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Direito Civil I - Bens

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Direito Civil I  
 ​. 
 
DOS BENS: 
O que é bem? Bem é tudo o que satisfaz                   
uma necessidade humana, que       
proporciona utilidade aos homens,       
podendo ser apropriado. 
Bem é uma espécie de coisa, de forma que                 
todos os bens são coisas. A diferença             
reside no fato de que os bens, por encerrar                 
uma utilidade, são apropriáveis, como         
carro, casa, alimentos, dinheiro, gado etc;           
já as coisas são insuscetíveis de           
apropriação, como sol, o mar, a lua. 
 
Classificação: 
Os romanos faziam distinção entre bens           
corpóreos, que seriam aqueles que têm           
existência física, material, podendo ser         
objetos de compra e venda, e bens             
incorpóreos, os que têm existência         
abstrata, embora dotados de valor         
econômico, como o direito autoral, o           
crédito etc, passíveis apenas de cessão. 
Os Bens podem ser: 
I – bens considerados em si mesmos: 
entre os quais estão os bens móveis e 
imóveis; fungíveis e infungíveis; 
consumíveis e não consumíveis; divisíveis 
e indivisíveis; e singulares e coletivos.  
II - bens reciprocamente considerados: 
classificados em principais e acessórios; e  
III – bens quanto ao titular do domínio: 
bens públicos e privados. 
 
Bens considerados em si mesmos: 
Bens Imóveis e Móveis 
Móveis são aqueles suscetíveis de 
movimento próprio, ou de remoção por 
força alheia, sem alteração da substância 
ou da destinação econômico-social.  
Dividem-se em:  
 
 
Móveis por natureza:  
- semoventes: ​aqueles se movem por força 
própria, como os animais;  
- móveis propriamente ditos:  
os que admitem remoção por força alheia, 
sem dano, como os objetos inanimados e 
não imobilizados por sua destinação. O 
gás, os navios e as aeronaves são bens 
móveis; porém, estes últimos são 
imobilizados somente para fins de 
hipoteca.  
Móveis por determinação legal:​ ​são bens 
imateriais que adquirem essa qualidade 
jurídica por disposição legal. Estão 
mencionados no art. 83 do CC/02, estando 
incluídos nesse rol o fundo de comércio, as 
quotas e ações de sociedades, os direitos 
autorais, a energia elétrica, os créditos em 
geral etc.  
Móveis por antecipação:​ são bens 
incorporados ao solo, mas com a intenção 
de separá-los e convertê-los em móveis, 
como as árvores destinadas ao corte.  
 
Imóveis​ são as coisas que não podem ser 
removidas de um lugar para outro sem 
destruição. Da leitura dos arts. 79 e 80, 
conclui-se que os bens imóveis podem ser;  
Imóveis por natureza:​ a rigor, somente o 
solo, com sua superfície, subsolo e espaço 
aéreo.  
Imóveis por acessão natural:​ tudo o que 
se adere naturalmente ao solo, como as 
árvores, os frutos pendentes, bem como 
todos os acessórios e adjacências naturais. 
Imóveis por acessão artificial ou 
industrial:​ ​significa a justaposição ou 
aderência de uma coisa à outra. Acessão 
artificial ou industrial é a produzida pelo 
trabalho do homem. São as construções e 
plantações. É tudo quanto o homem 
incorporar permanentemente ao solo, de 
modo que se não possa retirar sem 
destruição, modificação, fratura ou dano.  
 
Não se incluem, portanto, as construções 
provisórias, que se destinam a remoção ou 
retirada, como circo, parques de diversão, 
barracas de feiras etc. Os imóveis antes 
denominados pelo Código anterior de 
imóveis por destinação do proprietário, ou 
seja, aqueles que se imobilizam por 
vontade do dono, como ar condicionado, 
objetos de decoração etc, são conhecidos 
pelo novo Código como pertenças, 
reguladas no art. 93.  
Imóveis por determinação legal:​ ​o art. 80 
do CC/02 determina que são bens imóveis 
os direitos reais sobre imóveis e as ações 
que os asseguram; e o direito à sucessão 
aberta. São bens incorpóreos, imateriais 
que não são, em si, móveis ou imóveis, 
mas o legislador, para dar maior segurança 
às relações jurídicas, os considera imóveis.  
 
