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Staphylococcus aureus

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Morfologia 
São cocos gram-positivos, catalase positivo, são imó-
veis, crescem em temperaturas de 18-40°C. É o mem-
bro mais virulento do gênero, sendo responsável pela 
colonização das narinas e por um amplo espectro de 
doenças sistêmicas de gravidade considerável. 
São resistentes à meticilina, podendo provocar infec-
ções graves em pacientes hospitalizados e em ambien-
tes extra-hospitalar. Podem expressar coloração ama-
relo-ouro como resultado da expressão de pigmentos 
carotenoides que se formam durante o seu cresci-
mento. Produz a enzima coagulase, que se liga a um 
fator sérico que converte fibrinogênio em fibrina, re-
sultando na formação de um coágulo. 
Fisiologia 
A camada mais externa dos estafilococos é coberta por 
uma cápsula polissacarídica, A cápsula tem ação pro-
tetora porque inibe a fagocitose do microrganismo pe-
los leucócitos polimorfonucleares (PMN). 
A parede celular possui muitas camadas de peptido-
glicanos unidas por ligações cruzadas, que torna a pa-
rede rígida. O peptidoglicano tem uma atividade se-
melhante à endotoxina, estimulando a produção de pi-
rogênio endógeno, a ativação do complemento, a pro-
dução de interleucinal (IL-1) pelos monócitos e a agre-
gação de PMN (um processo responsável pela forma-
ção de abscesso). A resistência bacteriana à meticilina 
e às penicilinas relacionadas é mediada pela aquisição 
de um gene que codifica para uma proteína ligadora de 
penicilina alterada, que apresenta baixa afinidade por 
meticilina, penicilinas relacionadas e cefalosporinas. 
Os ácidos teitoicos são outros componentes importan-
tes da parede celular, que estimulam uma resposta de 
anticorpos específicos quando eles estão ligados ao 
peptidoglicano. As proteínas de adesão da superfície 
são importantes para a ligação da bactéria com o tecido 
do hospedeiro. A membrana citoplasmática é um 
complexo de proteínas, lipídios e carboidratos, que 
funcionam como barreira osmótica para a célula e 
como ancoradouro para as enzimas celulares. 
 
Patogênese e Imunidade 
Sua patogênese está relacionada a capacidade de eva-
são da fagocitose, expressão de proteínas de adesão e 
produção de dano tecidual. Nem todas as cepas de Sta-
phyloccocus são capazes de expressar todos os fatores 
de virulência, dependendo então de um complexo de 
sistemas regulatórios. 
Imunidade Inata 
Uma adesina do S. aureus (SpA) é capaz de se ligar 
aos receptores Fc das IgGs, participando da evasão da 
resposta imune e dificultando o reconhecimento desse 
receptor das imunoglobulinas por células do sistema 
imune. Dessa forma, o processo de opsonização e fa-
gocitose são dificultados e prevenção da remoção da 
bactéria torna-se efetiva. 
Citotoxinas 
São subdivididas em alfa, beta, delta e gama, sendo 
que, novamente, nem todas as cepas são capazes de 
produzir todas. 
A toxina alfa está relacionada a ruptura da muscula-
tura lisa de vasos sanguíneos, sendo tóxica para muitos 
tipos de células como os eritrócitos, leucócitos, hepa-
tócitos e plaquetas, levando ao desequilíbrio osmótico, 
turgescência e consequente lise celular. 
A toxina beta possui especificidade para esfingomie-
lina e lisofosfatidilcolina, sendo tóxica para eritróci-
tos, fibroblastos, leucócitos e macrófagos. 
A toxina delta possui atividade citolítica, afetando 
eritrócitos e membranas intracelulares, devido a sua 
ação como surfactante, que leva ao rompimento das 
membranas. 
A toxina gama é composta por duas cadeias polipep-
tídicas, que juntas podem lisar neutrófilos e macrófa-
gos, tendo atividade hemolítica e leucotóxica a partir 
da expressão de proteínas. 
 
