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Abordagens teórico-metodológicas da educação inclusiva

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1ª Edição
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Dra. Thaise Dias Alves, 
Fabiana Mara da Mata Ventura, 
Melyssa Romão
ABORDAGENS TEÓRICO-
METODOLÓGICAS DA 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Copyright © UNIASSELVI 2022
Impresso por:
Reitor: Janes Fidelis Tomelin
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Tiago Lorenzo Stachonl
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Tiago Lorenzo Stachon
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins
Marcio Kisner
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
V469a
 Ventura, Fabiana Mara da Mata
 Abordagens teórico-metodológicas da educação inclusiva. / 
Fabiana Mara da Mata Ventura; Melyssa Romão; Thaise Dias Alves. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2022.
 138 p.; il.
 
 ISBN Digital 978-65-5646-481-7
1. Inclusão. - Brasil. I. Ventura, Fabiana Mara da Mata. II. Romão, 
Melyssa. III. Alves, Thaise Dias. IV. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
CDD 370
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
METODOLOGIAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA .............................. 7
CAPÍTULO 2
A INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA E INTE-
LECTUAL ....................................................................................... 47
CAPÍTULO 3
PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA INCLUSIVA .................... 91
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo (a) estudante! A partir de agora nós estudaremos a educação 
inclusiva, seus aspectos socioculturais, pedagógicos, históricos, políticos e as le-
gislações que regem esta modalidade de ensino. Nesta disciplina, vamos iniciar 
destacando o histórico que a educação inclusiva percorreu até os dias atuais, e 
isso tudo a partir de uma linha do tempo que apresentará a história da evolução 
das declarações nacionais e internacionais, decretos e disposições, bem como 
suas implicações para a educação especial na prática. 
Também, iremos discutir acerca das propostas oficiais e as políticas públi-
cas que surgiram - e ainda estão surgindo -, analisando as diretrizes a partir de 
um prisma inclusivo. Educação inclusiva é uma educação voltada ao exercício da 
cidadania global, isto é, livre de preconceitos e que reconheça o valor das diferen-
ças. Tal processo envolve tanto as questões práticas, quanto questões teóricas. 
Como enuncia Paulo Freire, a inclusão acontece quando “se aprende com as dife-
renças, e não com as igualdades” (FREIRE, 2018, p. 29). 
Assim, no segundo capítulo veremos como ocorre o processo de inclusão 
de crianças com deficiências físicas e intelectuais, também discutiremos acerca 
dos recursos necessários e os procedimentos de ensino e avaliação para criar um 
ambiente educacional que permita a participação de todos. Há de se reconhecer 
os tipos e necessidades de inclusão em seus graus, porém, o mais importante é 
compreender que nunca estamos lidando com deficiências de formas isoladas, 
mas com pessoas com ritmos de aprendizagem e necessidades distintas. Se uma 
criança necessita de uma estrutura escolar e de um apoio educacional que mobi-
liza tecnologias, outras podem necessitar de auxílio com recursos diferenciados. 
O importante é sempre lidar com o respeito, o cuidado e compreender que 
cada ser humano emerge de um contexto que requer atenção específica. Toda e 
qualquer escola deve se abrir para tanto, primeiramente, promovendo a discussão 
acerca do conceito e das formas de inclusão, trazendo, assim, profissionais pre-
parados para tal propósito. Além disso, deve haver uma estrutura que respeite os 
parâmetros ideais, mas sempre disposta a se atualizar ao ter como objetivo norte-
ar o desenvolvimento do que é próprio de cada estudante. Falar de uma perspec-
tiva prática e teórica na educação inclusiva significa o mesmo que partir da escuta 
e da possibilidade de desenvolvimento conjunto com a criança e o jovem. 
Tal processo nunca ocorre de forma isolada, isto é, o trabalho da educação 
inclusiva é ensinar os alunos e professores a, primeiramente, reconhecer as espe-
cificidades dos alunos, em segundo, a ensinar a utilização de melhores recursos 
para dar maior autonomia e independência numa sala de aula. 
Do ponto de visto do educador, isso não significa que ele deve estar prepa-
rado para ensinar os alunos de uma maneira diferente e individualizada. Algo que 
se torna improvável dentro da realidade brasileira, com turmas de número expres-
sivos e professores com cargas horárias de 40 horas. O mais importante será 
orientar e sempre dar continuidade a esse processo de educação permanente e 
educação inclusiva como parte complementar de uma educação normal, isto é, fa-
zer da disciplina um apoio constante ao educador, de auxílio e atualização na sua 
compreensão do reconhecimento e das necessidades das crianças que carregam 
singularidade e necessidades específicas. 
No terceiro capítulo, veremos o que envolve a construção de um projeto pe-
dagógico que lida com a inclusão, o que significa definir estratégias e objetivos 
que orientam o processo de ensino e aprendizagem na perspectiva inclusiva. No 
entanto, é importante partir do ponto que todos os seres humanos nascem com a 
pré-disposição a atividade, por consequência, a aprender, seja qual for sua parti-
cularidade, como intelectual, física ou motora. A partir disto, prevemos um traba-
lho e projeto político colaborativo, e nunca enquanto tarefa solitária. Tal operação 
envolverá familiares, escola, comunidade, alunos, turma, docentes, apoio de de-
mais profissionais e agentes escolares que estarão nesta caminhada contínua. 
Porém, o que significa um planejamento contínuo? Um projeto pedagógico 
que deve ser revisto de forma constante, além de estar configurado a partir de de-
safios e significados reais, mas acima de tudo, de potencialidades que garantam a 
inclusão e a igualdade de condições para tanto. Veremos como ensinar a partir do 
lúdico, em conjunto com o processo de letramento, e a prática das exatas dentro 
do contexto inclusivo. 
Após este resumo, que tal começar a estudar? 
Vamos lá!
Prof. Dra. Thaise Dias Alves
CAPÍTULO 1
METODOLOGIAS DA EDUCAÇÃO 
INCLUSIVA
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 compreender o histórico das diretrizes e bases da modalida-
de inclusiva, entendendo seus conceitos e definições;
 3 conhecer os documentos que nortearam o princípio da educação in-
clusiva/especial a partir de uma linha do tempo que irá recapitular 
e sintetizar os momentos mais significativos desta caminhada;
 3 verificar os avanços das leis e normas nas políticas públicas e em 
sua aplicabilidade escolar, entendendo, assim, suas metodolo-
gias os discursos norteadores desta modalidade de ensino. 
8
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
9
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Você já parou para refletir acerca da inclusão? Ou o que seja propriamente 
incluir? Quais são seus métodos e a partir de quais perspectivas podemos discutir 
a inclusão de crianças e jovens na educação? Antes de tudo, precisamos relem-
brar alguns conceitos preciosos quando o assunto é educação especial a partir do 
prisma inclusivo. 
Basicamente, a educação especial e inclusiva trabalha com crianças e jo-
vens com necessidades educacionais específicas, com estudantes que possuem 
as mais diversas deficiências, passando por transtornos globais de desenvolvi-
mentos, até crianças/jovens com altas habilidades. A ideia é trabalhar a partir de 
três frentes, a primeira delas i) desrespeito as políticas de inclusão,os marcos 
legais e as políticas mais consagradas, ii) as formas de receber a todos e incluir, 
o que esbarra consequentemente nas iii) metodologias mais consagradas quan-
do o assunto é tratar do processo de inclusão em seu âmbito global, envolvendo 
todas as partes, agentes escolares, família, sociedade. Isto implica em vermos, 
primeiramente, como a educação inclusiva começa a ser pensando a nível macro 
e micro, iniciando em outros países até chegar no Brasil e nas suas primeiras ins-
tituições especiais. 
Para tanto, veremos o percurso dos paradigmas do conhecimento que norte-
avam estas instituições, para posteriormente chegarmos ao modelo de compreen-
são deste público-alvo nos tempos de hoje. Reconheceremos os marcos legais e 
históricos, como aprovações de leis e datas, visando compreender como a educa-
ção inclusiva se consolidou nos últimos 30 anos, período este marcado por muitos 
avanços e lutas. 
2. A INCLUSÃO DE CIANÇAS COM 
DEFICIÊNCIA FÍSICA E INTELECTUAL
Antes de tudo, é importante entendermos o seguinte: nesta disciplina, iremos 
partir de um conceito amplo que é o da diversidade. Termo que tem a ver com o 
reconhecimento das variedades humanas e que esbarra certamente nas expres-
sões de cultura, diferenças de etnias e classe. A diversidade é de fato o imperativo 
do nosso tempo, pois uma sociedade se estabelece e se torna democrática na 
medida em que reconhecemos o outro a partir das diferenças que ele possui. O 
grande erro é quando utilizamos o discurso da diversidade para acentuar opres-
sões e posicionamentos preconceituosos, por exemplo, estabelecendo que as di-
ferenças oferecem licença para hierarquizações, preconceitos e opressões, que 
não estão nunca dados, e sim, são construídos e infelizmente afirmados a partir 
10
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
da desinformação e falta de conhecimento acerca do assunto. Por isso, torna-se 
de suma importância irmos a fundo no tema e em tudo que afronta os discursos e 
prática da educação inclusiva enquanto modalidade de ensino.
FIGURA 1 – COMUNICAÇÃO ENTRE SURDOS
FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-premium/conceito-de-comunicacao-de-estudo-
de-ensino-de-educacao-para-deficientes_9750168.htm#page=2&query=escola%20
acess%C3%ADvel&position=3&from_view=search>. Acesso em: 30 de maio 2022.
