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Cirurgia - Drenagem Torácica: - Consiste na introdução de dreno tubular no interior da cavidade pleural. - É um dos procedimentos médicos mais empregados no tratamento de patologias torácicas, principalmente do trauma torácico. Indicações: - Drenagem de líquido: Derrame seroso, hemotórax, empiema e quilotórax. - Drenagem de ar: Pneumotórax. - Pós-operatório de cirurgia torácica. Contraindicações: A alteração que deve ser considerada está relacionada com a discrasia sanguínea, que deve ser corrigida antes, quando possível. Tipos de dreno: - Atualmente os drenos usados na cavidade torácica são os tubulares multiperfurados siliconados ou de poliuretano. - No passado, utilizavam-se os drenos com furos apenas na extremidade, principalmente em crianças. - O calibre depende do tamanho do paciente e do conteúdo a ser retirado da cavidade pleural. - Para a drenagem torácica em crianças e adultos com pneumotórax, uma boa opção são os drenos do tipo pigtail, por serem finos e com área ampla de contato em forma de rabo de porco. - O dreno fino com válvula de heimlich favorece a drenagem, por ocasionar menos dor, devido ao calibre, e facilitar a deambulação do paciente, não sendo necessário o sistema selo d’água, podendo-se mesmo encaminhar o paciente para casa com o dreno. - Outra importante modificação no sistema de drenagem é o uso de drenos com bolsas valvuladas, para os casos que necessitem de maior permanência, principalmente quando houver escape aéreo persistente ou drenagem com débito elevado. - Esse tipo de conduta tem reduzido significativamente o tempo de internação e o custo, além de oferecer maior comodidade para o paciente, pois o que mantém o paciente internado é o emprego do selo d’água. - Deve-se ressaltar que apesar de os drenos pigtail, a válvula de heimlich e o sistema de bolsa valvulada estarem facilmente disponíveis no mercado, o dreno tubular simples conectado ao sistema em selo d’água ainda é o mais utilizado, pois é de fácil manuseio pelo cirurgião, apresenta excelente desempenho intra-hospitalar e existe na maioria dos serviços. Material: - Avental, gorro, máscara e campos estéreis. - Luvas e gases estéreis. - Seringa de 20ml, agulhas 30 x 70 e 40 x 12. - Frasco de lidocaína a 2%, sem vasoconstritor. - Lâmina de bisturi nº 11 ou 15. - PVP-I ou clorexidina para assepsia. - Bandeja de pequena cirurgia ou flebotomia. - Fio de nylon ou algodão 0. - Frasco de soro fisiológico ou água destilada. - Sistema de drenagem. Técnica: - A drenagem torácica em adultos começa com a explicação de todo o procedimento ao paciente, pois se trata de uma técnica realizada à beira leito e que necessitará da sua cooperação, ao contrário do que ocorre em crianças, quando todo o procedimento é feito no centro cirúrgico, sob sedação. - A escolha do local a ser drenado depende da experiência do cirurgião. - A drenagem no 7º ou 8º EIC é indicada para a maioria dos casos, por ser mais segura. - Em casos de pneumotórax, classicamente se opta pela drenagem no 2º EIC, uma região, porém, com maior quantidade de músculos (peitoral), esteticamente desfavorável, mais dolorida e com risco de lesar estruturas nobres. - Posiciona-se o paciente em decúbito dorsal, com a mão atrás da cabeça, a fim de liberar a área a ser manipulada. - Faz-se assepsia com clorexidina ou PVP-I e colocam-se os campos estéreis. - Escolhe-se o local a ser drenado e realiza-se o bloqueio intercostal com lidocaína. - Anestesia-se primeiro a pele, fazendo um botão anestésico, em seguida, se introduz a agulha até a costela, sempre aspirando e injetando. - Ao tocar a costela, inclinar a agulha em sentido cranial, para injetar o anestésico na borda superior da costela. - Nesse ponto, certificar-se de não ter atingido nenhum vaso e administrar maior quantidade de anestésico para o bloqueio do feixe intercostal. - O tamanho da incisão no tórax depende do tamanho do dreno, pois se a abertura ficar muito larga, haverá passagem de ar e/ou líquido ao redor do dreno. - Faz-se uma pequena toracotomia na pele e, com uma pinça do tipo Kelly, promove-se a dissecção da musculatura até que se atinja a cavidade pleural. - No caso de dreno rígido ou com guia, introduz-se em sentido posterior ou cranial, para tratamento de derrame pleural e, em sentido anterior e cranial para pneumotórax. - No caso de drenos flexíveis, utilizar uma pinça longa presa na ponta, a fim de direcioná-los. - Certificar-se de que não existe nenhum orifício do dreno fora da cavidade pleural. - Com o dreno pigtail, não há necessidade de pinças, pois sua colocação utiliza seu próprio introdutor. - Terminada a colocação do dreno, usar um fio de nylon ou algodão 0 agulhado. Amarrar o primeiro dreno e, em seguida, passar a agulha através da incisão com saída na pele, cerca de 2cm da borda da incisão, para que fique uma faixa de pele suficiente para dar firmeza ao nó. Não apertar demais a pele, para não provocar necrose. - O curativo é uma parte importante do dreno e alguns cuidados devem ser