 
 
Toxinas Esfoliativas 
São toxinas que clivam desmossomos responsáveis for 
formar pontes no estrato granuloso da pele, não es-
tando associadas à citólise e inflamação. São as res-
ponsáveis pela causa da Síndrome Estafilocócica de 
Pele Escaldada, que se inicia com febre, eritema, se-
guida de um sinal positivo de Nikolsky (leve pressão 
capaz de deslocar a pele), progresso para formação de 
uma grande bolha (com fluidos claros sem leucócitos) 
e esfoliação de áreas extensas da epiderme, revelando 
uma superfície úmida e brilhante com aparência seme-
lhante a uma pele escaldada. 
Toxina-1 da Síndrome do Choque Tóxico 
É uma exotoxina resistente ao calor e à proteólise, 
sendo responsáveis pela síndrome do choque térmico 
associado ao uso de absorventes internos durante a 
menstruação. Tendo em vista que essa toxina requer 
uma alta concentração de O2, antigamente, quando os 
tampões eram introduzidos no canal vaginal, deixa-
vam bolhas de oxigênio entre suas fibras, que favore-
ciam a proliferação de S. aureus. A TSST-1 então é 
liberada e, atuando como um superantígeno, estimu-
lando a liberação exacerbadas de citocinas. Além 
disso, linfócitos do tipo TCD4+ estimulam TNF-alfa, 
ITF-gama. As manifestações clínicas se iniciam de 
forma abrupta e incluem febre, hipotensão e uma erup-
ção eritematosa macular difusa. Múltiplos sistemas de 
órgãos (p. ex., nervoso central, gastrointestinal, hema-
tológico, hepático, muscular e renal) são também en-
volvidos, e a pele inteira descama, incluindo a palma 
das mãos e a sola dos pés. 
Enzimas Estafilocócicas 
São elas: 
Coagulase – pode ser livre ou ligada, sendo a livre ca-
paz de causar a agregação do estafilococos interagindo 
com um fator de globulina do plasma para formar es-
tafilotrombina, enquanto a ligada converte direta-
mente o fibrinogênio em fibrina insolúvel. 
Hialuronidase – hidrolisa os ácidos hialurônicos pre-
sentes na matriz acelular do tecido conjuntivo. 
Fibrinolinisina – dissolve os cóagulos de fibrina. 
Lipases – hidrolisam lipídios e asseguram a sobrevi-
vência dos estafilococos nas áreas sebáceas do corpo. 
Nucleases – capaz de hidrolisar o DNA. 
Relação com Intoxicação Alimentar 
Tendo em vista que o S. aureus tem alta capacidade de 
crescimento na presença de elevadas concentrações de 
sal, é comum que alimentos processados (presuntos, 
carnes de porco salgada, bolos recheados com reme, 
sorvetes) estejam contaminados com as toxinas bacte-
rianas. Após os estafilococos terem sido introduzidos 
no alimento (através de um espirro ou de mãos conta-
minadas), este deve permanecer à temperatura ambi-
ente ou aquecido, para que o microrganismo cresça e 
libere a toxina. O alimento contaminado não apresenta 
aparência nem gosto de alimento deteriorado. O aque-
cimento subsequente do alimento irá matar a bactéria, 
mas não inativa a toxina termoestável. 
É comum que após a ingestão do alimento contami-
nado o início da doença seja abrupto e rápido, levando 
cerca de 4 horas para se manifestar. Estão presentes 
sintomas como: vômito intenso, diarreia (aquosa e não 
sanguinolenta), dor abdominal, náuseas, sudorese e 
cefaleia. Não é vista febre. O tratamento é para aliviar 
os espasmos abdominais e a diarreia, e para repor flu-
idos. A antibioticoterapia não é indicada porque a do-
ença é mediada pela toxina pré-formada e não pela 
multiplicação dos microrganismos. 
Certas cepas de S. aureus podem causar enterocolite, 
cujas manifestações clínicas são diarreia aquosa, es-
pasmos abdominais e febre, decorrente da supressão 
da microbiota do cólon e da proliferação da S. aureus. 
