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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FARMÁCIA HOSPITALAR Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE FARMÁCIA HOSPITALAR MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 FARMÁCIA HOSPITALAR: HISTÓRICO, OBJETIVOS E FUNÇÕES 1.1 HISTÓRICO E CONCEITOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 1.2 OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 1.3 FUNÇÕES DA FARMÁCIA HOSPITALAR 2 ÁREA FÍSICA TOTAL DA FARMÁCIA E LOCALIZAÇÃO IDEAL 3 PLANEJAMENTO, CONTROLE E FUNÇÃO DO FARMACÊUTICO 4 CENTRO DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO (CAF) 4.1 LOCALIZAÇÃO DOS MATERIAIS 5 AQUISIÇÃO DE MATERIAIS: LICITAÇÕES 5.1 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO 5.2 MODALIDADES DA LICITAÇÃO 7 CONTROLE DE ESTOQUE 7.1 ESPECIFICIDADES DO CONTROLE DE ESTOQUES 7.1.1 Parâmetros de compra 7.1.1.1 Média aritmética móvel 7.1.1.2 Último período 7.1.1.3 Média móvel ponderada 7.1.1.4 Média ponderada exponencial 7.1.1.5 Mínimos quadrados 7.1.2 Estoque de segurança 7.1.3 Curva ABC 7.1.3.1 Elaboração da curva ABC 7.1.3.1.1 Coleta de dados 7.1.3.2 Comportamentos da curva ABC 7.1.4 Ponto de ressuprimento 7.1.5 Lote de ressuprimento 7.1.6 Estoque Máximo 7.1.7 Lote econômico AN02FREV001/REV 4.0 4 7.2 MÉTODOS DE CONTROLE FÍSICO DE ESTOQUES 7.2.1 Inventário 8 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS 8.1 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COLETIVO 8.1.1 Desvantagens do sistema de distribuição coletivo 8.2 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUALIZADO 8.1.2 Vantagens do sistema de distribuição coletivo 8.2.1 Desvantagens do sistema de distribuição individualizado 8.2.2 Vantagens do sistema de distribuição individualizado 8.3 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO MISTO OU COMBINADO 8.3.1 Acondicionamento e embalagem de dose unitária 8.3.2 Materiais utilizados no preparo de dose unitária 8.3.3 Considerações específicas de embalagem das seguintes formas farmacêuticas 8.3.3.1 Líquidos para uso oral 8.3.3.2 Sólidos de uso oral 8.3.3.3 Medicamentos para o uso parenteral 8.3.4 Requisitos para implantação do sistema de distribuição por dose unitária 8.3.5 Vantagens do sistema de distribuição por dose unitária 8.3.6 Desvantagens do sistema de distribuição por dose unitária MÓDULO II 9 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 9.1 O PROCESSO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 9.2 VANTAGENS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 9.3 ETAPAS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 9.4 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 10 COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS 10.1 COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA 10.2 ESTRUTURA DAS COMISSÕES DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 11 FORMULÁRIO FARMACÊUTICO 12 REALIZAÇÃO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 12.1 SELEÇÃO QUALITATIVA DE MEDICAMENTOS: REVISÃO DE CLASSE AN02FREV001/REV 4.0 5 TERAPÊUTICA 12.2 MÉTODO QUANTITATIVO PARA A SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 12.2.1 Definição do problema, dos objetivos e identificação das alternativas 12.2.2 Definição dos critérios de avaliação 12.2.3 Caracterização das informações necessárias à análise de decisão 12.2.4 Análise de decisão 12.3 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS REALIZADA POR SISTEMA DE ANÁLISE DE AVALIAÇÃO POR OBJETIVO – SYSTEM OF OBJECTIFIED JUDGMENT ANALYSIS (SOJA) 13 SELEÇÃO DE MEDICAMENTO PARA REDUZIR CUSTOS COM ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA 14 INFECÇÕES HOSPITALARES E COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÕES HOSPITALARES (CCIH) 14.1 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH) 15 MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS 15.1 FORMAS FARMACÊUTICAS NÃO ESTÉREIS DE IMPORTÂNCIA NA MANIPULAÇÃO HOSPITALAR 15.2 ESTRUTURA FÍSICA LABORATORIAL PARA MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS 16 QUIMIOTERAPIA E AS ATRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO ONCOLÓGICO 16.1 ATENDIMENTO ÀS PRESCRIÇÕES MÉDICAS 16.2 CENTRAL DE MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS 16.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS 16.4 SEGURANÇA NA MANIPULAÇÃO DE QUIMIOTERAPIA 16.5 CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DOS ANTINEOPLÁSICOS 16.6 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA AO PACIENTE ONCOLÓGICO AN02FREV001/REV 4.0 6 MÓDULO III 17 NUTRIÇÃO PARENTERAL: NUTRIENTES E VIAS 17.1 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 17.2 COMPLICAÇÕES MECÂNICAS, SÉPTICAS E METABÓLICAS 17.2.1 Complicações pela inserção do cateter 17.2.2 Complicações sépticas 17.2.3 Complicações metabólicas 17.2.3.1 Glicosúria 17.2.3.2 Síndrome hipoglicêmica 17.2.3.3 Hipofosfatemia 17.2.3.4 Hipomagnesemia 17.2.3.5 Concentrações séricas de lipídios 17.2.3.6 Deficiência de ácidos graxos essenciais 17.2.3.7 Alterações Hepáticas 17.2.3.8 Vitaminas 17.2.3.9 Alterações ósseas 17.3 COMPOSIÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 17.3.1 Macronutrientes 17.3.1.1 Fontes nitrogenadas 17.3.1.2 Fontes de carboidratos 17.3.1.3 Fontes de lipídios 17.3.2 Micronutrientes 17.3.2.1 Vitaminas 17.3.2.2 Eletrólitos 17.3.2.3 Oligoelementos 17.4 OSMOLARIDADE DAS SOLUÇÕES 17.5 NOVOS SUBSTRATOS EM NUTRIÇÃO PARENTERAL 17.6 REQUISITOS ESTRUTURAIS, AMBIENTAIS E FÍSICOS DO SETOR DE NUTRIÇÃO 17.6.1 Estrutura física 17.6.2 Barreira de isolamento 17.6.2.1 Estrutura física da barreira de isolamento AN02FREV001/REV 4.0 7 17.6.2.2 Ambiente interno da barreira de isolamento 17.6.2.3 Tecnológica de interação da barreira de isolamento 17.6.2.4 Sistema de monitoramento da barreira de isolamento 17.7 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 17.7.1 Estrutura organizacional 17.7.2 Recursos humanos e responsabilidade 17.7.3 Saúde, higiene e conduta 17.7.4 Vestuário 17.7.5 Material 17.7.6 Seleção do recipiente 17.7.7 Técnicas de preparo da nutrição parenteral 17.7.7.1 Preparo com misturadores automáticos 17.7.7.2 Preparo utilizando soluções parcialmente prontas 17.7.7.3 Preparo de lotes 17.7.7.4 Rotulagem e embalagem 17.7.7.5 Conservação e transporte 17.7.7.6 Validação 17.7.7.7 Prazo de validade 17.8 ESTABILIDADE E COMPATIBILIDADE DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 17.8.1 Incompatibilidade entre íons cálcio e fosfato 17.8.2 Magnésio 17.8.3 Sódio, potássio, acetato e cloreto 17.8.4 Bicarbonato 17.8.5 Interações entre nutrientes e medicamentos 17.8.6 Interações entre nutrientes 17.9 GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 17.9.1 Garantia da Qualidade 17.9.2 Controle de Qualidade 18 POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS E RENAME 18.1 DIRETRIZES E PRIORIDADES DA PNM 18.1.1 Adoção de uma relação nacional de medicamentos essenciais 18.1.2 Regulamentação sanitária de medicamentos 18.1.3 Reorientação da assistência farmacêutica AN02FREV001/REV 4.0 8 18.1.4 Promoção do uso racional de medicamentos 18.1.5 Desenvolvimento científico e tecnológico 18.1.6 Promoção da produção de medicamentos 18.1.7 Garantia da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos 18.1.8 Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos 18.1.9 Responsabilidades das esferas de governo 18.2 MEDICAMENTOS GENÉRICOS 19 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: ATENÇÃO FARMACÊUTICA E FARMÁCIA CLÍNICA 19.1 A EVOLUÇÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR E O SURGIMENTO DA FARMÁCIA CLÍNICA 19.2 FARMÁCIA CLÍNICA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E METODOLOGIA 19.2.1 Objetivos da Farmácia Clínica 19.2.2 Metodologia da Farmácia Clínica 19.3 ATENÇÃO FARMACÊUTICA: CONCEITO, FILOSOFIA E PRINCÍPIOS MÓDULO IV 20 FARMACOECONOMIA 20.1 CUSTOS 20.1.1 Custos diretos 20.1.2 Custos indiretos 20.1.3 Custos intangíveis 20.2ANÁLISE FARMACOECONÔMICA 20.2.1 Análise de custo-benefício 20.2.2 Análise de custo-efetividade 20.2.3 Análises de custo-utilidade 20.2.3.1 Avaliação da qualidade de vida associada à saúde 21 FARMACOVIGILÂNCIA 21.1 ESTUDOS DE FARMACOVIGILÂNCIA 21.1.1 Caso Controle 21.1.2 Coorte 21.1.3 Ecológicos AN02FREV001/REV 4.0 9 21.1.4 Transversais 21.2 PROJETO HOSPITAL SENTINELA 22 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS (CIM) 22.1 A UTILIZAÇÃO E A PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS PELO CIM 22.2 CENTROS DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS NO BRASIL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 10 MÓDULO I 1 FARMÁCIA HOSPITALAR: HISTÓRICO, OBJETIVOS E FUNÇÕES A atuação do farmacêutico nas instituições hospitalares é importante para garantir uma assistência farmacêutica adequada dentro de critérios técnico- científicos. Além disso, o farmacêutico hospitalar está habilitado, por meio de mecanismos gerenciais, a contribuir na redução de custos por intermédio de uma administração eficaz e racional. A modernização das atividades hospitalares acarretou a necessidade da participação cada vez mais efetiva deste profissional na equipe de saúde. 