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UNIDADE 3 DIREITO DO CONSUMIDOR

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UNIDADE 3.
A publicidade, os bancos de dados e cadastros e a proteção contratual
Primeiramente, deve-se ressaltar que o Código de Defesa do Consumidor apresenta forte influência do direito francês no capítulo destinado à oferta e à publicidade (GRINOVER et al., 2019). Assim, vivemos em uma sociedade de consumo e somos constantemente expostos a uma ampla gama de publicidade. Para cumprir o mandamento constitucional de proteção ao consumidor, foram concebidas regras tanto para a oferta de produtos e serviços quanto para sua publicidade. 
Precisamos ainda ter em mente que as práticas comerciais acompanham as transformações pelas quais a sociedade passa, podendo se modificar ao longo do tempo ou mesmo deixar de existir. Ainda assim, há elementos que são chaves para o fomento do consumo, em especial o marketing. As práticas comerciais e o marketing não se confundem, mas são complementares entre si (GRINOVER et al., 2019). No entanto, o que nos interessa de modo particular é a publicidade e a promoção de vendas, sendo esta última regulada no Código de Defesa do Consumidor através de ofertas e práticas abusivas.
A publicidade apresenta consequências jurídicas em três situações. A primeira delas como veículo de uma oferta de consumo e, nesse caso, produz o efeito da vinculação do fornecedor, como verdadeiro negócio jurídico unilateral que é. A segunda, quando viola o Código de Defesa do Consumidor, nos casos em que podemos caracterizar a publicidade enganosa ou abusiva. Por fim, quando mesmo ao não apresentar todos os requisitos necessários para configurar a oferta, divulga informações que geram no consumidor alguma expectativa legítima, o que, em virtude do princípio da boa-fé que permeia todo o diploma consumerista, pode acarretar na eficácia vinculativa daquilo que foi promovido pelo fornecedor (MIRAGEM, 2016).
O Código protege mais de um tipo de consumidor, a começar por aqueles descritos no caput do artigo 2° da Lei 8.078/90, bem como os consumidores por equiparação contidos no parágrafo único do artigo 2°, no artigo 17 e no artigo 29, todos da Lei 8.078/90. Esse último é de nosso interesse, posto que disciplina um conceito de consumidor especificamente relacionado às práticas comerciais. Assim, o Código prevê que consumidor é aquele que adquire os produtos ou serviços, e também são consideradas consumidoras as pessoas expostas às práticas comerciais e contratuais previstas. Afirma-se, portanto, que a simples exposição à prática é suficiente para a caracterização do consumidor.
Em um estudo sistemático do Código, observamos que a transparência é essencial aos contratos de consumo em seus múltiplos significados. Assim, ela se consubstancia na informação clara e precisa sobre o produto e serviço oferecidos e na lealdade entre as partes contratantes, ainda que na fase negocial, ou seja, na fase pré-contratual. Como consequência lógica, a regulação da oferta de produtos e serviços tem o claro intuito de assegurar seriedade e veracidade às manifestações dos fornecedores, o que denota uma nova noção de oferta contratual (MARQUES; BENJAMIN; MIRAGEM, 2010).
O dever de informar não se apresenta apenas quanto ao produto ou serviço, mas também quanto ao conteúdo do contrato, a fim de evitar possíveis lesões a direitos do consumidor. Portanto, esse dever também se encontra presente na fase pré-contratual, e essa informação integra o contrato conforme depreendido da leitura dos artigos 30 e seguintes da Lei 8.079/90. A oferta é parte integrante desse dever descrito e, nesse sentido, deve ser clara e correta acerca do produto, do serviço e do contrato a ser realizado, sob pena de o fornecedor responder por quaisquer eventuais falhas na informação, conforme preceitua o artigo 20 da Lei 8.079/90.
A oferta pode ser conceituada como a declaração inicial de vontade direcionada à realização de um contrato. No entanto, há distinções entre a visão da oferta disciplinada no Código Civil e a oferta em consonância ao Código de Defesa do Consumidor. No regime do Código Civil, tanto o vigente como o de 1916, a oferta é tratada como proposta, embora as destinadas ao público em geral tenham a mesma designação da lei protetiva ao consumidor. Mas é na oferta disciplinada pelo diploma consumerista que encontramos a ampliação de seu conceito.
