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FISIOPATOGENIA DA MALASSEZIOSE

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FISIOPATOGENIA DA MALASSEZIOSE
 Malassezia pachydermatis faz parte da flora da pele e das mucosas de diversos animais. No entanto, o que se conhece da patogenia desta levedura vem de estudos realizados em cães e gatos.
 Diversos são os fatores relacionados com a interação entre agente e hospedeiro que podem contribuir para que ele se torne um patógeno oportunista: fatores ligados ao microclima local de pele e conduto auditivo que resultem em alterações de pH, umidade e temperatura, predisposição genética e anatômica (excesso de pelos e conformação da orelha), excesso de cerume, distúrbios de queratinização, traumas, reações de hipersensibilidade (picada de pulga, contato e alimento), endocrinopatias, deficiências nutricionais, doenças neoplásicas e imunossupressoras, administração prolongada de antibióticos ou corticoides, infestações parasitárias e infecções bacterianas. 
 Fatores de patogenicidade estão incluídos a forte aderência aos queratinócitos e a atividade enzimática. Desta forma podendo alterar a coesão entre as células e danificar a queratina, alteração da composição do manto lipídico cutâneo, promovendo inflamação local, ativação do sistema complemento, desencadeando processos inflamatórios que favorecem a penetração da levedura nos tecidos
 As infecções microbianas são caracterizadas como fatores perpetuantes que podem exacerbar e prolongar o quadro clínico de base. Bactérias como Staphylococcus sp., Proteus sp., Pseudomonas sp. e Streptococcus sp. foram isoladas em associação a M. pachydermatis em cães com otite externa. S. pseudointermedium é a espécie mais isolada em associação a M. pachydermatis, em casos de otite externa em cães.
 A associação de fatores relacionados com o hospedeiro e a levedura é importante para a distinção do fenótipo saprófita ou patogênico. Alguns estudos fenotípicos demonstram que cepas que assimilam glicose, manitol, glicerol (sorbitol), manose e ribose e que são produtoras de proteinase, condroitina-sulfatase, hialuronidase, fosfolipase, lipase, fosfatase, galactosidase, urease e zimogênio estão associadas aos isolados de M. pachydermatis de cães com otite externa e dermatites. Adicionalmente, algumas proteínas e glicoproteínas da parede celular da levedura são importantes para a aderência a células da camada córnea em cães. Contudo, sabe-se que o crescimento exacerbado da levedura é o primeiro passo para que a doença se estabeleça.
 Por fim, há indícios de que as reações de hipersensibilidade a antígenos solúveis produzidos pela parede celular dessa levedura contribuam para a patogênese das dermatites e otites, exacerbando diretamente a atopia e o prurido. O zimogênio, enzima liberada pela parede celular da Malassezia, pode ativar o sistema imune, via complemento, resultando em dano à integridade dos queratinócitos, espongiose epidérmica, inflamação e prurido. Como consequência, cães atópicos têm maior nível sérico de IgE específica para Malassezia do que cães sem atopia, e testes intradérmicos demonstram as reações de hipersensibilidade imediata ou tardia ao antígeno da Malassezia em cães com doença de pele inflamatória focal. Os sintomas mais comuns de dermatite associada à M. pachydermatis canina incluem prurido, eritema, por conta da reação inflamatória que o mesmo causa, crostas serosas pela alta replicação celular ou gordurosas pois a levedura é lipofílica, alopecia pelas lesões causadas no folículo piloso, rarefação pilosa, hiperqueratose, odor característico e hiperpigmentação e liquenificação, em casos crônicos por atrito e fricção causadas pelo prurido.
REFERÊNCIAS
JERICÓ, Márcia M.; KOGIKA, Márcia M.; NETO, João Pedro de A. Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos 2 Vol. . : Grupo GEN, 2014. E-book. ISBN 978-85-277-2667-2. Disponível em: https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2667-2/. Acesso em: 13 mar. 2023.
BRITO, Risciela. Et. Al. Malassezia em cães e gatos. Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação; 2018, 15(47); (2018); 67-72.

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