua criatividade — da forma que for possível e com os recursos 
disponíveis. A atividade de criar é mais intensa na fase que se estende dos 2 
aos 7 anos. Nessa fase, a criação está relacionada com a imaginação e a 
fantasia. 
De acordo com a proposta de Piaget (1994) para o desenvolvimento da 
criança, existem fases que são observáveis. A segunda delas, que interessa 
 
 
25 
 
especialmente aqui, compreende a passagem do período sensório-motor para o 
que Piaget (1999) denomina de “período pré-operatório”. Ou seja, é nessa etapa 
que se identifica o surgimento da função simbólica ou semiótica. Ou seja, é a 
etapa emergente da linguagem. 
Para Piaget (1994), são identificáveis quatro períodos no processo de 
desenvolvimento humano. São eles: 1. sensório-motor (0 a 2 anos); 2. pré-
operatório (2 a 7 anos); 3. operações concretas (7 a 11 ou 12 anos); 4. operações 
formais (11 ou 12 anos em diante). 
É na fase pré-operatória que os estímulos ao desenvolvimento da 
linguagem devem ser intensos. Ao professor, por exemplo, cabe oferecer o 
contato com os mais diversos textos para motivar a criança, pois o 
desenvolvimento da linguagem promove modificações importantes no próprio 
processo cognitivo dela. Além disso, o trabalho com a linguagem se relaciona ao 
desenvolvimento afetivo e social, pois a linguagem possibilita mais intensidade 
nas interações entre os indivíduos. Nessa fase, é importante trabalhar com 
representações para que a criança seja motivada a atribuir significados à 
realidade que a cerca. 
É nessa fase, sobretudo, que a criança desenvolve a imaginação e a 
memória. Dessa forma, torna-se evidente que o trabalho com a literatura é 
imprescindível nessa etapa. Nesse estágio simbólico em que a criança se 
encontra, há egocentrismo, pois ela não percebe o mundo para além dela 
mesma; tudo no mundo é dela: “meu papai”, “minha mamãe”, “meu livro”, “meu 
carro da minha mamãe”, etc. Portanto, com a inserção da literatura, do mundo 
da imaginação e da fantasia, o professor estimula o desenvolvimento da 
linguagem e também amplia a capacidade de socialização da criança pelo uso 
da linguagem; isso deve ser praticado por meio da contação de histórias, dos 
desenhos e das dramatizações. 
Na fase pré-operatória, a criança jáé capaz de simbolizar e de evocar 
objetos que estão ausentes; ou seja, ela maximiza a sua habilidade de 
diferenciar significante e significado. Assim, a criança começa a distanciar o 
sujeito do objeto, criando imagens mentais, isto é, a criança consegue imitar 
gestos e situações, mesmo que não esteja na presença de modelos. E isso 
significa imaginar, fantasiar e criar. Por isso é tão importante utilizar os textos 
infantis para motivar a imaginação e a fantasia, considerando que nesse período 
 
 
26 
 
a criança desenvolve a linguagem e passa progressivamente de uma fase 
egocêntrica (pré-operatória) para uma fase em que tem a inteligência concreta e 
é capaz de realizar ações interiorizadas. Ou seja, com a inserção da literatura, 
com o incentivo ao desenvolvimento da imaginação e da fantasia, a criança 
desenvolve a capacidade de estabelecer relações com os outros e com o mundo 
a partir da observação de diferentes pontos de vista. 
O mundo dos textos infantis é importante para que a criança consiga 
raciocinar de forma mais coerente. No seu desenvolvimento inicial, ela entende 
tanto os esquemas conceituais como as ações que executa mentalmente, mas 
na fase pré-operatória é preciso que a criança seja estimulada para compreender 
que é possível executar ações mentalmente. Por exemplo, é possível apresentar 
a ela dois palitos de tamanhos diferentes e pedir que indique qual é o maior. Na 
fase pré-operatória, ela vai manipular os dois palitos para indicar a resposta 
correta; na fase operatória, ela vai desenvolver esse raciocínio mentalmente, 
pois “imagina” os dois palitos e realiza a comparação sem precisar manuseá-los. 
Portanto, quanto mais a criança tiver contato com os textos infantis, mais 
imagens mentais, a partir da imaginação e da fantasia, ela vai criar; 
consequentemente, vai observar mais atentamente o mundo que a cerca. 
Nesse contexto, então, está em jogo, por exemplo, a capacidade de uma 
criança de pegar uma espiga de milho, transformá-la em uma boneca e 
(re)contar uma história. A imaginação e a fantasia são as atividades criadoras 
dessa fase. Os personagens, os contextos e o mundo dos textos infantis são 
importantes para motivar o desenvolvimento da fase de criação. A imaginação e 
a fantasia estão ligadas à criação de imagens mentais; é por isso que objetos 
comuns, como uma vassoura ou uma espiga de milho, podem ser interpretados 
e transformados pela imaginação, pela fantasia e pela criatividade da criança. O 
professor deve saber valorizar a imaginação infantil, pois ela é aliada da 
criatividade. 
7.3 O trabalho com os textos literários 
A escola deve possibilitar que a criança entre em contato com os textos 
literários desde o início do seu ingresso nesse ambiente. Isso significa que a 
escola e o professor devem oportunizar o manuseio de diferentes textos, a 
 
