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1 
 
ATIVIDADE INDIVIDUAL 
 
Estudante: Natália da Costa Moré 
Disciplina: DIREITO DO TRABALHO 
Turma: 02 
 
 
Matriz de resposta 
Em breve síntese, João Fogaça foi admitido em 01/01/2015, como Gerente Comercial da 
empresa Dentso S.A, percebendo um salário de R$8.000,00. Em 01/01/2018, Sr. João foi 
promovido a Diretor Regional de Vendas passou a receber R$ 30.000,00 por mês. Na nova 
função, ele ficou responsável pela área comercial da divisão de vídeo games na região Sul do 
Brasil e comandava uma equipe de oito empregados e, passou a se reportar diretamente ao Diretor 
Presidente. 
Em 15/01/2020, João foi convidado a exercer o cargo de Diretor Estatutário da empresa 
e passou a ocupar a função de Diretor Comercial. Devido à promoção, o regime de contratação 
do Sr. João foi alterado e o seu contrato de trabalho foi suspenso, nos termos da Súmula 269 do 
TST, bem como houve a devida anotação desta condição na sua CTPS. 
Ato contínuo, a empresa Dentso S.A. celebrou um novo contrato escrito específico para 
regulamentar a nova relação jurídica de Diretor Estatutário do Sr. João, tendo acertado com ele 
novo pró-labore mensal e benefícios, o pagamento do FGTS, descanso anual de 30 dias e direito 
ao aviso prévio de no mínimo 30 dias e continuou a gozar de alguns benefícios, tais como, plano 
de assistência médica, auxílio refeição, auxílio veículo e, a empresa optou em mante-lo no sistema 
de FGTS. 
Cabe ressaltar que as suas atribuições não mudaram, pois continuou a ser responsável 
pelo planejamento de vendas, promoção de novos produtos, reuniões com clientes etc., e 
continuou a se reportar para o Diretor Presidente. Além disso, quanto aos poderes estatutários, 
havia previsão expressa no estatuto social de que o Sr. João para assinar qualquer documento, 
necessitava da assinatura conjunta do Diretor Presidente. 
Em 01/01/2022, o Conselho de Administração da empresa Dentso S.A decidiu não 
renovar o mandato do Sr. João no cargo de Diretor Estatutário por mais 2 (dois) anos e o seu 
contrato foi rescindido por término de mandato em 15/01/2022. 
O Sr. João procurou o setor jurídico da empresa e fez as seguintes indagações: 
 
 
 
2 
 
1. Embora meu contrato de trabalho estivesse suspenso, eu tenho agora o direito de 
receber verbas rescisórias referente àquele período? Caso positivo, quais seriam as verbas 
a serem recebidas? 
2. E em relação ao período como Diretor Estatutário? Caso positivo, quais seriam as 
verbas a serem recebidas? 
3. Eu tenho direito a receber o pagamento da multa de 40% do FGTS e sacar o saldo do 
meu FGTS? 
4. Como Diretor Estatutário, eu tenho direito às horas extras que trabalhei nos últimos 2 
(dois) anos? 
 
Visando responder as questões formuladas pelo Empregado, vale a pena destacar que o 
Diretor Estatutário é um cargo de direção, eleito por Assembleia Geral de acionistas, visando 
exercer cargo de administração/direção previsto em lei, estatuto ou contrato social. 
Ainda sobre o tema, destaca-se Súmula nº 269 do TST: 
 “O empregado eleito para ocupar cargo de Diretor tem o 
respectivo contrato de trabalho SUSPENSO, não se computando o 
tempo de serviço deste período, salvo se permanecer a subordinação 
jurídica inerente à relação de emprego.” (DJ de 01.03.88). 
 
