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Kant: Fundamentação da Metafísica dos Costumes . Biografia Kantiana Immanuel Kant: Biografia “A hermenêutica como chave para a moralidade”. “Tudo o que não puder contar como fez, não faça”. Kant nasceu, viveu e morreu em Konisberg, uma cidade da Prússia Oriental (Alemanha); Filho de um comerciante de descendência escocesa; Recebeu uma educação pietista. O Pietismo é um movimento oriundo do luteranismo que valoriza as experiências individuais do crente; Tal movimento surgiu no século XV, como oposição à negligência da ortodoxia luterana para com a dimensão pessoal, a santificação, a experiência religiosa, diminuição na ênfase aos credos e confissões, a necessidade de renunciar o mundo, a fraternidade universal dos crentes e uma abertura à expressão religiosa das emoções. Kant frequentou a Universidade como estudante de filosofia e matemática; Dedicou-se ao ensino, vindo a desempenhar as funções de professor na Universidade de Konisberg; Foi um filósofo prussiano, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna; Nasceu em 1724 e morreu em 1804, aos 80 anos. Sua obra pode ser dividida em dois períodos fundamentais: 1. O primeiro período (até 1770) corresponde à filosofia dogmática, influenciada por Leibniz e Wolf; 2. O segundo, o crítico: O período que corresponde ao despertar do “sono dogmático” provocado pelo impacto que nele teve a filosofia de Hume. O Método Kantiano O método de Kant é a “crítica”. a análise reflexiva; Consiste em remontar do conhecimento às condições que o tornam eventualmente legítimo; Considerado o maior filósofo do iluminismo alemão, para ele a filosofia deveria responder a quatro questões fundamentais: - o que posso saber? - como devo agir? - o que posso esperar? - e, por fim, o que é o ser humano? A Teoria do Conhecimento Existiu a teoria do racionalismo, que atribui exclusivamente confiança à razão humana como instrumento de conhecer a verdade; Também existiu a teoria do empirismo que diz que todas as nossas ideias vem das nossas experiências e depois de nossas percepções sensoriais (visão, audição, tato, paladar e olfato); E por último a teoria do apriorismo kantiano, que é como um meio termo entre racionalismo e empirismo, que foi formulada pelo filósofo Immanuel Kant. Kant afirmava que todo conhecimento começa com a experiência, mas que a experiência sozinha não nos dá o conhecimento; A experiência forneceria a matéria do conhecimento, enquanto a razão organizaria essa matéria de acordo com suas formas próprias, com as estruturas existentes no conhecimento; Em sua teoria do conhecimento, Kant classificou o tangível e o abstrato em dois grupos: 1. Aquilo que podemos conhecer: são as coisas que as pessoas podem presenciar, tocar, ver e experimentar, como uma mesa ou um cachorro; 2. Aquilo que são por si desconhecidas: como Deus e o conceito de liberdade, cujas existências, segundo Kant, se baseiam em pressuposições necessárias. Teoria da Moral e Ética A filosofia moral de Kant afirma que a base para toda a razão moral é a capacidade do homem de agir racionalmente; O fundamento para esta lei de Kant é a crença de que uma pessoa deve comportar-se de forma igual a que ela esperaria que outra pessoa se comportasse na mesma situação, tornando assim seu próprio comportamento uma lei universal. Formas Básicas do Ato de Conhecer em Kant: Conhecimento Empírico: Aquele que se refere aos dados fornecidos pelos sentidos, isto é, posterior à experiência; Um exemplo disso pode se citar a afirmação “este livro tem a capa verde”, para ter conhecimento que a capa do livro era verde, foi preciso primeiro ter a experiência de ver o livro e assim conhecer o livro, portanto, trata-se de um conhecimento posterior à experiência. Conhecimento Puro: Aquele que não depende de qualquer dado dos sentidos, nascendo puramente de uma operação racional; Exemplo: a afirmação “duas linhas paralelas jamais se encontrarão no espaço”, se refere a todas as linhas e não a esta ou aquela linha paralela; Assim constitui um conhecimento universal. Fundamentação da Metafísica dos Costumes: Primeira Seção - Boa Vontade - Intencionalidade Boa Vontade: O tema da boa vontade é considerado tema central da moral kantiana; Este será o fio condutor da síntese das ideias morais de Kant; O que é Boa Vontade? A boa vontade é uma vontade cuja decisões são boas em si mesmas; Assim ela opõe-se à vontade útil, aquelas cujas decisões só valem como meios para a realização de determinado fim; A vontade boa é aquela que quer praticar boas ações, em virtude do valor intrínseco que atribui a essas ações; Uma vontade boa é a que age por dever; O que é agir por dever? Para esclarecer esta noção de “agir por dever”, Kant distingue entre ações em conformidade com o dever e ações por dever. A boa vontade é: Do ponto de vista moral a única coisa absolutamente boa; O que torna boa a vontade é a intenção que subjaz à sua ação. Podemos ver que o que caracteriza a boa vontade é cumprir o dever sem outro motivo ou razão, a não ser fazer o que é correto; Dirá Kant que a boa vontade é a vontade que age com uma única intenção: cumprir o dever pelo dever. Boa Vontade - Ações