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AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do 
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são 
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 FARMÁCIA HOSPITALAR: HISTÓRICO, OBJETIVOS E FUNÇÕES 
1.1 HISTÓRICO E CONCEITOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
1.2 OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
1.3 FUNÇÕES DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
2 ÁREA FÍSICA TOTAL DA FARMÁCIA E LOCALIZAÇÃO IDEAL 
3 PLANEJAMENTO, CONTROLE E FUNÇÃO DO FARMACÊUTICO 
4 CENTRO DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO (CAF) 
4.1 LOCALIZAÇÃO DOS MATERIAIS 
5 AQUISIÇÃO DE MATERIAIS: LICITAÇÕES 
5.1 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO 
5.2 MODALIDADES DA LICITAÇÃO 
7 CONTROLE DE ESTOQUE 
7.1 ESPECIFICIDADES DO CONTROLE DE ESTOQUES 
7.1.1 Parâmetros de compra 
7.1.1.1 Média aritmética móvel 
7.1.1.2 Último período 
7.1.1.3 Média móvel ponderada 
7.1.1.4 Média ponderada exponencial 
7.1.1.5 Mínimos quadrados 
7.1.2 Estoque de segurança 
7.1.3 Curva ABC 
7.1.3.1 Elaboração da curva ABC 
7.1.3.1.1 Coleta de dados 
7.1.3.2 Comportamentos da curva ABC 
7.1.4 Ponto de ressuprimento 
7.1.5 Lote de ressuprimento 
7.1.6 Estoque Máximo 
7.1.7 Lote econômico 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
7.2 MÉTODOS DE CONTROLE FÍSICO DE ESTOQUES 
7.2.1 Inventário 
8 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS 
8.1 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COLETIVO 
8.1.1 Desvantagens do sistema de distribuição coletivo 
8.2 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUALIZADO 
8.1.2 Vantagens do sistema de distribuição coletivo 
8.2.1 Desvantagens do sistema de distribuição individualizado 
8.2.2 Vantagens do sistema de distribuição individualizado 
8.3 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO MISTO OU COMBINADO 
8.3.1 Acondicionamento e embalagem de dose unitária 
8.3.2 Materiais utilizados no preparo de dose unitária 
8.3.3 Considerações específicas de embalagem das seguintes formas farmacêuticas 
8.3.3.1 Líquidos para uso oral 
8.3.3.2 Sólidos de uso oral 
8.3.3.3 Medicamentos para o uso parenteral 
8.3.4 Requisitos para implantação do sistema de distribuição por dose unitária 
8.3.5 Vantagens do sistema de distribuição por dose unitária 
8.3.6 Desvantagens do sistema de distribuição por dose unitária 
 
 
MÓDULO II 
9 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
9.1 O PROCESSO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
9.2 VANTAGENS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
9.3 ETAPAS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
9.4 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
10 COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
10.1 COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA 
10.2 ESTRUTURA DAS COMISSÕES DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
11 FORMULÁRIO FARMACÊUTICO 
12 REALIZAÇÃO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
12.1 SELEÇÃO QUALITATIVA DE MEDICAMENTOS: REVISÃO DE CLASSE 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
TERAPÊUTICA 
12.2 MÉTODO QUANTITATIVO PARA A SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
12.2.1 Definição do problema, dos objetivos e identificação das alternativas 
12.2.2 Definição dos critérios de avaliação 
12.2.3 Caracterização das informações necessárias à análise de decisão 
12.2.4 Análise de decisão 
12.3 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS REALIZADA POR SISTEMA DE ANÁLISE 
DE AVALIAÇÃO POR OBJETIVO – SYSTEM OF OBJECTIFIED JUDGMENT 
ANALYSIS (SOJA) 
13 SELEÇÃO DE MEDICAMENTO PARA REDUZIR CUSTOS COM ASSISTÊNCIA 
FARMACÊUTICA 
14 INFECÇÕES HOSPITALARES E COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÕES 
HOSPITALARES (CCIH) 
14.1 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH) 
15 MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS 
15.1 FORMAS FARMACÊUTICAS NÃO ESTÉREIS DE IMPORTÂNCIA NA 
MANIPULAÇÃO HOSPITALAR 
15.2 ESTRUTURA FÍSICA LABORATORIAL PARA MANIPULAÇÃO DE 
MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS 
16 QUIMIOTERAPIA E AS ATRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO ONCOLÓGICO 
16.1 ATENDIMENTO ÀS PRESCRIÇÕES MÉDICAS 
16.2 CENTRAL DE MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS 
16.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA MANIPULAÇÃO DE 
ANTINEOPLÁSICOS 
16.4 SEGURANÇA NA MANIPULAÇÃO DE QUIMIOTERAPIA 
16.5 CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DOS ANTINEOPLÁSICOS 
16.6 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA AO PACIENTE ONCOLÓGICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
 
MÓDULO III 
17 NUTRIÇÃO PARENTERAL: NUTRIENTES E VIAS 
17.1 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
17.2 COMPLICAÇÕES MECÂNICAS, SÉPTICAS E METABÓLICAS 
17.2.1 Complicações pela inserção do cateter 
17.2.2 Complicações sépticas 
17.2.3 Complicações metabólicas 
17.2.3.1 Glicosúria 
17.2.3.2 Síndrome hipoglicêmica 
17.2.3.3 Hipofosfatemia 
17.2.3.4 Hipomagnesemia 
17.2.3.5 Concentrações séricas de lipídios 
17.2.3.6 Deficiência de ácidos graxos essenciais 
17.2.3.7 Alterações Hepáticas 
17.2.3.8 Vitaminas 
17.2.3.9 Alterações ósseas 
17.3 COMPOSIÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
17.3.1 Macronutrientes 
17.3.1.1 Fontes nitrogenadas 
17.3.1.2 Fontes de carboidratos 
17.3.1.3 Fontes de lipídios 
17.3.2 Micronutrientes 
17.3.2.1 Vitaminas 
17.3.2.2 Eletrólitos 
17.3.2.3 Oligoelementos 
17.4 OSMOLARIDADE DAS SOLUÇÕES 
17.5 NOVOS SUBSTRATOS EM NUTRIÇÃO PARENTERAL 
17.6 REQUISITOS ESTRUTURAIS, AMBIENTAIS E FÍSICOS DO SETOR DE 
NUTRIÇÃO 
17.6.1 Estrutura física 
17.6.2 Barreira de isolamento 
17.6.2.1 Estrutura física da barreira de isolamento 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
17.6.2.2 Ambiente interno da barreira de isolamento 
17.6.2.3 Tecnológica de interação da barreira de isolamento 
17.6.2.4 Sistema de monitoramento da barreira de isolamento 
17.7 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
17.7.1 Estrutura organizacional 
17.7.2 Recursos humanos e responsabilidade 
17.7.3 Saúde, higiene e conduta 
17.7.4 Vestuário 
17.7.5 Material 
17.7.6 Seleção do recipiente 
17.7.7 Técnicas de preparo da nutrição parenteral 
17.7.7.1 Preparo com misturadores automáticos 
17.7.7.2 Preparo utilizando soluções parcialmente prontas 
17.7.7.3 Preparo de lotes 
17.7.7.4 Rotulagem e embalagem 
17.7.7.5 Conservação e transporte 
17.7.7.6 Validação 
17.7.7.7 Prazo de validade 
17.8 ESTABILIDADE E COMPATIBILIDADE DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
17.8.1 Incompatibilidade entre íons cálcio e fosfato 
17.8.2 Magnésio 
17.8.3 Sódio, potássio, acetato e cloreto 
17.8.4 Bicarbonato 
17.8.5 Interações entre nutrientes e medicamentos 
17.8.6 Interações entre nutrientes 
17.9 GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
17.9.1 Garantia da Qualidade 
17.9.2 Controle de Qualidade 
18 POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS E RENAME 
18.1 DIRETRIZES E PRIORIDADES DA PNM 
18.1.1 Adoção de uma relação nacional de medicamentos essenciais 
18.1.2 Regulamentação sanitária de medicamentos 
18.1.3 Reorientação da assistência farmacêutica 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
18.1.4 Promoção do uso racional de medicamentos 
18.1.5 Desenvolvimento científico e tecnológico 
18.1.6 Promoção da produção de medicamentos 
18.1.7 Garantia da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos 
18.1.8 Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos 
18.1.9 Responsabilidades das esferas de governo 
18.2 MEDICAMENTOS GENÉRICOS 
19 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: ATENÇÃO FARMACÊUTICA E FARMÁCIA 
CLÍNICA 
19.1 A EVOLUÇÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR E O SURGIMENTO DA 
FARMÁCIA CLÍNICA 
19.2 FARMÁCIA CLÍNICA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E METODOLOGIA 
19.2.1 Objetivos da Farmácia Clínica 
19.2.2 Metodologia da Farmácia Clínica 
19.3 ATENÇÃO FARMACÊUTICA: CONCEITO, FILOSOFIA E PRINCÍPIOS 
 
 
MÓDULO IV 
20 FARMACOECONOMIA 
20.1 CUSTOS 
20.1.1 Custos diretos 
20.1.2 Custos indiretos 
20.1.3 Custos intangíveis 
20.2ANÁLISE FARMACOECONÔMICA 
20.2.1 Análise de custo-benefício 
20.2.2 Análise de custo-efetividade 
20.2.3 Análises de custo-utilidade 
20.2.3.1 Avaliação da qualidade de vida associada à saúde 
21 FARMACOVIGILÂNCIA 
21.1 ESTUDOS DE FARMACOVIGILÂNCIA 
21.1.1 Caso Controle 
21.1.2 Coorte 
21.1.3 Ecológicos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
21.1.4 Transversais 
21.2 PROJETO HOSPITAL SENTINELA 
22 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS (CIM) 
22.1 A UTILIZAÇÃO E A PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE 
MEDICAMENTOS PELO CIM 
22.2 CENTROS DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS NO BRASIL 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
 
 
MÓDULO I 
 
 
1 FARMÁCIA HOSPITALAR: HISTÓRICO, OBJETIVOS E FUNÇÕES 
 
 
A atuação do farmacêutico nas instituições hospitalares é importante para 
garantir uma assistência farmacêutica adequada dentro de critérios técnico-
científicos. Além disso, o farmacêutico hospitalar está habilitado, por meio de 
mecanismos gerenciais, a contribuir na redução de custos por intermédio de uma 
administração eficaz e racional. A modernização das atividades hospitalares 
acarretou a necessidade da participação cada vez mais efetiva deste profissional na 
equipe de saúde. 
 
 
1.1 HISTÓRICO E CONCEITOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
No início do século XX, o farmacêutico atuava e exercia influência sobre 
todas as etapas do ciclo do medicamento. Para a sociedade, era um profissional de 
referência nos aspectos do medicamento sempre consultado por todas as classes 
de cidadãos. Responsável pela guarda e dispensação de medicamentos, nesta fase 
inicial, o farmacêutico hospitalar, também, manipulava praticamente todo arsenal 
terapêutico disponível na época. Com a expansão da indústria farmacêutica, a 
prática de formulação pela classe médica foi abandonada, somando-se a 
diversificação do campo de ação do profissional farmacêutico, levaram-no a se 
distanciar da área de medicamentos, descaracterizando a farmácia. Entre 1920 e 
1950, as farmácias hospitalares converteram-se num canal de distribuição de 
medicamentos produzidos pela indústria devido à intensificação da 
descaracterização das funções do farmacêutico. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
A partir de 1950, os serviços de farmácia, representados na época pelas 
Santas Casas de Misericórdia e Hospital das Clínicas de São Paulo, passaram a 
desenvolver-se e modernizar-se. Um nome inesquecível na luta pela reestruturação 
da farmácia hospitalar no país é o do professor José Sylvio Cimino, que dirigia o 
serviço de farmácia do Hospital das Clínicas de São Paulo e que publicou em 1973 o 
livro Iniciação a Farmácia Hospitalar, primeira obra científica da área. 
Em 1975, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) introduziu no 
currículo do curso de Farmácia a disciplina Farmácia Hospitalar, tornando-se mais 
tarde uma realidade em diversas universidades. Além disso, em 1980, foi implantado 
o curso de pós-graduação em Farmácia Hospitalar na Universidade Federal do Rio 
de Janeiro (UFRJ). 
A partir de 1982, o Ministério da Educação (MEC), passou a incentivar 
programas de desenvolvimento para a farmácia hospitalar, colaborando para a 
formação de um número elevado de profissionais. Em 1985, o Ministério da Saúde, 
preocupado com os problemas de infecção hospitalar, passou a incentivar a 
reestruturação das farmácias hospitalares, promovendo cursos de especialização. 
Já em 1995, foi criada a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar 
(SBRAFH), contribuindo intensamente para a dinamização da profissão e para o 
desenvolvimento da produção técnico-científica nas áreas de assistência 
farmacêutica hospitalar. 
Nesse momento, vivemos uma fase clínico-assistencial da farmácia 
hospitalar, como expressa o conceito da SBRAFH: “Unidade clínica, administrativa e 
econômica, dirigida por profissional farmacêutico, ligada, hierarquicamente, à direção 
do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao 
paciente”. A atuação da farmácia hospitalar se preocupa com os resultados da 
assistência prestada ao paciente e não apenas com a provisão de produtos e 
serviços. Como unidade clínica, o foco de sua atenção deve estar no paciente, nas 
suas necessidades e no medicamento, como instrumento. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
 
 
1.2 OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
Em uma farmácia hospitalar, os objetivos devem ser definidos visando a 
alcançar eficiência e eficácia na assistência ao paciente e integração às demais 
atividades desenvolvidas no ambiente hospitalar. 
São objetivos básicos da farmácia hospitalar: 
 Desenvolver, em conjunto com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, 
ou similar, a seleção de medicamentos necessários ao perfil assistencial do 
hospital; 
 Contribuir para a qualidade da assistência prestada ao paciente, 
promovendo o uso seguro e racional de medicamentos e correlatos. 
Considerado o principal objetivo da farmácia hospitalar pela SBRAFH; 
 Estabelecer um sistema eficaz, eficiente e seguro de distribuição de 
medicamentos; 
 Implantar um sistema apropriado de gestão de estoques; 
 Fornecer subsídios para avaliação de custos com a assistência 
farmacêutica e para elaboração de orçamentos; 
 Propiciar suporte para as unidades de produção de propedêutica e 
terapêutica. 
Com o intuito de atingir seus objetivos, a farmácia hospitalar deve contar 
com um sistema eficiente de informações, dispor de sistema de controle e manipular 
corretamente os fatores de custos. É essencial, também, o planejamento e 
gerenciamento adequado do serviço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
 
 
FIGURA 1- QUADRO RESUMO DOS OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
1.3 FUNÇÕES DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde do 
Brasil definem como funções fundamentais da farmácia hospitalar: 
 Seleção de medicamentos, germicidas e correlatos necessários ao 
hospital, realizada pela comissão de farmácia e terapêutica (CFT) ou 
correspondente e associada a outras comissões quando necessário; 
 Aquisição, conservação e controle dos medicamentos selecionados 
estabelecendo níveis adequados para a aquisição por meio de um 
gerenciamento apropriado dos estoques. O armazenamento de 
medicamentos deve seguir as normas técnicas para preservar a qualidade 
dos medicamentos; 
SELEÇÃO DE 
MEDICAMENTOS 
FARMÁCIA 
HOSPITALAR 
 
DISTRIBUIÇÃO DE 
MEDICAMENTOS 
USO SEGURO E 
RACIONAL DE 
MEDICAMENTOS 
SUPORTE AS 
UNIDADES DE 
PRODUÇÃO 
AVALIAÇÃO DE 
CUSTOS E 
ORÇAMENTOS 
GESTÃO DE 
ESTOQUES 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
 Manipulação, produção de medicamentos e germicidas, seja pela 
indisponibilidade de produtos no mercado, para atender prescrições 
especiais ou por motivos de viabilidade econômica; 
 Implantação de um sistema de informação sobre medicamentos para 
obtenção de dados objetivos que possibilitem à equipe de saúde otimizar a 
prescrição médica e a administração de medicamentos. O sistema deve ser 
útil na orientação ao paciente no momento da alta ou nos tratamentos 
ambulatoriais. 
Essas funções são prioritárias em uma farmácia hospitalar e, portanto, 
suporte fundamental para o desenvolvimento de vários programas assistenciais na 
instituição. 
Podemos estabelecer, de forma didática, uma proposta de desenvolvimento 
escalonado da farmácia hospitalar em quatro fases. Na fase um, dedica-se à 
estruturação do serviço; na fase dois, inicia-se a especialização dos serviços; na 
fase três, aprimora-se a especialização; e, na fase quatro, implementam-se as ações 
clínico assistenciais (Figura 2). 
 
FIGURA 2 - PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO ESCALONADO DA FARMÁCIA 
HOSPITALAR 
 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem emFarmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
 
 
2 ÁREA FÍSICA TOTAL DA FARMÁCIA E LOCALIZAÇÃO IDEAL 
 
 
Há na literatura algumas publicações que relacionam a área física da 
farmácia com o número de leitos hospitalares: 1,5m²/leito (JOSÉ SYLVIO CIMINO), 
1,2m²/leito (OPAS) e 1,0m²/leito (SOCIEDADE ESPANHOLA DE FARMÁCIA 
HOSPITALAR). 
Ao prever o dimensionamento de uma farmácia hospitalar, o ideal, é 
considerar, além do número de leitos, outros fatores de suma importância que 
influenciarão no desenvolvimento das atividades a serem executadas. Destacam-se 
entre esses fatores: 
 Tipo de hospital (especializado, geral, policlínico, de ensino, 
filantrópico); 
 Nível de especialização da assistência médica prestada no hospital; 
 Fonte mantenedora e tipo de atendimento (particulares, convênio com 
o SUS e outros); 
 Programação das necessidades da farmácia em função das atividades 
propostas; 
 Região geográfica onde se localiza o hospital, considerando as 
dificuldades de aquisição e transporte de medicamentos. 
Devido às suas peculiaridades e independentemente da diretoria a que 
esteja vinculada, a farmácia deve desenvolver um relacionamento integrado com as 
divisões clínicas e administrativas. 
A localização da farmácia deve ser tecnicamente correta, devendo ser 
observados os seguintes aspectos: 
 Facilidade de circulação e reabastecimento; 
 Equidistância das unidades usuárias e consumidoras, permitindo um 
fácil acesso; 
 Certo grau de isolamento devido aos ruídos (quando houver produção 
industrial ou semi-industrial), assim como odores e poluição; 
 Critérios técnicos e administrativos empregados. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 16 
 
 
3 PLANEJAMENTO, CONTROLE E FUNÇÃO DO FARMACÊUTICO 
 
 
Instrumento de gestão indispensável em uma farmácia hospitalar é o 
planejamento, processo de estabelecer objetivos e linhas de ação adequadas 
para alcançá-los. O controle, por sua vez, encarrega-se de assegurar o êxito dos 
planos elaborados. 
O planejamento na farmácia hospitalar, como em todas as organizações, se 
inter-relaciona com as demais funções administrativas. O sucesso do planejamento 
depende da eficiência de outras funções, e essas existem em consonância com o 
planejamento. Portanto, a organização, a direção e o controle não têm razão de ser 
se não existir um planejamento para assegurar a organização e que defina a direção 
a caminhar e o que controlar. 
Um serviço de farmácia deverá ser administrado por um profissional 
farmacêutico com qualificação e experiência em farmácia hospitalar. 
O serviço de farmácia deve dispor de um número adequado de farmacêuticos 
e profissionais de apoio (nível médio) qualificados e competentes. A SBRAFH 
preconiza que a unidade de farmácia hospitalar deve contar com, no mínimo, um 
farmacêutico para cada 50 leitos. O número de auxiliares de farmácia dependerá da 
disponibilidade de recursos e do grau de informatização da unidade. Na ausência 
destes recursos, deve existir, no mínimo, um auxiliar para cada dez leitos. 
O perfil do farmacêutico hospitalar deve abranger as habilidades, destrezas, 
comportamentos e atitudes consideradas fundamentais para o farmacêutico 
moderno segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que inclui na descrição 
das características do farmacêutico moderno: 
 
 Capacidade técnica de prestação de serviço 
O farmacêutico é um prestador de serviços clínicos, analíticos e tecnológicos 
aos indivíduos, comunidades e instituições. A prática assistencial deve ser contínua, 
de alta qualidade e integrada aos sistemas de saúde. Portanto, exige-se boa formação 
técnica. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
 
 Poder de decisão 
A base de trabalho do farmacêutico deve ser a utilização adequada, eficaz, 
com análise de custo e efetividade dos recursos (materiais e humanos) empregados. 
Para atingir esta meta é necessária habilidade de avaliar, sintetizar e decidir pela 
estratégia de ação mais eficaz. 
 
 Capacidade de comunicação 
Habilidade de comunicação verbal, não verbal, escrita e escuta são 
essenciais para a prática assistencial, pois o farmacêutico interage com pacientes, 
com as equipes de saúde e administrativa. 
 
 Liderança 
O farmacêutico deve assumir, muitas vezes, uma posição de liderança para 
desenvolver suas atividades. Liderança envolve solidariedade e empatia, assim 
como a habilidade para decidir, comunicar e gerenciar de forma efetiva. 
 
 Habilidade gerencial 
O farmacêutico deve gerenciar de forma eficaz os recursos (humanos e 
físicos) e a informação. Como gerente de nível intermediário deve possuir boa 
integração e relação com os níveis hierárquicos da instituição. 
 
 Aperfeiçoamento profissional 
O avanço tecnológico e a produção técnico-científica do mundo moderno 
exigem a atualização constante dos profissionais. A disponibilidade para aprender 
novas metodologias e reciclar conhecimentos é essencial. 
 
 Capacidade de ensinar 
O farmacêutico, na vida profissional, necessita transmitir o conhecimento e 
elaborar procedimentos, visando melhorar as habilidades da equipe de trabalho. 
Os níveis de autoridade e áreas de responsabilidade devem ser claros; a 
supervisão e o controle do pessoal devem ser desenvolvidos adequadamente. As 
atribuições de cada categoria profissional devem estar bem estabelecidas e deverão 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 18 
ser revisadas quando necessário. É importante o serviço dispor de manual contendo 
essas atribuições para conhecimento e consulta de todos os funcionários. 
Uma gestão de recursos humanos adequada, coordenada pelo chefe do 
serviço com auxílio dos supervisores, irá garantir aos funcionários uma satisfação no 
trabalho e cumprimento dos planos de atividade, colaborando, assim, para que a 
farmácia da instituição atinja seus objetivos. 
 
 Gerenciamento de recursos materiais 
A gestão dos recursos materiais deve ser executada pela seção 
administrativa do serviço de farmácia e supervisionada pelo farmacêutico. 
Na dinâmica hospitalar contemporânea o impacto dos preços dos 
medicamentos nos gastos assistenciais é muito grande, impondo uma gestão de 
estoques de controle rígida, capaz de obter, coordenar e analisar fatos, para tomar 
decisões corretas a tempo e a hora, visando a redução dos custos sem prejuízo da 
assistência ao paciente. 
A administração de estoques de medicamentos compreende gerir estoques 
essenciais e padronizados, exigindo, para sua especialidade, a atuação de 
profissionais qualificados e conhecimento profundo em: 
 bases farmacológicas dos medicamentos em estoque; 
 similaridade; 
 condições ideais e exigências de conservação; 
 controle do prazo de validade dos medicamentos estocados, de modo 
que com habilidade profissional conduza ao escoamento mais rápido os 
estoques mais antigos e cujos prazos de validade estão mais próximos. 
Dessa forma, torna-se imprescindível a implantação de um sistema bem 
estruturado em todas as fases do processo de controle de estoque, para que a 
continuidade do processo de assistência farmacêutica seja assegurada e não haja 
ruptura do estoque, garantindo o atendimento da demanda das prescrições. 
 
 Análise de prescrição e distribuição eficiente 
A farmácia deve ser responsável pela aquisição, distribuição e controle de 
todos os medicamentos utilizados no hospital. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 19 
Deve ser prioridade a implantação de sistemas apropriados de distribuição 
de medicamentos. 
O farmacêutico deve analisar as prescrições de medicamentos antes de 
serem dispensadas, exceto em situações de emergência. As dúvidas devem ser 
resolvidas com o prescritor e as decisões tomadas precisam ser registradas para 
que o resultado seja a distribuição correta do medicamento. 
 
 Fornecimento de informações sobre medicamentos 
O farmacêutico é responsável pelo fornecimento de informações adequadas 
sobre medicamentos paraa equipe de saúde. Para tal, os farmacêuticos devem se 
manter atualizados por meio de literatura, visitas técnicas, participação em grupos 
de estudos e em grandes eventos científicos. A equipe deve elaborar e divulgar 
boletins informativos sobre o uso de medicamentos. 
 
 Otimização de terapia medicamentosa 
Visando melhorar e garantir a qualidade da farmacoterapia, o farmacêutico 
tem participação importante na elaboração de uma política de uso racional dos 
medicamentos. Este trabalho deve ser executado com o apoio da diretoria clínica e a 
colaboração da comissão de farmácia e terapêutica. 
O uso racional de medicamentos consiste em obter o efeito terapêutico 
adequado à situação clínica do paciente utilizando o menor número de fármacos, 
durante o período mais curto e com o menor custo possível. 
A otimização da terapia medicamentosa é função precípua da unidade de 
farmácia hospitalar. Contribui para diminuir a permanência do paciente no hospital e 
para a melhoria de sua qualidade de vida. 
 
 
4 CENTRO DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO (CAF) 
 
 
A Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) é a unidade de assistência 
farmacêutica que serve para o armazenamento de medicamentos e correlatos, onde 
são realizadas atividades quanto à sua correta recepção, estocagem e distribuição. 
 
 
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 20 
A CAF exerce atividades operacionais e de planejamento, tais como: 
 Receber os produtos comprados acompanhados das notas fiscais e 
conferi-los, adotando as normas técnicas de recebimento de produtos 
farmacêuticos. O recebimento deve seguir a rotina descrita no manual da 
farmácia; 
 Realizar os lançamentos de entrada por meio de sistema informatizado 
ou manualmente e guardar os produtos em locais apropriados de acordo 
com as normas técnicas; 
 Receber requisições das unidades assistenciais e da dispensação 
promovendo a separação, distribuição e registro de saída; 
 Realizar as atividades relacionadas à gestão de estoques; 
 Conservar os medicamentos em condições seguras, preservando a 
qualidade e permitindo o uso do sistema PEPS (primeiro a entrar, primeiro a 
sair, considerando o prazo de validade) para movimentação dos 
medicamentos; 
 Realizar levantamentos periódicos dos estoques e elaborar relatórios 
gerenciais. 
 
 
4.1 LOCALIZAÇÃO DOS MATERIAIS 
 
 
A perfeita identificação e localização dos materiais estocados sob 
responsabilidade da CAF é o principal objetivo da utilização de um sistema racional 
de localização de materiais, utilizando os seguintes aspectos: 
 
 Rotatividade do item 
Os itens que apresentam grande rotatividade, que entram em grandes 
volumes e com elevado peso devem ser armazenados próximos à área de 
expedição, facilitando assim a distribuição. 
 
 Ordem de entrada e saída 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 21 
Os medicamentos com menor prazo de validade devem ser armazenados à 
esquerda e na frente para serem dispensados primeiro. 
 
 Utilização de pallets 
Consistem em estrados de material resistente de dimensões diversas que 
evitam o contato dos produtos com o piso, evitando, assim, a ação da umidade e da 
poeira sobre os medicamentos. 
 
 Utilização de prateleiras 
Devem ser utilizadas prateleiras de material resistente de preferência de 
metal por serem imunes a ação de insetos e roedores, por suportarem maior peso e 
por apresentarem grande durabilidade. 
 
 Forma de empilhamento 
O empilhamento é uma forma de armazenamento de caixas que diminui a 
necessidade de divisões nas prateleiras (ou formando uma espécie de prateleira por 
si só) e permitindo assim o aproveitamento máximo do espaço vertical. 
 
 Ordenação do estoque 
O sistema de ordenação mais indicado é o dividido por forma farmacêutica 
em ordem alfabética. 
 
 Equidistância 
O armazenamento deve ser feito mantendo-se certa distância entre os 
produtos para facilitar a circulação de ar e permitir a limpeza. 
 
 
5 AQUISIÇÃO DE MATERIAIS: LICITAÇÕES 
 
 
A aquisição no setor público é regulamentada por conceitos e princípios do 
direito administrativo que, no conjunto, são denominados de licitações. 
 
 
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 22 
A licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a administração 
pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Visa a 
proporcionar iguais oportunidades aos que desejam contratar com o Poder Público. 
 
 
5.1 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO 
 
 
 Procedimento formal 
Significa que a licitação está vinculada às prescrições legais que a regem 
em todos os seus atos e fases. 
 
 Publicidade de seus atos 
Não há nem pode haver licitação sigilosa. A publicidade da licitação abrange 
desde a divulgação do aviso de sua abertura, até a adjudicação do edital. 
 
 Igualdade entre os licitantes 
A igualdade entre os licitantes é o princípio irrelegável na licitação. Nem o 
Estado pode oferecer condições especiais a um fornecedor, nem o fornecedor pode 
se colocar em uma situação de privilégio. 
 
 Sigilo na apresentação das propostas 
O sigilo há de ser guardado até a apresentação de documentação e 
propostas, no final do prazo fixado pela administração. 
 
 Vinculação ao edital 
A vinculação ao edital é princípio básico de toda licitação. Servindo para a 
administração divulgar a existência e as condições para licitar, o edital é um dos 
instrumentos mais importantes da licitação. 
 
 Julgamento objetivo 
A avaliação deve ser realizada, dentro do possível, com critérios verificáveis, 
levando em conta sempre a qualidade, o rendimento, o preço, os prazos de entrega 
 
 
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 23 
e o pagamento. Devido à diversidade e à especificidade dos materiais utilizados nos 
hospitais, o julgamento não pode ser feito somente por compradores. É necessária a 
participação do farmacêutico e de outros profissionais da equipe multidisciplinar para 
elaboração dos pareceres técnicos. 
 
 Adjudicação compulsória ao vencedor 
A adjudicação compulsória do objeto da licitação ao vendedor é, também, 
princípio irrelegável no procedimento licitatório. Ao vencedor fica reservado o 
fornecimento. Não se pode comprar de quem não venceu, enquanto o procedimento 
licitatório tiver validade. 
 
 
5.2 MODALIDADES DA LICITAÇÃO 
 
 
A legislação brasileira prevê as seguintes modalidades: 
 
 Lei 8666/1993 
 
 Concorrência 
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial 
de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação 
exigidos no edital. Deve ser utilizada para compras acima de R$ 650 mil e seu edital 
deve ser publicado com antecedência mínima de 45 dias. 
 
 Tomada de preço 
É a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou 
que atendem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia 
anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. 
Utilizada para valores entre R$ 80 mil e R$ 650 mil. Seu edital deve ser publicado 
com antecedência mínima de 30 dias. 
 
 Convite 
 
 
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 24 
Modalidade de licitação entre interessados cadastrados ou não, escolhidos e 
convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, a qual afixará, 
em local apropriado, cópia do instrumento convocatório (com antecedência mínima 
de cinco dias) e o estenderá aos demais cadastrados que manifestem seu interesse 
com antecedência de 24 horas da apresentação da proposta. Modalidade realizada 
para comprar de até R$ 80 mil. 
 
 Lei 10520/2002 
 
 Pregão 
O pregão é realizado mediante propostas e lances em sessão pública para 
qualquer valor de contrato. O autor da oferta de menor valor e os das ofertas de até 
10% superiores a ela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a 
proclamação do vencedor, sempre pelo critério de menor preço. Seu edital deve ser 
publicado com antecedência mínimade oito dias úteis. 
 
 
6 AQUISIÇÃO EM ÓRGÃOS PRIVADOS 
 
 
Hospitais privados podem fazer suas aquisições por meio de pesquisas de 
preços, contrato de fornecimento com fornecedores previamente selecionados ou 
adotando normas particulares estabelecidas pela instituição para assegurar 
competitividade e transparência nas negociações. 
Nos processos de compras em órgãos privados é recomendável observar os 
aspectos relacionados a seguir: 
 
 Número mínimo de cotações 
Para encorajar novos competidores, recomendam-se, no mínimo, três 
cotações. 
 
