Buscar

DIP e planejamento familiar

Prévia do material em texto

NIC – REVISÃO AV1 GINECOLOGIA 2022 
 
1. DIP 
 
Para ser DIP, as bactérias têm que 
ascender pelo OCI (orifício cervical 
interno) 
É a complicação mais séria e final de uma 
IST/DST 
Baixa mortalidade, mas alta morbidade 
(com sequelas) 
Conjunto de sinais e sintomas consequentes 
à ascensão e à disseminação, no trato genital 
feminino superior de micro-organismos 
provenientes do trato genital feminino 
inferior (endocervice e a vagina) 
O diagnóstico e o tratamento precoce são 
essenciais para a prevenção de sequelas, 
entre elas: Gravidez ectópica, infertilidade 
por fator tubário, dor pélvica crônica, 
necessidade de múltiplas cirurgias e 
internações! 
É um processo infeccioso agudo, exceto por 
TUBERCULOSE e ACTINOMICOSE 
É mais comum em mulheres jovens, que 
possuem pouco hábito de sexo seguro 
 
EPIDEMIOLOGIA 
É rara em mulheres que não menstruam, 
gestantes e pós-menopáusicas 
É mais comum em: 
o Tabagistas 
o Raça não branca 
o Nulíparas, com histórico de DIP 
anterior e + de 2 parceiros nos 
últimos 30 dias sem uso de 
preservativos 
o História de gonorreia 
o Queixa de dor pélvica há 3 dias ou 
menos 
o Sexo desprotegido em mulheres de 
15 a 25 anos 
Pode levar a: 
Infertilidade tubária 
Gravidez ectópica 
Dispaurenia e dor pélvica crônica 
 
FATORES DE RISCO 
Baixo nível social cultural econômico 
Solteiras 
Múltiplos parceiros ou parceiro com uretrite 
DST’s prévias com taxas de recorrências 
(Métodos de barreira diminuem o risco de 
DST e DIP, o ACO altera a viscosidade do 
muco cervical, dificultando a ascensão de 
micro-organismos!) 
Fumar aumenta o risco de DIPA 2x 
Uso de tampões e duchas vaginais é um dos 
fatores de risco para DIPA, assim como 
vaginite e vaginoses recorrentes 
HIV: Pode existir uma maior incidência de 
DIP em mulheres HIV-positivas, por 
diminuição da contagem de células CD4+ e 
um aumento na colonização de anaeróbios! 
o Os agentes etiológicos da DIP em 
mulheres com HIV positivas são os 
mesmos das soronegativas. No 
entanto, as soropositivas têm mais 
infecções concomitantes por outros 
agentes. 
DIU x DIPA: As usuárias de DIU 
apresentam risco ligeiramente aumentado de 
DIP, em comparação as mulheres que não 
usam contraceptivos ou usam outros 
métodos. A exposição a IST é responsável 
pela ocorrência de DIP no primeiro mês de 
uso, e não o uso do DIU. 
OBS: Os fatores de risco servem para 
NORTEAR, mas não deve se basear apenas 
neles para dar o diagnóstico, pois existe a 
DIP assintomática e DIP sem fatores de risco 
 
AGENTES ETIOLÓGICOS 
Tem uma etiologia polimicrobiana 
(Gardnerella vaginallis, hemofilus 
influenza, S. agalactiae) 
Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia 
trachomatis (são os mais frequentes e os 
únicos agentes patógenos confirmados 
PRIMÁRIOS da DIP) 
A DIPA é um processo agudo, mas pode 
existir a DIP crônica (agente causador da 
tuberculose e actinomicose) 
o A DIP tuberculosa é crônica e 
insidiosa, o bacilo de Koch é 
veiculado por via hematogênica, 
portanto NÃO é de via sexual 
o Já a DIP por actinomyces ocorre 
mais em usuárias de DIU de cobre 
A DIP, normalmente, se inicia por uma 
cervite por clamídia ou gonorreia, que 
ascedem pelo trato genital superior e na 
maioria dos casos conduz a infecção poli 
microbiana. Esses agentes primários 
NIC – REVISÃO AV1 GINECOLOGIA 2022 
 
ocasionam alterações imunológicas e 
bioquímicas, com menos produção de 
radicais livres, que favorecem a instalação e 
a manutenção de agentes secundários. 
 
