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Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 TUTORIA – CASO 2 ID/HMA: Danilo, 05 anos, procedente de Camaçari foi atendido na UPA acompanhado de sua mãe com história de ter apresentado há 14 dias um quadro de coriza, dor de garganta, obstrução nasal e espirros, tendo apresentado febre baixa. Refere também inapetência e diarreia no início do quadro. Genitora refere que procurou a pediatra que orientou repouso, hidratação, higiene nasal com soro, antitérmicos e analgésicos. Genitora refere que o menor estava melhorando, mas que nos últimos três dias apresentou queda do estado geral, elevação da febre, dor na face e o corrimento nasal ficou mais espesso e de aspecto amarelado. Refere que têm rinite alérgica quando exposto a poeira e que já apresentou 03 quadros prévios de pneumonia onde foi feito o diagnóstico de fibrose cística. Ao exame físico: regular estado geral, temperatura 38,5oC, normocorado, desidratado +/4, dados vitais (DV): frequência respiratória (FR) 25 incursões por minuto (IPM); pulso radial (PR): 138 pulsações por minuto (PPM); pressão arterial (PA): 100 X 60 mmHg, peso 18 kg, estatura 1,10 m. Cabeça e pescoço: dor a palpação do seio maxilar. Rinoscopia anterior: edema e hiperemia das conchas nasais com presença de secreção das fossas nasais. Oroscopia: Hiperemia de parede posterior de orofaringe com drenagem posterior de secreção mucopurulenta. Linfondos submandibulares aumentados de volume, doloridos, móveis. Tórax: forma normal, sem retrações ou abaulamentos; Aparelho Cardiovascular (ACV): Ictus no 5º espaço intercostal, na linha médioclavicular esquerda, com uma polpa digital, bulhas taquicárdicas, rítmicas normofonéticas (BRNF) em dois tempos (2T); Aparelho respiratório (AR): murmúrio vesicular bem distribuído (MVBD) sem ruídos adventícios (RA). Abdome: Extremidade: sem alterações. Pele e fâneros: normais. SN: sem alterações. MORFOFISIOLOGIA FUNCIONAL ANATOMIA Classificado de acordo com sua estrutura ou função. Estruturalmente: Sistema respiratório superior: nariz, cavidade nasal, faringe, laringe e estruturas associadas; Sistema respiratório inferior: Laringe, a traqueia, os brônquios e os pulmões. Funcionalmente: Zona condutora: cavidades e tubos interconectados (intrapulmonares e extrapulmonares); sua função é filtrar, aquecer e umedecer o ar e conduzi-lo para os pulmões. Zona respiratória: tubos e tecidos nos pulmões onde ocorrem as trocas gasosas entre o ar e o sangue. NARIZ: Uma parte externa visível e uma parte interna - cavidade nasal (intracraniana). As estruturas internas têm três funções: (1) aquecimento, umidificação e filtragem do influxo de ar; (2) detecção de estímulos olfatórios; e (3) modificação das vibrações da fala à medida que elas passam pelas câmaras de ressonância. CAVIDADE NASAL: se encontra inferiormente ao osso nasal e superiormente à cavidade oral; Dividida pelo septo nasal divide em lado direito e esquerdo. Se conecta com a faringe por meio dos cóanos (abertura nasal posterior). Ductos dos seios paranasais (que drenam muco) e os ductos lacrimonasais (que drenam lágrimas) também se abrem na cavidade nasal. As paredes laterais da cavidade nasal são formadas pelos ossos etmoide, maxila, lacrimal, palatino e concha nasal inferior. A cavidade nasal está dividida em uma parte respiratória inferior maior e uma parte olfatória superior menor. A região respiratória é revestida por epitélio colunar pseudoestratificado ciliado com diversas células caliciformes, que é chamada de epitélio respiratório. SEIOS PARANASAIS: cavidades em determinados ossos cranianos e faciais revestidos por túnica mucosa que são contínuos com o revestimento da cavidade nasal (são mais evidentes no corte sagital do crânio). Os ossos do crânio que contêm seios paranasais são o frontal, o esfenoide, o etmoide e a maxila (nomeados de acordo com os ossos), que se conectam com a cavidade nasal. Além de produzir muco, os seios paranasais servem como câmaras de ressonância para um som. São pequenos ou estão ausentes ao nascimento, porém crescem de tamanho durante a erupção dos dentes e no início da puberdade. Seios frontais: Drenam para o meato médio da cavidade nasal. Seio etmoidal anterior, frontal e maxilar: drenam na cavidade nasal por uma passagem estreita conhecida como complexo ostiomeatal. Por conta dessa configuração anatômica, quaisquer falhas do seio etmoidal anterior podem obstruir esse complexo ostiomeatal e causar doença secundária dos seios frontais ou maxilares. Consistem em 3 a 15 células aéreas existentes a cada lado do etmoide com um trajeto separado até a cavidade nasal. Seio maxilar: abaixo da órbita óssea e acima do palato duro, seus orifícios estão acima e em posição medial ao seio, uma localização que impede a drenagem. São os maiores Seios esfenoides: um pouco à frente da fossa hipofisária, atrás dos seios etmoidais posteriores, com seus orifícios drenando para o recesso esfenoetmoidal no alto da cavidade nasal. *Cada seio paranasal permanece em comunicação com a cavidade nasal por meio de óstios. *O tamanho