 Após tal panorama, podemos dizer que o estudo das metodologias da in-
clusão envolve a diversidade e mais um elemento importante: o da deficiência. 
Porém, que fique claro que ela não se limita a isso. Isto significa dizer que estu-
dar inclusão é muito mais do que estudar as faltas, afinal, quando lidamos com a 
modalidade inclusiva estamos nos dedicando igualmente as potencialidades. Por 
exemplo, uma criança com baixa visão carrega uma limitação por um lado, ao 
mesmo tempo que terá consigo as possibilidades de aprender com todos demais 
sentidos. Algo que a faz perfeitamente capaz de seguir adiante em seu processo 
formativo. 
11
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
FIGURA 2 – CRIANÇA COM BAIXA VISÃO USANDO LUPA 
PARA AUMENTAR UM GLOBO TERRESTRE
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-gratis/junior-girl-estudando-
globo-com-lupa_2377769.htm#query=adolescente%20estudando%20
lupa&position=0&from_view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
Agora, vamos dar continuidade a esta conversa conhecendo um pouco dos 
conceitos educação inclusiva e educação especial, da história e dos marcos le-
gais, para depois entender as deficiências que existem, os conceitos dos transtor-
nos globais, as características, e por fim, as intervenções mais adequadas, bem 
como as metodologias para desenvolvê-las, afinal, o processo de inclusão só é 
efetivo quando todas as partes estão envolvidas. Então, qual é a diferença entre 
educação especial e inclusiva? Quando a educação passa a ser inclusiva? Essas 
e outras questões são as que iremos perseguir ao longo do próximo tópico. Va-
mos lá?
Você sabe qual é o público-alvo da educação especial? São 
alunos com deficiência auditiva/surdez, deficiência intelectu-
al, deficiência física, deficiência visual e com superdotação.
12
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
2.1. PARADIGMA ESPECIAL E 
PARADIGMA INCLUSIVO
Você saberia responder se educação especial é o mesmo que educação in-
clusiva? A diferença está mais nos aspectos históricos, pois o paradigma da edu-
cação especial é anterior ao da educação inclusiva. Relembrando: paradigma é 
um conjunto de premissas intelectuais que norteiam uma linha de trabalho. Quan-
do a educação especial surge, possui como base a concepção de integração, 
entre as décadas de 70 e 80. No período, o desejo que existia era preparar as 
crianças para que elas pudessem assumir um papel na sociedade. A partir dis-
so, surgem instituições especificas, religiosas e dos setores terceirizados, em sua 
grande maioria, sendo responsável por um ensino paralelo e de apoio. A educa-
ção especial como paradigma e modelo tinha como objetivo o treinamento, isto 
é, preparar o sujeito para uma integração na sociedade, como um processo de 
adaptação para viver em sociedade. A partir da década de 90, surge outro modelo 
de pensamento, onde integrar a criança deixa de ser suficiente. Tal pensamento 
ganha força a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em 
1996. Busca-se a partir deste momento focar não nas debilidades, mas nas habi-
lidades e nas responsabilidades de toda sociedade neste processo de inclusão. 
Neste sentido a sociedade deve ser verdadeiramente inclusiva. 
FIGURA 3 – INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/group-adult-men-working-together-office_7388234.
htm#page=3&query=cadeirante&position=5&from_view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
O foco da educação inclusiva estará, portanto, centrado na aprendizagem, 
partindo do pressuposto de que crianças e jovens em períodos escolares e dota-
13
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
dos de alguma deficiência não se resumem aos seus transtornos. Eles possuem 
“ilhas de inteligência”. Tal afirmação nos leva a seguinte pergunta: o que a educa-
ção inclusiva propõe? Potencializar estas ilhas de inteligências de maneira que se 
desenvolva no sujeito habilidade. Neste sentido, educação especial e educação 
inclusiva não são ideias se excluem, mas que se complementam, tendo primeira-
mente o objetivo de integração completa. 
FIGURA 4 – EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA SE 
COMPLETAM COMO PEÇAS DE UM QUEBRA-CABEÇA
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/two-hands-holding-jigsaw-
concept-teamwork-building-success_6830512.htm#query=quebra%20
cabe%C3%A7a&position=27&from_view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
Uma vez integrada, a criança/jovem deve ser incluído pensando em sua va-
lorização e seu potencial, e não lembrado por alguma possível falta. A partir disto, 
ambas as perspectivas devem andar juntas, por isso falamos em educação espe-
cial na perspectiva inclusiva. Por meio da inclusão se entende que a sociedade 
deve ser inclusiva tanto a nível estrutural, quanto no trato entre os seres. Uma so-
ciedade realmente inclusiva e integrada é aquela em que há respeito, educação, 
cuidado, responsabilidade, existindo sempre uma parcela e função a cada um que 
participa dela para que todos sejam autônomos, felizes, livres e ao mesmo tempo 
responsáveis pela harmonia desta sociedade. Isto leva a crer que os conceitos 
de educação especial e inclusiva não são os mesmos, mas eles se integram e se 
complementam, contribuindo no atendimento deste público.
14
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
TABELA 1 – COMPARATIVO ENTRE O PARADIGMA ESPECIAL E O INCLUSIVO
Paradigma Especial Paradigma Inclusivo 
Foco nos déficits da criança. Foco nas ilhas de inteligência.
Ênfase no treinamento da criança para que ela 
se ajuste ao ambiente escolar.
Ênfase na mudança do ambiente e em melho-
res cenários de aprendizagem e desenvolvi-mento.
Diagnóstico apoiado em testes de inteligência. Diagnóstico multidisciplinar.
O diagnóstico objetiva encontrar a limitação. O diagnóstico objetiva compreender quais são 
as habilidades prévias e necessidades de su-
porte (programa).
Atendimento em classe diferente ou escola es-
pecializada, separada das demais crianças da 
turma regular. 
Atendimento em classe regular com os demais 
colegas de mesma idade e com apoio especia-
lizado.
Escolas preparadas para receber uma especifi-
cidade de problema.
Escolas preparadas para educar na diversida-
de.
Professores especialistas em determinada de-
ficiência.
Educadores capacitados para proporcionar en-
sino de qualidade a qualquer criança.
FONTE: a autora.
Partir do paradigma do professor inclusivo é se posicionar como aquele que 
irá trabalhar com todas as dimensões, os ritmos da turma e encarar o desafio da 
integração quando necessário, porém, sempre visando o empoderamento e a li-
bertação, nunca a dependência ou assistencialismo por si. 
FIGURA 5 – INTEGRAÇÃO ENTRE COLEGAS
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/girl-with-down-syndrome-high-
fiving-while-painting_7088368.htm#page=3&query=sindrome%20de%20
down&position=7&from_view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
15
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
Por outro lado, adotar esta perspectiva sempre será um grande desafio, pois 
a ideia é trabalhar com a diversidade em todas as esferas, partindo, assim, da 
sensibilidade tão necessária aos tempos de hoje, onde falta empatia, compreen-
são e ousadia para romper com preceitos e dogmas antidemocráticos e exclu-
dentes. Enquanto pedagogas e pedagogos, ainda é necessário entender profun-
damente esta história, bem como as intervenções necessárias, pois elas visam 
o crescimento, a aprendizagem e a formação humana do ser sem distinção. Isso 
significa que estamos “pisando” em terras desafiadoras, mas isto não quer dizer 
que o paradigma da educação especial não exista mais, pelo contrário, o desejo 
é que ambas (educação especial e inclusiva) se mantenham juntas, sendo essen-
cial a integração e a inclusão.
2.2. DEFINIÇÕES DO PÚBLICO-ALVO 
Antes de tudo, precisamos relembrar algumas definições acerca das crian-
ças, jovens e adultos com necessidades especiais e seus diagnósticos. De acor-
do com a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, podemos definir pessoas com 
surdez, aquelas que pela perda auditiva, compreendem e interagem através de 
experiências visuais, exteriorizando sua cultura principalmente pelo uso da Língua 
Brasileira de Sinais (Libras). 
De acordo com o Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 
2005, as pessoas surdas possuem perda total ou parcial de 
quarenta e um decibéis ou mais. 
16
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
FIGURA 6 – LÍNGUA DE SINAIS
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/group-deaf-people-communicating-
through-sign-language_10712112.htm#query=libras&position=2&from_
view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
Segundo Evangelista (2002), a deficiência intelectual é definida como um 
funcionamento intelectual notavelmente reduzido, abaixo da média. Associa-se à 
limitação na comunicação, compreensão de conceitos, execução de tarefas co-
muns para outros indivíduos e autonomia em cuidados pessoais. Ou seja, a defi-
ciência compromete as funções psicológicas superiores do indivíduo, mais preci-
samente as funções cognitivas. 
FIGURA 7 – SÍNDROME DO DOWN
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/little-girl-with-down-syndrome-lying-floor-watching-
how-her-mother-building-tower-from-colored-blocks-home_12463402.htm#query=sindrome%20
de%20down&position=33&from_view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
https://www.freepik.com/premium-photo/little-girl-with-down-syndrome-lying-floor-watching-how-her-mother-building-tower-from-colored-blocks-home_12463402.htm#query=sindrome%20de%20down&position=33&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/little-girl-with-down-syndrome-lying-floor-watching-how-her-mother-building-tower-from-colored-blocks-home_12463402.htm#query=sindrome%20de%20down&position=33&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/little-girl-with-down-syndrome-lying-floor-watching-how-her-mother-building-tower-from-colored-blocks-home_12463402.htm#query=sindrome%20de%20down&position=33&from_view=search
17
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), no documento de Políti-
ca Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, as de-
ficiências físicas são aquelas que alteram completa ou de forma parcial um ou 
mais segmentos do corpo, acarretando o comprometimento físico. Elas podem 
ser decorrentes de caraterísticas neurológicas, como encefalopatia crônica infan-
til (paralisia cerebral) e poliomielite (paralisia infantil), ou de característica moto-
ra: amputação, nanismo, ausência de membros, distrofia muscular progressiva e 
malformação congênita. 