ETIOLOGIA 
Estudos tem demonstrado que a presença de 
agentes de vaginose bacteriana aumentam 
em mais que duas vezes o risco de DIP! 
Etiologia POLI MICROBIANA: À 
medida que o processo evolui, ocorre 
gradativamente diminuição da concentração 
de oxigênio local, aumentando a presença de 
anaeróbios! Em mulheres com infecção por 
gonorreia e clamídia, a detecção de 
anaeróbios no trato genital superior está 
relacionada a doença mais grave! 
 
DIP CRÔNICA 
80% dos casos a bactéria provêm de foco 
PULMONAR 
Caráter insidioso, deve ser pensada naqueles 
casos de DIP em que não há melhora clínica 
com os antibióticos utilizados de rotina para 
a DIP 
Ocorre em 1/3 das pacientes com DIPA, 
pode ter um caráter agudo, mas aquelas 
pacientes oligo sintomáticas ou 
assintomáticas, que não foram tratadas, 
podem evoluir para uma DIP crônica! 
Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis: O 
exsudato inflamatório da pelve, que é gerado 
pelo processo inflamatório, pode escorrer 
pela goteira parietocólica direita e atingir o 
fígado, determinando uma peri-hepatite, 
que se caracteriza pela formação de 
aderências entre o fígado, a cápsula de 
Glisson e o diafragma. Essas aderências 
parecem cordas de violino. 
o O diagnóstico é feito através de uma 
videolaparoscopia, sendo muitas 
vezes um achado desse exame! 
 
PATOGÊNESE 
É uma ascensão intracanicular de 
microrganismos da cérvice e da vagina 
para o trato genital superior. 
Em geral, a infecção ascende quando já há 
infecção do colo, uma vez que o muco 
cervical e o canal endocervical são 
considerados uma das maiores proteções 
a ascensões de micro-organismos. 
Ocorre destruição da endossalpinge com 
produção de exsudato purulento resultando 
em pelviperitonite; O organismo tenta se 
proteger e as fimbrias se fecham, 
provocando piossalpinge, e se houver 
envolvimento ovariano, se transforma em 
abscesso tubo ovariano. 
Fatores que podem contribuir para ascensão 
dos micro-organismos: 
o Instrumentação uterina 
o Alterações hormonais que 
modificam o muco cervical 
o Menstruação retrógrada 
o Potencial virulento dos micro-
organismos 
 
ETIOPATOGENIA 
1. No início do processo, há 
CERVICITE por clamídia, 
caracteriza-se estágio 0 (pré-DIP). A 
infecção superior ainda não foi 
instalada, mas há uma chance de 
20% a 30% de que ocorra, sendo 
essa chance maior quanto menor a 
idade da mulher 
2. Ocorre ascensão desses agentes e 
passagem pelo endométrio, 
ocorrendo ENDOMETRITE 
3. Os microorganismos que fazem 
parte do meio ambiente vaginal 
(fisiologicamente) ascendem 
através da cervicite, via canalicular, 
instalando-se na tuba 
4. Inicia-se formação de conteúdo 
purulento, que pode se desprender, 
passar através das fimbrias e 
derramar no peritônio pélvico, 
ocasionando PELVIPERITONITE 
Pelo fato de o acúmulo maior ser no fundo 
do saco de Douglas, esse local se apresenta 
com maior sensibilidade, desencadeando 
dispareunia e dor ao toque vaginal. 
Principalmente no fundo de saco de Douglas 
5. Alças intestinais e epíplon tendem a 
bloquear o processo purulento, 
formando o denominado complexo 
tubo-ovariano 
6. Á medida que aumenta a 
viscosidade desse conteúdo, pode 
NIC – REVISÃO AV1 GINECOLOGIA 2022 
 