do óstio sinusal varia para os diferentes seios paranasais, podendo ser de 1 a 2 mm. FARINGE: tubo que começa nas coanas e estende-se para baixo no pescoço. Dividida em três regiões anatômicas: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. É uma via respiratória e digestória. LARINGE: conecta a faringe com a traquéia. Tem três funções: Atua como passagem para o ar durante a respiração; Produz som, ou seja, a voz; Impede que o alimento e objetos estranhos entrem nas estruturas respiratórias (como a traquéia). FISIOLOGIA Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 A secreção de muco tem origem nas glândulas: serosas, mucosas, seromucosas da submucosa; e do epitélio por células caliciformes. (O papel destas glândulas nas alergias e infecções é importante já que as secreções contêm imunoglobulinas, lactoferrina e lisozimas). ! Muco - secreção composta de água, células, sais e mucina (glicoproteína) e têm a função de proteger e lubrificar membranas mucosas, além de reter bactérias e partículas de poeira. A camada aquosa contém imunoglobulinas como IgA, IgG e IgM e outras moléculas que vão fazer parte da defesa do hospedeiro como lactoferrina, lisozima, etc *Todos os seios paranasais são revestidos por epitélio respiratório produtor de muco (pseudoestratificado); esse muco é transportado pela ação ciliar para dentro da cavidade nasal. O batimento dos cílios produz uma corrente de muco nos seios nasais que drena no sentido do óstio, expulsando microrganismos e partículas presentes no muco. *Normalmente, o muco não se acumula nos seios, mas caso haja uma obstrução dos óstios, ou uma deficiência parcial ou total do movimento ciliar, pode resultar na retenção de secreções, o que desencadeia os sinais e sintomas típicos de rinossinusite. O acúmulo das secreções com a obstrução as torna mais suscetíveis à infecção por diversos patógenos, incluindo vírus, bactérias e fungos. *Sem as secreções o ar chegaria às VRI seco e com partículas suspensas, o que pode levar a alterações do epitélio, desenvolvimento de infecções e alterações do interstício pulmonar por agressões a mucosa das vias aéreas inferiores por partículas exógenas, devido à fragilidade; a secura do epitélio inativa a atividade ciliar, comprometendo a limpeza dos seios perinasais e da própria cavidade nasal. MECANISMO DE REGULAÇÃO DA SECREÇÃO: A secreção nasal tem um papel fundamental na filtração e humidificação do ar e para que estas funções ocorram, tem que haver uma regulação tanto da produção das secreções nasais quanto da secreção contínua na mucosa nasal. *Os mecanismos que controlam a secreção nasal são complexos e muitas vezes não existe ativação de um único mecanismo em resposta a um determinado estimulo, e o mesmo estímulo pode ativar vias diferentes, dependendo da sua intensidade.*O controlo contínuo na produção das secreções depende das condições externas em que um indivíduo se encontra, regulado pelo trigémio. *A mucosa nasal é inervada por nervos sensitivos nociceptivos, simpáticos e parassimpáticos que têm uma ação precisa e coordenada na regulação da atividade glandular e vascular da mucosa. *Estas funções são vitais na limpeza, humidificação e aquecimento do ar inspirado, bem como para a defesa contra substâncias e microrganismos nocivos. Apesar de parecer haver receptores noradrenérgicos e dos neuropéptidos específicos do sistema simpático nas células glandulares e nos ductos, não parece haver influência do simpático na secreção glandular. *O sistema nervoso parassimpático tem influência tanto na parte glandular como na vascularização da mucosa nasal. *Os neuropéptidos são fatores importantes em todos os aspectos da função nasal, atuam como principais moduladores dos processos da secreção nasal normal, da defesa específica, e inespecífica através de diversos reflexos. EXAME FÍSICO É importante o exame do nariz, boca e orofaringe. EXAME DA CABEÇA E PESCOÇO Crânio: posição, couro cabeludo, suturas, fontanelas, conformação anatômica do crânio, craniotabes. Face: conformação, paralisias (facial, trigêmeo), glândulas salivares (parótida, submaxilar, sublingual). Olhos: esclera, conjuntiva e córnea, exoftalmia, enoftalmia, tensão do globo ocular, estrabismo, movimentos oculares, nistagmo, pálpebras (ptose, infecções), pupilas (fotoreatividade, anisocoria). Orelhas: anomalias, posição, secreção, sensibilidade, otoscopia (conduto auditivo, membrana auditiva – triângulo luminoso, hiperemia, retração, abaulamento), mastóide, audição (função vestibular). Nariz: forma, batimento de asas do nariz, aspectos da mucosa, secreções, epistaxe (sangramento nasal), septo nasal, tumores, seios paranasais. (a criança do caso apresenta na rinoscopia anterior: edema e hiperemia das conchas) Boca e Garganta: Palidez perioral. -Lábios: (paralisias, fissuras, vesículas e pústulas, cor, edema). -Boca: (odor, trisma, salivação). -Dentes: (número, conservação, escovação, etc). Gengiva: (infecção, coloração, sangramento, cisto, hipertrofia). -Mucosa oral: aspecto, coloração, monilíase, enantema, petéquias, ulcerações. -Língua: papilas, cor, aspecto (geográfica, escrotal, framboesa), tamanho (macroglossia), cicatrizes, “ língua presa”, cisto, paralisia. -Palato e Faringe: cor, sangramento, fenda, perfuração, palato ogival, úvula, faringe posterior, amígdalas (tamanho, coloração exudato...), epiglote. -Laringe: voz, rouquidão, estridor. (Na semiologia pediátrica é fundamental que se deixe para o final do exame os procedimentos mais desagradáveis como visualização da orofaringe e otoscopia. Na otoscopia visualiza-se o conduto auditivo externo e tímpano, observando-se sua integridade e normalidade. No exame da orofaringe, usando-se preferencialmente uma lanterna, observa-se os lábios, e posteriormente com um abaixador de língua, inspeciona-se a mucosa, gengiva, frênulos labiais, língua, dentes, pálato e, finalmente, as amígdalas e região posterior da orofaringe). (a criança do caso apresenta na oroscopia: hiperemia da parede posterior de orofaringe) Pescoço: Examinar linfonodos (cervicais, inguinais, epitrocleares, supraclaviculares, axilares e occipitais posteriores - tamanho, sinais inflamatórios, dor). Palpar traquéia, tireóide, e avaliar outras massas. Flexão e extensão do pescoço. EXAME DO APARELHO RESPIRATÓRIO 1-Anamnese específica do aparelho: Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 a) Perguntar se o quadro é agudo ou crônico, presença de dispneia (cansaço, dificuldade de sucção), tosse (características), secreção (aspecto), cianose, sibilos (chieira), taquipnéia, bradipnéia, apnéia. Fatores ambientais principalmente nos alérgicos. Fatores que desencadeiam os sintomas como exercício, exposição ao frio. Horário de maior freqüência dos sintomas como a tosse noturna. Outras pessoas com os sintomas. Alterações no período neonatal, uso de oxigênio, prematuridade, intubação, ventilação mecânica. 2. Exame Físico – Roteiro: Inspeção, Palpação, Percussão, Ausculta Verificar a posição mais adequada para o exame físico. Lembrar que o exame do tórax é comparativo, cada região deve ser comparada com a região semelhante do hemitórax oposto. Examinar a região anterior, posterior e as laterais. Regiões do tórax. INSPEÇÃO: Forma e expansibilidade do tórax, esforço respiratório (expressão facial angustiada, “buscando ar”), batimento de aletas nasais, cianose, padrão respiratório, frequência (valores normais segundo faixa etária) e ritmo respiratório, tiragens intercostais; expansibilidade, forma do tórax, tiragens intercostais. Inspeção na asma e na pneumonia. PALPAÇÃO: Frêmito tóraco-vocal: palpar com a mão espalmada, de cima para baixo, comparando os dois hemitórax. Solicitar ao paciente que emita um som vocal durante a palpação (FTV normal, aumentado ou diminuído). Palpação da expansibilidade torácica: lobos superiores (anteriores e posteriores); lobos médio (anterior) e lobos inferiores (posteriores). Palpação da Traquéia - região cervical à direita e à esquerda; verificar desvios pela palpação nessas regiões dos anéis traqueais. PERCUSSÃO: percutir o tórax posterior, de cima para baixo, comparando os dois hemitórax (Técnica dígito-digital): som normal à percussão ou som maciço, sub-maciço, hiperssonoro, timpânico - patologias onde ocorre cada um destes. AUSCULTA: deve-se auscultar todo o tórax 1. Sons normais. Tipos: som traqueal, respiração brônquica, respiração bronco-vesicular, murmúrio vesicular. podem estar: fisiológicos; aumentados; diminuídos; abolidos. 2. Sons anormais. Tipos: - estertores finos (antiga crepitação) e estertores grossos - ronco, sibilo, estridor - atrito pleural Pode ser: a) presentes ou ausentes b) inspiratórios ou expiratórios (proto, meso, tele, holo) c) raros, poucos ou leves; moderados; muitos d) móveis ou não com a tosse Podem estar: - difusos ou localizados em uma determinada região do pulmão Podem evoluir: - aumentando, diminuindo, inalterados Podem cursar ou não com esforço respiratório. OBS: As bulhas são mais facilmente audíveis do que em adultos (parede é mais fina); B1 é mais forte que B2 no ápice. O desdobramento de B2 é encontrado em 25 a 33% das crianças. SINAIS VITAIS Idade Pulso FR 4 anos 80 – 120 20 – 30 6 anos 75 – 115 20 – 26 Pressão Arterial Idade P.A. P.S. 4 - 5 anos 99 65 Temperatura: Axilar: 35,9 – 36,7ºC Retal: 36,2 – 37,4ºC RINUSSINUSITE Rinite: inflamação das cavidades nasais; sinusite inflamação dos seios paranasais. Os termos rinite e sinusite são empregados em separado, mas, não há limites histológicos ou barreiras anatômicas definidas entre a mucosa nasal e a dos seios paranasais dai alguns autores empregam um só termo – rinossinusite – para os processos inflamatórios difusos que acometem o nariz. RINOSSINUSITE: MUCOSA RINITE: CAVIDADE NASAL SINUSITE: SEIOS NASAIS *Inflamação da mucosa de revestimento da cavidade paranasal. Ocorrem geralmente após infecção das vias aéreas superiores viral (80% dos casos) ou após quadro alérgico em 20% dos casos. *Classificação etiológica (baseia no tempo de duração dos sintomas): AGUDA: menor que 4 semanas. Os sintomas se resolvem completamente. SUB-AGUDA: 4 sem a 3 meses. Os sintomas se resolvem completamente. CRÔNICA: maior que 3 meses. Sintomas