FIGURA 8 – JOVEM COM PRÓTESE ORTOPÉDICA
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/disabled-person-with-oligodactyly-hands_16854929.
htm#query=amputation&position=0&from_view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
A deficiência visual é uma alteração total ou parcial de uma ou mais das fun-
ções elementares da visão, que altera a capacidade de perceber colorações, ta-
manho, distâncias, formas, posição ou movimento. Pode ocorrer de forma inata, 
ou em outras palavras, sendo congênita, ou posteriormente, como consequência 
de causas orgânicas ou acidentais. 
18
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
FIGURA 9 – CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA VISUAL UTILIZANDO O BRAILLE
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/boy-using-braille-
read_6479740.htm#page=2&query=cego&from_query=deficiencia%20
visual&position=30&from_view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
Temos também os transtornos globais do desenvolvimento. O primeiro é o 
Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), porém, atualmente, o termo mais 
utilizado é Transtorno de Espectro Autista (TEA), pois a segunda denominação 
traz uma concepção mais ampla acerca do espectro, abrangendo seus matizes. 
Suas principais características podem ser: ausência ou pouco desenvolvimento 
da interação social e comunicação, comportamentos, interesses e habilidades 
restritos, repetitivos e estereotipados. Atualmente, a ciência fala não só de um 
tipo de autismo, mas de muitos e diferentes tipos, que irão se diferenciar em cada 
pessoa. 
https://www.freepik.com/premium-photo/boy-using-braille-read_6479740.htm#page=2&query=cego&from_query=deficiencia%20visual&position=30&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/boy-using-braille-read_6479740.htm#page=2&query=cego&from_query=deficiencia%20visual&position=30&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/boy-using-braille-read_6479740.htm#page=2&query=cego&from_query=deficiencia%20visual&position=30&from_view=search
19
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
FIGURA 10 – O QUEBRA-CABEÇA COLORIDO É UMA SIMBOLOGIA 
QUE REPRESENTA O TRANSTORNO DE ESPECTRO AUTISTA
FONTE: <https://www.freepik.com/premium-photo/adult-chiild-hands-holding-jigsaw-puzzle-heart-
shape-autism-awareness-autism-spectrum-family-support-concept-world-autism-awareness-
day_7190105.htm#query=autism&position=34&from_view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
Por fim, temos a concepção de altas habilidades/superdotação, onde pes-
soas apresentam potencial elevado em certas áreas, isoladas ou combinadas, en-
tre elas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Além disso, 
possuem alto índice de criatividade, facilidade na aprendizagem e realização de 
tarefas em áreas de seus interesses (BRASIL, 2008). 
FIGURA 11 – CRIANÇAS COM ALTAS HABILIDADES
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/high-angle-kids-learning-with-toys_28472157.
htm#query=high%20skills&position=10&from_view=search>.Acesso em: 01 de julho de 2022.
https://www.freepik.com/premium-photo/adult-chiild-hands-holding-jigsaw-puzzle-heart-shape-autism-awareness-autism-spectrum-family-support-concept-world-autism-awareness-day_7190105.htm#query=autism&position=34&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/adult-chiild-hands-holding-jigsaw-puzzle-heart-shape-autism-awareness-autism-spectrum-family-support-concept-world-autism-awareness-day_7190105.htm#query=autism&position=34&from_view=search
https://www.freepik.com/premium-photo/adult-chiild-hands-holding-jigsaw-puzzle-heart-shape-autism-awareness-autism-spectrum-family-support-concept-world-autism-awareness-day_7190105.htm#query=autism&position=34&from_view=search
20
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Mas ao contrário do que comumente se pensa, as pessoas com altas habili-
dades não pertencem a um grupo homogêneo de pessoas sobrenaturais, conhe-
cedores de tudo e melhores em todas as disciplinas. Por muito tempo eles foram 
incompreendidos e ainda sofrem por isso, pois a sociedade não compreende esse 
grupo como heterogêneo. Isto significa que eles diferem em seus ritmos de apren-
dizagem, características de personalidade e principalmente por suas necessida-
des educacionais. 
2.3. MARCOS HISTÓRICOS E LEGAIS 
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 
o tema educação inclusiva se modificou ao longo dos últimos anos. No tópico 
anterior já começamos a perceber este movimento como um princípio básico nes-
ta discussão, o da transformação e atualização. No Brasil, a discussão do tema 
inclusão ganha corpo apenas no século XIX. Em 1854, com a criação do Instituto 
dos Meninos Cegos (atualmente é chamado de Instituto Benjamin Constant), e 
em 1856, com o Instituto dos Surdos-Mudos (hoje é conhecido como Instituto Na-
cional de Educação de Surdos). O foco de tais instituições era voltado as deficiên-
cias visuais e auditivas, excluindo outras deficiências físicas e intelectuais. 
O cenário só começa a se modificar em meados do século XIX, quando ini-
cia-se a articulação e a criação de uma política de educação especial. Nessa épo-
ca surgem instituições como a Sociedade Pestalozzi do Brasil e a Associação de 
Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). No ano de 1969, o Brasil possui mais de 
800 escolas especializadas na educação de pessoas com deficiência intelectual. 
Na década de 80, a educação especial começa a ser pensada nos termos de in-
clusão, a partir do artigo 208 da Constituição Federal, que garante o atendimento 
preferencialmente na rede pública e regular de ensino aos indivíduos com defici-
ências. No entanto, quem são as pessoas contempladas ou o público-alvo destas 
leis? São jovens e adultos que precisam de complementação diante da dificulda-
de que apresentam: auditiva, visuais, transtornos globais e superdotação. No últi-
mo caso, será mais do que uma complementação, um direcionamento adequado.
Outro marco mundial, seguindo a linha histórica, é a Declaração de Salaman-
ca, escrita em 1994, surgindo a partir da Conferência Mundial sobre Educação 
para Necessidades Especiais: acesso e qualidade. O fundamento para organiza-
ção do documento foi garantir a todas as crianças acesso a oportunidades educa-
cionais, inclusive as com deficiências, assegurando uma educação de qualidade 
para todos. As principais razões para esta conferência foi apresentar um novo 
olhar acerca das dificuldades de aprendizagem e deficiências, além de discutir a 
relação entre garantir educação especial e a reforma geral da escola, revendo os 
desenvolvimentos de oferta para crianças e jovens com necessidades educacio-
nais especiais. 
21
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
Nisto, procurou-se pontuar os avanços, experiências, expectativas, legisla-
ções, currículo, pedagogia, organização escolar, educação de professores e parti-
cipação da comunidade. A conferência foi realizada na Espanha, mas teve efeitos 
mundiais. Entre os países que participaram da conferência estão: China, Canadá, 
França e o Brasil. A declaração é considerada um dos principais documentos que 
objetiva assegurar os direitos das Pessoas com Deficiência (PcD), junto com a 
Convenção de Direitos da Criança de 1988 (BRASIL, 1990) e Declaração Sobre 
a Educação para Todos (1990) (ROSEMBERG; MARIANO, 2010). A Declaração 
de Salamanca deu rumos e diretrizes para os países organizarem seus estabele-
cimentos de ensino.
Após este documento importante a nível internacional, surge a Lei de Dire-
trizes e Bases (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), dizendo o seguinte: 
“Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de 
educação escolar, oferecida preferencialmente na rede de ensino, para educan-
dos portadores de necessidades especiais” (BRASIL, 1996, on-line). É uma lei 
também conhecida como Lei Darcy Ribeiro, em homenagem ao antropólogo e 
educador tão importante para as transformações do que é pensar em educação 
no Brasil, abrindo portas para se ponderar numa perspectiva de justiça social e 
equidade. 
Acompanhando a evolução para abranger novas definições e nomenclaturas 
do público-alvo, com o passar dos anos exclui-se o termo “portadores”, afinal, 
quando alguém nasce com alguma deficiência ou a adquire, isto é próprio dela, 
não havendo o processo de portar algo. Melhora-se, assim, a compreensão e a 
redação passa a ser da seguinte forma: “Entende-se por educação especial, para 
os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencial-
mente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (BRASIL, 2013, 
on-line). 
A partir deste momento a educação especial passa a ser modalidade de en-
sino, juntamente com Educação a Distância (EaD), com a educação indígena, qui-
lombola e Educação de Jovens e Adultos (EJA). O que uma modalidade de ensino 
busca no final das contas? Basicamente prestar um serviço educacional que foi 
desprezado em tempos anteriores, para agora incluir determinadas populações. 
Revendo a história da educação especial, ela permaneceu por muito tempo 
apenas sob o domínio das instituições religiosas e filantrópicas da iniciativa priva-
da. A partir da década de 90, o Estado passa a se responsabilizar pela educação 
deste grupo, expressa na LDB, que inaugura uma preocupação com formação de 
professores capacitados e centros públicos especializados, dando o formato que 
se tem até hoje de uma educação. Existem três artigos em especial, no capítulo V, 
da LDB em seu texto base 1996, que dispõe acerca da educação especial, e que 
22
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
diz o seguinte: “Haverá quando necessário serviços de apoio especializado na 
escola regular a peculiaridade da clientela de necessidades especiais” (BRASIL, 
1996, on-line). 