Bens Fungíveis e Infungíveis:​ fungíveis 
são os móveis que podem ser substituídos 
por outros da mesma espécie, qualidade e 
quantidade, como o dinheiro; infungíveis 
são os que não têm esse atributo, porque 
são encarados de acordo com as suas 
qualidades individuais, como o quadro de 
um pintor célebre, uma escultura famosa 
etc.  
A fungibilidade é característica dos bens 
móveis; pode ocorrer, no entanto, que 
venha alcançar os imóveis. Resulta ela não 
só da natureza do bem como também da 
vontade das partes. Por exemplo, 
determinada moeda pode tornar-se 
infungível para um colecionador; assim, 
como um boi pode se transformar em 
fungível se for destinado a corte.  
A importância desta classificação está na 
distinção entre contrato de mútuo (só de 
bens fungíveis) e de comodato (só de bens 
infungíveis), bem como para efeito de 
compensação, como modo de extinção da 
obrigação, que só se efetua entre dívidas 
líquidas, vencidas e coisas fungíveis (art. 
369, CC).  
Convém lembrar que o Código Civil 
adotou orientação de só conceituar o 
indispensável, não fazendo alusão a 
noções meramente negativas, como as de 
bens infungíveis, consumíveis e 
indivisíveis.  
 
Consumíveis e Inconsumíveis: 
Consumíveis​ são os bens móveis cujo uso 
importa destruição imediata da própria 
substância (de fato, como os gêneros 
alimentícios), sendo também considerados 
tais os destinados à alienação (de direito, 
como o dinheiro); ​Inconsumíveis​, ao 
contrário, são os que admitem uso 
reiterado, sem destruição de sua 
substância. Pode o bem consumível 
tornar-se inconsumível pela vontade das 
partes, como uma garrafa de bebida rara 
emprestada para uma exposição. 
Assim também um bem inconsumível 
pode transformar-se em consumível, como 
os livros colocados à venda.  
 
Divisíveis e Indivisíveis:  
Divisíveis​: são os bens que se podem 
fracionar sem alteração na sua substância, 
diminuição considerável de valor (critério 
introduzido pelo NCC) ou prejuízo do uso 
a que se destinam. São divisíveis, portanto, 
os bens que se pode fracionar em porções 
reais e distintas, formando cada qual um 
todo perfeito (um relógio, p. ex., é 
indivisível, pois cada parte não conservará 
as qualidades essenciais do todo, se for 
desmontado). 
Indivisíveis​: a contrario sensu, seriam 
aqueles bens que, se fracionados, alteram a 
sua substância, tem o seu valor reduzido 
ou seu uso prejudicado. Os bens divisíveis 
podem, por força do art. 88, tornar-se 
indivisíveis por determinação da lei ou por 
vontade das partes. Portanto, a 
indivisibilidade pode ser física, jurídica ou 
convencional.  
 
Singulares e Coletivos:  
Singulares​ são os bens que, embora 
reunidos, se consideram de per si, 
independentemente dos demais; são 
considerados na sua individualidade (Ex: 
uma árvore, vista separadamente de uma 
floresta);  
Coletivos ​aos chamados também de 
universais ou universalidades, que podem 
ser de fato (art. 90 - pluralidade de bens 
singulares que, pertencentes à mesma 
pessoa, tenham destinação unitária. Ex: 
rebanho, biblioteca) ou de direito (art. 91 - 
complexo de direitos ou relações jurídicas, 
de uma pessoa, dotadas de valor 
econômico. Ex: herança, patrimônio, 
fundo de comércio).  
 
