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Émile Durkheim Émile Durkheim nasceu em Épinal, região de Lorena, na França, no dia 15 de abril de 1858. Descendente de família judia, filho e neto de rabinos, desde cedo foi preparado para seguir o mesmo caminho, mas rejeitou sua herança judaica. Estudou no Colégio d’Epinal e no Liceu, em Paris. Interessou-se inicialmente por filosofia e estudou na Escola Normal Superior de Paris. Terminado seus estudos, lecionou em diversos liceus provinciais franceses. Entre 1885 e 1886, Durkheim realizou uma viagem de estudo na Alemanha, especializando-se em Sociologia. Dentro da Sociologia educacional filiou-se à corrente denominada Pedagogia Social. Foi fortemente influenciado pelos métodos de psicologia experimental de Wilhelm Wundt. Em 1887, Durkheim foi nomeado professor da primeira cadeira de Ciências Sociais, associada à educação, na Universidade de Bordeaux. Em 1896 fundou a revista “L’Année Sociologique”, quando reuniu um eminente grupo de estudiosos. Em 1902, foi convidado para lecionar Sociologia e Pedagogia na Sorbonne, onde permaneceu até sua morte. O Suicídio Em seus estudos sobre personalidade, Durkheim tentou mostrar que as causas do autoextermínio têm fundamentos em causas sociais e não individuais. Descreveu três tipos de suicídio; “o suicídio egoísta”, aquele em que o indivíduo se afasta do conjunto dos outros seres humanos, “o suicídio anômico”, originado da crença de que todo um mundo social, com seus valores, normas e regras, desmoronam-se em torno de si, e “o suicídio altruísta”, o realizado por extrema lealdade a dada causa. Teoria da Religião Sobre os fenômenos religiosos, Durkheim escreveu uma de suas obras mais significativas, “As Formas Elementares da Vida Religiosa” (1912), baseada em diversas observações antropológicas, buscando mostrar as origens sociais e cerimoniais, como também as bases da religião, especialmente do totemismo. Afirmou que não existem religiões falsas, que todas são essencialmente sociais. Definiu religião como “Um sistema universal de crenças e práticas relativas às coisas sagradas”, que unem os indivíduos que dela compartilham em uma única comunidade moral, denominada igreja. Émile Durkheim faleceu em Paris, França, no dia 15 de novembro de 1917. Seus restos mortais encontram-se no cemitério de Montparnasse, em Paris. Fato social O que é fato social? Fato social é um conceito do sociólogo Émile Durkheim e se refere aos hábitos e maneiras de agir e de pensar que determinam a forma como os indivíduos se comportam em uma sociedade. Segundo Durkheim, os fatos sociais estão expressos em regras, valores e normas sociais e obrigam os indivíduos a agirem de acordo com os padrões culturais. Quando um indivíduo age fora desses padrões em uma sociedade, ele será considerado desajustado ou poderá, até mesmo, ser punido. Os fatos sociais são externos aos indivíduos, pois fazem parte de uma consciência coletiva e já estão estabelecidos antes de seu nascimento. As 3 características dos fatos sociais segundo Durkheim Segundo Émile Durkheim, para que um costume ou comportamento seja considerado um fato social, é preciso que possua três características: ● Generalidade: o fato social, expresso em regras e valores, deve ser aplicado a todos ou à maioria dos indivíduos em uma sociedade; ● Exterioridade: o fato social está fora da consciência individual, é independe da vontade dos indivíduos e anterior a eles; ● Coercitividade: os fatos sociais exercem força sobre os indivíduos e aqueles que não seguirem os padrões impostos pela sociedade podem ser punidos. Exemplos de fatos sociais comuns Segundo Durkheim, os fatos sociais determinam a forma como os indivíduos agem em uma sociedade: moldam a forma de agir, pensar e de compreender o mundo. Alguns exemplos de fatos sociais são: ● Relações de parentesco; ● Casamento; ● Papel de cada membro em uma família; ● Utilização de vestimentas; ● Rituais religiosos e culturais; ● Organização política. Quando um indivíduo não age de acordo com o fato social, este poderá sofrer constrangimento ou punição. Isso poderá acontecer com alguém que em nossa sociedade decida andar pelas ruas sem roupas. Como em nossa sociedade temos o costume de andar vestidos, a nudez causará estranhamento por parte das outras pessoas e, se houver lei para o tema, o indivíduo pode ser responsabilizado pelo ato. As regras impostas pelos fatos sociais não precisam estar sempre escritas, muitas vezes são compreensões tácitas, presentes no consciente da coletividade. Há, no entanto, muitos fatos sociais que estão traduzidos na forma de leis e normas que compõem os ordenamentos jurídicos dos países, com punições previstas para o seu descumprimento. Para Durkheim, os fatos sociais atuam como imposições sobre os indivíduos, que podem não sentir essa força por já estarem habituados a eles. A força dos fatos sociais, no entanto, poderá ser sentida por um indivíduo quando este tentar transgredi-los. O papel da educação nos fatos sociais A educação é, por si só, um fato social e também é a maneira pela qual os indivíduos são moldados para agir de acordo com os padrões culturais de uma sociedade. A educação parte do princípio de que os indivíduos adultos são responsáveis por ensinar e educar as crianças de acordo com os valores e costumes da sociedade. Isso significa que as crianças vão para a escola não apenas para aprender os conteúdos das disciplinas, mas para entender as normas sociais e como devem se portar em sociedade. Em outras palavras, a escola prepara o indivíduo para viver em coletividade e agir conforme