1.1 HISTÓRICO E CONCEITOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR No início do século XX, o farmacêutico atuava e exercia influência sobre todas as etapas do ciclo do medicamento. Para a sociedade, era um profissional de referência nos aspectos do medicamento sempre consultado por todas as classes de cidadãos. Responsável pela guarda e dispensação de medicamentos, nesta fase inicial, o farmacêutico hospitalar, também, manipulava praticamente todo arsenal terapêutico disponível na época. Com a expansão da indústria farmacêutica, a prática de formulação pela classe médica foi abandonada, somando-se a diversificação do campo de ação do profissional farmacêutico, levaram-no a se distanciar da área de medicamentos, descaracterizando a farmácia. Entre 1920 e 1950, as farmácias hospitalares converteram-se num canal de distribuição de medicamentos produzidos pela indústria devido à intensificação da descaracterização das funções do farmacêutico. AN02FREV001/REV 4.0 11 A partir de 1950, os serviços de farmácia, representados na época pelas Santas Casas de Misericórdia e Hospital das Clínicas de São Paulo, passaram a desenvolver-se e modernizar-se. Um nome inesquecível na luta pela reestruturação da farmácia hospitalar no país é o do professor José Sylvio Cimino, que dirigia o serviço de farmácia do Hospital das Clínicas de São Paulo e que publicou em 1973 o livro Iniciação a Farmácia Hospitalar, primeira obra científica da área. Em 1975, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) introduziu no currículo do curso de Farmácia a disciplina Farmácia Hospitalar, tornando-se mais tarde uma realidade em diversas universidades. Além disso, em 1980, foi implantado o curso de pós-graduação em Farmácia Hospitalar na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A partir de 1982, o Ministério da Educação (MEC), passou a incentivar programas de desenvolvimento para a farmácia hospitalar, colaborando para a formação de um número elevado de profissionais. Em 1985, o Ministério da Saúde, preocupado com os problemas de infecção hospitalar, passou a incentivar a reestruturação das farmácias hospitalares, promovendo cursos de especialização. Já em 1995, foi criada a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH), contribuindo intensamente para a dinamização da profissão e para o desenvolvimento da produção técnico-científica nas áreas de assistência farmacêutica hospitalar. Nesse momento, vivemos uma fase clínico-assistencial da farmácia hospitalar, como expressa o conceito da SBRAFH: “Unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por profissional farmacêutico, ligada, hierarquicamente, à direção do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao paciente”. A atuação da farmácia hospitalar se preocupa com os resultados da assistência prestada ao paciente e não apenas com a provisão de produtos e serviços. Como unidade clínica, o foco de sua atenção deve estar no paciente, nas suas necessidades e no medicamento, como instrumento. AN02FREV001/REV 4.0 12 1.2 OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR Em uma farmácia hospitalar, os objetivos devem ser definidos visando a alcançar eficiência e eficácia na assistência ao paciente e integração às demais atividades desenvolvidas no ambiente hospitalar. São objetivos básicos da farmácia hospitalar: Desenvolver, em conjunto com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, ou similar, a seleção de medicamentos necessários ao perfil assistencial do hospital; Contribuir para a qualidade da assistência prestada ao paciente, promovendo o uso seguro e racional de medicamentos e correlatos. Considerado o principal objetivo da farmácia hospitalar pela SBRAFH; Estabelecer um sistema eficaz, eficiente e seguro de distribuição de medicamentos; Implantar um sistema apropriado de gestão de estoques; Fornecer subsídios para avaliação de custos com a assistência farmacêutica e para elaboração de orçamentos; Propiciar suporte para as unidades de produção de propedêutica e terapêutica. Com o intuito de atingir seus objetivos, a farmácia hospitalar deve contar com um sistema eficiente de informações, dispor de sistema de controle e manipular corretamente os fatores de custos. É essencial, também, o planejamento e gerenciamento adequado do serviço. AN02FREV001/REV 4.0 13 FIGURA 1- QUADRO RESUMO DOS OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR FONTE: Arquivo pessoal do autor. 1.3 FUNÇÕES DA FARMÁCIA HOSPITALAR A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde do Brasil definem como funções fundamentais da farmácia hospitalar: Seleção de medicamentos, germicidas e correlatos necessários ao hospital, realizada pela comissão de farmácia e terapêutica (CFT) ou correspondente e associada a outras comissões quando necessário; Aquisição, conservação e controle dos medicamentos selecionados estabelecendo níveis adequados para a aquisição por meio de um gerenciamento apropriado dos estoques. O armazenamento de medicamentos deve seguir as normas técnicas para preservar a qualidade dos medicamentos; SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS FARMÁCIA HOSPITALAR DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS USO SEGURO E RACIONAL DE MEDICAMENTOS SUPORTE AS UNIDADES DE PRODUÇÃO AVALIAÇÃO DE CUSTOS E ORÇAMENTOS GESTÃO DE ESTOQUES AN02FREV001/REV 4.0 14 Manipulação, produção de medicamentos e germicidas, seja pela indisponibilidade de produtos no mercado, para atender prescrições especiais ou por motivos de viabilidade econômica; Implantação de um sistema de informação sobre medicamentos para obtenção de dados objetivos que possibilitem à equipe de saúde otimizar a prescrição médica e a administração de medicamentos. O sistema deve ser útil na orientação ao paciente no momento da alta ou nos tratamentos ambulatoriais. Essas funções são prioritárias em uma farmácia hospitalar e, portanto, suporte fundamental para o desenvolvimento de vários programas assistenciais na instituição. Podemos estabelecer, de forma didática, uma proposta de desenvolvimento escalonado da farmácia hospitalar em quatro fases. Na fase um, dedica-se à estruturação do serviço; na fase dois, inicia-se a especialização dos serviços; na fase três, aprimora-se a especialização; e, na fase quatro, implementam-se as ações clínico assistenciais (Figura 2). FIGURA 2 - PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO ESCALONADO DA FARMÁCIA HOSPITALAR FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem emFarmácia Hospitalar, 2006. AN02FREV001/REV 4.0 15 2 ÁREA FÍSICA TOTAL DA FARMÁCIA E LOCALIZAÇÃO IDEAL Há na literatura algumas publicações que relacionam a área física da farmácia com o número de leitos hospitalares: 1,5m²/leito (JOSÉ SYLVIO CIMINO), 1,2m²/leito (OPAS) e 1,0m²/leito (SOCIEDADE ESPANHOLA DE FARMÁCIA HOSPITALAR). Ao prever o dimensionamento de uma farmácia hospitalar, o ideal, é considerar, além do número de leitos, outros fatores de suma importância que influenciarão no desenvolvimento das atividades a serem executadas. Destacam-se entre esses fatores: Tipo de hospital (especializado, geral, policlínico, de ensino, filantrópico); Nível de especialização da assistência médica prestada no hospital; Fonte mantenedora e tipo de atendimento (particulares, convênio com o SUS e outros); Programação das necessidades da farmácia em função das atividades propostas; Região geográfica onde se localiza o hospital, considerando as dificuldades de aquisição e transporte de medicamentos. Devido às suas peculiaridades e independentemente da diretoria a que esteja vinculada, a farmácia deve desenvolver um relacionamento integrado com as divisões clínicas e administrativas. A localização da farmácia deve ser tecnicamente correta, devendo ser observados os seguintes aspectos: Facilidade de circulação e reabastecimento; Equidistância das unidades usuárias e consumidoras, permitindo um fácil acesso; Certo grau de isolamento devido aos ruídos (quando houver produção industrial ou semi-industrial), assim como odores e poluição; Critérios técnicos e administrativos empregados. AN02FREV001/REV 4.0 16 3 PLANEJAMENTO, CONTROLE E FUNÇÃO DO FARMACÊUTICO Instrumento de gestão indispensável em uma farmácia hospitalar é o planejamento, processo de estabelecer objetivos e linhas de ação adequadas para alcançá-los. O controle, por sua vez, encarrega-se de assegurar o êxito dos planos elaborados. O planejamento na farmácia hospitalar, como em todas as organizações, se inter-relaciona com as demais funções administrativas. O sucesso do planejamento depende da eficiência de outras funções, e essas existem em consonância com o planejamento. Portanto, a organização, a direção e o controle não têm razão de ser se não existir um planejamento para assegurar a organização e que defina a direção a caminhar e o que controlar. Um serviço de farmácia deverá ser administrado por um profissional farmacêutico com qualificação e experiência em farmácia hospitalar. O serviço de farmácia deve dispor de um número adequado de farmacêuticos e profissionais de apoio (nível médio) qualificados e competentes. A SBRAFH preconiza que a unidade de farmácia hospitalar deve contar com, no mínimo, um farmacêutico para cada 50 leitos. O número de auxiliares de farmácia dependerá da disponibilidade de recursos e do grau de informatização da unidade. Na ausência destes recursos, deve existir, no mínimo, um auxiliar para cada dez leitos. O perfil do farmacêutico hospitalar deve abranger as habilidades, destrezas, comportamentos e atitudes consideradas