ocorrer a fusão das fimbrias 
tubárias, provocando 
aprisionamento de pus dentro das 
tubas, denominando 
PIOSSALPINGE 
7. Com o conteúdo aprisionado, ocorre 
a diminuição dos níveis de oxigênio 
e proliferação de anaeróbios. Esse 
conteúdo purulento pode se 
propagar para os ovários, 
constituindo o abcesso tubo 
ovariano. 
8. Ele pode ser esterilizado e formar 
uma massa multicística com 
conteúdo citrino estéril: 
HIDROSSALPINGE 
9. Caso o abcesso tubo ovariano 
(ATO) aumente muito de pressão, 
ele pode romper e ocasionar um 
quadro grave com derramamento de 
pus no peritônio, levando ao choque 
séptico e até o óbito. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
É facilitada próximo a menstruação 
(Ocorre fluidez do muco cervical, abertura 
do colo, sucção na contratilidade uterina) 
Ponto de partida: ENDOMETRITE 
O gonococo e a clamídia causam lesão 
direta e indireta ao epitélio ciliar, que 
induz a intensa reação inflamatória, 
levando a edema e infiltrado leucocitário, 
por isso a dor a mobilização e palpação de 
anexos. Essa inflamação da superfície 
tubaria leva a aderências, justificando a dor 
pélvica crônica e a oclusão do osteotubário 
e formação de traves, justificando a 
infertilidade. Essas traves também podem 
favorecer a gravidez ectópica. 
 
QUADRO CLÍNICO: Síndrome de Fitz-
Hugh-Curtis 
Decorre da formação de múltiplos abcessos 
na superfície hepática 
Na fase aguda há presença de exsudato 
purulento visível na cápsula de Glisson, sem 
haver comprometimento do parênquima 
hepático 
Na fase crônica há as aderências tipo cordas 
de violino, entre a parede abdominal anterior 
e a superfície hepática! 
DIAGNÓSTICO 
o Anamnese + Quadro clínico 
o Exame físico 
o Exames laboratoriais, culturas, 
PCR 
o Exames de Imagem: USG 
transvaginal 
Sumário de urina p/ excluir ITU 
Cultura de secreção cervical: Gonococos 
(thayer – martin), gram em secreção vaginal, 
exame a fresco da secreção e 
imunofluorescência indireta para clamídia 
Laparoscopia é o PADRÃO-OURO para o 
diagnóstico 
VDRL, beta HCG 
USG EV: Trompas cheias de material 
espesso? Afastar abcessos ou massas 
pélvicas. 
RM tem maior acurácia quando comparada 
a USTV p/ diagnóstico de DIP, pode 
substituir a laparoscopia 
TODAS as mulheres que têm DIPA 
devem ser testadas para HIV 
 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 
CLÍNICOS DA DIPA 
3 critérios maiores + 1 critério menor OU 
1 critério elaborado 
 
CRITÉRIOS MAIORES 
(OBRIGATÓRIOS) 
o DOR ABD INFERIOR 
o DOR À PALPAÇÃO DE ANEXOS 
o DOR À MOBILIZAÇÃO DO 
COLO UTERINO 
 
CRITÉRIOS MENORES 
o Temp. Axilar > 37,5° 
o Conteúdo vaginal ou secreção 
endocervical anormal 
o Massa pélvica 
o >5 leucócitos por campo 
o Leucocitose 
o PCR ou VHS elevado 
o Comprovação laboratorial de 
infecção por clamídia ou gonorreia 
 
CRITÉRIOS ELABORADOS 
o Histopatologia com evidência de 
endometrite 
NIC – REVISÃO AV1 GINECOLOGIA 2022 
 
o USG com presença de abcesso tubo-
ovariano ou no fundo do saco de 
Douglas 
o Laparoscopia com evidência de DIP 
 
TRATAMENTO 
Iniciar o mais breve possível 
Tratamento ambulatorial ou hospitalar. O 
ambulatorial é feito com antibióticos, já que 
sabemos que é uma infecção polimicrobiana. 
Sabendo dessa possibilidade, precisamos de 
antibióticos que sejam eficazes para os 
demais agentes, inclusive os anaeróbios. 
ATENTAR para presença de outras ISTs, e 
para o rastreamento de neoplasias 
associadas: HPV x Câncer do colo uterino. 
O parceiro deverá ser orientado para o 
tratamento de agentes das cervicites 
(clamídia e gonorreia) 
 