persistentes como tosse, rinorréia e obstrução nasal. AGUDA RECORRENTE: são infecções que duram menos de 30 dias, tem remissão completa nos intervalos, no mínimo, 10 dias. Caracterizada por 3 episódios em 6 meses ou 4 episódios em 12 meses. CRÔNICA AGUDIZADA: os pacientes têm sintomas respiratórios residuais que são somados com novos, esses novos vão se resolver e os primeiros sintomasvão permanecer. ! Viral ou resfriado comum: em que a duração dos sintomas é menor que dez dias; ! Pós-viral: definida quando há piora dos sintomas após cinco dias de doença ou quando os sintomas persistem por mais de dez dias de doença; ! Bacteriana (RSAB): uma pequena porcentagem dos pacientes com RSA pós-viral pode evoluir com RSAB. Sintomas duram mais de 10 dias A rinossinusite aguda pode ser viral, bacteriana ou mista (viral e bacteriana). Rinossinusite leve → Escores de 0 a 4 na EVA. • Rinossinusite moderada/acentuada → Escores de 5 a 10 na EVA. RINUSSINUSITE AGUDA ETIOLOGIA Em crianças a bactérias S. pneumoniae é responsável por 30%, H. influenzae por 20% e Moraxella catarrhalis por outros 20%. Importante lembrar que Staphylococcus aureus e anaeróbios não costumam colonizar crianças com rinossinusite aguda. EPIDEMIOLOGIA A prevalência é ligeiramente superior em mulheres que em homens e não há uma predominância étnica. Crianças têm 6 a 8 episódios de IVAS virais ao ano e destas 5% a 13% evoluem para rinossinusite bacteriana. Otite média aguda e rinossinusite aguda bacteriana são as principais complicações das IVAS virais. PATOGÊNESE É multifatorial e envolve uma interação entre mecanismo de defesa do hospedeiro e a virulência do patógeno. Para entender os eventos patológicos que resultam na Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 rinossinusite clínica, é necessário rever a fisiologia dos seios paranasais. *Existem 3 fatores fundamentais para a fisiologia dos seios paranasais: a patência dos óstios (capacidade de manter o orifício desobstruído e é o fator mais importante), a função ciliar e a qualidade das secreções nasais. *O tamanho do óstio varia para os diferentes seios. O etmoidal é o menos e por conta do óstio estreito, o seio etmoidal é provavelmente o mais susceptível à obstrução do óstio e consequente infecção. *Obstrução do óstio sinusal, parcial ou completa, resulta em estagnação de secreções, queda do pH e da tensão de oxigênio dentro do seio. Estas alterações favorecem o crescimento bacteriano e a soma dessa secreção estagnada e infecção bacteriana causam inflamação mucosa. *Ao mesmo tempo vai ter prejuízo no epitélio mucoso devido a enzimas proteolíticas liberadas pelos leucócitos. Com o edema adicional da mucosa, a obstrução do óstio sinusal é completa, a tensão de oxigênio dentro do seio pode chegar a zero, promovendo crescimento anaeróbio e bactérias facultativas, que têm importante implicação na rinossinusite crônica. Mecanismos de defesa do hospedeiro são prejudicados pelas condições de baixa tensão de oxigênio com a geração de radicais livres por leucócitos, dificultando a resolução do processo infeccioso. *A interrupção do transporte mucociliar nos seios paranasais é outro fator importante na patogênese da rinossinusite. O batimento ciliar normal é maior que 700 batimentos por minuto; porém, durante rinossinusite, o batimento ciliar cai para menos que 300. *Em adição, a inflamação estimula a conversão de células ciliadas para células caliciformes secretoras de muco e essa alteração do epitélio respiratório pode ser irreversível. *A qualidade e caráter da secreção sinusal muda durante a evolução da rinossinusite. Muco espesso, que não pode ser efetivamente removido do seio, torna-se meio de cultura para crescimento bacteriano. Em adição, secreção espessa obstrui o óstio sinusal e estimula o ciclo sinusal. Este é um particular problema em pacientes com fibrose cística onde ocorre alteração da função das glândulas exócrinas. ! A completa compreensão dos mecanismos que levam a rinossinusite requer identificação de diversos fatores predisponentes de origem local e sistêmica (rinite, tabaco). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS *As queixas incluem dor facial, cefaleia, redução do olfato e febre. História de resfriado comum precedente e eliminação de secreção nasal purulenta; dor ao abaixar a cabeça; dor maxilar unilateral; e dor nos dentes são queixas comuns quando há acometimento dos seios maxilares. *Os sintomas de rinossinusite viral aguda geralmente regridem dentro de 5 a 7 dias sem tratamento clínico. A rinossinusite bacteriana aguda é sugerida por sintomas que pioram depois de 5 a 7 dias ou persistem por mais de 10 dias, ou queixas desproporcionais às que geralmente estão associadas a uma infecção viral das vias respiratórias superiores. *A avaliação dos pacientes com RSA e seu diagnóstico são baseados na presença de dois ou mais dos seguintes sintomas cardinais: Obstrução/congestão nasal; Secreção nasal/rinorreia anterior ou posterior (mais frequentemente, mas não obrigatoriamente purulenta); • Dor/pressão facial/cefaleia; Distúrbio do olfato. *Também podem ocorrer