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VICTORIA ALENCAR – 6º SEMESTRE – UNIFTC – 2021.1 2 otorrino aula 8 – patologias do anel linfático de waldeyer anatomia da faringe · Dividida em 3 áreas anatômicas: 1. Palato mole; 2. Úvula; 3. Arco palatoglosso (pilar anterior); 4. Arco palatofaríngeo (pilar posterior); 5. Parede posterior da orofaringe. OBS: A tonsila palatina, amígdala, se localiza entre o pilar anterior e o pilar posterior, que são dois músculos. · Inervação sensitiva na faringe: nervo trigêmeo (V); · Inervação motora da faringe: nervo vago (X) e nervo glossofaríngeo (IX). anatomia e fisiologia do anel linfático de waldeyer (ALW) · Por situar-se estrategicamente na entrada dos tratos aéreo e digestivo, sua função é: · Órgão linfático periférico relacionado à mucosa, com função de coletar informação antigênica; · Apresentação de antígenos e produção de linfócitos. · Aglomerações de tecido linfóide ao longo da faringe. 1. Tonsila faríngea (adenóide) – localizada na região do cavum; 2. Tonsilas tubárias – localizadas em volta da tuba auditiva; 3. Tonsilas palatinas (amígdalas) – localizadas entre o pilar anterior e o pilar posterior; 4. Tonsilas linguais – localizadas na base da língua. OBS: Além desses aglomerados mais específicos, temos tecido linfóide espalhado por toda a faringe, principalmente em sua parede posterior – denominados ILHAS DE TECIDO LINFÓIDE DA PAREDE POSTERIOR DA FARINGE, pequenos grânulos aglomerados de tecido linfoide não tão grandes quanto as tonsilas. tonsila faríngea (adenóide) · Situa-se na parede posterior da rinofaringe (região do cavum); · Nasofaringe: passagem de ar e secreções, caixa de ressonância para a fala e área de drenagem da tuba auditiva; · Aumenta na infância por estímulos antigênicos e involui na puberdade. Ou seja, iremos encontrar a adenoide dos 2-3 anos de idade, principalmente aos 3 anos; dos 10-12 anos de idade o paciente involui a adenoide e aos 18 anos possui pouquíssimo tecido de adenoide. · Se encontrarmos um tecido localizado na região da adenoide em um paciente de, por exemplo, 40 anos, este tecido se trata provavelmente de uma neoplasia e não de adenoide propriamente dita. · Na fase adulta ao encontrar um tecido na região do cavum este deve ser retirado e enviado para estudo anatomopatológico, pois normalmente é uma neoplasia. tonsilas faríngeas e palatinas · Tonsilas faríngeas e palatinas (amígdalas) geralmente são afetadas simultaneamente pelos processos patológicos (amigdalite + adenoidite simultaneamente, por exemplo; se há hipertrofia de amígdala muito provavelmente há hipertrofia e adenoide também); · Tonsila palatina é o único órgão linfoide em contato com o meio externo (ao se abrir a boca); · As tonsilas são inervadas por ramos do nervo glossofaríngeo e vago, que também inervam as orelhas externa e média, justificando a otalgia reflexa em processos inflamatórios e neoplásicos do ALW – o que ocorre é uma dor reflexa por inflamação desses nervos. Existem tumores em região de faringe que o primeiro sintoma é uma otalgia, exatamente por esse processo dos nervos inervarem ambas as regiões. patologias adenoamigdalianas · Infecção/ inflamação; · Neoplasias; · Patologias obstrutivas. infecção/inflamação OBS: é importante ressaltar que as adenoidites são difíceis de distinguir de outras infecções de vias aéreas superiores (VAS) e até mesmo de rinossinusites bacterianas agudas, pois os sintomas são os mesmos. Existem pacientes com adenoidites recorrentes que são confundidos com rinossinusites recorrentes. O quadro é de rinossinusite, mas nestes casos o tratamento é a retirada da adenoide e logo há melhora dos sintomas. OBS 2: Nem sempre se trata apenas de uma adenoidite, em alguns casos sob a região da adenoide se apresenta uma colônia de bactérias, formando um biofilme, que predispõe tanto a rinossinusite, quanto também a otite média com efusão. Entretanto, essa diferenciação é muito difícil de ser feita, mas quando há a associação de rinossinusite crônica + otite média com efusão/ secretora é bem sugestivo de adenoidite crônica. OBS: essa classificação de amigdalite recorrente é bem importante, pois definem os critérios para cirurgia de amigdalectomia. Se o paciente chega com tais critérios, ele já pode ser operado, entretanto existem médicos que