CRITÉRIOS PARA INTERNAÇÃO 
o Suspeita de abcesso pélvico ou tubo-
ovariano 
o Febre > 38, com quadro clínico 
grave 
o Peritonismo ou Sepse 
o Incerteza do diagnóstico 
o Falha do trat. Ambulatorial 
o Sem acesso financeiro 
o HIV+ 
 
TRATAMENTO AMBULATORIAL 
OMS: 
Ceftriaxona 500mg IM – Dose única 
+ 
Doxiciclina 100mg 12/12hrs – 14 dias 
+ 
Metronidazol 500mg 12/12hrs – 14 dias 
 
CDC: 
Ceftriaxona 250mg IM – Dose única 
+ 
Doxiciclina 100mg 12/12hrs – 14 dias 
+ 
Metronidazol 250mg 12/12hrs – 14 dias 
(USO OPCIONAL) 
 
INDICAÇÕES TRATAMENTO 
CIRÚRGICO: 
Falta de resposta ao tratamento clínico 
Massa pélvica que persiste ou até aumenta 
com o tratamento clínico 
Suspeita de rotura do abscesso tubo-
ovariano 
Evidência de sangramento intraperitoneal 
por conta de erosão e rotura vascular pelo 
processo infeccioso 
Abcesso de fundo de saco de Douglas 
PARCEIRO DEVE SER SEMPRE 
TRATADO COM: Azitromicina 1g VO + 
Ofloxacina 400mg VO (DOSE ÚNICA). 
Deve-se tratar TODOS os parceiros que 
mantiveram relações sexuais até 60 dias 
antes do início dos sintomas da paciente 
 
COMPLICAÇÕES 
o Sequelas precoces: 
Peri-hepatite 
o Abscesso tubo-ovariano 
o Morte 
 
o Sequelas tardias: 
Infertilidade 
o Gravidez ectópica 
o Dor pélvica crônica 
o DIP Recorrente (Ocorre em cerca de 
25% dos pacientes) 
 
CUIDADOS E ACONSELHAMENTOS 
Melhora clínica deverá acontecer nos três 
primeiros dias! 
Laparotomia está indicada nos casos de 
massas anexiais não responsivas ao 
tratamento ou ruptura delas. 
Em casos particulares, os abcessos podem 
ser esvaziados com punção transabdominal 
guiada por USG 
A paciente deve retornar ao ambulatório 
para seguimento na primeira semana pós alta 
hospitalar, e deve seguir abstinência sexual 
até a cura clínica. 
Se a paciente for usuária de DIU, não há 
necessidade sistemática da remoção dele, 
mas caso exista indicação, a remoção NÃO 
deve ser anterior à instalação da 
antibioticoterapia, só após duas doses do 
esquema terapêutico. 
 
 
 
 
NIC – REVISÃO AV1 GINECOLOGIA 2022 
 
2. PLANEJAMENTO FAMILIAR 
É direito de todos decidir o futuro da família 
e cabe à FAMÍLIA a decisão nos planos e 
estratégias do planejamento familiar. 
 
CONCEITOS 
Índice de Pearl: É o principal avaliador da 
eficácia de um método contraceptivo. São 
100 mulheres usando um método em um 
ano, e sua taxa de falha nesse período. 
Quanto MENOR o índice de Pearl, maior a 
eficácia. 
Eficácia: Condições ideais, uso perfeito 
Efetividade do método: Uso rotineiro, VIDA 
REAL! 
OMS não recomenda um método 
contraceptivo que tenha índice de Pearl < 4 
 
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE DA 
OMS 
Categoria 1: Pode ser utilizado sem 
restrições 
Categoria 2: Pode ser utilizado com 
restrições, precauções 
Categoria 3: Os ricos superam os benefícios 
Categoria 4: Não deve ser utilizado, uma vez 
que apresenta risco inaceitável 
 