tomados. - Não utilizar muito esparadrapo, pois a respiração movimenta os espaços intercostais e a mobilização das costelas dificulta a respiração. - O curativo é feito para proteger a pele e não para o dreno. - Usar apenas duas gases dobradas ao meio e colocadas ao redor do dreno. - Aplicar algumas tiras de micropore ou esparadrapo, o suficiente para cobrir as gazes. - Para evitar dor no local da toracotomia e melhor fixar o dreno, colocar um esparadrapo largo, envolvendo o dreno e preso à pele na região do abdome. Cuidados com o dreno: - Com os drenos que utilizam o sistema em selo d’água, certificar-se de que o soro do frasco esteja cobrindo, no mínimo, 2cm da extensão do dreno submersa no selo. - Isso é regra geral para todos os tipos de frascos: de 500 a 2000ml. - O que varia é a quantidade de soro colocada no frasco. Com pouca quantidade, corre-se o risco de entrar ar para o sistema e ocasionar pneumotórax; com quantidade excessiva, há maior resistência na drenagem. - Nunca elevar o frasco do dreno acima da cintura do paciente, pois o soro do frasco passará para a cavidade pleural. - Deve-se evitar também o clampeamento do dreno com pinças, principalmente se houver fístula aérea. - Para a passagem do paciente de uma maca para outra ou mesmo na troca do selo d’água, deve-se dobrar a mangueira do sistema com a mão por alguns segundos. - Isso evita que alguém esqueça o dreno fechado e provoque pneumotórax hipertensivo. - Outro cuidado importante é com o respiro existente no frasco. Lembrar-se que o ar sai pelo dreno, vai até o soro e precisa sair pelo sistema de respiro. A oclusão da saída de ar pelo respiro será o mesmo que manter o dreno fechado. - Pela drenagem com válvula de heimlich, dispensa-se o uso do soro, facilitando o manuseio e o controle. - Os principais cuidados são curativo diário, para evitar infecção da ferida cirúrgica e até mesmo da cavidade pleural, e anotar o débito da drenagem, para orientar o cirurgião quanto à provável retirada do dreno. - Observar sempre o orifício de entrada do dreno na caixa torácica, para garantir que a fixação do dreno permaneça adequada e que não exista nenhum orifício para fora da cavidade pleural. Retirada do dreno: - Existe um princípio básico de que o dreno que não funciona deve ser retirado. - Por causa da característica própria do espaço pleural, que apresenta pressão negativa, deve-se ter o cuidado de não deixar entrar ar no momento de retirada do dreno. - Alguns autores recomendam que, nesse momento, o paciente deve realizar uma expiração forçada seguida de apneia. Essa manobra faz com que a pressão intrapleural fique próxima da pressão atmosférica, diminuindo a possibilidade de passagem de ar para o espaço pleural. Em contrapartida, o pulmão está menos expandido. - A maioria dos autores recomenda que o paciente faça uma inspiração forçada seguida de apneia. Essa situação é mais confortável para o paciente e, no momento em que o pulmão expande, encosta na parede torácica e oclui o orifício do dreno.A argumentação contrária a esse método é que a pressão intrapleural fica mais negativa, o que facilitaria a entrada de ar por diferença de pressão. - Em ambas as situações, o mais importante é manter a apneia enquanto se retira o dreno. - Orientar o paciente a manter o curativo do dreno por 48h, pois é ele que fecha o orifício. - Para retirada do dreno em crianças, não se pode contar com a colaboração oferecida pelos adultos. - Gentilmente, com uma lâmina de bisturi, deve-se cortar o fio que fixa o dreno e colar a parte superior do curativo com esparadrapo e gaze sobre o orifício da pele, no momento em que a criança realizar uma inspiração. Com um único golpe, retira-se o dreno, ao mesmo tempo que se comprime a ferida com a parte inferior do curativo. - Muitos médico associam a oscilação do dreno ao fato de já ser a hora da sua retirada. - Esse pensamento está equivocado, pois essa oscilação apenas reflete a diferença de pressão intrapleural. - Quanto maior a cavidade residual no espaço pleural, maior será a oscilação. - Há situações em que o dreno pode não oscilar e apresentar débito elevado. - Deve-se obedecer à associação de 4 critérios no momento em que se avalia a retirada do dreno: Débito de drenagem, aspecto do líquido, escape de ar e radiografia. - O débito poderá ser em torno de 100ml/ 24h. - Não se deve retirar o dreno quando houver sangue vivo ou pus. - Para os pacientes que apresentam escape de ar, deve-se esperar que pare de sair ar e retirar o dreno 24h depois, desde que o paciente não esteja em ventilação mecânica, quando a permanência do dreno dependerá dos parâmetros ventilatórios. - Não se aconselha o fechamento do dreno antes da sua retirada, pois se ainda houver fístula, poderá ocorrer pneumotórax. - Deve-se sempre obter radiografia antes da retirada do dreno, se houver atelectasia ou pneumotórax residual, está indicado intensificar a fisioterapia respiratória com ventilação não invasiva e manter o dreno até que o pulmão se expanda.
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