odinofagia, disfonia, tosse, pressão e plenitude auricular, além de sintomas sistêmicos como astenia, mal-estar e febre. Sintomas da RSAB: três ou mais dos sinais e sintomas a seguir: Secreção nasal/presença de pus na cavidade nasal com predomínio unilateral; Dor local com predomínio unilateral; Febre > 38°C; Deterioração/piora dos sintomas após o período inicial de doença; Elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C reativa (PCR). *Na população pediátrica, entretanto, a tosse é considerada um dos quatro sintomas cardinais, em vez das alterações de olfato. A rinorreia purulenta é indicativa de infecções bacterianas com necessidade do uso de antibióticos. A dor e a pressão facial são ocorrências comuns na RSA. Quando unilateral, a dor facial ou mesmo dentária tem sido considerada preditora da sinusite aguda maxilar. *A rinossinusite na criança é caracterizada pela presença de 2 ou mais sintomas, sendo que um deles deve ser a obstrução/congestão nasal ou secreção nasal anterior/posterior. Tosse e dor/pressão facial podem estar associados. Ao exame endoscópico nasal, os sinais presentes devem ser: secreção mucopurulenta do meato médio e edema de mucosa no meato médio e/ou pólipos nasais. Ao exame tomográfico dos seios paranasais, alterações de mucosa nasal no complexo ostiomeatal e seios paranasais podem ser visualizados DIAGNÓSTICO *É feito pelo quadro clínico e pelos exames subsidiários. O exame clínico do paciente com quadro de RSA deve envolver, inicialmente, a medida de sinais vitais e o exame físico da região de cabeça e pescoço, com atenção à presença de edema facial localizado ou difuso. Na oroscopia, é importante notar se há secreção purulenta posterior em orofaringe. A rinoscopia anterior é uma parte do exame físico que deve ser realizada na avaliação primária dos pacientes com quadro nasossinusal e, apesar de oferecer informações limitadas, pode revelar o aspecto da mucosa e da secreção nasal. *A endoscopia nasal é recomendada para todos os pacientes com qualquer tipo de queixa nasal. Não dispensa a Rinoscopia anterior. Na falta do equipamento endoscópico, poderá ser dispensada, sempre que o quadro clínico, a rinoscopia anterior e outros exames complementares, forem suficientes para o diagnóstico correto da doença. *As radiografias simples e a tomografia computadorizada (TC) dos seios paranasais devem ser reservadas para diagnosticar rinossinusite crônica ou excluir complicações. A ressonância magnética (RM) é reservada aos casos suspeitos de neoplasia, sinusite crônica de longa duração ou sinusite fúngica TRATAMENTO *A maioria dos pacientes com diagnóstico clínico de rinossinusite aguda melhora sem antibióticos. A conduta inicial nos pacientes com sintomas leves a moderados de curta duração deve ser a prescrição de medidas terapêuticas para aliviar os sintomas e facilitar a drenagem dos seios paranasais, como uso de descongestionantes tópicos e orais, lavagem nasal com soro fisiológico e – ao menos nos pacientes com antecedentes de rinossinusite crônica ou de alergias – glicocorticoides nasais. *Embora aproximadamente 50% das crianças comRSA evoluam para cura espontânea, a antibioticoterapia é indicada para resolução mais rápida dos sintomas e para se evitar complicações orbitárias ou intracranianas. Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 Na escolha do antibiótico, deve-se também ser considerados a gravidade da doença e o uso recente de antibióticos (risco de infecção com organismos resistentes). Nas crianças com RSA não complicada, sem uso prévio de antibióticos, a amoxicilina é a escolha adequada, podendo ser utilizados também amoxicilina/ácido clavulânico e cefalosporinas. Nos casos de hipersensibilidade a qualquer desses antibióticos, azitromicina, claritromicina ou sulfametoxazol/trimetoprim podem ser utilizados. A associação do corticosteroide intranasal tópico com a antibioticoterapia é recomendada no tratamento da RSA. Existem também algumas evidências de que a utilização, em crianças maiores de 12 anos, de alta dose de corticosteroide intranasal tópico pode ser eficaz como monoterapia no tratamento da RSA. Não existem evidências para a utilização de tratamento adjuvante como descongestionantes, anti-histamínicos ou irrigação nasal no tratamento da RSA. Qual a importância da lavagem nasal? solução salina isotônica e tem sido coadjuvante importante no tratamento de afecções nasais agudas e crônicas, é um método barato e prático. O uso da solução salina facilita a remoção de secreções promovendo alívio dos sintomas. No caso específico das rinites inflamatórias e alérgicas, a lavagem nasal também promove a remoção de mediadores inflamatórios presentes no muco nasal e atua na melhoria do quadro. Deve ser usada 1-2x ao dia, como tratamento adjuvante na rinite alérgica. A observação clínica recomenda a lavagem nasal prévia antes da aplicação de outros medicamentos tópicos nasais. RINOSSINUSITE CRÔNICA *A rinossinusite crônica resulta de uma rinossinusite aguda que foi tratada inadequadamente ou não. Pode se manifestar por rinossinusites agudas recorrentes, com