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PLANOS E ESTÁGIOS ANESTÉSICOS: AULA 4 A anestesia geral promove depressão do SNC e há vários sinais que caracterizam cada estágio. Esses estágios foram primeiramente determinados pelo médico do exército americano Arthur Ernest Guedel (1951). Ele desenvolveu uma habilidade única em determinar cada plano anestésico da anestesia geral que, naquela época, era basicamente realizada com éter. Basicamente corresponde a sinais associados a parâmetros fisiológicos que tem como objetivo caracterizar a profundidade anestésica. IMPORTANTE: Esses estágios e planos são observados nas anestesias que promovem hipnose (anestesia geral inalatória e anestesia geral intravenosa). FATORES QUE INTERFEREM - ESPÉCIE - Reflexo palpebral em cães (2 pl. III est.) e gatos (3 pl); reflexo laringotraqueal (em gatos é mais tardio); reflexo pupilar (a conformação muda entre as espécies, em felinos é transversal, em ruminantes e equinos é longitudinal e em cães é concêntrica). - FÁRMACO UTILIZADO - Voláteis (é bem individualizado, promove um melhor controle dos planos anestésicos) e barbitúricos (é compacta, vai desde a anestesia superficial até a profunda). - SUSCEPTIBILIDADE DO PACIENTE AO FÁRMACO - O halotano promove hipertermia maligna em suínos das raças Landrace e Pietrain. - ESTADO DO PACIENTE - Em pacientes debilitados a anestesia será profunda, em animais obesos a anestesia o uso de barbitúricos deverá ser feito com cautela e em animais idosos as doses dos fármacos será menro (plano mais profundo). - TIPO DE INTERVENÇÃO CIRÚRGICA - Escala de sensibilidade. PRINCIPAIS REFLEXOS AVALIADOS EM PEQUENOS ANIMAIS - OCULOPALPEBRAL - O palpebral e o corneal desaparecem, no entanto, o pupilar é alterado dependendo do estágio ou do plano anestésico. (deve-se ter cuidado com atropina, barbitúrico e morfina). - REFLEXO INTERDIGITAL - É indicativo de plano cirúrgico. - REFLEXO LARINGOTRAQUEAL - É avaliado através da sonda orotraqueal. - REFLEXOS CARDÍACOS - Deve-se verificar a frequência cardíaca. - REFLEXOS RESPIRATÓRIOS - Deve-se verificar a frequência respiratória e a qualidade. Além disso, é importante lembrar que a parada respiratória vem antes da cardíaca. PRINCIPAIS REFLEXOS AVALIADOS EM GRANDES ANIMAIS - OCULOPALPEBRAL - Palpebral, corneal e pupilar (o pupilar varia nos ruminantes e equinos). - REFLEXO INTERDIGITAL - Não é verificado nos equinos e em ruminates abre-se os cascos. - REFLEXOS CARDÍACOS - Deve-se verificar a frequência cardíaca. - REFLEXOS RESPIRATÓRIOS - Em equinos é costoabdominal e em ruminantes é abodminocostal (em caso de cirurgias prolongadas). - REFLEXO ANAL - É avaliado somente em equinos. PLANOS E ESTÁGIOS https://www.woodlibrarymuseum.org/library/pdf/WLMREP_4_04.pdf Guedel dividiu as fases da anestesia em 4 estágios, sendo que o terceiro foi subdividido em 4 planos. Eles foram baseados nas características cardiorrespiratórias, reflexos protetores, posicionamento de globo ocular, tamanho de pupilas, salivação e miorrelaxamento. - ESTÁGIO I - Vai desde o estágio de alerta até a perda da consciência (movimento voluntário). - ESTÁGIO II - É o estágio de delírio. O paciente está inconsciente, mas apresenta reflexo de tosse, taquicardia e taquipneia (movimento involuntário). - ESTÁGIO III - É o estágio cirúrgico (foi subdividido em 4 planos). ➔ 1 PLANO - Nesse plano cessam os movimentos voluntários mas ainda há miorrelaxamento insuficiente, manutenção dos reflexos protetores (laringotraqueal, palpebral e interdigital), possível taquicardia e taquipneia, salivação e globo ocular centralizado, com nistagmo e em midríase (superficial). ➔ 2 PLANO - Há perda do reflexo laringotraqueal e interdigital, mas reflexo palpebral e corneal presentes. Já não há taquicardia e a respiração já fica compassada, com padrão toracoabdominal. O globo ocular está rotacionado (plano anestésico cirúrgico). ➔ 3 PLANO - Há perda de reflexo palpebral e corneal discreto. Há bradicardia discreta e bradpneia. Pode ocorrer hipotensão discreta. A respiração ganha