O que isso quer dizer? Significa que deve haver multiprofissionais a disposi-
ção dos alunos, sempre que for possível a integração dos educandos especiais 
em classes regulares. No § 2 do mesmo capítulo, lemos o seguinte: “O atendi-
mento será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em 
função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração 
nas classes comuns do ensino regular” (BRASIL, 1996, on-line). 
Além disso, no § 3, a lei a dispõe o seguinte: “A oferta da educação especial, 
dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, 
durante a educação infantil” (BRASIL, 1996, on-line). Desta forma, é necessário 
criar mecanismos para que a criança e o adolescente experencie na sala de aula 
uma verdadeira aprendizagem inclusiva. Para tanto, é necessário um currículo 
que seja adequado, métodos e técnicas, e formação de professores para que sai-
bam como utilizar recursos. 
FIGURA 12 – DEFICIENTE VISUAL E COLEGAS NA BIBLIOTECA
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-premium/retrato-de-um-grupo-diverso-de-alunos-
conversando-com-um-cego-sorridente_17636918.htm#page=5&query=blind%20school&position=6&from_view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
Outro decreto importante e que cooperou para o fortalecimento das políticas 
de educação inclusiva no país foi o Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011, 
que dispõe acerca do Atendimento Educacional Especializado (AEE), criando de-
terminados serviços no contexto da escola pública, estabelecendo as turmas de 
23
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
inclusão, salas de recurso e um professor específico para este atendimento, fa-
zendo intervenções pontuais e de auxílio no contraturno escolar. 
Além disso, determinou a necessidade de equipes que possam olhar as 
crianças e jovens de forma adequada, como o pedagogo, psicólogo e outros pro-
fissionais capazes de realizar esse apoio. Este e outros documentos compõem a 
chamada Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação In-
clusiva e são profundamente necessários para que a educação especial do Brasil 
continue a avançar, apesar de todos os seus desafios. 
Após toda esta exposição, ainda fica a dúvida se a educação inclusiva só 
requer diretrizes, artigos e decretos para acontecer. A resposta é não, pessoal. A 
educação inclusiva, de fato, não surge de maneira espontaneísta, havendo outros 
tantos documentos desde o nível federal, passando pelos estados e municípios 
até chegar ao contexto da escola. Vamos entender um pouco mais sobre estes 
outros documentos e métodos que norteiam a educação inclusiva? 
2.4. UMA REFLEXÃO SOBRE O 
CURRÍCULO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO 
ESPECIAL 
Até o momento, estudamos sobre alguns marcos históricos, legais da educa-
ção inclusiva no Brasil e no mundo, entendendo o quanto eles foram importantes 
na passagem de um paradigma assistencialista, preconceituoso e discriminatório, 
para uma visão muito mais inclusiva, não só no sentido de formar um sujeito para 
a sociedade, mas no sentido de educar também o coletivo acerca da diversidade 
e das crianças, jovens e adultos com necessidades especiais. 
A partir da Constituição de Salamanca, da LDB de 1996 e da força que ór-
gãos ganharam na proteção inicial dos PcD, o processo de inclusão nas escolas 
se modifica, e agora a escola “normal” passa a ser responsável pela educação, 
incluindo-a enquanto uma modalidade. Não será mais apartando crianças e jo-
vens das escolas “normais”, reservando a elas um ensino em apenas instituições 
personalizada, que a inclusão irá ocorrer. Porém, isto é resultado de muitas lutas 
e leis. 
Assim, o Governo Federal passa a compreender a escola como momento de 
inclusão em todos os sentidos, afinal não será apartando determinados grupos 
que ela se tornará mais democrática, e sim, adaptando a escola tecnologicamen-
te, além de desenvolver a consciência de que todos. Sociedade, comunidade, fa-
mília e escola são responsáveis pelo cuidado e o atendimento de PcD deve ser 
correto.
24
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
FIGURA 13 – USO DO RECURSO BRAILLE NA ESCOLA
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-premium/close-da-vista-lateral-de-um-grupo-inclusivo-de-
alunos-com-um-jovem-lendo-um-livro-em-braille-na-biblioteca_17636841.htm#query=escola%20
acess%C3%ADvel&position=37&from_view=search>. Acesso em: 30 de maio de 2022.
A partir deste momento, precisamos compreender um pouco mais sobre o 
currículo escolar na modalidade de educação inclusiva, constituindo-se de um 
tema central e importante. Como é o currículo escolar para que a escola seja 
efetivamente inclusiva, respeitosa, e em que as diversidades serão consideradas 
entre os educadores, colegas e demais atores envolvidos no espaço escolar e 
comunitário? O currículo é central nesta questão. 
A proposta de currículo, para que tenha êxito, precisa partir dos pressupos-
tos que toda iniciativa, projeto ou intervenção pensada para a educação especial 
pode elevar os educadores a um patamar de consciência mais virtuoso, no que 
tange o assunto da inclusão. Então, um currículo bem elaborado, com conteúdos 
e eixos transversais e relevantes, que tratam de valores e pressupostos impor-
tantes no processo de ensino-aprendizagem, elevam a escola a um outro nível. 
Consequentemente, ajuda crianças e jovens a alcançarem uma consciência maior 
e mais ampla, chega-se a uma noção vasta de cidadania, que é muito mais vanta-
josa para o convívio social e suas necessidades. 
Além disso, quanto mais o currículo da escola for aberto, interdisciplinar, or-
ganizado e pensado para atender a todos, melhor será, pois o aluno com neces-
sidades especiais terá uma orientação mais qualitativa para crescer do ponto de 
vista das aprendizagens, pensando no ensino formal, mas também nas questões 
de fortalecimento da cidadania, liberdade, autonomia e participação. Isso requer 
um currículo aberto e que tenha possibilidade de flexibilização para a criação e 
transformação ao longo do caminho. 
25
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
FIGURA 14 – PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA
FONTE: <https://www.freepik.com/free-photo/handicapped-business-executive-
using-digital-tablet_1005932.htm#query=cadeirante&position=25&from_
view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
Mas o que é currículo escolar? É uma pergunta importante, já que enquanto 
educador, precisamos entender o que é um currículo bom, democrático, aberto e 
que se estenda a todos. Vamos relembrar que a educação inclusiva e sua moda-
lidade não aparece ao acaso ou de forma espontaneísta. Quer dizer que existem 
documentos que norteiam as disposições legais de como a modalidade inclusiva 
deve ocorrer em todos os níveis: ensino básico, médio e superior. Sobre as res-
ponsabilidades, tanto a federação, quanto os estados, terão papel na implemen-
tação, suporte e regulação da educação inclusiva. Então, precisamos falar sobre 
alguns destes documentos, entre eles a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 
2017), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1999), as Diretrizes Curricu-
lares Nacionais (BCN, 2010) para a educação Básica, além do currículo estadual. 
https://www.freepik.com/free-photo/handicapped-business-executive-using-digital-tablet_1005932.htm#query=cadeirante&position=25&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/handicapped-business-executive-using-digital-tablet_1005932.htm#query=cadeirante&position=25&from_view=search
https://www.freepik.com/free-photo/handicapped-business-executive-using-digital-tablet_1005932.htm#query=cadeirante&position=25&from_view=search
26
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
FIGURA 15 – EDUCAÇÃO INCLUSIVA
FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-premium/ilustracao-de-educacao-
acessivel-para-pessoas-comdeficiencia_8177758.htm#page=2&query=escola%20
acess%C3%ADvel&position=5&from_view=search>. Acesso em: 20 de maio 2022.
Um currículo é um documento formalizado para que as escolas e redes de 
ensino organizem as suas ações pedagógicas a partir de diretrizes que são da-
das. Mas além de ser um documento de princípios, ele também irá nortear profes-
sores e escola do ponto de vista filosófico e pedagógico. Isto é, o currículo será 
uma matriz, mas acima de tudo será um caminho e trajetória da escola, além de 
esboçar como a instituição se regula: de forma mais conservadora ou inovado-
ra? Ele irá organizar todo o funcionamento da escola ao longo do ano, por meio 
de projetos, atividades, intervenções dos educadores, direção escolar e funciona-
mento das aulas. 
Etimologicamente falando, o termo currículo vem do latim: curriculum, que 
significa pista de corrida, carreira, trajetória, caminho a ser seguida, “norte”. O 
verbo é currere, que terá como significado correr. Neste sentido, ele será algo 
ativo, ou mais: significativo, e o educador é aquele que dará vida a isso tudo, 
quando realiza as intervenções, atividades, interações que levem as crianças com 
necessidades especiais a atingirem todo o seu potencial. E isso é importantíssi-
mo: a organização de um currículo quando bem-feita podefazer com que crianças 
que, possivelmente sempre foram subestimadas, desenvolvam o seu potencial, 
deixando claro que todos podem e têm o direito de aprender. A educação escolar 
é este lugar de acolhimento e empoderamento, tanto que é isso que nossas leis 
garantem e promovem. 
 Por muito tempo, compreendeu-se o currículo apenas como uma mera lista 
de conteúdos que deveriam ser ensinados na escola, sendo sinônimo de grade 
escolar, este que exige a obediência de determinados temas, autores, e dentro 
27
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
desta demanda não há espaço para a renovação ou discussões que não tenha 
a ver com o conteúdo formal. No entanto, o currículo é muito mais do que isso, 
constituindo-se como elemento nuclear do projeto pedagógico, sendo ele que via-
biliza o processo de ensino-aprendizagem. Sem currículo inclusivo não há esco-
las. 
Enquanto estudante, te convido a se colocar no lugar do educador responsá-
vel por elaborar o currículo de uma escola. O que você faria em primeiro lugar? 