fundamentais para o farmacêutico moderno segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que inclui na descrição das características do farmacêutico moderno: Capacidade técnica de prestação de serviço O farmacêutico é um prestador de serviços clínicos, analíticos e tecnológicos aos indivíduos, comunidades e instituições. A prática assistencial deve ser contínua, de alta qualidade e integrada aos sistemas de saúde. Portanto, exige-se boa formação técnica. AN02FREV001/REV 4.0 17 Poder de decisão A base de trabalho do farmacêutico deve ser a utilização adequada, eficaz, com análise de custo e efetividade dos recursos (materiais e humanos) empregados. Para atingir esta meta é necessária habilidade de avaliar, sintetizar e decidir pela estratégia de ação mais eficaz. Capacidade de comunicação Habilidade de comunicação verbal, não verbal, escrita e escuta são essenciais para a prática assistencial, pois o farmacêutico interage com pacientes, com as equipes de saúde e administrativa. Liderança O farmacêutico deve assumir, muitas vezes, uma posição de liderança para desenvolver suas atividades. Liderança envolve solidariedade e empatia, assim como a habilidade para decidir, comunicar e gerenciar de forma efetiva. Habilidade gerencial O farmacêutico deve gerenciar de forma eficaz os recursos (humanos e físicos) e a informação. Como gerente de nível intermediário deve possuir boa integração e relação com os níveis hierárquicos da instituição. Aperfeiçoamento profissional O avanço tecnológico e a produção técnico-científica do mundo moderno exigem a atualização constante dos profissionais. A disponibilidade para aprender novas metodologias e reciclar conhecimentos é essencial. Capacidade de ensinar O farmacêutico, na vida profissional, necessita transmitir o conhecimento e elaborar procedimentos, visando melhorar as habilidades da equipe de trabalho. Os níveis de autoridade e áreas de responsabilidade devem ser claros; a supervisão e o controle do pessoal devem ser desenvolvidos adequadamente. As atribuições de cada categoria profissional devem estar bem estabelecidas e deverão AN02FREV001/REV 4.0 18 ser revisadas quando necessário. É importante o serviço dispor de manual contendo essas atribuições para conhecimento e consulta de todos os funcionários. Uma gestão de recursos humanos adequada, coordenada pelo chefe do serviço com auxílio dos supervisores, irá garantir aos funcionários uma satisfação no trabalho e cumprimento dos planos de atividade, colaborando, assim, para que a farmácia da instituição atinja seus objetivos. Gerenciamento de recursos materiais A gestão dos recursos materiais deve ser executada pela seção administrativa do serviço de farmácia e supervisionada pelo farmacêutico. Na dinâmica hospitalar contemporânea o impacto dos preços dos medicamentos nos gastos assistenciais é muito grande, impondo uma gestão de estoques de controle rígida, capaz de obter, coordenar e analisar fatos, para tomar decisões corretas a tempo e a hora, visando a redução dos custos sem prejuízo da assistência ao paciente. A administração de estoques de medicamentos compreende gerir estoques essenciais e padronizados, exigindo, para sua especialidade, a atuação de profissionais qualificados e conhecimento profundo em: bases farmacológicas dos medicamentos em estoque; similaridade; condições ideais e exigências de conservação; controle do prazo de validade dos medicamentos estocados, de modo que com habilidade profissional conduza ao escoamento mais rápido os estoques mais antigos e cujos prazos de validade estão mais próximos. Dessa forma, torna-se imprescindível a implantação de um sistema bem estruturado em todas as fases do processo de controle de estoque, para que a continuidade do processo de assistência farmacêutica seja assegurada e não haja ruptura do estoque, garantindo o atendimento da demanda das prescrições. Análise de prescrição e distribuição eficiente A farmácia deve ser responsável pela aquisição, distribuição e controle de todos os medicamentos utilizados no hospital. AN02FREV001/REV 4.0 19 Deve ser prioridade a implantação de sistemas apropriados de distribuição de medicamentos. O farmacêutico deve analisar as prescrições de medicamentos antes de serem dispensadas, exceto em situações de emergência. As dúvidas devem ser resolvidas com o prescritor e as decisões tomadas precisam ser registradas para que o resultado seja a distribuição correta do medicamento. Fornecimento de informações sobre medicamentos O farmacêutico é responsável pelo fornecimento de informações adequadas sobre medicamentos paraa equipe de saúde. Para tal, os farmacêuticos devem se manter atualizados por meio de literatura, visitas técnicas, participação em grupos de estudos e em grandes eventos científicos. A equipe deve elaborar e divulgar boletins informativos sobre o uso de medicamentos. Otimização de terapia medicamentosa Visando melhorar e garantir a qualidade da farmacoterapia, o farmacêutico tem participação importante na elaboração de uma política de uso racional dos medicamentos. Este trabalho deve ser executado com o apoio da diretoria clínica e a colaboração da comissão de farmácia e terapêutica. O uso racional de medicamentos consiste em obter o efeito terapêutico adequado à situação clínica do paciente utilizando o menor número de fármacos, durante o período mais curto e com o menor custo possível. A otimização da terapia medicamentosa é função precípua da unidade de farmácia hospitalar. Contribui para diminuir a permanência do paciente no hospital e para a melhoria de sua qualidade de vida. 4 CENTRO DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO (CAF) A Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) é a unidade de assistência farmacêutica que serve para o armazenamento de medicamentos e correlatos, onde são realizadas atividades quanto à sua correta recepção, estocagem e distribuição. AN02FREV001/REV 4.0 20 A CAF exerce atividades operacionais e de planejamento, tais como: Receber os produtos comprados acompanhados das notas fiscais e conferi-los, adotando as normas técnicas de recebimento de produtos farmacêuticos. O recebimento deve seguir a rotina descrita no manual da farmácia; Realizar os lançamentos de entrada por meio de sistema informatizado ou manualmente e guardar os produtos em locais apropriados de acordo com as normas técnicas; Receber requisições das unidades assistenciais e da dispensação promovendo a separação, distribuição e registro de saída; Realizar as atividades relacionadas à gestão de estoques; Conservar os medicamentos em condições seguras, preservando a qualidade e permitindo o uso do sistema PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair, considerando o prazo de validade) para movimentação dos medicamentos; Realizar levantamentos periódicos dos estoques e elaborar relatórios gerenciais. 4.1 LOCALIZAÇÃO DOS MATERIAIS A perfeita identificação e localização dos materiais estocados sob responsabilidade da CAF é o principal objetivo da utilização de um sistema racional de localização de materiais, utilizando os seguintes aspectos: Rotatividade do item Os itens que apresentam grande rotatividade, que entram em grandes volumes e com elevado peso devem ser armazenados próximos à área de expedição, facilitando assim a distribuição. Ordem de entrada e saída AN02FREV001/REV 4.0 21 Os medicamentos com menor prazo de validade devem ser armazenados à esquerda e na frente para serem dispensados primeiro. Utilização de pallets Consistem em estrados de material resistente de dimensões diversas que evitam o contato dos produtos com o piso, evitando, assim, a ação da umidade e da poeira sobre os medicamentos. Utilização de prateleiras Devem ser utilizadas prateleiras de material resistente de preferência de metal por serem imunes a ação de insetos e roedores, por suportarem maior peso e por apresentarem grande durabilidade. Forma de empilhamento O empilhamento é uma forma de armazenamento de caixas que diminui a necessidade de divisões nas prateleiras (ou formando uma espécie de prateleira por si só) e permitindo assim o aproveitamento máximo do espaço vertical. Ordenação do estoque O sistema de ordenação mais indicado é o dividido por forma farmacêutica em ordem alfabética. Equidistância O armazenamento deve ser feito mantendo-se certa distância entre os produtos para facilitar a circulação de ar e permitir a limpeza. 5 AQUISIÇÃO DE MATERIAIS: LICITAÇÕES A aquisição no setor público é regulamentada por conceitos e princípios do direito administrativo que, no conjunto, são denominados de licitações. AN02FREV001/REV 4.0 22 A licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a administração pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Visa a proporcionar iguais oportunidades aos que desejam contratar com o Poder Público. 