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Herança Jacente e Vacante

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DIREITO DAS SUCESSÕES. 
PROFESSORA: ROSEMARY FARIA. 
Olá, queridos alunos! 
Lembrem-se que este material é apenas um roteiro, não 
substituindo a bibliografia referenciada no plano de ensino, 
que consta do sistema do aluno. 
 
DA HERANÇA JACENTE E DA HERANÇA VACANTE 
 
Conceito de herança jacente: 
 
A jacência é uma fase pela qual passa a herança caso não 
haja conhecimento da existência de algum herdeiro. 
 
(CC, art. 1.819). 
 
Art. 1.819 CC. Falecendo alguém sem deixar testamento 
nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da 
herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e 
administração de um curador, até a sua entrega ao 
sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua 
vacância. 
 
A doutrina costuma considerar a herança jacente quando 
não há herdeiro certo e determinado, ou quando não se 
sabe da existência dele, ou quando a herança é repudiada. 
 
Na hipótese de todos os herdeiros conhecidos renunciarem 
a herança o CC/02 já a considera desde logo VACANTE, 
ou seja, nesta hipótese não há a fase da jacência: 
“Quando todos os chamados a suceder renunciarem à 
herança, será esta desde logo declarada vacante” (art. 
1.823). 
 
 
Art. 1.823 CC. Quando todos os chamados a suceder 
renunciarem à herança, será esta desde logo declarada 
vacante. 
 
Jacência naõ se confunde com a vacância, é apenas 
uma fase do processo que antecede a esta. 
 
Quando isso acontece o Poder Público visando impedir o 
perecimento da herança, ordena a sua arrecadação, com o 
intuito de entregá-la a herdeiros que possam aparecer. 
 
Somente depois de esgotadas todas as providências legais 
é que a herança jacente é declarada vacante, passando a 
incorporar-se ao patrimônio do Poder Público. 
 
Assim... 
 
A herança é jacente – quando não há herdeiro certo e 
determinado, ou quando se não sabe da existência dele, 
ou, ainda, quando é renunciada; 
Vacante – quando é devolvida à fazenda pública por se ter 
verificado não haver herdeiros que se habilitassem no 
periódo da jacência”. (Carlos Roberto Gonçalves). 
 
Entretanto, a doutrina aponta outras hipóteses de jacência: 
 
Sem testamento e com testamento. 
 
Sem Testamento: Ocorre em duas situações distintas: 
quando não há herdeiros conhecidos (cônjuge ou 
companheiro, ou herdeiro descendente, ascendente e 
colateral sucessiv́el), ou quando há a renúncia da herança, 
por parte destes. 
 
Com testamento: Na hipótese de herdeiro nomeado em 
testamento não existir ou não aceitar a herança e o falecido 
não deixar outros herdeiros sucessíveis. 
Nessas hipótese a herança é arrecadada e posta sob a 
administração de um curador. 
 
Outros exemplos de Jacência apontados pela doutrina: 
 
1) a prole que ainda está por vir, ou seja, quando ainda se 
espera o nascimento de um herdeiro. 
 
Ex: o testador nomeia, como herdeiro universal, filho já 
concebido, porém não nascido de determinada pessoa. 
Falecendo o testador antes do nascimento a herança é 
arrecadada, até o nascimento com vida do herdeiro 
beneficiado. 
 
 
2) Quando se aguarda a constituição de uma pessoa 
jurídica: 
 
Ex. a herança foi destinada a criação de uma fundação. 
Enquanto se aguarda a criação da fundação, a herança é 
considerada jacente. 
 
3) Na hipótese de ausência, conforme descrito no artigo 28, 
§2o, do Código Civil que, “não comparecendo herdeiro ou 
interessado para requerer o inventário até trinta dias depois 
de passar em julgado a sentença que mandar abrir a 
sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos 
bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 
1.823”. 
 
A herança enquanto jacente permanecerá sob a guarda 
de um curador, nomeado livremente pelo juiz (CC, art. 
1.819; CPC/2015, art. 739). 
 
Art. 739 CPC. A herança jacente ficará sob a guarda, a 
conservação e a administração de um curador até a 
respectiva entrega ao sucessor legalmente habilitado 
ou até a declaração de vacância. 
 
§ 1º Incumbe ao curador: 
 
I - representar a herança em juízo ou fora dele, com 
intervenção do Ministério Público; 
 
II - ter em boa guarda e conservação os bens 
arrecadados e promover a arrecadação de outros 
porventura existentes; 
 
III - executar as medidas conservatórias dos direitos da 
herança; 
 
IV - apresentar mensalmente ao juiz balancete da 
receita e da despesa; 
 
V - prestar contas ao final de sua gestão. 
 