preferem primeiro tentar um tratamento medicamentoso, fortalecendo o sistema imunológico e esperar que os pacientes saiam desses critérios e melhorem, evitando a cirurgia. OBS 2: os cálculos amigdalianos são também chamados de cáseos amigdalianos. AGENTES ETIOLÓGICOS · Mesmo o paciente apresentando febre e exsudato purulento, a maioria das infecções são virais e não necessitam uso de antibióticos (nem mesmo em casos bacterianos as vezes são necessários). · Vírus: responsáveis por até 75 % dos casos vírus sincicial respiratório, rinovírus, parainfluenza A e B e EBV; · Bactérias: streptococcus pyogenes do grupo A podem ser encontrados em 20% dos portadores assintomáticos. Sua presença em testes de culturas e imunológicos não podem ser interpretados como presença de infecção. Até mesmo em quadros infecciosos ele pode estar presente e não ser o causador e sim apenas um transeunte na região. infecções bacterianas · É importante buscar se aquilo se trata de uma infecção pelo Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (SBHGA) – S. pyogenes; · Suspeita que os não SBHGAs possam ser colonização bacteriana em casos virais; · Suspeita de SBHGA: · Idade de 5-15 anos; · Outono/inverno; · Ausência de sintomas virais (tosse e rinorréia); · Leucograma (leucocitose com desvio à esquerda); · Febre alta; · Linfadenopatias dolorosas anteriores; · Dor de garganta + tonsilas com exsudato purulento. · Diagnóstico: · Cultura de orofaringe (alta sensibilidade e especificidade) – demora de 18-48 horas, por isso não é muito pedida; - Se tratada no início do curso da infecção, o período de comunicabilidade/ transmissão se reduz; - Cultura não diferencia entre estado de infecção e de carreador/ transeunte (20% dos SBHGA encontrados são cônicos da região e não causadores da infecção). · Testes de detecção rápida (pouco sensíveis) casos suspeitos com teste negativo: fazer cultura; · Pouco usados no Brasil – são caros; · Crianças com tosse, rinorréia, disfonia e úlceras orais não precisam de investigação – provavelmente viral. · O tratamento do SBHGA visa prevenir complicações supurativas (abcessos) e não-supurativas (febre reumática), diminuindo a morbimortalidade e transmissibilidade; · Incubação do SBHGA: 2-5 dias; · SBHGA é raro em < 3 anos; · Pouco frequente entre 3-5 anos e mais frequente entre os 5-15 anos; · Transmissão contato direto; · Sinais (descritos por Centor): · Exsudato tonsilar purulento; · Linfadenopatia cervical anterior; · Ausência de tosse; · Febre. · Tratamento: · Objetivo: prevenir complicações supurativas e não supurativas; · Diminuir infectividade; · Encurtar o curso da doença (se tratamento iniciado cedo); · Não previne glomerulonefrite; · Penicilina (mais utilizadas na emergência) ou Amoxicilina + clavulanato (mais utilizados no atendimento ambulatorial); · Cefalosporinas (cefuroxima); · Clindamicina; · Claritromicina; · Azitromicina (já existe muita resistência a ele nas VAS). · Indicações de amigdalectomia: 1. Amigdalites de repetição – frequência de 7 ou mais episódios em 1 ano ou 5 ou mais episódios por ano, em 2 anos consecutivos ou 3 ou mais episódios por ano, em 3 anos consecutivos. - Cada episódio deve apresentar pelo menos uma das seguintes características: · Temperatura maior ou igual a 38,3 °C; · Linfadenomegalia cervical maior que 2 cm; · Exsudato amigdaliano; · Cultura de secreção faríngea positiva para estreptococo beta-hemolítico do grupo A; · Tratamento com antibióticos com cobertura para estreptococos. 2. Abcesso amigdaliano – bastante controverso, para muitos é indicação formal de amigdalectomia pelo alto índice de recorrência (10-15%). Entretanto, diante de um paciente no primeiro episódio de abcesso sem história pregressa de amigdalites de repetição, a conduta expectante pode ser adotada, pois a amigdalectomiaa quente (no auge da infecção) neste caso tem muitos riscos de sangramento. 3. Profilaxia para febre reumática – ainda gera muitas discussões; 4. Aumento de volume unilateral ou suspeita de malignidade – processos malignos envolvendo as amígdalas são geralmente secundários a linfomas em crianças e carcinomas epidermóides em adultos – INDICADA A CIRURGIA DE FORMA INCONTESTÁVEL. 5. Amigdalite cônica/ halitose – considerar a severidade e o grau de alteração na qualidade de vida do paciente para a indicação cirúrgica. 