5.1 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO Procedimento formal Significa que a licitação está vinculada às prescrições legais que a regem em todos os seus atos e fases. Publicidade de seus atos Não há nem pode haver licitação sigilosa. A publicidade da licitação abrange desde a divulgação do aviso de sua abertura, até a adjudicação do edital. Igualdade entre os licitantes A igualdade entre os licitantes é o princípio irrelegável na licitação. Nem o Estado pode oferecer condições especiais a um fornecedor, nem o fornecedor pode se colocar em uma situação de privilégio. Sigilo na apresentação das propostas O sigilo há de ser guardado até a apresentação de documentação e propostas, no final do prazo fixado pela administração. Vinculação ao edital A vinculação ao edital é princípio básico de toda licitação. Servindo para a administração divulgar a existência e as condições para licitar, o edital é um dos instrumentos mais importantes da licitação. Julgamento objetivo A avaliação deve ser realizada, dentro do possível, com critérios verificáveis, levando em conta sempre a qualidade, o rendimento, o preço, os prazos de entrega AN02FREV001/REV 4.0 23 e o pagamento. Devido à diversidade e à especificidade dos materiais utilizados nos hospitais, o julgamento não pode ser feito somente por compradores. É necessária a participação do farmacêutico e de outros profissionais da equipe multidisciplinar para elaboração dos pareceres técnicos. Adjudicação compulsória ao vencedor A adjudicação compulsória do objeto da licitação ao vendedor é, também, princípio irrelegável no procedimento licitatório. Ao vencedor fica reservado o fornecimento. Não se pode comprar de quem não venceu, enquanto o procedimento licitatório tiver validade. 5.2 MODALIDADES DA LICITAÇÃO A legislação brasileira prevê as seguintes modalidades: Lei 8666/1993 Concorrência É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital. Deve ser utilizada para compras acima de R$ 650 mil e seu edital deve ser publicado com antecedência mínima de 45 dias. Tomada de preço É a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atendem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. Utilizada para valores entre R$ 80 mil e R$ 650 mil. Seu edital deve ser publicado com antecedência mínima de 30 dias. Convite AN02FREV001/REV 4.0 24 Modalidade de licitação entre interessados cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório (com antecedência mínima de cinco dias) e o estenderá aos demais cadastrados que manifestem seu interesse com antecedência de 24 horas da apresentação da proposta. Modalidade realizada para comprar de até R$ 80 mil. Lei 10520/2002 Pregão O pregão é realizado mediante propostas e lances em sessão pública para qualquer valor de contrato. O autor da oferta de menor valor e os das ofertas de até 10% superiores a ela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor, sempre pelo critério de menor preço. Seu edital deve ser publicado com antecedência mínimade oito dias úteis. 6 AQUISIÇÃO EM ÓRGÃOS PRIVADOS Hospitais privados podem fazer suas aquisições por meio de pesquisas de preços, contrato de fornecimento com fornecedores previamente selecionados ou adotando normas particulares estabelecidas pela instituição para assegurar competitividade e transparência nas negociações. Nos processos de compras em órgãos privados é recomendável observar os aspectos relacionados a seguir: Número mínimo de cotações Para encorajar novos competidores, recomendam-se, no mínimo, três cotações. Cadastramento de fornecedores AN02FREV001/REV 4.0 25 A pré-seleção dos concorrentes qualificados evita o dispêndio de tempo com um grande número de fornecedores dos quais, boa parte, muitas vezes, não tem condições adequadas para um bom negócio. Preço objetivo O conhecimento prévio do preço justo, além de ajudar nas decisões do comprador, proporciona uma verificação no sistema de cotações. Pode, ainda, ajudar os competidores a serem competitivos mostrando que suas bases comerciais não são reais, e que seus preços estão fora de concorrência. Fornece ao comprador parâmetros para negociar com segurança. Aprovação da compra Estabelece uma defesa da empresa pela garantia de um melhor julgamento, protegendo o comprador ao possibilitar a revisão de uma decisão individual. A aprovação da compra nos aspectos técnicos é feita pelo setor solicitante por meio de parecer técnico. Em algumas instituições é necessária uma aprovação administrativa para avaliação das condições da negociação da compra. Registro da compra A documentação escrita anexa à solicitação de compras permite a revisão do processo e deve estar sempre disponível para esclarecer dúvidas posteriores. O farmacêutico geralmente não executa as compras, mas deve participar do processo de compras elaborando especificações do produto, indicando fornecedores, emitindo parecer técnico e fazendo o recebimento dos produtos. 7 CONTROLE DE ESTOQUE A crise financeira que o Brasil enfrentou nas décadas de 1980 e 1990 e a elevação dos custos da assistência à saúde influenciaram e ainda têm afetado muito os hospitais brasileiros, levando a mudanças significativas na administração AN02FREV001/REV 4.0 26 hospitalar. As instituições hospitalares têm procurado se adaptar às novas realidades, buscando otimizar a aplicação dos recursos financeiros que dispõem. O objetivo atual da administração hospitalar é adaptar-se às contínuas mudanças do mercado para promover meios necessários para assistência aos pacientes de forma efetiva. Nesse contexto, a administração de materiais possui importante papel, já que estes produtos são parte significativa dos gastos dos hospitais, pois os medicamentos comprometem cerca de 5% a 20% dos orçamentos dos hospitais. Embora, aparentemente, o peso das despesas com medicamentos não seja alto, este é um instrumento crucial para a assistência ao paciente e sua participação nas despesas com saúde vem subindo de forma progressiva nos últimos anos. Além do aspecto econômico, a preocupação com a qualidade é um requisito essencial, pois o paciente tem direito a uma assistência de qualidade independentemente da situação financeira da instituição. A participação do profissional de saúde dentro do processo logístico de materiais é imprescindível, pois é ele que normalmente solicita o produto com a correta especificação, controla a qualidade do que vai ser comprado, realiza o recebimento qualitativo e, finalmente, em várias situações, é também usuário destes materiais nas suas atividades. 7.1 ESPECIFICIDADES DO CONTROLE DE ESTOQUES O controle de estoques é um dos componentes de gestão de materiais caracterizado por um subsistema incumbido de determinar “Quando” e “Quanto” comprar para uma aquisição adequada. O quanto comprar é obtido a partir da média aritmética móvel aliada ao estoque de segurança, análise ABC de valor e outros parâmetros. 7.1.1 Parâmetros de compra AN02FREV001/REV 4.0 27 7.1.1.1 Média aritmética móvel O método para a previsão de estoques mais utilizado no meio hospitalar é a média aritmética móvel. Este método permite orientar a previsão de consumo para o próximo período por meio da média aritmética dos valores nos “n” últimos períodos (n = número de meses). A escolha do valor de “n” é arbitrária e depende da experiência do gerente. Quanto maior for o “n”, menor a resposta a variações de consumo e vice- versa. Recomenda-se trabalhar com o “n” superior a 3 e inferior a 12. No meio hospitalar, as variações de consumo, principalmente de medicamentos, ocorre com maior frequência de acordo com o modelo de evolução sazonal. Considera-se a variação como sazonal, quando apresenta um desvio mínimo de 25% do consumo médio mensal (CMM) e surge atrelada a causas específicas (verão, inverno, epidemias e outros). Outra variação de consumo que ocorre com materiais hospitalares é o modelo de evolução de consumo sujeito e tendências. Isso fica em evidência quando o consumo médio aumenta ou diminui com o tempo, retratando itens novos que começam a ter maior aceitação ou itens que vão caindo em desuso. Existe ainda a evolução de consumo modelo horizontal, que retrata uma tendência constante por não sofrer influências. Assim, ao se estabelecer o valor de “n” deve-se ter em conta o modelo de evolução de consumo no período. CMM = consumo médio mensal n = número de meses A cada novo mês, acrescenta-se o mês mais recente e despreza-se o mais antigo. Além da média móvel, têm-se outras formas de previsão de consumo, praticamente não empregadas em hospitais. CMM= consumo de “n” últimos meses n AN02FREV001/REV 4.0 28 7.1.1.2 Último período Baseia-se em uma determinação simples com utilização dos mesmos dados coletados no período anterior. Sua aplicabilidade é direcionada a produtos de consumo uniforme, em que na representação gráfica, constatam-se duas curvas idênticas em períodos de tempos diferentes. 7.1.1.3 Média móvel ponderada Utilizada quando o método do último “período” torna-se inaplicável por ocorrência de grandes variações nos períodos mais próximos. Os pesos são valores decrescentes dos consumos mais recentes para os mais antigos. Objetiva ajustar da melhor maneira a tendência da curva de consumo, sendo uma variação do método da média móvel. Alguns programas para controle de estoque têm trabalhado com este tipo de média. 7.1.1.4 Média ponderada exponencial Considera-se o erro de previsão do período anterior. Determina-se a próxima previsão a partir da “adição da previsão anterior ao produto da constante de amortecimento pelo erro de previsão”. Utilizando a seguinte fórmula: Xt = Previsão de consumo Xt = X(t-i) + α (X(t-i) – X(t-i)) AN02FREV001/REV 4.0 29 X (t - i) = Consumo ocorrido no período anterior X (t - i) = previsão de consumo no período anterior X (t - i) - X (t - i) = Erro de previsão Erro de previsão - é a diferença entre consumo ocorrido no período anterior e a previsão de consumo no mesmo período. α = Constante de amortecimento (dado empírico, estabelecido normalmente entre 0,1 e 0,3). O valor escolhido deve ser menor para consumos uniformes e maior para variações maiores de consumo. 