§ 2º Aplica-se ao curador o disposto nos arts. 159 a 161 
. 
 
 
Serão publicados editais na forma do artigo 741 do CPC: 
 
Art. 741 CPC. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará 
expedir edital, que será publicado na rede mundial de 
computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o 
juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de 
Justiça, onde permanecerá por 3 (três) meses, ou, não 
havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, 
por 3 (três) vezes com intervalos de 1 (um) mês, para que 
os sucessores do falecido venham a habilitar-se no prazo 
de 6 (seis) meses contado da primeira publicação. 
 
§ 1º Verificada a existência de sucessor ou de 
testamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua citação, sem 
prejuízo do edital. 
 
§ 2º Quando o falecido for estrangeiro, será também 
comunicado o fato à autoridade consular. 
 
§ 3º Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a 
qualidade do testamenteiro ou provada a identidade do 
cônjuge ou companheiro, a arrecadação converter-se-á em 
inventário. 
 
§ 4º Os credores da herança poderão habilitar-se como nos 
inventários ou propor a ação de cobrança. 
 
 
Passado um ano da primeira publicação e não havendo 
herdeiro habilitado nem habilitação pendente, a herança 
será declarada vacante (CPC/2015, art. 743; CC, art. 
1.820). 
 
Art. 743 CPC. Passado 1 (um) ano da primeira publicação 
do edital e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação 
pendente, será a herança declarada vacante. 
 
§ 1º Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela 
mesma sentença que a julgar improcedente, aguardando-
se, no caso de serem diversas as habilitações, o 
julgamento da última. 
 
§ 2º Transitada em julgado a sentença que declarou a 
vacância, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os 
credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta. 
 
_______________________________________________ 
Caso nenhum herdeiro seja habilitado a herança é 
declarada VACANTE => Art. 1.820 CC: 
 
Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e 
ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da 
lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira 
publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda 
habilitação, será a herança declarada vacante. 
 
Neste momento, o único efeito da declaração de vacância é 
excluir herdeiro colateral, na forma do parágrafo único do 
artigo 1.822CC, pois mesmo sendo declarada vacante 
herdeiro necessário ainda poderá se habilitar, contanto, 
que o faça em até cinco anos (1.822, "caput" CC). Se não 
se habilitar nos cinco anos seguintes a declaração de 
vacância a herança será destinada ao Poder Público. 
 
Na declaração de vacância o Poder Público tem ainda uma 
propriedade resolúvel, que só será definitiva depois de 
passados cinco anos da declaração de vacância sem que 
herdeiro sucessível tenha se habilitado. 
 
Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não 
prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; 
mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os 
bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do 
Distrito Federal, se localizados nas respectivas 
circunscrições, incorporando-se ao domínio da União 
quando situados em território federal. 
 
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de 
vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão. 
 
Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder 
renunciarem à herança, será esta desde logo declarada 
vacante.ENTÃO: A declaraçaõ de vacância naõ impede que 
herdeiro sucessível reivindique a herança, enquanto 
naõ decorrido o prazo de cinco anos contado da 
abertura da sucessaõ. Isso não ocorrerá se for herdeiro 
colateral, pois a lei só permite que este se habilite até a 
declaração de vacância. 
EFEITOS: 
 
Quando o herdeiro é habilitado na herança os efeitos 
retroagem a data da abertura da sucessão. 
 
Entretanto, quando a herança vai para o Poder Público, os 
efeitos não retroagem, pois o Poder Público em verdade 
não é herdeiro, apenas recebe a herança para que não 
fique sem um titular. 
 
"Trata-se então da única hipótese em que o momento do 
inićio da delação afasta-se cronologicamente da abertura 
da sucessão, colocando-se entre uma e outra etapas do 
fenômeno sucessório um espaço vazio, que é a mesma 
vacância”. (Carlos Roberto Gonçalves). 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
Tartuce, Flávio Direito Civil: direito das sucessões. v. 6. 13. 
ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020. 
 
Venosa, Sílvio de Salvo Direito Civil: família e sucessões. 
20. ed. – São Paulo: Atlas, 2020. 
 
Gonçalves, Carlos Roberto Direito civil brasileiro, volume 7 
: direito das sucessões. 13. ed. – São Paulo : Saraiva 
Educação, 2019. 
 
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Bons Estudos!

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