padrão abdominal torácico. O globo ocular pode estar centralizado (plano anestésico cirúrgico profundo). ➔ 4 PLANO - É o plano de anestesia inadequado pois o paciente já está profundo na anestesia. Há perda de todos os reflexos protetores, globo ocular centralizado e pupilas em midríase, apneia, bradicardia e hipotensão. (depressão bulbar). - ESTÁGIO IV - É o momento iminente de morte, com choque bulbar. Há sobredose anestésica, com colapso vasomotor, pupilas em midríase, apneia, bradicardia intensa, hipotensão considerável. (choque bulbar e morte). IMPORTANTE: Os pacientes devem ser mantidos em anestesia geral nos planos 2 ou 3. ESTÁGIO I ● Vai desde a aplicação do anestésico até a perda da consciência; ● Onde tem o início da analgesia; ● Cada animal reage de uma forma (depende do temperamento e do fármaco utilizado); ● Os parâmetros ficam normais (pode haver aumento da FC); ● Todos os reflexos estão presentes; ● Pode ocorrer desorientação do animal (é normal). ESTÁGIO II ● Midríase por excitação e lacrimejamento; ● Ocorre liberação de catecolaminas (norepinefrina, epinefrina) que consequentemente eleva a FC e PA; ● Aumento da FR (taquipnéia) - hiperventilação; ● Redução da pressão parcial de CO2 do sangue (PaCO2); ● Respiração arrítmica; ● Apnéia (indução máscara - odor pungente); ● Ocorre incoordenação motora; ● Reflexos ficam aumentados; ● Ocorre sialorréia em felinos e bovinos. ESTÁGIO III - PLANO I ● Ocorre perda da consciência e depressão progressiva do SNC; ● Ocorre normalização da respiração (é rítmica e toracoabdominal); ● Início da rotação do globo ocular; ● Tem projeção da 3 pálpebra no cão; ● Reflexos estão presentes; ● Presença do reflexo interdigital e laringotraqueal (animal não permite a sondagem); ● Nistagmo em equinos; ● Analgesia (intervenções pouco cruentas). ESTÁGIO III - PLANO II ● Respiração rítmica, mas abdomino costal; ● Ocorre miose; ● Ocorre rotação completa do globo ocular; ● Ocorre perda do reflexo palpebral no cão; ● Ausência do reflexo interdigital; ● Diminuição do tônus muscular; ● Diminuição das secreções; ● Diminuição da FC, PA e FR; ● Discreto aumento da PaCo2. ESTÁGIO III - PLANO III ● Respiração abdominal; ● Miose puntiforme; ● Início de centralização do globo ocular; ● Perda do reflexo palpebral; ● Silêncio abdominal; ● Secreções ausentes; ● Xerostomia; ● Diminuição da FR e do VC; ● Ótimo plano para cirurgias abdominais e torácicas; ● Ocorre maior relaxamento muscular. ESTÁGIO III - PLANO IV ● Respiração diafragmática (taquipneia é superficial); ● Paralisia da musculatura intercostal e abdominal; ● Midríase (sem resposta a estímulo luminoso); ● Córnea seca e sem brilho; ● Início de apnéia e cianose por hipoventilação. ESTÁGIO IV ● É um estágio crítico; ● Ocorre parada respiratória e cardíaca; ● Midríase agônica (sem resposta ao estímulo luminoso); ● Respiração laringotraqueal, ou seja, os movimentos respiratórios são assíncronos e não efetivos (agônica); ● Hipotermia; ● Choque bulbar; ● Morte. IMPORTANTE: Os equinos e felinos tendem a medializar o globo ocular ao invés de rotacionarem totalmente, como nos cães. Os ruminantes mantêm salivação, mesmo em planos mais profundos de anestesia. IMPORTANTE: - PLANO SUPERFICIAL - O animal apresenta manutenção dos reflexos protetores, miorrelaxamento insuficiente, globo ocular centralizado, em midríase, podendo apresentar nistagmo. Podem ser observadas taquicardia, hipertensão e taquipneia. A respiração tem padrão toracolombar. - PLANO ADEQUADO - O animal apresenta perda de reflexos interdigital e laringotraqueal e talvez palpebral, mas o corneal está presente. O globo ocular está rotacionado e com pupilas em miose. Observa-se FC adequada, FR adequada e discreta diminuição da pressão arterial. O miorrelaxamento é adequado. - PLANO PROFUNDO - O animal apresenta perda de todos os reflexos protetores (interdigital, laringotraqueal, palpebral, corneal), globo ocular centralizado e em midríase, bradicardia, hipotensão, bradipnéia ou até apneia.
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