intervalos assintomáticos, porém curtos. Geralmente tem rinorréia muco-purulenta e obstrução nasal leve, enquanto a dor e sintomas sistêmicos são pouco evidentes. *O doente pode se queixar de “pressão” na face. Tosse e dor de garganta secundária à irritação crônica das secreções *Rinossinusite crônica e subaguda em crianças geralmente se manifesta com rinorréia purulenta anterior com ou sem rinorréia posterior. Tosse pode ser encontrada em 50% das crianças com rinossinusite crônica podendo estar associada com otite crônica ou otite média recorrente e a rinossinusite crônica é frequentemente diagnosticada em crianças com asma ou rinite alérgica. *Como no adulto, a criança com suspeita de rinossinusite crônica deve ser avaliada quanto à obstrução mecânica dos óstios sinusais. Estudos recentes apontam para a influência dos fungos na etiologia da rinossinusite crônica. Apesar dos fungos colonizarem os seios paranasais de quase todos os indivíduos, apenas aqueles com rinossinusite crônica apresentarão uma resposta eosinofílica a eles. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Geralmente não há dor nos seios paranasais. Em vez disso, o paciente pode queixar-se de cefaleia difusa e constante. Os pacientes com rinossinusite crônica podem ter episódios superpostos de rinossinusite aguda. As alterações epiteliais durante os episódios agudos e subagudos de rinossinusite geralmente são reversíveis, mas as anormalidades da mucosa na rinossinusite crônica são irreversíveis. RINUSSINUSITE ALERGICA *Corresponde a uma reação de hipersensibilidade tipo I pois o mecanismo imunológico envolvido é mediado por anticorpos da classe IgE. O ar inspirado é veículo de inúmeras substâncias, entre elas os alérgenos (antígenos) ambientais que, em indivíduos geneticamente predispostos, leva à formação de anticorpos IgE. Entre esses alérgenos, os mais comuns são: ácaros, fungos, epitélio, saliva e urina de animais, barata e pólens. *Nos indivíduos sensibilizados, os sintomas aparecem logo após a exposição (cerca de 15 a 30 minutos), por isso essa reação também é conhecida como reação de hipersensibilidade imediata. *A resposta inflamatória na reação tipo I envolve duas fases. Uma fase de sensibilização, onde ocorre o reconhecimento antigênico e produção de IgE específica, que se liga a receptores de mastócitos; e outra fase efetora, dividida em imediata e tardia, onde o contato com o alérgeno leva à desgranulação de mastócitos com liberação de vários mediadores responsáveis pelos sintomas e, também, por amplificar a resposta alérgica. *A consequência dessa resposta é um intenso infiltrado inflamatório na mucosa nasal, envolvendo a liberação de citocinas, recrutamento, ativação e diferenciação de vários tipos celulares, incluindo eosinófilos, linfócitos e mastócitos. Essas células ativadas liberam os principais mediadores inflamatórios: a histamina e os leucotrienos cisteínicos. ! Quando o processo inflamatório se estende e compromete a mucosa dos seios paranasais, temos a rinossinusite, cuja patogênese envolve a interação entre mecanismos de defesa do hospedeiro com o agente agressor. Aí tem a obstrução completa ou parcial dos óstio e a diminuição do batimento mucociliar, como foi dito em cima. Nas rinossinusites alérgicas, a obstrução é mais frequente devido ao edema da mucosa. SINUSITE Inflamação da membrana mucosa de um ou mais seios paranasais. Pode ser causada por infecção microbiana (vírus, bactéria ou fungo), reações alérgicas, pólipos nasais ou desvio de septo nasal grave. Se a infamação ou alguma outra obstrução bloqueiar a drenagem de muco para a cavidade nasal, a pressão nos seios paranasais vai se elevar, podendo se desenvolver uma cefaleia sinusal. Outros possíveis sintomas são congestão nasal, anosmia, febre e tosse. As opções de tratamento incluem sprays ou gotas descongestionantes, descongestionantes orais, corticosteroides nasais, antibióticos, analgésicos para alívio da dor, compressas mornas e cirurgia. RENITE *É um distúrbio inflamatório da cavidade nasal caracterizado por congestão nasal, rinorreia e prurido, muitas vezes acompanhado por espirros e irritação da conjuntiva. *Devido a sua alta prevalência, suas comorbidades, seu impacto negativo sobre a qualidade de vida e desempenho escolar, a RAse caracteriza como a principal doença respiratória crônica nas crianças. Crianças com RA frequentemente apresentam sinusite, conjuntivite, otite média, otite serosa, hipertrofia de amígdalas e adenoide, e eczema. *A rinite alérgica na infância está associada com pelo menos o dobro do risco para a asma em idade mais avançada. *Seus sintomas podem aparecer na infância, com o diagnóstico geralmente estabelecido quando a criança atinge os seis anos de idade, alcançando o seu pico máximo no final da infância. *Os fatores de risco incluem histórico familiar para atopia e imunoglobulina sérica (Ig) E acima de 100 UI/mL antes dos seis anos de idade. O risco aumenta em crianças submetidas a alimentos ou a fórmulas no início da infância (primeiros meses de vida), naquelas cujas mães são fumantes, especialmente antes