No primeiro momento, cria-se uma premissa pedagógica ou um ponto de partida 
e de chegada bem delineados. Esta premissa deve tornar clara a ideia de que o 
ambiente em que se está formando não é hostil a ela. Partindo deste ponto, o cur-
rículo deve estar envolvido de respeito e amorosidade. 
FIGURA 16 – RESPEITO E AMOR SÃO VALORES 
IMPORTANTES DENTRO DO CURRÍCULO INCLUSIVO
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-feliz-e-menina-com-sindrome-de-
down-pintando-os-rostos_7088366.htm#query=inclus%C3%A3o&position=4&from_
view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
Segundo Moreira e Silva (2011, p.57), “O currículo há muito deixou de ser 
uma área meramente técnica, voltada para questões relativas a procedimentos, 
técnicas e métodos”, para centrar agora na “pergunta sobre como organizar o co-
nhecimento escolar ainda é relevante, porém, mais importante ainda é saber o por 
quê”. Ou seja, um currículo não é só técnico, conteúdo, mas deve ser pensando 
em “como ensinar”. Assim, o currículo escolar nasce de duas perguntas centrais: 
O que deve ser ensinado? O que os alunos devem se tornar?
Diante de um aluno com deficiência visual, como trabalhar língua portuguesa 
e matemática? Quais conteúdos o educador deve ensinar? A primeira pergunta, 
https://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-feliz-e-menina-com-sindrome-de-down-pintando-os-rostos_7088366.htm#query=inclus%C3%A3o&position=4&from_view=search
https://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-feliz-e-menina-com-sindrome-de-down-pintando-os-rostos_7088366.htm#query=inclus%C3%A3o&position=4&from_view=search
https://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-feliz-e-menina-com-sindrome-de-down-pintando-os-rostos_7088366.htm#query=inclus%C3%A3o&position=4&from_view=search
28
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
nesse caso é central, para que a criança progrida em seu desenvolvimento cogni-
tivo. O desejo e a defesa é que a criança fale o que necessita e que na sequência 
alcance níveis de protagonismo. Por isso, ela terá direito de conhecer os con-
teúdos de todas as disciplinas (ciências, história, geografia, filosofia, matemática, 
educação física e artes), dentre outros conteúdos e temas. 
Sobre a segunda questão, podemos também reescrevê-la da seguinte for-
ma: o que norteia a atividade dos educadores? Enquanto futuros professores, a 
primeira preocupação será sempre formar um cidadão autônomo, respeitoso e 
que contribua na reflexão acerca da sociedade que ele faz parte. Por exemplo, se 
estamos diante de uma criança com Síndrome de Down, é justo tirar dela o direito 
de conviver e aprender? 
Em época passada, havia um isolamento dessas crianças, o que gerava um 
desenvolvimento interrompido, ou às vezes, nem iniciado. Ou seja, quanto mais 
estímulos, suporte, direcionamento, confiança e inspiração, maior as chances de 
formar um ser completo, ao invés de um ser dependente e apartado do meio so-
cial. Neste sentido, é possível lançar duas perspectivas aos sujeitos: uma será 
olhar a deficiência e seus impedimentos, a outra será de investir no sujeito de 
uma forma global e em todas as potencialidades. Aqui, se está pensando em um 
projeto de educação e de vida, tanto é que tudo isso fará parte de um plano que 
melhor assiste as crianças e adultos com deficiência na perspectiva inclusiva. 
Ainda sobre currículo, segundo José Carlos Libâneo, “o currículo é a con-
cretização, a viabilização das intenções e das orientações expressas no projeto 
pedagógico”. Assim, “compreende-se o currículo como um modo de seleção da 
cultura produzida pela sociedade para a formação dos alunos; é tudo o que es-
pera ser aprendido e ensinado” (2007, p. 323). O currículo é a sintetização das 
expectativas de educadores, diretores, além de ser capaz de formar a cidadania. 
Excluindo, não é possível falar de educação. Estes são dois elementos inversa-
mente proporcionais, portanto, ser educador é no mínimo ser otimista com o novo 
e com o que está por vir. Neste sentido, cada escola tem sua identidade, que será 
expressa no currículo, sendo assim um dos elementos da proposta pedagógica. 
Ele contém: filosofia, valores, metas de aprendizagem, conteúdos, eixos e 
temas transversais, eixos integradores, pressupostos de trabalho, etc. Se o con-
teúdo está além das capacidades da criança, o educador deve adequar ao rit-
mo. A mesma situação é aplicada as crianças com altas habilidades, só que ao 
contrário. Se o conteúdo está aquém, o educador terá a tarefa de adequá-lo a 
ponto de torná-lo algo significante aos alunos. 
Por sinal, nada que transcenda o âmbito do significado, do ensinar de forma 
provocativa e conectada a vida real da turma e dos alunos com necessidades 
especiais, nada fará sentido, seja um conteúdo adaptado com tecnóloga de ponta, 
seja uma aula expositiva tradicional. 
29
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
2.5. DIRETRIZES OPERACIONAIS 
PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL 
ESPECIALIZADO NA EDUCAÇÃO 
BÁSICA NA MODALIDADE DA 
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Em 2009, a partir da Resolução nº 4, de 2 de outubro, institui-se que as Di-
retrizes Operacionais do Atendimento Educacional Especializado trariam consigo 
uma concepção mais inclusiva do currículo escolar, orientando o sistema na ma-
trícula do aluno deficiente: 
os sistemas de ensino devem matricular os alunos com defi-
ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habili-
dades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e 
no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em 
salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimen-
to Educacional Especializado da rede pública ou de instituições 
comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos 
(BRASIL, 2009, online).
Esse decreto nos faz refletir acerca do seguinte: o currículo não é cristali-
zado; não deve ser uma lista fechada de disciplinas que não conversam entre 
si. Deve ser adequado, flexível, integrado, democrático e organizado de acordo 
com as necessidades especiais de qualquer criança e jovem. Isso tudo envolve 
questões do Estado, por outro lado, passa pelo posicionamento da esfera privada 
e dentro de suas particularidades em especial de cada um. 
Mas você deve estar se perguntando, quem organiza os currículos? Serão 
três responsáveis. Primeiramente, é o Estado, a federação que parametriza, atra-
vés do BNCC, LDB, PCN e outros documentos legais que a escola tomará como 
base para elabora o Projeto Político Pedagógico (PPP). Depois, temos também a 
responsabilidade dos governos estaduais. Esses documentos chegam nas redes 
educacionais, para estudar e realizar os seus próprios currículos, e por fim as es-
colas, o último nível, só que não menos importante. 
E o educador? Ele terá o grande papel de chegar na escola com a responsa-
bilidade de ler todas as propostas que se efetivaram até o momento e colocá-las 
com adaptações para dentro da sala de aula, isso tudo por meio das ideias,pro-
jetos, trabalhos, pesquisa e formação continuada. Adaptações e estudos sempre 
voltados de acordo com a turma, que é sempre composta por sujeitos e suas 
identidades, culturas, costumes. 
30
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
FIGURA 17 – EDUCADORA
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-gratis/professor-sorridente-fazendo-anotacoes_10139848.
htm#query=professor&position=8&from_view=search>. Acesso em: 01 de julho de 2022.
Pode não ter ficado claro ainda quem faz o currículo. A resposta é que todos 
nós fazemos. Desde o MEC, até a comunidade, passando pelo educador até a 
secretaria do Estado. É uma realidade que deve ser adaptada em sua criação e 
exercícios. Mas há um fator muito importante para que tudo isso efetive: o educa-
dor precisa se envolver e se engajar na causa da inclusão. E no caso das escolas 
privadas? Elas terão certa flexibilidade em seus currículos e nos desenvolvimen-
tos deles, mas ainda seguem os documentos oficiais do país como reguladores. 
Privada ou pública, as escolas precisam observar as leis e causas do sistema de 
ensino. Em suma, a escola deve acatar as legislações que foram estabelecidas 
pelo órgão responsável para deliberações, ou seja, o MEC. 
Nesta seção, vimos que espírito será sempre ensinar o mesmo a cada crian-
ça, porém, respeitando cada uma de suas necessidades. O segredo é ouvir suas 
carências e desejos, para então saber nortear e direcionar o processo de ensino. 
Realizamos a exposição de todas as funções dos órgãos que regulam a educa-
ção, suas importâncias no momento de encontrar um ponto de partida e nortea-
dor, no entanto, sem esquecer que o currículo por si não servirá para muito. Na 
verdade, com tudo é dessa maneira, desde o nosso corpo até o objeto: se não uti-
lizamos, atrofiamos. O currículo chega para organizar conhecimento e aprendiza-
gem de tal forma que a escola envolve o aluno e agregue em sua vida formativa e 
pessoal. Por outro lado, não devemos esquecer que este documento é resultado 
de várias tensões, conflitos e debates que ainda são constantes, pois ainda pre-
cisamos verificar pontos importante na caminhada, quando o assunto é currículo. 
Falaremos a partir de agora sobre algumas barreiras de acessibilidade. Um 
assunto importante quando temos a meta de efetivar a educação inclusiva nas 
https://br.freepik.com/fotos-gratis/professor-sorridente-fazendo-anotacoes_10139848.htm#query=professor&position=8&from_view=search
https://br.freepik.com/fotos-gratis/professor-sorridente-fazendo-anotacoes_10139848.htm#query=professor&position=8&from_view=search
31
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
escolas e dissolver os possíveis empecilhos no momento de sua aplicabilidade 
teórica. A partir deste momento, vamos observar os aspectos práticas da metodo-
logia inclusiva. Então, vamos lá?
