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FARMÁCIA HOSPITALAR

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AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do 
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são 
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 FARMÁCIA HOSPITALAR: HISTÓRICO, OBJETIVOS E FUNÇÕES 
1.1 HISTÓRICO E CONCEITOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
1.2 OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
1.3 FUNÇÕES DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
2 ÁREA FÍSICA TOTAL DA FARMÁCIA E LOCALIZAÇÃO IDEAL 
3 PLANEJAMENTO, CONTROLE E FUNÇÃO DO FARMACÊUTICO 
4 CENTRO DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO (CAF) 
4.1 LOCALIZAÇÃO DOS MATERIAIS 
5 AQUISIÇÃO DE MATERIAIS: LICITAÇÕES 
5.1 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO 
5.2 MODALIDADES DA LICITAÇÃO 
7 CONTROLE DE ESTOQUE 
7.1 ESPECIFICIDADES DO CONTROLE DE ESTOQUES 
7.1.1 Parâmetros de compra 
7.1.1.1 Média aritmética móvel 
7.1.1.2 Último período 
7.1.1.3 Média móvel ponderada 
7.1.1.4 Média ponderada exponencial 
7.1.1.5 Mínimos quadrados 
7.1.2 Estoque de segurança 
7.1.3 Curva ABC 
7.1.3.1 Elaboração da curva ABC 
7.1.3.1.1 Coleta de dados 
7.1.3.2 Comportamentos da curva ABC 
7.1.4 Ponto de ressuprimento 
7.1.5 Lote de ressuprimento 
7.1.6 Estoque Máximo 
7.1.7 Lote econômico 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
7.2 MÉTODOS DE CONTROLE FÍSICO DE ESTOQUES 
7.2.1 Inventário 
8 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS 
8.1 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COLETIVO 
8.1.1 Desvantagens do sistema de distribuição coletivo 
8.2 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUALIZADO 
8.1.2 Vantagens do sistema de distribuição coletivo 
8.2.1 Desvantagens do sistema de distribuição individualizado 
8.2.2 Vantagens do sistema de distribuição individualizado 
8.3 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO MISTO OU COMBINADO 
8.3.1 Acondicionamento e embalagem de dose unitária 
8.3.2 Materiais utilizados no preparo de dose unitária 
8.3.3 Considerações específicas de embalagem das seguintes formas farmacêuticas 
8.3.3.1 Líquidos para uso oral 
8.3.3.2 Sólidos de uso oral 
8.3.3.3 Medicamentos para o uso parenteral 
8.3.4 Requisitos para implantação do sistema de distribuição por dose unitária 
8.3.5 Vantagens do sistema de distribuição por dose unitária 
8.3.6 Desvantagens do sistema de distribuição por dose unitária 
 
 
MÓDULO II 
9 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
9.1 O PROCESSO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
9.2 VANTAGENS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
9.3 ETAPAS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
9.4 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
10 COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
10.1 COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA 
10.2 ESTRUTURA DAS COMISSÕES DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
11 FORMULÁRIO FARMACÊUTICO 
12 REALIZAÇÃO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
12.1 SELEÇÃO QUALITATIVA DE MEDICAMENTOS: REVISÃO DE CLASSE 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
TERAPÊUTICA 
12.2 MÉTODO QUANTITATIVO PARA A SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
12.2.1 Definição do problema, dos objetivos e identificação das alternativas 
12.2.2 Definição dos critérios de avaliação 
12.2.3 Caracterização das informações necessárias à análise de decisão 
12.2.4 Análise de decisão 
12.3 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS REALIZADA POR SISTEMA DE ANÁLISE 
DE AVALIAÇÃO POR OBJETIVO – SYSTEM OF OBJECTIFIED JUDGMENT 
ANALYSIS (SOJA) 
13 SELEÇÃO DE MEDICAMENTO PARA REDUZIR CUSTOS COM ASSISTÊNCIA 
FARMACÊUTICA 
14 INFECÇÕES HOSPITALARES E COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÕES 
HOSPITALARES (CCIH) 
14.1 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH) 
15 MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS 
15.1 FORMAS FARMACÊUTICAS NÃO ESTÉREIS DE IMPORTÂNCIA NA 
MANIPULAÇÃO HOSPITALAR 
15.2 ESTRUTURA FÍSICA LABORATORIAL PARA MANIPULAÇÃO DE 
MEDICAMENTOS NÃO ESTÉREIS 
16 QUIMIOTERAPIA E AS ATRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO ONCOLÓGICO 
16.1 ATENDIMENTO ÀS PRESCRIÇÕES MÉDICAS 
16.2 CENTRAL DE MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS 
16.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA MANIPULAÇÃO DE 
ANTINEOPLÁSICOS 
16.4 SEGURANÇA NA MANIPULAÇÃO DE QUIMIOTERAPIA 
16.5 CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DOS ANTINEOPLÁSICOS 
16.6 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA AO PACIENTE ONCOLÓGICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
 
MÓDULO III 
17 NUTRIÇÃO PARENTERAL: NUTRIENTES E VIAS 
17.1 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
17.2 COMPLICAÇÕES MECÂNICAS, SÉPTICAS E METABÓLICAS 
17.2.1 Complicações pela inserção do cateter 
17.2.2 Complicações sépticas 
17.2.3 Complicações metabólicas 
17.2.3.1 Glicosúria 
17.2.3.2 Síndrome hipoglicêmica 
17.2.3.3 Hipofosfatemia 
17.2.3.4 Hipomagnesemia 
17.2.3.5 Concentrações séricas de lipídios 
17.2.3.6 Deficiência de ácidos graxos essenciais 
17.2.3.7 Alterações Hepáticas 
17.2.3.8 Vitaminas 
17.2.3.9 Alterações ósseas 
17.3 COMPOSIÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
17.3.1 Macronutrientes 
17.3.1.1 Fontes nitrogenadas 
17.3.1.2 Fontes de carboidratos 
17.3.1.3 Fontes de lipídios 
17.3.2 Micronutrientes 
17.3.2.1 Vitaminas 
17.3.2.2 Eletrólitos 
17.3.2.3 Oligoelementos 
17.4 OSMOLARIDADE DAS SOLUÇÕES 
17.5 NOVOS SUBSTRATOS EM NUTRIÇÃO PARENTERAL 
17.6 REQUISITOS ESTRUTURAIS, AMBIENTAIS E FÍSICOS DO SETOR DE 
NUTRIÇÃO 
17.6.1 Estrutura física 
17.6.2 Barreira de isolamento 
17.6.2.1 Estrutura física da barreira de isolamento 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
17.6.2.2 Ambiente interno da barreira de isolamento 
17.6.2.3 Tecnológica de interação da barreira de isolamento 
17.6.2.4 Sistema de monitoramento da barreira de isolamento 
17.7 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
17.7.1 Estrutura organizacional 
17.7.2 Recursos humanos e responsabilidade 
17.7.3 Saúde, higiene e conduta 
17.7.4 Vestuário 
17.7.5 Material 
17.7.6 Seleção do recipiente 
17.7.7 Técnicas de preparo da nutrição parenteral 
17.7.7.1 Preparo com misturadores automáticos 
17.7.7.2 Preparo utilizando soluções parcialmente prontas 
17.7.7.3 Preparo de lotes 
17.7.7.4 Rotulagem e embalagem 
17.7.7.5 Conservação e transporte 
17.7.7.6 Validação 
17.7.7.7 Prazo de validade 
17.8 ESTABILIDADE E COMPATIBILIDADE DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
17.8.1 Incompatibilidade entre íons cálcio e fosfato 
17.8.2 Magnésio 
17.8.3 Sódio, potássio, acetato e cloreto 
17.8.4 Bicarbonato 
17.8.5 Interações entre nutrientes e medicamentos 
17.8.6 Interações entre nutrientes 
17.9 GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE DA NUTRIÇÃO PARENTERAL 
17.9.1 Garantia da Qualidade 
17.9.2 Controle de Qualidade 
18 POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS E RENAME 
18.1 DIRETRIZES E PRIORIDADES DA PNM 
18.1.1 Adoção de uma relação nacional de medicamentos essenciais 
18.1.2 Regulamentação sanitária de medicamentos 
18.1.3 Reorientação da assistência farmacêutica 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
18.1.4 Promoção do uso racional de medicamentos 
18.1.5 Desenvolvimento científico e tecnológico 
18.1.6 Promoção da produção de medicamentos 
18.1.7 Garantia da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos 
18.1.8 Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos 
18.1.9 Responsabilidades das esferas de governo 
18.2 MEDICAMENTOS GENÉRICOS 
19 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: ATENÇÃO FARMACÊUTICA E FARMÁCIA 
CLÍNICA 
19.1 A EVOLUÇÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR E O SURGIMENTO DA 
FARMÁCIA CLÍNICA 
19.2 FARMÁCIA CLÍNICA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E METODOLOGIA 
19.2.1 Objetivos da Farmácia Clínica 
19.2.2 Metodologia da Farmácia Clínica 
19.3 ATENÇÃO FARMACÊUTICA: CONCEITO, FILOSOFIA E PRINCÍPIOS 
 
 
MÓDULO IV 
20 FARMACOECONOMIA 
20.1 CUSTOS 
20.1.1 Custos diretos 
20.1.2 Custos indiretos 
20.1.3 Custos intangíveis 
20.2ANÁLISE FARMACOECONÔMICA 
20.2.1 Análise de custo-benefício 
20.2.2 Análise de custo-efetividade 
20.2.3 Análises de custo-utilidade 
20.2.3.1 Avaliação da qualidade de vida associada à saúde 
21 FARMACOVIGILÂNCIA 
21.1 ESTUDOS DE FARMACOVIGILÂNCIA 
21.1.1 Caso Controle 
21.1.2 Coorte 
21.1.3 Ecológicos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
21.1.4 Transversais 
21.2 PROJETO HOSPITAL SENTINELA 
22 CENTRO DE INFORMAÇÕES SOBRE MEDICAMENTOS (CIM) 
22.1 A UTILIZAÇÃO E A PRODUÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE 
MEDICAMENTOS PELO CIM 
22.2 CENTROS DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS NO BRASIL 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
 
 
MÓDULO I 
 
 
1 FARMÁCIA HOSPITALAR: HISTÓRICO, OBJETIVOS E FUNÇÕES 
 
 
A atuação do farmacêutico nas instituições hospitalares é importante para 
garantir uma assistência farmacêutica adequada dentro de critérios técnico-
científicos. Além disso, o farmacêutico hospitalar está habilitado, por meio de 
mecanismos gerenciais, a contribuir na redução de custos por intermédio de uma 
administração eficaz e racional. A modernização das atividades hospitalares 
acarretou a necessidade da participação cada vez mais efetiva deste profissional na 
equipe de saúde. 
 