 Cadastramento de fornecedores 
 
 
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 25 
A pré-seleção dos concorrentes qualificados evita o dispêndio de tempo com 
um grande número de fornecedores dos quais, boa parte, muitas vezes, não tem 
condições adequadas para um bom negócio. 
 
 Preço objetivo 
O conhecimento prévio do preço justo, além de ajudar nas decisões do 
comprador, proporciona uma verificação no sistema de cotações. Pode, ainda, 
ajudar os competidores a serem competitivos mostrando que suas bases comerciais 
não são reais, e que seus preços estão fora de concorrência. Fornece ao comprador 
parâmetros para negociar com segurança. 
 
 Aprovação da compra 
Estabelece uma defesa da empresa pela garantia de um melhor julgamento, 
protegendo o comprador ao possibilitar a revisão de uma decisão individual. A 
aprovação da compra nos aspectos técnicos é feita pelo setor solicitante por meio de 
parecer técnico. Em algumas instituições é necessária uma aprovação administrativa 
para avaliação das condições da negociação da compra. 
 
 Registro da compra 
A documentação escrita anexa à solicitação de compras permite a revisão 
do processo e deve estar sempre disponível para esclarecer dúvidas posteriores. 
O farmacêutico geralmente não executa as compras, mas deve participar do 
processo de compras elaborando especificações do produto, indicando 
fornecedores, emitindo parecer técnico e fazendo o recebimento dos produtos. 
 
 
7 CONTROLE DE ESTOQUE 
 
 
A crise financeira que o Brasil enfrentou nas décadas de 1980 e 1990 e a 
elevação dos custos da assistência à saúde influenciaram e ainda têm afetado muito 
os hospitais brasileiros, levando a mudanças significativas na administração 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 26 
hospitalar. As instituições hospitalares têm procurado se adaptar às novas 
realidades, buscando otimizar a aplicação dos recursos financeiros que dispõem. 
O objetivo atual da administração hospitalar é adaptar-se às contínuas 
mudanças do mercado para promover meios necessários para assistência aos 
pacientes de forma efetiva. 
Nesse contexto, a administração de materiais possui importante papel, já 
que estes produtos são parte significativa dos gastos dos hospitais, pois os 
medicamentos comprometem cerca de 5% a 20% dos orçamentos dos hospitais. 
Embora, aparentemente, o peso das despesas com medicamentos não seja alto, 
este é um instrumento crucial para a assistência ao paciente e sua participação nas 
despesas com saúde vem subindo de forma progressiva nos últimos anos. 
Além do aspecto econômico, a preocupação com a qualidade é um requisito 
essencial, pois o paciente tem direito a uma assistência de qualidade 
independentemente da situação financeira da instituição. A participação do 
profissional de saúde dentro do processo logístico de materiais é imprescindível, 
pois é ele que normalmente solicita o produto com a correta especificação, controla 
a qualidade do que vai ser comprado, realiza o recebimento qualitativo e, finalmente, 
em várias situações, é também usuário destes materiais nas suas atividades. 
 
 
7.1 ESPECIFICIDADES DO CONTROLE DE ESTOQUES 
 
 
O controle de estoques é um dos componentes de gestão de materiais 
caracterizado por um subsistema incumbido de determinar “Quando” e “Quanto” 
comprar para uma aquisição adequada. 
O quanto comprar é obtido a partir da média aritmética móvel aliada ao 
estoque de segurança, análise ABC de valor e outros parâmetros. 
 
 
7.1.1 Parâmetros de compra 
 
 
 
 
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 27 
7.1.1.1 Média aritmética móvel 
 
 
O método para a previsão de estoques mais utilizado no meio hospitalar é a 
média aritmética móvel. Este método permite orientar a previsão de consumo para o 
próximo período por meio da média aritmética dos valores nos “n” últimos períodos (n 
= número de meses). A escolha do valor de “n” é arbitrária e depende da experiência 
do gerente. Quanto maior for o “n”, menor a resposta a variações de consumo e vice-
versa. Recomenda-se trabalhar com o “n” superior a 3 e inferior a 12. 
No meio hospitalar, as variações de consumo, principalmente de 
medicamentos, ocorre com maior frequência de acordo com o modelo de evolução 
sazonal. Considera-se a variação como sazonal, quando apresenta um desvio 
mínimo de 25% do consumo médio mensal (CMM) e surge atrelada a causas 
específicas (verão, inverno, epidemias e outros). 
Outra variação de consumo que ocorre com materiais hospitalares é o 
modelo de evolução de consumo sujeito e tendências. Isso fica em evidência 
quando o consumo médio aumenta ou diminui com o tempo, retratando itens novos 
que começam a ter maior aceitação ou itens que vão caindo em desuso. 
Existe ainda a evolução de consumo modelo horizontal, que retrata uma 
tendência constante por não sofrer influências. 
Assim, ao se estabelecer o valor de “n” deve-se ter em conta o modelo de 
evolução de consumo no período. 
 
 
 
 
CMM = consumo médio mensal 
n = número de meses 
 
 
A cada novo mês, acrescenta-se o mês mais recente e despreza-se o mais 
antigo. Além da média móvel, têm-se outras formas de previsão de consumo, 
praticamente não empregadas em hospitais. 
CMM= consumo de “n” últimos meses 
 n 
 
 
 
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 28 
 
 
7.1.1.2 Último período 
 
 
Baseia-se em uma determinação simples com utilização dos mesmos dados 
coletados no período anterior. Sua aplicabilidade é direcionada a produtos de 
consumo uniforme, em que na representação gráfica, constatam-se duas curvas 
idênticas em períodos de tempos diferentes. 
 
 
7.1.1.3 Média móvel ponderada 
 
 
Utilizada quando o método do último “período” torna-se inaplicável por 
ocorrência de grandes variações nos períodos mais próximos. Os pesos são valores 
decrescentes dos consumos mais recentes para os mais antigos. Objetiva ajustar da 
melhor maneira a tendência da curva de consumo, sendo uma variação do método 
da média móvel. Alguns programas para controle de estoque têm trabalhado com 
este tipo de média. 
 
 
7.1.1.4 Média ponderada exponencial 
 
 
Considera-se o erro de previsão do período anterior. Determina-se a próxima 
previsão a partir da “adição da previsão anterior ao produto da constante de 
amortecimento pelo erro de previsão”. Utilizando a seguinte fórmula: 
 
 
 
 
Xt = Previsão de consumo 
Xt = X(t-i) + α (X(t-i) – X(t-i)) 
 
 
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 29 
X (t - i) = Consumo ocorrido no período anterior 
X (t - i) = previsão de consumo no período anterior 
X (t - i) - X (t - i) = Erro de previsão 
Erro de previsão - é a diferença entre consumo ocorrido no período anterior e a previsão 
de consumo no mesmo período. 
α = Constante de amortecimento (dado empírico, estabelecido normalmente entre 0,1 e 
0,3). O valor escolhido deve ser menor para consumos uniformes e maior para variações maiores de 
consumo. 
 
 
7.1.1.5 Mínimos quadrados 
 
 
Método que permite fazer previsão para mais de um período. É de difícil 
aplicação por exigir utilização de muitos dados. Não recomendado na área de 
medicamentos e materiais médico-hospitalares por apresentar o hospital dados de 
consumo sazonais e pela falta de interesse da administração hospitalar em fazer 
previsões para grandes períodos. 
A média aritmética móvel é a média de consumo eleita para funcionar como 
precursora de outros parâmetrosde dimensionamento de estoques na área 
hospitalar. Na determinação do quanto comprar é necessário empregá-la juntamente 
com o estoque de segurança e análise ABC de valor. 
 
 
7.1.2 Estoque de segurança 
 
 
Estoque de segurança, também conhecido como estoque mínimo, é a 
quantidade de cada item que deve ser mantida como reserva para garantir a 
continuidade do atendimento, em caso de ocorrência não previstas – como elevação 
brusca do consumo e atraso no suprimento. O estoque de segurança evita ruptura 
do estoque que teria como consequência a queda no nível de atendimento e o 
próprio custo da ruptura. 
 
 
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 30 
O custo da ruptura de estoque pode ser avaliado levando em conta os 
seguintes parâmetros: 
 Custo do não atendimento; 
 Custo com o pessoal que estará, temporariamente, subutilizado pela 
falta do material; 
 Custo adicional do material adquirido para manutenção do nível de 
atendimento; 
 Custo do trabalho desenvolvido. 
O estoque de segurança depende do consumo, do tempo de abastecimento 
e da classificação ABC do produto. O consumo utilizado para esta determinação é 
geralmente representado pala média móvel. 
O tempo de abastecimento (TA) é o intervalo de tempo entre o início do 
processamento interno da compra (incluindo a emissão do pedido) e a chegada do 
material ao local de armazenamento. O tempo de processamento interno (TPI) 
compreende o período do planejamento, elaboração do pedido, emissão e 
processamento da compra. Já o tempo de processamento externo (TPE) abrange o 
espaço entre a emissão da ordem de fornecimento e a entrega do produto no hospital. 
 
 
 
TA = Tempo de Abastecimento 
TPI = Tempo de Processamento Interno 
TPE = Tempo de Processamento Externo 
 
 
O tempo de abastecimento pode variar de região para região e de uma 
instituição para outra. Por exemplo, no caso das instituições governamentais, a 
aquisição de materiais é regida pela Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, e suas 
alterações que tornam o tempo de abastecimento prolongado devido aos trâmites 
burocráticos estabelecidos para a licitação. 
Além do tempo de abastecimento, a determinação do estoque de segurança 
requer a classificação do item obtida por meio da curva ABC. 
 
 
TA = TPI + TPE 
 
 
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 31 
 
 
 
7.1.3 Curva ABC 
 
 
Itens de um estoque apresentam normalmente diferentes posições no fluxo 
de materiais e variados graus de utilização. O estudo técnico dessas ocorrências por 
meio do agrupamento de itens de acordo com seu custo, preferencialmente anual, 
permite a elaboração da curva ABC. A administração tem utilizado a curva ABC para 
os programas de suprimento e produção, aplicação do capital de giro e 
disponibilização de recursos em situações de urgência. 
A curva ABC, conhecida também como curva 80-20 ou gráfico de Pareto, foi 
aplicada à administração de empresas, inspirada no estudo de Vilfredo Pareto, 
realizado na Itália em 1897. O estudo constatou que a grande porcentagem de renda 
(80%) estava concentrada nas mãos de pequena parcela da população (20%). Daí o 
princípio foi adaptado à administração de materiais onde a definição das classes 
ABC obedece a faixas predeterminadas e onde se tem, no máximo, 20% de itens 
classe A, de 20% a 30% classe B e 50% de itens classe C. Estes valores têm uma 
correspondência em porcentagens de custo ou investimento. 
 
 
TABELA 1 - CLASSES DA CURVA ABC OU GRÁFICO DE PARETO 
Classes da curva ABC 
 
% de itens % de custos 
Classe A 20 50 
Classe B 20-30 20-30 
Classe C 50 20 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em 
Farmácia Hospitalar, 2006. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 32 
 
A classificação da tabela 1 demonstra que aproximadamente 20% do total 
dos itens correspondem a quase 50% do custo ou investimento (classe A). E que 
50% do total de itens correspondem a apenas 20% do custo, o que constitui a classe 
C. A partir desta determinação, conclui-se que a classe A detém maior importância 
administrativa, devendo cada classe receber tratamento diferenciado. 
 
 
7.1.3.1 Elaboração da curva ABC 
 
 
Será apresentado um exemplo constituído por dez itens apenas, para 
exemplificar didaticamente a elaboração de uma curva 80-20 ou curva ABC. 
Os seguintes dados são necessários para construção da curva ABC: 
 Relação dos itens ou artigos pertencentes a um mesmo grupo ou 
subgrupo. Por exemplo: medicamentos em geral, materiais médico 
hospitalares entre outros; 
 Custo unitário médio de cada item, fornecido por uma mesma tabela ou 
de uma mesma época; 
 Consumo anual de cada item (preferencialmente); 
 Custo anual ou capital investido; 
As fases para elaboração da curva são: coleta e ordenação de dados. 
 
 
7.1.3.1.1 Coleta de dados 
 
 
Relacionar todos os itens, seu custo unitário e, preferencialmente, o consumo 
anual. Por meio do produto destes valores, obtém-se o custo total ou custo anual. 
A partir do custo anual de cada item, realiza-se a ordenação dos dados e 
relacionam-se os itens segundo o valor decrescente do custo anual. Segue-se com 
a relação acumulada dos custos anuais a partir da qual se determinam as 
porcentagens. 
 
 
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 33 
 
 
 
TABELA 2 - RELAÇÃO DO CUSTO ANUAL FICTÍCIO 
Relação do custo anual 
Itens 
Custo unitário 
(R$) 
Consumo 
anual 
Custo anual 
(R$) 
X1 0,4 600 240 
X2 2,3 1000 2300 
X3 1,1 300 330 
X4 19 10 190 
X5 1,2 1200 1440 
X6 6,3 800 5040 
X7 0,35 4000 1400 
X8 0,25 6000 1500 
X9 4,1 2000 8200 
X10 0,82 500 410 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em 
Farmácia Hospitalar, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 34 
 
TABELA 3 - Montagem da curva ABC de 10 itens fictícios 
Classificação ABC de 10 itens 
Grau Item 
Custo anual 
(R$) 
Custo anual 
acumulado (R$) 
% 
acumulada Classificação 
1° X9 8200 8200 38,95 A 
2° X6 5042 13240 62,89 A 
3° X2 2300 15540 73,8 B 
4° X8 1500 17040 80,9 B 
5° X5 1440 18480 87,7 B 
6° X7 1400 19880 94,4 C 
7° X10 410 20290 96,3 C 
8° X3 330 20620 97,9 C 
9° X10 240 20860 99,09 C 
10° X4 190 21050 100 C 
FONTE: Adaptado de Gomes, M.J.V.M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em 
Farmácia Hospitalar, 2006. 
 
 
7.1.3.2 Comportamentos da curva ABC 
 
 
Os itens classe A são aqueles que correspondem à maior parte do 
investimento e devem ser priorizados administrativamente e, portanto, se tornam 
importantes para a determinação do estoque de segurança. 
O estoque de segurança dos itens A deve ser calculado como o suficiente 
para garantir o atendimento contínuo durante uma fração do tempo de 
abastecimento. É recomendável que os itens classe A tenham alto índice de 
rotatividade para permitir maior capital de giro disponível, evitando imobilização de 
recursos. Os itens B terão um estoque de segurança maior do que os de classe A e 
os de classe C maior do que os da classe B. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 35 
 
Podem ser utilizadas as seguintes fórmulas na determinação do estoque de 
segurança (ES): 
 
 
 
 
 
ES = estoque de segurança 
CM = média aritmética móvel 
TA = tempo de abastecimento (em meses) 
 
 
É necessário calcular o tempo de abastecimento (TA), sendo este sempre 
transformado em meses, por exemplo: 45 dias correspondem a TA = 1,5; 120 dias 
correspondem a TA = 4,0. O coeficiente de tempo de abastecimento (fração que 
multiplica TA) é determinado de forma empírica, baseado na realidade administrativa, 
podendo ser estabelecidos valores menores que os exemplificados acima. 
 
 
7.1.4 Ponto de ressuprimento 
 
 
O ponto de ressuprimento (PR), também conhecido como ponto de 
requisição, é um parâmetro de alerta no dimensionamento de estoques. É um nível 
de estoque que ao ser atingido sinaliza o momento de se fazer uma nova compra, 
evitando posterior ruptura do estoque,devendo ser atualizado após cada reposição. 
O ponto de ressuprimento deve ser determinado para garantir a continuidade 
do atendimento durante o tempo de abastecimento, respeitando a classificação ABC 
do item. Nesse caso, o PR coincidirá com o estoque de segurança sendo, 
normalmente, aplicado às instituições que têm facilidade e rapidez para o 
ressuprimento. 
Em outras instituições, cujo processo de aquisição é mais demorado, 
justifica-se a determinação do PR igual ao estoque máximo. 
ES item A = CM. 1/3 (estoque para 10 dias) 
ES item B = CM. ½ TA (estoque para 15 dias) 
ES item C = CM. T (estoque para 30 dias) 
 
 
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 36 
 
 
 
 
CM = Média aritmética móvel 
TA = Tempo de abastecimento (em meses) 
ES = Estoque de segurança (calculado de acordo com a classificação ABC) 
 
 Exemplo de um item classe A: 
 
CM = 200 unidades 
TA = 30 dias (1 mês) 
ES = 33 unidades 
PR = 200 x 1 + 33 = 233 unidades 
PR = 233 
Portanto , quando o estoque atingir 233 unidades, sinaliza o momento que o 
novo pedido deve ser processado para que não haja falhas no estoque. 
 
 
7.1.5 Lote de ressuprimento 
 
 
O lote de ressuprimento, também conhecido como lote de reposição (LR), é 
a quantidade de itens a ser adquirida para que o estoque atinja seu valor máximo. 
Fórmula para calculando o LR: 
 
 
Emax = Estoque máximo 
Es = Estoque de segurança 
 
 
 
CM = Média aritmética móvel 
FC = Frequência de compras (transformado em meses) 
 
PR – CM . TA + ES 
LR = Emax - ES 
LR = CM 
 FC 
 
 
 
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 37 
 
7.1.6 Estoque Máximo 
 
 
O Estoque máximo (Emax) é a maior quantidade do item que se pretende 
manter em estoque. É determinado em função da política financeira da instituição, 
da frequência de compras, disponibilidade de local adequado para armazenamento 
ou de acordo com entregas programadas junto ao fornecedor. 
Calcula-se Emax por meio das seguintes fórmulas: 
 
 
 
ES = Estoque de segurança 
LR = Lote de ressuprimento 
 
 
 
ES = Estoque de segurança 
CM = Média aritmética móvel 
FC = frequência de compras (transformado em meses) 
 
 
Para o cálculo do Emax, é necessário conhecer o ES que depende da 
classificação ABC, assim como o valor de FC. A frequência de compras mais 
favorável é conhecida por meio da determinação do lote econômico. 
 
 
7.1.7 Lote econômico 
 
 
Há inúmeros fatores que dificultam o estabelecimento de um número 
aproximado de compras anuais ou da frequência em que se deve comprar. Esses 
fatores estão relacionados ao aspecto econômico, ao custo de manutenção de 
Emax = ES + LR 
Emax = ES + CM 
 FC 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 38 
estoques maiores ou de várias aquisições de estoques menores. Para isso, deve-se 
basear no processo de LEC para as compras. 
LEC é o processo que indica, matematicamente, a frequência das compras e 
a quantidade a ser adquirida. O que oferece maiores vantagens econômicas. O lote 
econômico é aquele obtido quando o custo de aquisição e o custo de armazenamento 
estão mais próximos. Esse parâmetro interfere no valor do Emax e no LR. 
Para a realização dos cálculos, é necessário determinar os custos de 
aquisição e armazenamento. A determinação com o auxílio do serviço de custos da 
instituição evita cálculos incorretos ou o fato de minimizar a sua importância. 
Podemos citar como exemplo a tendência de se desprezar as áreas físicas de 
armazenamento como componente do custo. 
O custo de aquisição corresponde ao total dos gastos com salários do pessoal 
vinculada à programação e à execução das compras, gastos administrativos com 
artigos de escritório, publicações, comunicações, viagens, recebimento de materiais, 
inspeção, transporte, contabilização, pagamento de impostos, seguros, fretes entre 
outros. O custo de armazenamento é calculado em função do custo da área ocupada, 
capital empatado, seguros sob material estocado, obsolescência, depreciação, 
desvios, pessoal vinculado, juros sobre financiamento da compra e outros. 
Pode-se notar que no exemplo a seguir o custo de armazenamento decresce 
com o aumento do número de aquisição (Tabela 4). O custo de aquisição é 
inversamente proporcional ao custo de armazenagem. Quanto ao custo total, 
verifica-se que, com uma aquisição, ele se apresenta alto, com tendência a redução 
e, logo a partir de um número de aquisições, volta a aumentar. Por meio do menor 
valor do custo total, obtém-se o número de aquisição para o LEC: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 39 
 
TABELA 4 - DETERMINAÇÃO DO LOTE ECONÔMICO (LEC) 
Determinação de LEC 
Aquisições 
anuais 
Quantidade/aq
uisição 
Custo de 
armazenamento 
Custo de 
Aquisição Custo total 
1 12000 480 50 530 
2 6000 240 100 340 
3 4000 160 150 310 
4 3000 120 200 320 
5 2400 96 250 346 
6 2000 80 300 380 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em 
Farmácia Hospitalar, 2006. 
 
 
1 ano = 12 meses_______ compra-se três vezes (para quatro meses) 
1 mês ____________x = FC 
FC = Frequência de compras (transformado em meses) 
FC = 0.25 (significa o número de compras ao mês) 
Emax = Es + Cm/FC 
Emax = ES + 1000 
 0,25 
Emax = ES + 4000 
 
Dependendo da classificação ABC o ES será maior ou menor. Para um item 
classe A no caso exemplificado, considerando-se um tempo de abastecimento 1,5 
mês, o Emax será: 
 
ES = 1/3 TA. CM 
TA = 1,5 
ES = 0,5 CM se CM = 1000 
ES = 500 unidades 
Emax = 500 + 4000 = 4500 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 40 
 
A tendência atual é existência de estoques menores e compras mais 
frequentes. 
Com essa visão dos parâmetros para dimensionamento dos estoques, 
conclui-se que a logística deve ser priorizada pela sua importância administrativa. 
 
 
7.2 MÉTODOS DE CONTROLE FÍSICO DE ESTOQUES 
 
 
7.2.1 Inventário 
 
 
O inventário é um instrumento utilizado para confrontar o estoque registrado 
em ficha ou computador com o estoque real ou físico. 
São diversas as causas de divergências entre o estoque registrado e o 
estoque físico, sendo possível citar: 
 Saídas e entradas feitas erroneamente; 
 Liberação de material sem o devido registro; 
 Problemas com hardware ou com o software; 
 Erros de contagem; 
 Desvios. 
 
 
Os inventários podem ser classificados como: 
 Permanentes; 
 Periódicos; 
 Rotativos. 
Ainda é comum no Brasil a realização de inventários periódicos anuais, 
apurando todas as discrepâncias no final do encerramento do ano fiscal em dezembro. 
Em uma farmácia hospitalar que trabalha com sistema de distribuição por 
doses individualizadas ou unitárias, há milhares de movimentações de itens por ano, 
pois as saídas e entradas (ou devoluções) se dão pela unidade de produto. O 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 41 
inventário anual não é a melhor estratégia, pois as divergências de estoques que 
normalmente acontecem, serão descobertas tardiamente dificultando a apuração 
das causas em tempo hábil. 
É aconselhável fazer inventário utilizando-se a classificação ABC e também 
incluir alguns tipos de medicamentos que interessam à administração, realizando 
sobre estes um controle mais rigoroso. Os itens A (maior custo), produtos sujeitos a 
controle legal (por intermédio da Portaria 344/1998, do Ministério da Saúde) e itens 
que são imprescindíveis ao inventário devem ser realizados todo mês. Os itens B 
poderão ser controlados a cada dois meses e os itens C a cada seis meses. 
Atualmente, com os recursos cada vez mais poderosos da informática e o 
advento do código de barras, pode-se ter uma redução dos erros de contagem e do 
tempo gasto para ser feito um inventário, sendo possível obter a qualquer momento 
os estoques atualizados de todos os itens. 
A administração deve planejar com antecedência que tipo de inventário que 
irá utilizar na farmácia e resolver, também, o que será feito com as divergências deestoque que são possíveis e esperadas, dentro de um limite em um inventário. 
 
 
8 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
Atualmente, os medicamentos representam uma alta parcela no orçamento 
dos hospitais e são de suma importância no tratamento de grande parte das 
patologias, o que justifica a implementação de medidas que assegurem o uso 
racional destes produtos. Uma das medidas de grande impacto neste contexto é 
uma efetiva dispensação e/ou distribuição dos medicamentos. 
Deve-se ressaltar que a dispensação de medicamentos é uma atividade 
técnico-científica de orientação ao paciente, de importância para a observância ao 
tratamento e, portanto, eficaz, quando bem administrada, devendo ser exclusividade 
de profissional farmacêutico. E que a distribuição racional de medicamentos consiste 
em assegurar os produtos solicitados pelos usuários na quantidade e especificação 
solicitadas, de forma segura e no prazo estabelecido, empregando métodos de 
melhor custo versus eficácia e custo versus eficiência. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 42 
Nos hospitais, o contato diário do serviço de farmácia com as unidades de 
internação e demais serviços acontece, principalmente, por meio do setor de 
distribuição, fazendo dele o setor de maior relevância da farmácia hospitalar. Vários 
fatores interferem na implantação e/ou implementação de um sistema de distribuição 
de medicamentos (SDM), e os principais são: 
 Supervisão técnica adequada; 
 Características do hospital como complexidade, tipo de edificação e 
fonte; 
 Mantenedora; 
 Existência de padronização de medicamentos atualizada; 
 Gestão de estoque eficiente; 
 Existência de controle de qualidade de produtos e processos; 
 Manual de normas e rotinas aplicável. 
Os sistemas de distribuição de medicamentos podem ser classificados em: 
coletivo, individualizado, dose unitária, combinado ou misto. 
Em qualquer um destes sistemas, se houver farmácia satélite, o mesmo será 
considerado como descentralizado e, quando não houver, centralizado. 
 
 
8.1 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COLETIVO 
 
 
O sistema de distribuição coletivo é o mais arcaico dos sistemas, entretanto, 
ainda existem alguns hospitais brasileiros que o adotam por diversos motivos. 
O sistema de distribuição coletivo é caracterizado pelo fato de os 
medicamentos serem distribuídos por unidade de internação e/ou serviço a partir de 
uma solicitação da enfermagem, implicando a formação de vários estoques nas 
unidades assistenciais. Neste sistema, os medicamentos são liberados sem que o 
serviço de farmácia tenha as seguintes informações: 
 Para quem o medicamento está sendo solicitado? 
 Por que está sendo solicitado? 
 Por quanto tempo será necessário? 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 43 
Neste modelo, a farmácia hospitalar é um mero repassador de 
medicamentos em suas embalagens originais, segundo o solicitado pela 
enfermagem. 
No sistema de distribuição coletivo, constata-se que a assistência ao 
paciente fica prejudicada pela não participação do farmacêutico na revisão e análise 
da prescrição médica. E também pelo fato de a enfermagem estar mais envolvida 
com as questões relacionadas aos medicamentos do que à própria farmácia. 
Inúmeros trabalhos relatam que a enfermagem, neste sistema, gasta 
aproximadamente 25% do seu tempo de trabalho em procedimentos relacionados 
aos medicamentos como: transcrever prescrição, verificar o estoque existente na 
unidade, preencher solicitação, ir à farmácia, aguardar separação dos mesmos, 
transportá-los até a unidade, guardá-los nos seus devidos lugares, separar os que 
são necessários a cada horário, fazer cálculos, prepará-los e administrá-los. 
Uma grave consequência é o alto índice de erros de administração de 
medicamentos que este sistema gera, desde o ato da prescrição até o momento da 
administração dos mesmos. 
Os principais erros descritos são: 
 Duplicação de doses; 
 Medicamentos, dosagem e/ou via incorretos; 
 Administração de medicamentos não prescritos. 
Outro aspecto importante é o alto custo deste sistema para a instituição 
devido às perdas, por existirem vários pontos de estoque facilitando desvios, 
armazenamento inadequado ou caducidade dos medicamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
 
 
 
FIGURA 3 - FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE DOSE COLETIVO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
8.1.1 Desvantagens do sistema de distribuição coletivo 
 
 
O sistema de distribuição coletivo apresenta as seguintes desvantagens: 
 Transcrições das prescrições médicas; 
 A não existência de revisão da prescrição por parte do farmacêutico; 
 Maior incidência de erros na administração de medicamentos; 
 Consumo excessivo do tempo da enfermagem em atividades 
relacionadas ao medicamento; 
 Uso inadequado de medicamentos nas unidades assistenciais; 
 Aumento de estoque nas unidades assistenciais; 
Médico 
Enfermagem Solicita por unidade 
assistencial 
Prescreve 
Farmácia Distribui 
Enfermagem Recebe, estoca, 
prepara e administra 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 45 
 Perdas de medicamentos; 
 Impossibilidade de faturamento real dos gastos por paciente; 
 Alto custo institucional. 
 
 
8.1.2 Vantagens do sistema de distribuição coletivo 
 
 
O sistema de distribuição coletivo apresenta as seguintes vantagens: 
 Grande disponibilidade de medicamentos nas unidades assistenciais; 
 Redução do número de solicitações e devoluções de medicamentos à 
farmácia; 
 Necessidade de menor número de funcionários na farmácia. 
 
 
8.2 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUALIZADO 
 
 
O sistema de distribuição individualizado se caracteriza pelo fato de o 
medicamento ser dispensado por paciente, geralmente para um período de 24 
horas. Este sistema pode se apresentar como indireto ou direto. 
 
 Sistema de distribuição individualizado indireto 
A distribuição é baseada na transcrição da prescrição médica e a solicitação 
à farmácia é feita por paciente e não por unidade assistencial como no coletivo. 
 
 Sistema de distribuição individualizado direto 
A distribuição é baseada na cópia da prescrição médica, eliminando a 
transcrição. Nesse contexto, é possível uma discreta participação do farmacêutico 
na terapêutica medicamentosa, sendo já um grande avanço para realidade 
brasileira, na época em que este sistema foi adotado. 
 
As prescrições podem ser encaminhadas à farmácia de diversas formas, como: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
 
 Prescrição com cópia carbonada 
Prescrição em duas vias, com carbono entre as folhas ou impresso 
confeccionado de modo a se obter uma cópia direta. Essa forma proporciona ao 
farmacêutico uma via da prescrição e não requer equipamentos especiais. 
 
 Prescrição por fotocópias 
Utilização de máquinas copiadoras para produzir uma cópia exata da 
prescrição médica. 
 
 Prescrição via fax 
Utilização de aparelho de fax para emissão na unidade assistencial e 
recepção na farmácia. Os inconvenientes do uso desta tecnologia são: 
 Permitir o envio de uma mesma prescrição mais de uma vez; 
 Gerar emissão de documentos ilegíveis induzindo aparecimento de 
novas fontes de erros de administração de medicamentos; 
 Permitir a perda das informações com o passar do tempo. Porém, 
diminui o tempo gasto com o transporte de documentos. 
 
 Prescrição informatizada 
Em cada unidade assistencial existe um terminal de computador no qual os 
médicos fazem diariamente a prescrição que é remetida à farmácia. Algumas das 
vantagens deste processo são à eliminação de falhas devido à má qualidade da 
grafia médica e a redução do tempo gasto com transporte de documentos. 
 
 Sistema de radiofrequência interligando computadores e leitores 
óticos 
O médico utiliza um terminal com uma tela que pode ser operado por meiode uma espécie de caneta eletrônica. Essa forma permite a verificação imediata de 
dados do paciente e a agilização da prescrição, que poderá ser feita próximo ao 
leito. Implica diminuição do número de terminais de computador na área hospitalar, 
redução de cabos de interligação e agilização da disponibilidade da prescrição para 
a farmácia e serviços de apoio. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 47 
 
Atualmente, o sistema de distribuição individualizado é adotado em diversos 
hospitais brasileiros, existindo algumas variações de acordo com as peculiaridades 
de cada instituição, como: forma da prescrição médica, o modo de preparo e 
distribuição das doses e fluxo da rotina operacional. 
O sistema de distribuição individualizado pode ser operacionalizado de 
várias formas: 
 Os medicamentos são dispensados em único compartimento, podendo 
ser um saco plástico identificado com a unidade assistencial, o número do 
leito, nome do paciente, contendo todos os medicamentos de forma 
desordenada semelhante ao sistema de distribuição coletivo e para um 
período determinado que, geralmente, pode ser 12 horas, 24 horas ou por 
turno de trabalho. 
 Os medicamentos são fornecidos em embalagens, dispostos segundo 
o horário de administração constante na prescrição médica, individualizados 
e identificados para cada paciente e para no máximo de 24 horas. Sua 
distribuição pode ser feita em embalagem plástica, com separações obtidas 
por termossolda ou em escaninhos adaptáveis a carros de medicamentos 
adequados ao sistema de distribuição. 
Para o êxito deste sistema, é fundamental que todos os profissionais 
envolvidos (farmacêutico, enfermeiro, médico, administrador hospitalar) participem 
de todo o processo de implantação, elaboração de impressos, aquisição de 
materiais e equipamentos e definição da rotina operacional. 
 
