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DISFAGIA E PIROSE

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DEGLUTIÇÃO 
FASES DA DEGLUTIÇÃO 
FASE ORAL: VOLUNTÁRIA 
I: Etapa preparatória.: Preparo do bolo 
alimentar, duração variável e 
voluntária. 
II: Etapa propulsiva. Propulsão do bolo 
alimentar para a orofaringe por meio 
da ação da musculatura glóssica. 
FASE FARÍNGEA 
Duração de até 2 segundos. 
Fechamento da nasofaringe e da 
laringe, simultaneamente à contração 
da musculatura faríngea com abertura 
do esfíncter esofágico superior. 
FASE ESOFÁGICA 
Duração de 6 a 8 segundos, sendo 
involuntária, caracterizada pela 
propagação da uma onda peristáltica 
que se inicia na faringe e que 
progride até o esfíncter esofágico 
inferior 
 
ESTRUTURAS ENVOLVIDAS 
MAXILOFACIAIS 
Dentes, maxilar, mandíbula, articulação 
temporomandibular, ligamentos e 
 
 
 
músculos da mastigação (temporal, 
masseter, pterigoideos). 
ÓRGÃOS 
Nariz, boca, laringe, faringe, esôfago. 
PARES CRANIANOS 
Facial, trigêmeo, glossofaríngeo, 
hipoglosso e vago. 
 
DISFAGIA 
Dificuldade para deglutição de 
alimentos sólidos ou líquidos da boca 
ao estômago, em que há sensação 
de que o alimento se detém na 
passagem deste trajeto 
Prevalência na população geral: 6 a 
9%. 
Aumenta progressivamente com a 
idade, chegando a afetar 60% dos 
pacientes institucionalizados, 
aumentado o risco de complicações 
como aspirações e pneumonia 
aspirativa. 
CLASSIFICAÇÃO DA DISFAGIA 
TOPOGRÁFICA 
Orofaríngea e esofágica 
 
DISFAGIA E PIROSE 
Disfagia Orofaríngea (80%) 
Ocorre, principalmente, aos líquidos, 
com dificuldade de iniciar a deglutição, 
associando-se à regurgitação oral 
e/ou nasal. 
Acompanha-se de tosse, disfonia, 
disartria, na maioria das vezes, de 
causa neuromuscular. 
I: Instalação súbita: AVE, infecções. 
II: Instalação progressiva: Parkinson, 
Alzheimer e ELA. 
Semiologia: Sensação de parada de 
progressão do bolo alimentar na 
garganta, acompanhada de tosse, 
engasgo, regurgitação oral e nasal, 
com a presença de infecção 
respiratória recorrente por aspiração 
de alimento. 
Disfagia Esofágica (20%) 
Ocorre depois de iniciada a deglutição. 
Trata-se de uma condição secundária 
a [1] patologias da mucosa (edema); [2] 
a comprometimento da luz esofágica 
por causas intrínsecas (do próprio 
órgão) ou por compressão extrínseca 
(p.ex.: tumores mediastínicos); ou [3] a 
causas neuromusculares (acalasia ou 
esclerodermia). 
Uma vez diante de uma disfagia 
esofágica sólidos, progressiva, sugere-
se uma causa intrínseca como 
estenose péptica ou neoplasia. 
Os comprometimentos motores, 
como a disfagia esofágica de etiologia 
neuromuscular, ocorre tanto a sólidos 
quanto a líquidos, de característica 
intermitente e acompanhada por dor 
torácica. 
Semiologia. Sensação de nó 
retroesternal, dor torácica 
desencadeada pelo alimento deglutido, 
regurgitação do alimento não digerido. 
OBS: A principal queixa da disfagia 
não será ela em sim, mas a perda de 
peso 
 
FISIOPATOLÓGICA 
I: Mecânica ou Obstrutiva 
II: Funcional ou Motora 
Disfagia Mecânica ou Obstrutiva 
Estenose da luz esofágica de causa 
intrínseca ou extrínseca. 
Disfagia a sólidos e líquidos, de 
começo gradual ou brusco, com 
evolução progressiva e de localização 
fixa. 
Causas: Estenose Péptica, Anel 
Esofágico, Neoplasia Esofágica, 
Esofagite Infecciosa, Esclerodermia e 
Ingestão de Cáusticos (autoextermínio 
com soda cáustica). 
OBS: As principais causas relacionadas 
à disfagia são mecânicas, cujo 
afastamento de opção é feito pela 
EDA 
Disfagia Funcional ou Motora 
Alteração ou descoordenação dos 
mecanismos de deglutição. 
Disfagia de caráter gradual, 
intermitente, agravando-se com 
líquidos gelados e melhorando à 
manobra de Valsalva. 
Causas: Megaesôfago Chagásico, 
Acalasia e Espasmo esofágico. 
 
OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO DE 
UM PACIENTE COM DISFAGIA 
I: Avaliar a integridade deglutitória 
II: Identificar as causas estruturais de 
disfagia 
III: Avaliar o risco de aspiração e 
regurgitação 
IV: Diagnosticar o padrão de disfagia; 
tratamento e prognóstico 
 
OBS: Pneumonite é secreção da 
orofaríngea. Na pneumonia, tem 
febre, que não há na pneumonite 
 
ANAMNESE 
Antecedentes pessoais de: 
I: Ingestão de cáusticos 
II: Enfermidades neuromusculares 
III: Fármacos: Tetraciclina, AAS e AINE 
IV: Dificuldade de deglutição de 
líquidos e/ou sólidos 
V: Disfagia contínua ou intermitente 
VI: Problemas progressivos para 
engolir 
VII: Dor para engolir 
VIII: Pirose crônica, vômitos ou 
regurgitação 
EXAME FÍSICO 
I: Inspeção da face (desvios de 
comissura labial ou da língua) 
II: Mobilidade labial ou da língua 
III: Sensibilidade oral e paladar 
IV: Mobilidade da mandíbula 
V: Força mastigatória 
VI: Reflexo de vômito e tosse 
PESQUISA DE PALADAR 
 
CINESIOLOGIA DA MANDÍBULA 
 
MOVIMENTAÇÃO DA LÍNGUA 
 
ACALASIA 
Perda da motricidade do esôfago 
I: Longa evolução de meses a anos 
II: Não há perda ponderal significativa 
III: Disfagia tanto a sólidos quanto a 
líquidos 
IV: Halitose ou sensação de comida 
voltar com facilidade é característico 
 
NEOPLASIAS 
I: Evolução < 4 meses 
II: Progressiva com a enfermidade 
III: Perda ponderal significativa (5kg em 
um mês) 
IV: Predomina a disfagia a sólidos. 
DISFAGIA DO IDOSO 
I: Disfunção da transmissão 
neuromuscular e da motricidade 
orofaríngea 
II: Deterioração progressiva da função 
motora do esôfago, comprometendo 
a abertura do esfíncter esofageano 
superior 
III: Descoordenação entre deglutição e 
respiração 
IV: Uso de próteses dentárias e a 
condição da arcada dentária que 
comprometem a qualidade do bolo 
alimentar 
V: Consumo regular de fármacos 
antidepressivos, neurolépticos e 
sedativos que comprometem o 
reflexo deglutitório. 
RESUMO 
 
 
OBS: IAM é o principal diagnóstico 
diferencial para espasmo esofágico 
difuso 
PROPEDÊUTICA DA DISFAGIA 
I: RX de tórax: alargamento de 
mediastino (tumores, linfomas, 
abcessos, bócio mergulhante, 
divertículos) 
II: Esofagograma contrastado: 
anormalidades da luz esofageana por 
patologias intrínsecas ou compressão 
extrínseca, comprometimento da 
progressão do contraste 
III: Endoscopia com biópsia de mucosa 
e lesões suspeitas de malignidade 
IV: Manometria do esfíncter esofágico 
inferior e análise das contrações 
esofágicas (disfunção neuromuscular) 
V: PH metria: medida da quantidade 
de ácido que reflui para o esôfago em 
24 horas 
VI: Videofluoroscopia: técnica 
radiológica dinâmica padrão ouro para 
a disfagia orofaríngea. 
CONDUTA NA DISFAGIA 
OROFARÍNGEA 
Objetivo: Manter a qualidade de vida, 
evitar perda ponderal e complicações 
respiratórias. 
I: Reeducação alimentar: volume, 
qualidade dos alimentos e consistência 
do bolo alimentar 
II: Tratamento reabilitador 
III: Procedimentos cirúrgicos que 
evitam o refluxo faríngeo-nasal e que 
regulam a função do esfíncter 
esofageano superior 
IV: Controle da secreção de íons 
hidrogênio nos casos em que há 
refluxo gastroesofágico: inibidores da 
bomba de prótons associados a 
procinéticos 
V: Regulação do fluxo salivar: 
sialogogos (saliva artificial e pilocarpina) 
e anticolinérgicos (escopolamina e 
toxina botulínica). 
CONDUTA NA DISFAGIA 
ESOFAGEANA 
Objetivo: Manter a qualidade de vida, 
evitar perda ponderal e complicações 
respiratórias. 
I: Controle do refluxo gastroesofágico: 
inibidores da bomba de prótons 
associados a procinéticos 
II: Transtornos motores primários: 
nitratos e antagonistas dos canais de 
cálcio 
III: Tratamento endoscópico: estenose, 
dilatação endoscópica progressiva; 
acalasia, anéis esogageanos e 
tratamento paliativo das neoplasias 
esofageanas distais, dilatação 
endoscópica e injeção de toxina 
botulínica no esfíncter esofageano 
inferior 
IV: Procedimentos cirúrgicos: miotomia 
do esfíncter esofageano inferior, 
valvuloplastias no refluxo 
gastroesofageano e ressecções nas 
neoplasias. 
DISFAGIA X REFLUXO 
GASTROESOFÁGICO 
50% dos pacientesque sofrem com 
refluxo gastroesofágico evoluem com 
disfagia, secundária, em sua grande 
maioria, à estenose péptica 
O sintoma clássico é a pirose, 
podendo ser acompanhada de 
náuseas, vômitos, eructação, sialorreia, 
hemorragias digestivas e disfagia 
PIROSE E REFLUXO 
GASTROESOFÁGICO 
Pirose, ou azia, é a sensação de ardor 
(queimação), mal definida, localizada no 
andar superior do abdome, 
principalmente no segmento 
epigástrico, irradiando-se para a região 
esternal, no tórax, até o pescoço. 
Muitas vezes, a pirose acompanha-se 
de plenitude pós-prandial e 
regurgitação (retorno de conteúdo 
gástrico para a cavidade oral). 
A doença do refluxo gastroesofágico 
acomete até 20% da população 
brasileira, e desenvolve-se a partir do 
retorno do conteúdo do estômago ao 
esôfago, provocando alterações 
fisiopatológicas, sintomatologia e 
complicações. 
ETIOLOGIA 
Incompetência dos mecanismos 
antirrefluxo gastroesofágico: 
principalmente o [1] comprometimento 
do tônus do esfíncter esofageano 
inferior e/ou do cárdia, permitindo 
relaxamentos esfincterianos 
transitórios, independentemente da 
deglutição; outra causa facilitadora do 
refluxo é a presença de hérnia de 
hiato, secundária a [2] hipotonia ou 
mal formação do hiato esofágico; [3] 
denervação vagal cirúrgica ou 
neuropatia autonômica; [4] esôfago 
curto congênito ou adquirido 
(esclerodermia); [5] estenose pilórica; 
[6] aumento da pressão intra- 
abdominal (tumores, ascite, gestação, 
constipação intestinal); e [7] secreção 
ectópica de gastrina (gastrinoma). 
Alguns tipos de medicamentos 
também podem causar refluxo, uma 
vez que eles modificam a estrutura 
das paredes do estômago, destacam-
se os anti-inflamatórios não esteroidais 
(ibuprofeno, diclofenado de sódio, 
nimesulina), o ácido acetilsalicílico 
(AAS) e os corticoides. 
A alimentação inadequada pode ser 
causa de pirose por ingestão de 
grande quantidade de alimentos ou de 
comida excessivamente temperada, 
gordurosa, cafeinada ou de álcool. 
 
