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ADMINISTRAÇÃO 
IMOBILIÁRIA
Autor
Paulo Roberto de Souza Junior
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano Torres
Edição Gráfica e Revisão
UNIASSELVI
ADMINISTRAÇÃO 
IMOBILIÁRIA
1 INTRODUÇÃO
Fachin (1998) menciona que, cronologicamente, a propriedade começou 
pela posse. Geralmente, a posse gera a propriedade, isto é, a usucapião. 
Vinculada à propriedade, a posse é um fato com algum valor jurídico, mas, 
como conceito autônomo, a posse pode ser aceita como um direito. A 
qualificação da posse leva em conta sua competência em instaurar uma nova 
situação jurídica. Ela é a causa e a necessidade do direito de propriedade.
A posse e a propriedade são conceitos de Direito Civil, entretanto, o 
próprio Código Civil não conceitua a propriedade, e sim apenas o proprietário. 
Por outro lado, há diferenças entre os dois institutos, a propriedade possui 
as seguintes funções: usar, fruir, dispor e reivindicar a coisa, desde que 
cumpra sua função social; a posse é o exercício, pleno ou não, de alguma 
das faculdades pertencentes à propriedade.
A faculdade que a referida posse não possui é a de dispor, ou seja, não 
pode ser dada em garantia ou alienada, característica pertencente apenas à 
propriedade, ou seja, o direito real por excelência.
2 A POSSE: CONCEITO E ELEMENTOS
A posse refere-se ao exercício de fato, pleno ou não, da aptidão de usar, 
gozar e usufruir da coisa, ou seja, deter a posse não significa ter a propriedade 
de uma coisa, como acontece na relação entre locador e locatário, em que este 
tem a posse física da coisa em questão; enquanto o locador terá a propriedade 
sobre este. A mesma situação acontece no comodato e com o usufruto.
2.1 A POSSE E SEUS ELEMENTOS CARACTERIZADORES
A posse se difere da detenção, pois esta, embora exerça os poderes 
inerentes ao domínio, não é amparada por lei.
FIGURA 1 – A POSSE REFERE-SE À UTILIZAÇÃO DO BEM 
FONTE: <https://uniasselvi.me/31wevoN>. Acesso em: 11 out. 2021. 
Descrição da imagem: uma figura que possui ao fundo um desenho desfocado parecendo pessoas, uma casa de 
telhado vermelho, uma bicicleta, moedas figuras e um coração.
Posse, segundo Gomes (2012, p. 23), é: 
[...] um direito exercido tal como direito de propriedade, ou qualquer outro 
direito real, consequentemente, sem exigência de animus domini , de 
modo incidência abrange várias espécies de pessoas, dentre as quais cita 
o usufrutuário, o locatário, o transportador, o mandatário, o depositário, o 
administrador, o testamenteiro e tantos outros que utilizam coisa alheia por 
força de um direito ou obrigação.
Este instituto pode ser dividido em:
• Posse direita e posse indireta:
o Direta ou imediata: aquela refere-se a quem a detém a coisa (bem). Ex.: 
O locatário ou comodatário. 
o Indireta ou mediata: pertence ao legitimo proprietário, que conversa os 
atributos de disposição e reivindicação. Ex.: Proprietário de um bem. 
• Posse justa ou posse injusta:
o Justa: não estando maculada.
o Injusta: adquirida através da violência (esbulho possessório), clandestina 
(invasão sem violência) ou precária (abuso de confiança, alude-se à posse 
da herança (CC, art. 1.791).
Eis algumas situações de detenção: fâmulo da posse (art. 1.198, CC); 
atos de mera tolerância (art. 1.208, CC); e a situação de quem adquire a 
posse com violência ou clandestinidade, enquanto essas não cessam (art. 
1.208, CC).
Com relação ao possuidor a e à posse, podemos mencionar que o 
Código Civil, em seu art. 1.196, reza que o possuidor é aquele que detêm o 
exercício, pleno ou não, de um dos poderes que são conferidos à propriedade, 
assim, a pessoa que possui a posse de um bem é tido como possuidor deste, 
podendo, assim, propor ação possessória, inclusive contra o proprietário. 
O conceito de posse e propriedade são estudados por Friedrich Calr 
von Savigny (Teoria Subjetiva) e Rudolf von Ihering (Teoria Objetiva) ao deba-
terem a questão do corpus (bem) e o animus domini (intensão do possuidor 
em reter o bem). 