7.1.1.5 Mínimos quadrados Método que permite fazer previsão para mais de um período. É de difícil aplicação por exigir utilização de muitos dados. Não recomendado na área de medicamentos e materiais médico-hospitalares por apresentar o hospital dados de consumo sazonais e pela falta de interesse da administração hospitalar em fazer previsões para grandes períodos. A média aritmética móvel é a média de consumo eleita para funcionar como precursora de outros parâmetrosde dimensionamento de estoques na área hospitalar. Na determinação do quanto comprar é necessário empregá-la juntamente com o estoque de segurança e análise ABC de valor. 7.1.2 Estoque de segurança Estoque de segurança, também conhecido como estoque mínimo, é a quantidade de cada item que deve ser mantida como reserva para garantir a continuidade do atendimento, em caso de ocorrência não previstas – como elevação brusca do consumo e atraso no suprimento. O estoque de segurança evita ruptura do estoque que teria como consequência a queda no nível de atendimento e o próprio custo da ruptura. AN02FREV001/REV 4.0 30 O custo da ruptura de estoque pode ser avaliado levando em conta os seguintes parâmetros: Custo do não atendimento; Custo com o pessoal que estará, temporariamente, subutilizado pela falta do material; Custo adicional do material adquirido para manutenção do nível de atendimento; Custo do trabalho desenvolvido. O estoque de segurança depende do consumo, do tempo de abastecimento e da classificação ABC do produto. O consumo utilizado para esta determinação é geralmente representado pala média móvel. O tempo de abastecimento (TA) é o intervalo de tempo entre o início do processamento interno da compra (incluindo a emissão do pedido) e a chegada do material ao local de armazenamento. O tempo de processamento interno (TPI) compreende o período do planejamento, elaboração do pedido, emissão e processamento da compra. Já o tempo de processamento externo (TPE) abrange o espaço entre a emissão da ordem de fornecimento e a entrega do produto no hospital. TA = Tempo de Abastecimento TPI = Tempo de Processamento Interno TPE = Tempo de Processamento Externo O tempo de abastecimento pode variar de região para região e de uma instituição para outra. Por exemplo, no caso das instituições governamentais, a aquisição de materiais é regida pela Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, e suas alterações que tornam o tempo de abastecimento prolongado devido aos trâmites burocráticos estabelecidos para a licitação. Além do tempo de abastecimento, a determinação do estoque de segurança requer a classificação do item obtida por meio da curva ABC. TA = TPI + TPE AN02FREV001/REV 4.0 31 7.1.3 Curva ABC Itens de um estoque apresentam normalmente diferentes posições no fluxo de materiais e variados graus de utilização. O estudo técnico dessas ocorrências por meio do agrupamento de itens de acordo com seu custo, preferencialmente anual, permite a elaboração da curva ABC. A administração tem utilizado a curva ABC para os programas de suprimento e produção, aplicação do capital de giro e disponibilização de recursos em situações de urgência. A curva ABC, conhecida também como curva 80-20 ou gráfico de Pareto, foi aplicada à administração de empresas, inspirada no estudo de Vilfredo Pareto, realizado na Itália em 1897. O estudo constatou que a grande porcentagem de renda (80%) estava concentrada nas mãos de pequena parcela da população (20%). Daí o princípio foi adaptado à administração de materiais onde a definição das classes ABC obedece a faixas predeterminadas e onde se tem, no máximo, 20% de itens classe A, de 20% a 30% classe B e 50% de itens classe C. Estes valores têm uma correspondência em porcentagens de custo ou investimento. TABELA 1 - CLASSES DA CURVA ABC OU GRÁFICO DE PARETO Classes da curva ABC % de itens % de custos Classe A 20 50 Classe B 20-30 20-30 Classe C 50 20 FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar, 2006. AN02FREV001/REV 4.0 32 A classificação da tabela 1 demonstra que aproximadamente 20% do total dos itens correspondem a quase 50% do custo ou investimento (classe A). E que 50% do total de itens correspondem a apenas 20% do custo, o que constitui a classe C. A partir desta determinação, conclui-se que a classe A detém maior importância administrativa, devendo cada classe receber tratamento diferenciado. 7.1.3.1 Elaboração da curva ABC Será apresentado um exemplo constituído por dez itens apenas, para exemplificar didaticamente a elaboração de uma curva 80-20 ou curva ABC. Os seguintes dados são necessários para construção da curva ABC: Relação dos itens ou artigos pertencentes a um mesmo grupo ou subgrupo. Por exemplo: medicamentos em geral, materiais médico hospitalares entre outros; Custo unitário médio de cada item, fornecido por uma mesma tabela ou de uma mesma época; Consumo anual de cada item (preferencialmente); Custo anual ou capital investido; As fases para elaboração da curva são: coleta e ordenação de dados. 7.1.3.1.1 Coleta de dados Relacionar todos os itens, seu custo unitário e, preferencialmente, o consumo anual. Por meio do produto destes valores, obtém-se o custo total ou custo anual. A partir do custo anual de cada item, realiza-se a ordenação dos dados e relacionam-se os itens segundo o valor decrescente do custo anual. Segue-se com a relação acumulada dos custos anuais a partir da qual se determinam as porcentagens. AN02FREV001/REV 4.0 33 TABELA 2 - RELAÇÃO DO CUSTO ANUAL FICTÍCIO Relação do custo anual Itens Custo unitário (R$) Consumo anual Custo anual (R$) X1 0,4 600 240 X2 2,3 1000 2300 X3 1,1 300 330 X4 19 10 190 X5 1,2 1200 1440 X6 6,3 800 5040 X7 0,35 4000 1400 X8 0,25 6000 1500 X9 4,1 2000 8200 X10 0,82 500 410 FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar, 2006. AN02FREV001/REV 4.0 34 TABELA 3 - Montagem da curva ABC de 10 itens fictícios Classificação ABC de 10 itens Grau Item Custo anual (R$) Custo anual acumulado (R$) % acumulada Classificação 1° X9 8200 8200 38,95 A 2° X6 5042 13240 62,89 A 3° X2 2300 15540 73,8 B 4° X8 1500 17040 80,9 B 5° X5 1440 18480 87,7 B 6° X7 1400 19880 94,4 C 7° X10 410 20290 96,3 C 8° X3 330 20620 97,9 C 9° X10 240 20860 99,09 C 10° X4 190 21050 100 C FONTE: Adaptado de Gomes, M.J.V.M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar, 2006. 7.1.3.2 Comportamentos da curva ABC Os itens classe A são aqueles que correspondem à maior parte do investimento e devem ser priorizados administrativamente e, portanto, se tornam importantes para a determinação do estoque de segurança. O estoque de segurança dos itens A deve ser calculado como o suficiente para garantir o atendimento contínuo durante uma fração do tempo de abastecimento. É recomendável que os itens classe A tenham alto índice de rotatividade para permitir maior capital de giro disponível, evitando imobilização de recursos. Os itens B terão um estoque de segurança maior do que os de classe A e os de classe C maior do que os da classe B. AN02FREV001/REV 4.0 35 Podem ser utilizadas as seguintes fórmulas na determinação do estoque de segurança (ES): ES = estoque de segurança CM = média aritmética móvel TA = tempo de abastecimento (em meses) É necessário calcular o tempo de abastecimento (TA), sendo este sempre transformado em meses, por exemplo: 45 dias correspondem a TA = 1,5; 120 dias correspondem a TA = 4,0. O coeficiente de tempo de abastecimento (fração que multiplica TA) é determinado de forma empírica, baseado na realidade administrativa, podendo ser estabelecidos valores menores que os exemplificados acima. 7.1.4 Ponto de ressuprimento O ponto de ressuprimento (PR), também conhecido como ponto de requisição, é um parâmetro de alerta no dimensionamento de estoques. É um nível de estoque que ao ser atingido sinaliza o momento de se fazer uma nova compra, evitando posterior ruptura do estoque,devendo ser atualizado após cada reposição. O ponto de ressuprimento deve ser determinado para garantir a continuidade do atendimento durante o tempo de abastecimento, respeitando a classificação ABC do item. Nesse caso, o PR coincidirá com o estoque de segurança sendo, normalmente, aplicado às instituições que têm facilidade e rapidez para o ressuprimento. Em outras instituições, cujo processo de aquisição é mais demorado, justifica-se a determinação do PR igual ao estoque máximo. ES item A = CM. 1/3 (estoque para 10 dias) ES item B = CM. ½ TA (estoque para 15 dias) ES item C = CM. T (estoque para 30 dias) AN02FREV001/REV 4.0 36 CM = Média aritmética móvel TA = Tempo de abastecimento (em meses) ES = Estoque de segurança (calculado de acordo com a classificação ABC) Exemplo de um item classe A: CM = 200 unidades TA = 30 dias (1 mês) ES = 33 unidades PR = 200 x 1 + 33 = 233 unidades PR = 233 Portanto , quando o estoque atingir 233 unidades, sinaliza o momento que o novo pedido deve ser processado para que não haja falhas no estoque. 