DIU: Não hormonais vs Hormonais 
Os dispositivos intrauterinos são artefatos de 
polietileno, com ou sem adição de 
substâncias metálicas ou hormonais, que 
exercem efeito anticonceptivo quando 
colocados dentro da cavidade uterina 
Podem ser classificados basicamente em 
duas categorias: 
A) DIU não medicado (inerte): Não 
contém ou liberam substâncias 
ativas. São unicamente constituídos 
de polietileno 
B) DIU medicado (ativo): Além da 
matriz de polietileno, contém 
sustâncias, como metais (cobre) ou 
hormônios (exercem ação 
bioquímica local, aumentando a 
eficácia anticonceptiva). 
O DIU exerce seu efeito antifertilidade de 
formas variadas e pode interferir no processo 
reprodutivo antes mesmo do óvulo atingir a 
cavidade uterina. Ele atua sobre os óvulos e 
espermatozoides de várias maneiras, a 
depender do tipo de DIU utilizado: 
1. Estimula reação INFLAMATÓRIA 
pronunciada no útero, por ser um 
corpo estranho. A concentração de 
diversos tipos de células e enzimas 
nos fluidos uterino e tubário 
aumenta consideravelmente, 
especialmente nos DIUs com cobre 
2. As alterações bioquímicas 
interferem no transporte dos 
espermatozoides no aparelho 
genital, bem como alteram os 
espermatozoides e óvulos 
impedindo a fecundação 
OBS: SIU-LNG existem dois tipos, 
MIRENA e KYLEENA, o segundo é menor 
e tem menos hormônio. 
 
DIU de COBRE 
O ambiente fica mais reativo, o 
espermatozoide não encontra um 
ambiente favorável para fecundar. Os 
movimentos das trompas são alterados 
pelo cobre. 
Provoca reação inflamatória no endométrio, 
com alterações histológicas e bioquímicas 
importantes que interferem na fisiologia 
normal da espermomigração, fertilização do 
óvulo e implantação do blastocisto. Os íons 
de cobre interferem na vitalidade e na 
motilidade espermática, prejudicando-as, e 
diminui a sobrevida do óvulo no trato 
genital. Assim, pode-se concluir que os 
DIUs com cobre agem não apenas na 
cavidade uterina, mas também fora dela, 
interferindo em várias etapas do processo 
reprodutivo. 
É o mais eficaz de todos, duração de 10 anos 
Ocorrem: 
o Mudanças bioquímicas e 
morfológicas endometriais 
o NÃO AFETA A OVULAÇÃO 
o Modificação do muco cervical 
o Alteração no transporte tubário 
o Interferência na função e viabilidade 
dos gametas 
o O cobre potencializa e aumenta as 
reações inflamatórias desde o 
muco cervical, pois aumenta a 
produção de prostaglandinas. 
NIC – REVISÃO AV1 GINECOLOGIA 2022 
 
Interfere na mobilidade dos 
espermatozoides dificultando a 
capacitação espermática.EFEITOS COLATERAIS e 
BENEFÍCIOS: 
o Aumento do fluxo menstrual, piora 
da dismenorreia: Causas mais 
frequentes de abandono do uso 
o Longa duração, eficaz, duradoura 
o NÃO TEM HORMÔNIOS 
o Imediatamente reversível: Quando 
removido, a mulher pode engravidar 
tão rapidamente quanto uma mulher 
sem DIU 
o Não interfere no aleitamento, na 
qualidade ou quantidade do leite 
o Pode ser utilizado logo após o parto 
e abortamento 
o Pode ser utilizado na menopausa 
o Não interage com outras 
medicações 
 
SIU-LNG (Sistema Liberador de 
Levonorgestrel) 
O SIU previne a gravidez através do 
controle do desenvolvimento mensal da 
camada de revestimento do útero 
(endométrio), de forma que esta não fica 
suficientemente espessa para possibilitar 
a gravidez e preparar para uma 
implantação embrionária. O endométrio 
fica fino e inativo. 
Além disso, promove o espessamento do 
muco no canal cervical, o que dificulta a 
entrada do espermatozoide dentro do útero, 
evitando a fertilização. 
Afeta o movimento dos espermatozoides 
dentro do útero 
Como o efeito do SIU é atribuído 
principalmente ao seu efeito local, a maior 
parte dos ciclos são ovulatórios com ruptura 
folicular em mulheres em idade fértil, mas é 
provável que haja inibição da ovulação em 
alguns ciclos. (Ou seja, alguns são 
ovulatórios e alguns são anovulatórios) 
O mecanismo de ação consite na ação 
primária da PROGESTERONA: 
Muco cervical espesso, hostil, dificultando a 
penetração do espermatozoide. Inibe a 
motilidade no endométrio e trompas, 
prevenindo a fertilização. 
Os níveis baixos de esteroides circulantes 
podem, às vezes, inibir a ovulação 
A lubrificação vaginal está normal, pois há 
produção estrogênica, mesmo que baixa 
Sua grande vantagem é a sua ação 
basicamente local, com poucos efeitos 
sistêmicos e a diminuição do volume 
menstrual. 
 