A Teoria Subjetiva define que a posse necessita do corpus e do animus 
domini, assim, ausente o corpus, a posse não passaria de um fenômeno psí-
quico, inexistente no mundo fático ou físico que difere do mundo jurídico; 
e se ausente o animus domini, a posse seria uma questão natural, ou seja, 
seria considerada como detenção. Já a Teoria Objetiva entende que o ele-
mento corpus é suficiente para caracterizar a posse.
Assim, quem possui um imóvel em um município e o leva a registro 
passa a ter o seu direito a propriedade, já que sem o devido registro, apenas 
será o possuidor do bem. A palavra posse advém do latim “potere”, que sig-
nifica “poder”.
3 A PROPRIEDADE: CONCEITO E ELEMENTOS
O homem, no passado, podia usar, gozar e dispor da coisa, segundo 
Monteiro (2016), sem qualquer restrição. Hoje, a propriedade deverá cumprir 
a sua função social, ou seja, não pode ser subutilizada ou não utilizada. 
Essa propriedade é um direito real por excelência, que possui as seguintes 
características: usar, gozar, usufruir e dispor de alguma coisa. Desse instituto 
advém os demais presentes ao Código Civil e na legislação específica. 
Os elementos nucleares da propriedade estão previstos no art. 1.228 
do Código Civil de 2002: usar, gozar/fruir, dispor e reivindicar da coisa de 
forma absoluta, exclusiva e perpétua.
Segundo Monteiro (2016, p. 79), a propriedade:
[...] é inerente à própria natureza humana e ela representa condição de exis-
tência e de liberdade de todo homem e ao contrário do que se pensa nasce 
no seio civil justamente para evitar a desordem quanto à utilização dos bens 
e riquezas da terra. Cria-se então um modo civilizado de se manter a ordem.
FIGURA 2 – CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE
FONTE: O autor
Descrição da imagem: uma figura com retângulos em azul e letras em branco com as características da 
propriedade.
O proprietário poderá perder sua propriedade com base no art. 1.275 
do Código Civil através da: alienação, renúncia, abandono, perecimento da 
coisa e desapropriação.
A pessoa que possui o título de propriedade de um bem é o seu titular. 
Já a pessoa que detém o domínio sobre este e, por isso, terá o direito ao 
exercício das faculdades de usar, gozar ou fruir, dispor e reaver.
3.1 A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE: NA ZONA URBANA E 
NA ZONA RURAL
A Constituição Federal de 1988, em no inciso XXII do art. 5º, define 
a propriedade como um direito fundamental, todavia, neste mesmo artigo 
determina que esta deverá cumprir sua função social, tornando-o um direito 
relativo, já que possui um limitador.
A função social da propriedade, segundo Grau (1983, p. 65):
Corresponde a um poder-dever e compreende a imposição de comportamentos 
negativos e positivos ao proprietário, razão por que não há como entendê-la 
mera extensão do poder de polícia. Com a função social, visa-se à promoção 
do exercício do direito de propriedade de modo mais compatível com a 
utilidade social, ou, em outras palavras, não pode a propriedade ser usada 
de modo nocivo ou contrário à utilidade social.
A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende 
as determinações previstas no Plano Diretor que exprime as exigências 
fundamentais de ordenamento da cidade, conforme determina o § 2º do art. 
182 da Constituição Federal. 
Vejamos a decisão judicial a seguir que demonstra uma situação que fere 
a Constituição Federal, pois o imóvel não está cumprindo sua função social:
QUADRO 1 – SITUAÇÃO QUE FERE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
FONTE: Adaptado de <https://uniasselvi.me/2YeUAt4>. Acesso em: 17 out. 2021.
Descrição da imagem: um quadro com fundo branco e escrito em letras pretas contendo duas decisões judiciais.
Já a propriedade rural subutilizada ou improdutiva poderá ser alvo de 
desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, segundo o 
art. 184 do referido texto. Neste caso, o pagamento ocorrerá em até 20 anos.
3.2 O NÃO CUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE: 
DESAPROPRIAÇÃO
Assim, um terrenonão construído ou subutilizado, como a figura, poderá 
ser desapropriado para assentamentos de pessoas que não possuem local 
para a moradia.