 
27 
 
escuta de diferentes histórias e a possibilidade de as crianças (re)contarem as 
histórias que manipulam. 
Os livros e as histórias mostram para as crianças a amplitude do mundo 
da fantasia e da imaginação, algo que elas trazem para a escola, pois faz parte 
da etapa do seu desenvolvimento. Logo, a escola deve ampliar o contato com 
esses elementos para incentivar nos alunos o interesse pela leitura, 
consequentemente incentivando a formação de sujeitos leitores. 
Para trabalhar com os textos literários, é importante valorizar as situações 
em que as crianças, mesmo aquelas com dificuldades para aprender a ler ou 
que ainda não estejam alfabetizadas, narrem as histórias a partir da sua 
imaginação. As figuras representativas nas histórias (desenhos, ilustrações, etc.) 
possibilitam que a criança conte histórias infinitas para além daquela 
apresentada pelas palavras do autor. Essa é uma atividade que desperta o 
interesse por descobrir o desconhecido, por desvendar o que as letras podem 
estar contando sobre as ilustrações observadas. Isso motiva a criança a 
aprender a ler para saber o que está escrito naquelas linhas. 
Uma excelente estratégia para incentivar o desenvolvimento de sujeitos 
leitores, considerando a fase pré-operacional, é selecionar determinado texto e 
contar a sua história para as crianças, inclusive utilizando elementos concretos 
para encenar a trama. Por exemplo, você pode contar a história de uma fazenda 
utilizando um cenário rural (pode ser uma maquete produzida com material 
reciclado), com representações de animais. Depois, possibilite que as crianças 
recontem a história manipulando os elementos e recriando o enredo a partir da 
construção mental que fizeram do que ouviram. Assim, as imagens mentais são 
trazidas para o concreto e a criança faz uso da imaginação, da fantasia e da 
criatividade. 
O professor, como intermediário entre o texto e a criança, deve considerar 
o seguinte: 
[...] para formar um leitor é imprescindível que entre a pessoa que lê e 
o texto se estabeleça uma espécie de comunhão baseada no prazer, 
na identificação, no interesse e na liberdade de interpretação. É 
necessário também que haja esforço, e este se justifica e se legitima 
justamente através dessa comunhão estabelecida (AZEVEDO, 2004, 
p. 39). 
 