 
1.1 HISTÓRICO E CONCEITOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
No início do século XX, o farmacêutico atuava e exercia influência sobre 
todas as etapas do ciclo do medicamento. Para a sociedade, era um profissional de 
referência nos aspectos do medicamento sempre consultado por todas as classes 
de cidadãos. Responsável pela guarda e dispensação de medicamentos, nesta fase 
inicial, o farmacêutico hospitalar, também, manipulava praticamente todo arsenal 
terapêutico disponível na época. Com a expansão da indústria farmacêutica, a 
prática de formulação pela classe médica foi abandonada, somando-se a 
diversificação do campo de ação do profissional farmacêutico, levaram-no a se 
distanciar da área de medicamentos, descaracterizando a farmácia. Entre 1920 e 
1950, as farmácias hospitalares converteram-se num canal de distribuição de 
medicamentos produzidos pela indústria devido à intensificação da 
descaracterização das funções do farmacêutico. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
A partir de 1950, os serviços de farmácia, representados na época pelas 
Santas Casas de Misericórdia e Hospital das Clínicas de São Paulo, passaram a 
desenvolver-se e modernizar-se. Um nome inesquecível na luta pela reestruturação 
da farmácia hospitalar no país é o do professor José Sylvio Cimino, que dirigia o 
serviço de farmácia do Hospital das Clínicas de São Paulo e que publicou em 1973 o 
livro Iniciação a Farmácia Hospitalar, primeira obra científica da área. 
Em 1975, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) introduziu no 
currículo do curso de Farmácia a disciplina Farmácia Hospitalar, tornando-se mais 
tarde uma realidade em diversas universidades. Além disso, em 1980, foi implantado 
o curso de pós-graduação em Farmácia Hospitalar na Universidade Federal do Rio 
de Janeiro (UFRJ). 
A partir de 1982, o Ministério da Educação (MEC), passou a incentivar 
programas de desenvolvimento para a farmácia hospitalar, colaborando para a 
formação de um número elevado de profissionais. Em 1985, o Ministério da Saúde, 
preocupado com os problemas de infecção hospitalar, passou a incentivar a 
reestruturação das farmácias hospitalares, promovendo cursos de especialização. 
Já em 1995, foi criada a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar 
(SBRAFH), contribuindo intensamente para a dinamização da profissão e para o 
desenvolvimento da produção técnico-científica nas áreas de assistência 
farmacêutica hospitalar. 
Nesse momento, vivemos uma fase clínico-assistencial da farmácia 
hospitalar, como expressa o conceito da SBRAFH: “Unidade clínica, administrativa e 
econômica, dirigida por profissional farmacêutico, ligada, hierarquicamente, à direção 
do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao 
paciente”. A atuação da farmácia hospitalar se preocupa com os resultados da 
assistência prestada ao paciente e não apenas com a provisão de produtos e 
serviços. Como unidade clínica, o foco de sua atenção deve estar no paciente, nas 
suas necessidades e no medicamento, como instrumento. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
 
 
1.2 OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
Em uma farmácia hospitalar, os objetivos devem ser definidos visando a 
alcançar eficiência e eficácia na assistência ao paciente e integração às demais 
atividades desenvolvidas no ambiente hospitalar. 
São objetivos básicos da farmácia hospitalar: 
 Desenvolver, em conjunto com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, 
ou similar, a seleção de medicamentos necessários ao perfil assistencial do 
hospital; 
 Contribuir para a qualidade da assistência prestada ao paciente, 
promovendo o uso seguro e racional de medicamentos e correlatos. 
Considerado o principal objetivo da farmácia hospitalar pela SBRAFH; 
 Estabelecer um sistema eficaz, eficiente e seguro de distribuição de 
medicamentos; 
 Implantar um sistema apropriado de gestão de estoques; 
 Fornecer subsídios para avaliação de custos com a assistência 
farmacêutica e para elaboração de orçamentos; 
 Propiciar suporte para as unidades de produção de propedêutica e 
terapêutica. 
Com o intuito de atingir seus objetivos, a farmácia hospitalar deve contar 
com um sistema eficiente de informações, dispor de sistema de controle e manipular 
corretamente os fatores de custos. É essencial, também, o planejamento e 
gerenciamento adequado do serviço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
 
 
FIGURA 1- QUADRO RESUMO DOS OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
1.3 FUNÇÕES DA FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde do 
Brasil definem como funções fundamentais da farmácia hospitalar: 
 Seleção de medicamentos, germicidas e correlatos necessários ao 
hospital, realizada pela comissão de farmácia e terapêutica (CFT) ou 
correspondente e associada a outras comissões quando necessário; 
 Aquisição, conservação e controle dos medicamentos selecionados 
estabelecendo níveis adequados para a aquisição por meio de um 
gerenciamento apropriado dos estoques. O armazenamento de 
medicamentos deve seguir as normas técnicas para preservar a qualidade 
dos medicamentos; 
SELEÇÃO DE 
MEDICAMENTOS 
FARMÁCIA 
HOSPITALAR 
 
DISTRIBUIÇÃO DE 
MEDICAMENTOS 
USO SEGURO E 
RACIONAL DE 
MEDICAMENTOS 
SUPORTE AS 
UNIDADES DE 
PRODUÇÃO 
AVALIAÇÃO DE 
CUSTOS E 
ORÇAMENTOS 
GESTÃO DE 
ESTOQUES 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
 Manipulação, produção de medicamentos e germicidas, seja pela 
indisponibilidade de produtos no mercado, para atender prescrições 
especiais ou por motivos de viabilidade econômica; 
 Implantação de um sistema de informação sobre medicamentos para 
obtenção de dados objetivos que possibilitem à equipe de saúde otimizar a 
prescrição médica e a administração de medicamentos. O sistema deve ser 
útil na orientação ao paciente no momento da alta ou nos tratamentos 
ambulatoriais. 
Essas funções são prioritárias em uma farmácia hospitalar e, portanto, 
suporte fundamental para o desenvolvimento de vários programas assistenciais na 
instituição. 
Podemos estabelecer, de forma didática, uma proposta de desenvolvimento 
escalonado da farmácia hospitalar em quatro fases. Na fase um, dedica-se à 
estruturação do serviço; na fase dois, inicia-se a especialização dos serviços; na 
fase três, aprimora-se a especialização; e, na fase quatro, implementam-se as ações 
clínico assistenciais (Figura 2). 
 
FIGURA 2 - PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO ESCALONADO DA FARMÁCIA 
HOSPITALAR 
 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem emFarmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
 
 
2 ÁREA FÍSICA TOTAL DA FARMÁCIA E LOCALIZAÇÃO IDEAL 
 
 
Há na literatura algumas publicações que relacionam a área física da 
farmácia com o número de leitos hospitalares: 1,5m²/leito (JOSÉ SYLVIO CIMINO), 
1,2m²/leito (OPAS) e 1,0m²/leito (SOCIEDADE ESPANHOLA DE FARMÁCIA 
HOSPITALAR). 
Ao prever o dimensionamento de uma farmácia hospitalar, o ideal, é 
considerar, além do número de leitos, outros fatores de suma importância que 
influenciarão no desenvolvimento das atividades a serem executadas. Destacam-se 
entre esses fatores: 
 Tipo de hospital (especializado, geral, policlínico, de ensino, 
filantrópico); 
 Nível de especialização da assistência médica prestada no hospital; 
 Fonte mantenedora e tipo de atendimento (particulares, convênio com 
o SUS e outros); 
 Programação das necessidades da farmácia em função das atividades 
propostas; 
 Região geográfica onde se localiza o hospital, considerando as 
dificuldades de aquisição e transporte de medicamentos. 
Devido às suas peculiaridades e independentemente da diretoria a que 
esteja vinculada, a farmácia deve desenvolver um relacionamento integrado com as 
divisões clínicas e administrativas. 
A localização da farmácia deve ser tecnicamente correta, devendo ser 
observados os seguintes aspectos: 
 Facilidade de circulação e reabastecimento; 
 Equidistância das unidades usuárias e consumidoras, permitindo um 
fácil acesso; 
 Certo grau de isolamento devido aos ruídos (quando houver produção 
industrial ou semi-industrial), assim como odores e poluição; 
 Critérios técnicos e administrativos empregados. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 16 
 