O Código de Defesa do Consumidor disciplina a oferta como um negócio jurídico unilateral. Todavia, a ampliação do conceito é notada quando observamos que as informações dadas integram o contrato, de modo que qualquer informação ou publicidade veiculada em que o consumidor seja capaz de identificar o objeto e o preço torna-se oferta vinculante, e a qual aguarda somente a aceitação deste último. A vinculação da oferta requer que a informação seja suficientemente clara e precisa, bem como possua dado conhecimento público e seja veiculada por qualquer meio ou forma de comunicação.
É preciso lembrar que vivemos em uma sociedade de consumo, na qual não apenas a produção é em massa como a oferta também o é, o que é alcançado através de veículos de comunicação em massa. O legislador, ao proteger a parte mais vulnerável, entendeu ser necessário o princípio da vinculação da oferta, de modo que o consumidor pode exigir o cumprimento daquilo que lhe foi oferecido. Não há, por certo, impedimentos a relações marcadas pela gratuidade. Estas, ao se enquadrarem no regime da oferta, devem, portanto, observar princípios como o da boa-fé, transparência e lealdade.
CURIOSIDADE
A gratuidade de serviços deve ser vista com atenção. Como exemplos, podemos citar os programas de milhagem das companhias aéreas. Em verdade, esses programas não passam de uma estratégia de captação, o que acaba por influenciar as escolhas do consumidor. Nesse sentido, os tribunais brasileiros têm entendido que as empresas de transporte aéreo e o responsável pelo programa de pontuação são solidariamente responsáveis pelas falhas ocorridas na prestação do serviço, conforme preceitua o artigo 7°, 14 e 25 do Código de Defesa do Consumidor. 
A oferta é ainda irrevogável de forma unilateral; portanto, uma vez criada, o efeito vinculatório estará presente. Assim, aquele que promete e não cumpre, que oferece algo ao público para depois voltar atrás, será compelido a cumprir os termos da oferta. Mas a irrevogabilidade não é absoluta, ainda que seja obrigatória. Assim, admite-se a revogação desde que realizada pelos mesmos meios da oferta originária. 
Não poderíamos deixar de mencionar que a publicidade é o meio pelo qual o fornecedor apresenta seu produto ou serviço ao consumidor e, de acordo com a legislação, a publicidade se iguala de forma suficientemente precisa à oferta. Assim, criam-se expectativas que, quando frustradas, devem ser cumpridas. 
A publicidade clandestina, muitas vezes, é referida como um merchandising realizado de maneira imprópria, e caracteriza-se por sua aparição em meio a situações normais de consumo nas quais se faz uso ou referência a determinado produto ou serviço. No entanto, não é todo merchandising que se caracteriza pela publicidade clandestina, posto que basta a possibilidade de identificação da mensagem publicitária de modo distinto do conteúdo regular da programação, novela ou filme, por exemplo. Já a publicidade subliminar é aquela em que a persuasão do consumidor, com relação à qualidade do produto ou serviço, é seu objetivo.
O legislador do Código buscou em toda a sua extensão a proteção ao consumidor; assim, a mensagem publicitária não deve ser subliminar. O consumidor precisa ter a consciência de que ele é o destinatário da mensagem publicitária que tem como intuito lhe oferecer algum produto ou serviço, conforme se depreende da leitura do artigo 36 da Lei 8.078/90. No entanto, é preciso ter cuidado para que o merchandising não seja proibido, visto que não é isto que pretende o legislador. Assim, de acordo com o Código, a informação deve ser adequada, por exemplo, ao início do espetáculo ou mesmo aos créditos de novelas, filmes ou séries.
A PUBLICIDADE ENGANOSA
Esta é uma modalidade de publicidade ilícita,tendo em vista que viola os deveres jurídicos previstos no Código de Defesa do Consumidor. A publicidade enganosa é aquela que viola o dever de veracidade e clareza, conforme prevê o parágrafo 1° do artigo 37, da Lei 8.078/90. Trata-se de qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário que seja inteira ou parcialmente falsa, ainda que por omissão. Ou, ainda, considera-se publicidade enganosa aquela em que o fornecedor negligencia algum dado essencial com o poder de fazer o consumidor não realizar o negócio sobre o produto ou serviço ou que o conduza ao erro em relação a qualquer dado do produto ou serviço. 