os padrões culturais e éticos estabelecidos. Esses padrões servem como uma baliza para o comportamento das pessoas. Na escola, os alunos também constroem suas compreensões sobre o mundo, se entendem enquanto uma sociedade e conhecem suas origens. Fato social normal e patológico Émile Durkheim classificou os fato sociais em normal e patológico: ● Fato social normal: são os fatos sociais que estão em coesão com a sociedade e respeitam a ordem institucional e as normas dos grupos sociais. Os fatos sociais normais são comuns a maioria dos indivíduos; ● Fato social patológico: os fatos sociais patológicos são aqueles comportamentos que fogem das normas e do comportamento da maioria. São considerados doenças e trazem consequências negativas, alguns exemplos são crimes e atitudes violentas. Consciência coletiva O conceito de consciência coletiva foi criado pelo sociólogo francês Émile Durkheim e é definido como o conjunto de características e conhecimentos comuns de uma sociedade, que faz com que os indivíduos pensem e ajam de forma minimamente semelhante. Corresponde às normas e às práticas, aos códigos culturais, como a etiqueta, a moral e as representações coletivas.Para Durkheim, um funcionalista, o indivíduo, em muitas de suas práticas, é influenciado pela sociedade em que está inserido. Logo, o indivíduo e suas ações https://www.infoescola.com/biografias/emile-durkheim/ https://www.infoescola.com/biografias/emile-durkheim/ são fortemente influenciados pela consciência individual e coletiva. Mas os limites entre ambas não são muito claros, pois mesmo decisões consideradas extremamente individuais, como a de tirar a própria vida, são influenciadas pelas condições sociais. Isto se torna mais fácil de compreender quando pensamos nos aspectos individuais de compreensão do mundo, ou seja, as palavras, a língua, as categorias, as representações o conhecimento do mundo só acontece através de um mínimo de comunhão a respeito de aspectos básicos para que os indivíduos tenham algum grau de certeza que quando falam de algo o outro é capaz de compreender sobre o que fala. Por exemplo, o processo que cria novas ordens morais, formadas a partir do entusiasmo coletivo, é contrariado por processos em que esse entusiasmo diminuiu, como crises sociais profundas. Em seu livro “Suicídio” o autor aborda possíveis causas para o aumento do suicídio e as identifica, suicídio anômico, como a falta deum encaixe entre as representações individuais e coletivas. Segundo Durkheim: “O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema determinado que tem vida própria; podemos chamá-lo de consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem por substrato um órgão único; ela é, por definição, difusa em toda a extensão da sociedade, mas tem, ainda assim, características específicas que fazem dela uma realidade distinta. De fato ela é independente das condições particulares em que os indivíduos se encontram: eles passam, ela permanece. (...) Ela é, pois, bem diferente das consciências particulares, enquanto só seja realizada nos indivíduos. Ela é o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, suas condições de existência, seu modo de desenvolvimento, do mesmo modo que os tipos individuais, muito embora de outra maneira”. (DURKHEIM, 2010, p. 50) A consciência coletiva está localizada no nível da estrutura, é sociológica e psicológica, e constitui a cultura e o senso comum dos indivíduos membros de uma sociedade (LACAPRA, 2001, p.84). Ao contrário do que “consciência” pode fazer supor, enquanto dimensão consciente do psicológico, a consciência coletiva é inconsciente e consciente. É importante atentar para a tradição de pensamento em que este conceito se inscreve, referenciando-o à tradição francesa, em que Auguste Comte definiu o conceito de consenso e Jean Jacques Rousseau o de vontade geral. Outro intelectual importante na definição de Durkheim é Sigmund Freud e o conceito de superego. Outro aspecto a ser ressaltado é que o conceito foi desenvolvido para refletir sobre punição, ou melhor, sobre sistemas de justiça e https://www.infoescola.com/psicologia/consciencia/ https://www.infoescola.com/sociologia/suicidio/ https://www.infoescola.com/psicologia/inconsciente/ https://www.infoescola.com/biografias/auguste-comte/ https://www.infoescola.com/filosofia/jean-jacques-rousseau/ https://www.infoescola.com/psicanalise/sigmund-freud/ https://www.infoescola.com/psicanalise/sigmund-freud/ retribuição. Como ele trata do respeito ou não às normas é muito comum encontrar o conceito em pesquisas sobre crime e religião. Sendo assim, o conceito de consciência coletiva está fortemente relacionado com o de anomia e imagina algum grau de normalidade para as diferentes sociedades. Referências Bibliográficas: DURKHEIM, E. Da divisão do trabalho social. WMF Martins Fontes, São Paulo, 2010. LACAPRA, D. Emile Durkheim: sociologist and philosopher. The Davies Group, Publishers, Colorado, USA, 2001. Émile Durkheim é considerado o pai da sociologia Émile Durkheim nasceu na França em 1858, onde viveu até seu falecimento em 1917. O pesquisador dedicou sua vida a estudos sobre os comportamentos coletivos. Durkheim inaugurou a sociologia como uma disciplina científica ao desenvolver um método científico rigoroso para as pesquisas sociais. Em seu método científico, definiu os fatos sociais como o objeto central de estudo da sociologia. Os fatos sociais ajudavam a explicar o comportamento repetitivo dos indivíduos em uma sociedade. https://www.infoescola.com/sociologia/anomia/
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