EFEITOS COLATERAIS e 
BENEFÍCIOS: 
Sangramento irregular e de escape dos 3 aos 
5 meses, é a principal causa de 
descontinuidade do método 
Cefaleia, náusea, depressão 
Acne, mastalgia e ganho de peso é MENOS 
COMUM 
Diminui o fluxo e a dismenorreia 
Previne a anemia, não interfere na 
coagulação sanguínea, no metabolismo dos 
carboidratos, lipídios, HDL, colesterol ou 
enzimas hepáticas 
Não interfere na PA 
Promove o controle da menorragia 
Tem a fertilidade rapidamente dertomada 
 
INTERCORRÊNCIAS COM O USO DE 
DIU e SIU 
Perfuração uterina – RARO!!! 
Expulsão – É mais frequente no primeiro 
mês após a colocação, e a paciente é 
nuligesta 
DIU vs DIP: Não há associação. Existe um 
discreto aumento nas 3 primeiras 
semanas após a inserção, decorrente de 
uma infecção preexistente ou de uma má 
técnica asséptica na inserção. 
o Deve tratar a DIP com antibióticos 
adequados, nem sempre precisa 
remover o DIU. Deve-se retirar o 
DIU caso não ocorra melhora clínica 
em 48horas. 
Profilaxia antibiótica de rotina NÃO ESTÁ 
indicado para a colocação do DIU, deve 
ser reservada apenas para pacientes com 
risco de endocardite. 
Idade < 20 anos é fator de risco para DST, 
o uso do DIU nesta faixa etária poderia 
permitir o mal uso do método de barreira (ser 
NIC – REVISÃO AV1 GINECOLOGIA 2022 
 
ignorado) devido ao comportamento sexual 
liberal ser comum nessa faixa etária. 
GRAVIDEZ vs DIU: Quando há falha no 
DIU, ocorre uma maior chance de 
gravidez ser ectópica. 
o Quando ocorre a gravidez, em uso 
de DIU, deve orientar quanto aos 
ricos de infecção intrauterina e 
propor a retirada do dispositivo, que 
deve acontecer até a 12ª semana. 
o Cerca de 50% das pacientes que 
engravidam com o DIU terão um 
abortamento espontâneo. A retirada 
do DIU aumenta as chances de 
manutenção da gravidez. 
Assim como no uso das pílulas, o DIU 
também tem uma indicação de tempo 
adequado para ser introduzido. Não é regra, 
mas é preferível que seja colocado 
durante o período menstrual porque é 
quando o colo do útero está mais dilatado 
e quando há menor probabilidade de 
engravidar. 
USG de controle NÃO é consenso. 
 
MECANISMO DE AÇÃO DO 
PROGESTÁGENO ISOLADO – 
MINIPÍLULA 
Os contraceptivos contendo apenas 
progestogênios promovem ciclos 
ovulatórios em 40% dos casos e, 
eventualmente, há maturação do folículo 
ovariano. Agem principalmente 
atrofiando o endométrio e tornando o 
muco cervical mais espesso, alterando a 
motilidade tubária. 
São mais utilizados para a lactação, visto 
que sua eficácia menor pode ser compensada 
pelo efeito anticoncepcional da lactação 
Pode ser utilizada por mulheres que não 
amamentam, principalmente em situações 
especificas, como a proximidade com a 
menopausa 
Atrofiam o endométrio 
Tornam o muco cervical muito espesso 
Altera a motilidade tubária 
Dose abaixo dos ACO 
Escapes, alterações de fluxo menstrual 
 
 
CONTRACEPTIVOS HORMONAIS 
COMBINADOS 
Estrógenos + Progestagenos: Monofásicas, 
bifásicas e trifásicas 
Monofásicas são mais utilizadas, mantem a 
dose hormonal durante todo o ciclo 
Bifásicas e trifásicas apresentam variações 
na quantidade hormonal, tentando mimetizar 
o ciclo. 
 