 
8.2.1 Desvantagens do sistema de distribuição individualizado 
 
 
O sistema de distribuição individualizado apresenta algumas desvantagens: 
 Erros de distribuição e administração de medicamentos; 
 Consumo significativo do tempo de enfermagem em atividades 
relacionadas aos medicamentos; 
 Necessidade por parte da enfermagem de cálculos e preparo de doses; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 48 
 Perdas de medicamentos devido a desvios, caducidade e uso 
inadequado. 
 
 
8.2.2 Vantagens do sistema de distribuição individualizado 
 
 
O sistema de distribuição individualizado apresenta as seguintes vantagens: 
 Possibilidade de revisão das prescrições médicas; 
 Maior controle sobre o medicamento; 
 Redução de estoques nas unidades assistenciais; 
 Pode estabelecer devoluções; 
 Permite faturamento mais apurado do gasto por paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 49 
 
 
FIGURA 4 - FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE DOSE INVIDUALIZADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
 
8.3 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO MISTO OU COMBINADO 
Prescreve 
 
Remete a cópia 
 
Enfermage
m 
 
Prescreve 
 
Médico 
 
Indireto 
 
Direto 
 
Farmácia 
 
Transporte 
 
Entrega 
 
Entrega 
 
Analisa, separa 
e acondiciona 
 
Analisa, separa 
e acondiciona 
 
Transcreve 
 
Recebe e 
administra 
 
Enfermage
m 
 
Recebe e 
administra 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 50 
 
 
No sistema de distribuição combinado, também conhecido como misto, a 
farmácia distribui alguns medicamentos mediante solicitação e outros por cópia de 
prescrição médica, portanto, parte do sistema é coletivo e parte individualizado. 
As unidades de internação, de forma parcial ou integral, são atendidas pelo 
sistema individualizado e os serviços (radiologia, endoscopia, ambulatórios, serviços 
de urgência e outros) são atendidos pelo sistema coletivo. É indicado que, neste 
sistema, as solicitações encaminhadas pelas unidades assistenciais sejam 
embasadas em relação de estoque previamente estabelecida entre farmácia e 
enfermagem. Estes estoques deverão ser controlados e repostos pela farmácia 
mediante documento justificando o uso do medicamento. 
 
 
8.3.1 Acondicionamento e embalagem de dose unitária 
 
 
No sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária, os 
medicamentos são acondicionados e embalados de uma forma bastante 
característica. 
Portanto, a escolha do acondicionamento e/ou da embalagem é bastante 
importante e, consequentemente, devem-se considerar os seguintes fatores: 
 A adequação às condições físicas do hospital; 
 As condições financeiras da instituição; 
 As considerações farmacológicas, tais como estabilidade, 
fotossensibilidade, entre outros; 
 As vantagens econômicas. 
 
 
8.3.2 Materiais utilizados no preparo de dose unitária 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 51 
Para garantir a qualidade dos produtos preparados por dose unitária, é de 
suma importância que, para cada produto, seja verificado em publicações científicas 
atualizadas o tipo de envase mais apropriado. 
O fracionamento ou reembalagem de medicamentos para o sistema de 
distribuição individualizado e/ou por dose unitária deve se efetuar em condições 
semelhantes às utilizadas pelo fabricante, de forma a impedir, tanto uma possível 
alteração de estabilidade como a contaminação cruzada ou microbiana. 
Entre os materiais mais utilizados são: o plástico, laminados, vidros e 
alumínio. 
 
 
8.3.3 Considerações específicas de embalagem das seguintes formas farmacêuticas 
 
 
8.3.3.1 Líquidos para uso oral 
 
 
O envase deve ser suficiente para liberar o conteúdo total etiquetado. É 
aceitável que seja necessário um acréscimo de volume conhecido, dependendo da 
forma de envase, do material e da formulação do medicamento. A concentração do 
fármaco deve ser especificada em unidade de peso por medida (mg/ml; g/ml). As 
seringas para administração oral devem ser específicas para estes usos, não 
devendo permitir a colocação de agulha. Os envases devem permitir a 
administração de seu conteúdo corretamente ao paciente. 
 
 
8.3.3.2 Sólidos de uso oral 
 
 
Para embalagem tipo blister, deve-se ter um verso opaco que permita 
imprimir informações e o outro deverá ser de material transparente. O mesmo deve 
permitir fácil remoção do medicamento. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 52 
 
8.3.3.3 Medicamentos para o uso parenteral 
 
 
Uma agulha de tamanho apropriado deve ser parte integral da seringa. A 
seringa deve estar pronta permitindo que o seu conteúdo seja administrado ao 
paciente sem necessitar de instruções adicionais. 
A proteção da agulha deve ser impenetrável, preferencialmente de um 
material rígido, evitando acidentes. 
A seringa deve permitir fácil manuseio e visualização de seu conteúdo. 
Quanto a outras formas farmacêuticas, os medicamentos para uso oftálmico, 
supositórios, unguentos, entre outros, devem ser adequadamente etiquetados, 
indicando seu uso, via de administração e outras informações importantes. 
 
 
8.3.4 Requisitos para implantação do sistema de distribuição por dose unitária 
 
 
 Farmacêutico hospitalar com treinamento específico para este fim; 
 Laboratório de farmacotécnica; 
 Central de preparações estéreis; 
 Padronização de medicamentos; 
 Dispositivos para entrega de doses unitárias (carrinhos, cestas e 
outros); 
 Impressos adequados; 
 Máquinas de soldar plásticos; 
 Material de embalagens: sacos e potes plásticos; frascos de plásticos, 
de vidro, de alumínio; caixas de madeiras ou acrílico; 
 Envelopadora – máquina de selagem e etiquetagem de comprimidos; 
 Envasadora (líquidos, cremes e pomadas); 
 Máquina de cravar frascos; 
 Rotuladora; 
 Impressora; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 53 
 Máquina para lavar frascos; 
 Terminal de computador. 
 
 
8.3.5 Vantagens do sistema de distribuição pordose unitária 
 
 
O sistema de distribuição por dose unitária apresenta as seguintes 
vantagens: 
 Identificação do medicamento até o momento de sua administração, 
sem necessidade de transferência e cálculos; 
 Redução da incidência de erros de administração de medicamentos; 
 Redução do tempo de enfermagem com atividades relacionadas ao 
medicamento, permitindo maior disponibilidade para o cuidado do paciente; 
 Diminuição de estoques nas unidades assistenciais com consequente 
redução de perdas; 
 Otimização do processo de devoluções; 
 Auxílio no controle da infecção hospitalar devido à higiene e à 
organização no preparo de doses; 
 Grande adaptabilidade e sistemas automatizados e computadorizados; 
 Faturamento mais exato do consumo de medicamentos utilizados por 
cada paciente; 
 Maior segurança para o médico em relação ao cumprimento de suas 
prescrições; 
 Participação efetiva do farmacêutico na definição da terapêutica 
medicamentosa; 
 Melhoria do controle sobre o padrão e horário de trabalho desenvolvido 
pelo pessoal de enfermagem e farmácia; 
 Redução do espaço destinado à guarda do medicamento nas unidades 
assistenciais antes da administração aos pacientes; 
 Melhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 54 
 
 
8.3.6 Desvantagens do sistema de distribuição por dose unitária 
 
 
O sistema de distribuição por dose unitária apresenta as seguintes 
desvantagens: 
 Dificuldade de se obter no mercado farmacêutico todas as formas e 
dosagens para uso em dose unitária; 
 Resistência dos serviços de enfermagem; 
 Aumento das necessidades de recursos humanos e infraestrutura da 
farmácia hospitalar; 
 Necessidade da aquisição de materiais e equipamentos específicos; 
 Necessidade inicial de alto investimento financeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 55 
 
 
FIGURA 5 - FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE DOSE UNITÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
Médico 
 
Enfermagem Apraza o horário 
Prescreve 
Transporte Encaminha a cópia 
Farmacêutico Elabora o perfil 
farmacoterapêutico 
Farmácia 
 
Farmacêutico Revisa e confere 
Separa 
Transporte Entrega 
Enfermagem Confere, registra e 
administra 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 58 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do 
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são 
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 60 
 
 
MÓDULO II 
 
 
9 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimula seus membros para que 
estabeleçam e apliquem uma política direcionada aos medicamentos, desde suas 
especificações técnicas até as condições propícias para seu uso racional. No Brasil, a 
Política Nacional de Medicamentos (PNM) obrigatoriamente deve ser implementada 
pela Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) em todas as unidades hospitalares, 
para isso, é essencial a elaboração de uma padronização de medicamentos. 
Padronização de medicamentos pode ser entendida como a constituição de 
uma relação básica de medicamentos, que deve constituir os estoques das 
farmácias hospitalares, objetivando o atendimento médico-hospitalar, de acordo com 
suas necessidades e peculiaridades locais, acarretando na sua utilização racional. 
O processo de seleção de medicamentos deve assegurar o cumprimento de 
uma terapêutica racional e de baixo custo. Para garantir o uso racional de 
medicamentos, é necessário elaborar a lista de medicamentos padronizados e 
desenvolver, com muita intensidade e continuidade, um processo de educação 
farmacológica dos profissionais de saúde do hospital, induzindo uma reflexão crítica 
sobre a escolha e a utilização dos fármacos. 
 
 
9.1 O PROCESSO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A Seleção de medicamentos é um processo dinâmico, contínuo, 
multidisciplinar e participativo. Tem o intuito de assegurar ao hospital acesso aos 
medicamentos mais necessários, adotando critérios de eficácia, segurança, 
qualidade e custo. Promove a utilização racional dos medicamentos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 61 
A seleção de medicamentos é um processo complexo. É importante que seja 
realizado considerando a contribuição das seguintes ciências: 
 Farmacoeconomia; 
 Farmacoepidemiologia; 
 Farmacologia e Terapêutica Clínica; 
 Farmacovigilância; 
 Biofarmacotécnica; 
 Farmacocinética. 
Este enfoque multidisciplinar colabora para que os diversos elementos que 
interferem na utilização dos medicamentos sejam contemplados na escolha do 
arsenal terapêutico. 
 
 
9.2 VANTAGENS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A realização da seleção de medicamentos reduz custos e melhora a 
qualidade da farmacoterapia desenvolvida na instituição hospitalar. As vantagens da 
seleção de medicamentos são: 
 Reduzir o custo da terapêutica, sem prejuízos para a segurança e 
efetividade do tratamento; 
 Racionalizar o número de medicamentos e produtos correlatos, com 
consequente redução de custos com a aquisição; 
 Facilitar as atividades de planejamento, aquisição, armazenamento, 
distribuição e controle, com redução dos custos operacionais; 
 Disciplinar o receituário médico-hospitalar e uniformizar a terapêutica, 
colaborando como instrumento de ensino na área de saúde; 
 Aumentar a qualidade da farmacoterapia e facilitar a vigilância 
farmacológica, o que pode ser incentivado por meio da adoção do Programa de 
Farmacovigilância do Ministério da Saúde (que será discutido no Módulo IV). 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 62 
 
 
9.3 ETAPAS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
Na implantação de um processo de seleção de medicamentos, é 
recomendável seguir as seguintes etapas: 
 Conscientização da equipe de saúde por meio de reuniões e 
informativos; 
 Designação da comissão de seleção de medicamentos pelo diretor 
clínico; 
 Levantamento do perfil dos problemas de saúde atendidos pela 
unidade hospitalar; 
 Análise do padrão de utilização de medicamentos; 
 Definição dos critérios de seleção a serem adotados; 
 Seleção dos medicamentos, definindo a estratégia de desenvolvimento 
do formulário e os métodos a serem empregados; 
 Edição e divulgação do formulário farmacêutico; 
 Atualização periódica do formulário farmacêutico, que deve ser 
revisado no mínimo a cada dois anos. 
 
 
9.4 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A seleção de medicamentos depende de vários fatores, destacando-se o 
perfil das doenças prevalentes, a infraestrutura para o tratamento, o treinamento e a 
experiência da equipe disponível. Portanto, devem ser empregados no processo de 
seleção de medicamentos os seguintes critérios: 
 Selecionar medicamentos com evidência de eficácia clínica – estas 
informações devem ser obtidas através de ensaios clínicos; 
 Eleger entre os medicamentos da mesma indicação e eficácia, aquele 
de menor toxicidade e maior comodidade posológica; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 63 
 Padronizar medicamentos cujo custo do tratamento/dia e o custo da 
duração do tratamento sejam pequenos,preocupando-se sempre com a 
eficácia do produto; 
 Padronizar medicamentos que possuam estudos sobre 
biodisponibilidade e parâmetros farmacocinéticos; 
 Escolher, sempre que possível, entre os medicamentos de mesma 
ação farmacológica, um representante de cada categoria química ou com 
característica farmacocinética diferente, ou que possua característica 
farmacológica que represente vantagem no uso terapêutico; 
 Evitar a inclusão de associações fixas, exceto quando os ensaios 
clínicos justificarem o uso concomitante e o efeito terapêutico da associação 
for maior do que a soma dos efeitos dos produtos individuais (por exemplo, 
no uso da associação entre sulfametoxazol e trimetropima); 
 Priorizar formas farmacêuticas que proporcionem maior possibilidade 
de fracionamento e adequação à faixa etária, principalmente em unidades 
hospitalares que atendem o público pediátrico; 
 Padronizar, preferentemente, medicamentos encontrados 
comercialmente e formas farmacêuticas acondicionadas em dose unitária; 
 Realizar a seleção de antimicrobianos em conjunto com a Comissão de 
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), verificando os s prevalentes, 
padrões de sensibilidade e selecionando aqueles antimicrobianos que 
permitam suprir as necessidades terapêuticas; 
 Reservar novos antimicrobianos para o tratamento de infecções por 
microrganismos resistentes a antimicrobianos padrões ou para infecções em 
que o novo produto seja superior aos anteriores, fundamentado em ensaios 
clínicos comparativos; 
 Padronizar medicamentos pelo nome do princípio ativo adotando a 
denominação comum brasileira (DCB) e, na falta desta, a denominação 
comum internacional (DCI). 
 
 
 
 
 
 
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 64 
 
 
10 COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
Há duas comissões hospitalares responsáveis pela seleção de 
medicamentos: a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) e a Comissão de 
Padronização de Medicamentos (CPM). As duas comissões têm o mesmo objetivo, 
mas as atividades que desenvolvem são diferentes. O ideal é que as CPMs se 
transformem em CFTs. 
A CPM é a junta deliberativa designada pela diretoria clínica com a 
finalidade de regulamentar a padronização de medicamentos utilizados no 
receituário hospitalar. 
As atribuições da CPM são: 
 Padronizar os medicamentos para uso no hospital; 
 Publicar a padronização de medicamentos e mantê-la atualizada; 
 Divulgar informações sobre medicamentos. 
 
 
10.1 COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA 
 
 
A responsabilidade pelo desenvolvimento e supervisão de todas as políticas 
e práticas de utilização de medicamentos na unidade hospitalar com intuito de 
assegurar resultados clínicos ótimos e um risco potencial mínimo é da CFT. 
A CFT assessora a diretoria clínica nos assuntos relacionados a 
medicamentos e terapêutica e serve como uma ligação entre a farmácia e a equipe 
de saúde. Essa é a comissão hospitalar mais importante para a farmácia, pois 
promove ações educativas, assessoria técnica e divulgação sobre medicamentos 
devendo executar as seguintes atividades no hospital: 
 Estabelecer normas e procedimentos relacionados à seleção, à 
distribuição, à produção, à utilização e à administração de fármacos e 
agentes diagnósticos; 
 
 
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 65 
 Padronizar, promover e avaliar o uso seguro e racional dos 
medicamentos prescritos no hospital; 
 Elaborar um guia farmacoterápico ou formulário farmacêutico; 
 Avaliar periodicamente o arsenal terapêutico disponível, promovendo 
inclusões ou exclusões segundo critérios de eficácia, eficiência clínica e custo; 
 Normalizar procedimentos farmacoclínicos que se relacionam com a 
terapêutica medicamentosa; 
 Coordenar avaliações clínicas e estudos de consumo de medicamentos 
em pesquisa ou recém-lançados; 
 Sugerir medidas que possibilitem a disponibilidade de recursos 
materiais e humanos, assegurando a viabilidade da política de 
medicamentos dentro da instituição; 
 Disciplinar a ação dos representantes da indústria farmacêutica dentro 
do hospital; 
 Estudar medicamentos sob o ponto de vista clínico, biofarmacêutico e 
químico, emitindo parecer técnico sob sua eficácia terapêutica como critério 
fundamental de escolha; 
 Divulgar informações relacionadas a estudos clínicos relativos aos 
medicamentos incluídos e excluídos do formulário farmacêutico; 
 Fazer estudos e/ou revisões bibliográficas sobre medicamentos; 
 Elaborar programas de notificação e acompanhamento de reações 
adversas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 66 
 
 
10.2 ESTRUTURA DAS COMISSÕES DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
As comissões de padronização e de farmácia e terapêutica têm a mesma 
estrutura básica, garantindo um caráter multidisciplinar e dinâmico ao processo de 
seleção de medicamentos. 
Devem ser compostas de: 
 
 
 
 
 
O farmacêutico deve ser o secretário da comissão, os demais membros não 
devem ser escolhidos em função de motivação e experiência na área de terapêutica e 
farmacológica. Torna-se bastante interessante ter como membro permanente desta 
comissão, um representante da comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH). 
A equipe de saúde deve ser rotineiramente comunicada das decisões da 
CFT por meio de reuniões ou informativos. É recomendável que a CFT se reúna 
pelo menos seis vezes ao ano. 
 Um médico que atuará como presidente; 
 Um médico de cada especialidade (Clínica Médica, 
Clínica Pediátrica, Clínica Cirúrgica e/ou outras 
clínicas de acordo com as características do 
hospital); 
 Um membro da Comissão de Controle de Infecção 
Hospitalar (CCIH); 
 Um farmacêutico; 
 Um enfermeiro. 
 
 
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 67 
 
 
 
11 FORMULÁRIO FARMACÊUTICO 
 
 
O Formulário Farmacêutico é uma publicação, geralmente em forma de 
manual, que traz a relação atualizada de medicamentos selecionados para uso no 
hospital e informações essenciais sobre medicamentos. O formulário deve ser 
completo e de fácil consulta, e sua revisão deve ser periódica. 
O sistema de formulário é um processo contínuo por meio do qual a farmácia 
e a equipe de saúde em conjunto com a CFT ou equivalente avalia e seleciona os 
medicamentos necessários para assistência aos pacientes. Os produtos 
selecionados devem estar disponíveis na farmácia. 
O objetivo primário da CFT é garantir o uso racional de medicamentos e 
reduzir os custos sociais e institucionais, ao se implementar o sistema de formulário. 
Estes dois objetivos aparentemente conflitantes representam um desafio para o 
sucesso da implementação do sistema de formulário. 
A atuação do farmacêutico, sugerindo ao médico substituição terapêutica ou 
farmacêutica e prescrição de medicamentos incluídos no formulário, implementa o 
sistema e reduz custos (Tabela 5). 
A capacidade dos membros da CFT para escolher os melhores fármacos e 
conscientizar os médicos sobre a relevância da seleção é importante para o êxito da 
implementação do formulário. Os profissionais da equipe de saúde devem ser 
incentivados a participar do processo de seleção de medicamentos. A ampla 
divulgação da revisão do formulário é importante para permitir que os profissionais 
do hospital enviem sugestões. As sugestões devem ser encaminhadas por meio do 
formulário de inclusão e exclusão de medicamentos à secretaria da CFT (Figura 6), 
que pode ser realizada a qualquer tempo, fato que pode trazer a necessidade de 
mais uma reunião da comissão para rever a padronização realizada. 
 
 
 
 
 
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 68 
 
 
 
TABELA 5 - ALTERNATIVAS E TIPOS DE SUBSTITUIÇÃO DE MEDICAMENTOS 
Definição de Alternativas e Tipos de Substituição de Medicamentos 
Alternativa Farmacêutica: medicamentos que contêm o mesmo fármaco, a mesma 
dosagem e diferem em relação ao sal, éster, forma farmacêutica ou via de administração. 
Alternativa Terapêutica: medicamentos que contêm diferentesfármacos, mas que 
pertencem à mesma classe farmacológica. Apresentam os mesmos efeitos terapêuticos 
quando administrados em doses terapeuticamente equivalentes. 
Substituição Farmacêutica: ato de fornecer uma alternativa farmacêutica no lugar do 
medicamento prescrito. 
Ex.: Estolato de eritromicina por estearato de eritromicina. Sulfato de codeína por 
fosfato de codeína. Ampicilina suspensão por ampicilina cápsula. 
Substituição Terapêutica: ato de fornecer uma alternativa no lugar do medicamento 
prescrito. 
Ex.: Enoxiparina por Fraxiparina, Omeprazol por Pantoprazol 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
O uso de medicamentos não incluídos no formulário (conhecidos como 
medicamentos não padrão) deve ser controlado pela CFT. Estes medicamentos só 
devem ser liberados para utilização, após a solicitação contendo justificativa 
avaliada e aprovada pela CFT. Essas medidas visam inibir o uso de medicamentos 
não incluídos no formulário e incentivar o uso de padronizados, com intuito de 
controlar a prescrição médica e reduzir custos. 
O farmacêutico que atua na dispensação de medicamentos do hospital deve 
estar consciente do importante papel da padronização de medicamentos devendo 
estar capacitado e disposto a interagir com os médicos em um esforço de evitar a 
utilização de medicamentos não padronizados. As decisões da CFT devem 
confirmar a prática clínica da instituição para o sistema de formulário ser efetivo. 
Contato direto com os médicos, distribuição de boletins e informações ajudam a 
motivar os médicos a prescreverem apenas medicamentos padronizados. 
 
 
 
 
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 69 
 
 
 
FIGURA 6 - FORMULÁRIO DE PADRONIZAÇÃO OU DESPADRONIZAÇÃO DE 
MEDICAMENTOS À LISTA DE MEDICAMENTOS PADRONIZADOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HOSPITAL PORTAL EDUCAÇÃO 
SOLICITAÇÃO DE PADRONIZAÇÃO OU DESPADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
INCLUSÃO 
 
 EXCLUSÃO 
 
1. Nome do Fármaco: ________________________________________________________________________________ 
2. Nome(s) Comercial(is):_____________________________________________________________________________ 
3. Fabricante(s):_________________________________ 
4. Forma(s) farmacêutica(s) e concentração(ões) a incluir ou excluir:_____________________________________ 
5. Indicações Terapêuticas: ___________________________________________________ 
6. Classe(s) Terapêutica(s):____________________________________________________________ 
7. Esquema terapêutico recomendado: ____________________ 
Duração do tratamento: _____________________________________ 
8. Justificativa da escolha em relação a outro substituto incluído na padronização: 
__________________________________________________________________________________ 
9. Efeitos observados: 
 Benéficos: 
__________________________________________________________________________________ 
 Maléficos: 
 __________________________________________________________________________________ 
10. Relacionar as contra-indicações: 
______________________________________________________________________________ 
11. Citar estudos clínicos que justifique sua alteração: 
_________________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________________ 
 
Nome e função do solicitante: ________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
Solicitante:___________________________________________________________ Data:___/___/___ 
 
 
Chefe do Serviço ou Unid. de Internação:___________________________________ Data:___/___/___ 
 
 
 
 
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 70 
 
 
 
12 REALIZAÇÃO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
12.1 SELEÇÃO QUALITATIVA DE MEDICAMENTOS: REVISÃO DE CLASSE 
TERAPÊUTICA 
 
 
O método de revisão de classe terapêutica consiste na avaliação 
comparativa de fármacos de uma determinada classe terapêutica. O farmacêutico, 
com o suporte do Centro de Informações de Medicamentos (CIM), elabora uma 
monografia dos fármacos da classe terapêutica em análise. Os aspectos mais 
relevantes a serem abordados na monografia estão dispostos na Tabela 6. A 
monografia deve ser realizada com base em uma ampla revisão da literatura. Um 
informativo técnico sintético deve ser encaminhado à CFT visando subsidiar as 
deliberações. Neste informativo, é recomendável incluir tabelas para facilitar a 
comparação e dar enfoque, principalmente, às indicações, eficácia clínica, posologia 
reações adversas, ensaios clínicos, níveis de evidência do uso terapêutico e custo. 
O método de revisão de classe terapêutica pode ser empregado tanto nas 
revisões como na elaboração inicial da padronização. A maior vantagem deste 
método é propiciar avaliação sistemática de cada classe terapêutica organizando o 
processo de seleção e assegurando uma análise adequada dos fármacos 
disponíveis para o arsenal terapêutico do hospital. 
Os métodos qualitativos, como a revisão de classe terapêutica em situações 
que envolvem fármacos com características muito semelhantes, muitas vezes, não 
permitem uma escolha adequada. Para evitar uma seleção de medicamentos 
baseada em critérios subjetivos, a alternativa para essas situações é o emprego de 
métodos quantitativos que veremos ainda neste módulo. 
 
 
 
 
 
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 71 
 
 
 
TABELA 6 - ASPECTOS IMPORTANTES PARA AVALIAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
Informações Importantes para Avaliação de Medicamentos 
Identificação do medicamento: denominação comum brasileira e/ou 
denominação comum internacional especialidades farmacêuticas formas 
farmacêuticas fornecedores 
Classe farmacológica (o ideal é empregar a classificação anatômico-
terapêutica clínica — ATC) 
Indicações terapêuticas do medicamento autorizadas no país e outras 
indicações do medicamento aprovadas em outro país de referência 
(geralmente são utilizadas como referência as autorizações do FDA) 
Farmacologia clínica 
Farmacocinética 
Reações adversas 
Cuidados, precauções e contraindicações 
Esquemas posológicos, inclusive em situações especiais: neonatologia, 
pediatria, geriatria gestação, insuficiência renal ou hepática e outras 
Ensaios clínicos publicados na literatura e, se disponíveis, metanálises 
Comparação com alternativas terapêuticas incluídas na padronização 
Custo do tratamento e análise do impacto econômico na instituição 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 72 
 
 
 
12.2 MÉTODO QUANTITATIVO PARA A SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
Os medicamentos novos, frequentemente, oferecem poucas vantagens em 
relação aos antigos, mas podem diferir em segurança, esquema de administração e 
custo. Em consequência dessa homogeneidade das características dos fármacos, a 
seleção de medicamentos pode se tornar subjetiva. Na seleção de medicamentos é 
necessário um método objetivo e quantitativo que abranja todas as variáveis que 
influenciam na seleção do fármaco adequado, como por exemplo, a análise de 
decisão clínica, um método que auxilia a tomada de decisões definindo o modo mais 
efetivo de lidar com problemas específicos. 
A seleção de medicamentos empregando o método de análise de decisão 
envolve as etapas detalhadas a seguir. 
 
 
12.2.1 Definição do problema, dos objetivos e identificação das alternativas 
 
 
O primeiro passo deve ser a definição do problema em questão, o objetivo 
pretendido e a partir disto identificar as alternativas, isto é, os possíveis fármacos 
para o tratamento pretendido, como exposto no exemplo abaixo:Problema — seleção de um inibidor da bomba de prótons. 
Objetivo — escolher o fármaco inibidor da bomba de prótons de maior 
eficácia, segurança e de baixo custo para o tratamento de úlcera. 
Alternativas — omeprazol e pantoprazol. 
 
 
 
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 73 
 
 
 
12.2.2 Definição dos critérios de avaliação 
 
 
O segundo passo é definir critérios com o objetivo de quantificar a eficácia, a 
segurança e o custo de tratamento com os fármacos em estudo. Os critérios são 
definidos especificamente para um determinado problema. 
Por exemplo, na seleção de um inibidor de bomba de prótons da histamina 
podem ser adotados os seguintes critérios: 
 Eficácia em úlcera duodenal; 
 Eficácia X custo; 
 Farmacocinética; 
 Interação medicamentosa; 
 Reações adversas; 
 Ensaios clínicos com o fármaco e outros. 
 
 
12.2.3 Caracterização das informações necessárias à análise de decisão 
 
 
Os critérios de avaliação recebem certo peso e então são classificados em 
ordem crescente do peso. Em seguida, um grupo de médicos e farmacêuticos 
escolhidos pela CFT estabelece o valor utilitário de cada critério. O valor utilitário é a 
expressão quantitativa do valor relativo do critério. É definido também o valor 
probabilístico do fármaco que é uma estimativa numérica de como o fármaco 
preenche o critério de avaliação. A próxima etapa é a multiplicação do valor utilitário 
de cada critério pelo respectivo valor probabilístico e a realização da soma dos 
critérios. O fármaco com a maior pontuação final é o selecionado. 
O que pode ser aplicado ao nosso caso: omeprazol X pantoprazol. A partir 
da determinação dos pesos de cada critério a ser analisado, são dados os valores 
referentes a cada fármaco baseado em evidências científicas e somados os pontos, 
 
 
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 74 
um dos fármacos pode então ser selecionado como o mais adequado, dentre os 
critérios priorizados pela CFT desta unidade hospitalar em particular. 
 
 
12.2.4 Análise de decisão 
 
 
Podem ser introduzidos na avaliação alguns erros, pois determinados 
valores numéricos, especialmente os utilitários, podem ser subjetivos. Portanto, é 
necessário realizar uma análise estatística empregando análise de sensibilidade. A 
análise de sensibilidade avalia a estabilidade das conclusões em relação a uma 
faixa de valores plausíveis para o valor probabilístico e o utilitário. Ausência de 
alteração significativa da conclusão em função das variações dos valores indica que 
a alternativa de maior valor preenche melhor os critérios de avaliação. 
Os resultados de uma análise de decisão são aplicáveis apenas no hospital 
onde foi realizada. As conclusões de análise de decisão variam de uma instituição 
para outra, principalmente devido às diferenças na definição dos critérios e na 
definição da importância. 
A importância da análise de decisão consiste em forçar os membros da CFT 
a considerar os critérios e as alternativas objetivamente antes de chegar a uma 
decisão. A quantificação de todos os atributos dos fármacos permite um processo de 
seleção lógico e racional, evitando longas discussões e minimizando erros pessoais. 
 