2.6. BARREIRAS E ACESSIBILIDADE: 
FALANDO DA METODOLOGIA NA 
PRÁTICA
A acessibilidade é uma condição basilar ao processo de inclusão (social ou 
educacional), e se mostra-se em múltiplos aspectos. Segundo Sassaki (2009) 
incluindo as de natureza atitudinal, comunicacional, arquitetônica, metodológica, 
entre outras. Aqui, iremos discutir acerca destas quatro barreiras. 
Deste modo, o que é a barreira atitudinal? É a barreira que o outro impõe, 
professores e colegas, por exemplo, trata-se do olhar do outro, que percebe os 
portadores de deficiência física e intelectual ou que tenham transtornos de outras 
naturezas e não sabe o que fazer. Aquele olhar que julga a falta de condições e 
não as potencialidades da criança e do adolescente com deficiência física, pois 
não sabe como lidar e o que fazer, ignorando as tantas possibilidades e todos os 
estudos e práticas desenvolvidas até então (SASSAKI, 2009). 
E como quebrar tal barreira atitudinal? Quando nos empenhamos com ati-
tude favoráveis, ou seja, acreditando que a criança ou adolescente tem poten-
cialidade dentro da escola. Em outras palavras, todas as vezes que na posição 
de educador reconhecemos que a possibilidade de surgir uma barreira, devemos 
recorrer a um instrumento de acessibilidade, seja tecnológico, analógico, psicoló-
gico, filosófico ou sociológico. 
A outra barreira é arquitetônica. Essa barreira é percebida quando, por exem-
plo, a família tem pretensão de matricular a filha cadeirante na escola, mas cons-
tata que não há rampas de acesso. A escola tem a obrigação de se estruturar de 
forma acessível, facilitando o ingresso e instauração de um ambiente democráti-
co, afinal, a educação é um direito garantido na constituição e para todos (SAS-
SAKI, 2009). 
A terceira barreira é a comunicacional. Como exemplo, podemos mencionar 
a questão do aluno surdo. Como dar acessibilidade para este aluno? Oferecendo 
a ele um intérprete de Libras. Neste momento, a barreira comunicacional está 
sendo superada (SASSAKI, 2009). 
Por fim, e não menos importante, é a barreira metodológica. Ela terá relação 
direta com o processo de ensino-aprendizagem. Ela se instaura no momento em 
que o professor sabe que há alunos que não estão acompanhando as aulas, de-
32
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
vido a suas condições especiais, mas não dá importância, afinal, os demais 40 
alunos seguem o ritmo da aula. Instaura-se, então, uma barreira metodológica e 
pedagógica. E como diminuir esta barreira? São as adaptações curriculares, com 
respostas teóricas e práticas (SASSAKI, 2009). 
Aluno com deficiência versus aluno com dificuldade: alguns 
alunos podem nunca apresentar um laudo médico mesmo 
apresentando problemas de aprendizagem. Assim, eles são 
considerados alunos com dificuldade e podem vir a necessi-
tar de adaptações curriculares em algum momento.
Por outro lado, as adaptações curriculares não são ferramentas para serem 
utilizadas apenas no trato com os alunos com deficiências, transtornos, ou altas 
habilidades/superdotação. Elas podem servir para outros alunos que não estão 
conseguem acompanhar o currículo, mesmo não tendo nenhum tipo de deficiên-
cia. Porém, essas adaptações exigem critérios e não devem ser utilizadas quando 
os alunos apresentam condições de realizar as atividades que o restante da clas-
se estaria realizando nas diferentes disciplinas. 
2.7. ADAPTAÇÕES CURRICULARES
Adaptações de acessibilidade ao currículo podem ocorrer nas dimensões 
materiais, físicas, pessoais e comunicacionais. Este passo deve ser dado antes 
de se analisar e cumprir o currículo de fato, e divide-se em dois momentos: o pla-
no prático e o de critérios. 
Iniciando pelo plano prático. Vamos começar com um exemplo, para deixar 
tudo bem claro: recebe-se um aluno surdo, ele entra na sala de aula e ele não tem 
intérprete de Libras ainda. Para este aluno, é necessário dar primeiro acesso a 
aula, antes sequer de falar em currículo. Como este acesso será oferecido? Atra-
vés do intérprete de Libras. 
Partindo para outra classificação acerca das adaptações, temos uma distin-
ção também de seus significados, isto é, adaptações que podem ser significativas 
e as não são significativas. As significativas são chamadas dessa maneira pelo 
33
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
fato de mobilizar instrumentos de auxílio de grande porte e com mudanças estru-
turais, como o conteúdo propriamente ou os critérios de avaliação. Estas são mu-
danças consideradas significativas pelo fato de mexer com a estrutura curricular 
em si. E as adaptações não tão significativas? São aquelas em que as mudanças 
no currículo não são tão drásticas, como manter as expectativas entre os instru-
mentos de avaliação, o tempo de aula e para as atividades, adaptando e mobili-
zando as mesmas habilidades e competências da turma de um modo geral, por 
mais que ela inclua pessoas com necessidades especiais. 
2.8. CRITÉRIOS PARA ADAPTAÇÃO 
CURRICULAR NA PRÁTICA E TEORIA
Nesta seção, vamos listar alguns critérios para trabalhar com as adaptações 
curriculares. O primeiro é realizar umdiagnóstico detalhado das necessidades es-
pecífica do educando. Significa compreender o que ele já sabe, o que ainda não 
sabe fazer, suas dificuldades e potencialidades de âmbito geral, fora e dentro da 
escola. Surgem no mínimo duas questões. Por quais motivos devo conhecer o 
aluno fora da escola? Como seria feito este diagnóstico? É importante conhecer o 
aluno em seu cotidiano, seu dia-a-dia, algo que uma conversa com a família pode-
rá resolver ou ao menos colaborar. 
O diagnóstico pode ser feito desta mesma forma, com conversa, encontros 
com os familiares e registros, seja em fichas oficiais escolares ou em anotações 
pessoais do educando. Agora, vamos aprofundar um pouco mais acerca deste 
diagnóstico, pois ele será o nosso segundo critério. Neste momento, precisamos 
verificar: quais conteúdos são necessários para alcançar as competências e habi-
lidades previstas para determinada sala de aula, em determinada semana, mês, 
bimestre? Veja que a organização desta linha do tempo será crucial, e que isto 
requer um trabalho paralelo e empenho do educador que se dispõe a realizar um 
trabalho efetivo. Além disso, deve-se investigar quais conhecimentos o aluno já 
possui nas disciplinas e quais ainda está em vias de desenvolver.
 Isto tudo se torna importante para determinar e eleger, dentre tantas 
expectativas e habilidade, aquela mais possível para determinados educados, 
crianças e jovens, apropriando-se assim do momento e intervindo corretamen-
te. Porém, este é um trabalho constante, e isso quer dizer que a verificação das 
adaptações não basta. Deve haver uma preocupação real por parte do educador, 
com o cuidado de se estabelecer o que Vygotsky (1984) conceitua de uma Zona 
de Desenvolvimento Proximal (ZDP), identificando, sempre em relação com o alu-
no, as habilidades/competências que devem ser mais trabalhadas e as que preci-
sam ser reforçadas. 
34
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Pensando em um caso prático, quando o professor não conhece a zona pro-
ximal do aluno e suas consequências. Imaginemos um professor de português, do 
8º ano do ensino fundamental, com 35 alunos em sala, e um desses alunos não 
consegue acompanhar o currículo na disciplina. Este determinado professor sabe 
que o aluno está na fase alfabética, pois ele consegue ler e escrever palavras 
como banana, boi, bola, caneca. O professor decide realizar um ditado com este 
aluno, enquanto a sala faz outro tipo de atividade completamente diferente deste, 
pois julga que ele teria dificuldade de acompanhar a turma e a atividade que os 
demais estão. 
Qual foi a surpresa deste professor ao corrigir as 30 palavras que ele ditou? 
O aluno acertou todas. Mas por quais motivos o educador teria se espantado? 
Mesmo sabendo que o aluno estava no momento de desenvolvimento alfabético, 
ele ainda assim desconhecia a ZDP do aluno, portanto, aplicou uma atividade di-
versificada que não representou nenhum desafio ao aluno, o que tornou a ativida-
de nula, ou seja, sem nível colaborativo para que fosse possível subir um degrau 
na ZDP dele. O caso ilustra a necessidade do educador não construir currículos e 
nem empregar métodos muito difíceis e nem muito fáceis.
Outro critério é um olhar apurado acerca do currículo, observando as compe-
tências, habilidades e os conteúdos que serão trabalhados com determinada sala 
de aula, com aqueles dois, três ou mais alunos, para então adaptar as atividades 
previstas no sentido em que o aluno se desenvolva e possa se beneficiar com as 
adaptações que o educador foi capaz de construir e trabalhar. 
FIGURA 18 – MESMO ADAPTADAS, AS ATIVIDADES AINDA 
PODEM POSSIBILITAR A INTERAÇÃO ENTRE A TURMA
FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/conjunto-de-icones-de-educacao-
inclusiva-de-inclusao-colorida-e-desenho-animado-com-criancas-com-deficiencia 
aprender-e-brincar-de-ilustracao_7251193>. Acesso em: 28 de maio de 2022. 
35
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
A partir deste momento, todos estarão preparados para as atividades de for-
ma teórica e prática. Mas observando sempre algumas questões norteadoras: 
quais são as sequências de aprendizagens com esses alunos, para se atingir a 
habilidade prevista? Quais serão os passos mais estratégicos para auxiliar esse 
aluno? Qual será a metodologia utilizada, sequência didática, temporalização? 