feitas por Dever e ações conformes o Dever: Kant para esclarecer a noção de “agir por dever”, distingue entre ações em conformidade com o dever e ações por dever; Kant não admite que se cumpra o dever em virtude das desejáveis consequências que daí possam resultar; Seria deixar, então, o cumprimento do dever ao sabor das circunstâncias, dos interesses do momento; Isso implicaria que, quando não tivéssemos vantagem ou interesse em cumprir o dever, não haveria razão alguma para o fazer. As ações conforme o dever não são ações contrárias ao dever. No entanto, nessas ações, para cumprir o dever, precisamos de razões suplementares; As ações feitas por dever são ações em que o cumprimento do dever é um fim em si mesmo, isto é, cumprir o dever pelo dever; A vontade que decide agir por dever é a vontade para a qual agir oportunamente é o único motivo na base da sua decisão; Essas ações dispensam razões suplementares e não agem “com segundas intenções”. Nas questões por dever e nas ações conforme o dever, a questão essencial é: Como cumprir de forma moralmente correta o dever? A resposta desta questão está numa lei presente, segundo Kant, na consciência de todos os seres racionais. Essa lei diz-nos de uma forma geral que devemos em qualquer circunstância cumprir o dever pelo dever; Pensamos em normas morais como “Não deves mentir”, “Não deves matar” e “Não deves roubar”; A lei moral, segundo Kant, diz-nos como cumprir esses deveres, qual a forma correta de os cumprir; Isto quer dizer que: A boa vontade age desinteressadamente, isto é, em intrínseco de acordo com o dever; Ao agir por dever, ao considerar que determinada ação deve ser boa por si mesma, deve ser realizada independente de qualquer fim exterior, a boa vontade age por puro e simples respeito pela lei moral; É essa lei que é o nosso dever respeitar. Imperativos de Moralidade: Devemos ter reparado que a lei moral exige um respeito absoluto pelo dever e que se apresenta sob a forma de imperativo “deves”. “Deves ser honesto porque a honestidade compensa”; “Deves ser honesto!” Na ação conforme o dever (imperativo categórico) apresenta-se uma regra (deves ser honesto) e a razão pela qual ela deve ser seguida; O cumprimento da regra está associado a uma condição: “ Se queres ser compensado deves ser honesto”. Trata-se de um imperativo hipotético. Prática de honestidade por dever moral e não para “mostrar para os outros”. Diz que só no caso de querermos ser compensados devemos ser honestos; O cumprimento do dever subordina-sea uma condição e, por isso, cumprindo o dever, estamos, contudo, a fazê-lo por interesse. Na ação por dever (imperativo categórico) apresenta-se uma regra cujo cumprimento não depende de um interesse que queiramos satisfazer. Diz-nos que devemos ser honestos porque esse é o nosso dever e não porque é do nosso interesse; A esta regra incondicional que exige o cumprimento do dever sem qualquer outro motivo a não ser o respeito pelo dever de Kant o nome de imperativo categórico. Este imperativo exige que ultrapassemos os nossos interesses e ajamos de forma desinteressada; Kant apresentou várias formulações desse imperativo categórico para tentar explicar mais claramente o que é agir por dever e como posso eu saber que estou a agir por dever. Direito e Justiça em Kant . A definição kantiana do Direito refere-se à ideia de justiça - o que é o Justo; Distingue claramente o direito natural do direito positivo; O primeiro trata dos princípios a priori, originários da razão. Refere-se ao imperativo categórico do Direito. O segundo trata das leis positivas, originárias do legislador. Deve ficar claro que a definição do que é justo/ injusto não pode ser estabelecida a partir do direito positivo; Não se pode partir do que é para o que deve ser - para definir o direito como justiça (uma espécie de deve ser), deve-se abandonar o empírico e recorrer à razão; Isso mostra que o direito natural é o fundamento racional do direito positivo. É o imperativo categórico do Direito que enuncia o critério de justiça e é dele que derivam as leis positivas; Os princípios de justiça que orientam o direito positivo (tanto o privado como o público) são determinados ou derivados do direito natural; A razão é a fonte da justificação das regras de ação. Estas deixam de ser arbitrárias quando justificadas pelos princípios, proclamados pela razão; A experiência diz o que é, mas não o que deve ser. O direito positivo pode dizer o que “dizem ou disseram as leis em certo lugar e tempo”, isto é, o que é lícito ou ilícito, mas não em relação ao justo/ injusto. Para dizer o que é justo e determinar o “critério universal” mediante o qual se pode definir o justo ou o injusto, é preciso abandonar o nível da experiência e recorrer à ração; Assim como afirma Soraya Nour: “O direito positivo deve encontrar seu critério de justiça e seu fundamento no direito natural”; E, noutro texto, destaca: “Se, por um lado, o direito positivo deve buscar seu fundamento no direito natural, por outro, uma comunidade não pode ser governada apenas pelo direito natural, e sim pelo direito positivo que o direito natural deve fundar”.
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