 
28 
 
Dessa forma, o professor serve como modelo para a formação de leitores. 
Ele lê e demonstra o interesse, a beleza, os elementos, a palavra, a emoção, 
entre outros atrativos, a partir da leitura oral, da escrita e da contação de 
histórias. Considere o seguinte: 
Ao ler uma história, a criança também desenvolve todo potencial 
crítico. A partir daí, ela pode pensar, dividir, perguntar, questionar [...] 
pode se sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais e melhor ou 
percebendo que se pode mudar de opinião [...] E isso não sendo feito 
uma vez ao ano [...], mas fazendo parte da rotina escolar, sendo 
sistematizado, sempre presente — o que não significa trabalhar em 
cima dum esquema rígido e apenas repetitivo (ABRAMOVICH, 1999, 
p. 143). 
Para isso, o professor deve utilizar a maior variedade possível de textos, 
sempre adequados a cada uma das etapas de ensino. A seguir, veja exemplos 
de textos adequados às séries iniciais. 
Marcelo, Marmelo, Martelo (2011): escrito por Ruth Rocha e ilustrado por 
Adalberto Cornavaca, reúne três contos que contam histórias do cotidiano a 
partir da inserção de personagens infantis que enfrentam impasses de forma 
criativa e com muita imaginação. 
 A Borboleta Azul (2008): escrito e ilustrado por Nicolas Van Pallandt e 
traduzido por Gilda de Aquino, o livro conta a história de um urso que avista uma 
linda borboleta e que a acompanha em diferentes cenários. 
 A Galinha que Sabia Nadar (2008): escrito e ilustrado por Paul Adshead 
e traduzido por Gilda de Aquino, essa obra conta a história de uma pata que foi 
criada por uma galinha. Ao longo da trajetória da personagem, ela percebe as 
diferenças e busca autoconhecimento. O objetivo da história é trabalhar com 
temas como: adoção, autoconhecimento e aceitação das diferenças. 
Os Três Lobinhos e o Porco Mau (2011): escrito por Eugene Trivizas, 
ilustrado por Helen Oxenbury e traduzido por Gilda de Aquino, esse é um 
excelente livro para trabalhar em paralelo com outro: Os Três Porquinhos 
(MACHADO, 2004). O autor inverte os papéis do lobo mau e dos porquinhos: 
quem era caçador vira caça e vice-versa. Contudo, é mantida a separação entre 
os personagens bons e maus, bobos e espertos, mas com outro ponto de vista. 
É a reinvenção de uma história para gerar muita conversa em sala de aula. 
Essas são apenas algumas sugestões de leitura, pois o mundo dos textos 
literários é vasto. É importante que o professor observe os seus alunos a cada 
 
 
29 
 
ano que receber a regência de uma turma nova. Afinal, as necessidades são 
diferentes e os textos não podem ser sempre os mesmos; o trabalho com o texto 
não pode ser mecânico e uniforme. 
O professor deve considerar que as histórias ampliam o diálogo; portanto, 
sempre que surgiralguma situação que precisa ser trabalhada em sala de aula, 
ele deve recorrer a textos que ofereçam aos alunos diferentes pontos de vista, 
motivando debates e promovendo a formação de leitores. 
8 LITERATURA INFANTIL DE MONTEIRO LOBATO 
 
Fonte: alfredodantas.com.br 
A literatura incorpora os pensamentos de um povo, seus ideais e 
sentimentos, expressos oralmente ou por escrito em várias formas textuais. A 
literatura é frequentemente associada à magia e fantasia. Seus primórdios são 
incertos, mas algumas culturas antigas trouxeram sua riqueza literária na forma 
de representações orais, que foram registradas em materiais básicos como o 
barro e o pergaminho encontrados pelos historiadores. Algumas dessas 
descobertas remontam à Grécia antiga, através das escrituras cristãs no século 
II d.C., à literatura ocidental, traduzindo lendas, mitos e narrativas adultas em 
histórias maravilhosas e fantásticas, como Esopo, Andersen, os Irmãos Grimm 
 
 
30 
 
e Perrault, O consumo de tais textos por jovens leitores e crianças cresceu após 
o século XIX. 
De acordo com COSTA (2009), LAJOLO (2007), ZILBERMAN, (2007), no 
Brasil, o surgimento da literatura infantil foi adaptado em 1808 por meio da 
instituição Imprensa Régia, e a literatura europeia se caracterizou pelo 
distanciamento social e linguístico da população colonial. Amadurecida a 
consciência nacionalista, junto com a maturidade da Proclamação da República 
e a alta industrialização do país, houve uma produção em massa de produtos 
infantis, inclusive livros. Essa modificação culminou em 1920 com o modernismo 
em seu movimento de canibalismo, que reconstruiu a identidade nacional a partir 
de movimentos culturais. 
O grande signo simbólico desse nacionalismo na literatura infantil 
brasileira está consubstanciado nos textos de Monteiro Lobato, que trouxeram 
para o mundo literário: o cotidiano da população rural; folclore nacional, 
retratando a língua dos brasileiros, comportamento, relação com a natureza e 
questões sociais (CADERMATORI, 1991; COSTA, 2009; GREGORIN FILHO, 
2009). 
Monteiro Lobato se interessou pela literatura infantil desde o início, 
rompendo com o tradicionalismo popular. Lobato respeita os fatos externos, mas 
também reconhece a importância de conhecer a cultura do país em que vive 
(COELHO, 1982). Em sua obra, observa-se uma linguagem mais informal, 
principalmente nas falas dos personagens, bem como nas associações de 
figuras das culturas mais eurocêntricas e do nosso folclore, aproximando as 
aventuras que cria ao mundo. 
A ciência na obra de Lobato está relacionada ao entendimento do autor 
de que o desenvolvimento e a evolução da sociedade brasileira permeiam o 
conhecimento científico. O autor tenta difundir a informação científica da época 
a fim de provocar o raciocínio científico dos leitores por meio da imaginação e da 
fantasia, e possivelmente conduzi-los ao aprendizado científico de formas não 
convencionais. 
Camenietzki (1988) reiterou o papel da ciência nos acontecimentos em 
torno da história do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Sempre presente nesta obra, 
tratando de um tema específico ou de um tema secundário, a ciência se 
apresenta de diversas formas, ora como "conhecimento inútil", ora como 
 