O núcleo da definição de propaganda enganosa é a indução do consumidor ao erro. A propaganda ilícita é considerada um ilícito civil mas há, no caso, presunção de culpa por parte do fornecedor. A exoneração da responsabilidade apenas decorrerá da prova da existência de caso fortuito, mas tal entendimento não é uníssono na doutrina. Ainda, alguns ponderam que a publicidade enganosa não dispensa a prova de dolo por parte do fornecedor.
Um possível problema é determinar aquilo que deve ser considerado como verdadeiro ou falso na mensagem publicitária, posto que é possível uma má interpretação por parte do público consumidor. Assim, é preciso ter em mente que um dado essencial é aquele que influi ou pode influir na escolha do consumidor; aquele dado que, se estivesse na mensagem publicitária, poderia levar o consumidor a um comportamento diferente. Portanto, o que importa para caracterizar uma publicidade como enganosa é a percepção do consumidor leigo e, também, vulnerável. Desta maneira, a previsão da indução do consumidor ao erro visa proteger sua confiança frente à promoção da atividade publicitária do fornecedor (MIRAGEM, 2016).
Conforme dita o artigo 38 da Lei 8.078/90, o ônus da prova da veracidade e correção da informação veiculada cabe a quem a patrocina. Se observado em conjunto ao artigo 60 do mesmo diploma legal, que impõe a sanção da contrapropaganda sempre às expensas do infrator e, ainda, ao artigo 67, relativo às sanções penais, isto nos leva a indagar a extensão da responsabilidade pela propaganda enganosa. A questão gira em torno da responsabilidade não apenas do fornecedor, mas também dos demais sujeitos que participaram da criação, produção e divulgação da mensagem publicitária. 
Mas parte da doutrina, em especial Bruno Miragem, entende que o tratamento dispensado às agências de publicidade e aos veículos de comunicação deve ser diverso. Os argumentos giram em torno da inadequação da cadeia de fornecimento a esses entes, posto que a introdução de um produto ou serviço no mercado não depende de publicidade nem de sua promoção nos veículos de comunicação (MIRAGEM, 2016) e, portanto, tais entes não se qualificam como fornecedores e estariam excluídos da responsabilidade objetiva, que é a regra no Código de Defesa do Consumidor. 
Essa exclusão não significa a ausência de responsabilidade, mas apenas que sua responsabilidade figura entre os regimes comuns, consoante o que dispõe o artigo 186, na modalidade subjetiva, ou no artigo 187, na modalidade objetiva por abuso de direito, ambos do Código Civil em vigor.
A PUBLICIDADE ABUSIVA
A publicidade abusiva, modalidade de publicidade ilícita, é aquela que se apresenta como discriminatória, que incita a violência, explora o medo ou a superstição, se aproveita da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou ainda, que seja capaz de induzir o consumidor de forma perigosa ou prejudicial à sua saúde ou segurança, conforme preceitua o artigo 37, parágrafo 2° da Lei 8.078/90. Notamos que tanto a publicidade contrária à boa-fé e aos bons costumes e que incita comportamentos prejudiciais quanto aquela que viola os artigos 3°, IV e 5°, caput da Constituição Federal se enquadram nesse conceito.
A publicidade abusiva é conceito indeterminado e, portanto, será determinado apenas na análise do caso concreto, e quando os juízes ou demais autoridades que atuam na defesa do consumidor identificarem a abusividade das mensagens publicitárias. 
É importante frisar que a publicidade abusiva atinge toda a comunidade, e não apenas os consumidores que tenham sido diretamente ofendidos. Há nela um caráter difuso, que decorre mesmo dessa espécie, e acaba por induzir ao recurso das tutelas coletivas. Assim, os artigos 56, XII, e 60 da Lei 8.078/90 se revelam importantes.
PRINCÍPIOS DA PUBLICIDADE
Assim, em consonância ao princípio da boa-fé e seus deveres anexos de lealdade e transparência, do qual decorre o princípio da identificação, é que há a necessidade de ser possível a distinção, em determinado veículo de comunicação, da publicidade das demais informações. Tal necessidade é corroborada pelo artigo 28 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.