FIGURA 3 – A DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA BUSCA TERRENOS SEM CONSTRUÇÃO OU 
SUBUTILIZADOS
FONTE: <https://image.shutterstock.com/image-photo/old-farm-building-all-forgotten-600w-1569352750.jpg>. 
Acesso em: 11 out. 2021.
Descrição da imagem: uma figura com um galpão velho e na frente um terreno sem utilização.
Em resumo, a posse deverá ser provada através de documentos que 
a materializam, como: fornecimento de água ou energia, depoimentos de 
testemunhas, fotos ou documentos legais, entre outros. Já a propriedade é 
demonstrada através de uma escritura pública registrada no RGI. 
O proprietário poderá não possuir a posse do bem, pois esta poderá 
estar com um terceiro, que a utiliza legalmente (ex.: contrato de locação) 
ou não (entrada sem autorização do dono). 
4 PARCELAMENTO DO SOLO, DIREITO DE VIZINHANÇA E DIREITO 
DE SUPERFÍCIE E SUA FUNÇÃO DENTRO DA CIDADE
O parcelamento do solo e estruturação urbana serão capazes de 
solucionar a estruturação da cidade e seus espaços, os quais serão necessários 
para seu loteamento com finalidade de congregar nesses espaços os interesses 
dos proprietários de terras, dos construtores, dos demais interessados que 
entendem a cidade como um negócio e de seus habilitantes que mencionam 
a cidade como o lugar do habitat e o lugar de habitar congregando gerações 
atuais e futuras. 
FIGURA 4 – DIFERENÇAS ENTRE GLEBA E LOTE
FONTE: O autor
Descrição da imagem: uma figura com dois retângulos com fundo em azul e escritos em branco apresentando os 
conceitos de gleba e lote.
Este parcelamento divide-se em: loteamento, desmembramento, 
desdobramento e reparcelamento. 
FIGURA 5 – A FUNÇÃO DO PARCELAMENTO URBANO DENTRO DE UMA CIDADE
FONTE: <https://uniasselvi.me/3CMUEiS>. Acesso em: 11 out. 2021. 
Descrição da imagem: uma imagem com desenho de casas de telhado laranja e terrenos em cinza claro e divididos 
por ruas em cinza escuro.
FIGURA 6 – PARCELAMENTO E SUAS DIVISÕES
FONTE: O autor
Descrição da imagem: uma figura com setas de fundo azul e escritas em branco e retângulos com fundo branco e 
escrito em preto demonstrando a divisão do parcelamento.
5 O ESPAÇO URBANO E SUA CONSTRUÇÃO
O direito de construir dentro de um espaço urbano que está delineado no 
art. 1.299 do Código Civil, que autoriza ao proprietário realizar a construção 
dentro do seu imóvel, desde que respeite as normas do direito de vizinhança, 
que estão expressas no Estatuto da Cidade (Lei Federal de n° 10.257 de 2001) 
e na legislação municipal que define o controle de zoneamento referente a 
coisa própria em questão.
O Estatuto da Cidade visa regulamentar os artigos 182 e 183 da 
Constituição Federal que tratam da política de desenvolvimento urbano e 
da função social da propriedade como forma de garantir a democratização 
da gestão das cidades brasileiras. 
Esse direito de construir, à luz da função social, vincula os direitos de 
vizinhança para com a função social da propriedade, já que visam o interesse 
da coletividade e o respeito à habitação e à moradia digna, como base do 
princípio da dignidade da pessoa humana. 
Os proprietários deverão respeitar os direitos de seus vizinhos conforme 
determinação da legislação municipal em vigor privilegiando a segurança, 
o sossego e a saúde. Assim, há limitações quando impostas podem permitir 
certos atos como também não os realizar. 
Monteiro (2016, p. 147) salienta que a vizinhança é:
[...] um fato que, em Direito, possui o significado mais largo do que na 
linguagem comum. Consideram-se prédios vizinhos os que podem sofrer 
repercussão de atos propagados de prédios próximos ou que com estes 
possam ter vínculos jurídicos. São direitos de vizinhança os que a lei estatui 
por força desse fato.
Os conflitos entre proprietários surgem em decorrência do não respeito 
a este direito de vizinhança e das regras impostas por tal direito que pese 
como limitadoras dos direitos de uso e gozo da propriedade pelo proprietário. 