que os filhos completem um ano de idade, e naquelas com forte exposição a alérgenos domésticos. Um período crítico parece existir logo nos primeiros anos de vida, quando o indivíduo, Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 geneticamente suscetível, está em maior risco de sensibilização. A amamentação de crianças de alto risco e a exposição a cães, gatos e endotoxinas no início da infância protege contra atopia e sibilância precoce. Crianças nascidas de parto cesáreo e com antecedentes familiares de primeiro grau para asma ou outras alergias têm maior associação com rinite alérgica e atopia, podendo ser explicada pela falta de exposição à flora vaginal/fecal materna durante o parto. *Crianças entre 2-3 anos de idade que têm IgE elevada contra alérgenos de baratas e ratos apresentammaior risco de sibilância, rinite e dermatite atópica. A ocorrência de três ou mais episódios de rinorreia no primeiro ano de vida está associada a rinite alérgica aos sete anos de idade. Exposições nos primeiros anos de vida ou a sua ausência tem importante influência sobre o desenvolvimento do fenótipo alérgico. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1. Corpos estranhos nasais e atresia de coana unilateral: sinto mas geralmente unilaterais, facilmente diferenciados por meio da história clínica e do exame endoscópico nasal. 2. Rinite alérgica: em geral, não apresenta rinorreia purulenta ou febre. Entre as etiologias não infecciosas estão: rinite alérgica (com edema da mucosa ou obstrução por pólipo), barotrauma (p. ex., mergulho em águas profundas ou viagens aéreas) e exposição a irritantes químicos. A obstrução também pode ocorrer por tumores nasais ou dos seios paranasais (p. ex., carcinoma epidermoide) e doenças granulomatosas (p. ex., granulomatose com poliangeíte ou rinoescleroma), e, nas situações em que há modificações no conteúdo do muco (p. ex., fibrose cística), é possível a ocorrência de rinossinusite em razão de redução na depuração do muco. Nas unidades de terapia intensiva (UTIs), a intubação nasotraqueal é um fator de risco importante para a ocorrência de rinossinusite hospitalar. FIBROSE CÍSTICA ETIOLOGIA Doença genética autossômica recessiva, causada por mutações no gene que codifica o regulador de condutância transmembranar da fibrose cística (CFTR) - um canal de cloreto encontrado nas células que revestem os pulmões, intestinos, ductos pancreáticos, glândulas sudoríparas e órgãos reprodutores. *A fibrose cística afeta pulmões, pâncreas, intestinos, fígado, glândulas sudoríparas, seios e ducto deferente e vai ter como resultado uma morbidade e mortalidade prematura, com doença pulmonar progressiva sendo a causa de morte em 90% dos pacientes. EPIDEMIOLOGIA Aproximadamente 70,000 pessoas no mundo todo têm fibrose cística. A incidência entre brancos é de aproximadamente 1/3000; ela é mais baixa entre pessoas de ascendência africana, hispânica e asiática. É mais comum entre descendentes de europeus. A incidência pode estar diminuindo desde a instituição do rastreamento neonatal. A doença pulmonar é a causa mais comum de morbidade e mortalidade. FISIOLOGIA *A fisiopatologia da fibrose cística é baseada nas funções de transporte de íons do CFTR, que é uma glicoproteína de membrana, que funciona como um canal de cloreto, mas também está envolvida na regulação do transporte transepitelial de sódio e de bicarbonato. No pâncreas, isso leva ao bloqueio dos ductos exócrinos, ativação precoce das enzimas pancreáticas e à eventual autodestruição do pâncreas exócrino. Portanto, a maioria dos pacientes precisa de suplementação de enzimas pancreáticas; No intestino, fezes volumosas podem levar ao bloqueio intestinal; No sistema respiratório, a ausência da função do CFTR resulta na retenção de muco, infecção crônica e inflamação que leva à destruição do tecido pulmonar. Existem várias hipóteses sobre a gênese da doença pulmonar, cada qual sustentada por dados in vitro e in vivo. A doença pulmonar é a causa mais comum de morbidade e mortalidade. PULMÃO E SEIO: Nas vias aéreas, a disfunção de CFTR vai reduzir a secreção de cloro da célula do revestimento epitelial para o lúmen das vias aéreas. Além disso, a absorção de sódio do lúmen para dentro da célula é acentuadamente aumentada. O efeito final é um adelgaçamento da camada de revestimento de líquido da superfície das vias aéreas, desse modo prejudicando crucialmente a depuração mucociliar. A infecção crônica subsequente leva a uma resposta inflamatória intensa neutrofílica. Os produtos de neutrófilos, incluindo enzimas proteolíticas e oxidantes, parecem mediar as alterações patológicas subsequentes nas vias aéreas, incluindo bronquiectasia, bronquiolectasia, estenose brônquica e fibrose. Formação de tampões mucosos das vias aéreas, probabilidade de infecção crônica e inflamação são outras características proeminentes da doença das vias aéreas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS *As manifestações clínicas mais comuns são a disfunção pancreática, resultando na má absorção de calorias, e a doença pulmonar, resultando de um ciclo