 
12.3 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS REALIZADA POR SISTEMA DE ANÁLISE 
DE AVALIAÇÃO POR OBJETIVO – SYSTEM OF OBJECTIFIED JUDGMENT 
ANALYSIS (SOJA) 
 
 
A Seleção racional de medicamentos é um fator essencial na elaboração do 
formulário farmacêutico. Além dos critérios racionais de seleção de medicamentos 
(eficácia clínica, custo, tolerância, esquema de administração etc.), fatores 
emocionais, financeiros e relacionados ao marketing farmacêutico interferem na 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 75 
seleção de medicamentos. O processo de tomada de decisão é uma alternativa para 
excluir a interferência desses fatores. 
O Sistema de Análise de Avaliação por Objetivo (SOJA) é um método de 
tomada de decisão para seleção de medicamentos. Este método consiste na 
definição prospectiva de critérios de avaliação para uma determinada classe 
terapêutica. A extensão com que cada fármaco preenche o critério é analisada. A 
cada critério é atribuído um peso relativo; quanto maior a relevância do critério, 
maior o peso. Um painel de especialistas escolhidos pela CFT estabelece o peso 
relativo de cada critério e o valor relativo para o fármaco frente ao critério. 
No método SOJA os seguintes critérios de avaliação do fármaco devem ser 
incluídos: 
A pontuação total do SOJA é de no máximo mil pontos, que são divididos 
entre os critérios considerados relevantes para classe terapêutica em estudo. A 
principal vantagem do SOJA é selecionar os medicamentos empregando 
exclusivamente critérios racionais. O método subsidia as decisões da CFT tornando 
o processo de tomada de decisão mais concreto. 
Esse método tem limitação de ser tempo-dependente, pois sofre alteração 
em virtude das publicações de ensaios clínicos, estudos de farmacovigilância e do 
registro e do tempo de comercialização. Para superar essa limitação, o método deve 
ser atualizado periodicamente, daí a necessidade de reunião da CFT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 76 
 
 
13 SELEÇÃO DE MEDICAMENTO PARA REDUZIR CUSTOS COM ASSISTÊNCIA 
FARMACÊUTICA 
 
 
A CFT possui uma meta em especial, reduzir as despesas com 
medicamentos, evitando gastos que resultam em elevação desnecessária do custo 
do tratamento, sem contribuir com retorno à saúde do paciente. A CFT para atingir 
esta meta deve adotar as seguintes estratégias: 
 garantir, por meio de medidas educativas e programas de estudo de 
utilização de medicamentos (EUM), que os medicamentos selecionados 
estão sendo adequadamente prescritos; 
 incentivar o uso do medicamento de baixo custo quando a eficácia e a 
segurança não foram alterados; 
 elaborar revisões periódicas das diversas classes de fármacos, 
fazendo alterações visando garantir que os medicamentos usados no 
hospital irão refletir a terapêutica mais econômica; 
 promover a utilização eficiente dos medicamentos, adotando 
mecanismos de restrição de fármacos para serviços específicos, situações 
clínicas determinadas e credenciamento de médicos autorizados a prescrever. 
Nos últimos anos, administradores hospitalares e farmacêuticos têm 
observado que uma grande parte da elevação das despesas dos hospitais nos 
últimos anos é devida às farmácias. Entretanto, muitas das causas são por fatores 
externos e a CFT é vista como um instrumento com capacidade para controlar os 
fatores internos. O sistema de formulário oferece excelente controle dos fármacos 
utilizados no tratamento dos pacientes. O reconhecimento deste controle pelos 
administradores frequentemente resulta em pressão para CFT priorizar a redução de 
custos devido aos enormes gastos com medicamentos. Mas a CFT deve 
conscientizar os administradores que a redução dos gastos não pode ocorrer em 
detrimento da qualidade da farmacoterapia prestada ao paciente. 
Tradicionalmente, a CFT tem avaliado a inclusão de medicamentos nos 
formulários com base na eficácia, segurança e custos de aquisição. A utilização de 
informações de análise farmacoeconômica nos processos de tomada de decisão 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 77 
sobre os medicamentos a serem incluídos ou excluídos do formulário irá auxiliar a 
CFT a garantir a redução de custos e a seleção de medicamentos eficazes. A 
farmacoeconomia é uma área em desenvolvimento dentro das ciências 
farmacêuticas de grande importância, que pode ser também realizada pela própria 
unidade hospitalar com seus próprios dados e, por isto, as CFTs e as CPMs devem 
se conscientizar da importância da farmacoeconomia e capacitar profissionais para 
atuar nessa área nos hospitais. 
Podemos concluir após a exposição deste tema que o processo de seleção 
de medicamentos visa: 
 
Portanto, a padronização de medicamentos de um hospital é um instrumento 
facilitador da implementação de um programade uso racional de medicamentos e por 
este motivo o serviço de farmácia hospitalar deve incentivar a implantação de uma 
comissão de seleção de medicamentos atuante. 
E quaisquer que sejam os critérios empregados, a forma de planejar este 
trabalho, a divulgação, o formato, a denominação, a facilidade em se encontrar as 
 Facilitar a escolha de fármacos seguros, eficazes e baratos; 
 Promover a utilização racional de medicamentos; 
 Custo do medicamento; 
 Eficácia clínica; 
 Incidência e intensidade de efeitos adversos; 
 Esquema posológico; 
 Interações medicamentosas; 
 Estudos clínicos, indicações aprovadas; 
 Tempo de comercialização; 
 Farmacocinética; 
 Aspectos farmacêuticos; 
 Reduzir o custo da assistência farmacêutica; 
 
 
 
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 78 
informações de forma rápida e objetiva, nada será válido se não for utilizado 
efetivamente e se os resultados desta tarefa não forem revertidos de forma satisfatória 
para trazer benefícios ao elemento mais importante de todo este processo: o paciente. 
 
 
14 INFECÇÕES HOSPITALARES E COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÕES 
HOSPITALARES (CCIH) 
 
 
As infecções hospitalares é problema antigo, havendo relatos desde 325 d. C., 
quando foram criados hospitais nas catedrais, confinando os doentes em ambientes 
restritivos que propiciavam a transmissão das moléstias da época. 
Com a descoberta da penicilina, no início do século XX, houve uma redução 
significativa das infecções. Para tanto, a partir dos anos 50, começaram a aparecer 
bactérias resistentes e as infecções hospitalares passaram a despertar maior 
interesse e atenção. 
Embora existam centros de excelência em controle de infecção hospitalar, 
uma grande parte dos hospitais brasileiros ainda não possui uma comissão ou 
serviço de controle de infecção hospitalar funcionando de maneira efetiva, indicando 
a necessidade de reavaliação da política de controle de infecções hospitalares. 
As infecções hospitalares são geralmente associadas aos diversos 
procedimentos invasivos, como os cirúrgicos, os cateterismos, a ventilação 
mecânica, entre outros. 
De acordo com os critérios gerais, as infecções hospitalares são definidas e 
descritas da seguinte forma: 
 Quando na mesma topografia em que for diagnosticada infecção 
comunitária, for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das 
condições clínicas do paciente; 
 Quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e 
não internação, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação 
clínica que se apresentar a partir de 72 horas após a admissão; 
 
 
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 79 
 Quando se manifestam antes de 72 horas de internação, sendo 
associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos realizados 
durante este período; 
 Em recém-nascidos, com exceção das transmitidas de forma 
transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota superiores a 24 horas; 
 Os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com 
infecção são considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de 
origem. 
 
As principais causas das infecções hospitalares são: 
 Condição clínica do paciente; 
 Falta de vigilância epidemiológica adequada; 
 Uso irracional de antimicrobianos; 
 Utilização excessiva de procedimentos invasivos; 
 Métodos de proteção anti-infecciosa, ineficazes ou inexistentes; 
 
As características do programa de controle de infecções hospitalares são: 
 Possuir vigilância epidemiológica ativa, sistemática e contínua das 
infecções, buscando ações oportunas de prevenção e controle; 
 Racionalizar o uso dos antimicrobianos e de outros medicamentos que 
possam favorecer o desenvolvimento de infecções hospitalares; 
 Monitorar e controlar os procedimentos invasivos; 
 Utilizar métodos de proteção anti-infecciosa efetivos; 
 Promover a educação continuada sobre o controle de infecções 
hospitalares; 
 
 
14.1 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH) 
 
 
A portaria 196, de 24 de junho de 1983, foi a primeira legislação sobre 
infecções hospitalares no Brasil que estabeleceu conceitos e parâmetros para o 
controle de infecção nos hospitais. Esta portaria determinou que todos os hospitais 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 80 
do país, independentemente da natureza da entidade mantenedora, deveriam 
possuir uma Comissão de Controle de Infecções hospitalares (CCIH). 
Em 1992, foi publicada a portaria 930, que determinou a constituição, em 
todos os hospitais do país, dos Serviços de Controle de Infecções (SCIH), mantendo 
a exigência de existir também a CCIH. 
A CCIH é um órgão colegiado obrigatório, subordinado à Diretoria Clínica, 
com papel deliberativo. Já o SCIH apresenta papel executivo das tarefas 
emanadas pela CCIH. 
Todas as reuniões e providências tomadas pela CCIH/SCIH devem ter seu 
registro feito de forma adequada e estes documentos devem ficar arquivados para 
posterior verificação pela fiscalização ou possível utilização se houver algum 
processo judicial. 
A participação do farmacêutico nas comissões de controle de infecção é 
importante não somente no aspecto técnico, como está prevista legalmente no 
Brasil, por meio da portaria 2.616/1998, do Ministério da Saúde, que define o 
farmacêutico como membro consultor e executor da CCIH. Segundo a portaria 
2.616/1998, a farmácia tem participação importante no controle de infecções 
hospitalares: 
 
Promovendo o uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais 
médico-hospitalares; 
Definindo políticas de utilização de antimicrobianos, germicidas e materiais 
médico-hospitalares; 
Cooperando com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo 
treinamento de funcionários e profissionais no que diz respeito ao 
CCIH.(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Funções da CCIH 
- Revisão da padronização do elenco de antibióticos; 
- Elaboração de protocolos clínicos para tratamento de infecções; 
- Elaboração de relatórios com perfil de utilização, demanda e custos 
dos tratamentos; 
- Monitoramento de pacientes em uso de antimicrobianos, por meio das 
fichas de controle; 
- Definir critérios para seleção e aquisição de desinfetantes, 
antissépticos, saneantes, produtos para saúde e medicamentos. 
 
 
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 81 
 
 
15 MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS 
 
 
Dentro das ciências farmacêuticas, a manipulação em hospital é uma 
atividade especial. Envolve áreas da farmácia que não são comuns em 
estabelecimentos de atendimento ao público. 
A manipulação de medicamentos não estéreis é um serviço que propicia 
grande economia para a instituição, disponibilizando medicamentos e soluções que 
o mercado não possui ou que têm alto custo, em diferentes concentrações, 
quantidades e volumes. 
O hospital leva a vantagem de poder controlar precisamente a administração 
de medicamentos preparados exclusivamente para um paciente, por possuir 
laboratórios de manipulação especializados. 
 
A importância da manipulação de medicamentos não estéreis é vista 
nas seguintes ocasiões: 
 É de extrema importância para o Sistema de Distribuição de Doses 
Unitárias (SDDU), podendo ser considerada uma área pré-requisito para 
Dose Unitária; 
 Proporciona a qualquer momento medicamentos com qualidade 
aceitável, adaptados à necessidade da população que atende; 
 Permite fracionar ou reenvasar medicamentos a fim de racionalizar sua 
administração e distribuição. 
 Permite preparar, diluir ou “reenvasar” germicidas necessários para 
realização de antissepsia, limpeza, desinfecção e esterilização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 82 
 
 
15.1 FORMAS FARMACÊUTICAS NÃO ESTÉREIS DE IMPORTÂNCIA NA 
MANIPULAÇÃO HOSPITALAR 
 
 
Há algumas formas farmacêuticas não estéreis que podem ser produzidas 
na farmácia hospitalar como: 
 Comprimidos; 
 Cápsulas; 
 Papéis; 
 Soluções; 
 Xaropes; 
 Suspensões. 
E algumas que sãoobtidas no mercado farmacêutico, já manufaturadas, que 
podem ser submetidas ao fracionamento na farmácia hospitalar, como: 
 Comprimidos; 
 Líquidos orais (soluções, xaropes e suspensões). 
O número de farmácias onde existe a manipulação de medicamentos não 
estéreis vem crescendo significativamente por apresentar inúmeras vantagens, como: 
 Medicamento personalizado satisfazendo às necessidades do paciente; 
 Associações benéficas; 
 Vínculo entre paciente / médico / farmacêutico fortalecido; 
 Custo reduzido. 
 
Algumas observações na manipulação de medicamentos não estéreis 
que devem ser levadas em consideração: 
 Os equipamentos a serem utilizados na manipulação devem estar 
devidamente calibrados e aferidos; 
 Vidrarias e materiais de porcelana devem estar íntegros; 
 Deve haver um termostato nos refrigeradores permitindo 
monitoramento da temperatura; 
 
 
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 83 
 Os insumos devem ser armazenados de acordo com as orientações do 
fabricante; 
 A embalagem deve garantir a estabilidade do produto. 
 
 
15.2 ESTRUTURA FÍSICA LABORATORIAL PARA MANIPULAÇÃO DE 
MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS 
 
 
 Sala de paramentação com lavatório. 
 Interior subdividindo os laboratórios de líquidos, semissólidos, sólidos 
e controle de qualidade, com acesso independente para evitar a 
contaminação cruzada. 
 Piso liso e lavável, cantos e rodapés arredondados, paredes lisas 
pintadas de cor clara com tinta acrílica ou epóxido, sistema de circulação de ar. 
 Sistema de circulação de ar composto pó: ventilador insuflador de ar e 
exaustor. Presença de pré-filtros HEPA para proporcionar ambiente classe 
100 mil, com 20 trocas de ar por hora. 
 Bancadas com tampo de material liso e lavável, pia de aço inoxidável, 
fonte de água potável e de água purificada, box de pesagem com balança 
eletrônica, armários para estoque de vidrarias e utensílios de manipulação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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16 QUIMIOTERAPIA E AS ATRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO ONCOLÓGICO 
 
 
Nos Estados Unidos, depois da doença cardíaca, o câncer constitui a 
principal causa de morte. Aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo 
desenvolvido poderá morrer de câncer nas próximas décadas. 
De acordo com estatísticas apresentadas em todo mundo, o aumento 
crescente da incidência do câncer é consequência do crescimento demográfico, da 
longevidade e provavelmente da entrada de novos fatores cancerígenos causais ou 
concausais cuja natureza é pouco conhecida. 
O câncer é um distúrbio celular caracterizado por alterações no processo de 
duplicação do DNA, resultado em proliferação celular alterada, de forma 
desordenada. 
A terapia oncológica consiste no tratamento dos pacientes portadores de 
câncer, por meio de qualquer das modalidades disponíveis à prática médica. 
Atualmente, o recurso mais empregado é o da quimioterapia, o qual utiliza os 
medicamentos antineoplásicos, por intermédio de protocolos de um ou mais 
medicamentos, dependendo do tipo e do estágio do tumor. 
 
 
16.1 ATENDIMENTO ÀS PRESCRIÇÕES MÉDICAS 
 
 
Conjunto de solicitações escritas pelo médico ao farmacêutico, para a 
preparação e entrega de um ou mais medicamentos, a prescrição ou receituário 
médico é redigida contendo informações direcionadas ao farmacêutico, visando ao 
atendimento do doente. Um receituário médico contém partes imprescindíveis, que o 
torna personificado e específico para cada paciente: 
 Nome do paciente; 
 Fármacos; 
 Vias de administração; 
 
 
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 Forma farmacêutica; 
 Indicações de uso; 
 Forma de administração do medicamento. 
O farmacêutico ao receber uma prescrição deve se certificar de que todas as 
informações, necessárias a dispensação do medicamento, estão claras e de acordo 
com o protocolo predefinido pelo médico. Os fármacos devem ser prescritos pelo 
médico em letra legível de forma explícita, indicando as concentrações desejadas 
para o tratamento. Cabe ao farmacêutico conferir as doses prescritas de acordo com 
a superfície corporal do paciente. Caso as doses estejam aparentemente elevadas, 
o médico deverá sublinhar a dose desejada, demonstrando consistência do fato. Em 
se tratando de agentes antineoplásicos, estes dados devem ser cuidadosamente 
avaliados devido às suas características citotóxicas. 
O atendimento da prescrição médica inclui a confecção de rótulo, o qual 
deve conter todas as informações necessárias à identificação do paciente, 
características referentes à reformulação preparada à orientação para a 
enfermagem na assistência ao paciente. 
Seguindo o protocolo de cada paciente, o esquema posológico deve estar 
claro na prescrição médica. Formulado pelo médico, o protocolo quimioterápico 
combina diversos medicamentos antineoplásicos destinados ao paciente oncológico 
e enviados ao farmacêutico para execução das diluições. 
O tratamento é repetido a um dado intervalo de tempo, denominado ciclo, de 
acordo com a evolução do paciente. 
O protocolo deve expressar com clareza: 
 Os fármacos; 
 O veículo; 
 A concentração; 
 A posologia; 
 Via de administração; 
 Tempo de infusão; 
 Informações sobre sequência e duração do tratamento; 
 Periodicidade dos ciclos; 
 Altura; 
 Peso; 
 
 
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 86 
 Superfície corporal; 
 Diagnóstico do paciente. 
Para os esquemas de altas doses, é importante que o farmacêutico 
certifique-se junto ao médico de que a dose prescrita é a desejada. 
A via endovenosa é a mais utilizada, no entanto, outras vias podem ser 
utilizadas, como tópica, oral, muscular, intratecal, intraperitoneal, intrapleural, 
intravesical e intrarretal. 
 
 
16.2 CENTRAL DE MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS 
 
 
Setor onde são realizadas todas as atividades envolvendo a operação 
farmacêutica de preparo das soluções parenterais destinadas ao tratamento do 
câncer. As soluções são manipuladas de acordo com a prescrição médica destinada 
a cada paciente, de forma individual e personalizada. 
São extremamente complexas as técnicas empregadas para diluir os 
antineoplásicos, tornando-se aconselhável a centralização das atividades de 
manipulação desses fármacos. A manipulação centralizada apresenta as 
seguintes vantagens: 
 Melhor controle dos riscos decorrentes da exposição dos trabalhadores 
envolvidos com agentes antineoplásicos e meio ambiente; 
 Garantia de qualidade das soluções parenterais e dos serviços 
prestados aos pacientes oncológicos; 
 Redução dos cistos com recursos humanos, fármacos e material 
utilizado na manipulação dos antineoplásicos; 
 Melhor gerenciamento do setor, visando a alcançar eficácia, eficiência 
e efetividade nos serviços prestados. 
É necessária a elaboração de um projeto claro, conciso e coerente com a 
realidade de cada hospital ou clínica, para a implementação de uma Central de 
Manipulação de Antineoplásicos. Cada parte do projeto deve ser explicada com 
argumentos técnicos para justificar os equipamentos, a área física e os recursos 
humanos apresentados. 
 
 
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 87 
A central de manipulação deve ser bem planejada, buscando atender a 
característica de cada hospital e visando a proporcionar segurança ao trabalhador. 
Em linhas gerais, deve possuir os seguintes espaços físicos: 
 
 Área de limpeza do material a ser utilizado 
Este espaço destina-se ao armazenamento de limpeza de todo material 
utilizado na manipulação (Figura 7). 
 
 
FIGURA 7- SALA DE LAVAGEM DE MATERIAL 
 
FONTE: Arquivo pessoal (instalações do Instituto de Puericultura 
e Pediatria Martagão Gesteira – IPPMG) 
 
 
 Área destinada a paramentação do trabalhador 
Esta sala é composta por duas áreas separadas por um banco corrido ou 
por uma porta. Na primeira parte, são deixadas as vestes, sapatos, joias e outros 
acompanhamentos de uso pessoal. Na segunda área, o trabalhador faz a 
antissepsiadas mãos com água e sabão neutro e se equipa com os equipamentos 
de proteção individual (EPI) (Figura 8). 
 
 
 
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 88 
 
 
FIGURA 8- SALA DE PARAMENTAÇÃO DO TRABALHADOR 
 
FONTE: Arquivo pessoal (instalações do Instituto de Puericultura 
e Pediatria Martagão Gesteira – IPPMG) 
 
 
 Sala contendo a câmara de segurança biológica 
Nesta área, além da câmara de segurança biológica classe II tipo B2, 
instalam-se as bancadas onde são colocados os materiais necessários às atividades 
de manipulação farmacêutica (Figura 9). São também colocadas nas bancadas as 
soluções já preparadas para processar a rotulagem. As paredes devem ser laváveis, 
com as bordas arredondadas e pelo menos uma das divisórias deve ser de vidro para 
manter contato visual com a área externa. O ar de dentro da sala deve ser filtrado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 89 
 
 
FIGURA 9 - SALA DE MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS 
 
FONTE: Arquivo pessoal (instalações do Instituto de Puericultura 
e Pediatria Martagão Gesteira – IPPMG) 
 
 
 Área de transferência 
Após a limpeza, o material é colocado nesta área de onde é transferido para 
a sala de manipulação e para receber dessas as soluções já preparadas para serem 
conduzidas às clínicas. Na divisória de vidro que separa as duas salas há uma 
janela com sistema corrediço por onde é feita a transferência dos produtos. É uma 
sala que impede a formação de correntes de ar que irão influenciar decisivamente 
na estabilidade do fluxo de ar da câmara. Esta sala tem contato com a sala de 
limpeza por meio de uma porta. 
 
Deve ainda fazer parte do planejamento de implantação e reestruturação 
das centrais de manipulação de antineoplásicos, um espaço destinado a recepção, 
cálculos e análises das prescrições. Nesta área, devem-se localizar as estantes com 
as fichas dos pacientes oncológicos, o registro com a lista dos agentes 
desativadores de cada antineoplásico, as normas e procedimentos adotados em 
 
 
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 90 
caso de acidentes, cópia dos certificados de manutenção da câmara e fichas 
contendo os dados de cada trabalhador, tais como dados pessoais e exames do 
programa de controle médico e saúde ocupacional (PCMSO), cadastro de cada 
paciente e um terminal de computador para processamento de dados. 
 
 
 
 
 
 
 
Câmara de segurança biológica 
 
 As câmaras de segurança biológica (CSB) classe II B 2, são 
sistemas eletromecânicos, com pressão negativa de exaustão e filtragem 
absoluta do ar descendente e ou ascendente capazes de criar ambiente 
de fluxo laminar vertical, em pequenas áreas de trabalho, 
independentemente das condições do meio. As câmaras de ar classe II 
são as que possuem fluxo laminar vertical. 
 As CSBs são desenhadas especificamente para o trabalho com 
agentes de risco biológico e adaptadas para o manuseio de agentes 
antineoplásicos. Portanto, é de suma importância a obediência rigorosa 
de técnicas de manipulação, a fim de minimizar os riscos de exposição a 
esses agentes. 
 A ventilação, a temperatura do ambiente e o controle 
microbiológico, dentro da área de manipulação da câmara, devem ser 
rigorosamente monitorados. Para limpeza dos equipamentos devem-se 
utilizar agentes adequados e em intervalos regulares de tempo, 
observando-se as técnicas de procedimentos recomendadas pelo 
fabricante. Os desinfetantes devem ser trocados periodicamente para 
não devolver formas de microrganismos resistentes. 
 A limpeza da câmara deve ser feita por pessoal devidamente 
treinado e conhecedor do risco a que está expondo seguindo as 
instruções do fabricante. O certificado contendo o laudo de 
manutenção da câmara deve ser fornecido por empresa idônea. A 
câmara deve ser instalada em uma área sem turbulência e sem 
frequente tráfego de pessoas. 
 A movimentação excessiva das mãos, o excesso de materiais, ou 
objetos de grandes volumes distribuídos no espaço destinado à 
manipulação dos fármacos, dificulta a circulação do ar e gera um 
ambiente de ventilação instável, que prejudica a eficiência da câmara. 
 
 
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 91 
 
 
16.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA MANIPULAÇÃO DE 
ANTINEOPLÁSICOS 
 
 
Os antineoplásicos para uso oral não são prescritos com muita frequência, e 
muito embora os fármacos nesta apresentação já estejam prontos para a 
dispensação, são necessários alguns cuidados ao manuseá-los. A operação 
mecânica de fracionamento dos comprimidos ou individualização das cápsulas para 
dispensação faz liberar pó, cuja composição é semelhante a das formas 
farmacêuticas que lhes deram origem. Quando o fracionamento requer ajuste da 
dose, a operação farmacêutica envolve atividades minuciosas, como pulverização, 
pesagem e/ou dissolução de fármaco. É conveniente que se tenha um local 
exclusivo, com ventilação natural adequada para esta operação, dotado de um 
sistema exaustão de tal forma que as partículas não contaminem o ambiente de 
trabalho. É indispensável que o trabalhador esteja equipado com o EPI adequado. 
Na execução das atividades de manipulação de quimioterapia é 
aconselhável que o farmacêutico tenha auxiliares, tendo como atribuições: 
 Ligar e preparar CSB; 
 Separar o material; 
 Suprir a sala de manipulação com todos os materiais necessários ao 
preparo das soluções, rotulá-las e acondicioná-las adequadamente; 
 Limpar e desligar a câmara; 
 Adicionar adequadamente todos os resíduos de antineoplásicos. 
Essas atribuições possibilitam maior segurança ao manipulador, uma vez 
que este não precisa se levantar ou se movimentar muito enquanto manipula 
podendo desenvolver sua atividade com destreza e a rapidez que a técnica exige. 
Além disso, viabiliza um trabalho mais racional, evitando erros, desperdícios e 
diminuindo custos. 
São necessárias algumas precauções para minimizar a formação de 
aerossol no ambiente de trabalho, tais como: a diluição deve ser rápida, cuidadosa e 
com rigorosa técnica asséptica; deve-se ter cuidado de não deixar ar dentro da 
 
 
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 92 
seringa, colocando o bisel em contato com o líquido de dentro do frasco-ampola; 
afim de não aspirar o ar existente; a seringa deve ser selecionada de acordo com o 
volume a aspirar. 
A sequência para a manipulação dos antineoplásicos segue, em linhas 
gerais, os seguintes passos: 
 Análise das prescrições, realização dos cálculos e confecção dos 
rótulos; 
 Separação e limpeza do fármaco e da bolsa de diluente. Conduzi-los à 
sala de transferência e desta à sala de manipulação; 
 Após se desfazer de todos os adornos pessoais, faz-se a antissepsia 
das mãos e antebraços. Segue-se a paramentação com os EPIs; 
 Cubra a bancada com um campo de plástico e, sobre este, outro 
campo de papel absorvente, ambos estéreis; 
 O auxiliar vai distribuindo o material sobre a bancada à medida que 
forem sendo desenvolvidas as atividades de manipulação; 
 Posicionar-se junto à câmara e calçar as luvas cirúrgicas; 
 Proceder à reconstituição do fármaco e à sua diluição de acordo com 
as técnicas de manipulação farmacêutica, observando a dose prescrita 
pelo médico; 
 Conectar o equipo e verificar a ocorrência de vazamento; 
 Entregar ao auxiliar para a rotulagem; 
 A utilização de gazes estéreis é sempre recomendada para dar mais 
segurança, no momento de quebrar a ampola, aspirar a solução do frasco-
ampola e ao adicionar o medicamento reconstituído à bolsa de sistema 
fechado, contendo soro fisiológico, glicosado ou outro diluente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 93 
 
 
16.4 SEGURANÇA NA MANIPULAÇÃO DE QUIMIOTERAPIA 
 
 
Diante da evidência do risco de exposição ocupacional em que ocorre a 
possibilidade dos antineoplásicos causarem mutação e câncer em trabalhadores 
expostos, muitos países têm elaborado recomendações para a manipulação segura 
destes agentes. 
Alguns trabalhadores se expõem desnecessariamente a esses agentes, 
porquenão são devidamente treinados e educados para trabalhar com agentes 
potencialmente tóxicos. 
 
 
FIGURA 10 - MANIPULAÇÃO DE QUIMIOTERÁPICOS 
 
FONTE: Arquivo pessoal (manipulação realizada no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão 
Gesteira – IPPMG) 
 
 
 
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 94 
Técnicas perfeitas de manipulação são muito difíceis de serem executadas, 
os equipamentos de manipulação não são absolutamente infalíveis. Por isso, é 
muito importante que seja adotado um programa bem estruturado para a proteção 
do meio ambiente e do trabalhador que manuseia antineoplásicos. 
Os agentes antineoplásicos devem ser preparados em CSB classe II, tipo B2, 
de uso exclusivo, obtida de empresa idônea, instalada por pessoal devidamente 
habilitado e treinado. Deve ser instalada em uma área sem turbulência, com ar filtrado, 
devendo ser ligada de 15 a 30 minutos antes de iniciar os trabalhos e desligada de 15 
a 30 minutos após terminá-los, ou conforme orientação do fabricante. 
Deve-se incluir na manutenção da câmara a troca de pré-filtro e do filtro 
HEPA, seguindo rigorosamente as orientações do fabricante, de forma a garantir a 
eficiência operacional e a integridade dos processos eletromecânicos. O tempo de 
duração dos filtros de alta eficiência (HEPAs) é, em média, de três anos, 
dependendo dos cuidados utilizados na técnica de manipulação dos produtos. 
A limpeza da área crítica deve ser feita com produto apropriado, antes do 
trabalho e após o término das atividades, em concordância com as boas práticas da 
Farmácia. A parte externa da câmara deve ser limpa com detergente suave e a parte 
interna com álcool 70%, lembrando que este produto em excesso pode danificar as 
borrachas de vedação. O trabalhador deve utilizar capote de tyvec com gorro e 
botas, fechado na frente, com mangas longas e punhos. Deve usar ainda luvas 
cirúrgicas, óculos panorâmico de segurança e respirador classe P3. 
As soluções preparadas devem ser colocadas em recipientes 
impermeáveis rígidos, com tampa, e transportados até o local de administração em 
carrinhos, de modo a prevenir quebra e/ou vazamentos. O trabalhador deve estar 
adequadamente equipado. 
O lixo contendo antineoplásicos deve ser coletado em lixos resistentes à 
perfuração e a vazamentos de líquidos ou vapores, os quais são colocados em 
sacos de plástico grosso, identificados como lixo tóxico e conduzidos à 
incineração. O lixo contaminado com esses agentes não deve ser misturado com 
outro material a ser descartado. 
A desativação química do material contendo resíduos de antineoplásicos só 
deve ser feita por pessoal habilitado e devidamente treinado. A estocagem deve ser 
feita em prateleiras com proteção frontal, desenhadas especificamente para 
 
 
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 95 
produtos perigosos, para prevenir quebras e vazamentos. Os agentes termolábeis 
devem ser guardados em geladeira, separados dos demais medicamentos e 
devidamente identificados. 
As normas escritas de manipulação e procedimentos técnicos de segurança 
devem ser colocadas em local de fácil acesso aos trabalhadores de antineoplásicos 
e sempre que houver dúvidas, as mesmas devem ser dirimidas. 
Deve-se desenvolver uma política de aderência dos trabalhadores ao 
programa de segurança do trabalho. 
A farmácia deve possuir documentos que contenham informações sobre a 
toxicidade aguda, tratamento em caso de exposição acidental, inativadores químicos 
e características fisioquímicas dos antineoplásicos manuseados. 
É preciso desenvolver atividades de treinamento e educação de todos os 
trabalhadores envolvidos com antineoplásicos. 
Os trabalhadores expostos devem relatar, em fichas individuais, os acidentes 
de trabalho, nomeando os antineoplásicos envolvidos e a forma de exposição. 
 
 
16.5 CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DOS ANTINEOPLÁSICOS 
 
 
Agentes químicos usados no tratamento do câncer para inibir o crescimento 
celular, atuando sobre as moléculas que controlam a divisão e o desenvolvimento 
das células. 
O grupo farmacológico dos antineoplásicos inclui diversos agentes que 
atuam por mecanismos complexos, por meio de interações desses com o ácido 
desoxirribonucleico (DNA), ácido ribonucleico (RNA) e proteínas. Apesar do 
processo de interação não estar bem esclarecido, sabe-se que os agentes 
antineoplásicos atuam de forma semelhante à irradiação ionizante. Eles não 
destroem diretamente as células cancerígenas, porém, impedem e/ou diminuem a 
habilidade de replicação do DNA, não possuindo ação seletiva sobre os tecidos 
neoplásicos e apresentando efeitos cumulativos. 
O efeito antineoplásico é dependente da ação citotóxica, afetando 
indistintamente tanto as células normais quanto às células alteradas, especialmente 
 
 
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 96 
aquelas que se dividem rapidamente, como as da medula óssea, epitélio 
gastrointestinal, pele folículo piloso, epitélio germinativo das gônadas e as estruturas 
embrionárias. Os pacientes terapeuticamente expostos a esses agentes podem 
apresentar reações adversas, como náuseas, vômitos, alopecia, hiperpigmentação, 
reações cutâneas e efeitos tóxicos em diversos órgãos: coração, rins e pulmões. 
A classificação dos antineoplásicos é feita de forma empírica, com base no 
mecanismo de ação sobre o ciclo de reprodução celular. 
Estão distribuídos entre os grupos: 
 
 Agentes Alquilantes 
Constituem um grupo de várias substâncias químicas, cuja característica 
comum é a alquilação do DNA. As células expostas a um agente alquilante têm 
átomos de hidrogênio substituídos por um radical alquil, resultando em ligação 
cruzada e formação de bases anormais nas moléculas de ácido desoxirribonucleico 
(DNA). Entre esses estão mostarda nitrogenada, ciclofosfamida, ifosfamida, 
bussulfano, carmustina, estreptozocin, dacarbazina. 
Todos os antineoplásicos da classe dos alquilantes apresentam reações 
adversas sobre o sistema reprodutivo, causando amenorreia muitas vezes 
permanente, particularmente em mulheres com idade próxima à menopausa e, no 
homem, pode causar azospemia irreversível e oligospermia. Podem causar efeitos 
irritantes por contato direto com a pele e, dependendo da intensidade da lesão, 
podem produzir efeitos sistêmicos. São agentes de atuação inespecífica, isto é, 
atuam em qualquer fase do ciclo de reprodução celular. 
 
