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Thais Alves Fagundes HISTÓRIA GINECOLÓGICA E RASTREAMENTO DE CÂNCER DE COLO DO ÚTERO ANAMNESE: HISTÓRIA GINECOLÓGICA • Ciclo menstrual: o DUM: data da última menstruação (primeiro dia de sangramento menstrual) o Menarca, telarca, pubarca o Fluxo menstrual: regularidade, duração, volume, dismenorreia, sintomas associados ▪ Em mulheres que utilizam ACO, registrar como era o ciclo antes do medicamento. • Contracepção: método utilizado, efeitos colaterais e uso de preservativos • História sexual: sexarca, número de parceiros, se há parceiro fixo e há quanto tempo, ISTs. • Histórico obstétrico: o GPA: número de gestações, partos e abortos (realizou curetagem). o Data do último parto e intervalo interpartal (se curto, há maior risco de intercorrências). o Caracterização da gestação e puerpério: data, tipo de parto, intercorrências, infecções, amamentação. • História pregressa: patologias, cirurgias (pp. pélvicas e mamárias – histerectomia e motivo para retirada do útero), alergias medicamentosas. • História familiar: câncer de mama, útero e ovário (parentesco); trombose venosa profunda (ACO). • Exames: o Citologia oncótica (> 25 anos, se sexarca): data do último exame e resultado. o Mamografia (50 anos) • História social: etilismo, tabagismo, sedentarismo, obesidade, atletismo (alterações do eixo HHO, oligomenorreia, atraso puberal). RASTREAMENTO DE CÂNCER DE COLO DO ÚTERO EXAME FÍSICO GINECOLÓGICO EXAME DA GENITÁLIA EXTERNA Posição de litotomia: deitada (barriga para cima) com as pernas encaixadas na perneira da mesa ginecológica. Inspeção vulvar e perianal. Inspeção estática vulvar e perianal: lesão, tumoração, verruga e secreção; Pele, distribuição de pelos; Conformação dos grandes e pequenos lábios; Períneo (observar se existe rotura), meato uretral, clitóris, paredes anterior e posterior do canal vaginal; Presença de muco claro e transparente (fisiológico). Inspeção dinâmica: • Solicita-se à paciente que faça força pra baixo ou manobra de Valsalva. o Procedência da parede anterior (cistocele) e posterior (retocele). o Prolapsos (prolapso uterino) o Incontinência urinária de esforço. Thais Alves Fagundes EXAME DA GENITÁLIA INTERNA Exame especular: Indicações: sexarcas, presença de corrimento. Orientações: abstinência sexual nas 24 horas que antecedem o exame; Não realizar o exame no período menstrual; Não usar lubrificante. Espéculo: dispositivo introduzido no canal vaginal para afastar as paredes anterior e posterior, permitindo a avaliação das paredes vaginais e do colo do útero. Pode ser de inox ou acrílico (descartável). O tamanho varia de acordo com o tamanho da paciente e história de parto normal (PMG ou I, II e III). Técnica do exame: introdução do espéculo na vagina, em um ângulo de 45%, fechado, para baixo (borboleta para baixo), mediante o afastar dos pequenos lábios com os dedos indicador e médio da outra mão. Durante a introdução da metade do especulo, girar o espéculo para posição neutra em graus, até visualizar o colo uterino, sempre para baixo (afastado da uretra). Abertura do espéculo por meio da borboleta e observação se o colo está visível. Se sim, introduz todo o espéculo e encaixa o colo. Segure o espéculo durante todo o exame. Para retirar, abertura para desprender do colo e remoção devagar concomitante ao fechamento e rotação (para sair oblíquo e para baixo). Avalia-se: coloração das paredes vaginais e trofismo (rósea ou tom mais pálido e vagina atrófica na pós-menopausa), lesões, secreções, aspecto do colo uterino (colo em morango/framboesa). • Exame a fresco: o Exame direto: trichomonas (tricomoníase), fungo leveduriforme (candidíase), clue cells (vaginose). o Coloração de gram: cocobacilo gram-lábil (vaginose bacteriana). • Teste de aminas: acréscimo de uma gota do hidróxido de potássio (KOH) a 10% na secreção colhida. o Causa lise das células e liberação de aminas voláteis produzidas pelo metabolismo anaeróbio. o Positivo se cheiro de peixe, confirmando a infecção (vaginose bacteriana). Citologia