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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 RINOSSINUSITES - É todo processo inflamatório da mucosa de revestimento da cavidade nasal e dos seios paranasais - Rinite e sinusite são doenças em continuidade a rinite existe isoladamente, mas a sinusite sem rinite é de ocorrência rara - Estima-se que seja responsável por 9-21% de todas as prescrições pediátricas e adultas de antibióticos, respectivamente - As rinossinusites ocorrem geralmente após uma IVAS (80% dos casos) ou após quadro alérgico (20%) FISIOPATOLOGIA: - A patogênese da rinossinusite é multifatorial e envolve uma complexa interação entre mecanismo de defesa do hospedeiro e a virulência do patógeno - Chave para função normal sinusal sistema de transporte mucociliar, sendo o nariz e os seios paranasais revestidos por epitélio ciliado colunar pseudoestratificado O transporte mucociliar funciona como uma barreira para infecção por remover bactérias e partículas inaladas - O que é fundamental para a fisiologia normal dos seios paranasais? 1. Qualidade das secreções nasais 2. Função mucociliar normal 3. Patência dos óstios de drenagem mais importante fator - Obstrução do óstio sinusal, parcial ou completa, resulta em estagnação de secreções, queda do pH e da tensão de oxigênio dentro do seio, essas alterações favorecem o crescimento bacteriano secreção estagnada e infecção bacteriana causam inflamação mucosa - A qualidade e caráter da secreção sinusal muda durante a evolução da rinossinusite muco espesso, que não pode ser efetivamente removido do seio, se torna meio de cultura para crescimento bacteriano. Em adição, secreção espessa obstrui o óstio sinusal e estimula o ciclo sinusal CLASSIFICAÇÃO: - Quanto ao tempo da doença: Aguda < 4 semanas os sintomas se resolvem completamente Sub-aguda 4 semanas – 3 meses os sintomas se resolvem completamente Crônica mais de 12 semanas dos sintomas (mais de 3 meses) sintomas persistentes residuais como tosse, rinorreia e obstrução nasal Aguda recorrente 4 ou + episódios de RSA no intervalo de 1 ano É necessário ter resolução completa dos sintomas entre eles Crônica agudizada os pacientes tem sintomas respiratórios residuais que são superajuntados com novos e após tratamento com atb os últimos resolvem, permanecendo os primeiros NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 ANATOMIA: - Os seios maxilares e etmoidais estão presentes desde o nascimento - O esfenoide e frontal aparecem entre 2-3 anos de idade - O desenvolvimento completo dos seios ocorre aos 18 anos de idade FATORES PREDISPONENTES: FATORES LOCOREGIONAIS: - Obstrução mecânica do complexo óstio-meatal: IVAS Rinite alérgica Desvio de septo Adenoides Pólipos - Acometimento da função ciliar por exposição: Condicionadores de ar Uso de drogas Medicamentos Exposição a fumaças tóxicas Uso de cigarro - Atresia de coanas a coana é o “fundo” do nariz, o mais frequente é unilateral, quando é bilateral a cirurgia é imediata - Infecção dentária (rinossinusite odontogênica) FATORES SISTÊMICOS: - Condições debilitantes: Desnutrição Uso prolongado de esteroides Diabetes descompensado Quimioterapia Transplantados em uso de imunossupressores - Imunodeficiências AIDS Deficiências de IgG ou IgA - Fibrose cística e discinesia ciliar - Vasculites RINOSSINUSITE AGUDA: - O diagnóstico é feito pelo quadro clínico e exames subsidiários - A rinussinusite aguda raramente é limitada a um único seio - O sintoma mais frequente é a DOR que pode ser nasal, facial ou pode se manifestar como cefaleia. Em geral, se inicia pela manhã e diminui durante o dia, isso se explica pelo acúmulo de secreção durante o sono - Outros sinais e sintomas menos frequentes incluem dor de cabeça vaga, halitose, anosmia