MECANISMO DE AÇÃO DOS 
MÉTODOS COMBINADOS 
Os contraceptivos combinados (ORAIS, 
INJETÁVEIS, ADESIVOS OU ANEL) 
promovem uma anovulação através do 
bloqueio do eixo hipotálamo hipófise. 
Ocorre a supressão do LH e FSH basais e 
diminuem a capacidade da hipófise de 
secretar gonadotrofinas quando estimulada 
pelo GnRh, além de possuírem ação 
hipotalâmica. 
O componente progestagênico inibe 
predominantemente a secreção do LH, 
enquanto o componente estrogênico inibe a 
secreção do FSH. Com isso, os folículos 
ovarianos não amadurem, não produzem 
estrogênio e não ocorre o pico de LH no 
meio do ciclo, que é fundamental para a 
ovulação. 
Resumindo: 
o Tornam o muco espesso e dificulta a 
ascensão do espermatozoide 
o Torna o endométrio atrófico e 
desfavorável a implantação 
o A dosagem de estrogênio acima de 
35mcg aumenta o risco 
trombogênico, a MENOR 
quantidade utilizada é a de 15mcg 
o Quanto menor a dose do estrógeno, 
maior o escape e maior a chance de 
amenorreia pós-pílula, como tem 
menos estímulo estrogênico, vai 
resultar em uma atrofia! 
Apresentação: 
o Contraceptivos orais combinados 
o Adesivos trans dérmicos 
o Anel vaginal 
o Injetáveis mensais 
 
NIC – REVISÃO AV1 GINECOLOGIA 2022 
 
Desvantagens do esquema padrão: 
Sangramento por suspensão hormonal, pode 
ser volumoso ou indesejado 
Cefaleia, mastalgia ou alterações de humor 
no período de pausa 
 
Desvantagens do esquema contínuo: 
Sangramento de escape imprevisível durante 
o uso 
Classificação dos ACO de acordo com a 
dose do estrógeno: 
o ALTA: >50mcg 
o MÉDIA: 50mcg 
o BAIXA: 30-35mcg 
o MUITO BAIXA: 15-20mcg 
Baixa dose: Formulações com menos de 
50mcg. O índice de Pearl é o mesmo 
independente da concentração (35, 30, 20 ou 
15mcg) 
O risco trombogênico pode ser 
potencializado pela associação com a 
progesterona: maior risco 
(DESOGESTREL), menor risco 
(LEVONORGESTREL) 
O fumo é um fator de risco para TVP e 
trombose arterial quando associado ao ACO: 
Interação sinérgica da nicotina e o 
estrogênio, influindo fatores de coagulação, 
agregação plaquetária e ação 
vasoconstrictora da nicotina mediada pela 
alteração na formação das prostaciclinas. 
Logo, o tabagismo em mulheres >35 anos 
constitui contraindicação para o AHCO. 
Caso a paciente pare de fumar, deve esperar 
12 meses para fazer o uso. 
 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Reduzem a eficácia: Rifampicina, 
anticonvulsivantes (fenobarbital, 
carbamazepina, fenitoína, primidona), 
alguns retrovirais (nelfinavir, ritonavir, 
lopinavir, nevirapina) 
Os ACO diminuem a eficácia de: 
Metildopa, hipoglicemiantes, guanetidina 
 
OBS: É recomendado que mulheres que 
estejam amamentando só iniciem o uso de 
ACO combinados a partir do término do 
aleitamento, ou a partir do sexto mês pós-
parto. Caso não estejaamamentando, pode 
iniciar o uso na 3ª semana pós-parto se não 
apresentar fatores de risco para TVP. 
 