oncótica do colo uterino / Colpocitologia oncótica / Papanicolau / Preventivo: Colher células da endocérvice e da ectocérvice para detectar lesões precursoras do câncer ou câncer de colo uterino. Rastreamento: mulheres entre 25 a 64 anos, se sexarcas (MS). Anual, após 2 exames normais, a cada 3 anos. Com 2 exames normais nos últimos 5 anos. Se imunossupressão, inicialmente semestral e posteriormente anual. OBS.: antes dos 25 anos as lesões são NIC I, autolimitadas, tendem a remissão. Identificação da paciente: lâmina (nome, data) e formulário (DUM, gestação, contraceptivo hormonal, DIU). Técnica: • Espátula de Ayre: introduzir na região ectocervical e girar 360°. Colocar o material na metade da lâmina. o Encaixar a parte mais longa da espátula no orifício externo do colo uterino e fazer a raspagem. • Cytobrush (escova): introduzir na região endocervical e girar 360°. Colocar o material na lâmina. o Encaixar a escova dentro do canal uterino e fazer a coleta. • Lâmina: dividir a lâmina em duas partes o Coleta ectocervical: sentido transversal, próximo à extremidade fosca. o Coleta endocervical: rotação da escova, no sentido longitudinal, apenas uma vez. • Fixação: colocar a lâmina em frasco contendo álcool para fixar ou fixada com spray apropriado. • Limpar o colo do útero com a pinça de Cheron e gaze com ácido acético (“batendo”, esfregando causa cólica). Qualidade da amostra: satisfatória e insatisfatória. Thais Alves Fagundes Teste de Schiller Avaliação de possíveis lesões no colo. Técnica: • 1) Limpeza do colo uterino com ácido acético (mucolítico, que remove o excesso de secreção). o Área acetobranca: áreas com lesão. • 2) Aplicação da solução iodada de Schiller (lugol) sobre o colo do útero. Células do ectocérvice, constituído por epitélio estratificado do colo uterino são ricas em glicogênio, que sofre reação com o iodo da solução, corando o colo em marrom. Células de uma área lesionada possuem depleção de glicogênio, não ocorrendo a reação com o iodo, ou seja, a lesão não cora. o Teste de Schiller negativo (iodo positivo): coloração escura de todo o colo. o Teste de Schiller positivo (área iodo negativo): parte do colo não corada. ▪ Pode indicar presença de lesões precursoras do câncer de colo de útero. ▪ Indicativo de colposcopia e biópsia. • 3) Descorar com bissulfito de sódio (parte dispensável no exame ginecológico habitual). • OBS.: células do endocérvice constituído por epitélio colunar simples, que sofreram eversão (ectrópio) e metaplasia não são coradas pelo iodo, pois possuem pouco glicogênio. Colposcopia: Indicações: alterações citológicas suspeitas de lesões pré-cancerosas e cancerosas do colo uterino (NIC I, II e III), teste de Shciller positivo (área iodo negativo), controle e tratamento de NIC. Colposcópio: aumenta as lesões, permitindo a visão detalhada da área e possibilitando biópsias. TOQUE VAGINAL Técnica: paciente em posição ginecológica, examinador de frente para a paciente, utilizando as duas mãos (toque bimanual). Afastar os lábios e introduzir a mão mais hábil na vagina (dedos indicador e médio). Com a outra mão realizar a palpação pélvica, através da parede abdominal. Avalia-se: • Vagina: amplitude, consistência, temperatura, comprimento, lesão ou nodulação e superfície. • Colo do útero: posição, superfície, consistência, lesões exofíticas, abertura do orifício externo, o Com os dedos no fundo da cavidade encontra-se o colo uterino. o Mão de fora realiza uma pressão para que se possa avaliar o colo e o útero. o Mão vaginal auxilia a apreensão do útero (acima da sínfise púbica) e dos anexos. • Corpo uterino: tamanho, forma, mobilidade (com o toque bimanual), posição (anterovertido ou retrovertido). • Anexos (tubas e ovários): massas, processos inflamatórios ou neoplásicos. o Dedos introduzidos na vagina descolados paraambos os lados. o Mão abdominal deslocada lateralmente em direção às fossas ilíacas. ▪ Ovários não são palpáveis (exceto em pacientes muito magras e no período fértil). ▪ Tubas normais não são palpáveis. ▪ Processos