 
31 
 
"conhecimento útil", e por fim como "conhecimento malversado ", marcando os 
acontecimentos históricos pelos quais transitava Monteiro Lobato. 
De acordo com CAMENIETZKI (1988), de início, a ciência nas histórias 
infantis de Lobato foi classificada como inútil, e os cientistas se transformaram 
em personagens mal-humorados. No segundo momento da escrita de Lobato- A 
reforma da Natureza - a visão da ciência e dos cientistas é oposta à primeira, 
pois o conhecimento científico é valorizado e sua narrativa é repleta de 
conquistas. Entretanto o último saber, o malversado, assemelha com o fim da 
vida do autor e seu desencanto com a humanidade, com o registro da ciência 
sendo distorcido pela sociedade, o cientista volta a ser o mal-humorado do 
primeiro estágio. 
A criação sensacional da literatura infantil, proporcionada por Monteiro 
Lobato, impulsionou o surgimento de vários novos escritores, e com o advento 
da televisão e às associações pedagógicas e paradigmáticas da literatura 
infantil, esse tipo de criação caiu. Para alguns pesquisadores, é um recurso 
artístico secundário. 
Monteiro Lobato, percebendo os lucros que a Associação das Escolas 
Literárias traz através das associações educativas, traz ao mercado o seu 
Narizinho Arrebitado. O sucesso dessa empreitada não se deve apenas à 
ousadia do autor, mas principalmente à leitura leve e imaginativa que seus textos 
trazem aos jovens leitores (ABREU, BARROS, 2004). 
No entanto, o viés pedagógico da literatura infantil não a deprecia como 
atividade artística, pois sua natureza pedagógica está associada à alfabetização; 
seu caráter artístico, associado à fantasia e ao deslumbramento, é indissociável 
desde sua criação (COELHO, 1982; LAJOLO; ZILBERMAN, 2007). CRUZ (1958) 
também enfatizou que o emaranhado emocional, intelectual e cultural de uma 
sociedade garante sua expressão como arte. 
Essa desconexão entre arte e pedagogia, demonstrada na literatura 
infantil, tem a ver com o caráter da leitura, o ato de ler incluindo a ligação entre 
a própria leitura e a mente. O ato de ler é pautado pela decodificação de signos 
linguísticos que empregam pedagogias. As cadeias de pensamento evidenciam 
as abstrações proporcionadas pela leitura, condicionadas pela experiência 
pessoal, como nas leituras anteriores, Paulo Freire (2005), refere-se a essa 
experiência pessoal como "o mundo da leitura", o que confere à literatura infantil 
 