7.1.5 Lote de ressuprimento O lote de ressuprimento, também conhecido como lote de reposição (LR), é a quantidade de itens a ser adquirida para que o estoque atinja seu valor máximo. Fórmula para calculando o LR: Emax = Estoque máximo Es = Estoque de segurança CM = Média aritmética móvel FC = Frequência de compras (transformado em meses) PR – CM . TA + ES LR = Emax - ES LR = CM FC AN02FREV001/REV 4.0 37 7.1.6 Estoque Máximo O Estoque máximo (Emax) é a maior quantidade do item que se pretende manter em estoque. É determinado em função da política financeira da instituição, da frequência de compras, disponibilidade de local adequado para armazenamento ou de acordo com entregas programadas junto ao fornecedor. Calcula-se Emax por meio das seguintes fórmulas: ES = Estoque de segurança LR = Lote de ressuprimento ES = Estoque de segurança CM = Média aritmética móvel FC = frequência de compras (transformado em meses) Para o cálculo do Emax, é necessário conhecer o ES que depende da classificação ABC, assim como o valor de FC. A frequência de compras mais favorável é conhecida por meio da determinação do lote econômico. 7.1.7 Lote econômico Há inúmeros fatores que dificultam o estabelecimento de um número aproximado de compras anuais ou da frequência em que se deve comprar. Esses fatores estão relacionados ao aspecto econômico, ao custo de manutenção de Emax = ES + LR Emax = ES + CM FC AN02FREV001/REV 4.0 38 estoques maiores ou de várias aquisições de estoques menores. Para isso, deve-se basear no processo de LEC para as compras. LEC é o processo que indica, matematicamente, a frequência das compras e a quantidade a ser adquirida. O que oferece maiores vantagens econômicas. O lote econômico é aquele obtido quando o custo de aquisição e o custo de armazenamento estão mais próximos. Esse parâmetro interfere no valor do Emax e no LR. Para a realização dos cálculos, é necessário determinar os custos de aquisição e armazenamento. A determinação com o auxílio do serviço de custos da instituição evita cálculos incorretos ou o fato de minimizar a sua importância. Podemos citar como exemplo a tendência de se desprezar as áreas físicas de armazenamento como componente do custo. O custo de aquisição corresponde ao total dos gastos com salários do pessoal vinculada à programação e à execução das compras, gastos administrativos com artigos de escritório, publicações, comunicações, viagens, recebimento de materiais, inspeção, transporte, contabilização, pagamento de impostos, seguros, fretes entre outros. O custo de armazenamento é calculado em função do custo da área ocupada, capital empatado, seguros sob material estocado, obsolescência, depreciação, desvios, pessoal vinculado, juros sobre financiamento da compra e outros. Pode-se notar que no exemplo a seguir o custo de armazenamento decresce com o aumento do número de aquisição (Tabela 4). O custo de aquisição é inversamente proporcional ao custo de armazenagem. Quanto ao custo total, verifica-se que, com uma aquisição, ele se apresenta alto, com tendência a redução e, logo a partir de um número de aquisições, volta a aumentar. Por meio do menor valor do custo total, obtém-se o número de aquisição para o LEC: AN02FREV001/REV 4.0 39 TABELA 4 - DETERMINAÇÃO DO LOTE ECONÔMICO (LEC) Determinação de LEC Aquisições anuais Quantidade/aq uisição Custo de armazenamento Custo de Aquisição Custo total 1 12000 480 50 530 2 6000 240 100 340 3 4000 160 150 310 4 3000 120 200 320 5 2400 96 250 346 6 2000 80 300 380 FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar, 2006. 1 ano = 12 meses_______ compra-se três vezes (para quatro meses) 1 mês ____________x = FC FC = Frequência de compras (transformado em meses) FC = 0.25 (significa o número de compras ao mês) Emax = Es + Cm/FC Emax = ES + 1000 0,25 Emax = ES + 4000 Dependendo da classificação ABC o ES será maior ou menor. Para um item classe A no caso exemplificado, considerando-se um tempo de abastecimento 1,5 mês, o Emax será: ES = 1/3 TA. CM TA = 1,5 ES = 0,5 CM se CM = 1000 ES = 500 unidades Emax = 500 + 4000 = 4500 AN02FREV001/REV 4.0 40 A tendência atual é existência de estoques menores e compras mais frequentes. Com essa visão dos parâmetros para dimensionamento dos estoques, conclui-se que a logística deve ser priorizada pela sua importância administrativa. 7.2 MÉTODOS DE CONTROLE FÍSICO DE ESTOQUES 7.2.1 Inventário O inventário é um instrumento utilizado para confrontar o estoque registrado em ficha ou computador com o estoque real ou físico. São diversas as causas de divergências entre o estoque registrado e o estoque físico, sendo possível citar: Saídas e entradas feitas erroneamente; Liberação de material sem o devido registro; Problemas com hardware ou com o software; Erros de contagem; Desvios. Os inventários podem ser classificados como: Permanentes; Periódicos; Rotativos. Ainda é comum no Brasil a realização de inventários periódicos anuais, apurando todas as discrepâncias no final do encerramento do ano fiscal em dezembro. Em uma farmácia hospitalar que trabalha com sistema de distribuição por doses individualizadas ou unitárias, há milhares de movimentações de itens por ano, pois as saídas e entradas (ou devoluções) se dão pela unidade de produto. O AN02FREV001/REV 4.0 41 inventário anual não é a melhor estratégia, pois as divergências de estoques que normalmente acontecem, serão descobertas tardiamente dificultando a apuração das causas em tempo hábil. É aconselhável fazer inventário utilizando-se a classificação ABC e também incluir alguns tipos de medicamentos que interessam à administração, realizando sobre estes um controle mais rigoroso. Os itens A (maior custo), produtos sujeitos a controle legal (por intermédio da Portaria 344/1998, do Ministério da Saúde) e itens que são imprescindíveis ao inventário devem ser realizados todo mês. Os itens B poderão ser controlados a cada dois meses e os itens C a cada seis meses. Atualmente, com os recursos cada vez mais poderosos da informática e o advento do código de barras, pode-se ter uma redução dos erros de contagem e do tempo gasto para ser feito um inventário, sendo possível obter a qualquer momento os estoques atualizados de todos os itens. A administração deve planejar com antecedência que tipo de inventário que irá utilizar na farmácia e resolver, também, o que será feito com as divergências deestoque que são possíveis e esperadas, dentro de um limite em um inventário. 8 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS Atualmente, os medicamentos representam uma alta parcela no orçamento dos hospitais e são de suma importância no tratamento de grande parte das patologias, o que justifica a implementação de medidas que assegurem o uso racional destes produtos. Uma das medidas de grande impacto neste contexto é uma efetiva dispensação e/ou distribuição dos medicamentos. Deve-se ressaltar que a dispensação de medicamentos é uma atividade técnico-científica de orientação ao paciente, de importância para a observância ao tratamento e, portanto, eficaz, quando bem administrada, devendo ser exclusividade de profissional farmacêutico. E que a distribuição racional de medicamentos consiste em assegurar os produtos solicitados pelos usuários na quantidade e especificação solicitadas, de forma segura e no prazo estabelecido, empregando métodos de melhor custo versus eficácia e custo versus eficiência. AN02FREV001/REV 4.0 42 Nos hospitais, o contato diário do serviço de farmácia com as unidades de internação e demais serviços acontece, principalmente, por meio do setor de distribuição, fazendo dele o setor de maior relevância da farmácia hospitalar. Vários fatores interferem na implantação e/ou implementação de um sistema de distribuição de medicamentos (SDM), e os principais são: Supervisão técnica adequada; Características do hospital como complexidade, tipo de edificação e fonte; Mantenedora; Existência de padronização de medicamentos atualizada; Gestão de estoque eficiente; Existência de controle de qualidade de produtos e processos; Manual de normas e rotinas aplicável. Os sistemas de distribuição de medicamentos podem ser classificados em: coletivo, individualizado, dose unitária, combinado ou misto. Em qualquer um destes sistemas, se houver farmácia satélite, o mesmo será considerado como descentralizado e, quando não houver, centralizado. 