Sabemos que as técnicas de marketing se desenvolveram e que cada vez mais inovam nas maneiras de divulgação da mensagem publicitária, o que pode acarretar em violações ao princípio da identificação. Essa é a razão para reforçarmos que a facilidade e reconhecimento imediato da mensagem publicitária não devem exigir um alto nível de conhecimento ou intelectual do consumidor. Esse é o sentido da lei. Isso posto, as técnicas que violam o princípio da identificação são as publicidades dissimulada, clandestina e subliminar.
Já o princípio da veracidade atesta que a mensagem publicitária contenha somente informações corretas e verdadeiras sobre o produto ou serviço, e está diretamente ligado ao direito à informação do consumidor. Não se deve confundir a veracidade com a neutralidade ou a isenção da publicidade, posto que esta tem um objetivo econômico bem definido. Ademais, ainda que se admita um certo caráter tendencioso da publicidade, o limite é o dever de informação (MIRAGEM, 2016); portanto, não podem haver omissões quanto às informações essenciais.
Urge ainda ressaltar que alguns consumidores gozam de situação especial, como é o caso de idosos e crianças. Não é incomum que mensagens publicitárias destinadas a crianças contenham motivos fantasiosos, como carros que voam e super-heróis. O que o Código busca não é limitar a criatividade da mensagem, mas sim a utilização de artifícios que se baseiam na falta de discernimento das crianças. A violação a esse princípio se caracteriza como publicidade enganosa, que está disciplinada no artigo 37, parágrafo 1° da Lei 8.078/90. O reconhecimento da publicidade enganosa independe de culpa e, portanto, basta a demonstração da violação do dever imposto.
Por fim, o princípio da vinculação determina a obrigatoriedade de cumprimento, pelo fornecedor, da oferta publicitária veiculada. As consequências dessa vinculação estão descritas no artigo 35 da Lei 8.078/90 e significam a livre escolha do consumidor, seja ao exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade ao aceitar outro produto ou serviço equivalente; ao rescindir o contrato com a restituição das quantias pagas antecipadamente; ou, ainda, as perdas e danos decorrentes.
A PROVA DA VERDADE E CORREÇÃO DO DESVIO PUBLICITÁRIO
A alegação de que a publicidade é enganosa ou abusiva tem como efeito a imposição ao anunciante de provar o inverso, ou seja, de provar que a publicidade não se enquadra em nenhuma dessas situações previstas pela norma consumerista. O artigo 38 da Lei 8.078/90 estabelece que o ônus da prova da veracidade e correção da informação publicitária cabe a quem as patrocina.
Todavia, há alguma divergência quando se trata da responsabilidade do veículo de comunicação e o ônus da prova. Nesse caso, é preciso uma leitura em conjunto ao artigo 36 da Lei 8.078/90, de modo que o ônus de provar a veracidade e a correção, ou seja, a ausência da abusividade, é do fornecedor anunciante, daquele que detém em seu poder os dados fáticos, técnicos e científicos que sustentam a informação publicitária. 
Já o princípio da correção do desvio publicitário impõe a contrapropaganda nos casos em que essa é consideradaabusiva ou enganosa, e deve ser divulgada nos mesmos moldes que a anterior, ou seja, deve ser divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência, dimensão, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, conforme estipula o artigo 60 da Lei 8.078/90.
Muito bem, a resposta está correta!
O princípio da vinculação da oferta cria um direito potestativo para o consumidor, que passa a ter o direito de exigir o cumprimento da oferta, nos moldes veiculados, ainda que antes mesmo da assinatura do contrato. Já a oferta integra o contrato e deve ser cumprida.
É importante ressaltar ainda que o Código de Defesa do Consumidor estabelece os critérios e limites para esses bancos de dados e cadastros, sempre em consonância com a prática internacional e com a Constituição Federal naquilo que diz respeito à proteção à intimidade e privacidade.
A expressão de arquivos de consumo é gênero do qual são exemplos os bancos de dados e cadastros. Esses arquivos têm em comum o armazenamento de informações sobre terceiros para uso em operações de consumo. Assim, o legislador preferiu os disciplinar de maneira genérica no artigo 43 da Lei 8.078/90, mas previu o acesso do consumidor às informações pessoais sobre si próprio nesses arquivos. Ele estabeleceu ainda o dever de veracidade das informações armazenadas, permitindo a correção de eventuais inexatidões, e condicionou a inscrição nos arquivos à comunicação por escrito ao consumidor.