 
32 
 
um sentido ampliado ao se tornar uma leitura argumentativa e discursiva, repleta 
de emoção e emoção, desencadeando a formação de um leitor reflexivo 
(GIRALDELLI; ALMEIDA, 2008; Gregório Filho, 2009; Sêmen, 2012). 
Essa “leitura do mundo” é legitimada pelo ensino científico da 
compreensão do ambiente natural, tecnológico e social (AMORIN; BORGES, 
2014). Esse conhecimento da ciência, entendido de forma interessante por meio 
da literatura, aproxima os leitores da ciência e da compreensão dos eventos 
naturais. Aproximar a ciência da literatura infantil permite que o aprendizado 
ocorra de forma mais dinâmica e diferenciada. Isso porque a literatura pode ser 
o início do processo de aprendizagem, tendo a pesquisa e a criação como base 
para o seu desenvolvimento, ao estimular a curiosidade das crianças. 
Assim como Monteiro Lobato, Antloga e Slongo (2012) afirmam que a 
ciência pode desenvolver cidadãos conscientes e críticos. Ao vincular a ciência 
à literatura infantil, é possível concordar em proporcionar um espaço aberto para 
o questionamento da sociedade em relação à interação humana, promovendo o 
desenvolvimento de processos psicológicos superiores a partir do objeto 
mediador - o livro. 
Criando um mundo infantil repleto de folclore, Monteiro Lobato busca o 
nacionalismo nas ações de seus personagens que refletem a linguagem 
brasileira, o comportamento e a relação com a natureza. Segundo Aguiar (2001), 
uma grande virada veio em 1921 com a publicação de A Menina do Narizinho 
Arrebitado, que revelou a preocupação em escrever histórias para crianças em 
uma linguagem fácil de entender e apelativa para as crianças, objetivo 
estabelecido pelo autor, sua obra é um dos pontos altos da literatura infantil 
brasileira. Utilizando uma linguagem criativa, Lobato rompeu com o modelo culto, 
introduziu a linguagem falada tanto na fala do personagem quanto na fala do 
narrador. 
Nesse contexto, pode-se dizer que a literatura infantil brasileira começa 
com Monteiro Lobato, especialmente a literatura centrada em vários 
personagens. Além de despertar o interesse das crianças por meio da 
imaginação, Lobato também conscientiza por meio de sua literatura de denúncia, 
que trata de fatos político-econômico-sociais.O autor criou uma obra literária 
que se concentra em alguns personagens centrais. No Sítio do Pica-pau 
Amarelo, Lobato explora a diversão, o folclore e a imaginação do mundo infantil, 
 
 
33 
 
abrindo caminho para muitos escritores que criam obras conceituadas para 
crianças. Neste lugar temos de tudo: fadas, duendes, anjos, almirantes britânicos 
e muitos outros personagens que inspiram a imaginação de crianças e até 
adultos, pois você pode reviver a mitologia grega e outros períodos da nossa 
história. 
Acredita-se que Lobato seja um verdadeiro educador intuitivo, trazendo 
os fatos à tona através do riso, e em seus livros as questões morais são tratadas 
de forma lúdica que evoca bons sentimentos e orientam as crianças para boas 
ações. 
9 AS CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA PARA A FORMAÇÃO DAS 
CRIANÇAS 
 
Fonte: jornadaedu.com.br 
Ao perguntar a pais, professores, coordenadores pedagógicos se 
pretendem educar quando o livro é apresentado na infância, sempre há uma 
resposta óbvia: desenvolver o hábito da leitura nas crianças, desenvolvendo 
assim novos leitores e amantes da literatura. Como todos sabemos, a literatura 
é uma forma ativa de lazer, enquanto uma forma passiva de leitura requer um 
certo nível de consciência e atenção, e deve ter a participação ativa do receptor-
leitor. Uma criança exposta à literatura escrita desde tenra idade desenvolverá 
uma compreensão mais profunda de si mesma e do mundo ao seu redor e terá 
 
 
34 
 
a oportunidade de expandir seu potencial criativo abrindo horizontes culturais e 
intelectuais. Afinal, como ensina Barthes (1997, p. 18), a literatura pressupõe 
muito conhecimento. 
De acordo com Bettelhim (1996), além de divertir a criança, o próprio 
conto de fadas é atraente e propício ao desenvolvimento da personalidade dela. 
Ele fornece significado em tantos níveis diferentes e enriquece a existência de 
uma criança de tantas maneiras que nenhum livro pode fazer justiça às muitas 
contribuições e diversidade dessas histórias para a vida de uma criança. Como 
pode ser visto, a literatura traz lições de vida de forma imaginativa que facilita a 
formação e o processo da personalidade da criança. 
A imaginação da criança leva à capacidade de criar animismo para 
conseguir uma combinação de imagens e movimentos. Vygostsky (2007) afirma 
que no animismo a criança se projeta temporariamente no personagem e entra 
no mundo da fantasia para vivenciar um contato mais próximo com seus 
sentimentos e organizar seus conflitos e emoções. E assim, cresce e se 
desenvolve. 
De acordo com Aguiar (2001), a magia e o encanto que os contos de fadas 
carregam até os dias atuais é que eles não tratam da vida real, mas da vida que 
ainda pode ser vivida, apresentando condições humanas possíveis ou 
concebíveis [...] para transmitir mais de um significado, as crianças encontram 
na literatura respostas às questões que vivenciam e às perguntas típicas de sua 
faixa etária (de onde vem? Quem é para imitar? É uma criança legítima?) 
Ler histórias para crianças é estimular a imaginação e evocar diferentes 
emoções; estimular a criança a encontrar as respostas que procura nas histórias 
ajuda a construir seu desenvolvimento emocional e cognitivo. A literatura infantil 
contribui como objeto capaz de promover a construção de um sujeito autônomo 
e criativo. Mas para alcançar essa importante assimilação, a leitura deve ser 
capaz de estabelecer uma relação fundamental entre a criança e o objeto de 
leitura. Uma história traz uma infinidade de possibilidades de aprendizagem, 
incluindo os valores que o livro traz através de sua história e a identificação das 
crianças com o comportamento dos personagens, o que possibilita ao leitor 
infantil desenvolver múltiplos aspectos educacionais de natureza subjetiva, além 
de despertar no jovem leitor/ouvinte a consciência estética típica dos textos 
literários. 
 