8.1 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COLETIVO O sistema de distribuição coletivo é o mais arcaico dos sistemas, entretanto, ainda existem alguns hospitais brasileiros que o adotam por diversos motivos. O sistema de distribuição coletivo é caracterizado pelo fato de os medicamentos serem distribuídos por unidade de internação e/ou serviço a partir de uma solicitação da enfermagem, implicando a formação de vários estoques nas unidades assistenciais. Neste sistema, os medicamentos são liberados sem que o serviço de farmácia tenha as seguintes informações: Para quem o medicamento está sendo solicitado? Por que está sendo solicitado? Por quanto tempo será necessário? AN02FREV001/REV 4.0 43 Neste modelo, a farmácia hospitalar é um mero repassador de medicamentos em suas embalagens originais, segundo o solicitado pela enfermagem. No sistema de distribuição coletivo, constata-se que a assistência ao paciente fica prejudicada pela não participação do farmacêutico na revisão e análise da prescrição médica. E também pelo fato de a enfermagem estar mais envolvida com as questões relacionadas aos medicamentos do que à própria farmácia. Inúmeros trabalhos relatam que a enfermagem, neste sistema, gasta aproximadamente 25% do seu tempo de trabalho em procedimentos relacionados aos medicamentos como: transcrever prescrição, verificar o estoque existente na unidade, preencher solicitação, ir à farmácia, aguardar separação dos mesmos, transportá-los até a unidade, guardá-los nos seus devidos lugares, separar os que são necessários a cada horário, fazer cálculos, prepará-los e administrá-los. Uma grave consequência é o alto índice de erros de administração de medicamentos que este sistema gera, desde o ato da prescrição até o momento da administração dos mesmos. Os principais erros descritos são: Duplicação de doses; Medicamentos, dosagem e/ou via incorretos; Administração de medicamentos não prescritos. Outro aspecto importante é o alto custo deste sistema para a instituição devido às perdas, por existirem vários pontos de estoque facilitando desvios, armazenamento inadequado ou caducidade dos medicamentos. AN02FREV001/REV 4.0 44 FIGURA 3 - FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE DOSE COLETIVO FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar, 2006. 8.1.1 Desvantagens do sistema de distribuição coletivo O sistema de distribuição coletivo apresenta as seguintes desvantagens: Transcrições das prescrições médicas; A não existência de revisão da prescrição por parte do farmacêutico; Maior incidência de erros na administração de medicamentos; Consumo excessivo do tempo da enfermagem em atividades relacionadas ao medicamento; Uso inadequado de medicamentos nas unidades assistenciais; Aumento de estoque nas unidades assistenciais; Médico Enfermagem Solicita por unidade assistencial Prescreve Farmácia Distribui Enfermagem Recebe, estoca, prepara e administra AN02FREV001/REV 4.0 45 Perdas de medicamentos; Impossibilidade de faturamento real dos gastos por paciente; Alto custo institucional. 8.1.2 Vantagens do sistema de distribuição coletivo O sistema de distribuição coletivo apresenta as seguintes vantagens: Grande disponibilidade de medicamentos nas unidades assistenciais; Redução do número de solicitações e devoluções de medicamentos à farmácia; Necessidade de menor número de funcionários na farmácia. 8.2 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUALIZADO O sistema de distribuição individualizado se caracteriza pelo fato de o medicamento ser dispensado por paciente, geralmente para um período de 24 horas. Este sistema pode se apresentar como indireto ou direto. Sistema de distribuição individualizado indireto A distribuição é baseada na transcrição da prescrição médica e a solicitação à farmácia é feita por paciente e não por unidade assistencial como no coletivo. Sistema de distribuição individualizado direto A distribuição é baseada na cópia da prescrição médica, eliminando a transcrição. Nesse contexto, é possível uma discreta participação do farmacêutico na terapêutica medicamentosa, sendo já um grande avanço para realidade brasileira, na época em que este sistema foi adotado. As prescrições podem ser encaminhadas à farmácia de diversas formas, como: AN02FREV001/REV 4.0 46 Prescrição com cópia carbonada Prescrição em duas vias, com carbono entre as folhas ou impresso confeccionado de modo a se obter uma cópia direta. Essa forma proporciona ao farmacêutico uma via da prescrição e não requer equipamentos especiais. Prescrição por fotocópias Utilização de máquinas copiadoras para produzir uma cópia exata da prescrição médica. Prescrição via fax Utilização de aparelho de fax para emissão na unidade assistencial e recepção na farmácia. Os inconvenientes do uso desta tecnologia são: Permitir o envio de uma mesma prescrição mais de uma vez; Gerar emissão de documentos ilegíveis induzindo aparecimento de novas fontes de erros de administração de medicamentos; Permitir a perda das informações com o passar do tempo. Porém, diminui o tempo gasto com o transporte de documentos. Prescrição informatizada Em cada unidade assistencial existe um terminal de computador no qual os médicos fazem diariamente a prescrição que é remetida à farmácia. Algumas das vantagens deste processo são à eliminação de falhas devido à má qualidade da grafia médica e a redução do tempo gasto com transporte de documentos. Sistema de radiofrequência interligando computadores e leitores óticos O médico utiliza um terminal com uma tela que pode ser operado por meiode uma espécie de caneta eletrônica. Essa forma permite a verificação imediata de dados do paciente e a agilização da prescrição, que poderá ser feita próximo ao leito. Implica diminuição do número de terminais de computador na área hospitalar, redução de cabos de interligação e agilização da disponibilidade da prescrição para a farmácia e serviços de apoio. AN02FREV001/REV 4.0 47 Atualmente, o sistema de distribuição individualizado é adotado em diversos hospitais brasileiros, existindo algumas variações de acordo com as peculiaridades de cada instituição, como: forma da prescrição médica, o modo de preparo e distribuição das doses e fluxo da rotina operacional. O sistema de distribuição individualizado pode ser operacionalizado de várias formas: Os medicamentos são dispensados em único compartimento, podendo ser um saco plástico identificado com a unidade assistencial, o número do leito, nome do paciente, contendo todos os medicamentos de forma desordenada semelhante ao sistema de distribuição coletivo e para um período determinado que, geralmente, pode ser 12 horas, 24 horas ou por turno de trabalho. Os medicamentos são fornecidos em embalagens, dispostos segundo o horário de administração constante na prescrição médica, individualizados e identificados para cada paciente e para no máximo de 24 horas. Sua distribuição pode ser feita em embalagem plástica, com separações obtidas por termossolda ou em escaninhos adaptáveis a carros de medicamentos adequados ao sistema de distribuição. Para o êxito deste sistema, é fundamental que todos os profissionais envolvidos (farmacêutico, enfermeiro, médico, administrador hospitalar) participem de todo o processo de implantação, elaboração de impressos, aquisição de materiais e equipamentos e definição da rotina operacional. 8.2.1 Desvantagens do sistema de distribuição individualizado O sistema de distribuição individualizado apresenta algumas desvantagens: Erros de distribuição e administração de medicamentos; Consumo significativo do tempo de enfermagem em atividades relacionadas aos medicamentos; Necessidade por parte da enfermagem de cálculos e preparo de doses; AN02FREV001/REV 4.0 48 Perdas de medicamentos devido a desvios, caducidade e uso inadequado. 8.2.2 Vantagens do sistema de distribuição individualizado O sistema de distribuição individualizado apresenta as seguintes vantagens: Possibilidade de revisão das prescrições médicas; Maior controle sobre o medicamento; Redução de estoques nas unidades assistenciais; Pode estabelecer devoluções; Permite faturamento mais apurado do gasto por paciente. AN02FREV001/REV 4.0 49 FIGURA 4 - FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE DOSE INVIDUALIZADO FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar, 2006. 8.3 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO MISTO OU COMBINADO Prescreve Remete a cópia Enfermage m Prescreve Médico Indireto Direto Farmácia Transporte Entrega Entrega Analisa, separa e acondiciona Analisa, separa e acondiciona Transcreve Recebe e administra Enfermage m Recebe e administra AN02FREV001/REV 4.0 50 No sistema de distribuição combinado, também conhecido como misto, a farmácia distribui alguns medicamentos mediante solicitação e outros por cópia de prescrição médica, portanto, parte do sistema é coletivo e parte individualizado. As unidades de internação, de forma parcial ou integral, são atendidas pelo sistema individualizado e os serviços (radiologia, endoscopia, ambulatórios, serviços de urgência e outros) são atendidos pelo sistema coletivo. É indicado que, neste sistema, as solicitações encaminhadas pelas unidades assistenciais sejam embasadas em relação de estoque previamente estabelecida entre farmácia e enfermagem. Estes estoques deverão ser controlados e repostos pela farmácia mediante documento justificando o uso do medicamento. 8.3.1 Acondicionamento e embalagem de dose unitária No sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária, os medicamentos são acondicionados e embalados de uma forma bastante característica. Portanto, a escolha do acondicionamento e/ou da embalagem é bastante importante e, consequentemente, devem-se considerar os seguintes fatores: A adequação às condições físicas do hospital; As condições financeiras da instituição; As considerações farmacológicas, tais como estabilidade, fotossensibilidade, entre outros; As vantagens econômicas. 8.3.2 Materiais utilizados no preparo de dose unitária AN02FREV001/REV 4.0 51 Para garantir a qualidade dos produtos preparados por dose unitária, é de suma importância que, para cada produto, seja verificado em publicações científicas atualizadas o tipo de envase mais apropriado. O fracionamento ou reembalagem de medicamentos para o sistema de distribuição individualizado e/ou por dose unitária deve se efetuar em condições semelhantes às utilizadas pelo fabricante, de forma a impedir, tanto uma possível alteração de estabilidade como a contaminação cruzada ou microbiana. Entre os materiais mais utilizados são: o plástico, laminados, vidros e alumínio. 