 Agentes antimetabólicos 
Constituído por fármacos que interferem em diversos processos metabólicos 
celulares, resultando em interrupção da síntese de ácidos nucleicos. 
Podem agir por duas maneiras: por incorporação do fármaco em 
substituição a um constituinte normal da célula; ou por inibição de uma enzima do 
metabolismo celular. 
Os efeitos tóxicos originados da ação dos antimetabólitos se manifestam por 
meio de náuseas, mielossupressão grave, estomatite e alopecia moderada. 
 
 
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 97 
Entre os agentes antimetabólicos estão o metotrexate, 5-fluorouracil, 
citarabina, tioguanina, mercaptopurina. 
Estes agentes são tóxicos para todas as células normais, especialmente as 
que se dividem rapidamente, com potencial teratogênico e mutagênico, e quando 
administrados por tempo prolongado pode levar à cirrose e a fibrose hepática. 
 
 Antineoplásicos naturais 
O grupo dos antineoplásicos naturais é formado por alcaloides derivados da 
vinca, etoposido e teniposido, antibióticos e paclitáxel. 
Estas substâncias são agentes ciclocelulares específicos que bloqueiam as 
células em mitose. As atividades biológicas desses fármacos estão na capacidade de 
ligar-se tubulina, interferindo no funcionamento dado pelo sistema de microtúbulos, 
que é um dos componentes do fuso mitótico. Por meio da destruição dos 
microtúbulos, a divisão celular é detida na metástase. A ação tóxica mais importante é 
a mielossupressão e toxicidade neurológica. O etoposido e o teniposido estão 
classificados dentro do grupo dos agentes antineoplásicos naturais, por seremfármacos semissintéticos derivados da podofilotoxina. Esses agentes ligam-se à 
tubulina em locais diferentes daqueles usados para interação com os alcaloides da 
vinca. Seu mecanismo de ação parece estar relacionado com a ruptura da alça dupla 
do DNA. Seu efeito principal ocorre na fase terminal S e inicial G2 do ciclo de 
reprodução celular. Foram observadas duas diferentes respostas em função da dose: 
 Em altas concentrações – foi observado lise das células entrando em 
mitose; 
 Em baixas concentrações – foi observado que as células são inibidas 
ao iniciar a fase de prófase. 
O etoposido e o teniposido têm a sua ação citotóxica manifestada por 
leucopenia, trombocitopenia, neurotoxicidade, toxicidade hepática, febre, flebite, 
dermatite e reações alérgicas. 
Os antineoplásicos classificados como antibióticos resultaram da triagem de 
produtos antimicrobianos, que levaram à descoberta de diversos inibidores de 
crescimento celular, os quais se mostraram úteis no tratamento do câncer. Todos os 
antibióticos antineoplásicos, clinicamente úteis, são produtos semissintéticos, 
derivados de várias cepas, do fungo streptomyces. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 98 
Os antibióticos antineoplásicos dactininicina-D, daunorrubicina, 
doxorrubicina, bleomicina e mitomicina se ligam fortemente à dupla hélice do DNA, 
por meio da intercalação entre as bases púricas e pirimidínicas, interrompendo o 
prolongamento da cadeia de DNA e causando graves distorções cromossômicas. 
Essas distorções bloqueiam a síntese de novo RNA, do DNA ou ambos, provocando 
a ruptura das fitas de DNA e impedindo a duplicação celular. Os efeitos tóxicos são 
imunossupressão, cardiotoxicidade (aguda e acumulativa) e alopecia; e são 
vesicantes ao entrar em contato direto com a pele. Outros efeitos adversos são 
náuseas, estomatite e nefrotoxicidade. 
O paclitaxel promove formação e agrupamento anormal e a instabilização dos 
microtúbulos formados. Liga-se à subunidade beta-tubulina antagonizando a 
desmontagem dessa proteína, fazendo com que estruturas aberrantes apareçam nas 
células. Segue-se a parada da mitose podendo ocorrer morte celular. A ação 
citotóxica é manifestada por reações de hipersensibilidade ao fármaco, como rubor, 
dispneia, hipotensão, taquicardia, neurotoxicidade, cardiotoxicidade e hepatixicidade. 
 
 Agentes diversos 
O grupo de agentes diversos é composto pelos antineoplásticos cisplatina, 
carboplatina, hidroxiureia, procarbazina, dacarbazina e mitutano, L-asparaginási. 
Esses compostos possuem um mecanismo de ação variado e pouco elucidado, 
agindo em fase inespecífica do ciclo celular. Interferem na duplicação do DNA, 
inibindo a multiplicação das células por meio de alterações cromossômicas em 
tecidos neoplásicos e em tecidos normais. Podem causar toxicidade neurológica, 
com efeitos cumulativos, como formigamento e entorpecimento das extremidades, 
náuseas, vômitos, anorexia, hiperuricemia, granulocitopenia, nefrotoxicidade, 
desequilíbrio eletrolítico e neutropenia. Inclui ainda leucopenia e trombocitopenia e 
imunossupressão. A procarbazina é altamente carcinogênica, mutagênica e 
teratogênica. Tem sido relacionada também infertilidade, particularmente em 
homens. O agente antineoplástico L-asparaginasi é uma enzima que, ao catalisar a 
hidrólise da asparagina circulante, priva essas células da asparagina necessária à 
síntese de proteína, podendo levar à morte celular. Os efeitos tóxicos mais 
significantes são de hipersensibilidade, hiperglicemia, anormalidades de coagulação 
e supressão da função imune. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 99 
 
 
16.6 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA AO PACIENTE ONCOLÓGICO 
 
 
A eficácia dos fármacos antineoplásicos é alcançada mediante o seu 
potencial citotóxico, indicando que pequenas variações nas doses podem gerar 
graves danos ao paciente. Se forem preparadas doses ligeiramente menores do 
que as prescritas, poderão não produzir o efeito esperado e, se as doses forem 
ligeiramente maiores, poderão gerar um quadro de toxicidade, que pode ser letal. 
As doses prescritas devem ser rigorosamente atendidas. Deve-se ainda 
considerar que os doentes portadores de câncer são imunossuprimidos, quer pela 
doença de base, quer pelo fármaco que lhe está sendo administrado. É 
necessário, portanto, a utilização de uma técnica rigorosamente asséptica para o 
preparo das soluções parenterais, contribuindo dessa maneira para evitar 
quadros de infecção e septicemia. 
O farmacêutico que atende ao paciente oncológico ajuda na detecção de 
sintomas indicativos de sobreposição de toxicidades. É aconselhável que o 
farmacêutico sugira a diminuição das doses de pelo menos um dos componentes do 
esquema terapêutico. É também aconselhável que o farmacêutico em qualquer 
situação acompanhe a evolução clínica do paciente se inteirando das reações 
colaterais significantes, verificar se o medicamento está sendo administrado no 
tempo prescrito pelo médico e a forma como está sendo acondicionado na clínica. 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO II 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 101 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 102 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
MÓDULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do 
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são 
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
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 103 
 
 
MÓDULO III 
 
 
17 NUTRIÇÃO PARENTERAL: NUTRIENTES E VIAS 
 
 
A Nutrição Parenteral (NP) consiste na administração total ou parcial, por via 
intravenosa, dos nutrientes necessários à sobrevivência do paciente, em regime 
hospitalar, ambulatorial ou domiciliar. 
A NP é indicada nos casos em que a alimentação oral não é possível ou é 
indesejada, quando a absorção de nutrientes é incompleta e, principalmente, quando 
as condições citadas estão associadas ao estado de desnutrição. 
Entre as indicações clássicas desta terapia nutricional estão: 
 Pré-operatório – portadores de desnutrição com doenças obstrutivas no 
trato gastrintestinal alto; 
 Complicações cirúrgicas pós-operatórias – fístulas intestinais, íleo 
prolongado e infecção peritoneal, síndrome do intestino curto; 
 Pós-traumática – lesões múltiplas, queimaduras graves, infecção; 
 Desordens gastrintestinais – vômitos crônicos e doença intestinal 
infecciosa; 
 Moléstia inflamatória intestinal – colite ulcerativa e doença de Crohn; 
 Insuficiências orgânicas – insuficiência hepática e renal; 
 Condições pediátricas – prematuros, má-formação congênita do trato 
gastrointestinal e diarreia crônica intensa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 104 
 
 
17.1 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
 
 
O teor calórico da formulação, a osmolaridade e as condições do acesso 
venoso do paciente são importantes na escolha do acesso preferencial para a 
administração da formulação. Dessa forma, a NP pode ser administrada por vias 
central ou periférica. 
A NP central é administrada por meio de uma veia de grande diâmetro, 
geralmente veia cava superior, átrio direito, veia cava inferior, subclávia, jugular 
interna ou a criação cirúrgica de uma fístula arteriovenosa que chega diretamente ao 
coração. A alta osmolaridade da formulação infundida (três a oito vezes a 
osmolaridade do plasma, que é aproximadamente igual a 277,5mOs/I) requer que a 
administração seja feita em veias de grosso calibre, com grande fluxo sanguíneo, 
para evitar dor, tromboflebite e hemólise. 
A inserçãode cateter por via percutânea, embora limite a flexibilidade do 
cotovelo, pode ser usada em pacientes onde a punção da veia subclávia não foi 
bem-sucedida. 
A colocação percutânea de um cateter na veia femoral inferior pode ser 
usada quando outras veias superiores não estão disponíveis, como na ocorrência de 
trombose de ambas as subclávias ou da veia cava superior. Este tipo de acesso tem 
sido usado com sucesso variável. 
A NP periférica é administrada por meio de uma veia menor, geralmente na 
mão ou antebraço. Pelo acesso venoso periférico podem ser administradas no 
paciente apenas soluções hipotônicas e hiposmolares (inferior a 600mOsm/l), a fim 
de evitar o aparecimento de flebite e outras complicações mecânicas e metabólicas. 
As soluções podem ser infundidas por gravidade por meio de equipos de 
infusão contendo filtros clarificantes, com capacidade variada de retenção de 
partículas (15-20µm), bem como podem ser administradas com o auxílio de bombas 
de infusão, sob a forma contínua ou intermitente. 
Ambos os métodos são satisfatórios, desde que assegurem a profilaxia das 
alterações sensíveis nos níveis de glicemia, bem como um controle rigoroso do ritmo 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 105 
de gotejamento, de tal forma que o paciente receba o maior percentual possível das 
calorias e nutrientes prescritos. A NP deve ser infundida em velocidade constante, 
sendo que grandes alterações na velocidade podem resultar em hiper ou 
hipoglicemia importantes. 
Devido às elevadas concentrações de glicose, a infusão deve ser iniciada 
gradualmente, para evitar a hiperglicemia e permitir uma melhor adaptação 
metabólica do paciente. 
Não é muito preocupante a toxicidade cardíaca resultante da infusão na veia 
cava superior de soluções contendo altas concentrações de glicose e eletrólitos, 
porque essas soluções são rapidamente diluídas pelo alto fluxo sanguíneo. 
Entretanto, é importante observar o volume e a velocidade de infusão em pacientes 
com restrições volêmicas, cardiopatas, hepatopatas e nefropatas. 
Os pacientes que recebem a NP devem ser submetidos a um rígido controle 
clínico e laboratorial, antes e durante a administração da NP, para identificar as 
anormalidades metabólicas que requeiram tratamento. 
 
 
17.2 COMPLICAÇÕES MECÂNICAS, SÉPTICAS E METABÓLICAS 
 
 
17.2.1 Complicações pela inserção do cateter 
 
 
A maior parte das complicações está relacionada à lesão das estruturas 
vizinhas às veias puncionadas. Ocorrendo, também, complicações na punção 
percutânea da veia subclávia e na veia jugular interna. Além dessas, podem também 
ocorrer lesões do endotélio vascular, embolias e repercussões cardíacas. 
A punção da veia danifica a parede venosa, o que estimula a trombose local. 
A presença de um corpo estranho intravenoso potencializa a trombose. As 
complicações de trombose da veia central incluem tromboflebite séptica, perda de 
acesso venoso, síndrome da veia cava superior, extravasamento da infusão, 
dificuldade de retorno venoso da extremidade superior e embolia pulmonar. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 106 
 
 
17.2.2 Complicações sépticas 
 
 
Os pacientes que necessitam de NP são frequentemente predispostos a 
complicações por infecção como resultado da desnutrição, do uso frequente de 
antibióticos de largo espectro e pelas infecções concomitantes de ferimentos, do 
trato urinário ou dos pulmões. E particularmente comum a presença de Candida na 
urina e cavidade oral desses pacientes. 
O cateter venoso pode tornar-se infectado pelas causas mais diversas. A 
contaminação do cateter atinge índices de até 30% e constitui potencial foco de 
infecção. As bactérias associadas com este tipo de infecção são cocos gram-
positivos (Staphilococus aureus, Staphilococus epidermidis, Enterococos) e gram-
negativos (Pseudomonas, Serratia marcescens, Kiebsiela pneumoniae). Admite-se 
até 15 colônias bacterianas por placa em culturas semiquantitativas, como sendo 
compatível com colonização. Os sinais clínicos da infecção são: febre, calafrios, 
hipotensão arterial, taquicardia, confusão mental e glicosúria. 
A taxa de infecção do cateter central pode ser reduzida quando um protocolo 
é rigorosamente seguido. 
O cateter infectado pode determinar outros focos de infecção, tais como 
endocardite bacteriana, tromboflebite séptica, embolia séptica, broncopneumonia, 
artrite infecciosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 107 
 
 
17.2.3 Complicações metabólicas 
 
 
Além das complicações mecânicas e sépticas da NP, podem ocorrer 
numerosas complicações metabólicas. É importante monitorizar os pacientes e 
detectar quaisquer sintomas clínicos causados pelas anormalidades metabólicas. 
 
 
17.2.3.1 Glicosúria 
 
 
O adulto normal pode tolerar a infusão de até 400g a 500g de glicose 
durante 24 horas sem dificuldade. Com o incremento gradual da infusão de glicose 
em vários dias, podem ser metabolizadas até 1000g/dia. Contudo, os pacientes com 
estresse grave, desnutrição, sepse, diabetes e pacientes muito jovens ou muito 
idosos são, frequentemente, intolerantes à glicose e podem desenvolver 
hiperglicemia acentuada e glicosúria, até mesmo com quantidades mínimas de 
infusão de glicose. 
 
 
17.2.3.2 Síndrome hipoglicêmica 
 
 
As concentrações séricas de insulina têm sido medidas antes, durante e 
após a NP. Em um pâncreas normal ocorre rapidamente uma elevação no nível 
sérico de insulina com a infusão de carboidratos, alcançando um nível estável de 
quatro a seis vezes o valor da secreção basal dentro de seis horas. A secreção 
inicial de insulina é proporcional à quantidade de glicose infundida. Com o tempo, 
tanto as concentrações sanguíneas de glicose como as de insulina decrescem, 
talvez como resultado da menor resistência a insulina nos tecidos periféricos. 
 
 
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 108 
A interrupção da infusão de carboidratos, mesmo depois de prolongada 
administração, está associada com uma queda de insulina aos níveis séricos 
normais dentro de 30 minutos. Quando a NP é interrompida abruptamente, ocorre 
geralmente uma rápida diminuição na concentração sérica de insulina e a 
normalização da concentração sanguínea de glicose. 
Os sintomas da hipoglicemia na sua forma hiper-reativa se exteriorizam pela 
sintomatologia de ansiedade, tremores, sudorese, tonteira, cefaleia, palpitação, 
palidez e taquicardia. 
 
 
17.2.3.3 Hipofosfatemia 
 
 
O desenvolvimento de hipofosfatemia acentuada, durante a administração 
de soluções de NP pobres em fosfato, pode ocorrer precocemente nos pacientes, 
mesmo nas primeiras 24 horas, e isso está bem documentado. O mecanismo pelo 
qual a concentração de fosfato sérico diminui é apenas parcialmente conhecido. As 
perdas renais de fosfato medidas são mínimas, a ligação do fosfato com 
aminoácidos parece ser insignificante, e a concentração sérica de fósforo retorna 
tipicamente ao normal após o término da NP. 
Os sintomas de carência de fósforo são caracterizados por fraqueza 
muscular, parestesia circum-oral e periféricas, disartria e alterações respiratórias, 
podendo chegar ao coma, convulsões e morte. O tratamento da hipofosfatemia deve 
ser, inicialmente, preventivo. A manutenção de fósforo nas formulações-padrão de 
NP total ou parcial é rotineira pela adição de sais de fosfato na forma de fosfato do 
sódio ou de potássio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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17.2.3.4 Hipomagnesemia 
 
 
As perdas de magnésio não precisam ser elevadas para levar a 
hipomagnesemia. Os sintomas clínicos podem ocorrer com uma perda total 
pequena, como 35mEq a 100mEq. O magnésio tem função no metabolismo 
intermediário, tem ação fundamental no trabalho do coração, diminuindo a irritação 
cardíaca e aumentando o fluxo coronariano. A sua carência manifesta-se por 
alterações do sistema nervoso central e do sistema neuromuscular assemelhando-
se bastante com asmanifestações produzidas pela carência de cálcio. Todos os 
sintomas clínicos são reversíveis com a reposição do magnésio e podem ser 
evitados pela administração de manutenção. As necessidades para manutenção do 
magnésio são mais elevadas durante a NP do que durante a nutrição oral normal. 
 
 
17.2.3.5 Concentrações séricas de lipídios 
 
 
A NP como um sistema misto de fontes energéticas, pode levar ao aumento 
sérico das concentrações de colesterol e triglicerídeos em pacientes com alterações 
no metabolismo de lipídios. A infusão de lipídios deve ser interrompida ou reduzida 
para só evitar as complicações da hiperlipidemia. 
 
 
17.2.3.6 Deficiência de ácidos graxos essenciais 
 
 
Pacientes em uso prolongado de NP total, tendo como fonte calórica 
exclusiva a glicose, podem apresentar depois de algum tempo alterações clínicas e 
laboratoriais características da deficiência de ácidos graxos essenciais. A sua 
 
 
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 110 
carência é traduzida por urna série de alterações, manifestadas principalmente pelo 
aparecimento de lesões cutâneas características. 
 
 
17.2.3.7 Alterações Hepáticas 
 
 
As alterações hepáticas costumam ser transitórias e não deixam sequelas. 
Manifestam-se pelo aumento da transaminase glutâmico-pirúvica (TGP), que costuma 
estar elevada geralmente cinco vezes o seu valor normal, enquanto que a 
transaminase glutâmico-oxalocética (TGO) fica em nível mais reduzido. O mecanismo 
de aparecimento das alterações hepáticas na NP está longe de ser elucidado. O mais 
certo é que uma soma de fatores seja responsável pelo seu aparecimento. 
 
 
17.2.3.8 Vitaminas 
 
 
A ocorrência de alterações relacionadas ao excesso ou carência de vitaminas 
não chega a constituir problema nos pacientes que estão fazendo uso de NP. A 
observância estrita as indicações quanto ao seu uso, dose requerida e frequência de 
administração impedem praticamente o aparecimento de quadros clássicos de 
hipervitaminoses. Pode ocorrer carência provocada pelo armazenamento prolongado 
de soluções previamente preparadas, por exemplo, ocasionando perda da atividade 
do retinol, que pode acarretar um quadro de cegueira noturna. O aporte insuficiente do 
ergocalciferol pode levar ao aparecimento de hipocalcemia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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17.2.3.9 Alterações ósseas 
 
 
Pacientes recebendo NP total prolongada poderão apresentar alterações do 
metabolismo ósseo. As manifestações clínicas são caracterizadas por intensa dor 
periarticular e das extremidades, associadas a alterações ósseas como 
osteomalácia, hipercalciúria, hipercalcemia intermitente, diminuição do cálcio ósseo 
e níveis reduzidos de paratormônio circulante. Outra complicação do NP com 
alterações ósseas é o raquitismo. 
 
 
17.3 COMPOSIÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
 
 
O suporte nutricional ótimo, tanto para a manutenção como para a repleção 
da composição corporal normal, em um indivíduo normal ou portador de algum tipo 
de patologia, depende de uma provisão adequada. Deve incluir carboidratos, 
gorduras, aminoácidos, eletrólitos, minerais, oligoelementos e vitaminas. 
A formulação de NP é um procedimento que deve ser adaptado às 
necessidades individuais de cada paciente beneficiário. Assim, a formulação de NP 
deve sofrer alteração em sua composição na medida da variação das condições 
mórbidas do paciente. 
A prescrição inicial baseia-se na determinação das necessidades calórico-
proteicas do paciente, e metas do suporte nutricional. Deve-se fazer um requerimento 
diário de todos os macro e micronutrientes para obter uma indicação adequada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 112 
 
 
17.3.1 Macronutrientes 
 
 
17.3.1.1 Fontes nitrogenadas 
 
 
Em torno de 95% do nitrogênio corporal total estão localizados nas proteínas 
do organismo. Por sua vez, a proteína seguindo-se a água corporal total, é o 
principal constituinte da maioria das células, exceto dos adipócitos. 
O balanço de nitrogênio depende tanto da administração de N2 como da de 
energia. Se alguma delas for insuficiente, ocorrerá uma perda real de N2 ou balanço 
nitrogenado negativo. O aporte diário de nitrogênio e o consequente balanço 
nitrogenado, que demonstra assimilação ou perda de proteína corporal total, estão 
intimamente relacionados com a quantidade N2, de energia, e de micronutrientes 
administrados em conjunto, e deve ser norteado pelo tipo de patologia de cada 
paciente, em face das alterações respectivas na eliminação urinária de N2. 
Os aminoácidos para NP estão disponíveis comercialmente, por meio de um 
grande número de fabricantes, como aminoácidos cristalinos sintéticos. Uma 
vantagem significativa das soluções de aminoácidos sobre os antigos hidrolisados 
de proteínas é que existe uma flexibilidade para a alteração das quantidades de 
vários aminoácidos. 
Produtos específicos têm sido desenvolvidos para recém-nascidos e 
lactentes, pacientes hepatopatas, nefropatas e para estados de hipermetabolismo, 
como sepse. Cada grama de aminoácidos fornece 3,6kcal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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17.3.1.2 Fontes de carboidratos 
 
 
A glicose é utilizada como fonte calórica exclusiva, por ser a hexose mais 
termodinamicamente estável. As necessidades calóricas variam para cada paciente e 
podem ser facilmente atingidas pela alteração no volume da formulação a ser infundida. 
A glicose encontra-se disponível por meio de grande número de produtos 
farmacêuticos em concentrações que variam de 5% a 70%, em recipientes de 10ml 
a 2.000ml. Cada grama de glicose mono-hidratada fornece 3,4kcal. 
 
 
17.3.1.3 Fontes de lipídios 
 
 
As emulsões de lipídios constituem fontes seguras e eficazes de calorias 
não proteicas devido à alta densidade calórica, isotonicidade, baixa toxicidade e 
existência de ácidos graxos essenciais ao ser humano. Essas emulsões 
intravenosas são preparadas principalmente a partir de triglicerídeos de cadeia longa 
obtidos da semente de soja ou, ainda, em combinação com os triglicerídeos de 
cadeia média, provenientes do óleo de coco. 
Estão disponíveis comercialmente em concentrações de 10% e 20% em 
frascos de 50, 100, 250 e 500ml. 
A oferta calórica da emulsão lipídica 10% é de 1kcal/ml enquanto que a da 
emulsão lipídica 20% é de 2kcal/ml. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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17.3.2 Micronutrientes 
 
 
17.3.2.1 Vitaminas 
 
 
As vitaminas são compostos orgânicos necessários em pequena quantidade 
para o crescimento normal, para manutenção do estado físico e para a reprodução. 
Elas diferem dos outros nutrientes orgânicos, uma vez que não entram para a 
estrutura tecidual e não sofrem metabolização para o fornecimento de energia. 
Também possuem papel metabólico importante, atuando como cofatores de 
enzimas no metabolismo intermediário e também na profilaxia de deficiências 
clínicas e subclínicas. As necessidades diárias para pacientes em terapia nutricional 
parenteral são especulativas quanto às demandas específicas, necessárias para 
cada estado patológico. No entanto, são definidas pela American Medical 
Association/Nutrition Adersory (AMA/NAG), recomendações diárias para pacientes 
adultos e pediátricos com saúde estável. 
Há no mercado farmacêutico polivitamínicos com composição apropriada à 
manutenção diária de vitaminas para adultos e crianças em terapia nutricional 
parenteral. 
 
 
17.3.2.2 Eletrólitos 
 
 
O sódio, o cloro, o potássio, o cálcio, o magnésio e o fosfato são os minerais 
necessários em quantidades acima de 200mg/dia. Esses micronutrientes são 
essenciais para a manutenção do balanço hídrico, da função cardíaca, da 
mineralização do esqueleto, da função dos sistemas nervosos, muscular e enzimático. 
A repleção nutricional envolve a formação de unidades teciduais, contendo 
protoplasma e líquido extracelular, em proporção e composição fixas.Se tanto um 
 
 
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 115 
elemento protoplásmico (potássio, fósforo), quanto um elemento extracelular não 
estiverem presentes, a unidade de protoplasma e o líquido correspondente não 
poderão ser sintetizados. 
 
 
17.3.2.3 Oligoelementos 
 
 
Os oligoelementos são os metais inorgânicos que apresentam necessidades 
diárias menores do que 100mg e cujas reservas no organismo são menores do que 4g. 
Qualquer elemento é considerado “essencial” se esse for eliminado da dieta 
e surgir um estado de deficiência clínica, e se esse estado for revertido com a 
reintrodução daquele elemento na dieta. São considerados oligoelementos 
essenciais para o organismo humano: ferro, iodo, zinco, cobre, cromo, manganês, 
selênio, molibdênio e cobalto. 
 
 
17.4 OSMOLARIDADE DAS SOLUÇÕES 
 
 
A osmolaridade é a medida da concentração das partículas osmoticamente 
ativas na formulação. Especificamente, osmolaridade refere-se ao número de 
miliosmoles por litro de formulação. Osmolaridade refere-se ao número de 
miliosmoles por quilo de água. Ambas são medidas da pressão osmótica exercidas 
pela formulação. 
Clinicamente, os dois termos podem ser considerados equivalentes. Os 
nutrientes que mais influenciam na osmolaridade têm uma formulação, são 
principalmente os açúcares mais simples (monossacarídeos, dissacarídeos), sais 
inorgânicos que se dissociam em íons quando em solução dos bivalentes dos 
monovalentes. Em menor grau, o cloreto de sódio (NaCI), os peptídeos menores e 
os aminoácidos cristalinos. Os lipídios não influenciam na osmolaridade, tendo em 
vista serem praticamente insolúveis em água. 
 
 
 
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17.5 NOVOS SUBSTRATOS EM NUTRIÇÃO PARENTERAL 
 
 
Novos substratos em NP vêm sendo pesquisados a fim de minimizar os 
problemas de incompatibilidades entre os nutrientes, bem como trazer benefícios 
terapêuticos. 
Formulações a base de fósforo orgânico têm sido utilizadas visando 
eliminar a clássica incompatibilidade entre cálcio e fósforo, sendo compatível com 
cálcio sob a forma de gluconato, sem quaisquer limites de concentração e 
perfeitamente estável em formulações de NP. Com isso, a oferta de íons cálcio e 
fósforo não ficam restritos a concentrações predeterminadas por estudos de 
estabilidade, geralmente inferiores às necessidades específicas, notadamente na 
neonatologia e pediatria. Na conduta clínica, a oferta dos íons cálcio e fósforo fica 
normalmente restrita a 1,0mMol/kg/dia, enquanto que a taxa de oferta uterina é de 
aproximadamente de 2,5mMoI/kg dia. Além disso, a utilização do fósforo orgânico 
evitaria que fossem infundidos no paciente os cristais de fosfato de cálcio 
resultantes da reação química indesejada entre o gluconato de cálcio e o fosfato de 
potássio, que poderiam acumular-se nos alvéolos pulmonares levando à embolia 
pulmonar e ao óbito. 
Outros substratos, como a arginina, glutamina e ácidos graxos w3, vêm 
sendo utilizados como suplementos no suporte nutricional de portadores de 
patologias diversas, entre elas o câncer, com o objetivo não apenas de fornecer 
substrato nitrogenado e calórico, mas também como imunomoduladores a fim de 
ampliar os mecanismos de defesa imunológicos e, consequentemente, melhorar o 
prognóstico do paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 117 
 
 
17.6 REQUISITOS ESTRUTURAIS, AMBIENTAIS E FÍSICOS DO SETOR DE 
NUTRIÇÃO 
 
 
17.6.1 Estrutura física 
 
 
A farmácia destinada a preparação de NP deve ser localizada, projetada e 
construída de forma a se adequar às operações desenvolvidas e assegurar a qual 
idade das preparações, possuindo, no mínimo os seguintes ambientes: 
 Área de manipulação; 
 Sala de limpeza e higienização dos produtos farmacêuticos e 
correlatos; 
 Sala de manipulação; 
 Vestiários; 
 Áreas de armazenamento; 
 Área de dispensação. 
Os ambientes devem ser protegidos contra a entrada de aves, animais, 
insetos, roedores e poeira. Devem possuir superfícies internas (pisos, paredes e 
teto) lisas, sem rachaduras, serem facilmente laváveis, resistentes aos desinfetantes 
e que não desprendam partículas. 
As áreas e instalações devem ser adequadas e suficientes ao 
desenvolvimento das operações, dispondo de todos os equipamentos e materiais de 
forma organizada e racional, objetivando evitar os riscos de contaminação, misturas 
de componentes e garantir a sequência das operações. 
Na área de manipulação, limpeza e higienização são vedadas a existência 
de ralos. Nas demais áreas, os ralos devem ser fechados. A iluminação e 
ventilação devem ser suficientes para que a temperatura e a umidade relativa não 
deteriorem os produtos farmacêuticos e correlatos, bem como a precisão e o 
funcionamento dos equipamentos. 
 
 
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 118 
As salas de descanso e o refeitório devem ser separados dos demais 
ambientes e distantes da área de manipulação. 
As áreas de manipulação de NP devem ter dimensões que facilitem ao 
máximo a limpeza, a manutenção e as operações. Nestas áreas, todas as 
superfícies devem ser revestidas de material resistente aos agentes sanitizantes, 
lisas e impermeáveis para evitar acúmulo de partículas e microrganismos, possuindo 
cantos arredondados. Deve ser independente e exclusiva, dotada de filtros de ar 
para retenção de partículas e microrganismos, garantindo os graus de limpeza do ar 
recomendados. Além disso, deve ser prevista a instalação de Capela de Fluxo 
Laminar do tipo horizontal, classe 100. 
A entrada na área de manipulação deve ser feita exclusivamente por meio 
de antecâmara (vestiário de barreira). Os vestiários devem ser ventilados, com ar 
filtrado com pressão inferior à da área de manipulação e superior à da área externa. 
As portas das câmaras devem possuir um sistema de travas e de alerta visual e/ou 
auditivo para evitar a sua abertura simultânea. 
Os lavatórios devem possuir torneiras ou comandos do tipo que dispensem o 
contato das mãos para o acionamento da água. Junto ao lavatório deve existir 
provisão de sabão líquido e antisséptico e recurso para secagem das mãos. 
A área de armazenamento deve ter capacidade suficiente para assegurar a 
estocagem ordenada das diversas categorias de produtos farmacêuticos, correlatos 
e materiais de embalagem. 
Deve ser providenciada área separada para a estocagem de produtos 
farmacêuticos, correlatos, materiais de embalagem e NP reprovados, recolhidos ou 
devolvidos. 
Os equipamentos devem ser localizados, projetados, instalados, adaptados 
e mantidos de forma a estarem adequados às operações a serem realizadas. A 
estrutura dos equipamentos deve visar à minimização dos erros e permitir que os 
mesmos sejam efetivamente limpos e assim mantidos para que sejam evitados a 
contaminação cruzada e o acúmulo de poeiras e sujeira, e qualquer efeito adverso 
sobre a qualidade da NP. Além disso, os equipamentos devem ser validados e 
periodicamente verificados e calibrados, conforme procedimentos e especificações 
escritas e devidamente registradas. 
 
