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Avaliação do Consumo Alimentar Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª M.ª Fernanda Trigo Costa Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Avaliação da Dieta por Índices/Indicadores de Qualidade e Avaliação do Comportamento Alimentar Avaliação da Dieta por Índices/ Indicadores de Qualidade e Avaliação do Comportamento Alimentar • Conhecer os índices/indicadores para avaliação do consumo alimentar e as características de cada um deles; • Conhecer métodos de avaliação do comportamento alimentar, de forma a ter subsídios para uma análise global das características do consumo alimentar e do relacionamento do indi- víduo com os alimentos. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Índices/Indicadores de Qualidade; • Métodos Qualitativos de Avaliação do Consumo Alimentar. UNIDADE Avaliação da Dieta por Índices/Indicadores de Qualidade e Avaliação do Comportamento Alimentar Contextualização Quando falamos de consumo alimentar, o interesse está na ingestão de alimentos (quais tipos e quantidades), podendo ser avaliada pelos inquéritos alimentares (R24h, QFA e Registro ou Diário Alimentar). E quando falamos de consumo nutricional, há a transformação das quantidades e dos tipos de alimentos – identificados nos inquéritos – em valores numéricos (energia e nutrientes). Porém, o consumo desses alimentos e nutrientes faz parte do processo de comer, alimentar e nutrir, que não são sinônimos, e se iniciam antes mesmo da degluti- ção, num contexto de práticas alimentares, envolvidas em um conjunto de componentes objetivos e subjetivos que podem ser observados, estudados, descritos e compreendidos por meio da avaliação qualitativa do consumo alimentar. Estudos quantitativos permitem analisar como o consumo de nutrientes produz efeitos na saúde de determinados indivíduos, mas não permitem avaliar emoções, deta- lhes e aspectos que levem em consideração quem é a pessoa que come e em qual con- texto cultural está envolvida. Investigações qualitativas permitem compreender como e de que maneira a comida faz parte das representações, simbolizações e significados para o indivíduo ou grupo estudado (SCAGLIUSI; ULIAN; SATO, 2019). Na avaliação do consumo alimentar, esses conceitos se misturam e, muitas vezes, confundem-se. Avaliar a qualidade da dieta é diferente de fazer um estudo qualitativo sobre a dieta de determinado indivíduo ou grupo. O conceito de qualidade da dieta passou, passa e continuará passando por um processo de evolução. No início da Ciência da Nutrição, a qualidade da dieta estava atrelada à prevenção da deficiência de nutrientes, portanto, as dietas que supriam as recomendações de energia e dos nutrientes essenciais conhecidos até então eram consideradas adequadas. A partir do reconhecimento da importância de associar os fatores dietéticos, princi- palmente, à prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), as caracterís- ticas da dieta associadas à redução do risco dessas doenças foram incluídas no conceito de qualidade da dieta. Assim, pode-se observar aprimoramento do conceito de qualidade da dieta: diminui- ção da preocupação em atingir a adequação para todos os nutrientes e aumento do interesse em incluir fatores dietéticos ligados à prevenção das doenças mais prevalentes na atualidade (VOLP et al., 2010). Nesse contexto, atualmente, a OMS sugere que a avaliação do consumo alimentar das populações estaria melhor representada pelo padrão alimentar, considerando que os indivíduos não consomem nutrientes nem alimentos isoladamente. Esse fato vem desen- cadeando crescente interesse na investigação sobre o consumo de grupos de alimentos considerados definidores de padrões alimentares saudáveis e não saudáveis. Padrão alimentar: análise estatística ou matemática dos alimentos como eles são consu- midos, em frequência e combinações características. 8 9 A identificação de padrões alimentares tem sido foco de estudos que objetivam discutir essa complexidade relacionando a qualidade da dieta e desfechos em saúde (FERREIRA et al., 2019). A relação entre dieta e saúde pode ser avaliada pelo nível de alguns compo- nentes do alimento (nutrientes), tipos de alimento, grupo ou grupos de ali- mentos e padrões alimentares. A associação entre estes parâmetros e várias doenças crônicas pode ser analisada por meio da adoção de instrumentos dietéticos de avaliação global de dietas e, para tanto, vários índices têm sido propostos para tal análise, primeiramente para avaliar e guiar a ingestão da dieta individual e, em segundo lugar, para avaliar e guiar a ingestão da dieta de populações e, assim, promover a saúde por meio de programas de educação nutricional e prevenir doenças. (VOLP et al., 2010, p. 282) Nesta Unidade, vamos conhecer alguns índices