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Beatriz Machado de Almeida - Internato INTRODUÇÃO • Fases clínicas: 1. Dilatação; 2. Expulsivo; 3. Secundamento; 4. Vigilância ativa por pelo menos 1h (1º hora após a saída da placenta). DILATAÇÃO (1º) DEFINIÇÃO • Inicia com o trabalho de parto (fase ativa) até a dilatação total (período expulsivo). Período em que a mulher internou até o momento em que ela vai para a sala de parto. • Fase ativa: ❖ Colo útero: 3-4 cm com dilatação progressiva. ❖ Contrações: 2-3 em 10 min, rítmicas e regulares. CONDUTA ❖ Dieta: não há necessidade de zerar a dieta. A paciente de baixo risco pode continuar com líquidos claros (água, chás, gelatina...), sem resíduo, com aporte de glicose. ❖ Decúbito: evitar decúbito dorsal. Quando deitar, recomendar decúbito lateral esquerdo. ❖ Deambulação: livre, exceto quando a bolsa já rompeu e a criança ainda está alta (não está insinuada), pois pode dar prolapso de cordão, virando emergência obstétrica. ❖ Tricotomia: não de rotina. Aumenta a chance de infecção. Se necessário, será realizada pelo profissional na hora do parto. ❖ Enteróclise: não fazer. Era feita antigamente uma “lavagem” intestinal para diminuir a chance de a mulher evacuar durante o parto. ❖ Amniotomia: não de rotina. Rompimento da bolsa provocado. Aumenta chance de infecção, de trauma, de prolapso de cordão... ❖ Número de toques: a cada 1-2 horas (4h no início de uma primípara pelo MS). ❖ Ausculta BCF: antes, durante, após contração. Baixo risco → a cada 30 min na dilatação. Alto risco → a cada 15 min. OBS.: para baixo risco carditocografia não é rotina, pelo alto índice de falso-positivo. EXPULSIVO (2º) DEFINIÇÃO • Inicia com a dilatação total (10cm) e termina quando a criança sai completamente. CONDUTA ❖ Posição ideal do parto: é a que a paciente preferir. O melhor nível de evidência vem de uma posição semiverticalizada. ❖ Ausculta BCF: baixo risco → a cada 15 min; alto risco → 5 min. ❖ Episiotomia: avaliar, maioria não faz. A maioria consegue sair sem lesar o períneo apenas com a proteção. Indicações: feto grande, parto com fórceps. Não é rotineira! TIPOS DE EPISIOTOMIA: ❖ Mediana (períneotomia): corte da vagina em direção ao ânus. Vantagens: Menos sangramento, menor dor, menor lesão muscular, melhor estética. Desvantagem: maior risco de lesão de reto e esfíncter anal. ❖ Médio-lateral: vantagem: menor risco de lesão de reto. Desvantagens: mais dor, mais sangramento, maior lesão muscular. Se o corpo perineal da paciente for pequeno, essa deve ser a escolha. Assistência ao trabalho de parto Beatriz Machado de Almeida - Internato PROTEÇÃO DO PERÍNEO: ❖ Manobra de Ritgen modificada: manobra para o desprendimento da apresentação. Vai com uma compressa na mão de baixo e comprime essa região (do períneo), enquanto que com a outra mão, controla-se o desprendimento/ deflexão da cabeça. ❖ Hands-off: não coloca a mão no períneo da paciente. Deixa todo o desprendimento, rotação externa acontecer naturalmente. As mãos do médico servem apenas para aparar a saída da criança. SECUNDAMENTO (3º) DEFINIÇÃO • Saída da placenta (< 30 min). Conduta ativa. A dequitadura acontece em 5-10 min na prática, mas é tolerado até 30 min. MECANISMOS • Schultze: desprendimento pela face fetal. Mais comum. • Duncan: desprendimento pela face materna (face cruenta). MANOBRAS AUXILIARES: ❖ 10U (2 ampolas) de Ocitocina IM após a expulsão fetal (assim que a criança estiver saindo), para acelerar o desprendimento por qualquer que seja o mecanismo. ❖ Tração controlada do cordão. Se fizer uma tração vigorosa o útero pode vir junto, fazendo inversão. ❖ Manobra de FABRE: avaliar se já descolou. Uma mão no fundo uterino e a outra no cordão, puxa levemente o cordão e tenta senti-la no fundo. Se sentir no fundo, está presa ao útero ainda, caso contrário está solta e pode puxar. 