Bens reciprocamente considerados: 
Principais e Acessórios:​ principal é o bem 
que tem existência própria; acessório é 
aquele cuja existência depende do 
principal. Ex: o solo é bem principal, 
porque existe por si, e a árvore é acessório, 
porque sua existência pressupõe a do solo, 
onde foi plantada; os contratos de locação, 
de compra e venda são principais e o de 
fiança, neles estipulado, são acessórios.  
Assim, segue a regra segundo a qual “o 
bem acessório segue o destino do 
principal”. ​As principais consequências 
ou desdobramentos dessa regra são:  
- a natureza do acessório é a mesma do 
principal (se o solo é imóvel, a árvore a ele 
anexada também o é);  
- o acessório acompanha o principal em 
seu destino (extinta a obrigação principal, 
extingue-se também a acessória); e- o proprietário do principal é também do 
acessório.  
Os acessórios subdividem-se em: 
produtos, os frutos e as benfeitorias.  
Produtos​:​ são as utilidades que se retiram 
da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, 
porque não se reproduzem 
periodicamente.  
Frutos:​ ​são as utilidades que uma coisa 
periodicamente produz, sem acarretar-lhe 
a destruição no todo ou em parte. 
Dividem-se em:  
|) quanto à origem, em naturais ​(que se 
desenvolvem e se renovam em virtude da 
força orgânica da própria natureza, como 
as frutas, as crias dos animais etc); 
industriais (aparecem pela mão do homem, 
pela sua atuação sobre a natureza, como a 
produção de uma fábrica); e civis 
(rendimentos produzidos pela coisa, em 
virtude de sua utilização por outrem que 
não o proprietário, como os juros e os 
aluguéis).  
||) quanto ao seu estado, pendentes 
(enquanto unidos à coisa que os produziu); 
percebidos ou colhidos (depois de 
separados); estantes (separados e 
armazenados); percipiendos (deviam ser, 
mas não foram colhidos ou percebidos); e 
consumidos (que não existem mais porque 
foram utilizados).  
Benfeitorias​:​ que podem ser, segundo o 
art. 96:  
necessárias​ (têm por fim conservar o bem 
ou evitar que se deteriora, bem como 
permitir a normal exploração econômica 
do bem - ex: novo reboco, pintura numa 
parede para tirar rachaduras, adubação 
etc);  
úteis​ (aumentam ou facilitam o uso do 
bem - ex: acréscimo de um banheiro ou de 
uma garagem à casa);  
voluntárias​ (não aumentam o uso habitual 
do bem, tendo por fim apenas um 
embelezamento para mero deleite ou 
recreio - ex: jardins, mirantes, fontes, 
cascatas artificiais etc). 
Benfeitorias não se confundem com 
acessões industriais ou artificiais, pois 
estas são obras que criam coisas novas, 
enquanto aquelas são obras ou despesas 
feitas em bem já existente. 
- ​Pertenças​, ou seja, os bens móveis que, 
não constituindo partes integrantes (como 
são os frutos, produtos e benfeitorias), 
estão afetados de forma duradoura ao 
sérvio ou ornamentação de outro, como os 
objetos de decoração de uma residência 
(art. 93). Conclui-se que a regra segundo a 
qual o acessório segue o principal 
aplica-se somente às partes integrantes e 
não às pertenças, como no caso de venda 
de imóvel, que, em regra, não é 
acompanhado do mobiliário. 
 
Bens quanto ao titular do domínio: 
   
Bens Públicos:​ ​são os de domínio 
nacional pertencentes às pessoas jurídicas 
de direito público interno. Características: 
inalienáveis; imprescritíveis e 
impenhoráveis. 
Os bens públicos podem ser:  
de uso comum:​ ​são os que podem ser 
utilizados por qualquer um do povo, sem 
formalidades. Ex: rios, mares, estradas, 
ruas e praças.  
de uso especial:​ são os que se destinam 
especialmente à execução dos serviços 
públicos. Ex: repartições públicas, 
secretarias, escolas públicas, ministérios 
etc;  
dominicais​ ​(ou do patrimônio disponível): 
enquanto os dois primeiros são bens do 
domínio público do Estado, os bens 
dominicais são bens do seu domínio 
privado. Ex: estradas de ferro, oficinas e 
fazendas pertencentes ao Estado, terras 
devolutas - sem dono, títulos públicos, os 
terrenos da marinha etc. 
 