SINTOMAS TÍPICOS 
I: Pirose 
II: Regurgitação 
MANIFESTAÇÕES ATÍPICAS 
I: Dor torácica não cardíaca 
Globus faríngeo, sensação de “bolo” 
na garganta ou retroesternal 
II: Tosse crônica 
III: Agravamento da asma 
IV: Apneia do sono 
V: Fibrose pulmonar idiopática. 
OBS: Pcte jovem com tosse crônica 
deve ser investigado para DRGE 
DIAGNÓSTICO 
Realização de anamnese detalhada, 
capaz de identificar os sintomas 
típicos e atípicos, caracterizando-os 
quanto a intensidade, duração e 
frequência, registrando os fatores 
desencadeantes e de alívio. 
A pHmetria e a impedanciopHmetria 
esofágicas são métodos específicos 
para o diagnóstico do refluxo, 
indicados para documentar e 
mensurar a exposição ácida na 
mucosa esofageana. 
Porém, para avaliar a presença de 
lesões causadas pelo refluxo 
gastroesofágico e complicações 
(estenose, neoplasia de terço distal 
do esôfago), a endoscopia digestiva 
alta é o método de escolha. 
TRATAMENTO 
Medidas comportamentais e 
farmacológicas, implementadas 
simultaneamente. 
As modificações comportamentais no 
tratamento do refluxo gastroesofágico 
são: 
I: Perder peso ou impedir ganho 
adicional 
II: Moderação na ingestão dos 
seguintes alimentos: ricos em 
gorduras, condimentos, cítricos, 
cafeinados (café, chá e chocolate), 
bebidas alcoólicas e que possuem 
gás 
III: Evitar refeições volumosas 
IV: Evitar deitar por duas horas após 
as refeições 
V: Cessação do tabagismo 
VI: Evitar roupas apertadas 
VII: Evitar medicamentos que causam 
boca seca (p.ex.: antidepressivos) 
VIII: Não comer antes de atividades 
físicas (apenas uma hora antes de se 
exercitar) 
IX: Manter a cabeceira da cama 15cm 
elevada. 
MEDICAMENTOS EMPREGADOS 
I: Inibidores da bomba de prótons 
(omeprazol, esomeprazol) 
II: Antiácidos e sucralfato 
III: Alginato + bicarbonato de sódio 
IV: Bloqueadores dos receptores H2 
da histamina (cimetidina, ranitidina) 
V: Procinéticos (metoclopramida, 
domepridona). 
ABORDAGEM CIRÚRGICA 
Fundoplicatura 
Envolvimento do fundo gástrico em 
torno da maior parte do esfíncter 
esofágico inferior, formando uma 
válvula capaz de funcionar como uma 
barreira que impeça o refluxo 
gastroesofágico, normalmente 
associa-se a fundoplicatura com 
hiatoplastia. 
Indicação: Pacientes jovens, não 
obesos, muito sintomáticos, apesar da 
medicação, que apresentam 
alterações na endoscopia digestiva 
alta, pHmetria ou impedânciopHmetria 
esofágica.

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