 
 
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 119 
 
 
17.6.2 Barreira de isolamento 
 
 
Foi proposto o desenvolvimento de uma área para preparação de produtos 
estéreis que mantivesse a esterilidade com um nível assegurado em conformidade 
com a Technical Assistance Bulletin on Quality Assurance for Pharmacy Prepared 
Sterile Products (ASHP). 
Foi verificado que o emprego de sistemas de barreira de isolamento era o 
método preferencial para o preparo de produtos estéreis. Este sistema deve ser 
baseado na concentração específica e no tamanho das partículas de ar. 
O sistema de barreira de isolamento é formado por quatro componentes: a 
estrutura física, o ambiente interno, a tecnologia de interação e o sistema de 
monitoramento. Para criar um ambiente asséptico, o farmacêutico deve entender de 
cada um dos componentes e decidir quais materiais devem ser usados na 
construção, quantos filtrosusar e onde devem se localizar, como melhor reduzir a 
contaminação na área e melhores formas de monitorizar a limpeza da sala de ar. A 
avaliação de cada componente deve ser feita com base na durabilidade, 
funcionalidade e custo. 
A tecnologia da barreira de isolamento foi desenvolvida para remover pessoas 
do ambiente de preparo de produtos intravenosos e eliminar a forma primária de 
contaminação. A barreira de isolamento é constituída pela sua estrutura física, pelo 
seu ambiente interno, a tecnologia de interação e sistemas de monitoramento. 
 
 
17.6.2.1 Estrutura física da barreira de isolamento 
 
 
O sistema de barreira de isolamento possui um revestimento duro e outro 
macio. O revestimento duro pode ser de plástico, vidro ou aço inoxidável, enquanto 
o revestimento macio é feito por filme de plástico mole. Quando escolher o material 
 
 
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 120 
para o revestimento, deve-se considerar a durabilidade e integrabilidade do sistema 
com superfícies laváveis e que possibilitem a visualização das operações internas. 
 
 
17.6.2.2 Ambiente interno da barreira de isolamento 
 
 
O mais importante neste elemento, é a quantidade de sistemas de fluxo de ar 
necessária para o ambiente interno quando comparada com a tecnologia do fluxo 
laminar. Sistemas de barreira de isolamento dão a impressão de maior segurança 
pela natureza da sua construção. Ainda que não existam requerimentos para filtração 
do ar exaurido, uma boa prática é usar um filtro de partículas de alta eficiência (HEPA) 
para filtrar algum ar que saia da barreira de isolamento. Barreiras de isolamento são 
sistemas fechados que precisam de um nível de proteção entre os ambientes externo 
e interno. A filtração HEPA é capaz de capturar partículas maiores do que 0,3p.m, 
mas vapores e pequenas gotículas passam através deste nível de filtração. 
 
 
17.6.2.3 Tecnológica de interação da barreira de isolamento 
 
 
Permite que os operadores interajam com o processo ou equipamentos 
contidos no sistema da barreira, utilizando luvas. As luvas devem ser selecionadas 
de acordo com o material, espessura e habilidades manuais. Half-suits, outra 
tecnologia de interação, são desenvolvidos para aumentar a capacidade e áreas 
expandidas dentro da barreira de isolamento. As desvantagens são as dificuldades 
de limpeza e acesso de entrada e saída. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 121 
 
 
17.6.2.4 Sistema de monitoramento da barreira de isolamento 
 
 
São usados para determinar se a unidade está operando dentro dos padrões 
designados. 
Uma especificação típica das tecnologias de interação é que a barreira de 
isolamento deve ter uma pressão positiva capaz de manter uma ordem de pressão 
de ar equivalente a 0,025 a uma polegada da pressão da água. 
 
 
17.7 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
 
 
As Boas Práticas de Preparação da NP (BPPNP) estabelecem as 
orientações gerais para aplicação nas operações de preparação (avaliação 
farmacêutica, manipulação, controle de qualidade, conservação e transporte) das 
NPs bem como os critérios para aquisição de produtos farmacêuticos, correlatos e 
materiais de embalagem. 
É indispensável à efetiva inspeção durante todo o processo de preparação 
das NPs de modo a garantir ao paciente a qualidade do produto a ser administrado. 
 
 
17.7.1 Estrutura organizacional 
 
 
Toda farmácia deve ter um organograma que demonstre possuir estrutura 
organizacional e de pessoal suficientes para garantir que a NP por ela preparada 
esteja de acordo com os requisitos deste regulamento. O pessoal deve ser 
qualificado e em quantidade suficiente para o desempenho de todas as tarefas 
preestabelecidas, para que todas as operações sejam executadas corretamente. 
 
 
 
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 122 
 
 
17.7.2 Recursos humanos e responsabilidade 
 
 
As atribuições e responsabilidades individuais devem estar formalmente 
descritas e perfeitamente compreendidas pelos envolvidos, que devem possuir 
preparo técnico suficiente para desempenhá-las. 
Cada prescrição médica deve ser aviada pelo farmacêutico, onde é avaliada a 
compatibilidade dos componentes e suas concentrações antes da sua manipulação. O 
farmacêutico e o responsável pela preparação da NP devem possuir conhecimentos 
científicos e experiência prática na atividade, para assegurar: 
 A aquisição de produtos farmacêuticos, correlatos e materiais de 
embalagem com qualidade; 
 A manipulação da NP de acordo com a prescrição médica utilizando 
procedimentos adequados; 
 A implementação dos procedimentos relativos às operações de 
preparação, de validação do processo e calibração dos equipamentos; 
 A educação continuada do pessoal técnico, farmacêutico, manutenção 
e limpeza de tal forma que todos os funcionários conheçam a BPPNP. 
 
 
17.7.3 Saúde, higiene e conduta 
 
 
A admissão dos funcionários deve ser precedida de exames médicos, sendo 
obrigatória a realização de avaliações médicas periódicas dos funcionários 
diretamente envolvidos na manipulação da N1, atendendo à NR 7 /MT – Programa 
de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). 
Não é permitido conversar, fumar, comer, beber, mascar ou manter plantas, 
alimentos, bebidas, fumo e medicamentos pessoais nas áreas de manipulação. Os 
procedimentos de higiene pessoal e a utilização de roupas protetoras devem ser 
 
 
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 123 
exigidos a todas as pessoas para entrarem na área de manipulação, sejam elas 
funcionários, visitantes, administradores ou inspetores. 
 
 
17.7.4 Vestuário 
 
 
A colocação dos uniformes e calçados, bem como a higiene preparatória 
para entrada nas áreas limpas deve ser realizada em áreas de vestuário e seguir o 
procedimento recomendado e documentado para evitar contaminação. Os uniformes 
e calçados utilizados nas áreas limpas devem cobrir completamente o corpo, serem 
esterilizados e substituídos a cada sessão de trabalho. 
 
 
17.7.5 Material 
 
 
Deve haver especificação técnica detalhada e documentada de todos os 
materiais necessários à preparação da NE, de modo a garantir que a aquisição 
atenda corretamente aos padrões de qualidade estabelecidos. Os recipientes devem 
manter a esterilidade, estabilidade e apirogenicidade da NP durante a sua 
conservação, transporte e administração. 
Todos os materiais devem ser armazenados sob condições apropriadas, de 
modo a preservar a identidade e integridade dos mesmos, separação dos lotes e a 
rotação do estoque. 
 
 
17.7.6 Seleção do recipiente 
 
 
O sistema preparado deve estar protegido de trocas com o meio externo. 
São utilizados frascos de vidro, bolsas de poli-(etileno-acetato de vinila) – o EVA – e 
bolsas de cloreto de polivinila (PVC). Os recipientes para o envase devem ser 
 
 
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 124 
transparentes, sem pigmentos ou corantes, quimicamente inertes, estéreis e 
apirogênicos. As bolsas têm sido muito úteis no preparo e administração das 
soluções, devido tanto à flexibilidade na capacidade de acondicionamento, como ao 
fato de serem inquebráveis. 
 
 Bolsa de poli-(etileno-acetato de vinila), ou EVA 
O EVA é um policarboneto quimicamente inerte e esterilizável até 108°C. 
Está sendo muito utilizado no preparo das soluções por não interagir com os 
constituintes da formulação, sendo o material plástico mais apropriado como 
recipiente de NP e recomendado para o uso. 
 
 Bolsa de cloreto de polivinila (PVC) 
O PVC é uma substância dura, frágil e inflexível; plastificadores como o dietil-
hexilftalato (DEHP) são adicionados para dar flexibilidade. O DEHP é um lipídio 
solúvel, possivelmente carcinogênico, hepatotóxico e teratogênico para produtos que 
tenham PVC contendo misturas lipofílicas. Foi feito um estudo para inibir a quantidade 
de DEHP liberado das bolsas de PVC contendo NP total. Neste estudo, verificou-se 
que a toxicidade da exposição a DEHP em humanosnão foi bem esclarecida. 
Entretanto, é recomendado que seja evitada a permanência de soluções de NP em 
bolsas de PVC por longo período que antecede o momento da administração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 125 
 
 
17.7.7 Técnicas de preparo da nutrição parenteral 
 
 
O preparo das formulações difere de acordo com a conveniência da 
instituição e deve atender às Boas Práticas de Manipulação de Nutrição Parenteral. 
 
 
17.7.7.1 Preparo com misturadores automáticos 
 
 
Em hospitais que possuem um grande consumo de NP, são utilizados 
aparelhos especialmente desenvolvidos com bombas de transferência, destinados ao 
preparo automatizado das soluções. Este método tem a vantagem de trazer rapidez 
no preparo e ser flexível, atendendo as prescrições individualizadas de cada paciente. 
Após o preparo da formulação base, alguns misturadores possibilitam de 
forma programada a adição dos eletrólitos, oligoelementos e vitaminas. Outros 
misturadores propiciam que os aditivos sejam colocados individualmente, ou ainda, 
se estiverem sendo preparadas várias bolsas da mesma fórmula, pode ser 
preparada uma bolsa que sirva de reservatório de aditivos estáveis quimicamente, 
que pode ser adaptada a uma das entradas do misturador automático. 
 
 
17.7.7.2 Preparo utilizando soluções parcialmente prontas 
 
 
Para auxiliar no preparo de soluções de NPs nos hospitais que possuem 
recursos limitados e consumo pequeno, estão disponíveis comercialmente soluções 
parcialmente prontas de diferentes tipos, com frascos, bolsas ou compartimentos 
contendo aminoácidos cristalinos e glicose hipertônica, com ou sem eletrólitos. As 
soluções são misturadas imediatamente antes da administração, fornecendo 
 
 
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 126 
parcialmente os substratos necessários à alimentação do paciente, os quais podem 
ser acrescidos à formulação ou administrados em misturas intravenosas. 
 
 
17.7.7.3 Preparo de lotes 
 
 
Alguns hospitais usam o sistema de preparo de lotes no qual são colocadas 
soluções de aminoácidos e glicose em um grande tanque de aço inoxidável, 
esterilizados pela passagem em um filtro esterilizante de 0,22µm. São realizadas 
culturas da formulação no início, durante e no final do procedimento de preparo. A 
validade das soluções é determinada em 30 dias para cada lote e a formulação deve 
ser armazenada no escuro, sob refrigeração a 3°C. 
 
 
17.7.7.4 Rotulagem e embalagem 
 
 
Toda NP deve apresentar rótulo com as seguintes informações: nome do 
paciente; número do leito e registro hospitalar; composição qualitativa de todos os 
componentes; osmolaridade; volume total; velocidade da infusão; via de acesso; 
data e hora da manipulação; prazo de validade; número sequencial de controle e 
condições de temperatura para conservação e transporte; nome e registro do 
farmacêutico no conselho de classe. 
 
 
17.7.7.5 Conservação e transporte 
 
 
Toda NP deve ser conservada sob refrigeração, em geladeira exclusiva para 
medicamentos, com temperatura de 2°C a 8°C. 
O transporte das soluções deve ser feito em recipientes térmicos exclusivos 
de modo a garantir que a temperatura se mantenha em torno de 2°C a 20°C durante 
 
 
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 127 
o tempo de transporte, que não deve ultrapassar 12 horas, além de protegida de 
intempérie e da incidência direta da luz solar. 
 
 
17.7.7.6 Validação 
 
 
O procedimento de manipulação asséptica deve ser validado para garantir a 
obtenção da formulação estéril e com qualidade. A validação deve seguir 
procedimento escrito que inclua a avaliação da técnica adotada, por meio de um 
procedimento simulado. Devem abranger a metodologia empregada, o manipulador, 
as condições da área e dos equipamentos. 
A validação do procedimento de manipulação deve ser realizada antes do 
efetivo início das atividades de uma farmácia. Sempre que houver qualquer 
alteração nas condições validadas, o procedimento deve ser revalidado. É 
recomendado que a competência técnica do manipulador seja revalidada, pelo 
menos uma vez ao ano ou toda vez que houver alteração significativa do processo. 
As validações e revalidações devem ser documentadas e os documentos arquivados 
durante cinco anos. 
 
 
17.7.7.7 Prazo de validade 
 
 
Toda formulação de NP deve apresentar no rótulo um prazo de validade com 
indicação das condições para a sua conservação. A determinação do prazo de 
validade pode ser baseada em informações de avaliações da estabilidade 
fisioquímica dos fármacos e considerações sobre a sua esterilidade ou por meio de 
realização de testes de estabilidade. 
 
 
 
 
 
 
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 128 
 
 
17.8 ESTABILIDADE E COMPATIBILIDADE DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
 
 
A complexidade da formulação de NP é susceptível a incompatibilidades 
físico-químicas. 
Incompatibilidade é o fenômeno físico-químico responsável pela formação 
de um novo produto inadequado (por aumento de toxicidade ou por precipitação) no 
momento de preparo ou quando estão sendo infundidas as soluções de NP. O maior 
risco de incompatibilidade na NP é quando macroprecipitados excedem o tamanho 
de 5µm a 7µm na mistura e passam para a circulação central. Duas formas de 
precipitados podem aparecer na mistura: sólido ou líquido. 
Fatores relacionados à formulação de NP – tais como osmolaridade, 
concentração e ordem dos aditivos, pH, temperatura, luz, tipo de envase e tempo de 
estocagem – determinam a estabilidade das mesmas. 
As incompatibilidades podem ser: físicas, químicas e físico-químicas (Tabela 7). 
 
 
TABELA 7 - INCOMPATIBILIDADES EM NUTRIÇÃO ENTERAL 
Incompatibilidades da Nutrição Enteral 
Físicas 
Precipitação, 
Alteração da cor, Formação de gás, 
Formação de espuma, Turbidez 
Químicas 
Oxidação, Fotólise, 
Epimerização, 
Catálise 
Físico-químicas 
Complexação, Floculação, Adsorção, 
Quebra da emulsão 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
 
 
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 129 
 
 
17.8.1 Incompatibilidade entre íons cálcio e fosfato 
 
 
A incompatibilidade entre os íons cálcio e fosfato implica basicamente 
dois riscos: 
 Infusão de cristais de fosfato de cálcio – pode ocasionar óbito de 
pacientes devido à infusão de dietas parenterais com precipitados, por 
formação de embolia microvascular pulmonar difusa; 
 Oferta insuficiente de cálcio e fósforo – estes eletrólitos são 
necessários para um crescimento neonatal normal e, uma boa mineralização 
óssea. As consequências da insuficiência destes íons são principalmente 
distúrbios de formação óssea, que podem exacerbar displasias 
broncopulmonares, bem como causar problemas respiratórios no prematuro 
sem outras causas identificáveis. A fraqueza muscular decorrente da 
depleção de fósforo pode ainda causar complicações adicionais. 
 
 
17.8.2 Magnésio 
 
 
O magnésio é compatível em concentrações de até 12mEq/l. O sulfato é a 
forma preferida para oferecer o íon sulfato necessário. Quando é usado o sulfato de 
magnésio, o cálcio não deve ser dado como cloreto, uma vez que o sulfato de cálcio 
precipita-se rapidamente. O gluconato e o gluco-heptonato de cálcio reagem mais 
lentamente, requerendo vários dias até que o sulfato de cálcio precipite. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 130 
 
 
17.8.3 Sódio, potássio, acetato e cloreto 
 
 
Estes eletrólitos são compatíveis em todas as concentrações e com todos os 
componentes da NP. Devem ser adicionados intercalados com íons bivalentes ou 
trivalentes, para evitar a formação de precipitados no equipo de transferência 
durante o preparo. 
 
 
17.8.4 Bicarbonato 
 
 
Usar sais de acetato e lactato como precursores de bicarbonato. As 
incompatibilidades mais comuns são a formação de sais insolúveis com cálcio e 
magnésio e a formação de precipitados com vitaminas C e do complexoB. 
 
 
17.8.5 Interações entre nutrientes e medicamentos 
 
 
Pacientes em uso de NP poderão necessitar de vários tipos de fármacos 
para o tratamento da doença primária e/ou associada aos sintomas, complicações 
da doença e da terapêutica. 
Sob o ponto de vista farmacológico, é possível a mistura de fármacos na 
formulação de NP. Este procedimento apresenta vantagens e desvantagens que 
devem ser avaliadas. 
A decisão quanto à administração contínua de medicamentos via NP deve 
contemplar o modo de ação, nível plasmático e eficácia terapêutica do fármaco. Não 
se recomenda a adição a NP de fármacos que necessitem de titulação cuidadosa da 
dosagem baseada na resposta clínica. 
 
 
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 131 
Além da via oral ou a administração do fármaco por uma via intravenosa 
periférica, existem cinco maneiras de aplicar medicamentos em conjunção com a NP: 
 Coadministração usando ou uma Conexão Y direta na junção do 
cateter ou por uma via Y sobre a via de infusão como uma aplicação 
secundária; 
 Mistura direta com a formulação de NP; 
 Administração retrógrada quando são requeridos pequenos volumes de 
medicamento, corno na pediatria e nos neonatos; 
 Correr a NP cíclica durante 12 a 20 horas diariamente para permitir 
aplicação do fármaco pelo mesmo lúmen durante o intervalo; 
 Administração por um lúmen separado de cateter multilúmen. 
 
Algumas interações: 
 Albumina 
A albumina é estável em concentrações de até 35,5g/L em formulação de 
NP. Quando a albumina é adicionada, a formulação não pode mais ser filtrada antes 
da administração. Foi relatada a possibilidade de crescimento de fungos e bactérias 
nas formulações de NP que contêm albumina. 
 
 Insulina 
Deve ser usada apenas a insulina recombinante humana. A insulina é 
totalmente compatível com ambos os tipos de soluções de NP e todas as 
concentrações. Ainda permanecem algumas controvérsias a respeito da 
disponibilidade da insulina devido a sua possível aderência aos frascos de vidro ou a 
bolsas de plástico, equipos e filtros. 
 
 Aminofilina 
A aminofilina é tida como compatível com as formulações de NP por um 
período de até 48 horas. Deve-se atentar ao fato de que a formulação de NP não 
deve conter grandes quantidades de cálcio e fósforo juntamente com concentrações 
de aminoácidos baixas ou de baixos valores do pH, uma vez que pode resultar em 
precipitação de fosfato de cálcio. 
 
 
 
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 132 
 Antibióticos 
Como regra geral, nenhum antibiótico intravenoso deveria ser misturado com 
qualquer formulação nutriente, mas de preferência ser administrado por meio de 
cateter intravenoso separado. Além das preocupações sobre estabilidade, a rota não 
é ideal para muitos antibióticos, para os quais são desejadas as infusões 
intermitentes como um meio de produzir um pico e manter níveis plasmáticos de 
modo a aumentar a eficácia bactericida ou diminuir a toxicidade. 
 
 Fármacos cardiovasculares 
Embora provavelmente sejam estáveis, a mistura de vários vasopressores 
não é recomendada, especialmente se são necessárias mudanças de emergência 
na velocidade de infusão. 
 
 Quimioterápicos 
A ciclofosfamida 500mg/L, a citarabina 100mg/L e o metrotexato sódico 
50mg/L são visivelmente compatíveis com as formulações de NR 0 5-fluorouracil 
4g/L é compatível também com a NP. 
 
 Corticosteroides 
A hidrocortisona é compatível e estável em todas as concentrações. O 
succinato de metilprednisolona sódica a 250mg/L é visivelmente compatível por 24 
horas nas soluções padrão de NP. 
 
 Furosemida 
A furosemida em quantidades de 40mg/L é visivelmente compatível com a NP. 
 
 Heparina 
A heparina é compatível com os dois tipos de formulação nutriente em 
concentrações de até 20.000U/L, e foi por um tempo adicionada comodamente às 
soluções para prevenir a formação de capas de fibrina ou a trombose da veia 
subclávia. Hoje, esta prática não é mais utilizada. A heparina pode ser inativada pela 
vitamina C, isso deve ser considerado quando outros medicamentos precisam ser 
 
 
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 133 
administrados simultaneamente com as soluções contendo heparina, uma vez que 
por si própria ela pode produzir incompatibilidade. 
 
 Antagonistas dos receptores H2 
A administração de um antagonista de receptor H2 com as soluções de NP é 
largamente utilizada. E de baixo custo, uma vez que ficam eliminadas as bolsas 
intravenosas, equipos e vias venosas periféricas, reduzindo assim o tempo gasto 
pela farmácia e pela enfermagem. 
 
 Acido clorídrico 
O ácido clorídrico esterilizado pode ser adicionado em concentrações de até 
200mEq/L. Deve-se tomar cuidado, porém, em manter o pH entre 3 e 6,8. Quando é 
adicionado o ácido clorídrico, as emulsões de lipídios não devem estar presentes, 
uma vez que um meio ácido favorece fortemente a quebra da emulsão. Finalmente, 
as vitaminas devem ser dadas por uma veia periférica, pois o meio ácido as inativa. 
 
 Ferro 
A suplementação de ferro geralmente é mais bem administrada por via oral. 
Quando a absorção é inadequada, contudo, a administração intravenosa de ferro 
pode ser totalmente efetiva. Quando são necessárias infusões de manutenção sem 
acesso venoso periférico podem ser adicionadas 100mg de ferro dextran na 
formulação nutriente sem grandes riscos de reações anafiláticas. 
 
 Metoclopramida 
As doses de 5 a 20mg/L são quimicamente estáveis nas formulações de NP. 
 
 Entorpecentes 
A morfina, a meperidina, a hidromorfina e o levorfanol têm sido infundidos 
conjuntamente com a NP em pacientes terminais com limitado acesso venoso, tanto 
em casa como no hospital. 
 
 
 
 
 
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 134 
 
 
17.8.6 Interações entre nutrientes 
 
 
Existem interações nutricionais que podem ocorrer de forma pré-absortivas 
ou pós-absortivas. 
 
 Pré-absortivas 
Podem ser intraluminais por meio de combinações químicas, seja pela 
formação de ligações iônicas ou covalentes, ou pela formação de quelatos; também 
pode se dar por meio de competições ou antagonismo, competições por ligações a 
sítios de absorção ou alostéricos de proteínas ou a ligantes intraluminais. 
Essas interações podem ocorrer no nível das microvilosidades do enterócito 
por competição ou antagonismo ou por interações metabólicas, pois, muitas vezes, 
um nutriente é necessário para a utilização de outro. 
 
 Pós-absortivas 
Estas interações podem ocorrer quando do transporte e distribuição para os 
tecidos onde temos competições por ligações a sítios de absorção ou alostéricos de 
enzimas com proteínas armazenadoras/transportadoras; interações metabólicas 
também existem porque um nutriente é necessário para a utilização de outro com 
excesso de um prejudica o metabolismo do outro. 
No nível do metabolismo do nutriente, temos tanto interações metabólicas 
quanto trocas, onde dois nutrientes de função semelhante podem se substituir 
mutuamente em caso de deficiência. 
Embora sejam praticamente impossíveis os estudos precisos sobre a 
solubilidade das soluções de NE devido ao número infinito de combinações, devem 
ser observadas algumas limitações. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 135 
 
 
17.9 GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
 
 
17.9.1 Garantia da Qualidade 
 
 
A garantia da qualidade tem como objetivo assegurar que os produtos e 
serviços estejam dentro dos padrões de qualidade exigidos. Para atingir os objetivos da 
Garantia da Qualidade na preparação da NE, a farmácia deve possuir um Sistema de 
Garantia da Qualidade que incorpore as BPPNPs e um efetivo controle de qualidade 
totalmente documentado e monitorizado por meio de auditorias da Qualidade. 
Um sistema de garantia de qualidade apropriado para a preparação de NP 
deve assegurar que: 
 As operações de preparação da NP sejam claramente especificadas 
por escrito e que as exigências de BPPNP sejam cumpridas; 
 Os controlesde qualidade necessários para avaliar os produtos 
farmacêuticos, os correlatos, o processo de preparação (avaliação 
farmacêutica, manipulação, conservação e transporte) e a NP sejam 
realizados de acordo com procedimentos escritos e devidamente registrados; 
 Os pontos críticos do processo sejam devida e periodicamente 
validados, com registros disponíveis, os equipamentos e instrumentos sejam 
calibrados, com documentação comprobatória; 
 A NP seja corretamente preparada, segundo procedimentos apropriados; 
 A NP só seja fornecida após o farmacêutico responsável ter atestado 
formalmente que o produto foi manipulado dentro dos padrões especificados 
pelas BPPNP; 
 A NP seja manipulada, conservada e transportada de forma que a 
qualidade da mesma seja mantida até o seu uso; 
 Sejam realizadas auditorias da qualidade para avaliar regularmente o 
Sistema de Garantia da Qualidade e oferecer subsídios para a implementação 
de ações corretivas, de modo a assegurar um processo de melhoria contínua. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 136 
 
 
17.9.2 Controle de Qualidade 
 
 
O Controle de Qualidade deve avaliar todos os aspectos relativos aos 
produtos farmacêuticos, correlatos, materiais de embalagem, formulação, 
procedimentos de limpeza, higiene e desinfecção, conservação e transporte da NP, 
de modo a garantir que suas especificações e critérios preestabelecidos estejam 
atendidos. 
Os produtos farmacêuticos e correlatos devem ser inspecionados no 
recebimento para verificar a integridade física da embalagem e as informações dos 
rótulos. 
O certificado da análise de cada produto farmacêutico e correlato emitido pelo 
fabricante deve ser avaliado para verificar o atendimento as especificações 
estabelecidas. 
Antes da desinfecção para a entrada na área de manipulação, os produtos 
farmacêuticos e correlatos devem ser inspecionados visivelmente para verificar a 
sua validade, a integridade física, a ausência de partículas e as informações dos 
rótulos de cada unidade do lote. 
Os procedimentos de limpeza, higiene e sanitização devem ser desenvolvidos 
e monitorizados para verificar o cumprimento dos requisitos estabelecidos. 
A manipulação deve ser avaliada quanto à existência, adequação e 
cumprimento de procedimentos padronizados e escritos. 
A NP pronta para uso deve ser submetida aos seguintes controles: 
 Inspeção visual em 100% das amostras, para assegurar a integridade 
física da embalagem, ausência de partículas, precipitações e separação de 
fases; 
 Verificação da exatidão das informações do rótulo; 
 Teste de esterilidade em amostra representativa das manipulações 
realizadas em uma sessão de trabalho, para confirmar a sua condição estéril. 
As amostras para avaliação microbiológica laboratorial devem ser retiradas, 
estatisticamente, no início e no fim do processo de manipulação e conservadas sob 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 137 
refrigeração (2°C a 8°C) até a realização da análise. As amostras para contraprova 
(referência) de cada NP preparada, devem ser conservadas sob a refrigeração 
citada, durante sete dias após o seu prazo de validade. 
As condições de conservação e transporte das soluções da NP e meio de 
cultura, devem ser verificadas semanalmente para assegurar a manutenção das 
características da NP. 
 
 
18 POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS E RENAME 
 
 
A Política Nacional de Medicamentos (PNM) foi aprovada em 30 de outubro 
de 1998, pela Portaria do Ministério da Saúde 3.916, com o propósito de garantir a 
necessária segurança, eficácia e qualidade do medicamento, além da promoção do 
uso racional e do acesso da população aos medicamentos considerados essenciais. 
O estabelecimento da relação dos medicamentos essenciais, a reorientação da 
assistência farmacêutica, o estímulo à produção de medicamentos genéricos e a 
regulamentação sanitária, são as principais diretrizes da política. 
O sistema de saúde no Brasil é bastante complexo por englobar tanto os 
estabelecimentos públicos com suas unidades de atenção básica, bem como uma 
rede privada de prestação de serviços sofisticada com centros hospitalares de alta 
complexidade. A importância dos serviços de saúde é indiscutível e esses 
constituem, ao lado de uma série de outros serviços, fator de extrema relevância 
para a qualidade de vida da população, representando preocupação de todos os 
gestores do setor devido à natureza das práticas de assistência neles 
desenvolvidas, ou ainda pela totalidade dos recursos que são por eles absorvidos. 
Grande parcela da população se acha, hoje, parcial ou totalmente excluída 
de algum tipo de atenção do sistema de saúde, além de ter que conviver com as 
constantes mudanças no perfil epidemiológico com doenças típicas de países em 
desenvolvimento misturadas a doenças características de países desenvolvidos, 
além de doenças emergentes ou reemergentes, tais como a cólera, a dengue, a 
malaria, as doenças sexualmente transmissíveis e HIV/AIDS. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 138 
Portanto, a adequação do sistema de saúde deve ser constante e 
acompanhar as novas demandas como, por exemplo, o envelhecimento da 
população. O modelo de atenção prestada deve, portanto, conferir prioridade ao 
caráter preventivo das ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. 
Há de se considerar, ainda, que modificações qualitativas e quantitativas no 
consumo de medicamentos são influenciadas pelos indicadores demográficos, os 
quais demonstram clara tendência de aumento na expectativa de vida ao nascer. 
Acarretando um maior consumo e gerando um maior custo social, tem-se 
novamente o processo de envelhecimento populacional interferindo, sobretudo, na 
demanda de medicamentos destinados ao tratamento das doenças crônico-
degenerativas, além de novos procedimentos terapêuticos com utilização de 
medicamentos de alto custo. Igualmente, adquire especial relevância o aumento da 
demanda daqueles de uso contínuo, como é o caso dos utilizados no tratamento das 
doenças cardiovasculares, reumáticas e de diabetes, não sendo incomum pacientes 
sofrerem de todas essas doenças simultaneamente. 
A desarticulação da assistência farmacêutica brasileira conduz a um cenário 
de comprometimento da qualidade de vida do cidadão. A falta de prioridade na 
prescrição de produtos padronizados, constantes da Relação Nacional de 
Medicamentos Essenciais (RENAME), pela denominação comum brasileira (DCB) de 
medicamentos genéricos, é um dos problemas importantes detectados. O maior 
problema continua sendo a irregularidade no abastecimento de medicamentos em 
ambulatórios, diminuindo assim a eficácia das ações governamentais no setor saúde. 
O uso desnecessário e irracional de medicamentos e o estímulo à 
automedicação, bastante presente no país por meio de propaganda agressiva e 
enganosa, são fatores importantes na demanda por medicamentos. A promoção do 
seu uso racional mediante a reorientação destas práticas é objeto de um processo 
educativo, tanto para a equipe de saúde quanto para a população. 
O mercado farmacêutico brasileiro é um dos cinco maiores do mundo, com 
vendas que atingem 9,6 bilhões de dólares/ano. O setor é constituído por cerca de 
480 empresas, entre produtores de medicamentos, indústrias farmoquímicas e 
importadores. Este perfil deve ser consideravelmente modificado pelo programa de 
medicamentos genéricos. Há no país cerca de 50 mil farmácias, incluindo as 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 139 
hospitalares e as homeopáticas, comercializando e dispensando cerca de 5,2 mil 
produtos com aproximadamente 9,2 mil apresentações. 
Outro dado relevante a ser citado é o perfil do consumidor brasileiro que 
pode ser classificado em três grupos, como observado na Tabela 9. 
 