Gonçalves (2020, p. 127) apresenta uma síntese para a composição dos 
conflitos na vizinhança:
[...] Se o incomodo é normal, tolerável, não deve ser reprimido, a reclamação da 
vítima será aferida segundo o critério do homo medius. Só serão atendidas questões 
relativas a danos considerados insuportáveis ao home normal;
se o dano for intolerável, deve o juiz, primeiramente, determinar que seja reduzido 
a proporções normais, fixando horários de funcionamento (somente durante o dia, 
p. ex.), exigindo a colocação de aparelhos de controle de poluição, levantando 
barreiras de proteção etc. [...];
se não for possível reduzir o incômodo a níveis suportáveis, por meio de medidas 
adequadas, então determinará o juiz a cessação da atividade, fechando a indústria 
ou o estabelecimento ou até demolindo a obra, se forem de interesse particular;
se, no entanto, a causadora do incômodo for indústria ou qualquer atividade de 
interesse social, não se determinará o seu fechamento ou a cessação da atividade. 
Se o incômodo não puder ser reduzido aos graus de tolerabilidade mediante medidas 
adequadas, será imposto ao causador do dano a obrigação de indenizar o vizinho.
Assim, o respeito ao direito de vizinhança é fundamental para que evite 
dissabores entre os vizinhos, já que se constitui como base do direito à 
moradia, previsto no art. 6º da Constituição Federal que garante à moradia 
como um dever dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios). 
6 O RESPEITO AOS VIZINHOS E O DIREITO À MORADIA 
O Texto Constitucional prescreve que os entes federados deverão 
garantir a: “promoção e implementação de programas para construções de 
moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico” e 
o “combate às causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo 
a integração social dos setores desfavorecidos”(MEIRELES, 2017, s.p.).
FIGURA 7 – A MORADIA DE ALGUÉM DEVERÁ SER RESPEITADA POR TODOS
FONTE: <https://cdn.brasildefato.com.br/media/30df68aa018dc2d5cb4e8bf4dcf6e6ea.jpg>. Acesso em: 11 out. 2021.
Descrição da imagem: uma figura com casas no mesmo formato, cor e tamanho de um lado de uma rua e de outro.
 
7 DIREITO DE SUPERFÍCIE: O PROPRIETÁRIO E O SUPERFICIÁRIO
O Direito de Superfície é uma concessão atribuída pelo proprietário de 
um terreno, concedente, a outrem, superficiário, com a finalidade de construir 
e utilizá-lo durante um determinado período. 
Com relação à natureza jurídica deste instituto há um debate segundo 
Nelson Rosenvald (2006, p. 403) que salienta: 
Em virtude da omissão do Estatuto da Cidade e do Código Civil quanto à natureza 
jurídica do modelo, repercute-se na doutrina uma polêmica. Seria o direito real de 
superfície uma verdadeira propriedade ou um direito real em coisa alheia? A resposta 
é: ambos. O direito de superfície é um direito real sobre coisa alheia (lote ou gleba), 
pois sua formação resulta de uma concessão do titular da propriedade para fins de 
futura edificação (sobre ou sob o solo) ou plantação, que, quando concretizada pelo 
superficiário (concessionário), converterá o direito inicialmente incorpóreo, em um 
bem materialmente autônomo à propriedade do solo da concedente.
Loureiro (2002, p. 273) assim define o instituto: 
A superfície é um direito real, fixado por tempo determinado ou indeterminado, 
que confere ao superficiário a propriedade da construção ou plantação, ainda 
que em caráter resolúvel, gratuito ou mediante o pagamento de uma pensão 
periódica e que pode ser transmitido por ato entre vivos ou causa mortis. 
O Enunciado nº 93 menciona que “as normas previstas no Código Civil, 
regulando o direito de superfície, não revogam as normas relativas a direito 
de superfície constantes do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), por ser 
instrumento de política urbana”.
O proprietário terá a fruição do solo até o início da obra, esse proprie-
tário teráo direito de usar e dispor do solo na parte não ocupada pela obra 
e não prejudicar o uso do superficiário, desde que previsto no contrato de 
concessão; extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade 
plena sobre o terreno, construção ou plantação, independentemente de 
indenização.
É possível a cessão desse direito de superfície a um terceiro, desde que seja 
dado o direito de preferência na aquisição do direito de superfície, assim, o pro-
prietário se desejar alienar terá que oferecer em primeiro ao superficiário; se a 
alienação foi partir do superficiário, este terá que oferecer ao proprietário para que 
possa exercer seu direito de preferência. 