e indicadores utilizados para avaliar a qualidade da dieta, além de discutir possíveis métodos de avaliação do comportamento alimentar, de forma a despertar o interesse e destacar a importância de uma análise global das características do consumo alimentar. Vamos lá?! 9 UNIDADE Avaliação da Dieta por Índices/Indicadores de Qualidade e Avaliação do Comportamento Alimentar Índices/Indicadores de Qualidade A criação dos índices tem como objetivo oferecer instrumento único e simplificado para refletir a qualidade da alimentação por meio do acompanhamento das mudanças do padrão alimentar ao longo do tempo. Esses índices consideram a ingestão de alimentos e nutrientes simultaneamente, permi- tindo avaliação mais ampla da dieta por meio da comparação da ingestão de determinados alimentos e nutrientes com determinado padrão – nesse caso, as recomendações nutri- cionais –, estabelecendo uma pontuação que permite classificar a alimentação. Assim, os índices dietéticos avaliam aspectos quantitativos e qualitativos (Figura 1) (GORGULHO; MARCHIONI, 2019): Índices Dietéticos Relacionam Dietas com DCNT Monitoram as tendências de padrão alimentar Avaliam aderência da dieta às recomendações nutricionais Figura 1 – Índices Dietéticos Objetivos dos índices dietéticos: • Expressa o quanto a totalidade da dieta é saudável/adequada; • Desenvolvido com base em um padrão considerado saudável (Recomendações Nutricionais); • Desenvolvido de acordo com um guia alimentar para a população geral ou para um grupo específico. Com base nesses preceitos, a partir de agora, vamos conhecer alguns tipos de índices para a avaliação da dieta. Índice de Qualidade da Dieta A aplicação de índices de avaliação da dieta no Brasil teve início em 2004, quando Fisberg et al. (2004) adaptaram e validaram o índice americano Healthy Eating Index – HEI (considerado um instrumento adequado para medir a qualidade global da alimen- tação na população americana) para a população brasileira, gerando o Índice de Quali- dade da Dieta (IQD). Em 2005 e 2012, o HEI foi modificado (HEI-2005; HEI-2010) para atender um conjunto de novas Diretrizes Dietéticas Americanas, incorporando aspectos da quali- dade da dieta, como consumo de cereais integrais, tipos específicos de gordura e valor 10 11 energético proveniente da ingestão de gordura sólida (saturada e trans), álcool e açúcar de adição (PIRES et al., 2020). No site do National Cancer Institute dos EUA, é possível acessar os componentes do HEI e suas atualizações. Disponível em: https://bit.ly/3kNgnx8 Trocando Ideias... Caso você tenha dificuldade para ler em outro idioma, utilize a ferramenta “Tradutor” do Google ou outro aplicativo tradutor de sua preferência. O IQD era composto por 8 componentes e incorporou um esquema no qual três elementos da dieta (gordura total, gordura saturada e colesterol) receberam maior destaque quando comparados aos demais nutrientes. O quarto componente referia-se ao número de porções de frutas e hortaliças, enquanto o quinto indicava o número de porções de cereais e leguminosas. Os três últimos elementos analisaram a ingestão de proteína, sódio e cálcio. A pontuação (escore) foi estruturada em trêsníveis, de forma que indivíduos com o consumo adequado de cada indicador receberam nota zero, enquanto aqueles com in- gestão muito diferente das consideradas adequadas receberam dois pontos. A pontuação final era a soma de oito indicadores, totalizando um mínimo de zero (dieta excelente) e um máximo de 16 (dieta péssima) (Tabela 1). Dentre as vantagens do IQD, tem-se que sua avaliação era feita de modo a obter uma visão global da qualidade da dieta, e dentre suas desvantagens, inclui-se o fato de o método de distribuição de pontos poder gerar dificuldades na interpretação dos resulta- dos, decorrente do fato de a dieta adequada recebe pontuação igual ou próxima a zero, enquanto à inadequada seria atribuída maior quantidade de pontos. Tabela 1 – Componentes do IQD Recomendação* Escore** Ingestão Reduzir gordura total para 30% ou menos das calorias 0 £30% 1 30-40% 2 >40% Reduzir ácidos graxos saturados para menos de 10% das calorias 0 £10% 1 10-13% 2 >13% Reduzir colesterol para menos de 300mg/dia 0 £300mg 1 300-400mg 2 >400mg Comer 5 ou mais porções diárias de uma combinação de hortali- ças/verduras e frutas 0 5 ou + porções 1 3-4 porções 2 0-2 porções 11 UNIDADE Avaliação da Dieta por Índices/Indicadores de Qualidade e Avaliação do Comportamento Alimentar Recomendação* Escore** Ingestão Aumentar ingestão de amido e outros carboidratos complexos, comendo 6 ou mais porções diárias de pães, cereais e leguminosas 0 6 ou + porções 1 4-5 porções 2 0-3 porções Manter a ingestão protéica em níveis moderados (níveis menores que o dobro de RDA) 0 £100% RDA 1 100-150% RDA 2 >150% RDA Limita ringestão diária