 
3 PLANEJAMENTO, CONTROLE E FUNÇÃO DO FARMACÊUTICO 
 
 
Instrumento de gestão indispensável em uma farmácia hospitalar é o 
planejamento, processo de estabelecer objetivos e linhas de ação adequadas 
para alcançá-los. O controle, por sua vez, encarrega-se de assegurar o êxito dos 
planos elaborados. 
O planejamento na farmácia hospitalar, como em todas as organizações, se 
inter-relaciona com as demais funções administrativas. O sucesso do planejamento 
depende da eficiência de outras funções, e essas existem em consonância com o 
planejamento. Portanto, a organização, a direção e o controle não têm razão de ser 
se não existir um planejamento para assegurar a organização e que defina a direção 
a caminhar e o que controlar. 
Um serviço de farmácia deverá ser administrado por um profissional 
farmacêutico com qualificação e experiência em farmácia hospitalar. 
O serviço de farmácia deve dispor de um número adequado de farmacêuticos 
e profissionais de apoio (nível médio) qualificados e competentes. A SBRAFH 
preconiza que a unidade de farmácia hospitalar deve contar com, no mínimo, um 
farmacêutico para cada 50 leitos. O número de auxiliares de farmácia dependerá da 
disponibilidade de recursos e do grau de informatização da unidade. Na ausência 
destes recursos, deve existir, no mínimo, um auxiliar para cada dez leitos. 
O perfil do farmacêutico hospitalar deve abranger as habilidades, destrezas, 
comportamentos e atitudes consideradas fundamentais para o farmacêutico 
moderno segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que inclui na descrição 
das características do farmacêutico moderno: 
 
 Capacidade técnica de prestação de serviço 
O farmacêutico é um prestador de serviços clínicos, analíticos e tecnológicos 
aos indivíduos, comunidades e instituições. A prática assistencial deve ser contínua, 
de alta qualidade e integrada aos sistemas de saúde. Portanto, exige-se boa formação 
técnica. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
 
 Poder de decisão 
A base de trabalho do farmacêutico deve ser a utilização adequada, eficaz, 
com análise de custo e efetividade dos recursos (materiais e humanos) empregados. 
Para atingir esta meta é necessária habilidade de avaliar, sintetizar e decidir pela 
estratégia de ação mais eficaz. 
 
 Capacidade de comunicação 
Habilidade de comunicação verbal, não verbal, escrita e escuta são 
essenciais para a prática assistencial, pois o farmacêutico interage com pacientes, 
com as equipes de saúde e administrativa. 
 
 Liderança 
O farmacêutico deve assumir, muitas vezes, uma posição de liderança para 
desenvolver suas atividades. Liderança envolve solidariedade e empatia, assim 
como a habilidade para decidir, comunicar e gerenciar de forma efetiva. 
 
 Habilidade gerencial 
O farmacêutico deve gerenciar de forma eficaz os recursos (humanos e 
físicos) e a informação. Como gerente de nível intermediário deve possuir boa 
integração e relação com os níveis hierárquicos da instituição. 
 
 Aperfeiçoamento profissional 
O avanço tecnológico e a produção técnico-científica do mundo moderno 
exigem a atualização constante dos profissionais. A disponibilidade para aprender 
novas metodologias e reciclar conhecimentos é essencial. 
 
 Capacidade de ensinar 
O farmacêutico, na vida profissional, necessita transmitir o conhecimento e 
elaborar procedimentos, visando melhorar as habilidades da equipe de trabalho. 
Os níveis de autoridade e áreas de responsabilidade devem ser claros; a 
supervisão e o controle do pessoal devem ser desenvolvidos adequadamente. As 
atribuições de cada categoria profissional devem estar bem estabelecidas e deverão 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 18 
ser revisadas quando necessário. É importante o serviço dispor de manual contendo 
essas atribuições para conhecimento e consulta de todos os funcionários. 
Uma gestão de recursos humanos adequada, coordenada pelo chefe do 
serviço com auxílio dos supervisores, irá garantir aos funcionários uma satisfação no 
trabalho e cumprimento dos planos de atividade, colaborando, assim, para que a 
farmácia da instituição atinja seus objetivos. 
 
 Gerenciamento de recursos materiais 
A gestão dos recursos materiais deve ser executada pela seção 
administrativa do serviço de farmácia e supervisionada pelo farmacêutico. 
Na dinâmica hospitalar contemporânea o impacto dos preços dos 
medicamentos nos gastos assistenciais é muito grande, impondo uma gestão de 
estoques de controle rígida, capaz de obter, coordenar e analisar fatos, para tomar 
decisões corretas a tempo e a hora, visando a redução dos custos sem prejuízo da 
assistência ao paciente. 
A administração de estoques de medicamentos compreende gerir estoques 
essenciais e padronizados, exigindo, para sua especialidade, a atuação de 
profissionais qualificados e conhecimento profundo em: 
 bases farmacológicas dos medicamentos em estoque; 
 similaridade; 
 condições ideais e exigências de conservação; 
 controle do prazo de validade dos medicamentos estocados, de modo 
que com habilidade profissional conduza ao escoamento mais rápido os 
estoques mais antigos e cujos prazos de validade estão mais próximos. 
Dessa forma, torna-se imprescindível a implantação de um sistema bem 
estruturado em todas as fases do processo de controle de estoque, para que a 
continuidade do processo de assistência farmacêutica seja assegurada e não haja 
ruptura do estoque, garantindo o atendimento da demanda das prescrições. 
 
 Análise de prescrição e distribuição eficiente 
A farmácia deve ser responsável pela aquisição, distribuição e controle de 
todos os medicamentos utilizados no hospital. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 19 
Deve ser prioridade a implantação de sistemas apropriados de distribuição 
de medicamentos. 
O farmacêutico deve analisar as prescrições de medicamentos antes de 
serem dispensadas, exceto em situações de emergência. As dúvidas devem ser 
resolvidas com o prescritor e as decisões tomadas precisam ser registradas para 
que o resultado seja a distribuição correta do medicamento. 
 
 Fornecimento de informações sobre medicamentos 
O farmacêutico é responsável pelo fornecimento de informações adequadas 
sobre medicamentos paraa equipe de saúde. Para tal, os farmacêuticos devem se 
manter atualizados por meio de literatura, visitas técnicas, participação em grupos 
de estudos e em grandes eventos científicos. A equipe deve elaborar e divulgar 
boletins informativos sobre o uso de medicamentos. 
 
 Otimização de terapia medicamentosa 
Visando melhorar e garantir a qualidade da farmacoterapia, o farmacêutico 
tem participação importante na elaboração de uma política de uso racional dos 
medicamentos. Este trabalho deve ser executado com o apoio da diretoria clínica e a 
colaboração da comissão de farmácia e terapêutica. 
O uso racional de medicamentos consiste em obter o efeito terapêutico 
adequado à situação clínica do paciente utilizando o menor número de fármacos, 
durante o período mais curto e com o menor custo possível. 
A otimização da terapia medicamentosa é função precípua da unidade de 
farmácia hospitalar. Contribui para diminuir a permanência do paciente no hospital e 
para a melhoria de sua qualidade de vida. 
 
 
4 CENTRO DE ABASTECIMENTO FARMACÊUTICO (CAF) 
 
 
A Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF) é a unidade de assistência 
farmacêutica que serve para o armazenamento de medicamentos e correlatos, onde 
são realizadas atividades quanto à sua correta recepção, estocagem e distribuição. 
 
 
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 20 
A CAF exerce atividades operacionais e de planejamento, tais como: 
 Receber os produtos comprados acompanhados das notas fiscais e 
conferi-los, adotando as normas técnicas de recebimento de produtos 
farmacêuticos. O recebimento deve seguir a rotina descrita no manual da 
farmácia; 
 Realizar os lançamentos de entrada por meio de sistema informatizado 
ou manualmente e guardar os produtos em locais apropriados de acordo 
com as normas técnicas; 
 Receber requisições das unidades assistenciais e da dispensação 
promovendo a separação, distribuição e registro de saída; 
 Realizar as atividades relacionadas à gestão de estoques; 
 Conservar os medicamentos em condições seguras, preservando a 
qualidade e permitindo o uso do sistema PEPS (primeiro a entrar, primeiro a 
sair, considerando o prazo de validade) para movimentação dos 
medicamentos; 
 Realizar levantamentos periódicos dos estoques e elaborar relatórios 
gerenciais. 
 
 
4.1 LOCALIZAÇÃO DOS MATERIAIS 
 
 
A perfeita identificação e localização dos materiais estocados sob 
responsabilidade da CAF é o principal objetivo da utilização de um sistema racional 
de localização de materiais, utilizando os seguintes aspectos: 
 
 Rotatividade do item 
Os itens que apresentam grande rotatividade, que entram em grandes 
volumes e com elevado peso devem ser armazenados próximos à área de 
expedição, facilitando assim a distribuição. 
 
 Ordem de entrada e saída 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 21 
Os medicamentos com menor prazo de validade devem ser armazenados à 
esquerda e na frente para serem dispensados primeiro. 
 
 Utilização de pallets 
Consistem em estrados de material resistente de dimensões diversas que 
evitam o contato dos produtos com o piso, evitando, assim, a ação da umidade e da 
poeira sobre os medicamentos. 
 
 Utilização de prateleiras 
Devem ser utilizadas prateleiras de material resistente de preferência de 
metal por serem imunes a ação de insetos e roedores, por suportarem maior peso e 
por apresentarem grande durabilidade. 
 
 Forma de empilhamento 
O empilhamento é uma forma de armazenamento de caixas que diminui a 
necessidade de divisões nas prateleiras (ou formando uma espécie de prateleira por 
si só) e permitindo assim o aproveitamento máximo do espaço vertical. 
 
 Ordenação do estoque 
O sistema de ordenação mais indicado é o dividido por forma farmacêutica 
em ordem alfabética. 
 
 Equidistância 
O armazenamento deve ser feito mantendo-se certa distância entre os 
produtos para facilitar a circulação de ar e permitir a limpeza. 
 
 
5 AQUISIÇÃO DE MATERIAIS: LICITAÇÕES 
 
 
A aquisição no setor público é regulamentada por conceitos e princípios do 
direito administrativo que, no conjunto, são denominados de licitações. 
 
 
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 22 
A licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a administração 
pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Visa a 
proporcionar iguais oportunidades aos que desejam contratar com o Poder Público. 
 
 
5.1 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO 
 
 
 Procedimento formal 
Significa que a licitação está vinculada às prescrições legais que a regem 
em todos os seus atos e fases. 
 