Sendo assim, o Diretor Estatutário, não possui um dos elementos típicos da relação de 
emprego: a subordinação. Por isso, trata-se de cargo em que o profissional precisa deter posição 
de autonomia, assumir responsabilidades, o risco do empreendimento e fazer cumprir o cargo de 
confiança e gerenciamento. 
Importante salientar que para este cargo a subordinação é meramente administrativa, visa 
os regramentos e a estrutura da empresa, funcionando como uma espécie de prestação de contas 
ao Conselho de Administração e eventuais deliberações com orientações e diretrizes apresentadas 
pelos órgãos de administração da empresa. Por fim, ele não tem direitos trabalhistas (o FGTS é 
direito opcional) e, o único custo para a empresa será o recolhimento de 20% de INSS sobre o 
valor de pró-labore pago ao Diretor. 
Dessa forma, em relação ao caso em pauta e respondendo os questionamentos levantados, 
o Sr. João terá o direito a receber, referente ao período de 01/01/2015 a 01/08/2018, todas as 
verbas rescisórias devidas em decorrência da relação de trabalho, quais sejam, saldo salário, férias 
acrescidas de 1/3, aviso prévio, FGTS + multa de 40% e, entrega das guias para solicitação do 
seguro-desemprego (caso ele venha a ser desligado da empresa, sem justa causa). Já em relação 
ao período de 02/08/2018 a 15/01/2020, João receberá todas as verbas relacionadas anteriormente, 
não fazendo jus apenas a eventuais acréscimos advindos a título de HORAS EXTRAS. Isso 
 
 
 
 
 3 
 
porque, como João atuou como Diretor Regional no referido período, deixou de ter controle de 
jornada e, por consequência, o adicional de horas extras. 
Já em relação ao período em que o Sr. João atuou como Diretor Estatutário, terá ele o 
direito a receber as verbas rescisórias referentes ao período de 16/01/2020 a 15/01/2022, 
conforme restou estabelecido no novo contrato escrito e específico para regulamentar a nova 
relação jurídica de Diretor Estatutário, quais sejam, férias, aviso prévio de, no mínimo 30 dias, e 
ao saque do FGTS sem a multa de 40%, uma vez que João não foi desligado antes do término 
do mandato e, ainda, sendo o FGTS facultativo para esta modalidade contratual, a multa não 
é devida. 
Referente a discussão levantada sobre FGTS, há posicionamentos jurisprudenciais nos 
dois sentidos, senão vejamos: 
“DIRETOR NÃO EMPREGADO. ADICIONAL DE 40% SOBRE O FGTS. A 
destituição do cargo do diretor incluído no regime do FGTS, conforme 
autoriza o art. 16 da Lei 8.036/90, antes do final do mandato, equipara-se à 
dispensa sem justa causa. Recurso provido para deferir ao reclamante o 
pagamento do adicional de 40% sobre o FGTS da conta vinculada” (TRT 4ª 
Região, RO 00442.302/98-3, 28-08-2000, Relatora JUÍZA IONE SALIN 
GONCALVES). 
 
“DIRETOR NÃO EMPREGADO. ADICIONAL DE 40% SOBRE O FGTS. 
Sendo Diretor, o recolhimento mensal do FGTS era facultativo, nos termos 
do art.16 da Lei 8.036/90, o que foi feito até setembro/93, sendo a partir daí 
substituído pelo Plano de Previdência- PREVER (fls. 302/306) (…)”. (fl. 54) E, 
como visto em linhas volvidas, não sendo empregado, não faz jus ao 
recolhimento da parcela trabalhista em questão. Nada a reformar.” (TRT 18ª 
REGIÃO, PROCESSO-TRT-RO Nº 0087/99, RELATORA JUÍZA DORA 
MARIA DA COSTA). 
Vale acrescentar ainda que o contrato estabelecido para regulamentar a nova relação 
jurídica de Diretor Estatutário, nada falou referente ao pagamento de eventuais horas extras 
e, por este motive, não há de se falar em indenização referente a isso. 
Por fim, insta salientar que os riscos do Sr. João ajuizar uma ação trabalhista contra a 
empresa pleiteando vínculo de emprego, não são tão significativos, justamente porque o tema 
“subordinação”, que envolve caracterização jurídica do cargo de Diretor Estatutário, é 
bastante discutido e vem cada vez mais sendo regularizado pelos Tribunais. 
Como já dito anteriormente, para o referido cargo, a subordinação é meramente 
administrativa, visa os regramentos e a estrutura da empresa, funcionando como uma espécie de 
prestação de contas ao Conselho de Administração e eventuais deliberações com orientações e 
diretrizes apresentadas pelos órgãos de administração da empresa. Por isso que o ato de assinar 
 