4º PERÍODO DEFINIÇÃO • Até uma hora após o secundamento. Período usado para observar a paciente na tentativa de diminuir a chance de hemorragia. HEMOSTASIA • A hemostasia da ferida placentária é feita principalmente por dois mecanismos: ❖ Miotamponagem (contração uterina). ❖ Trombotamponagem (formação de pequenos coágulos). Então, se a paciente tiver uma hipo/atonia uterina ou algum distúrbio de coagulação, o risco de sangramento é grande. QUESTÃO Quartigesta, tercípara, 39 semanas, todos os partos anteriores por via vaginal, sem comorbidades, está no Centro de Parto Normal na fase ativa do trabalho de parto. Exame físico: altura uterina 33cm, BCF 142, dinâmica uterina presente com contrações fortes, 4/60¨/10`. Toque: colo dilatado para 7 cm, médio, bolsa íntegra, apresentação cefálica, plano de DeLee +3. A parturiente solicita banho para aliviar as dores. Nesse caso, aponte a conduta ADEQUADA: a) Encaminhar para a hidroterapia com temperatura superior à materna, para maior relaxamento materno. b) Não indicar a hidroterapia, pois existe risco de o neonato inspirar água e apresentar complicação pulmonar. c) Indicar a hidroterapia, pois a pressão hidrostática reduz a liberação de ocitocina. d) Encaminhar para a hidroterapia com temperatura superior à materna. e) Indicar a hidroterapia, pois o relaxamento promove analgesia materna. Beatriz Machado de Almeida - Internato PARTOGRAMA Só existem 5 diagnósticos patológicos no partograma. Tópicos do partograma: • Cérvico-dilatação (cm): ❖ Dilatação → triângulo ou X. ❖ Altura da apresentação: bolas vazias para serem preenchidas quando já souber a variedade de posição. • Frequência cardíaca fetal (FCF). • Dinâmica uterina/Atividade uterina: ❖ Fraca → X ou contorno do retângulo. ❖ Moderada → metade na diagonal. ❖ Forte → todo quadrado. OBS.: o normal é que as contrações vão progredindo e vão ficando cada vez mais fortes tanto em quantidade quanto em qualidade. Até que chegam até 4-5contrações intensas no período expulsivo. > 6 contrações já seria uma taquissistolia, o que não é bom, e pode acontecer por excesso de ocitocina, por exemplo. • Bolsa: integra ou rota. • Líquido amniótico: se está meconial ou não. • Ocitocina: uso ou não. • Analgesia. LINHAS DE ALERTA E DE AÇÃO Servem para acompanhar a dilatação, não apresentação. É para ver se a dilatação está acontecendo pelo menos em 01 cm/h. Abre o partograma no primeiro quadrado e traça a linha diagonal de alerta a partir do segundo quadrado. Se o triângulo ficar o tempo todo antes da linha de alerta, significa que a dilatação está evoluindo bem. Mas se o triângulo começa a atravessar essa linha, significa que não está indo bem. A linha de ação é feita quatro horas (4 quadrados) após a linha de alerta. Não é obrigado a chegar na linha de ação para tomar uma medida, pois esta já pode ser tomada a partir da linha de alerta, se tiver algo diferente. ALTERAÇÕES DO PARTOGRAMA FASE ATIVA PROLONGADA DEFINIÇÃO • Dilatação < 1 cm/hora em intervalo de 2 horas. O triângulo começa a atravessar a linha de alerta. DIAGNÓSTICO • 2 toques com intervalo de 2 horas (toca agora e daqui 2h) com dilatação < 2 cm, p. ex., 1 cm. OBS.: o mínimo de dilatação normal é de 1cm/h. PARADA SECUNDÁRIA DA DILATAÇÃO DEFINIÇÃO E CAUSAS • Dilatação mantida em 2 horas. • Causas: desproporção cefalopélvica (DCP) ou falta de contrações. DIAGNÓSTICO • 2 toques com intervalo de duas horas sem nenhuma dilatação, ou