 Publicidade de seus atos 
Não há nem pode haver licitação sigilosa. A publicidade da licitação abrange 
desde a divulgação do aviso de sua abertura, até a adjudicação do edital. 
 
 Igualdade entre os licitantes 
A igualdade entre os licitantes é o princípio irrelegável na licitação. Nem o 
Estado pode oferecer condições especiais a um fornecedor, nem o fornecedor pode 
se colocar em uma situação de privilégio. 
 
 Sigilo na apresentação das propostas 
O sigilo há de ser guardado até a apresentação de documentação e 
propostas, no final do prazo fixado pela administração. 
 
 Vinculação ao edital 
A vinculação ao edital é princípio básico de toda licitação. Servindo para a 
administração divulgar a existência e as condições para licitar, o edital é um dos 
instrumentos mais importantes da licitação. 
 
 Julgamento objetivo 
A avaliação deve ser realizada, dentro do possível, com critérios verificáveis, 
levando em conta sempre a qualidade, o rendimento, o preço, os prazos de entrega 
 
 
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 23 
e o pagamento. Devido à diversidade e à especificidade dos materiais utilizados nos 
hospitais, o julgamento não pode ser feito somente por compradores. É necessária a 
participação do farmacêutico e de outros profissionais da equipe multidisciplinar para 
elaboração dos pareceres técnicos. 
 
 Adjudicação compulsória ao vencedor 
A adjudicação compulsória do objeto da licitação ao vendedor é, também, 
princípio irrelegável no procedimento licitatório. Ao vencedor fica reservado o 
fornecimento. Não se pode comprar de quem não venceu, enquanto o procedimento 
licitatório tiver validade. 
 
 
5.2 MODALIDADES DA LICITAÇÃO 
 
 
A legislação brasileira prevê as seguintes modalidades: 
 
 Lei 8666/1993 
 
 Concorrência 
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial 
de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação 
exigidos no edital. Deve ser utilizada para compras acima de R$ 650 mil e seu edital 
deve ser publicado com antecedência mínima de 45 dias. 
 
 Tomada de preço 
É a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou 
que atendem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia 
anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. 
Utilizada para valores entre R$ 80 mil e R$ 650 mil. Seu edital deve ser publicado 
com antecedência mínima de 30 dias. 
 
 Convite 
 
 
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 24 
Modalidade de licitação entre interessados cadastrados ou não, escolhidos e 
convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, a qual afixará, 
em local apropriado, cópia do instrumento convocatório (com antecedência mínima 
de cinco dias) e o estenderá aos demais cadastrados que manifestem seu interesse 
com antecedência de 24 horas da apresentação da proposta. Modalidade realizada 
para comprar de até R$ 80 mil. 
 
 Lei 10520/2002 
 
 Pregão 
O pregão é realizado mediante propostas e lances em sessão pública para 
qualquer valor de contrato. O autor da oferta de menor valor e os das ofertas de até 
10% superiores a ela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a 
proclamação do vencedor, sempre pelo critério de menor preço. Seu edital deve ser 
publicado com antecedência mínimade oito dias úteis. 
 
 
6 AQUISIÇÃO EM ÓRGÃOS PRIVADOS 
 
 
Hospitais privados podem fazer suas aquisições por meio de pesquisas de 
preços, contrato de fornecimento com fornecedores previamente selecionados ou 
adotando normas particulares estabelecidas pela instituição para assegurar 
competitividade e transparência nas negociações. 
Nos processos de compras em órgãos privados é recomendável observar os 
aspectos relacionados a seguir: 
 
 Número mínimo de cotações 
Para encorajar novos competidores, recomendam-se, no mínimo, três 
cotações. 
 
 Cadastramento de fornecedores 
 
 
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 25 
A pré-seleção dos concorrentes qualificados evita o dispêndio de tempo com 
um grande número de fornecedores dos quais, boa parte, muitas vezes, não tem 
condições adequadas para um bom negócio. 
 
 Preço objetivo 
O conhecimento prévio do preço justo, além de ajudar nas decisões do 
comprador, proporciona uma verificação no sistema de cotações. Pode, ainda, 
ajudar os competidores a serem competitivos mostrando que suas bases comerciais 
não são reais, e que seus preços estão fora de concorrência. Fornece ao comprador 
parâmetros para negociar com segurança. 
 
 Aprovação da compra 
Estabelece uma defesa da empresa pela garantia de um melhor julgamento, 
protegendo o comprador ao possibilitar a revisão de uma decisão individual. A 
aprovação da compra nos aspectos técnicos é feita pelo setor solicitante por meio de 
parecer técnico. Em algumas instituições é necessária uma aprovação administrativa 
para avaliação das condições da negociação da compra. 
 
 Registro da compra 
A documentação escrita anexa à solicitação de compras permite a revisão 
do processo e deve estar sempre disponível para esclarecer dúvidas posteriores. 
O farmacêutico geralmente não executa as compras, mas deve participar do 
processo de compras elaborando especificações do produto, indicando 
fornecedores, emitindo parecer técnico e fazendo o recebimento dos produtos. 
 
 
7 CONTROLE DE ESTOQUE 
 
 
A crise financeira que o Brasil enfrentou nas décadas de 1980 e 1990 e a 
elevação dos custos da assistência à saúde influenciaram e ainda têm afetado muito 
os hospitais brasileiros, levando a mudanças significativas na administração 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 26 
hospitalar. As instituições hospitalares têm procurado se adaptar às novas 
realidades, buscando otimizar a aplicação dos recursos financeiros que dispõem. 
O objetivo atual da administração hospitalar é adaptar-se às contínuas 
mudanças do mercado para promover meios necessários para assistência aos 
pacientes de forma efetiva. 
Nesse contexto, a administração de materiais possui importante papel, já 
que estes produtos são parte significativa dos gastos dos hospitais, pois os 
medicamentos comprometem cerca de 5% a 20% dos orçamentos dos hospitais. 
Embora, aparentemente, o peso das despesas com medicamentos não seja alto, 
este é um instrumento crucial para a assistência ao paciente e sua participação nas 
despesas com saúde vem subindo de forma progressiva nos últimos anos. 
Além do aspecto econômico, a preocupação com a qualidade é um requisito 
essencial, pois o paciente tem direito a uma assistência de qualidade 
independentemente da situação financeira da instituição. A participação do 
profissional de saúde dentro do processo logístico de materiais é imprescindível, 
pois é ele que normalmente solicita o produto com a correta especificação, controla 
a qualidade do que vai ser comprado, realiza o recebimento qualitativo e, finalmente, 
em várias situações, é também usuário destes materiais nas suas atividades. 
 
 
7.1 ESPECIFICIDADES DO CONTROLE DE ESTOQUES 
 
 
O controle de estoques é um dos componentes de gestão de materiais 
caracterizado por um subsistema incumbido de determinar “Quando” e “Quanto” 
comprar para uma aquisição adequada. 
O quanto comprar é obtido a partir da média aritmética móvel aliada ao 
estoque de segurança, análise ABC de valor e outros parâmetros. 
 
 
7.1.1 Parâmetros de compra 
 
 
 
 
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 27 
7.1.1.1 Média aritmética móvel 
 
 
O método para a previsão de estoques mais utilizado no meio hospitalar é a 
média aritmética móvel. Este método permite orientar a previsão de consumo para o 
próximo período por meio da média aritmética dos valores nos “n” últimos períodos (n 
= número de meses). A escolha do valor de “n” é arbitrária e depende da experiência 
do gerente. Quanto maior for o “n”, menor a resposta a variações de consumo e vice-
versa. Recomenda-se trabalhar com o “n” superior a 3 e inferior a 12. 
No meio hospitalar, as variações de consumo, principalmente de 
medicamentos, ocorre com maior frequência de acordo com o modelo de evolução 
sazonal. Considera-se a variação como sazonal, quando apresenta um desvio 
mínimo de 25% do consumo médio mensal (CMM) e surge atrelada a causas 
específicas (verão, inverno, epidemias e outros). 
Outra variação de consumo que ocorre com materiais hospitalares é o 
modelo de evolução de consumo sujeito e tendências. Isso fica em evidência 
quando o consumo médio aumenta ou diminui com o tempo, retratando itens novos 
que começam a ter maior aceitação ou itens que vão caindo em desuso. 
Existe ainda a evolução de consumo modelo horizontal, que retrata uma 
tendência constante por não sofrer influências. 
Assim, ao se estabelecer o valor de “n” deve-se ter em conta o modelo de 
evolução de consumo no período. 
 
 
 
 
CMM = consumo médio mensal 
n = número de meses 
 
 
A cada novo mês, acrescenta-se o mês mais recente e despreza-se o mais 
antigo. Além da média móvel, têm-se outras formas de previsão de consumo, 
praticamente não empregadas em hospitais. 
CMM= consumo de “n” últimos meses 
 n 
 
 
 
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 28 
 
 
7.1.1.2 Último período 
 
 
Baseia-se em uma determinação simples com utilização dos mesmos dados 
coletados no período anterior. Sua aplicabilidade é direcionada a produtos de 
consumo uniforme, em que na representação gráfica, constatam-se duas curvas 
idênticas em períodos de tempos diferentes. 
 
 
7.1.1.3 Média móvel ponderada 
 
 
Utilizada quando o método do último “período” torna-se inaplicável por 
ocorrência de grandes variações nos períodos mais próximos. Os pesos são valores 
decrescentes dos consumos mais recentes para os mais antigos. Objetiva ajustar da 
melhor maneira a tendência da curva de consumo, sendo uma variação do método 
da média móvel. Alguns programas para controle de estoque têm trabalhado com 
este tipo de média. 
 