6. Portador crônico do Streptococcus pyogenes – o tratamento cirúrgico deve ser considerado quando na família houver casos de febre reumática, infecções de repetição e paciente com história de glomerulonefrite. OBS: O sistema imune do paciente piora após a cirurgia? Existem estudos que comprovam que o sistema imune pode cair e após 2 meses normalizar. OBS 2: Existe faringite de repetição após a remoção de amígdala? Pode ocorrer, mas diminui bastante a chance se for tratado o sistema imune antes da cirurgia (broncho vaxon e leucogen). COMPLICAÇÕES SUPURATIVAS · Abcesso peritonsilar/ amigdaliano: · Complicação mais comum na amigdalite aguda; · Flora mista com aeróbios e anaeróbios; · Sintomas alguns dias após início da amigdalite: - Piora da odinofagia/ unilateral/ associada à otalgia; - Piora da disfagia e halitose; - Trismo (comprometimento dos músculos pterigóideos internos); - Abaulamento da porção lateral e superior da tonsila; - Úvula deslocada; - Linfadenopatia dolorosa. · Punção pode ser diagnóstica e terapêutica (aspiração do pus no abcesso em consultório); · Antibioticoterapia; · Incisão de drenagem; · Tonsilectomia “a quente” – em desuso; · Tonsilectomia é indicada após 01 episódio de abcesso o abcesso pode ocluir a via aérea do paciente e o mesmo ficar sem respirar, levando-o a óbito. · Normalmente se encontra um abaulamento que se inicia em região de pilar anterior e palato mole + úvula descolada para o outro lado. COMPLICAÇÕES NÃO-SUPURATIVAS · Febre reumática: · Critérios de Jones + Evidência de infecção pelo SBHGA; · Antibioticoterapia até o 9º dia de infecção diminui a chance de ocorrer FR. · Glomerulonefrite Aguda (GA): · Apresentações: - Síndrome Nefrítica Aguda; - Hematúria e proteinúria isolada. · Normalmente uma doença da infância; · Sintomas 10 dias após a faringite; · Uso de antibióticos não previne o desenvolvimento da GA; · Prognóstico bom. infecções virais · Grande maioria dos episódios; · Rinovírus, Adenovírus, Influenza e Parainfluenza, Herpes simples, Coxsackie, Epstein-barr e Citomegalovírus. · Dor de garganta, odinofagia de intensidade leve a moderada, sensação de garganta “arranhando”. Em geral sem disfagia; · Hiperemia de orofaringe, com ou sem exsudato nas tonsilas, mucosa nasal edemaciada e rinorréia hialina; · Sintomas de VAS podem estar presentes: obstrução nasal, rinorréia, tosse seca e disfonia; · Febre < 38 (baixa). Quanto mais alta: sugestivo de influenza ou bacteriana OBS: a mononucleose, causada pelo vírus Epstein-barr, cursa com febre bem alta (39-40 °C); · Mal-estar/ indisposição e sintomas gastrointestinais podem estar presentes; · Melhora em 05-07 dias; MONONUCLEOSE INFECCIOSA · Também conhecida como “Doença do Beijo”; · Mais comum em adultos jovens e adolescentes; · Quase todos os casos causados pelo vírus Epstein-Barr existe a síndrome “mononucleose like” que é causada: citomegalovírus (CMV), toxoplasmose e o vírus da hepatite A; · Infecção através da saliva, espirros, tosse, talheres; · Não é uma doença muito contagiosa, por isso é mais comum o contágio com a saliva; · Pessoa previamente infectada desenvolve imunidade; · >90% da população adulta tem evidência sorológica de infecção prévia; · Na infância: subclínica ou atípica; · Incubação: 02 a 05 semanas; · Pessoas continuam contagiosas por 6-18 meses – por isso é muito difícil saber de quem se pegou a doença; · Febre alta, mal-estar, cefaleia, faringite/ faringotonsilite, hiperplasia linfoide faríngea e linfadenopatia; · Tonsilas palatinas edemaciadas com exsudato purulento, adenomegalias tensas e dolorosas; · Hepatoesplenomegalia, icterícia e petéquias em palato; · Rash cutâneo é característico em pacientes após o uso de penicilinas e aminopenicilinas. · Normalmente se confunde bastante com a amigdalite bacteriana e por isso se tenta o tratamento com antibióticos e quando não há melhora se faz o hemograma; · Hemograma com lceucocitose com linfocitose e com achado de linfócitos atípicos; · Tomar cuidado com idosos, pois o surgimento de linfócitos atípicos pode significar uma neoplasia; · Provas sorológicas podem ser feitas para confirmação do quadro; · Tratamento: · Suporte e repouso; · Evitar atividades vigorosas – risco de ruptura esplênica; · AINES e paracetamol para redução da febre e da