8 LOCAÇÃO E SUBLOCAÇÃO
O Código Civil de 2002 traz consigo a locação de serviços (locatio 
conductio operarum) e a de empreitada (locatio conductio operis) são 
consideradas modalidades de contrato autônomos. 
Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas 
espécies: 
a) de ordem geral, comum a todos os atos e negócios jurídicos, como a 
capacidade do agente, o objeto lícito, possível, determinado ou determinável, 
e a forma prescrita ou não proibida em lei (CC, art. 104); 
b) de ordem especial, específico dos contratos: o consentimento recíproco 
ou o acordo de vontades (GONÇALVES, 2017, p. 33). 
Após entendermos a roupagem que o novo Código trouxe ao contrato 
de locação decorrente de uma relação jurídica obrigacional (pessoal), que 
são elementos: o sujeito ativo e o sujeito passivo, o locador e o locatário, 
respectivamente. 
8.1 LOCAÇÃO RESIDENCIAL E NÃO RESIDENCIAL
Os direitos do locador estão previstos no art. 570, do Código Civil, referem-
se à rescisão do contrato e indenização por perdas e danos quando o locatário 
agir fora dos limites pactuados, bem como ultrapassar os limites do bem senso, 
ou seja, agir com abuso ou danificar a coisa que estiver em sua posse. 
FIGURA 8 – UM CONJUNTO DE PRÉDIOS JUNTOS QUE PODEM SER DADOS EM LOCAÇÃO RESIDENCIAL OU 
NÃO RESIDENCIAL
FONTE: Teixeira (2018, s.p.)
Já os direitos do locatário estão arrolados no art. 567 do Código Civil, 
e versam sobre a redução do aluguel ou a resolução deste quando o imóvel 
sofrer uma deterioração sem sua culpa.
Com relação à rescisão antecipada, o locador não poderá pleitear o 
imóvel antecipadamente, como previsto no art. 571 do Código Civil; caso faça, 
será alvo de perdas e danos, todavia, isto não acontece com o locatário, pois 
segundo o art. 4º da Lei do Inquilinato poderá este realizar tal expediente, 
desde que pague proporcionalmente o que está previsto no contrato ou, na 
sua falta, a que for judicialmente estipulada.
FIGURA 9 – CONCEITO DE LOCADOR E LOCATÁRIO
FONTE: O autor
Descrição da imagem: uma figura contento duas setas em azul com letras brancas contendo uma o conceito de 
locador e outra o conceito de locatário
8.2 BENFEITORIAS REALIZADAS PELO LOCATÁRIO
As benfeitorias, segundo Tartuce (2021, p. 189), são “bens acessórios 
introduzidos em um bem móvel ou imóvel, visando a sua conservação ou 
melhora da sua utilidade. Enquanto os frutos e produtos decorrem do bem 
principal, as benfeitorias são nele introduzidas”. 
FIGURA 10 – BENFEITORIAS
FONTE: O autor
Descrição da imagem: uma figura com retângulos em azul e letras em branco contendo o art. 96 do Código Civil.
As benfeitorias necessárias (art. 96 do Código Civil) feitas ou realizadas 
pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, serão indenizáveis 
e permitem o exercício do direito de retenção do bem (art. 35 da Lei do 
Inquilinato), pois privilegiam os aspectos da conservação e da exploração 
do bem em questão. São exemplos: a construção de uma parede para evitar 
o desabamento de um bem imóvel. 
As Benfeitorias ou despesas úteis (art. 1219 do Código Civil) necessitam 
de autorização do locador o sem representante legal para que sejam alvo de 
restituição quando realizadas pelo inquilino. Um exemplo é a construção da 
rede de esgotamento sanitário. 
As benfeitorias voluptuárias são as de mero deleite, de mero luxo, para 
tornar mais agradável o seu uso. Segundo o artigo 36 da Lei n° 8.245/91 este 
tipo de benfeitoria não é indenizável. Exemplo: piscina.
Todavia, este tipo de benfeitorias poderá deixar de ser voluptuárias para 
necessária, quando for uma piscina dentro de um clube de treinamento para 
competições.