Relação com Infecções Cutâneas 
Impetigo – é superficial, inicia-se com uma mácula 
que evolui para pústula sobre base eritematosa. Após 
o rompimento da vesícula purulenta, aparece uma 
crosta. 
Foliculite – é a infecção piogênica dos folículos pilo-
sos. A base do folículo fica elevada e avermelhada, 
apresentando uma coleção de pus sobre a superfície 
epidérmica. Quando isso ocorre na base da pálpebra, é 
chamado de terçol. 
Furúnculo – são nódulos elevados, grandes e doloro-
sos, que possuem uma coleção de tecido morto e ne-
crótico. 
Carbúnculo – é a união de furúnculos e extensão para 
tecidos mais profundos. Normalmente, múltiplas fís-tulas estão presentes e o paciente pode manifestar fe-
bre e calafrios, indicando a disseminação sistêmica do 
estafilococos para outros tecidos. 
A patogênese do micro-organismo na pele está relaci-
onada com o processo inflamatório e levam à presença 
dos sinais flogísticos devido à reunião de células do 
sistema imune inato (as células de Langerhans atuam 
como apresentadoras de antígenos e recrutam células 
do sistema imune) e à patogenicidade da bactéria. O 
edema é provocado pelo extravasamento das células 
pelos capilares da derme. O calor pelo aumento da cir-
culação sanguínea no local. A dor pela compressão das 
terminações nervosas. 
Relação com Pneumonia 
É incomum, porém pode ser desenvolvida em casos de 
infecção hospitalar e contaminação dos materiais uti-
lizados em processos como intubação e ventilação me-
cânica. 
Relação com Osteomielite 
Pode ser resultado da disseminação hematogênica 
(vinda de uma infecção estafilocócica cutânea, aco-
mentendo as metáfises) ou por infecção secundária de-
corrente de trauma ou procedimento cirúrgico (geral-
mente acompanhada de inflamação e drenagem puru-
lenta a partir de fístulas sobre ossos infectados). 
Diagnósticos 
Pode ser feito através da coloração de Gram, visto que 
são cocos Gram-postivos, a partir da coleta do material 
do exsudato com um swab ou uma cureta. Também 
pode ser realizado através do meio de cultura (espera-
se uma coloração amarelada na placa de Petri), testes 
baseados em ácidos nucleicos ou testes baseados em 
evidências bioquímicas (ex.: coagulase, fermentação 
do manitol, etc). 
Tratamento, Prevenção e Controle 
Os estafilococos são resistentes aos fármacos beta-lac-
tâmicos, às penicilinas semissintéticas resistentes à hi-
drólise por beta-lactamase e a vancomicina. Porém, 
nem todas as células bacterianas de uma população re-
sistente são capazes de expressar resistência nos testes 
de suscetibilidade tradicionais (resistência heterogê-
nea). 
Os estafilococos são microrganismos ubiquitários, 
presentes na pele e nas membranas mucosas, e sua in-
trodução através de lesões na pele acontece com fre-
quência. No entanto, o número necessário de micror-
ganismos para estabelecer uma infecção (dose infec-
tante) geralmente é grande, a menos que um corpo es-
tranho (p. ex., sujeira, uma farpa ou espinho, suturas) 
esteja presente na ferida. A limpeza apropriada do fe-
rimento e a aplicação de um desinfetante adequado (p. 
ex., sabonete germicida, solução de iodo, hexacloro-
feno) evitam a maioria das infecções em indivíduos 
sadios. Os pacientes com infecções localizadas na 
pele, geralmente, podem ser tratados com incisão e 
drenagem dos abcessos. 
A prevenção de estafilococos é difícil, pois requer con-
trole de esterilidade, porém pode ser minimizado por 
meio da lavagem apropriada das mãos e cobertura das 
superfícies expostas da pele.

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