 
7.1.1.4 Média ponderada exponencial 
 
 
Considera-se o erro de previsão do período anterior. Determina-se a próxima 
previsão a partir da “adição da previsão anterior ao produto da constante de 
amortecimento pelo erro de previsão”. Utilizando a seguinte fórmula: 
 
 
 
 
Xt = Previsão de consumo 
Xt = X(t-i) + α (X(t-i) – X(t-i)) 
 
 
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 29 
X (t - i) = Consumo ocorrido no período anterior 
X (t - i) = previsão de consumo no período anterior 
X (t - i) - X (t - i) = Erro de previsão 
Erro de previsão - é a diferença entre consumo ocorrido no período anterior e a previsão 
de consumo no mesmo período. 
α = Constante de amortecimento (dado empírico, estabelecido normalmente entre 0,1 e 
0,3). O valor escolhido deve ser menor para consumos uniformes e maior para variações maiores de 
consumo. 
 
 
7.1.1.5 Mínimos quadrados 
 
 
Método que permite fazer previsão para mais de um período. É de difícil 
aplicação por exigir utilização de muitos dados. Não recomendado na área de 
medicamentos e materiais médico-hospitalares por apresentar o hospital dados de 
consumo sazonais e pela falta de interesse da administração hospitalar em fazer 
previsões para grandes períodos. 
A média aritmética móvel é a média de consumo eleita para funcionar como 
precursora de outros parâmetrosde dimensionamento de estoques na área 
hospitalar. Na determinação do quanto comprar é necessário empregá-la juntamente 
com o estoque de segurança e análise ABC de valor. 
 
 
7.1.2 Estoque de segurança 
 
 
Estoque de segurança, também conhecido como estoque mínimo, é a 
quantidade de cada item que deve ser mantida como reserva para garantir a 
continuidade do atendimento, em caso de ocorrência não previstas – como elevação 
brusca do consumo e atraso no suprimento. O estoque de segurança evita ruptura 
do estoque que teria como consequência a queda no nível de atendimento e o 
próprio custo da ruptura. 
 
 
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 30 
O custo da ruptura de estoque pode ser avaliado levando em conta os 
seguintes parâmetros: 
 Custo do não atendimento; 
 Custo com o pessoal que estará, temporariamente, subutilizado pela 
falta do material; 
 Custo adicional do material adquirido para manutenção do nível de 
atendimento; 
 Custo do trabalho desenvolvido. 
O estoque de segurança depende do consumo, do tempo de abastecimento 
e da classificação ABC do produto. O consumo utilizado para esta determinação é 
geralmente representado pala média móvel. 
O tempo de abastecimento (TA) é o intervalo de tempo entre o início do 
processamento interno da compra (incluindo a emissão do pedido) e a chegada do 
material ao local de armazenamento. O tempo de processamento interno (TPI) 
compreende o período do planejamento, elaboração do pedido, emissão e 
processamento da compra. Já o tempo de processamento externo (TPE) abrange o 
espaço entre a emissão da ordem de fornecimento e a entrega do produto no hospital. 
 
 
 
TA = Tempo de Abastecimento 
TPI = Tempo de Processamento Interno 
TPE = Tempo de Processamento Externo 
 
 
O tempo de abastecimento pode variar de região para região e de uma 
instituição para outra. Por exemplo, no caso das instituições governamentais, a 
aquisição de materiais é regida pela Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, e suas 
alterações que tornam o tempo de abastecimento prolongado devido aos trâmites 
burocráticos estabelecidos para a licitação. 
Além do tempo de abastecimento, a determinação do estoque de segurança 
requer a classificação do item obtida por meio da curva ABC. 
 
 
TA = TPI + TPE 
 
 
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 31 
 
 
 
7.1.3 Curva ABC 
 
 
Itens de um estoque apresentam normalmente diferentes posições no fluxo 
de materiais e variados graus de utilização. O estudo técnico dessas ocorrências por 
meio do agrupamento de itens de acordo com seu custo, preferencialmente anual, 
permite a elaboração da curva ABC. A administração tem utilizado a curva ABC para 
os programas de suprimento e produção, aplicação do capital de giro e 
disponibilização de recursos em situações de urgência. 
A curva ABC, conhecida também como curva 80-20 ou gráfico de Pareto, foi 
aplicada à administração de empresas, inspirada no estudo de Vilfredo Pareto, 
realizado na Itália em 1897. O estudo constatou que a grande porcentagem de renda 
(80%) estava concentrada nas mãos de pequena parcela da população (20%). Daí o 
princípio foi adaptado à administração de materiais onde a definição das classes 
ABC obedece a faixas predeterminadas e onde se tem, no máximo, 20% de itens 
classe A, de 20% a 30% classe B e 50% de itens classe C. Estes valores têm uma 
correspondência em porcentagens de custo ou investimento. 
 
 
TABELA 1 - CLASSES DA CURVA ABC OU GRÁFICO DE PARETO 
Classes da curva ABC 
 
% de itens % de custos 
Classe A 20 50 
Classe B 20-30 20-30 
Classe C 50 20 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em 
Farmácia Hospitalar, 2006. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 32 
 
A classificação da tabela 1 demonstra que aproximadamente 20% do total 
dos itens correspondem a quase 50% do custo ou investimento (classe A). E que 
50% do total de itens correspondem a apenas 20% do custo, o que constitui a classe 
C. A partir desta determinação, conclui-se que a classe A detém maior importância 
administrativa, devendo cada classe receber tratamento diferenciado. 
 
 
7.1.3.1 Elaboração da curva ABC 
 
 
Será apresentado um exemplo constituído por dez itens apenas, para 
exemplificar didaticamente a elaboração de uma curva 80-20 ou curva ABC. 
Os seguintes dados são necessários para construção da curva ABC: 
 Relação dos itens ou artigos pertencentes a um mesmo grupo ou 
subgrupo. Por exemplo: medicamentos em geral, materiais médico 
hospitalares entre outros; 
 Custo unitário médio de cada item, fornecido por uma mesma tabela ou 
de uma mesma época; 
 Consumo anual de cada item (preferencialmente); 
 Custo anual ou capital investido; 
As fases para elaboração da curva são: coleta e ordenação de dados. 
 
 
7.1.3.1.1 Coleta de dados 
 
 
Relacionar todos os itens, seu custo unitário e, preferencialmente, o consumo 
anual. Por meio do produto destes valores, obtém-se o custo total ou custo anual. 
A partir do custo anual de cada item, realiza-se a ordenação dos dados e 
relacionam-se os itens segundo o valor decrescente do custo anual. Segue-se com 
a relação acumulada dos custos anuais a partir da qual se determinam as 
porcentagens. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 33 
 
 
 
TABELA 2 - RELAÇÃO DO CUSTO ANUAL FICTÍCIO 
Relação do custo anual 
Itens 
Custo unitário 
(R$) 
Consumo 
anual 
Custo anual 
(R$) 
X1 0,4 600 240 
X2 2,3 1000 2300 
X3 1,1 300 330 
X4 19 10 190 
X5 1,2 1200 1440 
X6 6,3 800 5040 
X7 0,35 4000 1400 
X8 0,25 6000 1500 
X9 4,1 2000 8200 
X10 0,82 500 410 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em 
Farmácia Hospitalar, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 34 
 
TABELA 3 - Montagem da curva ABC de 10 itens fictícios 
Classificação ABC de 10 itens 
Grau Item 
Custo anual 
(R$) 
Custo anual 
acumulado (R$) 
% 
acumulada Classificação 
1° X9 8200 8200 38,95 A 
2° X6 5042 13240 62,89 A 
3° X2 2300 15540 73,8 B 
4° X8 1500 17040 80,9 B 
5° X5 1440 18480 87,7 B 
6° X7 1400 19880 94,4 C 
7° X10 410 20290 96,3 C 
8° X3 330 20620 97,9 C 
9° X10 240 20860 99,09 C 
10° X4 190 21050 100 C 
FONTE: Adaptado de Gomes, M.J.V.M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em 
Farmácia Hospitalar, 2006. 
 
 
7.1.3.2 Comportamentos da curva ABC 
 
 
Os itens classe A são aqueles que correspondem à maior parte do 
investimento e devem ser priorizados administrativamente e, portanto, se tornam 
importantes para a determinação do estoque de segurança. 
O estoque de segurança dos itens A deve ser calculado como o suficiente 
para garantir o atendimento contínuo durante uma fração do tempo de 
abastecimento. É recomendável que os itens classe A tenham alto índice de 
rotatividade para permitir maior capital de giro disponível, evitando imobilização de 
recursos. Os itens B terão um estoque de segurança maior do que os de classe A e 
os de classe C maior do que os da classe B. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 35 
 
Podem ser utilizadas as seguintes fórmulas na determinação do estoque de 
segurança (ES): 
 
 
 
 
 
ES = estoque de segurança 
CM = média aritmética móvel 
TA = tempo de abastecimento (em meses) 
 
 
É necessário calcular o tempo de abastecimento (TA), sendo este sempre 
transformado em meses, por exemplo: 45 dias correspondem a TA = 1,5; 120 dias 
correspondem a TA = 4,0. O coeficiente de tempo de abastecimento (fração que 
multiplica TA) é determinado de forma empírica, baseado na realidade administrativa, 
podendo ser estabelecidos valores menores que os exemplificados acima. 
 
 
7.1.4 Ponto de ressuprimento 
 
 
O ponto de ressuprimento (PR), também conhecido como ponto de 
requisição, é um parâmetro de alerta no dimensionamento de estoques. É um nível 
de estoque que ao ser atingido sinaliza o momento de se fazer uma nova compra, 
evitando posterior ruptura do estoque,devendo ser atualizado após cada reposição. 
O ponto de ressuprimento deve ser determinado para garantir a continuidade 
do atendimento durante o tempo de abastecimento, respeitando a classificação ABC 
do item. Nesse caso, o PR coincidirá com o estoque de segurança sendo, 
normalmente, aplicado às instituições que têm facilidade e rapidez para o 
ressuprimento. 
Em outras instituições, cujo processo de aquisição é mais demorado, 
justifica-se a determinação do PR igual ao estoque máximo. 
ES item A = CM. 1/3 (estoque para 10 dias) 
ES item B = CM. ½ TA (estoque para 15 dias) 
ES item C = CM. T (estoque para 30 dias) 
 
 
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 36 
 
 
 
 
CM = Média aritmética móvel 
TA = Tempo de abastecimento (em meses) 
ES = Estoque de segurança (calculado de acordo com a classificação ABC) 
 
 Exemplo de um item classe A: 
 
CM = 200 unidades 
TA = 30 dias (1 mês) 
ES = 33 unidades 
PR = 200 x 1 + 33 = 233 unidades 
PR = 233 
Portanto , quando o estoque atingir 233 unidades, sinaliza o momento que o 
novo pedido deve ser processado para que não haja falhas no estoque. 
 