 
35 
 
As atividades de leitura devem começar no primeiro ano de vida em casa 
ou no ambiente escolar, desde o primeiro dia de aula, mesmo que a criança não 
tenha conhecimento da escrita, pois por meio de imagens e da leitura do 
professor, mostram uma representação subjetiva e valorização dos aspectos 
estéticos. Nas primeiras etapas da educação infantil, as crianças aprendem a 
manusear os livros e reconhecer suas formas, percebem seu layout e iniciam 
sua experiência de forma divertida. 
Deve-se ter o cuidado de não ver a literatura infantil nos estágios iniciais 
da educação dos anos 0 a 5 como um momento de distração, para que não se 
perca a oportunidade de extrair do livro a intenção pedagógica que ajudará no 
desenvolvimento das crianças. É necessário levar em consideração a idade e 
maturidade das crianças para não apresentar uma literatura que esteja além de 
sua compreensão linguística. 
Para Barthes (1997, p. 22): a segunda vantagem da literatura é sua força 
de representação. Além disso, Barthes (1997, p. 18) enfatiza que a literatura é 
realista, ou seja, o próprio fulgor do real. 
Bettelhim (1996) considerou esse poder da literatura para representar a 
realidade, ou melhor, a "luz da realidade", e aplicou essa percepção à relação 
entre criança e literatura, completou Bettelhim (1996), para que uma história 
realmente capture a atenção de uma criança, ela deve ser divertida e intrigante. 
Mas para enriquecer sua vida, deve estimular sua imaginação: ajudá-lo a 
desenvolver seu intelecto e tornar claras suas emoções; acomodar suas 
ansiedades e desejos; reconhecer plenamente as dificuldades enquanto propõe 
soluções para os problemas que assolam seu eu. 
Então, é ouvindo histórias que as crianças vivenciam emoções 
importantes de sua idade que ainda não expressaram ou vivenciaram em 
palavras, como tristeza, raiva, alegria, medo, insegurança e muitas outras por 
causa de seus motivos jovens e maduros que não conseguem resolver sozinho, 
dessa forma, eles emergem, e a experiência trazida pelo texto literário pode 
ajudar as crianças a lidar com situações em que esse sentimento é realmente 
real. 
Sabe-se que um poema ou uma boa narrativa se instalam em nosso ser, 
muitas vezes transformando constitutivamente alguma experiência literária em 
uma experiência de vida que contamos aos outros como se nós mesmos 
 
 
36 
 
tivéssemos vivenciado certa situação. O mesmo vale para as crianças, que 
também são capazes de lembrar e aprender lições de vida e emoções a partir 
de histórias que ouviram ou leram quando crianças. 
10 A LITERATURA E OS ESTÁGIOS PSICOLÓGICOS DA CRIANÇA 
Durante seu desenvolvimento, as crianças passam por fases psicológicas 
que exigem observação. Essas etapas dependem não apenas da idade, mas, 
segundo Coelho (2002), da maturidade mental, emocional e intelectual e do nível 
de conhecimento e domínio dos mecanismos de leitura. Nesse sentido, é 
necessário adaptar os livros às diferentes fases pelas quais as crianças 
costumam passar. Existem cinco categorias que orientam os estágios de 
desenvolvimento psicológico das crianças: o pré-leitor, o leitor iniciante, o leitor-
em-processo, o leitor fluente e o leitor crítico. 
O pré-leitor, uma categoria que abrange duas etapas: primeira Infância 
(dos 15/17 meses aos 3 anos), nesta fase, a criança começa a reconhecer o 
mundo ao seu redor através do toque e relações afetivas. Por esta razão, ela se 
sente compelida a pegar ou tocar tudo ao seu alcance. Outro momento marcante 
nessa fase é a aquisição da linguagem, onde a criança começa a nomear tudo 
ao seu redor. A julgar pela percepção da criança sobre seu ambiente de vida, 
ela pode ser estimulada dando-lhe brinquedos, álbuns, chocalhos musicais, etc. 
Assim, ela poderá processá-los e nomeá-los e, com a ajuda de um adulto, poderá 
relacioná-los para proporcionar situações de fácil leitura. 
O leitor iniciante: se dá na segunda infância (a partir dos 2/3 anos) é o 
início da fase egocêntrica. É mais adaptável ao ambiente físicoe aumenta a 
capacidade e o interesse na comunicação verbal. Como ela também está 
interessada em entretenimento, "brincar" com o livro é importante e significativo 
para ela. Nesta fase, segundo Abramovich (1997), um livro adequado deve 
apresentar um contexto familiar e deve sugerir uma situação com uma imagem 
de domínio absoluto. O texto escrito não deve ser apresentado ainda, pois ao 
nomear as coisas a criança estabelecerá uma relação entre a realidade e o 
mundo do livro. 
 