Feito isso, parte-se a outro critério, chega a fase da aplicação. Momento em 
que o educador já está avaliando. Aqui, também temos algumas questões que 
darão um norte ao critério: a atividade prevista e adaptada desenvolveu o alu-
no? Este é o momento de verificar se ela foi muito fácil, ou de nível muito difícil. 
Verifica-se também, por exemplo, se o aluno adquiriu ou se aproximou do desen-
volvimento da habilidade prevista? O objetivo foi alcançado? O que precisa ser 
necessariamente revisto? 
Estes questionamentos são importantes porque a aplicação curricular pode 
apresentar alguns problemas. Ao longo deste processo todo ocorrem avaliações 
por parte dos educadores. Ou seja, quando falamos de avaliação na educação 
inclusão, devemos dar preferência para uma avaliação formativa. 
Tipos de avaliação: diagnóstica, somativa e formativa. A diag-
nóstica é aquela em que se atribui uma nota/conceito ao alu-
no. A somativa se resume no acompanhamento de uma soma 
de atividade. A formativa se resume a uma avaliação cons-
tante, e não apenas em um conceito ou atividade específica e 
desempenhada ao fim do ano ou do semestre.
2.9. ADAPTAÇÕES CURRICULARES E 
OS PROFESSORES
A inclusão em seu âmbito geral necessita de uma equipe de profissionais, 
entre eles, regulares e especializados. Os professores regulares são aqueles con-
tratos para determinada disciplina, geralmente concursados e formados na área 
das matérias que ministram. Já os professores especializados, são educadores li-
cenciados e com especialização ou pós-graduação na área de educação especial 
36
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
na perspectiva inclusiva. Por exemplo, uma professora formada em pedagogia 
com especialização em transtornos intelectuais, será conhecida como professora 
especializada e terá a possibilidade de trabalhar na sala de recursos. 
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial (PNEE), uma sala 
de recursos multifuncionais irá atender a educandos com deficiências, transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (BRASIL, 2020). 
A finalidade e expectativa do PNEE e sua política é fundamentar a área da edu-
cação em pesquisas e evidências científicas, conduzindo, assim, a prática edu-
cativa, além de possibilitar ao educador um rumo a suas intervenções (BRASIL, 
2020).
Toda ajuda do professor especializado é bem-vinda, e por isso, torna-se im-
portante um diálogo entre os professores da disciplina e o da sala de recurso 
para auxiliar os alunos. Porém, é só o educador da disciplina regular que sabe as 
expectativas, habilidades e competências, e como é possível adaptar ou não os 
conteúdos ministrados a partir do currículo. A questão é que o professor especiali-
zado não realizou todos cursos em todas as áreas, sendo para ele inviável desen-
volver conteúdos ou opinar acerca da adaptação curricular, bem como o método 
a ser utilizado. Todavia, eles podem ajudar com detalhes e ajustes técnicos, muito 
mais que pedagógicos. 
Cuidar e educar são conceitos importantes na educação in-
clusiva e devem ser lembrados. Eles são indissociáveis e es-
tão nas diretrizes gerais para a educação básica. Cuidar sig-
nifica dar atenção, ter responsabilidade e compromisso com 
a aprendizagem. Educar é preparar para a vida, ensinar os 
conhecimentos históricos e preparar para o mundo porvir.
As adaptações curriculares requerem equipes, por isso, deverão contar com 
coordenador pedagógico, diretor, professores, turmas, inspetores, apoio técnico, 
setores terceirizados (se houver), agentes responsáveis pela inspeção, limpeza 
e alimentação escolar.Ou seja, é um preparo que precisa visar a educação de 
ponta a ponta, afinal, uma escola democrática, baseada na diversidade, só se 
encaixa em tal parâmetro quando todos estão envolvidos e engajados na causa.
37
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
2.10. DE MANEIRA CLARA: COMO 
MINISTRAR UMA AULA INCLUSIVA
Seria impossível escrever uma receita de bolo a ser repetida em todas as tur-
mas com alunos de necessidades especiais, porém, a autora Maria Teresa Eglér 
Mantoan (2003), em seu livro Inclusão escolar: o que é, porque e como fazer?, 
nos oferece uma espécie de sequência norteadora para que façamos algo se-
melhante, claro, com todas as adaptações necessárias, afinal, ninguém mais do 
que o próprios responsável pela turma saberá de suas necessidades, habilidades, 
queixas, sucessos, ritmos, etc. Ela dirá o seguinte: i) deve-se partir das escolhas 
dos alunos, ouvi-los, muito mais do que falar, ii) realizar uma falar mais geral acer-
ca do assunto, iii) para então expor uma série de atividades diferentes. 
A partir disso, cada um realizará uma atividade que crê possuir aptidão. Nes-
ta turma podemos ter crianças com deficiências intelectuais graves e alguns que 
não saibam ler e escrever. Não seria, portanto, o professor a escolher a atividade, 
e sim, a própria criança ou adolescente. Se o professor realiza a escolha da ativi-
dade, ele acaba privando o aluno de aprender um tema. Algo que por consequên-
cia exclui o aluno da prática educacional, segrega e não inclui. Pode até ser um 
processo de inserção do aluno, mas nunca de inclusão completa. 
FIGURA 19 – ESCOLHA DA ATIVIDADE A PARTIR DO PRÓPRIO ALUNO
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-premium/mae-filho-tocando-junto-em-um-
tabela_4037286.htm#&position=1&from_view=detail#query=d&position=1&from_
view=detail>. Acesso em: 30 de maio de 2022.
Para realização de qualquer atividade prática, existem dois níveis de planeja-
mento: macro e micro. Ambos estão presentes na escola. O nível macro tem preo-
38
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
cupação com o planejamento no âmbito nacional, estadual, municipal, visando 
incorporar e refletir as políticas educacionais vigentes. Em outros temos, é como 
se elabora e verifica como e o quanto elas estão funcionando no contexto em que 
se está exercendo a prática educacional. O nível micro vai trazer os aspectos 
do planejamento global da instituição, correspondendo sobre o funcionamento 
administrativo e pedagógico. 
Então, dentro do nível micro teremos dois elementos distintos, o aspecto ad-
ministrativo e o pedagógico. Nesta seção, é o nível micro que nos importa mais, 
já que ele diz respeito a prática. Ele terá três momentos de planejamento: i) curri-
cular; ii) ensino; iii) de aula. Nós já passamos pelos dois primeiros momentos nas 
seções anteriores, agora, vamos focar no último, falando no planejamento curricu-
lar, ou o Projeto Pedagógico. 
2.11. PROJETO PEDAGÓGICO DA 
ESCOLA INCLUSIVA
o Projeto Pedagógico é composto pela ementa, objetivos, conteúdos, meto-
dologias, avaliação da aprendizagem e bibliografia. É como se imaginássemos 
uma reunião inicial. Neste planejamento são abordados todos os documentos e o 
projeto da escola em âmbito geral. Após tudo estar definido, passamos aos pro-
fessores das disciplinas. Os planejamentos podem ser elaborados também em 
conjunto, como exemplo, professores de sociologia, filosofia e língua portuguesa 
redigindo um plano em grupo. Professores de área de exata podem também se 
juntar aos demais, o que torna o planejamento ainda mais rico em termo de inter-
disciplinaridade. 
Partimos então para o Plano de Ensino, ele será a sequência didática do ano 
escolar, semestre, trimestre ou bimestre. Nele consta a área de conhecimento, 
conteúdos, objetivos gerais, específicos, assuntos ou tópicos, e em especial, es-
tratégias, recursos e avaliação. São nestes três últimos pontos, como já vimos, 
que a educação inclusiva mais foca. Quanto mais específico o planejamento esti-
ver, menos vago ele estará e mais chances terá de alcançar os objetivos proposto 
o educador.
Outro ponto importante é o planejamento de um documento que já citamos, 
mas que não realizamos uma análise e descrição mais aprofundada, mas agora 
chegou a hora: o Plano de Ensino Individual (PEI). Mas você deve estar se per-
guntando, por quais motivos ele é individual? Pelo fato de ser elaborado para 
uma, duas, três ou mais crianças com distúrbios semelhantes. Ele é composto 
de uma estrutura com o perfil do aluno – ou perfis - (em termos comportamentais, 
socioeconômicos, sociais e familiares). Focando nos seguintes pontos: interesses 
39
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
dos estudantes, possibilidades de acompanhamento, conhecimentos prévios, ne-
cessidades e prioridades de aprendizagem, recursos, estratégias, conteúdos, pro-
fissionais envolvidos no seu desenvolvimento, expectativas, prazos, habilidades 
que precisam ser priorizadas, ementa, objetivos, conteúdos, metodologia, avalia-
ção da aprendizagem e bibliografia. 
Com uma simples visão geral, já podemos perceber que o PEI abrange bem 
mais pontos do que um Plano de Ensino destinado as turmas. Os motivos disso é 
que ele terá que agregar tanto aspectos do Plano de Ensino, quanto os do Plano 
de Aula, e por isso ele será mais complexo e deve ser elaborado de forma cola-
borativa. 
2.12. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 
Quando tratamos da educação inclusiva, estamos de frente a um desafio: 
como avaliar? De fato, estamos diante de um indivíduo que requer respostas e 
atividades mais específicas no momento escolar, mas não podemos descartas a 
possibilidade de avaliar seu desempenho. Não simplesmente para atribuir uma 
nota a seu desempenho, mas para compreender sua evolução escolar e cidadã. 