de retenção de muco, infecção e inflamação. *A tosse, muitas vezes persistente após infecções virais, é a característica inicial da doença. A infecção viral pode necessitar de hospitalização mais frequente em crianças com fibrose cística que em crianças normais. *Embora a doença pulmonar comece na infância, a função pulmonar é geralmente preservada até a adolescência, quando um declínio acentuado frequentemente começa; neste momento, as exacerbações pulmonares são comuns. A maioria dos pacientes com fibrose cística tem uma tosse produtiva diária no final da adolescência ou idade adulta jovem. *A fibrose cística causa doença pulmonar obstrutiva, inicialmente com diminuição do fluxo em baixos volumes pulmonares. Volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1) é o melhor desfecho e começa a diferir acentuadamente do normal durante a adolescência. A taxa de declínio no VEF1 muitas vezes prediz o curso Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 clínico. No início da doença, a radiografia de tórax revela hiperinsuflação e espessamento peribrônquico. *Infecção das vias aéreas, que é a principal manifestação clínica, pode ser detectada por cultura do escarro ou do lavado broncoalveolar. Pseudomonas aeruginosa é o patógeno primário, embora sua prevalência esteja diminuindo nos Estados Unidos, provavelmente devido ao melhor tratamento. Staphylococcus aureu, que é outro patógeno proeminente, pode ser resistente à meticilina e existe em uma forma variante de colônia pequena que torna o tratamento antibiótico difícil. *Indivíduos com fibrose cística estão sujeitos a exacerbações agudas caracterizadas por tosse, dispneia, diminuição da tolerância ao exercício, fadiga, aumento da produção do escarro, alteração na cor do escarro, que pode durar de dias a semanas. Frequentemente crepitações são aumentadas no exame físico, e tanto a saturação de oxigênio em repouso como a função pulmonar podem diminuir. Crescente evidência sugere que a perda permanente da função pulmonar é acelerada durante os períodos de exacerbação. As complicações pulmonares também podem incluir pneumotórax, hemoptise, e hipertensão pulmonar. Alguns pacientes com doença mais avançada apresentam insuficiência respiratória aguda com infecção. DIAGNÓSTICO Os pulmões e o pâncreas exócrino são os principais órgãos afetados pela FC, mas um recurso de diagnóstico importante é o aumento das concentrações de sódio e cloro no suor (geralmente observado quando os pais beijam seus bebês). Na maioria dos pacientes com FC, o diagnóstico é inicialmente baseado nos achados clínicos pulmonares ou pancreáticos e num nível elevado de cloreto no suor. Menos de 2% dos pacientes têm concentração de cloreto no suor normal apesar de um quadro clínico típico; nesses casos, a análise molecular pode ser usada para verificar se eles têm mutações no gene CFTR. O algoritmo de triagem neonatal para fibrose cística usado no Brasil baseia-se na quantificação dos níveis de tripsinogênio imunorreativo em duas dosagens, sendo a segunda feita em até 30 dias de vida. Frente a duas dosagens positivas, faz-se o teste do suor para a confirmação ou a exclusão da fibrose cística. A dosagem de cloreto por métodos quantitativos no suor ≥ 60 mmol/l, em duas amostras, confirma o diagnóstico. Alternativas para o diagnóstico são a identificação de duas mutações relacionadas à fibrose cística e os testes de função da proteína CFTR. Teste do suor: O TS tem elevadas sensibilidade e especificidade (> 95%), baixo custo e não é invasivo. O procedimento aceitável é o da dosagem quantitativa de cloretos no suor, Triagem neonatal parafibrose cística identifica os recém-- nascidos com risco de ter a doença, mas não confirma o diagnóstico. TRATAMENTO São tratados de várias formas diferentes. Existe tratamento para a redução da viscosidade do muco: DORNASE ALFA – Enzima que quebra o muco, diminuindo a viscosidade e a proliferação de bactérias. *Atualmente está usando muito a combinação de dois fármacos: IVACAFTOR: potencializador da proteína CFTR. Basicamente ele vai atuar em pacientes que produzem a proteína e ela está na superfície da célula, mas não é tão ativa (pode ter alteração na condutância ou é regulada negativamente). O ivacftor vai potencializar a abertura do canal, fazendo com que as proteínas de superfície funcionem normalmente e, dessa forma, transportem o cloreto para fora da célula (puxando por osmose a água, diluindo o muco e não deixando o ambiente propício para a proliferação de bactérias). LUMACAFTOR: Vai atuar a nível citosólico, para aquelas proteínas que foram formadas, mas não conseguem chegar à superfície por bloqueios no seu processamento. Alguns pacientes podem ser tratados com esse fármaco, porque eles produzem as proteínas no citosol, mas ela não foi transportada para a superfície apical da célula. E esse fármaco vai tentar facilitar esse processamento e o trafego dessa proteína para aumentar os canais de condutância na superfície celular. Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 ORIENTAÇÕES
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