total de sódio para 6g (2400mg) ou menos 0 £2400mg 1 2400-3400mg 2 >3400mg Manter ingestão adequada de cálcio (níveis aproximados da RDA) 0 ³RDA 1 2/3 RDA 2 <2/3 RDA Pontuação mínima (Dieta excelente) 0 Pintuação máxima (Dieta péssima) 16 * Recomendações baseadas no Diet and Health10. ** Escores 0, 1 e 2 são somados através das oito recomendações para encontrar o IQD do indíviduo avaliado. Fonte: VOLP et al., 2010, p. 287 Índice de Qualidade da Dieta Revisado Acompanhando a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira de 2006, Previdelli et al. (2011) construíram o Índice de Qualidade da Dieta Revisado para População Brasileira (IQD-R), que incluía doze componentes, dos quais nove são grupos de alimentos, dois são nutrientes e um representa a soma do valor energético provenien- te da ingestão de gordura sólida, álcool e açúcar de adição (PIRES et al., 2020). O IQD original foi revisto, pois havia necessidade de refletir mais sobre os guias dieté- ticos da época, de incorporar melhores métodos de estimativa de porções de alimentos, bem como desenvolver e incorporar medidas de variedade dietética e moderação. O escore do IQD original foi expandido para uma escala de 100 pontos, a fim de facilitar a interpretação e ajustes às novas DRIs (VOLP et al., 2010). Tabela 2 – Componentes do IQD-R IQD-R 100 Soma dos componentes Componente Pontuação máxima Critério para pontuação máxima Critério para anular a pontuação Frutas totais 5 1,0 porção/1.000kcal Ausência de consumo do item Frutas integrais 5 0,5 porção/1.000kcal Ausência de consumo do item Vegetais totais 5 1,0 porção/1.000kcal Ausência de consumo do item Vegetais verdes-escuros e alaranjados e leguminosas 5 0,5 porção/1.000kcal Ausência de consumo do item Cerais totais 5 2,0 porção/1.000kcal Ausência de consumo do item Cereiais integrais 5 1,0 porção/1.000kcal Ausência de consumo do item Leite e derivados 10 1,5 porção/1.000kcal Ausência de consumo do item 12 13 IQD-R 100 Soma dos componentes Componente Pontuação máxima Critério para pontuação máxima Critério para anular a pontuação Carnes, ovos e leguminosase 10 1,0 porção/1.000kcal Ausência de consumo do item Óleos 10 0,5 porção/1.000kcal Ausência de consumo do item Gordura saturada 8 10% VET* ³15% VET* 10 7% VET* Sódio 8 1,0 grama/1.000kcal ³2,0 gramas/1.000kcal 10 £0,7 grama/1.000kcal Gord_AA 20 £10% VET* ³35% VET* Fonte: Adaptado de GORGULHO; MARCHIONI, 2019, p. 219-220 O IQD-R pode ser aplicado a indivíduos e a populações. No entanto, quando aplicado a indivíduos, deve-se obter a estimativa do consumo habitual, em que são necessários vários dias de dados de ingestão alimentar, permitindo a remoção da variabilidade intrapessoal. Como vocês já devem ter observado, a utilização dos índices dietéticos não exclui a apli- cação dos inquéritos alimentares, muito pelo contrário: para a utilização e a avaliação da qualidade da dieta pelos índices dietéticos, é necessário realizar a coleta de dados por meio de R24h, QFA e Registro ou Diário Alimentar, e só depois associar as informações obtidas aos critérios de cada índice. O IQD-R é capaz de analisar vários componentes da dieta simultaneamente, com base na densidade energética, avaliando sua qualidade, independentemente da quanti- dade de alimentos consumida. Na época, a utilização do Guia Alimentar 2006 para a atualização do IQD possibi- litou desenvolver um instrumento que permitia avaliar e monitorar a aderência da dieta dos brasileiros às recomendações nutricionais atuais propostas para os vários estágios de vida (PREVIDELLI et al., 2011). Contudo, com a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira (2014), novos indicadores devem ser propostos, visto a mudança de visão em relação à alimen- tação: ampliada para as formas de comer, comensalidade e cozinhar, entre outros. Desenvolvimento e validação de uma escala autoaplicável para avaliação da alimentação segundo as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira. Disponível em: http://bit.ly/36P9Op9 Índice de Alimentação Saudável Na escolha de utilizar o HEI (Healthy Eating Index) sem as adaptações para a po- pulação brasileira, este índice é denominado Índice de Alimentação Saudável (IAS) e destaca-se como um dos mais utilizados em estudos internacionais, tanto para aplicação na íntegra quanto para adaptações (CONCEIÇÃO et al., 2018). 