dor; · Corticosteróides: em casos de hipertrofia tonsilar com obstrução das vias aéreas, trombocitopenia severa ou anemia hemolítica. DIFTERIA: CORINEBACTERIUM DIPHTERIAE · Crianças de 1-7 anos; · Endotoxina do vírus (pode ter ação local e sistêmica – afetando o SNC, suprarrenal e sistema cardiovascular); · Inicio insidioso; · Incubação 2-4 dias; · Falsa membrana branco-acinzentada sobre as amígdalas, pilares anteriores e úvula. Aderidas à mucosa, resistentes ao descolamento com espátulas, deixando o leito sangrante quando removidas. Pode obstruir vias aéreas superiores. · Febre, queda do estado geral, pulso rápido, palidez, linfonodomegalia cervical, hipotensão, adinamia e albuminúria; · A endotoxina difitérica pode levar a arritmia cardíaca, hipotensão, dores abdominais e acometer pares cranianos, podendo causar diplopia e paralisia do véu palatino; · Diagnóstico: exame bacterioscópico direto e pela cultura de exsudatos faríngeos ou de fragmentos de pseudomembrana em meios de Klebs-Loeffler; · Tratamento: internado, iniciar soro anti-difitérico 50.000 -100.000 U IM ou SC + Penicilina ou eritromicina; · Contactantes não vacinados devem ser vacinados e colhidas culturas de orofaringe; · Difícil de ser encontrada, pois há vacinação. ANGINA DE PLAUT-VINCENT · Causada pela simbiose entre o bacilo fusiforme Fusobacterium plautvincenti e o espirilo Spirochaeta dentium, saprófitos normais da cavidade bucal; · Má higiene bucal e o mal estado dos dentes e gengivas facilitam tal associação/ simbiose; · Adulto jovem ou adolescente, com disfagia e odinofagia unilateral, geralmente sem elevação de temperatura e queda do estado geral; · Ao exame: ulceração na amígdala, recoberta por pneudomembrana, facilmente desprendida e friável acompanhada de eliminação de odor fétido; AMÍGDALA PRATICAMENTE DESTRUÍDA, SE CRIANDO UMA CAVIDADE EM SEU LUGAR, E ESTADO DE GENGIVAS E DENTES BEM RUIM. · O diagnóstico é sugerido pela unilateralidade das lesões e pela presença de lesões gengivais concomitantes próximas ao terceiro molar superior e confirmado pelo achado bacterioscópico fusoespiralar; · Tratamento: antibioticoterapia (penicilina via parenteral ou metronidazol), gargarejos com soluções antissépticas, sintomáticos e tratamento dentário; · Professor refere utilizar bastante a amoxicilina + clavulanato ou levofloxacino associados com metronidazol nessas suspeitas. HERPANGINA · Vírus Coxsackie A, Coxsackie B e Echovírus; · Angina eritematosa com pequenas vesículas em palato mole, úvula e pilares amigdalianos, que ao romperem deixam ulcerações esbranquiçadas circundadas por halo eritematoso espalhadas por toda orofaringe, poupando a região jugal; · É possível perceber muitas aftas na boca dos pacientes, bastante dolorosas; · Lesões podem se entender até a faringe, mas é principalmente em boca, palato, amígdala, úvula; · Principalmente no verão, acompanhada de febre, cefaleia, micropoliadenopatia cervical, disfagia e vômitos; · Resolução espontânea entre 5 a 10 dias. Tratamento com sintomáticos e medidas de suporte; · Uma variação da herpangina é a doença da mão-pé-boca; neoplasia · Carcinoma; · Linfoma – crescimento rápido unilateral, linfadenopatia cervical e sintomas sistêmicos cirurgia!!; · Diagnóstico diferencial:hiperemia linfoide benigna, mononucleose infecciosa, angiofibroma, papilomas, cistos. patologias obstrutivas 1. Hipertrofia adenoideana; 2. Hipertrofia amigdaliana. HIPERTROFIA AMIGDALIANA HIPERTROFIA ADENOIDEANA · Obstrução nasal; · Respiração bucal;FÁCIES ADENOIDEANA: FACE ALONGADA, LÁBIOS SUPERIORES FINOS, DENTIÇÃO SUPERIOR, PALATO OGIVAL (PALATO SOBE E FICA FUNDO). · Hiponasalidade; · Halitose; · Ronco; · Hipersalivação; · Sonolência; · Boca seca; · Queda na qualidade vida; · Apneia do sono; · Cor pulmonale – não muito comum; · Otite média secretora. · Indicação de adenoidectomia:RADIOGRAFIA DO CAVUM DEMONSTRANDO HIPERTROFIA ADENOIDEANA. 1. Rinossinusites/ adenoidites; 2. Obstrução respiratória; 3. Otite média com efusão; 4. Suspeita de neoplasia (linfomas); 5. AIDS (pacientes portadores do vírus HIV podem cursar com hipertrofia da tonsila faríngea. Primeiramente, o tratamento específico para a doença é tentado). OBS: Diferente da amígdala, a adenoide pode voltar a aparecer após a cirurgia.
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