 
7.1.5 Lote de ressuprimento 
 
 
O lote de ressuprimento, também conhecido como lote de reposição (LR), é 
a quantidade de itens a ser adquirida para que o estoque atinja seu valor máximo. 
Fórmula para calculando o LR: 
 
 
Emax = Estoque máximo 
Es = Estoque de segurança 
 
 
 
CM = Média aritmética móvel 
FC = Frequência de compras (transformado em meses) 
 
PR – CM . TA + ES 
LR = Emax - ES 
LR = CM 
 FC 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 37 
 
7.1.6 Estoque Máximo 
 
 
O Estoque máximo (Emax) é a maior quantidade do item que se pretende 
manter em estoque. É determinado em função da política financeira da instituição, 
da frequência de compras, disponibilidade de local adequado para armazenamento 
ou de acordo com entregas programadas junto ao fornecedor. 
Calcula-se Emax por meio das seguintes fórmulas: 
 
 
 
ES = Estoque de segurança 
LR = Lote de ressuprimento 
 
 
 
ES = Estoque de segurança 
CM = Média aritmética móvel 
FC = frequência de compras (transformado em meses) 
 
 
Para o cálculo do Emax, é necessário conhecer o ES que depende da 
classificação ABC, assim como o valor de FC. A frequência de compras mais 
favorável é conhecida por meio da determinação do lote econômico. 
 
 
7.1.7 Lote econômico 
 
 
Há inúmeros fatores que dificultam o estabelecimento de um número 
aproximado de compras anuais ou da frequência em que se deve comprar. Esses 
fatores estão relacionados ao aspecto econômico, ao custo de manutenção de 
Emax = ES + LR 
Emax = ES + CM 
 FC 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 38 
estoques maiores ou de várias aquisições de estoques menores. Para isso, deve-se 
basear no processo de LEC para as compras. 
LEC é o processo que indica, matematicamente, a frequência das compras e 
a quantidade a ser adquirida. O que oferece maiores vantagens econômicas. O lote 
econômico é aquele obtido quando o custo de aquisição e o custo de armazenamento 
estão mais próximos. Esse parâmetro interfere no valor do Emax e no LR. 
Para a realização dos cálculos, é necessário determinar os custos de 
aquisição e armazenamento. A determinação com o auxílio do serviço de custos da 
instituição evita cálculos incorretos ou o fato de minimizar a sua importância. 
Podemos citar como exemplo a tendência de se desprezar as áreas físicas de 
armazenamento como componente do custo. 
O custo de aquisição corresponde ao total dos gastos com salários do pessoal 
vinculada à programação e à execução das compras, gastos administrativos com 
artigos de escritório, publicações, comunicações, viagens, recebimento de materiais, 
inspeção, transporte, contabilização, pagamento de impostos, seguros, fretes entre 
outros. O custo de armazenamento é calculado em função do custo da área ocupada, 
capital empatado, seguros sob material estocado, obsolescência, depreciação, 
desvios, pessoal vinculado, juros sobre financiamento da compra e outros. 
Pode-se notar que no exemplo a seguir o custo de armazenamento decresce 
com o aumento do número de aquisição (Tabela 4). O custo de aquisição é 
inversamente proporcional ao custo de armazenagem. Quanto ao custo total, 
verifica-se que, com uma aquisição, ele se apresenta alto, com tendência a redução 
e, logo a partir de um número de aquisições, volta a aumentar. Por meio do menor 
valor do custo total, obtém-se o número de aquisição para o LEC: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 39 
 
TABELA 4 - DETERMINAÇÃO DO LOTE ECONÔMICO (LEC) 
Determinação de LEC 
Aquisições 
anuais 
Quantidade/aq
uisição 
Custo de 
armazenamento 
Custo de 
Aquisição Custo total 
1 12000 480 50 530 
2 6000 240 100 340 
3 4000 160 150 310 
4 3000 120 200 320 
5 2400 96 250 346 
6 2000 80 300 380 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em 
Farmácia Hospitalar, 2006. 
 
 
1 ano = 12 meses_______ compra-se três vezes (para quatro meses) 
1 mês ____________x = FC 
FC = Frequência de compras (transformado em meses) 
FC = 0.25 (significa o número de compras ao mês) 
Emax = Es + Cm/FC 
Emax = ES + 1000 
 0,25 
Emax = ES + 4000 
 
Dependendo da classificação ABC o ES será maior ou menor. Para um item 
classe A no caso exemplificado, considerando-se um tempo de abastecimento 1,5 
mês, o Emax será: 
 
ES = 1/3 TA. CM 
TA = 1,5 
ES = 0,5 CM se CM = 1000 
ES = 500 unidades 
Emax = 500 + 4000 = 4500 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 40 
 
A tendência atual é existência de estoques menores e compras mais 
frequentes. 
Com essa visão dos parâmetros para dimensionamento dos estoques, 
conclui-se que a logística deve ser priorizada pela sua importância administrativa. 
 
 
7.2 MÉTODOS DE CONTROLE FÍSICO DE ESTOQUES 
 
 
7.2.1 Inventário 
 
 
O inventário é um instrumento utilizado para confrontar o estoque registrado 
em ficha ou computador com o estoque real ou físico. 
São diversas as causas de divergências entre o estoque registrado e o 
estoque físico, sendo possível citar: 
 Saídas e entradas feitas erroneamente; 
 Liberação de material sem o devido registro; 
 Problemas com hardware ou com o software; 
 Erros de contagem; 
 Desvios. 
 
 
Os inventários podem ser classificados como: 
 Permanentes; 
 Periódicos; 
 Rotativos. 
Ainda é comum no Brasil a realização de inventários periódicos anuais, 
apurando todas as discrepâncias no final do encerramento do ano fiscal em dezembro. 
Em uma farmácia hospitalar que trabalha com sistema de distribuição por 
doses individualizadas ou unitárias, há milhares de movimentações de itens por ano, 
pois as saídas e entradas (ou devoluções) se dão pela unidade de produto. O 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 41 
inventário anual não é a melhor estratégia, pois as divergências de estoques que 
normalmente acontecem, serão descobertas tardiamente dificultando a apuração 
das causas em tempo hábil. 
É aconselhável fazer inventário utilizando-se a classificação ABC e também 
incluir alguns tipos de medicamentos que interessam à administração, realizando 
sobre estes um controle mais rigoroso. Os itens A (maior custo), produtos sujeitos a 
controle legal (por intermédio da Portaria 344/1998, do Ministério da Saúde) e itens 
que são imprescindíveis ao inventário devem ser realizados todo mês. Os itens B 
poderão ser controlados a cada dois meses e os itens C a cada seis meses. 
Atualmente, com os recursos cada vez mais poderosos da informática e o 
advento do código de barras, pode-se ter uma redução dos erros de contagem e do 
tempo gasto para ser feito um inventário, sendo possível obter a qualquer momento 
os estoques atualizados de todos os itens. 
A administração deve planejar com antecedência que tipo de inventário que 
irá utilizar na farmácia e resolver, também, o que será feito com as divergências deestoque que são possíveis e esperadas, dentro de um limite em um inventário. 
 
 
8 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
Atualmente, os medicamentos representam uma alta parcela no orçamento 
dos hospitais e são de suma importância no tratamento de grande parte das 
patologias, o que justifica a implementação de medidas que assegurem o uso 
racional destes produtos. Uma das medidas de grande impacto neste contexto é 
uma efetiva dispensação e/ou distribuição dos medicamentos. 
Deve-se ressaltar que a dispensação de medicamentos é uma atividade 
técnico-científica de orientação ao paciente, de importância para a observância ao 
tratamento e, portanto, eficaz, quando bem administrada, devendo ser exclusividade 
de profissional farmacêutico. E que a distribuição racional de medicamentos consiste 
em assegurar os produtos solicitados pelos usuários na quantidade e especificação 
solicitadas, de forma segura e no prazo estabelecido, empregando métodos de 
melhor custo versus eficácia e custo versus eficiência. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 42 
Nos hospitais, o contato diário do serviço de farmácia com as unidades de 
internação e demais serviços acontece, principalmente, por meio do setor de 
distribuição, fazendo dele o setor de maior relevância da farmácia hospitalar. Vários 
fatores interferem na implantação e/ou implementação de um sistema de distribuição 
de medicamentos (SDM), e os principais são: 
 Supervisão técnica adequada; 
 Características do hospital como complexidade, tipo de edificação e 
fonte; 
 Mantenedora; 
 Existência de padronização de medicamentos atualizada; 
 Gestão de estoque eficiente; 
 Existência de controle de qualidade de produtos e processos; 
 Manual de normas e rotinas aplicável. 
Os sistemas de distribuição de medicamentos podem ser classificados em: 
coletivo, individualizado, dose unitária, combinado ou misto. 
Em qualquer um destes sistemas, se houver farmácia satélite, o mesmo será 
considerado como descentralizado e, quando não houver, centralizado. 
 