e rinorreia posterior com tosse - Febre está presente em 50% dos adultos com rinossinusite aguda - O quadro doloroso é geralmente acompanhado de obstrução nasal e rinorréia, geralmente verdeamarelada, que pode ser uni ou bilateral - Exame físico freqüentemente revela secreção purulenta na região do meato médio. Além disso, a mucosa está difusamente congesta - Os seios paranasais podem ser sensíveis à palpação - Sintomas por menos de 4 semanas - Febre e dor facial na ausência de outros sinais e sintomas nasais não são sugestivos de rinossinusite bacteriana Diagnóstico: 2 MAIORES OU 1 MAIOR + 2 MENORES SINTOMAS MAIORES: Dor facial/pressão Rinorreia posterior NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 Obstrução nasal Secreção nasal espessa Hiposmia Secreção purulenta ao exame SINTOMAS MENORES: Cefaleia Febre Halitose Fadiga Tosse Plenitude auricular / otalgia DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: - Não tem como uma criança de 4 anos ter sinusite, pois até os 4 anos não há desenvolvimento dos seios paranasais - Rinite Aguda Bacteriana - Adenoidite Aguda Bacteriana o tratamento é o mesmo que o da rinossinusite bacteriana nessas situações - Corpo estranho em cavidade nasal . O quadro típico é rinorreia fétida unilateral - Rinite crônica o quadro clínico é provocado por uma obstrução nasal crônica - Rinite Aguda Epidêmica AGENTES ETIOLÓGICOS: - Crianças: • Streptococcus pneumoniae (30 - 40%) • Haemophilus influenzae (20 – 28%) • Moraxella catarrhalis (20 – 28%) • Anaerobios - Adultos: • Streptococcus pneumoniae (30 - 45%) • Haemophilus influenzae (22 – 35%) • Moraxella catarrhalis • Anaerobios EXAMES COMPLEMENTARES: ENDOSCOPIA NASAL: - Recomendada em todos os pacientes com qualquer tipo de queixa nasal - Utiliza-se endoscópio rígido de 0°, 30°, 45° e 70° - Pode haver presença de pólipos ou rinorreia mucopurulenta ou edema - O endoscópio ainda permite a sinusoscopia para biópsia e coleta de material para cultura TOMOGRAFIA: - O diagnóstico de algumas variações anatômicas que não são feitos de rotina pelo exame endoscópico pode ser feito pela tomografia - TC plano coronal modalidade de escolha para avaliação das RSAs - Padrão ouro para avaliação de rinossinusites crônicas - TC dos seios paranasais indicada em RSA que não estejam evoluindo bem mesmo com o tratamento clínico adequado - Doenças fúngicas devem ser sempre lembradas quando se observa densidade de metal nos seios paranasais, tanto à CT quanto ao RX simples NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 - Não é necessária na rinossinusite aguda exceto em 2 situações: suspeita de complicação ou programação cirúrgica quando indicada RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: - Avaliação de complicações regionais e intracraniana de doença sinusal - Diagnóstico diferencial neoplásicos - Suspeita de rinossinusite fúngica RX: - As alterações radiológicas que podem estar presentes na rinossinusite aguda são: espessamento de mucosa, nível líquido ou opacificação completa do seio - Estudos comparativos demonstraram pouca acurácia em relação a TC - Pouco utilizado atualmente! TRATAMENTO: RINOSSINUSITES VIRÓTICAS OU PÓS- VIRÓTICAS: - Esse tipo de sinusite não deve ser tratada com antibióticos - O tratamento é feito visando reduzir os sintomas, e não existe uma receita padrão - É baseado na prescrição de: 1. Descongestionantes nasais para aliviar a obstrução nasal 2. Lavagem/ irrigação nasal para ajudar no escoamento das secreções 3. Analgésicos ou anti-inflamatórios para combate da dor - O principal desafio é não usar o antibiótico para tratar as rinossinusites agudas virais - Maioria dos pacientes chegam para consulta pedindo antibiótico, apenas 0,5-2% das RSA são, de fato, de origem bacteriana - Uso de corticoide no tratamento das rinossinusites agudas: Recomendadopara o tratamento de pacientes que tem dor facial importante, pois esse medicamento ajuda no alívio do desconforto facial Tratamento é VO, 3-5 dias, quando o paciente tem dor facial intensa Corticoide tópico auxilia a reduzir o edema do meato médio, e pode ser indicado em monoterapia ANTIBIÓTICOTERAPIA NAS RINOSSINUSITES AGUDAS BACTERIANAS: - O antibiótico deve ser reservado para casos de rinossinusite severa, em que os sintomas não regridem em até 7 dias do início dos sintomas, uma vez que até esse período a maioria dos quadros gripais já se resolveram 1ª escolha amoxicilina boa resposta na maioria dos casos (80%) - Para pacientes com hipersensibilidade, as alternativas são: azitromicina e claritromicina COMPLICAÇÕES: - Podem ser orbitrárias, intracranianas ou ósseas - As sinusites agudas parecem ser causa mais frequente de infecções orbitárias, assim como 50- 75% dos abscessos intracranianos NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 - As complicações intracranianas mantem alta taxa de mortalidade - Imaturidade imunológica, óstios mais estreitos que facilitam estase de secreções, ossos diplóicos e maior vascularização das paredes ósseas dos seios facilitam a disseminação do processo inflamatório para órbita e região intracraniana na faixa etária pediátrica COMPLICAÇÕES ORBITÁRIAS AGUDAS: - As vias de disseminação podem ser hematogênicas, por contiguidade e continuidade CELULITE PERIORBITÁRIA: - Edema palpebral sem evidência de infecção em órbita - É a complicação orbitária mais encontrada - Ocorre obstrução do sistema de drenagem venosa das pálpebras levando a edema inflamatório - Não há limitação da movimentação ocular ou comprometimento da acuidade visual - O septo orbitário e o tarso representam uma importante barreira contra a disseminação da infecção para planos mais profundos ABSCESSO SUBPERIOSTAL: - Coleção purulenta entre a periórbita e a parede óssea da órbita - Decorre do envolvimento do seio etmoidal ou frontal - Celulite orbitária geralmente está presente, manifestando-se por limitação de movimentação da musculatura extra-ocular secundário ao edema ou espasmo da musculatura - Nenhuma alteração da acuidade visual ocorre no início do quadro, porém, em estágios avançados pode estar prejudicada - Proptose e deslocamento do globo ocular látero- inferiormente são sinais usuais COMPLICAÇÕES INTRACRANIANAS: - Existem duas vias de infecção dos seios paranasais para a cavidade intracraniana: 1) tromboflebite retrógrada através de veias diplóicas do crânio e do osso etmóide ou veias comunicantes (veias diplóicas de Breschet), processo também chamado de extensão por continuidade 2) extensão direta da infecção sinusal através de deiscências congênitas ou traumáticas, erosão de parede sinusal, isto é osteomielite, e de forames existentes (ex: nervos olfatórios) chamado de contiguidade. Meningites Abscesso epidural Empiema subdural Tromboflebite de seios venosos Abscesso cerebral ABSCESSO CEREBRAL: - Os abscessos cerebrais originam-se principalmente do seio frontal e etmoidal decorrem de tromboflebite e implantação séptica, especialmente em áreas de baixo fluxo sanguíneo - Streptococcus e Staphylococcus são os agentes mais comumente encontrados - O paciente pode apresentar distúrbios de personalidade, perda da capacidade mental e confusão, além da febre e outros sintomas - O abscesso é típico na tomografia, caracterizado por um realce periférico e a área central de baixa densidade. Pode haver diminuição dos ventrículos por efeito de massa - A progressão natural do abscesso é óbito, por aumento da pressão intracraniana ou ruptura do abscesso nos ventrículos
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