 
 
4 
 
em conjunto com o Diretor Presidente, bem como continuar a se reportar ao mesmo, não 
configura subordinação, vez que são atos de expressa previsão no Estatuto Social da empresa. 
Por essa razão, diversos tribunais analisam, diariamente, pedidos de reconhecimento de 
vínculo empregatício por parte de Diretores Executivos, e a reincidência em ter esse direito 
negado, sobretudo, por não restar configuradaa principal característica jurídica da relação de 
emprego, qual seja, a subordinação, vem sendo cada vez mais corriqueira. Vejamos alguns 
exemplos destas decisões: 
 
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. VÍNCULO DE EMPREGO. 
Não demonstrada a presença dos requisitos necessários à caracterização de 
vínculo de emprego, previstos nos arts. 2º e 3º da CLT, mantém-se hígida a 
sentença que afastou a pretensão relativa ao reconhecimento do vínculo de 
emprego entre o reclamante e a reclamada. Recurso improvido. (TRT da 4ª 
Região, 1ª Turma, 0021163-29.2017.5.04.0026 ROT, em 11/02/2021, 
Desembargadora Rosane Serafini Casa Nova). 
 
VÍNCULO DE EMPREGO. DIRETOR ESTATUTÁRIO. AUSÊNCIA DE 
SUBORDINAÇÃO. O empregado, a partir do momento em que eleito para 
exercer cargo de Diretor Estatutário, tem o contrato de trabalho suspenso, 
passando a integrar os órgãos da administração da empresa, não apenas na 
condição de representante dela, mas sendo a própria empresa no 
desenvolvimento das atividades, sendo, pois, impossível o reconhecimento do 
vínculo de emprego, à evidente ausência de subordinação, aplicando-se à 
hipótese a Súmula 269 do C. TST, verbis: "Relação de emprego. Contrato de 
trabalho. Diretor eleito. Cômputo do período como tempo de serviço. CLT, 
arts. 2º, 3º, 4º e 449. "O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o 
respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de 
serviço deste período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à 
relação de emprego". (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010542-07.2015.5.03.0014 
(RO); Disponibilização: 16/02/2017; Órgão Julgador: Quarta Turma; 
Relator: Paulo Chaves Correa Filho). 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 
INTERPOSIÇÃO NA VIGÊNCIA DO NOVO CPC. DIRETOR 
ESTATUTÁRIO ELEITO. INCOMPETÊNCIA MATERIAL. JUSTIÇA DO 
TRABALHO. Cinge-se a controvérsia a saber se a Justiça do Trabalho tem 
competência para dirimir pedidos formulados por ex-diretor estatutário. Sabe-
se que diretores estatutários são órgãos da sociedade. Nesta condição, trata-
se de relação jurídica de natureza estatutária, e não contratual (mandatária), 
cuja competência escapa aos limites do art. 114 da Constituição Federal. 
 
 
 
 
 5 
 
Desse modo, fica afastada a relação de trabalho lato sensu e, por conseguinte, 
a competência da Justiça do Trabalho preconizada pelo indigitado dispositivo 
constitucional. Agravo de Instrumento conhecido e não provido. (AIRR-
1000438-42.2017.5.02.0063, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da 
Silva, DEJT 31/05/2019). 
 
 Contudo, por mais que o Diretor Estatutário não faça jus aos direitos trabalhistas e, sendo 
o FGTS um direito opcional da empresa, o único custo será o recolhimento de 20% de INSS sobre 
o valor de pró-labore pago ao Diretor, o que não ocorreu no presente caso. 
Desta feita, pode-se dizer que existe sim a possibilidade de um litígio quanto ao 
recolhimento do INSS, que deverá ser ajuizado, de acordo com o Supremo Tribunal Federal 
(STF), na Justiça Comum. 
 
Este é o parecer. 
 Sertãozinho, 06 de novembro de 2022. 
 Natália da Costa Moré 
 
.

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