 
8.1 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO COLETIVO 
 
 
O sistema de distribuição coletivo é o mais arcaico dos sistemas, entretanto, 
ainda existem alguns hospitais brasileiros que o adotam por diversos motivos. 
O sistema de distribuição coletivo é caracterizado pelo fato de os 
medicamentos serem distribuídos por unidade de internação e/ou serviço a partir de 
uma solicitação da enfermagem, implicando a formação de vários estoques nas 
unidades assistenciais. Neste sistema, os medicamentos são liberados sem que o 
serviço de farmácia tenha as seguintes informações: 
 Para quem o medicamento está sendo solicitado? 
 Por que está sendo solicitado? 
 Por quanto tempo será necessário? 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 43 
Neste modelo, a farmácia hospitalar é um mero repassador de 
medicamentos em suas embalagens originais, segundo o solicitado pela 
enfermagem. 
No sistema de distribuição coletivo, constata-se que a assistência ao 
paciente fica prejudicada pela não participação do farmacêutico na revisão e análise 
da prescrição médica. E também pelo fato de a enfermagem estar mais envolvida 
com as questões relacionadas aos medicamentos do que à própria farmácia. 
Inúmeros trabalhos relatam que a enfermagem, neste sistema, gasta 
aproximadamente 25% do seu tempo de trabalho em procedimentos relacionados 
aos medicamentos como: transcrever prescrição, verificar o estoque existente na 
unidade, preencher solicitação, ir à farmácia, aguardar separação dos mesmos, 
transportá-los até a unidade, guardá-los nos seus devidos lugares, separar os que 
são necessários a cada horário, fazer cálculos, prepará-los e administrá-los. 
Uma grave consequência é o alto índice de erros de administração de 
medicamentos que este sistema gera, desde o ato da prescrição até o momento da 
administração dos mesmos. 
Os principais erros descritos são: 
 Duplicação de doses; 
 Medicamentos, dosagem e/ou via incorretos; 
 Administração de medicamentos não prescritos. 
Outro aspecto importante é o alto custo deste sistema para a instituição 
devido às perdas, por existirem vários pontos de estoque facilitando desvios, 
armazenamento inadequado ou caducidade dos medicamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
 
 
 
FIGURA 3 - FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE DOSE COLETIVO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
8.1.1 Desvantagens do sistema de distribuição coletivo 
 
 
O sistema de distribuição coletivo apresenta as seguintes desvantagens: 
 Transcrições das prescrições médicas; 
 A não existência de revisão da prescrição por parte do farmacêutico; 
 Maior incidência de erros na administração de medicamentos; 
 Consumo excessivo do tempo da enfermagem em atividades 
relacionadas ao medicamento; 
 Uso inadequado de medicamentos nas unidades assistenciais; 
 Aumento de estoque nas unidades assistenciais; 
Médico 
Enfermagem Solicita por unidade 
assistencial 
Prescreve 
Farmácia Distribui 
Enfermagem Recebe, estoca, 
prepara e administra 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 45 
 Perdas de medicamentos; 
 Impossibilidade de faturamento real dos gastos por paciente; 
 Alto custo institucional. 
 
 
8.1.2 Vantagens do sistema de distribuição coletivo 
 
 
O sistema de distribuição coletivo apresenta as seguintes vantagens: 
 Grande disponibilidade de medicamentos nas unidades assistenciais; 
 Redução do número de solicitações e devoluções de medicamentos à 
farmácia; 
 Necessidade de menor número de funcionários na farmácia. 
 
 
8.2 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO INDIVIDUALIZADO 
 
 
O sistema de distribuição individualizado se caracteriza pelo fato de o 
medicamento ser dispensado por paciente, geralmente para um período de 24 
horas. Este sistema pode se apresentar como indireto ou direto. 
 
 Sistema de distribuição individualizado indireto 
A distribuição é baseada na transcrição da prescrição médica e a solicitação 
à farmácia é feita por paciente e não por unidade assistencial como no coletivo. 
 
 Sistema de distribuição individualizado direto 
A distribuição é baseada na cópia da prescrição médica, eliminando a 
transcrição. Nesse contexto, é possível uma discreta participação do farmacêutico 
na terapêutica medicamentosa, sendo já um grande avanço para realidade 
brasileira, na época em que este sistema foi adotado. 
 
As prescrições podem ser encaminhadas à farmácia de diversas formas, como: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
 
 Prescrição com cópia carbonada 
Prescrição em duas vias, com carbono entre as folhas ou impresso 
confeccionado de modo a se obter uma cópia direta. Essa forma proporciona ao 
farmacêutico uma via da prescrição e não requer equipamentos especiais. 
 
 Prescrição por fotocópias 
Utilização de máquinas copiadoras para produzir uma cópia exata da 
prescrição médica. 
 
 Prescrição via fax 
Utilização de aparelho de fax para emissão na unidade assistencial e 
recepção na farmácia. Os inconvenientes do uso desta tecnologia são: 
 Permitir o envio de uma mesma prescrição mais de uma vez; 
 Gerar emissão de documentos ilegíveis induzindo aparecimento de 
novas fontes de erros de administração de medicamentos; 
 Permitir a perda das informações com o passar do tempo. Porém, 
diminui o tempo gasto com o transporte de documentos. 
 
 Prescrição informatizada 
Em cada unidade assistencial existe um terminal de computador no qual os 
médicos fazem diariamente a prescrição que é remetida à farmácia. Algumas das 
vantagens deste processo são à eliminação de falhas devido à má qualidade da 
grafia médica e a redução do tempo gasto com transporte de documentos. 
 
 Sistema de radiofrequência interligando computadores e leitores 
óticos 
O médico utiliza um terminal com uma tela que pode ser operado por meiode uma espécie de caneta eletrônica. Essa forma permite a verificação imediata de 
dados do paciente e a agilização da prescrição, que poderá ser feita próximo ao 
leito. Implica diminuição do número de terminais de computador na área hospitalar, 
redução de cabos de interligação e agilização da disponibilidade da prescrição para 
a farmácia e serviços de apoio. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 47 
 
Atualmente, o sistema de distribuição individualizado é adotado em diversos 
hospitais brasileiros, existindo algumas variações de acordo com as peculiaridades 
de cada instituição, como: forma da prescrição médica, o modo de preparo e 
distribuição das doses e fluxo da rotina operacional. 
O sistema de distribuição individualizado pode ser operacionalizado de 
várias formas: 
 Os medicamentos são dispensados em único compartimento, podendo 
ser um saco plástico identificado com a unidade assistencial, o número do 
leito, nome do paciente, contendo todos os medicamentos de forma 
desordenada semelhante ao sistema de distribuição coletivo e para um 
período determinado que, geralmente, pode ser 12 horas, 24 horas ou por 
turno de trabalho. 
 Os medicamentos são fornecidos em embalagens, dispostos segundo 
o horário de administração constante na prescrição médica, individualizados 
e identificados para cada paciente e para no máximo de 24 horas. Sua 
distribuição pode ser feita em embalagem plástica, com separações obtidas 
por termossolda ou em escaninhos adaptáveis a carros de medicamentos 
adequados ao sistema de distribuição. 
Para o êxito deste sistema, é fundamental que todos os profissionais 
envolvidos (farmacêutico, enfermeiro, médico, administrador hospitalar) participem 
de todo o processo de implantação, elaboração de impressos, aquisição de 
materiais e equipamentos e definição da rotina operacional. 
 
 
8.2.1 Desvantagens do sistema de distribuição individualizado 
 
 
O sistema de distribuição individualizado apresenta algumas desvantagens: 
 Erros de distribuição e administração de medicamentos; 
 Consumo significativo do tempo de enfermagem em atividades 
relacionadas aos medicamentos; 
 Necessidade por parte da enfermagem de cálculos e preparo de doses; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 48 
 Perdas de medicamentos devido a desvios, caducidade e uso 
inadequado. 
 
 
8.2.2 Vantagens do sistema de distribuição individualizado 
 
 
O sistema de distribuição individualizado apresenta as seguintes vantagens: 
 Possibilidade de revisão das prescrições médicas; 
 Maior controle sobre o medicamento; 
 Redução de estoques nas unidades assistenciais; 
 Pode estabelecer devoluções; 
 Permite faturamento mais apurado do gasto por paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 49 
 
 
FIGURA 4 - FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE DOSE INVIDUALIZADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
 
 
 
8.3 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO MISTO OU COMBINADO 
Prescreve 
 
Remete a cópia 
 
Enfermage
m 
 
Prescreve 
 
Médico 
 
Indireto 
 
Direto 
 
Farmácia 
 
Transporte 
 
Entrega 
 
Entrega 
 
Analisa, separa 
e acondiciona 
 
Analisa, separa 
e acondiciona 
 
Transcreve 
 
Recebe e 
administra 
 
Enfermage
m 
 
Recebe e 
administra 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 50 
 
 
No sistema de distribuição combinado, também conhecido como misto, a 
farmácia distribui alguns medicamentos mediante solicitação e outros por cópia de 
prescrição médica, portanto, parte do sistema é coletivo e parte individualizado. 
As unidades de internação, de forma parcial ou integral, são atendidas pelo 
sistema individualizado e os serviços (radiologia, endoscopia, ambulatórios, serviços 
de urgência e outros) são atendidos pelo sistema coletivo. É indicado que, neste 
sistema, as solicitações encaminhadas pelas unidades assistenciais sejam 
embasadas em relação de estoque previamente estabelecida entre farmácia e 
enfermagem. Estes estoques deverão ser controlados e repostos pela farmácia 
mediante documento justificando o uso do medicamento. 
 
 
8.3.1 Acondicionamento e embalagem de dose unitária 
 
 
No sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária, os 
medicamentos são acondicionados e embalados de uma forma bastante 
característica. 
Portanto, a escolha do acondicionamento e/ou da embalagem é bastante 
importante e, consequentemente, devem-se considerar os seguintes fatores: 
 A adequação às condições físicas do hospital; 
 As condições financeiras da instituição; 
 As considerações farmacológicas, tais como estabilidade, 
fotossensibilidade, entre outros; 
 As vantagens econômicas. 
 