9 TIPOS DE CONTRATO DE LOCAÇÃO
Há dois tipos de contratos de locação: residencial, com o intuito de 
moradia; e o contrato não residencial, que terá como finalidade a instalação 
de comércio, indústria, escritórios, depósitos ou qualquer outra atividade 
que não seja residencial. 
Com relação à renovação da locação com fins não residenciais, o artigo 
51 da Lei n° 8.245/91 prevê regras:
• O contrato deve ser celebrado entres as partes por escrito e por prazo 
determinado.
• O prazo mínimo do contrato ou a soma dos prazos ininterruptos deve 
somar cinco anos.
• O ramo do comércio deve ser o mesmo a pelo menos três anos, de forma 
contínua.
Todavia, segundo Teixeira (2020), há hipóteses previstas no artigo 52 da 
Lei n° 8.245/91 que proíbem a renovação do contrato de locação por parte 
do locador, são elas: 
a) fundamenta-se em eventual determinação do Poder Público, quando terá 
que realizar obras que modifiquem o imóvel; ou obras que impliquem no 
aumento do valor do negócio ou propriedade; 
b) caso o imóvel venha a ser utilizado em uso próprio, mesmo que seja uso 
residencial (se assim comportar); em caso de uso comercial, pelo locador, 
o imóvel não poderá se destinar ao mesmo ramo de atividade do locatário, 
exceto se a locação envolvia fundo de comércio; 
c) se o locador obtiver melhor proposta de terceiro, desde que seja comprovado, 
caso em que caberá ao locador informar a melhor proposta ao locatário 
e este, não aceitando, terá direito à indenização para ressarcimento dos 
prejuízos e dos lucros cessantes que tiver que arcar com mudança, perda 
do lugar e desvalorização do fundo de comércio, se a renovação não 
ocorrer em razão de proposta de terceiro, em melhores condições, ou se 
o locador, no prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino 
alegado ou não iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que 
declarou pretender realizar.
10 CESSÃO E SUBLOCAÇÃO DO IMÓVEL
Com a cessão do imóvel não haverá mais vínculo entre o cedente e o 
locador, ocorrendo verdadeira substituição subjetiva na relação contratual. 
Assim, se o cessionário, que passou a ser o locatário, deixar de pagar o 
aluguel, ou violar o contrato, o locador não poderá exigir qualquer providência 
do cedente, ou seja, do antigo locatário, que já estará exonerado, desde o 
momento da cessão. Não sendo outro o entendimento de Capanema (2017, 
p. 94): “[...] o primitivo locatário, que é o cedente, é expelido da relação 
obrigacional, passando o cessionário a ocupá-la, sub-rogando-se nos direitos 
e deveres decorrentes do contrato”.
 
Entretanto, a relação contratual inicial não será modificada, o que poderá 
ser alterado é apenas a questão das garantias contratuais existentes – fiança, 
garantia real etc. – inicial ou originária.
É muito comum a cessão de bens imóveis residenciais para construção 
de prédios; sendo realizada com imóveis em construção haverá necessidade 
de que o proprietário possa exercer seu direito de preferência sobre o imóvel 
após ser construído. 
Não há proibição legal de cessão de bens imóveis residenciais e não 
residenciais locados, tomamos como parâmetro o art. 1.148 do Código Civil 
de 2002 (BRASIL, 2002), que menciona a cessão de imóveis não residenciais. 
Essa cessão deverá vir acompanhada do estabelecimento, entretanto, caso 
haja uma cláusula contratual que vede tal situação, não produziria efeito.
A sublocação acontecerá quando o locatário autoriza um terceiro, 
não figurante na relação locatícia, ocupar o imóvel em seu lugar passando 
a pagar parte ou totalidade dos encargos deste local, todavia, para que 
haja a  sublocação (legitima) há necessidade autorização expressa dadapelo locador. Tanto o valor do aluguel como no prazo de duração do imóvel 
sublocado não poderá ser maior do que o previsto no contrato de aluguel. 
Caso não haja previsão contratual e caso o locatário deseje sublocar o 
imóvel, deverá, para tanto, notificar o locador, que terá prazo de 30 dias para 
se manifestar. Tanto o valor do aluguel como no prazo de duração do imóvel 
sublocado não poderá ser maior do que o previsto no contrato de aluguel. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código 
Civil. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406compilada.htm. Acesso em: 18 ago. 2021.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
BRASIL. Lei n° 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 
da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e 
dá outras providências. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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