Buscar

Seminário IV

Prévia do material em texto

INSTRUMENTALIZAÇÃO E PADRONIZAÇÃO CULTURAL: A Lógica do Brincar
Kátia Rejane de Sousa Nascimento
Teresina-PI
Outubro/2021
Introdução
 Por que brincamos? Por que brincar é importante? 
Friedrich Von Shuiller, diz: “O homem só é inteiramente humano quando brinca.”
 A epígrafe acima aponta o brincar como uma dimensão do humano. Essa pode ser uma das respostas quando fazemos as perguntas acima.
		
Introdução
 Dentro de uma perspectiva do senso comum, as brincadeiras parecem estar quase sempre associadas à criança, entretanto já se sabe que o brincar é uma experiência da cultura e fundamental na formação do ser.
Figura 1 – O Brincar como Cultura Fundamental
Fonte: https://www.educacao.ma.gov.br, 2015
 Houaiss (1983) afirma que: Quando a terminologia científica começou a lidar com os conceitos como Homo sapiens – o homem que sabe, – Homo loquens – o homem que fala, – Homo faber – o homem que faz, – Homo symbolicus – homem que cria e lida com sinais e símbolos (...) – e tantos homines mais, a terminologia mesma abriu as portas para duas derivas: a de supor que esses Homines eram coisas entre si excludentes ou a de supor que eram coisas necessariamente sequentes – restando, por isso, precisar com rigor essa sequência.
Terminologias
 Quais das denominações acima nos tornam mais humanos? Quais nos definem mais ou menos? Quando somos sapiens, loquens, faber, symbolicus? Houaiss defende a ideia de uma cumulatividade desses Homines em um Homo só.
 Junto a isso, vem a sua crítica a uma sociedade na qual o trabalho é organizado e dividido em tempo de produzir e tempo de consumir, deixando em segundo tempo o lazer, a alegria, o sorriso, a felicidade.
Terminologias
Indagações
 Quanto tempo as crianças brincam nesses espaços e qual a qualidade de suas brincadeiras? Quando pensamos sobre o tempo do brincar, e quando acreditamos que é importante dar tempo e ter tempo para o brincar? Por que o tempo do brincar é menos importante do que o tempo da agenda? O tempo da merenda? O tempo de escovar os dentes etc.?
Figura 2 – Crianças ao Brincar
Fonte: https://fabianaeaarte.blogspot.com, 2012.
Brincar Livre e o Brincar Dirigido
 A própria dicotomia entre o brincar livre e o brincar dirigido coloca muitas vezes o primeiro como um momento de pouco envolvimento da professora com o grupo e o segundo sendo transformado em recurso didático, em que a brincadeira serve para ensinar alguma coisa.
 Foi com esta perspectiva que a disciplina “Brinquedos e brincadeiras no cotidiano da educação infantil” foi pensada. Teve como principal objetivo compreender a brincadeira na sua perspectiva cultural humana, como direito, e por conseguinte, como eixo articulador do trabalho na Educação Infantil.
Primeiro Movimento
 O brincar como vivência para a formação foi o primeiro movimento para começar as aulas. Combinamos que, em cada encontro, uma pessoa iria propor uma brincadeira. Então, ao longo dos sábados, surgiram rodas e cantigas do tempo das avós, que sempre mobilizavam, emocionavam, alegravam o grupo.
 É verdade que foi difícil fazer com que todas participassem dos momentos de brincadeira, algumas ficavam sentadas e se negavam a entrar naquele momento lúdico.
A Observação
 A observação do brincar é importante porque, quando brincam, as crianças imprimem suas marcas, falam das suas visões de mundo, das relações entre as pessoas,.. A observação é uma ferramenta porque permite compreender as crianças, suas escolhas, seus interesses, os sentidos de suas brincadeiras entre pares.
 Estas discussões nos levaram a pensar sobre o papel desempenhado pelo adulto na brincadeira: como nos colocamos quando brincamos com as crianças? Entramos nas brincadeiras como aquele que participa, amplia seus interesses, ou simplesmente “fiscaliza”, instituindo papéis, dizendo quem brinca com quem, de quem é a vez e resolvendo os conflitos?
O Brinquedo e a Brincadeira
 As crianças não constituem nenhuma comunidade separada, mas são partes do povo e da classe a que pertencem, o que permite afirmar que o brinquedo e a brincadeira infantil estabelecem "um diálogo mudo, baseado em signos, entre a criança e o povo". 
 O brinquedo é visto como instrumento híbrido e dialógico que permite a criança manipulá-lo conforme seus interesses, reafirmando a ideia de que não são os objetos-brinquedos que determinam a atividade lúdica na brincadeira da criança, mas sim o conteúdo imaginário e simbólico. Isto é, a brincadeira é que confere sentido ao brinquedo e não este que define a brincadeira.
Considerações Finais
 Não somente a vivência da brincadeira nesse contexto de formação, mas também a observação do brincar das crianças foram tomadas como lugares de aprender do adulto, que estão para além da mediação, mas de mergulhar nessa experiência permitindo-se alterar-se.
 E como expõe as ideias de Houaiss (1983), defendemos o experimentar pela brincadeira os muitos Homines que nos constituem, sem perder de vista aquilo que ele afirma estar na raiz das sociedades e dos indivíduos que as integram: a busca da felicidade, conformes com os impulsos dos nossos instintos, desejos, vontades tornados sociais, conformes com a satisfação das nossas necessidades vitais, com nossas aspirações, sonhos e utopias.
Figura 3 – Alegria e Satisfação da Criança 
Fonte: https://mineiapacheco.com.br/2020.
Referências Bibliográficas
Brincadeiras Folclóricas. No Mundo da Arte. Disponível em: <http://fabianaeaarte.blogspot.com/2012/08/brincadeiras-folcloricas.html>. Acesso em: 30 set. 2021. 
Brincadeiras Folclóricas. Contos para Criança Ler, Ouvir e Sonhar. Disponível em: <https://mineiapacheco.com.br/2011/08/brincadeiras-folcloricas>. Acesso em: 30 set. 2021.
FRAGA, Guillermo Darriba; VON SHILLER, Friedrich. El derecho de corrección de los padres sobre sus hijos. Revista Digital Facultad de Derecho,(5), p. 130-166, 2012. Disponível em: <https://sso.uned.es/sso/index.aspx?URL=https://login.uned.es/ssouned/login.jsp>. Acesso em: 30 set. 2021.
HOUAISS, Antônio. Elementos de bibliologia. Editora Hucitec, em convênio com o Instituto Nacional do Livro, Fundação Nacional Pró-Memória, São Paulo, 1983. Disponível em: <https://ahmemo.files.wordpress.com/2016/07/elementos-de-bibliologia1.pdf>. Acesso em: 30 set. 2021.
SANTOS, Nubia de Oliveira. O brincar como dimensão cultural humana e como direito das crianças, fev. 2015. Disponível em: <https://www.ritimo.org/O-brincar-como-dimensão-cultural-humana-e-como-direito-das-criancas>. Acesso em: 30 set. 2021. 
PORTO, Cristina Laclette. BRASIL. Brincadeira ou atividade lúdica? Ministério da Educação. Salto para o Futuro. Jogos e brincadeiras: desafios e descobertas, 2. Ano XVIII. Bol. 07, maio/2008. Disponível em: <https://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/165801Jogos.pdf>. Acesso em: 30 set. 2021.
Obrigada!!!

Continue navegando