13 UNIDADE Avaliação da Dieta por Índices/Indicadores de Qualidade e Avaliação do Comportamento Alimentar As informações dietéticas são analisadas em um Recordatório de 24 horas (compo- nentes 1, 2, 3, 4 e 5) e em um registro alimentar de dois dias (componentes 6, 7, 8 e 9). O componente 10 é analisado com as informações obtidas tanto do recordatório de 24 horas como do registro de dois dias de alimentos (Tabela 3) (VOLP et al., 2010). Tabela 3 – Componentes do Índice de Alimentação Saudável Componentes Faixa de escore Critério para o escore perfeito 101 Critéio para o mínimo escore de 0 Grãos 0-10 6-11 porções2 0 porções Hortaliças/ verduras 0-10 3-5 porções 2 0 porções Frutas 0-10 2-4 porções2 0 porções Leite 0-10 2-3 porções2,3 0 porções Carne 0-10 2-3 porções2 0 porções Gordura total 0-10 30% ou menos de energia proveniente de gordura 45% ou mais de energia proveniente de gordura Gordura saturada 0-10 Menos de 10% de energia de gordura saturada 15% ou mais de energia de gordura saturada Colesterol 0-10 Menos de 300mg Maior ou igual a 450mg Sódio 0-10 Menos de 2400mg Maior ou igual a 4800mg Variedade 0-10 16 tipos diferentes de alimentos consumidos durante 3 dias 6 ou menos itens alimentos consumidos durante 3 dias 1 Individuos que consomem um número de porções entre pontos de corte mínimo e máximo pontuam de forma proporcional (Se um indíviduo precisa de 8 porções de grãos e consomem 4, ele deve marcar um escore de 5 na categoria/componente “grãos”). 2 Depende da ingestão energética recomendada do número recomendado de porções ai dia da necessidade energética preconizada do The Food Guide Pyramic13,15. 3 O número necessário de porções do grupo do leite é 3 para gestante, lactante, jovens e adultos jovens menores de 24 anos. Fonte: VOLP et al., 2010, p. 288 Índice de Alimentação Saudável Alternativo (IAS-A) Os critérios para pontuação do IAS-A em relação ao IAS originaltêm mais itens es- pecíficos. O índice mantém alguns componentes do IAS original como vegetais e frutas, e inclui outros componentes baseados em orientações específicas, como o aumento da ingestão de peixes e frangos, grãos integrais e, no caso de consumo de bebida alcoólica, fazê-lo com moderação (VOLP et al., 2010). O IAS-A é constituído por 9 itens, incluindo vegetais, frutas, oleaginosas e soja, ra- zão entre carne branca e vermelha, fibra, percentual de energia proveniente de gordura trans, razão entre gordura poli-insaturada e saturada, bebida alcoólica, e uso de polivi- tamínico (Tabela 4). Tabela 4 – Componentes do IAS-A Componentes Faixa de escore Critério para o escore máximo Critério para o escore mínimo Cereais integrais (g) 0-10 15 0 Hortaliças (porções) 0-10 5 0 Frutas (porções) 0-10 4 0 Nozes e proteína de soja (porções) 0-10 1 0 14 15 Componentes Faixa de escore Critério para o escore máximo Critério para o escore mínimo Razão entre carne branca e carne vermelha 0-10 4 0 Razão entre gordura poliinsaturada e saturada 0-10 ³ 1 £ 0,1 Gordura trans (%)a 0-10 £ 0,5 ³ 4 Álcoolb (porções) 0-10 0,5-1,5c 0 ou >2,5c 0 ou > 3,5d Tempo de uso de polivitamínico (anos) 2,5-7,5 1,5-2,5d < 5 Escore total 2,5-87,5 87,5 2,5 Fonte: CONCEIÇÃO et al., 2014, p. 91 A pontuação de 8 dos 9 componentes varia de 0-10 para cada um. O uso de polivita- mínico soma 7,5 e o não uso contabiliza 2,5 pontos. Os escores de todos os componen- tes do índice são somados para obtenção de um escore total que varia entre 2,5 (dieta ruim) e 87,5 (dieta adequada). Contagem de Alimentos Recomendados A contagem de alimentos recomendados foca-se no consumo de hortaliças/ver- duras, frutas, carnes magras ou alternativas de carne, grãos integrais e produtos lácteos de baixa gordura. Para esse índice, o indivíduo avaliado recebe 1 ponto para cada alimento recomendado e consumido na última semana. Esse índice é uma medida relativamente simples e independente do padrão alimentar dos indivíduos e do tamanho da porção. Os alimentos recomendados devem ser basear nos atuais guias dietéticos, sendo que pessoas com elevado escore possuem alta inges- tão de energia e de micronutrientes, mas baixa porcentagem de energia proveniente de gordura quando comparadas àquelas do menor escore. Dietas caracterizadas por baixo consumo de alimentos recomendados podem apre- sentar ingestão insuficiente de muitos nutrientes, o que, em longo prazo, pode não ser um contexto favorável à manutenção da saúde. Dessa forma, este índice pode ser utiliza- do para classificar as pessoas em categorias de baixo ou alto risco conforme o consumo de grupos alimentares (VOLP et al., 2010). Avaliação por Escore da Variedade/Diversidade da Dieta Escore da Variedade da Dieta (EVD) Este escore foi desenvolvido (1987) considerando o fato de que a escolha de alimentos variados dentro dos grupos de alimentos possibilita melhora na alimentação, em decorrência do consumo das diversas vitaminas e minerais em quantidades ideais. O EVD foi definido como o número de diferentes itens de alimentos consumidos em um determinado período e seu objetivo foi desenvolver uma nova medida de varieda- de da dieta e englobá-la a outras medidas de qualidade da dieta, já que as avaliações dietéticas existentes até então davam muito enfoque para a quantidade energética e de nutrientes ingeridos e pouco para a variedade da dieta escolhida. 