inflamatórios ou neoplásicos parametriais (dor, calor ao toque). Thais Alves Fagundes CÂNCER DE COLO DE ÚTERO Fator de risco: infecção pelo HPV Epidemiologia: • Número de casos: 16.340 (2016 - INCA). Terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal. • Número de mortes: 5.430 (2013). Quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. • Detecção precoce pelo exame citopatológico. Taxa de cura ~100% quando diagnosticado precocemente. História natural do câncer do colo do útero: • Longo período de lesões precursoras, assintomáticas, curáveis na quase totalidade dos casos quando tratadas adequadamente, conhecidas como NIC II/III, ou lesões de alto grau, e AIS. • NIC I: o Representa a expressão citomorfológica de uma infecção transitória produzida pelo HPV. o Têm alta probabilidade de regredir. o Não é considerada como lesão precursora do câncer do colo do útero. EXAME CITOPATOLÓGICO (PAPANICOLAU) Início da coleta aos 25 anos, para mulheres que iniciaram a atividade sexual. Intervalo de 3 anos entre os exames. Após dois exames negativos com intervalo anual. Exames devem seguir até os 64 anos e podem ser interrompidos após essa idade quando houver dois exames negativos nos últimos cinco anos. • Porque não rastrear antes dos 25 anos? o Incidência do câncer invasor do colo do útero em mulheres até 24 anos é muito baixa e o rastreamento é menos eficiente para detectá-lo. o Início do rastreamento mais precoce representaria um significativo aumento de diagnósticos de lesões de baixo grau, que apresentam grande probabilidade de regressão e resultam num aumento significativo de colposcopias e na possibilidade de sobretratamento. Maior risco de morbidade obstétrica e neonatal associado a uma futura gestação. Situações especiais: • Gestantes e mulheres na pós menopausa devem seguir a rotina de rastreamento normal. • Mulheres submetidas a histerectomia total por lesões benignas podem ser excluídas do rastreamento desde que apresentem exames anteriores normais. • Mulheres sem história de atividade sexual não devem ser rastreadas. • Imounosuprimidas: intervalos semestrais no primeiro ano e, se normais, manter seguimento anual. Análise dos resultados: qualidade do exame • Adequabilidade da amostra o Satisfatória x insatisfatória (repetir em 6 a 12 semanas) o Material hipocelular o Presença de sangue, piócitos, dessecamento, contaminantes, superposição celular • Representatividade da amostra o Epitélio escamoso, glandular e metaplásico. o Se somente escamoso repetir em 1 ano. • Presença de patógenos • Presença de displasia Thais Alves Fagundes Alterações benignas: • Associadas com inflamação • Com atrofia com ou sem inflamação • Associadas com radiação • Associadas com DIU • Infecções: Candida spp., Trichomonas vaginalis, Gardnerella vaginalis, Actinomyces, Clamídia, Herpes. Classificação de Bethesda: LSIL: • Lesão pavimentosa intraepitelial de baixo grau. • Alterações celulares moderadas na superfície do colo do útero. • Na maioria das vezes, provocadas por infecções por HPV. • Ocorrem sobretudo em mulheres jovens. • Maioria das LSILs mantém seu estado ou desaparece, mesmo sem tratamento. Contudo, algumas tornam-se lesões de alto grau. HSIL: • Lesão pavimentosa intraepitelial de alto grau. • Citologia HSIL têm um aspecto muito diferente do das células normais. • Mulheres com uma citologia HSIL têm um risco elevado de ter uma lesão pré-cancerígena. Adenocarcinoma in situ: • Carcinoma não invasivo, células cancerosas estão restritas à superfície do colo do útero. • Cepas de risco alto ou baixo podem estar presentes. Resultados e condutas: Thais Alves Fagundes VAGINA HPV Disponíveis: Contraindicações: gestantes, sensíveis a um componente da vacina, doença aguda, coagulopatia. Efeitos colaterais: dor, vermelhidão ou inchaço no local da picada, dor de cabeça e febre superior a 38ºC. OBS.: vacina contra o HPV não substitui a necessidade de exames ginecológicos preventivos e o uso de camisinha durante a relação sexual.
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