seja, o triângulo continua na mesma linha. • Para diferenciar as possíveis causas, avalia se as contrações estão normais para o período. Se estiver contraindo bem, provavelmente é DCP, caso contrário, deve ser corrigida as contrações antes de indicar Cesária por DCP. Beatriz Machado de Almeida - Internato PARADA SECUNDÁRIA DA DESCIDA DEFINIÇÃO, CAUSAS E DIAGNÓSTICO •Só se preocupa com a apresentação (cabeça) quando já tem dilatação total (período expulsivo) e a altura se mantém por 01 hora. O normal é que quando entra no período expulsivo, 01 hora depois já é para ter nascido. • Se a mãe e o feto estiverem bem, especialmente se fez analgesia de parto, esse período pode durar até três horas sem problemas, mas no partograma vai ser dado o diagnóstico. • Causas: analgesia, mulheres primíparas. PERÍODO PÉLVICO PROLONGADO DEFINIÇÃO E DIAGNÓSTICO Quando se tem dilatação total e não está parado, mas também não nasceu ainda. Descida lenta. PARTO PRECIPITADO (TAQUITÓCITO) DEFINIÇÃO, CAUSAS E DIAGNÓSTICO • Dilatação, descida e expulsão ≤ 4 horas. • Aumenta a chance de laceração de canal, de atonia uterina... • Causas: iatrogenia (excesso de ocitocina), descolamento de placenta. QUESTÕES 1. G5P3A1, com 40 semanas de gestação, no pré- parto. HMA: queixa-se de contrações dolorosas há 6 horas e perda de tampão mucoso. Altura uterina: 37 cm; feto longitudinal, cefálico, dorso à esquerda. A evolução espontânea de seu trabalho de parto está descrita no partograma abaixo. A melhor conduta na assistência dessa parturiente é: Deve- se prescrever ocitocina IV para aumentar a intensidade e frequência das contrações uterinas. Fase ativa prolongada. Nesta imagem, a causa é a falta de contrações, como o exemplo da imagem. 2. Primigesta com 38 semanas em trabalho de parto. Altura uterina 36 cm, peso fetal estimado 3.800g. Evolução do trabalho de parto visualizada no partograma abaixo. A conduta obstétrica indicada? a) Infundir ocitocina. b) Aplicar fórceps de Kielland. c) Indicar cesariana. d) Realizar analgesia. e) Estimular os esforços. Parada secundária da dilatação. Neste exemplo, o motor (contrações) está bom, então, o motivo da parada deve ser DCP, indicado cesárea. 3.Ao analisar o partograma, foi observada parada secundária da dilatação com 8 cm e apresentação cefálica em -1 de DeLee, acompanhadas de dinâmica uterina intensa de cinco contrações em dez minutos. Assinale o diagnóstico mais provável e a melhor conduta: Beatriz Machado de Almeida - Internato a) Desproporção cefalopélvica e fórcipe. b) Desproporção cefalopélvica e cesariana. c) Distocia funcional e amniotomia. d) Distocia funcional e cesariana. e) Distocia de rotação e fórcipe. 4. Ao analisar o partograma abaixo, qual é o diagnóstico? Parada secundária da descida. 5. Ao analisar o partograma abaixo, qual a conduta? Parto vaginal instrumentalizado (fórceps ou vácuo) para abreviar o período expulsivo. Período pélvico prolongado. Neste caso, por já está em +2 e dilatação total, não deve ser indicada cesariana. Lembrete: parada no período expulsivo nem sempre é indicação de cesariana. Às vezes vai ser um parto vaginal com assistência. 6. Qual é o diagnóstico do partograma a seguir? Parto precipitado ou taquitócico. Dilatação total em 2 horas. 7. Qual é o diagnóstico do partograma abaixo? Parada secundária da descida. 8. Qual é o diagnóstico do partograma abaixo? Fase ativa prolongada e período pélvico prolongado. O triângulo está atravessando a linha de alerta. Ao chegar no período expulsivo, 1 hora depois não nasceu, mas desceu um pouquinho. Aula baseada no material do Medcurso
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