ANTICONCEPCIONAIS INJETÁVEIS 
TRIMESTRAIS 
Espessamento de muco cervical 
Efeitos indesejáveis: Retorno demorado da 
fertilidade, depressão, ganho de peso, 
alteração na libido e no humor, acne, queda 
de cabelo, mastalgia e sangramento irregular 
NÃO interfere na trombose 
Ação: Inibir os picos de estradiol e 
consequentemente os de LH, evitando a 
ovulação, além de provocar espessamento 
do muco cervical. 
Deve ser administrado no 5° dia do ciclo, 
via muscular profunda, doses 
subsequentes a cada 90 dias. Não deve 
massagear ou colocar bolsa de água quente 
no local, para não acelerar sua absorção. 
 
ANTICONCEPCIONAIS INJETÁVEIS 
MENSAIS 
Embora os anticoncepcionais injetáveis 
mensais sejam semelhantes ao ACO, a 
principal diferença é que há a presença de 
um estrogênio natural nos injetáveis em 
oposição a um sintético no ACO. Essa 
característica confere maior segurança no 
uso dos injetáveis em relação a pílula 
combinada. 
Injeções mensais, intervalos de 27-33 dias. 
Medida de segurança: Tomar sempre no 
mesmo dia do mês, se for durante o fds, 
pode esperar até a segunda. 
Efeitos não desejados: Ganho ponderal, 
cefaleia, irregularidade menstrual, 
alterações no humor. 
 
ANEL VAGINAL 
Posicionado no fundo de saco posterior, pela 
própria mulher, deixando por três semanas, 
quando deve ser retirado e descartado. 
Utiliza 3 semanas, faz a pausa de 1 
semana. 
A posição do anel NÃO é um fator 
fundamental para a sua eficácia, visto que 
não se trata de um método de barreira 
(diafragma), mas sim hormonal. 
Vantagens: Menor falha por esquecimento, 
liberação constante de hormônios (sem 
NIC – REVISÃO AV1 GINECOLOGIA 2022 
 
flutuações, e em menor dose), menos efeitos 
colaterais, rapidamente reversível, sem 1ª 
passagem hepática. 
 
ADESIVOS TRANSDÉRMICOS 
Devem ser sempre aplicados em áreas secas 
e limpas da pele, preferencialmente nos 
glúteos, face externa dos braços, abdome e 
tronco. NÃO deve ser aplicado nas mamas, 
área genital, região de cabeça e pescoço e 
extremidades inferiores. 
É utilizado por três semanas, com pausa 
na 4ª semana, quando ocorre o 
sangramento de escape. 
Pacientes com mais de 90kg apresentam 
redução na efetividade. 
Não sofre efeito da 1ª passagem hepática 
Não tem picos hormonais 
Absorção não é afetada por problemas no 
TGI. 
É um progestágeno com baixo poder 
androgênico, favorece o uso em paciente 
com acne e pele oleosa. 
 
IMPLANTE 
É inserido após a realização de pequeno 
botão anestésico e preferencialmente a seis 
centímetros da prega do cotovelo, no sulco 
entre bíceps e tríceps, na face medial do 
braço. 
Vantagens: Amenorreia, diminuição das 
dismenorreia, melhora da TPM 
Desvantagens: Ausência menstrual pode não 
ser bem-vista por alguns pacientes, exige um 
profissional qualificado, mulheres com 
mais de 70kg apresentam maior taxa de 
falha do método. 
 
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA 
o Indicações: 
Estupro 
o Ruptura de camisinha 
o Deslocamento de DIU 
o Coito episódio não protegido 
NÃO PROTEGE CONTRA DST & NÃO 
PODE SER UM MÉTODO USUAL. 
Levonorgestrel 0,75mg de 12/12hrs – 2 
doses OU 1,5mg dose única 
Pode tomar até 5 dias pós coito, embora o 
ideal seja até no máximo 72horas! 
 
CONTRACEPÇÃO CIRÚRGICA 
Homens e mulheres com capacidade civil 
plena, >25 anos, ou pelo menos, 2 filhos 
vivos. 
Prazo mínimo de 60 dias entre decisão e ato 
cirúrgico 
Risco de vida ou à saúde da mulher ou do 
futuro concepto, com ata de 2 médicos 
Termo consentindo e informado

Continue navegando