 
37 
 
Os livros adequados para esta fase devem ter uma linguagem simples 
com início, meio e fim. As imagens devem ter precedência sobre o texto. Os 
personagens podem ser humanos, animais, robôs, objetos, sempre 
especificando traços comportamentais como bom e ruim, forte e fraco, feio e 
bonito. Histórias interessantes, ou histórias do bem vencendo o mal, atraem 
muitos leitores nesta fase. Seja usando contos de fadas ou textos da vida 
cotidiana, segundo Coelho (ibid., p. 35), eles devem estimular a imaginação, a 
inteligência, a emoção, o pensamento, o querer, o sentir. 
O leitor em processo (a partir dos 8/9 anos): as crianças nesta fase já 
dominam a mecânica da leitura. Sua mente está mais desenvolvida e pode 
realizar operações mentais. Ele se interessa por todo tipo de conhecimento e 
pelos desafios que se apresentam a eles. Os leitores nesta fase gostam muito 
de humor e textos em situações inesperadas ou satíricas. O realismo e as 
imagens também agradam ao leitor. Livros adequados para esta etapa devem 
apresentar imagens e texto, ser escritos em frases simples e comunicar de forma 
direta e objetiva. Segundo Coelho (2002), deve conter começo, meio e fim. O 
tema deve girar em torno de um conflito que tornará o texto mais emocionante 
e, finalmente, resolverá o problema. 
O leitor fluente (a partir dos 10/11 anos): este leitor está consolidando a 
mecânica de leitura. Sua concentração ficou cada vez mais forte, e ele foi capaz 
de entender o mundo expresso no livro. Segundo Coelho (2002), é a partir dessa 
fase que as crianças desenvolvem o "pensamento hipotético dedutivo" e as 
habilidades de abstração. Essa fase, conhecida como pré-adolescência, 
promove grandes mudanças no indivíduo. Há uma sensação de força interior, 
vendo-se como uma pessoa inteligente e ponderada que pode resolver todos os 
problemas por conta própria. Há aqui uma restauração do egocentrismo infantil, 
pois assim como as crianças nessa fase, as crianças pré-púberes podem 
apresentar certo desequilíbrio com o meio em que vivem. 
Leitores fluentes serão atraídos por histórias que demonstram valores 
políticos e morais, heróis ou heroínas que lutam por ideais. Eles se identificam 
com textos que mostram os jovens encontrando espaço no meio em que vivem, 
seja em grupos, equipes, etc. É apropriado fornecer essas histórias aos leitores 
em uma linguagem mais detalhada. As imagens não são mais essenciais, mas 
ainda são um poderoso elemento de atração. Eles estão interessados em mitos 
 
 
38 
 
e lendas, histórias de detetive, romances e aventuras. Os gêneros narrativos 
mais populares são contos, crônicas e romances. 
Leitores críticos (de 12 a 13 anos) nesta fase têm pleno domínio da leitura 
e da linguagem escrita. Sua capacidade de refletir aumentou, permitindo-lhe a 
intertextualização. Gradualmente vai desenvolvendo o pensamento reflexivo e 
uma consciência crítica do mundo. Sentimentos como saber, fazer e poder são 
elementos que perpassam a adolescência. Segundo Coelho (2002, p.40), a 
convivência do leitor crítico com o texto literário deve ser inferida do mero gozo 
do prazer ou da emoção, devendo motivá-lo ao mecanismo da leitura. 
O leitor crítico continua interessado no tipo de leitura da etapa anterior, 
porém, é necessário que ele compreenda os conceitos básicos da teoria literária. 
Segundo Coelho (ibid., p. 40), a literatura é considerada a arte da linguagem e, 
como qualquer arte, requer esclarecimento. Portanto, leitores críticos não podem 
ignorar certos conhecimentos sobre literatura. 
11 O LIVRO INFANTIL: SUA ESTÉTICA E SEUS ENCANTAMENTOS 
 