 
TABELA 8 - PERFIL DO CONSUMIDOR BRASILEIRO DE MEDICAMENTOS 
Renda 
Porcentagem da 
população 
Consumo de 
Medicamentos 
Acima de 10 salários mínimos 15% 48% 
Entre 4 e 10 salários mínimos 34%36% 
Entre zero e 4 salários mínimos 51% 16% 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
A análise do perfil do consumidor indica a necessidade de que a PNM confira 
especial atenção aos aspectos relativos ao uso racional, bem como a segurança, a 
eficácia e a qualidade dos produtos colocados a disposição da população. 
 
 
18.1 DIRETRIZES E PRIORIDADES DA PNM 
 
 
18.1.1 Adoção de uma relação nacional de medicamentos essenciais 
 
 
A adoção de uma relação de medicamentos essenciais faz parte das 
diretrizes da PNM com o intuito de assegurar o acesso da população a 
medicamentos seguros, eficazes e de qualidade. Medicamentos essenciais são 
aqueles produtos considerados básicos e indispensáveis ao atendimento da maioria 
dos problemas de saúde. Estes produtos devem estar continuamente disponíveis 
aos segmentos da sociedade que deles necessitem, nas formas farmacêuticas 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 140 
apropriadas, e compõem uma relação nacional de referência que servirá de base 
para o direcionamento da produção farmacêutica e para o desenvolvimento científico 
e tecnológico do país. 
O processo de descentralização da gestão no âmbito do Sistema Único de 
Saúde (SUS) delegou aos estados e municípios a responsabilidade pelo suprimento 
de suas redes de serviços. Portanto, a existência de uma relação nacional de 
medicamentos facilitará a organização das listas estaduais e municipais, sendo o 
meio fundamental para orientar a padronização da prescrição médica e do 
abastecimento de medicamentos, em especial no âmbito do SUS. Este, portanto, 
poderá ser um mecanismo para a redução dos custos dos produtos. 
A consolidação do processo de revisão permanente da RENAME representa 
medida indispensável, já que a seleção deverá ser baseada nas prioridades 
nacionais de saúde, bem como na segurança, na eficácia terapêutica comprovada, 
na qualidade e na disponibilidade dos produtos. A RENAME deve ser organizada de 
acordo com as patologias e agravos da saúde mais relevantes e prevalentes, 
respeitadas as diferenças regionais do país. As apresentações dos produtos 
deverão assegurar as formas farmacêuticas e as dosagens adequadas para a 
utilização por crianças e idosos. 
Durante o processo de atualização da RENAME, deverá ser dada ênfase ao 
conjunto e medicamentos voltados para a assistência ambulatorial, ajustado, em 
nível local, às doenças mais comuns à população, definidas segundo prévio critério 
epidemiológico. Por esse motivo, estudos epidemiológicos devem ser realizados 
periodicamente assim como a atualização da RENAME. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 141 
 
 
18.1.2 Regulamentação sanitária de medicamentos 
 
 
O processo de registro de medicamentos e a autorização para 
funcionamento de empresas e/ou estabelecimentos produtores de medicamentos 
devem ser objeto de rígido controle por parte do órgão responsável pela vigilância 
sanitária. Os produtos inadequados ao uso, na conformidade das informações 
decorrentes da farmacovigilância, devem ter restrições na comercialização ou ser 
eliminados, conforme o caso. 
Deve ser dispensada atenção especial à promoção do uso de medicamentos 
genéricos, identificando os mecanismos necessários e adequando os instrumentos 
legais específicos tais como: 
 A obrigatoriedade da adoção da Denominação Comum Brasileira (DCB) 
ou Internacional (DCI) nos editais, propostas, contratos, notas fiscais etc.; 
 A obrigatoriedade da adoção da DCB ou DCI nas compras e licitações 
públicas dos medicamentos; 
 A exigência da prescrição médica ou odontológica fazendo uso do 
nome genérico do medicamento, conforme previsto na legislação vigente; 
 A apresentação da denominação genérica nas embalagens, rótulos, 
cartuchos, bulas, prospectos e demais materiais de divulgação. 
 
 
18.1.3 Reorientação da assistência farmacêutica 
 
 
O modelo de assistência farmacêutica atual que se restringe a simples 
aquisição e distribuição de medicamentos tende a ser modificado. As ações 
incluídas nesse campo da assistência terão por objetivo implementar, no âmbito das 
três esferas do SUS, todas as atividades relacionadas à promoção do acesso da 
população aos medicamentos essenciais. A reorientação do modelo de assistência 
farmacêutica, coordenada e disciplinada em âmbito nacional pelos três gestores do 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 142 
sistema, deverá estar fundamentada na descentralização da gestão, na promoção 
do uso racional dos medicamentos, no desenvolvimento de iniciativas que 
possibilitem a redução nos preços dos produtos, viabilizando, inclusive, o acesso da 
população aos produtos no âmbito do setor privado. 
A assistência farmacêutica no SUS deve englobar as atividades de seleção, 
programação, aquisição, armazenamento e distribuição, controle da qualidade e 
utilização (prescrição e dispensação) favorecendo a permanente disponibilidade dos 
produtos segundo as necessidades da população, identificadas com base em 
critérios epidemiológicos. No tocante aos agravos e doenças cuja transcendência, 
magnitude e vulnerabilidade tenham repercussão na saúde pública, buscar-se-á a 
contínua atualização e padronização de protocolos de intervenção terapêutica e dos 
respectivos esquemas de tratamento. 
 
 
18.1.4 Promoção do uso racional de medicamentos 
 
 
A promoção do uso racional de medicamentos passa por um importante 
processo de educação dos usuários ou consumidores acerca dos riscos da 
automedicação, da interrupção e da troca da medicação prescrita, bem como da 
necessidade da receita médica, para a dispensação, quando for o caso. O 
profissional prescritor e o profissional responsável pela dispensação devem, 
também, ser objetos desse processo educativo – o que deve ocorrer em suas 
formações universitárias, quando é o momento de seu contato inicial com os 
medicamentos. A elaboração de um Formulário Terapêutico Nacional (FTN) poderia 
servir como instrumento de orientação da prescrição e dispensação dos 
medicamentos, racionalizando o seu uso. No formulário devem estar contempladas 
todas as informações relativas aos medicamentos, inclusive os dados de absorção e 
ação no organismo. 
Estudos de farmacovigilância, além de tratar dos efeitos adversos, devem ser 
utilizados, também, para assegurar o uso racional dos medicamentos, reorientando 
procedimentos relativos ao registro, forma de comercialização, prescrição e 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 143 
dispensação de produtos. Assim como estudos de farmacoepidemiologia devem ser 
incentivados como forma de contribuição para o uso racional de medicamentos. 
A adoção do programa de medicamentos genéricos, por meio da produção, 
prescrição e comercialização, poderá ser fator decisivo na promoção do uso racional 
de medicamentos e deverá trazer segurança ao prescritor, ao usuário e ao 
responsável pela dispensação, cuja presença deve ser considerada imprescindível 
nos estabelecimentos comercial ou hospitalar. 
A propaganda de produtos farmacêuticos, tanto a direcionada à classe médica 
quanto a voltada para o público leigo, deve ser enquadrada em todos os preceitos 
legais vigentes e nas diretrizes éticas emanadas do Conselho Nacional de Saúde. 
 
 
18.1.5 Desenvolvimento científico e tecnológico 
 
 
Pesquisas na área de tecnologia e formulações farmacêuticas, principalmente 
aquelas consideradas estratégicas para a capacitação e o desenvolvimento 
tecnológico nacional, devem ser objeto de maiores incentivos do Estado, e o governo 
deve buscar a integração entre as universidades, as instituições de pesquisa e as 
empresas do setor produtivo. O potencial terapêutico da flora e da fauna nacionais 
não pode ser negligenciado, bem como o apoio à pesquisa que vise o seu 
aproveitamento enfatizando-se a certificação de suas propriedades medicamentosas. 
O apoio ao desenvolvimento da tecnologiade produção de medicamentos, 
em especial os constantes da RENAME, bem como o estímulo à produção nacional 
virá, certamente, assegurar o fornecimento regular ao mercado interno, 
consolidando assim o parque industrial farmacêutico instalado no país. 
A Farmacopeia Brasileira constitui mecanismo de fundamental importância 
para as ações legais de vigilância sanitária e das relações de comércio exterior, tanto 
de importação quanto de exportação, e, neste sentido, deve ser objeto de revisão 
permanente com a inclusão de métodos gerais analíticos para produtos elaborados e 
de monografias validadas que possam atender a laboratórios produtores de 
medicamentos, de grande, médio e pequeno portes. Deve apresentar métodos 
alternativos de avaliação da qualidade dos produtos farmacêuticos que atendam a 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 144 
demanda nacional dentro de uma lógica instalada do parque industrial nacional em 
desenvolvimento com o parque mais avançado da indústria transnacional. 
 
 
18.1.6 Promoção da produção de medicamentos 
 
 
A oferta de medicamentos depende de aspectos relacionados à estrutura e 
ao perfil industrial no Brasil, composto de três segmentos produtivos: o nacional 
público, o nacional privado e as empresas de capital transnacional no setor. 
Os laboratórios farmacêuticos oficiais têm de ser mais bem utilizados, 
preferencialmente para o atendimento às necessidades de medicamentos essenciais 
destinados a atenção básica. Deve suprir, por outro lado, as demandas oriundas das 
esferas estadual e municipal do SUS. O papel desempenhado por este setor, além 
do abastecimento, em domicílio tecnológico de processos de produção de 
medicamentos de interesse nacional em saúde pública. Há algum tempo, o 
segmento nacional público vem atuando como balizador de preços no mercado com 
grandes benefícios para a saúde pública. 
Os laboratórios de pesquisa universitária também devem passar por este 
processo, pois o país enfrenta problemas com medicamentos órfãos, necessários 
aos hospitais públicos e nos universitários, e não disponíveis no mercado. Devem-se 
buscar ações governamentais que visem utilizar essa importante capacidade ociosa, 
pois, além do abastecimento regular, não se pode perder de vista a universidade 
como celeiro formador de mão de obra extremamente qualificada. 
Os laboratórios oficiais, por outro lado, devem buscar a modernização de seu 
parque industrial e de seus sistemas de produção para alcançar os níveis de eficiência 
e competitividade, em especial no que concerne aos preços dos medicamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 145 
 
 
18.1.7 Garantia da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos 
 
 
A eficácia, a qualidade e a segurança de um medicamento são de 
responsabilidade de quem o fabrica, cabendo aos gestores fiscalizar o 
cumprimento da regulamentação sanitária por meio de inspeções e fiscalizações 
regulares e sistemáticas. 
A implementação dos guias de boas práticas de fabricação e de laboratório 
levará, certamente, à padronização de processos produtivos e analíticos validados, 
garantindo a reprodutibilidade nos resultados e a facilidade no rastreamento de 
problemas quando uma falha é detectada. Papel preponderante nesta atividade 
deve ser desenvolvido pela Gerência Geral de Laboratórios de Saúde Pública da 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a quem está afeto o credenciamento dos 
laboratórios da rede pública e privada para a execução de análises de qualidade 
tanto de orientação como de fiscalização. 
Os laboratórios analítico-certificadores devem se unir aos laboratórios 
estaduais de fiscalização (LACEMs) em benefício da garantia da qualidade dos 
medicamentos disponibilizados à população brasileira, estabelecendo, cumprindo e 
fazendo cumprir as medidas que atendam à estratégia da descentralização e ao 
financiamento das ações sanitárias. É fundamental a necessidade de o país produzir 
as substâncias químicas que servirão como padrão de qualidade das matérias-
primas utilizadas na fabricação dos diversos medicamentos e, principalmente, para 
as matérias-primas importadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 146 
 
 
18.1.8 Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos 
 
 
O desenvolvimento e a capacitação do pessoal envolvido nos diferentes planos, 
programas e atividades que operacionalizarão a PNM deverão configurar mecanismos 
privilegiados de articulação intersetorial, de modo que o setor de saúde possa dispor de 
recursos humanos em quantidade e qualidade no desempenho da tarefa. 
A Lei 8.080/1990, em seu artigo 14, já prevê uma ação intersetorial 
articulada para a formação do quadro e a educação continuada como maneira única 
de constante atualização do quadro de recursos humanos. 
As universidades, por sua vez, devem estar atentas às demandas emanadas 
do setor de vigilância sanitária, devendo buscar meios para supri-las, quer por meio 
de cursos de extensão, de aperfeiçoamento ou atualização, até atingir níveis 
superiores de mestrado e doutorado, dando ênfase para ações cognitivas de cunho 
profissional e científico. 
 
 
18.1.9 Responsabilidades das esferas de governo 
 
 
A PNM, para ser implementada, ultrapassa os limites do setor saúde e prevê 
ação articulada dos ministérios da Saúde, Justiça, Educação, Ciência e Tecnologia, 
Planejamento, entre outros, bem como a permanente cooperação técnica com 
organismos e agências internacionais. 
No documento emanado do Ministério da Saúde em abril de 1999, sobre a 
PNM, as estratégias da articulação intersetorial aparecem e são assim definidas: 
 Ministério da Justiça – terá por finalidade efetivar medidas no sentido 
de coibir eventuais abusos econômicos na área de medicamentos, com base 
nas leis Antitruste, da Livre Concorrência e de Defesa do Consumidor; 
 Ministérios da área econômica – estarão votados para o 
acompanhamento das variações dos índices de custo dos medicamentos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 147 
essenciais, com ênfase naqueles considerados de uso contínuo, no sentido 
de preservar a capacidade de aquisição dos produtos, por parte da 
população, de forma direta ou indireta (subsídio governamental, seguro 
saúde); deverá, além disso, buscar o encaminhamento das questões 
relativas ao financiamento das ações inseridas na operacionalização desta 
política e que incluam, nos termos da Lei, as respectivas participações dos 
governos estaduais e municipais; 
 Ministérios da Educação e do Desporto – visarão o desenvolvimento de 
ações junto aos professores, pais e alunos, relativas ao uso correto dos 
medicamentos, bem como a reorientação dos currículos de formação dos 
profissionais de saúde; 
 Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Ciência e Tecnologia 
e agências internacionais – com essas instituições, se buscará o 
estabelecimento de mecanismos e compromissos que viabilizem o fomento 
à cooperação técnica, científica e tecnológica. 
Além das articulações com os setores mencionados, o documento descreve, 
ainda, as funções dos gestores federal, estadual e municipal, com as respectivas 
limitações de ações e de responsabilidades. 
Lembrar-se do relacionamento que o governo deve manter com as entidades 
de classe do setor de saúde, se faz mister, por ser canal dos mais importantes para 
se atingir rapidamente e com segurança os principais parceiros para garantir a 
aceitação e o pleno sucesso da política. 
 
 
18.2 MEDICAMENTOS GENÉRICOS 
 
 
O genérico de um fármaco é o nome pelo qual o mesmo deve ser conhecido 
e referenciado nos compêndios farmacêuticos oficiais, sendo prevista por decreto 
presidencial (o 74.170), desde 1974, a obrigatoriedade da utilização da 
denominação genérica nos editais, propostas licitatórias, contratos e notas fiscais de 
compras e licitações públicas de medicamentos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 148 
Em 1977, novo decreto presidencial(79.094) definia, em seu artigo 3º, que 
“a denominação genérica era a Denominação Comum Brasileira (DCB) adotada pelo 
Ministério da Saúde para uma substância ativa ou fármaco, ou, em sua ausência, a 
Denominação Comum Internacional (DCI), recomendada pela Organização Mundial 
de Saúde”. Nesse mesmo decreto, constava a obrigação de todos os medicamentos 
comercializados no país serem identificados, além do nome e/ou marca, pela 
denominação genérica. 
O Decreto 793, de abril de 1993, alterou os decretos anteriormente citados e 
deu importante passo em direção à política de medicamentos genéricos no país, 
sendo que, em fevereiro de 1999, foi sancionada a Lei 9.787 alterando a Lei 6.360, 
de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o 
medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos 
farmacêuticos, entre outras providências. 
A revogação do Decreto 793 se deu em setembro de 1999, por meio do 
Decreto 3.181, regulamentando a Lei 9.787, a qual rege a atual política de 
medicamentos genéricos. 
Um medicamento genérico é um produto que contém uma substância ativa ou 
fármaco já comercializado, na mesma concentração ou dose, destinada às mesmas 
indicações de outro medicamento registrado e comercializado por outro fabricante, 
sem, no entanto, ter identidade de marca. Os medicamentos genéricos surgem após o 
vencimento do período de proteção de patente concedida ao medicamento inovador, 
sendo comercializados pelos seus nomes comuns ou genéricos. 
Como os fabricantes de medicamentos genéricos não necessitam realizar 
investimentos em pesquisa e se utilizam do desenvolvimento do mercado e da 
divulgação médica, realizados pelo laboratório inovador, devem ter preços 
comumente inferiores aos seus similares de marca. Preocupada com a qualidade do 
medicamento dispensado no país, a Agenda Nacional de Vigilância Sanitária vem 
investindo no programa, estabelecendo critérios que visam assegurar a mesma 
qualidade que o original com vistas a assegurar a eficácia e a segurança nos 
tratamentos médicos. 
A Resolução 391 traz o Regulamento Técnico para Medicamentos 
Genéricos e abrange as provas de equivalência farmacêutica e bioequivalência, a 
aferição da equivalência terapêutica, o registro, a intercambialidade e a dispensação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 149 
do medicamento genérico, sendo um instrumento de orientação e acompanhamento 
da política, podendo ser modificada sempre que alguma alteração surja como 
necessária para melhor adaptação à realidade nacional. 
A equivalência terapêutica entre dois produtos farmacêuticos que contenham 
o mesmo fármaco, na mesma forma farmacêutica e concentração depende da 
velocidade e do grau com que o ingrediente ativo é absorvido a partir do produto 
administrado e colocado em disponibilidade no local de ação do fármaco, isto é, 
depende da biodisponibilidade de cada formulação. Dois produtos serão 
bioequivalentes se apresentarem para a segurança de que a forma farmacêutica a 
ser administrada ao paciente tenha um comportamento cinético esperado, para que 
o medicamento possa ter biodisponibilidades comparáveis. 
O processo farmacotécnico é um dos principais fatores, liberando o fármaco 
conforme esperado e, dessa maneira, o mesmo ser intercambiável com o 
medicamento referência. 
Um produto de má qualidade pode apresentar redução na eficácia, 
apresentando insuficiência terapêutica, aumento indesejado da eficácia ou reação 
adversa, levando, nesses últimos casos, a toxicidade. Dependendo do medicamento 
e da doença em tratamento, as consequências clínicas podem ser extremas. 
Segundo classificação do FDA, produtos com equivalência terapêutica devem 
obedecer a critérios específicos, tais como: eficácia e segurança comprovadas; 
contenham os mesmos teores de substância ativa na mesma forma de dosagem; 
demonstrem pureza e identidade; sejam bioequivalentes; apresentem rotulagem 
adequada com informações aprovadas. Medicamentos somente serão seguramente 
equivalentes terapêuticos, se os fabricantes seguirem as boas práticas de fabricação, 
isentos de não conformidades durante o processo produtivo e com um rigoroso 
controle de qualidade da matéria-prima utilizada na fabricação do medicamento. 
A política de medicamentos genéricos só se instalará no Brasil se houver 
confiabilidade do prescritor médico ou dentista, do farmacêutico que o dispensa e, 
principalmente, do cidadão que faz uso do medicamento. Para tal, se faz necessária 
uma política mais firme de vigilância sanitária, a qual abrange desde a inspeção nas 
indústrias de medicamentos (genéricos ou não) e, no caso presente, maior 
acompanhamento da qualidade dos medicamentos genéricos que começam a ser 
colocados nas prateleiras. Visto que não será lógico refazer os estudos de 
 
 
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 150 
bioequivalência, as vigilâncias sanitárias estaduais poderão acompanhar de perto a 
qualidade dos medicamentos genéricos por meio de estudos de equivalência 
farmacêutica, comparando os resultados obtidos nos lotes de medicamentos 
genéricos com as especificações farmacopeicas. 
Para que os verdadeiros genéricos possam existir no mercado brasileiro, é 
preciso que, em primeiro lugar, deixem de ser simples similares e se transformem 
em verdadeiros equivalentes terapêuticos, fabricados segundo as boas normas de 
produção, que apresentem bioequivalência ao medicamento de referência e que 
exerçam mínimos procedimentos de farmacovigilância. Sendo consolidada a política 
do medicamento genérico bioequivalente e, portanto, intercambiável, o governo 
deverá dirigir ações visando exigir o estudo de biodisponibilidade dos medicamentos 
que pretendam continuar no mercado como similar, pois faz parte da PNM a 
qualidade total dos produtos farmacêuticos. 
Deve ser dada atenção especial aos genéricos importados, os quais poderão 
chegar ao consumidor com preços bem melhores, mas sem, contudo, perder de 
vista a sua qualidade, sendo que os estudos devem ser realizados no Brasil tendo a 
referência nacional como fator de comparação. Respeitados os direitos da 
propriedade intelectual, é perfeitamente legítima e defensável a competição dos 
genéricos no mercado farmacêutico. Com as dimensões do mercado brasileiro e a 
importância do Brasil no cenário industrial mundial, esta política é fator primordial 
para o desenvolvimento econômico, técnico e científico do país, e deve, portanto, 
ser prioridade governamental, bem como dos profissionais da área da saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 151 
 
 
19 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: ATENÇÃO FARMACÊUTICA E FARMÁCIA 
CLÍNICA 
 
 
Ocorreram alterações profundas na prática da farmácia hospitalar nas 
últimas décadas devido a alguns fatores, como: 
 Evolução das técnicas diagnósticas e do arsenal terapêutico disponível 
para tratamento das enfermidades; 
 Novos sistemas de distribuição e dispensação de medicamentos; 
 Introdução da farmacocinética clínica como instrumento para 
otimização da farmacoterapia dos pacientes; 
 Insatisfação dos profissionais farmacêuticos em relação às atividades 
tradicionalmente desenvolvidas para dispensação de medicamentos; 
 Questionamentos sobre o papel do farmacêutico como profissional da 
equipe de saúde e sua responsabilidade em relação ao piso racional dos 
medicamentos e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes; 
 Necessidade de racionalização de gastos em saúde devido às 
características particulares de sistemas de saúde em diversos países e ao 
envelhecimento da população mundial. 
Tais fatores, entre outros, foram determinantes para a criação de serviços de 
excelência na área de farmácia hospitalar, e pelo surgimento de novos conceitos, 
tais como a farmácia clínica e a atenção farmacêutica. 
No Brasil – pela sua dimensão continental, estado atual do sistema de saúde 
e características curriculares regionais –, constatam-sesituações extremas, ou seja, 
serviços estruturados e especializados, aprimorando-se para realizar a atenção 
farmacêutica em seu sentido pleno, e hospitais que dispõem de um único 
farmacêutico que realiza, geralmente, atividades burocráticas e administrativas. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 152 
 
 
19.1 A EVOLUÇÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR E O SURGIMENTO DA 
FARMÁCIA CLÍNICA 
 
 
No final da década de 1950, por iniciativa da Food and Drug Administration 
(FDA/USA) e da American Medical Association (AMA), iniciou-se a conscientização 
dos farmacêuticos no sentido de controlar as reações adversas aos medicamentos. 
Verificou-se, então, que essa tarefa dependia do conhecimento de toda a medicação 
administrada aos pacientes, durante o período de internação, e que o sistema de 
dispensação de medicamentos empregado na época também colaborava para erros 
na administração dos mesmos. Surgiam, portanto, dois conceitos fundamentais para o 
início da prática da farmácia clínica, ou seja, a elaboração do perfil farmacoterapêutico 
(registro sistemático de toda medicação administrada aos pacientes) e a criação do 
sistema de dispensação de medicamentos por doses unitárias. 
A filosofia da farmácia clínica, surgida no início dos anos de 1960, nos 
Estados Unidos, caracterizou-a com a atividade farmacêutica desenvolvida em 
função do paciente, visando à maior eficácia do tratamento medicamentoso. Para 
tanto, o farmacêutico era obrigado a “deixar” a farmácia e estar ao lado do paciente. 
Desse modo, os farmacêuticos hospitalares, de acordo com as 
características de suas instituições, o apoio e o incentivo recebidos e as 
possibilidades e exigências de aprimoramento, foram, gradativamente, ampliando e 
aperfeiçoando suas atividades, direcionando-se cada vez mais ao pleno exercício da 
farmácia clínica. Conforme Whitney Harvey, diretor e editor da Revista Drug 
Intelligence and Clinical Pharmacy: 
 
Sociólogos americanos determinaram que a farmácia não é uma profissão 
completa por causa de sua maneira de ser semelhante a Janus (deus 
romano que apresenta duas faces), com uma face comercial e outra 
profissional. Enquanto a face comercial dominar a farmácia, essa 
permanecerá uma profissão incompleta. A farmácia clínica apresenta-se 
como uma oportunidade aos farmacêuticos de se tornarem completamente 
profissionais. Será ela que a tornará verdadeiramente uma profissão. 
(HARVEY A. K. WHITNEY, 1986). 
 
 
 
 
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 153 
 
 
19.2 FARMÁCIA CLÍNICA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E METODOLOGIA 
 
 
O conceito de farmácia clínica tem evoluído, desde a década de 1960, até 
incluir todas as atividades dirigidas à utilização racional dos medicamentos, tanto 
pelos pacientes quanto pelos profissionais da equipe de saúde. 
Segundo o Comitê de Farmácia Clínica da Associação de Farmacêuticos 
Hospitalares dos EUA, a farmácia clínica pode ser definida como: 
 
Ciência da saúde cuja responsabilidade é assegurar, mediante a aplicação 
de conhecimentos e funções relacionadas ao cuidado dos pacientes, que o 
uso dos medicamentos seja seguro e apropriado; necessita, portanto, de 
educação especializada e interpretação de dados, da motivação pelo 
paciente e de interações multiprofissionais.(COMITÊ AMERICANO DE 
FARMÁCIA CLÍNICA DA ASSOCIAÇÃO DE FARMACÊUTICOS 
HOSPITALARES) 
 
 
19.2.1 Objetivos da Farmácia Clínica 
 
 
Os principais objetivos da farmácia clínica podem ser resumidos nos 
seguintes itens: 
 Fornecer informações sobre medicamentos a outros profissionais da 
equipe de saúde colaborando para a definição das metas terapêuticas e a 
seleção do tratamento farmacológico mais adequado, dependendo do 
estado clínico do paciente; 
 A prescrição de medicamentos eficazes e seguros; a administração dos 
medicamentos pela via mais apropriada e avaliação dos efeitos do tratamento 
com base em Índices de eficácia. Nesse aspecto, a implementação de 
Centros de lnformação de Medicamentos (CIMs) torna-se fundamental. 
 Elaboração do perfil farmacoterapêutico para pacientes internados ou 
ambulatoriais, visando avaliar a adequação do tratamento prescrito, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 154 
detectar interações medicamentosas e verificar a adesão do paciente ao 
esquema terapêutico; 
 Monetarização do tratamento farmacológico verificando a eficácia, a 
presença de reações adversas e realizando, muitas vezes, as dosagens 
plasmáticas de fármacos para o ajuste da posologia em laboratórios de 
farmacocinética clínica; 
 Elaboração de programas de educação sanitária a pacientes 
internados e ambulatoriais, colaborando para a redução do número de 
reinternações, principalmente no caso de pacientes crônicos; 
 Participação em Comissões de Farmácia e Terapêutica e de Controle 
de Infecção Hospitalar, visando dar suporte técnico à definição de políticas 
de uso de medicamentos; 
 Participação em estudos de utilização de medicamentos tendo como base 
as Doses Diárias Definidas (DDD) e em ensaios clínicos (projetos de pesquisa); 
 lmplementação e manutenção de unidades adequadas a preparação 
de nutrição parenteral, de misturas intravenosas em doses unitárias e de 
manipulação de citostáticos; 
 Geralmente, considera-se que o farmacêutico clínico é o profissional 
que dedica a maior parte de sua jornada de trabalho às atividades clínicas. 
Reconhece-se, entretanto, que muitos farmacêuticos desenvolvem 
atividades administrativas, de distribuição e dispensação de medicamentos e 
de farmacotécnica, esperando-se, todavia, que, no futuro, essas categorias 
se fundam de modo a definir o perfil do farmacêutico requerido e o 
reconhecido pela equipe de saúde e pela comunidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 155 
 
 
19.2.2 Metodologia da Farmácia Clínica 
 
 
A consecução dos objetivos da Farmácia Clínica depende, basicamente, da 
decisão interna, de um serviço de farmácia hospitalar, iniciar essa prática, do apoio 
da instituição e da habilidade para obter a aceitação dessa nova postura profissional. 
Consideram-se, de modo geral, como pilares de sustentação da Farmácia 
Clínica, as seguintes atividades: 
 Organização do serviço de farmácia com funções e atividades definidas, 
reavaliação das rotinas de trabalho, eliminação da sobrecarga administrativa, 
desburocratização, informatização. Controle adequado de estoques de 
medicamentos e produtos afins, elaboração de manual de procedimentos, 
programa de garantia de qualidade e planejamento estratégico; 
 Desenvolvimento de recursos humanos, promovendo adequada 
seleção de pessoal, avaliação de desempenho, programa de educação 
continuada, motivação e rodízio de atividades, quando necessário; 
 Adoção do sistema de distribuição de medicamentos mais adequado 
de modo a viabilizar a elaboração do perfil farmacoterapêutico e a 
farmacovigilância; 
 Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) atuante e comprometida 
com o uso racional de medicamentos, que prevê o emprego de 
medicamentos de qualidade assegurada, na menor dose possível. De modo 
a maximizar a eficácia clínica e minimizar os efeitos indesejados. A CFT 
também deve participar da elaboração do guia farmacoterapêutico da 
instituição, estimulando o uso de medicamentos genéricos; 
 Implementação de um CIM nos Serviços de Farmácia Hospitalar. 
A Sociedade Europeia de Farmácia Clínica publicou, em 1983, o The Clinical 
Pharmacist: Education Document, que estabeleceu as diretrizes de um programa 
educacional para a formação de farmacêuticos clínicos. Dois anos mais tarde, tendo 
como base o referido programa, publicou-se na Inglaterra o Training Manual for 
Clinical Pharmacists, que foi adaptado e traduzido para o espanhol, publicado sob o 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 156 
título de Manual de Formación porn Farmacéuticos Clinicos. Este manual para 
treinamento orientado divide-se em três partes: atitudes, enfatizando as relações 
entre o paciente e os profissionaisda equipe da saúde; conhecimentos, ressaltando 
o planejamento, a documentação, a interpretação e a monetarização do tratamento 
farmacológico; e a prática profissional, calcada na conduta, na comunicação, nas 
normas e procedimentos e na promoção do uso racional de medicamentos. 
No início da década de 1990, a Sociedade Americana de Farmacêuticos 
Hospitalares publicou também um manual que, traduzido para o espanhol, intitula-se 
Técnicas Básicas para el Ejerciclo de la Farmacia ClInica, com conteúdo atualizado 
e abrangente, que incluiu a participação do farmacêutico na equipe de reanimação 
cardiopulmonar. 
Em 1995, a já citada sociedade americana publicou as diretrizes da ASPH, 
Guidelines: Minimum Standard for Pharmacies in Hospitals, estabelecendo os 
seguintes padrões: 
 Liderança e gerenciamento – indicando que o diretor do serviço de 
farmácia deve ter capacitação na prática da farmácia hospitalar e ter 
completado o programa de residência em farmácia em instituição acreditada 
pela American Society of Health-System Pharmacists (ASPH). Além disso, 
um grau avançado em gerenciamento também é desejável (M. S.; M. B. A. 
ou M. H. A., por exemplo). O estabelecimento da missão do serviço de 
farmácia, bem como os aspectos organizacionais de treinamento e de 
garantia de qualidade, entre outros, também são citados; 
 Informação sobre medicamentos e atividades educativas (para 
pacientes e para a equipe de saúde); 
 Otimização da terapia medicamentosa – com registros adequados e 
fornecimento de consultas orais e/ou escritas para os membros da equipe de 
saúde, relacionados à seleção de farmacoterapia e seu manejo em 
situações especiais. Nesse nível, já há a citação da documentação da 
atenção farmacêutica (pharmaceutical care) e seus resultados; 
 Normas para distribuição, dispensação e controle – ressaltando que o 
serviço de farmácia deve responsabilizar-se pelo fluxo e controle de 
medicamentos, produtos com fins diagnósticos e correlatos; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 157 
 Instalações, equipamentos e demais recursos – que devem garantir o 
bom desempenho operacional da equipe, considerando aspectos 
ergonômicos de segurança e a informatização; 
 Pesquisa – ressaltando que o farmacêutico deve participar ativamente 
do estabelecimento das normas e políticas de investigação da instituição. 
No Brasil, também em 1995, foi criada a Sociedade Brasileira de Farmácia 
Hospitalar (SBRAFH), que, em 1997, tendo como base a publicação da ASPH 
anteriormente citada, publicou os Padrões Mínimos para a Farmácia Hospitalar, 
importante guia para o desenvolvimento da assistência farmacêutica nos hospitais 
brasileiros. 
Inúmeros trabalhos discutem a importância da atividade de atenção 
farmacêutica na prática da farmácia clínica, atividade esta que faz parte da 
assistência farmacêutica. Assistência farmacêutica e atenção farmacêutica são 
muitas vezes empregadas como sinônimos no Brasil erroneamente, pois assistência 
farmacêutica é um processo que visa à proteção ou à recuperação da saúde, em 
nível individual ou coletivo, englobando procedimentos relativos à produção, 
seleção, preparação, aquisição, armazenamento, distribuição, prescrição e 
dispensação de medicamentos, dela participando profissionais de diferentes áreas. 
Já atenção farmacêutica é a prática que diz respeito à relação 
farmacêutico/paciente, do mesmo modo que a atenção médica não se confunde com 
assistência médica, mais ampla e abrangente. Desse modo, verifica-se que a 
atenção farmacêutica está compreendida na assistência farmacêutica. 
 