15 UNIDADE Avaliação da Dieta por Índices/Indicadores de Qualidade e Avaliação do Comportamento Alimentar Escore da Diversidade da Dieta (EDD) Logo após, em 1988 e 1989, foi criado o EDD, que quantifica o número de diferentes grupos de alimentos consumidos diariamente. Os grupos são: leite e substitutos, carne, cereais, frutas e hortaliças. Os escores das dietas de são calculados considerando uma lista pré-determinada de 73 alimentos divididos nos grupos de alimentos acima citados. O escore máximo é 5, com um ponto dado para cada grupo de alimento consumido (CERVATO; VIEIRA, 2003). Alimentos consumidos em menores quantidades do que aquelas estabelecidas não são pontuados. A quantidade mínima para os dos grupos da carne, frutas e hortaliças/ verduras é de 30g. Para o grupo do leite e derivados, 15g para alimentos sólidos e 30g para alimentos líquidos. Para os alimentos do grupo dos cereais, 15g. Nesse estudo, não foi analisada a ingestão de bebidas alcoólicas, gorduras e doces (VOLP et al., 2010). O EVD conta todos os alimentos consumidos, incluindo condimentos. Este índice isolada- mente, pode dar uma falsa impressão favorável da qualidade da dieta. No entanto, um alto EDD reflete um consumo de alimentos de diversos grupos. Escore da Dieta Mediterrânea Alternativo Considerando que os índices de mortalidade de pessoas com doenças crônicas são relativamente baixos na região Mediterrânea e que, certamente, a dieta regional tradi- cional muito contribui para tal resultado, foi desenvolvida uma escala para quantificar a qualidade da dieta da população grega, que foi posteriormente adaptada e denominada Escore da Dieta Mediterrânea Alternativo (EDM-A). O Escore da Dieta Mediterrânea Original foi elaborado com dados obtidos por meio da frequência de consumo de alimentos de uma amostra da população rural grega. Esse escore, originalmente, baseava-se na ingestão de nove itens: hortaliças/ver- duras, leguminosas, frutas e nozes, lácteos, cereais, carne e produtos cárneos, álcool, razão entre gordura monoinsaturada/saturada e energia. Posteriormente foi modificado, excluindo produtos originados da batata do grupo de hortaliças/verduras, separando frutas e nozes em dois grupos, eliminando o grupo de lácteos, incluindo somente cereais integrais, carne vermelha e carne processada para o grupo da carne, incluindo grupo do peixe e designando a ingestão alcoólica entre 5 e 15 g/dia (Tabela 5) (TOMAZI, 2019). Tabela 5 – Componentes do Escore da Dieta Mediterrânea Alternativo Grupo de alimentos Alimentos Critérios para 1 ponto1 Hortaliças/verduras Todas as hortaliças/verduras exceto as batatas Maior que a ingestão média (porções/dia) Leguminosas Tofu, feijões de corda, ervilhas, feijões Maior que a ingestão média (porções/dia) Fruta Todas as frutas e sucos Maior que a ingestão média (porções/dia) Nozes Nozes, manteiga de amendoim Maior que a ingestão média (porções/dia) Grãos integrais Cereais integrais prontos para comer, cereais cozi- dos, biscoitos, pães escuros, arroz integral, outros grãos, gérmen de trigo, fibra de cereais, pipoca Maior que a ingestão média (porções/dia) 16 17 Grupo de alimentos Alimentos Critérios para 1 ponto1 Carnes vermelhas e processadas Vinas, embutidos, bacon, hambúrguer, carne de gado Menor que a ingestão média (porções/dia) Peixes Peixes, camarões, peixe processado Maior que a ingestão média (porções/dia) Razão gordura monoinsaturada/saturada Peixes, camarões, peixe processado Maior que a ingestão média (porções/dia) Etanol Vinho, cerveja, cerveja light, licor 5-25g/dia 1Zero ponto se estes critérios não forem alcançados. Fonte: VOLP et al., 2010, p. 292 Essas modificações foram baseadas em padrões de dieta e ingestão alimentar, que estão consistentemente associados ao baixo risco para doença crônica em estudos clíni- cos e epidemiológicos. Os possíveis escores para o EDM-A mantêm-se na escala de 0 a 95 (VOLP et al., 2010). Importante! • A determinação dos padrões alimentares por meio de índices é um processo relativa- mente simples, contudo, para ter confiabilidade nos resultados, é necessário conhecer sua construção e pontuação; • Os componentes dos índices devem estar adequados às recomendações estabelecidas para a população a ser analisada; • Os componentes dos índices devem ser propostos com base em diretrizes nutricionais específicas atualizadas. Portanto, é necessário acompanhar a evolução dos estudos, pois a composição dos índices tem sido constantemente atualizada e revisada de acordo com as recomenda- ções de guiasalimentares e diretrizes nutricionais específicas, originando novos índices aplicáveis a grupos populacionais específicos (PREVIATO; VOLP; FREITAS, 2014). Métodos Qualitativos de Avaliação do Consumo Alimentar A pesquisa qualitativa pode contribuir de forma significativa para o consumo alimen- tar, permitindo o aprofundamento da compreensão dos aspectos que motivam o consu- mo e que se expressam em crenças, atitudes e comportamento. Nesse tipo de estudo, o foco não é apenas o tipo de comida consumida, tampouco sua quantidade, mas o contexto em que ela é consumida, os valores e significados desse consumo, os rituais, os gostos, as memórias e os sentimentos relacionados aos alimentos (SCAGLIUSI; ULIAN; SATO, 2019). Na pesquisa qualitativa, a avaliação tem como foco as relações comportamentais, ou seja, como e de que forma se come, as ações em relação ao ato de se alimentar e como elas estão relacionadas aos sentimentos e às cognições. 