Bens Particulares:​ ​são os demais, seja 
qual for a pessoa a que pertencerem. São 
definidos por exclusão.  
quanto à possibilidade de serem ou não 
comercializados: 
Esta classificação constava apenas no 
CC/16, não sendo reproduzida no CC/02. 
Dizia ela respeito aos bens fora do 
comércio, definidos como aqueles 
insuscetíveis de apropriação naturalmente, 
como o ar atmosférico, a água do mar etc;  
Bens de família:​ ​também, como já dito, 
não foi colocado no rol dos bens jurídicos, 
sendo deslocado para o capítulo próprio, 
no Livro que trata do Direito de Família 
(art. 1711). 
Mas é aquele destinado para domicílio da 
família ou entidade familiar, não podendo 
ser penhorado para execução de dívidas, 
salvo as que provierem de impostos 
relativos ao imóvel, nem alienado, ou seja 
transferido, sem o consentimento dos 
interessados e dos seus representantes 
legais.  
Divide-se em: 
- bem de família voluntário:​ ​quando o 
casal ou um dos cônjuges deseja que um 
dos bens utilizados para moradia sejam 
alcançados pela impenhorabilidade e 
inalienabilidade, mediante escritura 
pública ou testamento. Segue o 
procedimento previsto nos arts. 260 a 265 
da Lei 6.015/73.  
- o Bem de família voluntário tem por 
efeito determinar a:  
impenhorabilidade​ (limitada) do imóvel 
residencial – isentando-o de dívidas 
futuras, salvo as que provierem de 
impostos relativos ao mesmo prédio, como 
IPTU, ITR etc.  
inalienabilidade ​(relativa) do imóvel 
residencial – uma vez que, após instituído, 
não poderá ter outro destino ou ser 
alienado, senão com o expresso 
consentimento dos interessados e seus 
representantes legais (mediante alvará 
judicial, ouvido o Ministério Público, 
havendo participação de incapazes).  
Essa isenção durará enquanto viverem os 
cônjuges e até que os filhos atinjam a 
maioridade. O CC/02, no entanto, 
mantendo as diretrizes teóricas do 
instituto, consagra algumas modificações, 
como a instituição do bem de família não 
apenas pelo casal, mas também pela 
entidade familiar (união estável, família 
monoparental) e por terceiro (por 
testamento ou doação, dependendo a sua 
eficácia de expressa aceitação de ambos os 
cônjuges ou da entidade familiar 
beneficiada).  
O novo código também limita a sua 
instituição até 1/3 do patrimônio líquido 
do casal ou da entidade familiar.  
- bem de família legal:​ ​é a tão-somente 
impenhorabilidade prevista em lei (Lei 
8009/90) de todas as moradias familiares 
próprias do casal ou da entidade familiar.  
Essa impenhorabilidade compreende, 
além do imóvel em si, as construções, 
plantações, benfeitorias de qualquer 
natureza e todos os equipamentos, 
inclusive os de uso profissional, ou móveis 
que guarnecem a casa, ressalvados os 
veículos transporte, obras de arte e 
adornos suntuosos (arts. 1º e 2º da referida 
lei). Portanto, abrange os bens do 
locatário, do usufrutuário etc.  
A impenhorabilidade​ é oponível em 
qualquer processo de execução (art. 3º da 
lei), salvo se movido:  
a)​ em razão de créditos de trabalhadores 
da própria residência e das respectivas 
contribuições previdenciárias;  
b)​ pelo titular de créditos decorrentes de 
financiamento para construção ou 
aquisição do imóvel;  
c)​ pelo credor de pensão alimentícia;  
d)​ para cobrança de tributos em função do 
imóvel (Ex: IPTU, ITR etc);  
e) ​para execução de hipoteca sobre o 
imóvel;

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