8.3.3 Considerações específicas de embalagem das seguintes formas farmacêuticas 8.3.3.1 Líquidos para uso oral O envase deve ser suficiente para liberar o conteúdo total etiquetado. É aceitável que seja necessário um acréscimo de volume conhecido, dependendo da forma de envase, do material e da formulação do medicamento. A concentração do fármaco deve ser especificada em unidade de peso por medida (mg/ml; g/ml). As seringas para administração oral devem ser específicas para estes usos, não devendo permitir a colocação de agulha. Os envases devem permitir a administração de seu conteúdo corretamente ao paciente. 8.3.3.2 Sólidos de uso oral Para embalagem tipo blister, deve-se ter um verso opaco que permita imprimir informações e o outro deverá ser de material transparente. O mesmo deve permitir fácil remoção do medicamento. AN02FREV001/REV 4.0 52 8.3.3.3 Medicamentos para o uso parenteral Uma agulha de tamanho apropriado deve ser parte integral da seringa. A seringa deve estar pronta permitindo que o seu conteúdo seja administrado ao paciente sem necessitar de instruções adicionais. A proteção da agulha deve ser impenetrável, preferencialmente de um material rígido, evitando acidentes. A seringa deve permitir fácil manuseio e visualização de seu conteúdo. Quanto a outras formas farmacêuticas, os medicamentos para uso oftálmico, supositórios, unguentos, entre outros, devem ser adequadamente etiquetados, indicando seu uso, via de administração e outras informações importantes. 8.3.4 Requisitos para implantação do sistema de distribuição por dose unitária Farmacêutico hospitalar com treinamento específico para este fim; Laboratório de farmacotécnica; Central de preparações estéreis; Padronização de medicamentos; Dispositivos para entrega de doses unitárias (carrinhos, cestas e outros); Impressos adequados; Máquinas de soldar plásticos; Material de embalagens: sacos e potes plásticos; frascos de plásticos, de vidro, de alumínio; caixas de madeiras ou acrílico; Envelopadora – máquina de selagem e etiquetagem de comprimidos; Envasadora (líquidos, cremes e pomadas); Máquina de cravar frascos; Rotuladora; Impressora; AN02FREV001/REV 4.0 53 Máquina para lavar frascos; Terminal de computador. 8.3.5 Vantagens do sistema de distribuição pordose unitária O sistema de distribuição por dose unitária apresenta as seguintes vantagens: Identificação do medicamento até o momento de sua administração, sem necessidade de transferência e cálculos; Redução da incidência de erros de administração de medicamentos; Redução do tempo de enfermagem com atividades relacionadas ao medicamento, permitindo maior disponibilidade para o cuidado do paciente; Diminuição de estoques nas unidades assistenciais com consequente redução de perdas; Otimização do processo de devoluções; Auxílio no controle da infecção hospitalar devido à higiene e à organização no preparo de doses; Grande adaptabilidade e sistemas automatizados e computadorizados; Faturamento mais exato do consumo de medicamentos utilizados por cada paciente; Maior segurança para o médico em relação ao cumprimento de suas prescrições; Participação efetiva do farmacêutico na definição da terapêutica medicamentosa; Melhoria do controle sobre o padrão e horário de trabalho desenvolvido pelo pessoal de enfermagem e farmácia; Redução do espaço destinado à guarda do medicamento nas unidades assistenciais antes da administração aos pacientes; Melhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente. AN02FREV001/REV 4.0 54 8.3.6 Desvantagens do sistema de distribuição por dose unitária O sistema de distribuição por dose unitária apresenta as seguintes desvantagens: Dificuldade de se obter no mercado farmacêutico todas as formas e dosagens para uso em dose unitária; Resistência dos serviços de enfermagem; Aumento das necessidades de recursos humanos e infraestrutura da farmácia hospitalar; Necessidade da aquisição de materiais e equipamentos específicos; Necessidade inicial de alto investimento financeiro. AN02FREV001/REV 4.0 55 FIGURA 5 - FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE DOSE UNITÁRIA FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia Hospitalar, 2006. Médico Enfermagem Apraza o horário Prescreve Transporte Encaminha a cópia Farmacêutico Elabora o perfil farmacoterapêutico Farmácia Farmacêutico Revisa e confere Separa Transporte Entrega Enfermagem Confere, registra e administra AN02FREV001/REV 4.0 56 FIM DO MÓDULO I AN02FREV001/REV 4.0 58 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FARMÁCIA HOSPITALAR Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 59 CURSO DE FARMÁCIA HOSPITALAR MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 60 MÓDULO II 9 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimula seus membros para que estabeleçam e apliquem uma política direcionada aos medicamentos, desde suas especificações técnicas até as condições propícias para seu uso racional. No Brasil, a Política Nacional de Medicamentos (PNM) obrigatoriamente deve ser implementada pela Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) em todas as unidades hospitalares, para isso, é essencial a elaboração de uma padronização de medicamentos. Padronização de medicamentos pode ser entendida como a constituição de uma relação básica de medicamentos, que deve constituir os estoques das farmácias hospitalares, objetivando o atendimento médico-hospitalar, de acordo com suas necessidades e peculiaridades locais, acarretando na sua utilização racional. O processo de seleção de medicamentos deve assegurar o cumprimento de uma terapêutica racional e de baixo custo. Para garantir o uso racional de medicamentos, é necessário elaborar a lista de medicamentos padronizados e desenvolver, com muita intensidade e continuidade, um processo de educação farmacológica dos profissionais de saúde do hospital, induzindo uma reflexão crítica sobre a escolha e a utilização dos fármacos. 9.1 O PROCESSO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A Seleção de medicamentos é um processo dinâmico, contínuo, multidisciplinar e participativo. Tem o intuito de assegurar ao hospital acesso aos medicamentos mais necessários, adotando critérios de eficácia, segurança, qualidade e custo. Promove a utilização racional dos medicamentos. AN02FREV001/REV 4.0 61 A seleção de medicamentos é um processo complexo. É importante que seja realizado considerando a contribuição das seguintes ciências: Farmacoeconomia; Farmacoepidemiologia; Farmacologia e Terapêutica Clínica; Farmacovigilância; Biofarmacotécnica; Farmacocinética. Este enfoque multidisciplinar colabora para que os diversos elementos que interferem na utilização dos medicamentos sejam contemplados na escolha do arsenal terapêutico. 9.2 VANTAGENS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A realização da seleção de medicamentos reduz custos e melhora a qualidade da farmacoterapia desenvolvida na instituição hospitalar. As vantagens da seleção de medicamentos são: Reduzir o custo da terapêutica, sem prejuízos para a segurança e efetividade do tratamento; Racionalizar o número de medicamentos e produtos correlatos, com consequente redução de custos com a aquisição; Facilitar as atividades de planejamento, aquisição, armazenamento, distribuição e controle, com redução dos custos operacionais; Disciplinar o receituário médico-hospitalar e uniformizar a terapêutica, colaborando como instrumento de ensino na área de saúde; Aumentar a qualidade da farmacoterapia e facilitar a vigilância farmacológica, o que pode ser incentivado por meio da adoção do Programa de Farmacovigilância do Ministério da Saúde (que será discutido no Módulo IV). AN02FREV001/REV 4.0 62 9.3 ETAPAS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS Na implantação de um processo de seleção de medicamentos, é recomendável seguir as seguintes etapas: Conscientização da equipe de saúde por meio de reuniões e informativos; Designação da comissão de seleção de medicamentos pelo diretor clínico; Levantamento do perfil dos problemas de saúde atendidos pela unidade hospitalar; Análise do padrão de utilização de medicamentos; Definição dos critérios de seleção a serem adotados; Seleção dos medicamentos, definindo a estratégia de desenvolvimento do formulário e os métodos a serem empregados; Edição e divulgação do formulário farmacêutico; Atualização periódica do formulário farmacêutico, que deve ser revisado no mínimo a cada dois anos. 9.4 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A seleção de medicamentos depende de vários fatores, destacando-se o perfil das doenças prevalentes, a infraestrutura para o tratamento, o treinamento e a experiência da equipe disponível. Portanto, devem ser empregados no processo de seleção de medicamentos os seguintes critérios: Selecionar medicamentos com evidência de eficácia clínica – estas informações devem ser obtidas através de ensaios clínicos; Eleger entre os medicamentos da mesma indicação e eficácia, aquele de menor toxicidade e maior comodidade posológica; AN02FREV001/REV 4.0 63 Padronizar medicamentos cujo custo do tratamento/dia e o custo da duração do tratamento sejam pequenos,
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