17 UNIDADE Avaliação da Dieta por Índices/Indicadores de Qualidade e Avaliação do Comportamento Alimentar Considerar as atitudes alimentares (os comportamentos, as cognições e os afetos) de um indivíduo ou grupo remete ao fato de que o alimento não está apenas na esfera biológica, ou seja, é preciso considerar o entorno e o indivíduo em sua totalidade. Atitude alimentar é definida como crenças e pensamentos, sentimentos, com- portamentos e relacionamento com os alimentos. O comportamento está inserido nas atitudes e se deve considerar, também, que as atitudes são influenciadas por fatores ambientais (cultura, família, religião, sociedade etc.), bem como por fatores internos que envolvem sentimentos, pensamentos, crenças, tabus. Quando se pensa em mudança de comportamento, é preciso entender os pensamen- to desse indivíduo, pois uma das questões que se destaca nos impulsos e predisposições de comportamento é o hábito. Hábito é o comportamento que determinada pessoa aprende e repete frequen- temente sem pensar como deve executá-lo e é, geralmente, inconsciente, porém, diferencia-se do instinto, que é um comportamento inato, não aprendido. A dificuldade que se tem em mudar hábitos se dá pelo fato de eles fazerem os indivíduos agirem de forma automática, sem se darem conta de sua existência. Sendo assim, é preciso que alguém aponte a presença desse hábito para que se tome consciência de que ele existe. Ao se tomar consciência, é possível dar um primeiro passo para romper o hábito e permitir que novos comportamentos possam emergir e se tornem novos hábitos (Figura 2) (ALVARENGA; KORITAR, 2015): Relação com o alimento = atitude alimentar Fatores ambientais Fatores internos Criam hábitos O outro deve apontar para se ter consciência = romper o hábito => novo comportamento = novo hábito. Hábito: inconsciente e aprendido = automático Diferente de instinto (inato) Atitudes Comportamento Cognições (crenças e conhecimento) Afetos (sentimentos) Poupar Energia Educar em saúde = novos comportamentos Hábito Estímulo cognitivo (o que acreditamos + experiências = aprendizado) Mudar Hábito X Manter Hábito Figura 2 – Esquema das relações entre atitudes, comportamentos e hábitos alimentares Fonte: Adaptado de ALVARENGA et al., 2015 Determinantes do Consumo e Relações Comportamentais com os Alimentos Determinantes de consumo podem ser definidos como fatores que vão afetar as esco- lhas alimentares por meio de efeitos nos pensamentos e sentimentos individuais. Podem estar relacionados ao alimento, ao ambiente e à pessoa que come (comedor), conforme pode ser observado no Tabela 6. 18 19 Tabela 6 – Determinantes da escolha alimentar Categoria Fatores Relacionados ao alimento Sabor, aparência, valor nutricional, qualidade e higiene, cheiro, textura, variedade, preço, origem, familiaridade. Relacionados ao ambiente Fatores físicos Odor, iluminação, conforto, limpeza, localização, opções disponíveis, presença de pessoas conhecidas e distrações do ambiente Fatores socioculturais Família, pares, mídia e cultura local Relacionados ao comedor Biológicos Fisiológicos, patológios, genéticos, preferências alimenta-res, idade, sexo e estado nutricional Socioeconômicos Renda familiar, escolaridade, preço Antropológicos e psicológicos Crenças, emoções, expectativas, experiências positivas ou negativas Fonte: Adaptado de LVARENGA et al., 2019, p. 37 Diante de tantos fatores que estão relacionados às escolhas e considerando o con- texto social em que vivemos, comer pode significar uma infinidade de representações, inclusive uma forma Fácil e segura de obter prazer, uma quebra de normas, uma trans- gressão, rebeldia, autopunição, e assim por diante. Atualmente, a sociedade, pautada na mídia e nas pressões sociais associadas à ma- greza, envia uma mensagem negativa em relação às pessoas “fora do padrão” como símbolo vivo da falta de vontade, gerando temor constante de revelar o corpo gordo ou supostamente gordo. Se de um lado existe um estímulo massivo ao consumo de alimentos industrializados, seja por meio da alegação de serem saudáveis seja por serem socialmente aceitáveis