Fonte: midiostore.com.br 
A leitura é um fato cultural: pode-se viver sem ela, e é exatamente isso 
que aconteceu durante séculos. No entanto, o ser humano, sem dúvida, 
enriqueceu-se culturalmente depois de traduzir sons em símbolos gráficos. 
 
 
39 
 
Assim no maravilhoso mundo dos livros, a criança descobre, além da diversão, 
a capacidade de criar, imaginar e replicar histórias do submundo, onde criará 
realidade e fantasia, sempre combinadas no ambiente infantil. O livro é uma 
ferramenta que permite aos professores ensinar seus alunos a ler corretamente, 
bem como interagir socialmente com as crianças para desenvolver leitores 
críticos. Nesse sentido, quanto mais cedo as crianças forem expostas aos livros, 
mais poderão sentir a alegria de ler, e maior será a probabilidade de se tornarem 
leitores adultos. 
Assim, é por meio da leitura que as crianças adquirem disposições críticas 
e reflexivas extremamente relevantes para sua formação cognitiva. 
Segundo Sandroni e Machado (1991), o livro é a reconhecimento de 
cores, figuras, formas, papéis e sons para os pequenos de 0 a 3 anos, e ela se 
propõe a montar uma história a partir desses números. Cada época exige 
conteúdos especialmente desenvolvidos para atender às suas necessidades, 
estimular a curiosidade das crianças pequenas e transmitir informações da forma 
mais correta. Portanto, é necessário expor as crianças a personagens simples e 
coloridos, objetos que são conhecidos na sociedade, nos quais podem se 
identificar mesmo sem saber o nome, tudo deve ser apresentado em páginas 
brilhantes, e muitas cores e desenhos bem feitos. 
As crianças devem ser capazes de processar e ter contato próximo com 
os livros para desenvolver uma relação de interesse. Mas como escolher o livro 
infantil certo? Segundo Machado e Sandroni (1991), as crianças pequenas 
precisam do auxílio de ilustrações, que devem ter linguagem direta para ajudar 
a compreender as palavras que vão ouvir. 
Também, as crianças precisam ouvir histórias de diferentes gêneros e 
autores. Acredita-se que um bom livro apresenta a realidade de uma forma nova 
e criativa, permitindo que as crianças descubram as entrelinhas do texto. Da 
mesma forma, Machado e Sandroni (1991) levantam algumas questões sobre a 
seleção de livros. 
 
 
40 
 
 
Com base nessa análise, é importante ressaltar a idade e a capacidade 
de compreensão da criança. Para as crianças pequenas, as imagens do livro 
devem ser facilmente traduzidas para sua compreensão, pois as letras ainda são 
um símbolo incompreensível para elas, ou seja, não têm significado. É por isso 
que o tamanho da fonte não importa. Uma ilustração é entendida como uma 
representação gráfica de uma ideia, por isso as crianças muitas vezes criam uma 
relação entre a imagem e o texto do livro. Coelho (2000) afirma que o processo 
de análise de uma obra como um todo é realizado por meio de uma série de 
questões listadas a seguir que permitem a reflexão 
 
 
 
 
41 
 
 
 
Compreensivelmente, essas questões permitem refletir sobre o propósito 
ou a consciência do educador ao fazer as escolhas certas na literatura. Nicolielo 
(2015) os livros de brinquedo são importantes aliados, eles podem tornar as 
crianças mais próximas aos livros de leitura, além disso, ao interagir com esses 
livros, as crianças desenvolvem uma relação espontânea com a leitura e 
desfrutam da experiência literária sem deixar de brincar, que é uma das 
necessidades importantes da infância. 
Alguns livros infantis também contribuem para as conquistas das crianças 
no desenvolvimento infantil e ajudam os professores em suas práticas 
pedagógicas diárias. Aqui estão alguns deles: 
 
 
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Percebe-se que, hoje, os livros infantis abordam problemas cotidianos que 
fazem parte do cotidiano da prática docente

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