 
8.3.2 Materiais utilizados no preparo de dose unitária 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 51 
Para garantir a qualidade dos produtos preparados por dose unitária, é de 
suma importância que, para cada produto, seja verificado em publicações científicas 
atualizadas o tipo de envase mais apropriado. 
O fracionamento ou reembalagem de medicamentos para o sistema de 
distribuição individualizado e/ou por dose unitária deve se efetuar em condições 
semelhantes às utilizadas pelo fabricante, de forma a impedir, tanto uma possível 
alteração de estabilidade como a contaminação cruzada ou microbiana. 
Entre os materiais mais utilizados são: o plástico, laminados, vidros e 
alumínio. 
 
 
8.3.3 Considerações específicas de embalagem das seguintes formas farmacêuticas 
 
 
8.3.3.1 Líquidos para uso oral 
 
 
O envase deve ser suficiente para liberar o conteúdo total etiquetado. É 
aceitável que seja necessário um acréscimo de volume conhecido, dependendo da 
forma de envase, do material e da formulação do medicamento. A concentração do 
fármaco deve ser especificada em unidade de peso por medida (mg/ml; g/ml). As 
seringas para administração oral devem ser específicas para estes usos, não 
devendo permitir a colocação de agulha. Os envases devem permitir a 
administração de seu conteúdo corretamente ao paciente. 
 
 
8.3.3.2 Sólidos de uso oral 
 
 
Para embalagem tipo blister, deve-se ter um verso opaco que permita 
imprimir informações e o outro deverá ser de material transparente. O mesmo deve 
permitir fácil remoção do medicamento. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 52 
 
8.3.3.3 Medicamentos para o uso parenteral 
 
 
Uma agulha de tamanho apropriado deve ser parte integral da seringa. A 
seringa deve estar pronta permitindo que o seu conteúdo seja administrado ao 
paciente sem necessitar de instruções adicionais. 
A proteção da agulha deve ser impenetrável, preferencialmente de um 
material rígido, evitando acidentes. 
A seringa deve permitir fácil manuseio e visualização de seu conteúdo. 
Quanto a outras formas farmacêuticas, os medicamentos para uso oftálmico, 
supositórios, unguentos, entre outros, devem ser adequadamente etiquetados, 
indicando seu uso, via de administração e outras informações importantes. 
 
 
8.3.4 Requisitos para implantação do sistema de distribuição por dose unitária 
 
 
 Farmacêutico hospitalar com treinamento específico para este fim; 
 Laboratório de farmacotécnica; 
 Central de preparações estéreis; 
 Padronização de medicamentos; 
 Dispositivos para entrega de doses unitárias (carrinhos, cestas e 
outros); 
 Impressos adequados; 
 Máquinas de soldar plásticos; 
 Material de embalagens: sacos e potes plásticos; frascos de plásticos, 
de vidro, de alumínio; caixas de madeiras ou acrílico; 
 Envelopadora – máquina de selagem e etiquetagem de comprimidos; 
 Envasadora (líquidos, cremes e pomadas); 
 Máquina de cravar frascos; 
 Rotuladora; 
 Impressora; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 53 
 Máquina para lavar frascos; 
 Terminal de computador. 
 
 
8.3.5 Vantagens do sistema de distribuição pordose unitária 
 
 
O sistema de distribuição por dose unitária apresenta as seguintes 
vantagens: 
 Identificação do medicamento até o momento de sua administração, 
sem necessidade de transferência e cálculos; 
 Redução da incidência de erros de administração de medicamentos; 
 Redução do tempo de enfermagem com atividades relacionadas ao 
medicamento, permitindo maior disponibilidade para o cuidado do paciente; 
 Diminuição de estoques nas unidades assistenciais com consequente 
redução de perdas; 
 Otimização do processo de devoluções; 
 Auxílio no controle da infecção hospitalar devido à higiene e à 
organização no preparo de doses; 
 Grande adaptabilidade e sistemas automatizados e computadorizados; 
 Faturamento mais exato do consumo de medicamentos utilizados por 
cada paciente; 
 Maior segurança para o médico em relação ao cumprimento de suas 
prescrições; 
 Participação efetiva do farmacêutico na definição da terapêutica 
medicamentosa; 
 Melhoria do controle sobre o padrão e horário de trabalho desenvolvido 
pelo pessoal de enfermagem e farmácia; 
 Redução do espaço destinado à guarda do medicamento nas unidades 
assistenciais antes da administração aos pacientes; 
 Melhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 54 
 
 
8.3.6 Desvantagens do sistema de distribuição por dose unitária 
 
 
O sistema de distribuição por dose unitária apresenta as seguintes 
desvantagens: 
 Dificuldade de se obter no mercado farmacêutico todas as formas e 
dosagens para uso em dose unitária; 
 Resistência dos serviços de enfermagem; 
 Aumento das necessidades de recursos humanos e infraestrutura da 
farmácia hospitalar; 
 Necessidade da aquisição de materiais e equipamentos específicos; 
 Necessidade inicial de alto investimento financeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 55 
 
 
FIGURA 5 - FLUXOGRAMA DO SISTEMA DE DOSE UNITÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em Farmácia 
Hospitalar, 2006. 
Médico 
 
Enfermagem Apraza o horário 
Prescreve 
Transporte Encaminha a cópia 
Farmacêutico Elabora o perfil 
farmacoterapêutico 
Farmácia 
 
Farmacêutico Revisa e confere 
Separa 
Transporte Entrega 
Enfermagem Confere, registra e 
administra 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 58 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMÁCIA HOSPITALAR 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do 
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são 
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 60 
 
 
MÓDULO II 
 
 
9 SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimula seus membros para que 
estabeleçam e apliquem uma política direcionada aos medicamentos, desde suas 
especificações técnicas até as condições propícias para seu uso racional. No Brasil, a 
Política Nacional de Medicamentos (PNM) obrigatoriamente deve ser implementada 
pela Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) em todas as unidades hospitalares, 
para isso, é essencial a elaboração de uma padronização de medicamentos. 
Padronização de medicamentos pode ser entendida como a constituição de 
uma relação básica de medicamentos, que deve constituir os estoques das 
farmácias hospitalares, objetivando o atendimento médico-hospitalar, de acordo com 
suas necessidades e peculiaridades locais, acarretando na sua utilização racional. 
O processo de seleção de medicamentos deve assegurar o cumprimento de 
uma terapêutica racional e de baixo custo. Para garantir o uso racional de 
medicamentos, é necessário elaborar a lista de medicamentos padronizados e 
desenvolver, com muita intensidade e continuidade, um processo de educação 
farmacológica dos profissionais de saúde do hospital, induzindo uma reflexão crítica 
sobre a escolha e a utilização dos fármacos. 
 
 
9.1 O PROCESSO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A Seleção de medicamentos é um processo dinâmico, contínuo, 
multidisciplinar e participativo. Tem o intuito de assegurar ao hospital acesso aos 
medicamentos mais necessários, adotando critérios de eficácia, segurança, 
qualidade e custo. Promove a utilização racional dos medicamentos. 
 
 
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A seleção de medicamentos é um processo complexo. É importante que seja 
realizado considerando a contribuição das seguintes ciências: 
 Farmacoeconomia; 
 Farmacoepidemiologia; 
 Farmacologia e Terapêutica Clínica; 
 Farmacovigilância; 
 Biofarmacotécnica; 
 Farmacocinética. 
Este enfoque multidisciplinar colabora para que os diversos elementos que 
interferem na utilização dos medicamentos sejam contemplados na escolha do 
arsenal terapêutico. 
 
 
9.2 VANTAGENS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A realização da seleção de medicamentos reduz custos e melhora a 
qualidade da farmacoterapia desenvolvida na instituição hospitalar. As vantagens da 
seleção de medicamentos são: 
 Reduzir o custo da terapêutica, sem prejuízos para a segurança e 
efetividade do tratamento; 
 Racionalizar o número de medicamentos e produtos correlatos, com 
consequente redução de custos com a aquisição; 
 Facilitar as atividades de planejamento, aquisição, armazenamento, 
distribuição e controle, com redução dos custos operacionais; 
 Disciplinar o receituário médico-hospitalar e uniformizar a terapêutica, 
colaborando como instrumento de ensino na área de saúde; 
 Aumentar a qualidade da farmacoterapia e facilitar a vigilância 
farmacológica, o que pode ser incentivado por meio da adoção do Programa de 
Farmacovigilância do Ministério da Saúde (que será discutido no Módulo IV). 
 
 
 
 
 
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9.3 ETAPAS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
Na implantação de um processo de seleção de medicamentos, é 
recomendável seguir as seguintes etapas: 
 Conscientização da equipe de saúde por meio de reuniões e 
informativos; 
 Designação da comissão de seleção de medicamentos pelo diretor 
clínico; 
 Levantamento do perfil dos problemas de saúde atendidos pela 
unidade hospitalar; 
 Análise do padrão de utilização de medicamentos; 
 Definição dos critérios de seleção a serem adotados; 
 Seleção dos medicamentos, definindo a estratégia de desenvolvimento 
do formulário e os métodos a serem empregados; 
 Edição e divulgação do formulário farmacêutico; 
 Atualização periódica do formulário farmacêutico, que deve ser 
revisado no mínimo a cada dois anos. 
 
 
9.4 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
A seleção de medicamentos depende de vários fatores, destacando-se o 
perfil das doenças prevalentes, a infraestrutura para o tratamento, o treinamento e a 
experiência da equipe disponível. Portanto, devem ser empregados no processo de 
seleção de medicamentos os seguintes critérios: 
 Selecionar medicamentos com evidência de eficácia clínica – estas 
informações devem ser obtidas através de ensaios clínicos; 
 Eleger entre os medicamentos da mesma indicação e eficácia, aquele 
de menor toxicidade e maior comodidade posológica; 
 
 
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 Padronizar medicamentos cujo custo do tratamento/dia e o custo da 
duração do tratamento sejam pequenos,

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