e práticos ou os únicos disponíveis em determinadas situações, tem-se o extremo oposto, em que o consumo de determinados alimentos ou nutrientes é visto como uma agressão ao organismo, por ideias e conceitos disseminados e aceitos pela população como ver- dades absolutas (consumo de carboidratos, leite e glúten, por exemplo). A mídia tem papel essencial nesse ambiente, ao divulgar alimentos como saborosos e convenientes, ditando padrões de consumo. Ao mesmo tempo, alimenta a cultura da magreza e perpetua mitos e crenças inade- quados sobre alimentação e nutrição, contribuindo para que as pessoas tenham relações transtornadas com a comida: o que antes já foi natural – comer respeitando os sinais do corpo, tradições, cultura – passa a depender de regras e monitoramento e se carrega de culpa, metas e angústias (ALVARENGA; KORITAR, 2015). Diante desse cenário, a pesquisa qualitativa representa uma forma de explorar como os aspectos biopsicossociais (gênero, classe social, memórias etc.) afetam e interagem com o consumo alimentar, ampliando a visão do profissional para além da abordagem tecnicista, prescritiva e biológica. Métodos de Avaliação de Comportamentos e Atitudes Há diversos referenciais teóricos e métodos de produção e análise dos dados que po- dem ser utilizados na pesquisa qualitativa. Na avaliação de comportamentos e atitudes, as informações vão para além do consumo alimentar. Elas incluem: práticas alimentares, hábitos alimentares, comportamentos alimentares, atitudes alimentares e são informa- 19 UNIDADE Avaliação da Dieta por Índices/Indicadores de Qualidade e Avaliação do Comportamento Alimentar ções não observáveis e não mensuráveis diretamente. Precisam ser desvendadas e resga- tadas. Por isso, não há um referencial “padrão-ouro” para a coleta dessas informações, justamente porque dependem do objetivo do estudo ou do atendimento que se pretende (SCAGLIUSI; ULIAN; SATO, 2019). A Tabela 7 traz alguns tipos de pesquisa qualitativa em alimentação e consumo ali- mentar, com as respectivas definições e indicação de referências para aprofundamento. Tabela 7 – Síntese sobre tipos de pesquisa qualitativa em alimentação e consumo alimentar Tipo de Pesquisa Descrição Referências Etnografia A etnografia busca entender os padrões compartilhados por sujeitos de um mesmo grupo cultural, interpretan- do os padrões de valores, comportamentos, crenças e linguagens. É o processo de apreensão e análise desses padrões, normalmente feito por meio da observação participante por parte do pesquisador. CASTRO, H. C.; MACIEL, M. E. Reflexões sobre o método etnográfico para apreensão das políticas sociais no campo da alimentação e nutrição: notas de pesquisa em uma cozinha comunitária. Deme- tra: Alimentação, Nutrição & Saúde, v. 10, n. 3, p. 523-537, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3kKJvW1 FERRIGNO, M. V. Veganismoe libertação animal: um estudo etnográfico. 2012. 280p. Dissertação (Mes- trado em Antropologia Social) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Huma- nas, Campinas. Disponível em: https://bit.ly/3lGXA86 Entrevistas Perguntas abertas ou fechadas. As questões fechadas podem ser avaliadas por frequ- ência (número abso- luto e percentual) e as questões abertas pedem outras meto- dologias para análise. Grupo Focal Entrevista sobre um tópico específico, que busca colher informações que pos- sam proporcionar a compreensão de percepções, crenças, atitudes sobre um tema, produto ou serviços. O objeto é a interação entre os participantes do grupo (com similaridades), explicitando a associação entre sentimentos, signi- ficados e opiniões com determinados fenômenos, no caso, a alimentação. TORAL, N.; CONTI, M. A.; SLATER, B. A alimentação saudável na ótica dos adolescentes: percepções e barreiras à sua implementação e características esperadas em materiais educativos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 11, p. 2386-2394, nov. 2009. Disponível em: https://bit.ly/3kLUzSD LERVOLINO, S. A.; PELICIONI, M. C. F. A utilização do grupo focal como metodologia qualitativa na promo- ção da saúde. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 115-121, jun. 2001. Disponível em: https://bit.ly/2UEyDOT Análise de Conteúdo Pode ser quantitativa e qualitativa: na abordagem quantitativa, traça-se uma frequência das características que se repetem no conteúdo do texto e, na abordagem qualitativa, considera-se a presença ou a ausência de uma deter- minada característica de conteúdo ou conjunto de características num deter- minado fragmento da mensagem. RODRIGUES, É. M.; BOOG, M. C. F. Problematização como estratégia de educação nutricional com ado- lescentes obesos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janei- ro, v. 22, n. 5, p. 923-931, maio 2006. Disponível em: https://bit.ly/2ISRYJg PONTIERI, F. M.; BACHION, M. M. Crenças de pacientes diabéticos acerca da terapia nutricional e sua influên- cia na adesão ao tratamento. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 151-160, jun. 2010. Disponível em: https://bit.ly/3kIFSQh Discurso do Sujeito Coletivo Trabalha com o sentido e não com o conteúdo do texto, um sentido que não é traduzido, mas produzido, constituí- do pela formulação: ideologia + histó- ria + linguagem. CAREGNATO, R. C. A.; MUTTI, R. Pesquisa qualitativa: análise de discurso versus análise de conteúdo. Tex- to contexto – Enferm., Florianópolis, v. 15, n. 4, p. 679-684, dez. 2006. Disponível em: https://bit.ly/3fcECUz ASSAO, T. Y.; CERVATO-MANCUSO, A. M. Alimentação saudável: percepções dos educadores de instituições infantis. Rev. Bras. Crescimento Desenvolv. Hum., São Paulo, v. 18, n. 2, p. 126-134, ago. 2008. Disponível em https://bit.ly/3fczdNj 20 21 Tipo de Pesquisa Descrição Referências Questionário e Escalas Os questionários podem ser analisados por métodos estatísticos, as escalas usam escores provenientes de afirmações ou perguntas: avalia-se o grau de concor- dância ou discordância. Por exemplo: 1. Concordo ple- namente; 2. Concordo parcialmente; 3. Não estou certo; 4. Discordo parcialmente; 5. Discordo plenamente. Exis- tem diversas escalas para avaliação do comportamento alimentar, algumas adaptadas para estudos brasileiros. SILVA, G. A. da et al. Consumo de formulações ema- grecedoras e risco de transtornos alimentares em universitários de cursos de saúde. J. Bras. Psiquia- tr., Rio de Janeiro, v. 67, n. 4, p. 239-246, dez. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3lKATjy KORITAR, P. et al. Adaptação transcultural e vali- dação para o português da Escala de Atitudes em Relação ao Sabor da Health and Taste Attitude Scale (HTAS). Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janei- ro, v. 19, n. 8, p. 3573-3582, ago. 2014. Disponível em: https://bit.ly/35NdRmB MORAES, J. M. M.; ALVARENGA, M. dos S. Adaptação transcultural e validade aparente e de conteúdo da versão reduzida da The Eating Motivation Survey (TEMS) para o Português do Brasil. Cad. Saúde Pú- blica, Rio de Janeiro, v. 33, n. 10, e00010317, 2017. Disponível em: https://bit.ly/35JCikx Fonte: Adaptado de SCAGLIUSI; ULIAN; SATO (2019); ALVARENGA et al., 2019 Assim, finalizamos esta Unidade, na qual pudemos conhecer alguns índices para ava- liação do consumo alimentar e formas diversas para a realização de estudos qualitativos relacionados ao consumo alimentar. Foi possível observar que a integração dos dois enfoques (quantitativo e qualitativo) pode fornecer dados e informações sob diferentes planos ou dimensões de análise, per- mitindo responder perguntas sob múltiplas perspectivas, enriquecendo nosso conheci- mento sobre a alimentação e a nutrição e suas relações com a saúde (BOSI et al., 2011). Dessa maneira, fica evidente que os métodos e as visões se complementam e podem ser adequados aos diversos tipos de pesquisas no campo da alimentação. 21 UNIDADE Avaliação da Dieta por Índices/Indicadores de Qualidade e Avaliação do Comportamento Alimentar Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Escolhas alimentares com Marle Alvarenga e Valter Palmieri Jr https://youtu.be/Qs_GPGhjPyk Leitura Estudos de avaliação do consumo alimentar segundo método dos escores: uma revisão sistemática https://bit.ly/3pTD9ap Aspectos metodológicos da avaliação da qualidade da dieta no Brasil: revisão sistemática https://bit.ly/3lYwDgm Pesquisas qualitativas em nutrição e alimentação https://bit.ly/36UaRUw 22 23 Referências ALVARENGA, M.; KORITAR, P. Atitude e comportamento alimentar – determinantes de escolhas e consumo. In: ALVARENGA, M.; ANTONACCIO, C.; TIMERMAN, F.; FIGUEIREDO, M. Nutrição Comportamental. Barueri: Manole, 2015. p. 23-45. ALVARENGA, M.; ANTONACCIO, C.; TIMERMAN, F.; FIGUEIREDO, M. Nutrição Comportamental. 2. ed. Barueri: Manole, 2019. BOSI, M. L. M. et al. O enfoque qualitativo na avaliação do consumo alimen- tar: fundamentos, aplicações e considerações operacionais. Physis, Rio de Janeiro, v. 21, n. 4, p. 1287-1296, dez. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312011000400007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01/09/2020. CANESQUI, A. M. Pesquisas qualitativas em nutrição e alimentação. Rev. Nutr., Campinas, v. 22, n. 1, p. 125-139, fev. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732009000100012&lng=en&nrm=iso.> Acesso em: 01/09/2020. CERVATO, A. M.; VIEIRA, V. L. Índices dietéticos na avaliação da qualidade global da dieta. Rev. Nutr., Campinas, v. 16, n. 3, p. 347-355, set. 2003. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732003000300012&lng=e n&nrm=iso>. Acesso em: 30/08/2020. 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