 
19.3 ATENÇÃO FARMACÊUTICA: CONCEITO, FILOSOFIA E PRINCÍPIOS 
 
 
A expressão atenção farmacêutica foi empregada pela primeira vez em 
1984, porém, apenas em 1990, foi devidamente definida como “o fornecimento 
responsável de medicamentos com o objetivo de atingir o resultado desejado, que 
levará a uma melhora na qualidade de vida do paciente” (ASHP, 1990). 
Esta filosofia corresponde a uma troca mutuamente benéfica, na qual o 
paciente confere autoridade ao farmacêutico e este, por sua vez, oferece ao 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 158 
paciente conhecimento e comprometimento com a melhora da sua qualidade de 
vida. A atenção farmacêutica é elemento essencial aos serviços de saúde e deve 
estar integrada com as outras partes do sistema e demais profissionais. 
Segundo a ASHP, os seguintes princípios regem a atenção farmacêutica: 
 Medicamentos – a atenção farmacêutica não envolve apenas o 
fornecimento correto do medicamento, mas também a participação do 
profissional nas decisões sobre o tratamento medicamentoso (o medicamento 
mais indicado, forma farmacêutica, dosagem, via de administração etc.); 
 Cuidado (atenção) – é a preocupação com o bem-estar alheio, no caso, 
do paciente. Todos os profissionais envolvidos no cuidado do paciente 
cooperam entre si visando ao benefício do mesmo, cabendo ao farmacêutico 
garantir bons resultados com o uso de medicamentos; 
 Resultados – na busca da cura, redução dos sintomas, detenção do 
progresso da doença ou sua prevenção, o farmacêutico deve atuar de 
três formas: 
 identificando problemas relacionados com medicamentos nas suas 
diversas manifestações; 
 solucionando-os; 
 prevenindo-os. 
 Qualidade de vida – deve ser medida por meio de ferramentas 
especiais, com a ajuda do paciente; 
 Responsabilidade – o tratamento do paciente deve ter o comprometimento 
do farmacêutico, que deve documentar todas as suas ações em relação à 
obtenção de resultados e a melhora da qualidade de vida do paciente. 
O profissional farmacêutico deve avaliar as informações obtidas do paciente 
e/ou seus familiares e, juntamente com os outros profissionais envolvidos, traçar o 
plano terapêutico específico para cada caso. O paciente também deve ser 
consultado para a elaboração do plano e, como parte essencial para a obtenção de 
bons resultados, deve ser devidamente esclarecido sobre seus aspectos principais. 
 
 
FIM DO MÓDULO III 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 160 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 161 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
MÓDULO IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do 
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são 
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 AN02FREV001/REV 4.0 
 162 
 
MÓDULO IV 
 
 
20 FARMACOECONOMIA 
 
 
Até o início do século XX, a disponibilidade de medicamentos era limitada a 
pouco mais de duas centenas, o acesso aos medicamentos era restrito a poucas 
pessoas por motivos geográficos e socioeconômicos e havia uma quantidade 
relativamente pequena de informações conhecidas sobre cada um deles. Já, a partir da 
década de 1940, verificou-se grande descoberta de novos fármacos e de informações 
relevantes sobre o uso, aumentando rapidamente a complexidade do exercício da 
terapêutica medicamentosa. Além disso, mudanças na estrutura das sociedades e a 
cultura de massas forçaram importantes alterações no papel de governos e de 
instituições privadas quanto ao provimento de artigos e serviços de saúde. Na medida 
em que a cultura se desenvolveu, as exigências sociais se ampliaram tanto no aspecto 
da demanda quali-quatitativa por medicamentos e serviços adequados quanto pelas 
exigências de eficácia e segurança de produtos farmacêuticos. 
No final da década de 1960, alguns países como a Suécia, a Islândia, a 
Finlândia e a Noruega, pressionados pela existência de um grande númerode 
produtos farmacêuticos de eficácia duvidosa e custo elevado, iniciaram movimentos 
no sentido de racionalizar a terapêutica farmacológica, reduzindo a oferta abundante 
de medicamentos para aqueles que eram realmente indispensáveis, usando critérios 
de análise comparativa entre custos e avaliação de qualidade de produtos. Para ser 
aceito, um produto farmacêutico precisava demonstrar que poderia ser mais eficaz e 
menos dispendioso. No entanto, a experiência acumulada por meio do tempo 
mostrou que critérios para a avaliação do binômio custo-qualidade tinham de ser 
muito mais abrangentes do que a simples comparação de preço com eficácia, sob o 
risco de estar perdendo uma visão ética e humanística da prática clínica. 
Os estudos de farmacoeconomia surgiram em 1978, porém, este termo 
“farmacoeconomia” foi utilizado pela primeira vez apenas em 1986. A 
farmacoeconomia pode ser definida como a descrição, a análise e a comparação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 163 
dos custos e das consequências das terapias medicamentosas para os pacientes, 
os sistemas de saúde e a sociedade, com o objetivo de identificar produtos e 
serviços farmacêuticos cujas características possam conciliar as necessidades 
terapêuticas com as possibilidades de custeio. 
 
 A análise econômica da saúde deve considerar: 
 Custos da preparação administração e controle dos resultados; 
 Tratamento dos efeitos secundários e indesejáveis; 
 Características clínicas e farmacológicas dos medicamentos; 
 Benefícios na prática clínica real comparada aos seus custos. 
 
A avaliação econômica dos medicamentos aborda metodologias utilizadas à 
avaliação clínica, por meio das análises de custo-benefício e custo-efetividade, 
aplicadas aos problemas de saúde, promovendo segurança e qualidade dos 
tratamentos, pela comparação entre dois ou mais medicamentos ou tratamentos, 
buscando menor dispêndio de recursos. 
 
 
20.1 CUSTOS 
 
 
É um complexo, que engloba elementos mensuráveis tanto qualitativa 
quanto quantitativamente, e aos quais podem ser atribuídos valores financeiros, 
podendo ser dividido como veremos a seguir. 
 
 
20.1.1 Custos diretos 
 
 
São aqueles pagamentos que implicam em uma retirada financeira real e 
imediata, como o uso de materiais e medicamentos, salários (horas trabalhadas), 
exames realizados, despesas administrativas e outros eventos. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 164 
 
20.1.2 Custos indiretos 
 
 
São representados por ganhos não realizados, fatos sempre presentes na 
maioria das situações de doença e que envolvem o próprio paciente e seus 
acompanhantes (perda temporária ou definitiva da capacidade de trabalho). 
 
 
20.1.3 Custos intangíveis 
 
 
São representados por dor, sofrimento, incapacidade e perda da qualidade de 
vida. O sentido dado à palavra custo, neste caso, tem a ver com o ônus psicológico 
que esses fatores representam, mas não podem ser avaliados em valores monetários. 
No entanto, podem ser englobados em avaliações de consequências e mostram 
importância no processo de decisão entre condutas diferentes. 
 
 
20.2 ANÁLISE FARMACOECONÔMICA 
 
 
A análise farmacoeconômica atualmente se faz imprescindível tanto ao 
sistema público de saúde como no particular. Esta análise busca comparar opções 
diferentes de conduta em saúde, posto que quando se faz a comparação entre dois 
ou mais medicamentos (ou outros procedimentos), serão verificadas diferenças nas 
consequências para a saúde. 
Essas consequências são os resultados do tratamento que podem ser 
mensuradas por meio de resultados clínicos (por exemplo, porcentagens de curas 
obtidas, complicações evitadas, número de vidas salvas, melhorias em parâmetros 
vitais e outros), econômicos (lucros ou prejuízos) ou humanísticos (mudanças na 
qualidade de vida dos pacientes). De acordo com o tipo de consequência analisada, 
as análises farmacoeconômicas podem ser classificadas como: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 165 
 Análise de custo-benefício – quando uma opção terapêutica é avaliada 
em termos de suas vantagens ou desvantagens econômicas; 
 Análise de custo-efetividade – quando a opção terapêutica é avaliada 
em termos dos resultados clínicos obtidos; 
 Análise de custo-utilidade – quando a opção terapêutica é avaliada 
em termos do aumento ou redução dos indicadores de qualidade de vida 
dos usuários. 
 
 
20.2.1 Análise de custo-benefício 
 
 
Nas análises do tipo custo-benefício, o que se procura é identificar a opção de 
tratamento que permite reduzir custos ou aumentar lucros, especificamente olhando a 
resposta financeira obtida por cada opção. Para a sua utilização, é necessário levar 
em conta que as alternativas sob estudo não trazem em si riscos éticos insuportáveis. 
Apenas se admitiria a adoção de uma alternativa mais barata, com potencial 
danoso, se fosse a única opção ou em caso de decisões em prol de uma maioria de 
indivíduos que poderia ser prejudicada pela adoção de uma alternativa mais cara. 
Uma avaliação de custo-benefício parte do levantamento de custos de uma 
opção. Em seguida, devem ser levantados os benefícios econômicos obtidos pela 
opção, como a quantidade de recursos financeiros que podem ser reduzidos pela 
adoção da alternativa, por exemplo. 
 
 
20.2.2 Análise de custo-efetividade 
 
 
As análises de custo-efetividade têm por objetivo identificar a opção 
terapêutica que consegue obter o melhor resultado clínico por unidade monetária 
aplicada (Tabela 9). 
Os resultados clínicos são levantados por meio de ensaios clínicos (de 
preferência controlados, randomizados e duplo-cegos), estudos de coorte ou 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 166 
estudos observacionais; podem provir de publicações científicas ou, simplesmente, 
de reuniões com comitês de especialistas (embora esta forma seja altamente 
passível de desvios e imprecisões). 
 
 
TABELA 9 - ANÁLISE DE CUSTO-EFETIVIDADE 
Medicamentos Custo para tratar 
100 pacientes 
Número de vidas 
salvas/100 pacientes 
Razão 
custo/efetividade 
(custo/vida salva) 
A R$ 30.000 10 R$ 3.000 
B R$ 20.000 4 R$ 5.000 
C R$ 18.000 18 R$ 1.000 
FONTE: Adaptado de Neto, J. F. M. 
Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde pública, 2005. 
 
 
20.2.3 Análises de custo-utilidade 
 
 
O profissional de saúde, em particular o médico, possui a tendência de se 
deixar dominar pelos aspectos concretos e objetivos da ciência. Resultados obtidos 
por ensaios clínicos controlados, mensurados por meio de ferramentas estatísticas, 
frequentemente se sobrepõem à satisfação dos pacientes como um fator de escolha, 
pressupondo que o mesmo só está interessado na cura e, quando essa é obtida, 
sua satisfação será máxima. 
No entanto, nem sempre um paciente estará disposto ou satisfeito em 
usar um produto cujas características envolvam qualquer grau de sacrifício e mal-
estar, muitas vezes o prolongamento do tempo de vida e os custos adicionais 
associados à opção por um determinado tratamento não se justificam pelo nível 
de sofrimento do paciente. 
Por esse motivo vêm sendo desenvolvidas ferramentas de análise que 
obtêm e quantificam a satisfação do paciente com relação ao tratamento 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 167 
empregado, traduzindo-se estes dados como a mensuração da qualidade de vida 
associada à saúde. 
 
 
20.2.3.1 Avaliação da qualidade de vida associada à saúde 
 
 
A qualidade de vida é um conceito muito mais amplo e envolve não apenas 
a saúde, mas também a percepção global do paciente de um determinado número 
de dimensões-chaves, com ênfase nos seguintes itens: 
 Características físicas, biológicas, anatômicas e hereditárias; 
 Estado funcional e capacidade de desempenhar as atividades do 
cotidiano; 
 Estado mental, incluindo a autopercepção da saúde e do estado de 
ânimo; 
 Potencial de vida individual, que inclui a longevidade e o prognóstico 
dos eventuais estados mórbidos; 
 Fatoresambientais, que incluem a situação socioeconômica, a 
educação, os hábitos de higiene, a alimentação e o meio ambiente, entre 
outros. 
A avaliação da qualidade de vida associada à saúde é feita por meio de 
questionários cuidadosamente elaborados para captar o grau de satisfação de um 
indivíduo com o seu estado atual. Os resultados obtidos são valores quantitativos 
que representam escores de qualidade de vida (comumente chamados valores de 
QOL – Quality Of Life). 
Os indicadores QOL podem ser também usados em associação com o 
tempo de vida de um paciente portador de uma enfermidade, obtendo-se os 
valores de QUALY (Quality of Life Years Gained), ou AVAQ (Anos de Vida 
Ajustados pela Qualidade), que expressam a utilidade percebida pelo paciente no 
tempo de vida em tratamento ao qual foi submetido, dados esses utilizados em 
estudos de custo-utilidade (Tabela 10). 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 168 
 
TABELA 10 - ANÁLISE DE CUSTO UTILIDADE 
Item Antidepressivo A Antidepressivo B 
Custo/dia de tratamento R$ 1,30 R$ 1,50 
Escore de QOL 0,5 0,8 
Extensão de vida 20 anos 30 anos 
Índice AVAQ 10 AVAQ 24 AVAQ 
Custo anual do tratamento R$ 474,00 R$ 912,50 
Relação custo/utilidade R$ 47,40/AVAQ R$ 38,02/AVAQ 
FONTE: Adaptado de Neto, J. F. M. 
Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde pública, 2005. 
 
 
21 FARMACOVIGILÂNCIA 
 
 
A tragédia da Talidomida, no início da década de 1960, modificou 
radicalmente o processo de novos fármacos no mundo. Em vários países, os 
governos e as autoridades sanitárias criaram ou aprimoraram suas legislações 
relativas ao registro de medicamentos. O reconhecimento de limitações dos ensaios 
clínicos, principalmente de fase III, estimulou os pesquisadores e clínicos a 
buscarem métodos que permitissem a identificação precoce de reações adversas 
raras, graves e fatais, na pós-comercialização. Nascia assim a farmacovigilância. 
Segundo a OMS, farmacovigilância é o conjunto de métodos que tem por 
objetivo a identificação e a avaliação dos efeitos do uso agudo e crônico, dos 
tratamentos farmacológicos no conjunto da população ou em subgrupos de 
pacientes expostos a tratamentos específicos. Esse campo de atividade tem se 
expandindo e, recentemente, incluiu novos elementos de observação e estudo, 
como: plantas medicinais; medicinas tradicional e complementar; produtos derivados 
de sangue; produtos biológicos; produtos médico-farmacêuticos; vacinas. 
 
Além das reações adversas a medicamentos, são questões relevantes para 
a farmacovigilância: 
 
 
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 Desvios da qualidade de produtos farmacêuticos; 
 Erros de administração de medicamento; 
 Notificações de perda da eficácia; 
 Uso de fármacos para indicações não aprovadas, que não possuem 
base científica adequada; 
 Notificação de casos de intoxicação aguda ou crônica por produtos 
farmacêuticos; 
 Avaliação de mortalidade; 
 Abuso e uso errôneo de produtos; 
 Interações, com efeitos adversos, de fármacos com substâncias 
químicas, outros fármacos e alimentos. 
 
 
21.1 ESTUDOS DE FARMACOVIGILÂNCIA 
 
 
Para auxiliar os estudos de fase IV, ou farmacovigilância, foram 
desenvolvidos alguns desenhos metodológicos. 
 
 
21.1.1 Caso Controle 
 
 
Trata-se de um estudo que parte do efeito para chegar às causas. É uma 
investigação na qual, pessoas com uma dada reação adversa são comparadas com 
outras sem essa condição, de modo a identificar, no passado, se estiveram expostas 
a um determinado medicamento que poderia explicar a ocorrência do agravo 
estudado. Utiliza-se o odds-ratio. 
 
 
 
 
 
 
 
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 170 
21.1.2 Coorte 
 
 
É um estudo que parte da causa para observar os efeitos. Um grupo de 
pessoas que utiliza e outro que não utiliza determinado medicamento são seguidos 
no tempo com o intuito de determinar quais de seus componentes desenvolveram 
reações adversas e se a exposição prévia ao medicamento está relacionada à 
ocorrência do agravo estudado. Utiliza-se o risco relativo. 
 
 
21.1.3 Ecológicos 
 
 
O efeito de um medicamento na ocorrência de um evento relativo ao seu uso 
é comparado pelo menos duas vezes, antes e depois de sua retirada do mercado. O 
objetivo é avaliar se a disponibilidade do fármaco afeta, de alguma forma, a 
ocorrência de algum tipo de efeito. 
 
 
21.1.4 Transversais 
 
 
Neste estudo, causa e efeitos são detectados simultaneamente, sendo os 
dados coletados de uma população de pacientes em um mesmo ponto no tempo, 
independentemente da exposição ou estado da doença. É um corte no fluxo 
histórico da doença, evidenciando as características apresentadas por ela naquele 
momento. Desfecho e exposição acontecem num mesmo ponto no tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 171 
21.2 PROJETO HOSPITAL SENTINELA 
 
 
Criado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o projeto 
Hospital Sentinela constitui uma rede nacional de hospitais, cuja finalidade é a 
notificação ativa e qualificada de queixas técnicas e efeitos adversos relacionados a 
produtos de saúde: materiais médico-hospitalares, equipamentos eletroeletrônicos, 
medicamentos, sangue e hemoderivados, saneantes, kits diagnósticos. 
As notificações podem ser classificadas como: 
 Notificação voluntária; 
 Profissionais de saúde – médicos, farmacêuticos, enfermeiros, 
odontólogos e representantes da indústria farmacêutica; 
 Usuários; 
 Notificação compulsória; 
 Profissionais de saúde. 
Essas notificações podem ser feitas a partir do preenchimento do formulário 
de notificações de reações adversas que pode ser enviado via internet, correio ou 
fax aos hospitais que compõem esta rede. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 172 
 
 
22 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS (CIM) 
 
 
O papel mais importante no sistema de saúde é ocupado pelos 
medicamentos, pois esses salvam vidas e melhoram a saúde. O amplo emprego dos 
medicamentos, os altos custos que estes representam na assistência à saúde, a 
elevada incidência de morbimortalidade atribuída aos medicamentos, a possibilidade 
de que boa parte possa ser prevenida ou amenizada a partir da difusão e do uso de 
informação e de uma assistência farmacêutica de qualidade, tornam o uso racional 
de medicamentos um dos grandes desafios para a saúde pública. 
Com o avanço das ciências em geral, tem aumentado exponencialmente a 
quantidade de informação disponível. Na área farmacêutica, a partir da década de 
1940, também tem havido a introdução de novos medicamentos em grande escala. 
A essa quantidade de informação se convencionou chamar de “explosão de 
informação” ou “avalanche de informação”. Apesar da quantidade, essa informação 
nem sempre é de boa qualidade e imparcial; além disso, este volume de informação 
não é difundido de forma eficiente e ágil, de modo que os profissionais da saúde têm 
dificuldade em se manter atualizados. 
Este contexto dá origem a estudos que relatam cinco fatores causadores de 
problemas na farmacoterapia de um hospital: 
 Sistemas deficientes de distribuição e de administração de 
medicamentos; 
 Aplicação inadequada da informação do produto no que se refere a sua 
preparação e administração; 
 Informação inadequada do médico prescritor; 
 Falta de conhecimento sobre as características farmacocinéticas dos 
medicamentos; 
 Falta de interesse e de preocupação no que se refere ao conhecimento 
e à notificação de reações adversas aos medicamentos. 
 
 
 
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 173 
Os quatro primeiros fatores estão fundamentalmente ligados à falta de 
conhecimento e de informação sobre os medicamentos. Nesse caso, o problema 
não é a inexistência da informação, mas a dificuldade de acesso e de uso da 
mesma. Em nosso país, o problema é mais grave, já que a informação, em geral, 
não está disponível por causa dos altos custos que envolvema aquisição e a 
manutenção da mesma e, também, por existir poucas publicações em português. 
Um estudo americano cita que estima 7 mil mortes anuais, nos EUA, entre 
pacientes ambulatoriais e hospitalares devido a erros de uso de medicamentos. No 
Brasil, o SUS registrou, em 1999, 275 milhões de consultas médicas e 12 milhões de 
internações hospitalares. 
Estes dados permitem estimar a importância dos medicamentos nestes 
procedimentos. 
A diretora-geral da OMS, em 1999, publica artigo onde expressa que: 
 De 25% a 75% dos antibióticos são prescritos inapropriadamente, 
mesmo em hospitais universitários; 
 Estudos realizados em farmácias de países em desenvolvimento 
demonstraram que 90% dos consumidores compram antibióticos para três 
dias de tratamento ou menos; 50% compram somente para o tratamento de 
um dia; 
 Em média, 50% dos pacientes do mundo não tomam os medicamentos 
corretamente, resultando em mortalidade excessiva por infecções comuns, 
resistência a medicamentos e tratamento inadequado de doenças crônicas, 
como a hipertensão. 
Uma das propostas para solução desses problemas é a formação de 
farmacêuticos, clinicamente treinados como disseminadores de informação sobre 
medicamentos, serviço que esses profissionais, tanto comunitários como hospitalares, 
tradicionalmente vêm prestando de modo informal. Nos EUA, os farmacêuticos são os 
profissionais que mais atuam nos Centros de Informação sobre Medicamentos, o que 
também se observa no Brasil, uma vez que, como categoria profissional, são eles que 
têm a formação mais abrangente sobre medicamentos. 
Em 1962, foi criado o primeiro Centro de Informação sobre Medicamentos 
do mundo, no Centro Médico da Universidade de Kentucky, nos EUA. O termo 
“informação sobre medicamentos” foi proposto nesta época, usado em conjunto 
 
 
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 174 
com as palavras Centro e Especialista. O sucesso da experiência resultou na 
abertura de novos CIMs pelos EUA, depois no Canadá e, hoje, existem mais de 
200 centros no mundo. 
A necessidade de serviços de informação sobre medicamentos é mais 
evidente quando se considera que a documentação que frequentemente está ao 
alcance dos profissionais da saúde é aquela proporcionada pela indústria 
farmacêutica e, portanto, o enfoque tem um alto componente publicitário e 
comercial. Além disso, a entrega de amostras grátis para os médicos, as quais 
geralmente acompanham a publicidade dos medicamentos, influi de forma quase 
compulsiva na prescrição médica, evitando a análise objetiva e científica que se 
requer na consideração das alternativas de tratamento. 
O Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM) é uma alternativa para 
facilitar o acesso e a disponibilidade da informação, diminuindo os custos 
hospitalares pela racionalização do uso dos medicamentos. 
 
 
22.1 A UTILIZAÇÃO E A PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE 
MEDICAMENTOS PELO CIM 
 
 
A informação sobre medicamentos é a base para o desenvolvimento dos 
instrumentos imprescindíveis para sua prescrição e uso racional. Entre esses, 
podemos citar: formulários; guias de tratamentos padronizados; e informação para 
consumidores, os quais só poderão ser desenvolvidos com informação confiável. 
As atividades de um Centro de Informação sobre Medicamentos costumam 
estar divididas em dois grandes grupos: 
 
 Informação reativa (também denominada de passiva) 
Aquela que é oferecida em resposta à pergunta de um solicitante. O 
farmacêutico informador espera passivamente que o interessado lhe faça a 
pergunta. Desencadear a comunicação é iniciativa do solicitante. Esta é considerada 
a principal atividade de um CIM. 
 
 
 
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 175 
 
 Informação proativa (também denominada de ativa) 
É aquela em que a iniciativa da comunicação é do farmacêutico informador, 
que analisa qual tipo de informação seus possíveis usuários podem necessitar 
(médicos, farmacêuticos, odontólogos, enfermeiros, pacientes, outros) e encontra 
uma via de comunicação para suprir essas necessidades. Estas atividades dão mais 
visibilidade e causam maior impacto junto aos usuários. 
 
Dentre estas atividades, deve-se notar que: 
 Não existe Centro de Informação sobre Medicamentos sem a primeira 
atividade – responder perguntas. Ou seja, um CIM pode desenvolver todas 
as atividades descritas, mas não será um CIM o lugar que desenvolver todas 
as atividades menos a primeira; 
 Responder perguntas deve representar a maior parte dos trabalhos 
prestados pelo CIM. Esta deve ser a atividade principal. 
A produção de informação em um CIM obedece a um protocolo que abrange 
desde a pesquisa em fontes bibliográficas para responder perguntas até a escolha 
dos temas a serem abordados em boletins, formulários, revisão de uso de 
medicamentos, farmacovigilância etc. A informação reativa deverá ser utilizada como 
“termômetro”, mostrando quais as principais dúvidas dos solicitantes do serviço que 
poderão servir de orientação para a elaboração de material informativo escrito – 
artigos, boletins, folders etc. – ou sugestão para programas de educação continuada. 
Levando-se em consideração as vantagens e as limitações das fontes de 
informação sobre medicamentos, em um CIM, na informação reativa, sugere-se que 
a sequência de busca de dados obedeça a seguinte ordem: terciárias, secundárias e 
primárias. As fontes terciárias são as mais utilizadas na atividade de informação 
reativa por uma série de fatores, tais como: disponibilidade, facilidade de manuseio, 
agilidade no uso, objetividade, variedade de informações que, porém, podem estar 
desatualizadas. Dependendo da complexidade e da natureza da pergunta, por 
exemplo, em novidades terapêuticas, será necessária a utilização das fontes 
secundárias e primárias. A avaliação crítica do farmacêutico especialista em 
informação sobre medicamentos deverá ser utilizada neste momento para fornecer a 
informação mais atual de forma objetiva e ágil. 
 
 
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Os CIMs podem ser solicitados por telefone, pessoalmente, fax, 
correspondência, correio eletrônico, dependendo do caso. É necessário que o 
usuário identifique-se e forneça seu endereço, número do telefone etc., a fim de 
estabelecer uma via de comunicação que será utilizada na resposta, se essa não for 
imediata, ou caso um novo contato seja necessário. Quando estiver envolvido um 
paciente, é de grande importância fornecer os dados adequados, de tal forma que a 
resposta seja apropriada às necessidades e características particulares de cada um. 
Na informação reativa, uma das características dos CIMs é o fornecimento 
gratuito, significando dizer que as consultas feitas não serão cobradas. 
Excepcionalmente, trabalhos específicos poderão ser cobrados, a critério de cada 
CIM. Como exemplo, a seguir constam algumas categorias de perguntas 
respondidas pelos CIMs: 
 Identificação de fármacos e medicamentos nacionais e estrangeiros, de 
uso comum ou em investigação, sua disponibilidade e/ou equivalência no 
mercado nacional e internacional; 
 Mecanismo de ação, usos clínicos, eficácia, reações adversas e 
toxicidade; 
 Posologia, duração e uso correto dos medicamentos, em especial para 
pacientes pediátricos, idosos, diabéticos, cardiopatas, nefropatias etc.; 
 Liberação, absorção, distribuição, metabolismo e excreção; 
 Possíveis interações dos medicamentos com o álcool, alimentos e 
outros fármacos; 
 Interferência dos medicamentos com exames de análises clínicas; 
 Uso de medicamentos durante a gravidez e a lactação; 
 Conservação dos medicamentos, principalmente quando se requer 
condições especiais; 
 Compatibilidade de misturas parenterais. 
Sabe-se que a principal atividade de um CIM é a informação reativa. Por 
outro lado, a informação proativa pode ser aquela que cause maior impacto ou 
reconhecimento do serviço junto à comunidade, seja essa de profissionais da saúde 
ou pacientes. Entretanto,existe uma estreita relação entre estes dois tipos de 
atividades e somente a experiência acumulada no exercício do dia a dia do CIM 
 
 
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poderá determinar o equilíbrio das mesmas, ou seja, qual o tempo que será 
dedicado a cada uma delas. 
Um aspecto de destaque dentro da atividade proativa é a publicação de um 
boletim. Seu papel básico é a disseminação de informação imparcial, científica e 
avaliada sobre o uso de medicamentos, seja de novidades terapêuticas, novos usos, 
alertas sobre reações adversas, perguntas e respostas fornecidas na informação 
reativa que possam ter interesse geral, entre outras. O boletim é importante veículo 
de divulgação do CIM; por isso mesmo, deve ter qualidade, periodicidade (pelo 
menos quatro por ano) e ser bem difundido. 
 
 
22.2 CENTROS DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS NO BRASIL 
 
 
Em 1992, iniciou-se a “sistematização de esforços para o desenvolvimento 
dos Centros de Informação sobre Medicamentos no Brasil”, quando o Conselho 
Federal de Farmácia, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde, 
inicia a implantação do Centro Brasileiro de Informação sobre Medicamentos 
(CEBRIM) e, mais tarde, a partir deste, o Sistema Brasileiro de Informação sobre 
medicamentos, constituído atualmente por diversos CIMs. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 178 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
BRASIL. Portaria nº 3.616/MS/GM, de 30 de outubro de 1998. Aprova a Política 
Nacional de Medicamentos. 
 
 
______. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Institui normas para licitações e 
contratos de administração pública. 
 
 
______. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui a modalidade de licitação 
denominada pregão, para a aquisição de bens e serviços comuns. 
 
 
GOODMAN & GILMAN. As bases farmacológicas da Terapêutica. Rio de Janeiro: 
Mcgraw-Hill Interamericana, 2007. 
 
 
GOMES, M. J. V. M.; REIS, A. M. M. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em 
farmácia hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2006. 
 
 
NETO, J. F. M. Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde. São Paulo: 
RX, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO CURSO

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