Dentro da modalidade, podemos abordar uma divisão entre as formas de avaliar: 
avaliação inclusiva e avaliação adaptada. Ambas passam longe da segregação, 
punição e exclusão. Neste sentido, também parte-se do ponto que a avaliação 
não é unilateral, ou seja, não se avalia só o aluno, mas também a aprendizagem, 
o desempenho do educador e o empenho de todos os atores da instituição e da 
criança ou adolescente em questão. 
No que consiste uma avaliação inclusiva? Seu princípio fundamental é ava-
liar primeiro o processo de ensino, envolvendo assim educador, aluno e o traba-
lho de todos os envolvidos nessa relação. É possível dizer que ela é o contrário 
da avaliação tradicional. Ela irá ressaltar os problemas que foram encontrados 
para além do aluno, isto é, as barreiras para não se alcançar o objetivo, que será 
sempre a sua progressão e desenvolvimento. Além disso, será uma autoavaliação 
para o educador, que terá a preciosa oportunidade de entender se deve melho-
rar em seus estudos e práticas ou se está no caminho certo. A avaliação inclusi-
va ainda é um momento de construção de conhecimento, tanto para o discente, 
quanto para o docente. 
40
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A adaptação curricular significa elaborar e adaptar as ativi-
dades para os alunos de necessidades. Mas lembre-se sem-
pre de propiciar a contextualização com os assuntos, temas 
e conteúdos ministrados e nunca de segregá-lo com o uso 
de atividades sempre diferentes e separadas do restante da 
turma.
 ● Vamos analisar melhor esta etapa tão importante ao lidar com qual-
quer modalidade de ensino e quais duas perspectivas podemos tra-
tá-la. A avaliação na aprendizagem pode ocorrer de várias maneiras, 
entre elas, a partir de uma visão tecnicista ou libertadora. A primeira 
tem como principal premissa a ação individual e competitiva, basea-
da em disputas e em referenciais normativos. Algo que exclui e não 
agrega em nada um ambiente democrático, diverso e plural que se 
quer implementada, haja vista o momento atual e as demandas ur-
gentes na sociedade contemporânea. 
Estamos passando por um momento em que individualismose preconceitos 
não devem mais ser tolerados, afinal, tivemos bastante tempo para nos adaptar 
e mudar a perspectiva unilateral e desagregadora do passado. A mesma vertente 
de avaliação ainda será classificatória e sentenciva, que reproduz um modelo de 
sociedade hierárquica, classificatória e reprodutivista, onde a educação se torna 
mais um produto. Ainda, terá como central o professor como disciplinador e, por 
consequência, o instrumento avaliativo. Ambos serão dispositivos diretivos, dando 
ênfase no processo mnemônico e sem conexão com a vida. 
Talvez você não saiba, mas processo ou técnica mnemónica 
é uma forma de auxiliar a memória.
41
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
É o mesmo modelo tradicional clássico, que tanto se luta para descontruir, 
mas que ainda vemos se repetir na sala de aula. Esse tipo de avaliação também 
corrobora com a exigência burocrática, que visa classificar e barrar o aluno entre 
as passagens de ano, estabelecendo e aprofundando as desigualdades entre as 
séries, além de menosprezar o conjunto de habilidades das crianças e jovens. Ao 
pararmos pra pensar, ninguém é feito de um instante, sendo impossível avaliar 
uma criança e todo o seu potencial em uma hora ou duas horas de prova. Somos 
compostos de uma história e intercruzados por aspectos culturais e sociais que 
não podem ser reduzidos em apenas uma página ou meia dúzia de exercícios.
Acompanhando todas as características da avaliação tecnicistas, percebe-
mos que ela não acrescenta em nada a inclusão. Ou até mesmo podemos dizer 
o contrário, ela favorece a exclusão. Vamos pensar numa criança surda, presente 
no contexto de uma sala de aula, e o professor possui o domínio básico de Libras. 
Ele oferece uma atividade de oração subordinada e verifica, através da avaliação 
tecnicista, o desempenho da criança, concluindo que ela não compreendeu a ma-
téria nos parâmetros que ele esperava e não teve a possibilidade de expressar 
da forma como ela desejava, já que suas habilidades são distintas dos demais 
colegas. 
O educador estabeleceu parâmetros comuns do que é o correto a todos da 
mesma forma, sem adaptações. Por consequência, sua concepção será clas-
sificatória. Ao longo da leitura da prova da criança, ele concluiu que ela não 
conseguiu acertar a alternativa de acordo com o gabarito e atribuiu a ela uma nota 
baixa. Isso não favorece em nada o processo de ensino de aprendizagem, pois o 
Decreto nº 5.625, de 22 de dezembro de 2005, estabelece que a Libras é oficial 
entre os surdos, sendo sua primeira língua. Por isso, os indivíduos surdos devem 
ser avaliados a partir dela e não da língua portuguesa.
42
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
FIGURA 20 – AVALIAÇÕES NA PERSPECTIVA LIBERTADORA 
PODEM SER FEITAS EM GRUPOS
FONTE: <https://www.freepik.com/free-vector/multicultural-people-standing-together_9176081.
htm#query=inclus%C3%A3o&position=6&from_view=search>. Acesso em: 02 de julho de 2022.
Quando tratamos da avaliação a partir de uma perspectiva libertadora, o tra-
balho do educador se modifica. Incluem-se atividades avaliativas em grupos, con-
sensuais, que mobilizam uma visão de mundo colaborativa. O trabalho em con-
junto pode trazer uma visão de mundo mais ampla e realista, sendo uma forma 
de desenvolver a criança para a vida e seu cotidiano, e não só para o ambiente 
escolar. 
No entanto, esse deve ser um processo consensual, ou seja, em que to-
dos estejam de acordo com os benefícios deste tipo de atividade. A avaliação 
libertadora parte de uma concepção investigativa e reflexiva e de proposições de 
conscientização de valores sociais e culturais. Temos ainda o privilégio à compre-
ensão, dentro de tal abordagem e o pressuposto da cooperação de todos neste 
processo. Como já mencionado, todos os agentes escolares precisam se engajar 
na inclusão, não apenas a turma e o professor. 
Todos estes aspectos da avaliação, numa perspectiva libertadora, estão locali-
zados na classificação da avaliação formativa ou também chamada de processual. 
 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Caro estudante, neste capítulo vimos os conceitos que envolvem e estão 
diretamente relacionados a concepção de educação especial na perspectiva in-
clusiva. Passamos pelos conceitos básicos do público-alvo desta modalidade, 
relembrando algumas características das deficiências, porém, também com-
43
Metodologias Da Educação InclusivaMetodologias Da Educação InclusivaCapítulo 1
preendemos que o importante não é focar nas faltas dos indivíduos, mas em suas 
potencialidades. 
Compreendemos um pouco da história da educação inclusiva, seus marcos 
históricos, a construção das primeiras leis e diretrizes, os desafios e avanços, 
percebendo que a luta a favor da diversidade e da inclusão não significa o mes-
mo do que adaptar sujeitos com necessidades a sociedade, e sim, de trabalhar a 
consciência e a mentalidade da comunidade, dos profissionais da educação, dos 
agentes do estado e de todos, tendo em vista que é a sociedade que necessita 
compreender melhor seus indivíduos e suas pluralidades. 
Nas seções que se sucederam, estudamos sobre as adaptações necessárias 
para se exercer um currículo pedagógico voltado a inclusão e os papéis da esco-
la, professores e demais profissionais. A educação inclusiva requer uma escola 
democrática, e para tanto, precisamos pensar em aspectos que vão desde o nível 
estrutural/arquitetônico até o refinamento da concepção de cuidado, empatia e 
respeito à dignidade de todos. 
Para trabalhar com a inclusão é necessário estar disposto a ouvir, muito mais 
do que falar, portanto, currículo, PPP e metodologias precisam partir e estar ali-
nhadas com as necessidades dos protagonistas desta história. Assim, para elabo-
rar um plano e ementa voltado aos alunos da educação especial, devemos con-
siderar e explicitar bem os objetivos, estes que diferem para cada um, porém, se 
unem quando falamos de um propósito: o empoderamento e desenvolvimento das 
potencialidades da criança e do jovem na escola. 
1. De acordo com Sassaki (2009), existe uma condição bá-
sica quando estamos tratando do ensino especial a partir de 
uma perspectiva inclusiva: a acessibilidade. Ela pode se mos-
trar em vários aspectos, porém, o autor destaca quatro for-
mas principais. A partir de seus estudos, descreva brevemen-
te sob quais aspectos a inclusão pode ocorrer e dê exemplos 
de como é possível encontrá-las nas instituições de ensino. 
2. Relembre a nossa discussão acerca da avaliação na mo-
dalidade de educação especial e quais são as avaliações 
mais pertinentes quando estamos falando de uma educação 
libertadora e que visa a formação não apenas de um escolar, 
44
ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
mas de um sujeito capaz de exercer sua autonomia e liberda-
de no mundo. Em seguida, assinale a resposta correta:
a. Avaliação tecnicista.
b. Avaliação unilateral.
c. Avaliação somativa.
d. Avaliação libertadora/formativa.
3.Diante de todos os pontos trabalhados nes-
te capítulo, realize uma breve análise ressaltan-
do quais são as formas de se adaptar um currícu-
lo, o que é um currículo pedagógico na educação 
especial e como ele poderia ser realizado na escola. 
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 
10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais 
- Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm. 
Acesso em: 13 jul. 2022.
______. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7611.htm. Acesso 
em: 13 jul. 2022.
______. Decreto nº 99.710, de 21 de novembro de 1990. Promulga a 
Convenção sobre os Direitos da Criança. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm. Acesso em: 13 jul. 2022.
______. Lei nº 9.394, de 20 de

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