Os bancos de dados e cadastros, assim como as entidades de proteção ao crédito, são equiparadas a entidades de caráter público, conforme prevê o artigo 43, em seu parágrafo 4° da Lei 8.078/90. Assim, é possível ao consumidor a utilização do remédio constitucional do habeas data para garantir o acesso aos seus dados pessoais.
O respeito aos direitos fundamentais dos consumidores, em especial o direito à privacidade e honra, é o cerne quando se trata de arquivos de consumo. Desta maneira, a inscrição indevida em bancos de dados tem potencial ofensivo à honra do consumidor. Infelizmente, ainda é comum o registro de consumidores mesmo que estes tenham cumprido suas obrigações como inadimplentes. 
É importante ter em mente que as informações coletadas não são de mesma categoria. Nesse espectro de coleta, os bancos de cadastro e dados têm acesso a informações de caráter público, pessoais de interesse público e os chamados dados sensíveis. Nesse sentido, as informações públicas são aquelas de interesse de toda a sociedade e, portanto, cobertas pelo direito à informação. As informações pessoais de interesse público são relativas ao consumidor e servem para sua identificação, tais como nome e domicílio. Já as informações sensíveis indicam situações da esfera íntima do consumidor, como sua situação econômica e orientação sexual, por exemplo.
Os bancos de dados existem em duas espécies. Há os bancos de dados que arquivam e mantêm informações do comportamento de consumo, também conhecidos como bancos de cadastros restritivos. Essas informações, em geral, condicionam o acesso dos consumidores ao crédito ou mesmo o impedem. Mas há também os bancos de dados de informações positivas. Esses bancos atestam, por exemplo, que o consumidor é um bom pagador. O acesso a essas informações reduz os riscos de inadimplemento, embora estes não possam ser utilizados como condição à contratação, sob pena de violação do diploma consumerista por enquadramento nas práticas abusivas.
O Brasil possui alguns bancos de cadastros principais, tais como o Serviço de Proteção ao Crédito, mantido pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), o SERASA e o Cadastro de Cheques sem Fundo, mantido pelo Banco Central do Brasil (BCB).
Especialmente na sociedade da informação, as questões referentes à privacidade dos consumidores não são simples. Sabemos da necessidade de autorização dos consumidores para o uso de seus dados gerais, mas importa relembrarmos que hoje é usual que essas autorizações sejam realizadas por opção de preenchimento automático. É necessário informar adequadamente os consumidores, esclarecendo a extensão dessa utilização de dados para que a autorização seja consciente. 
CURIOSIDADE
No Brasil, entrou em vigor no dia 18 de setembro de 2020 a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A promulgação da lei foi muito comemorada, embora muitas postergações à sua entrada em vigor tenham ocorrido. Inspirada no Regulamento Geral de Proteção da Dados na União Europeia (GDPR), o Brasil se junta ao rol de países que contam com a proteção aos dados pessoais em seu ordenamento. Ainda repleta de dúvidas, sua aplicação será um desafio em um país com excesso de judicialização. 
Qualquer inclusão do consumidor em cadastros, ainda que não dependa de seu consentimento prévio e quando não for por ele solicitada, deve ser comunicada por escrito ao consumidor, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor na forma do parágrafo 2° do artigo 43 da Lei 8.078/90.
A cobrança judicial, o protesto cambial ou mesmo a utilização de mecanismos alternativos de solução de conflitos não são vedados pelo Código de Defesa do Consumidor, e o artigo 42 disciplina limites e barreiras a fim de evitar o abuso. Isso posto, o abuso pode ser conceituado como um excesso, a apresentação desmedida de uma pretensão, ou seja, quando o titular excede os limites impostos pelo fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes, de acordo com o artigo 187 do Código Civil (GIANCOLI; ARAUJO JUNIOR, 2012).
Ao consumidor, mesmo na cobrança de suas dívidas, é assegurado o respeito à sua dignidade, à inviolabilidade da vida privada e à preservação da honra e imagem. A abusividade na cobrança pode ocorrer em decorrência de uma ação do próprio fornecedor ou de terceiro, seja pessoa física ou jurídica, que realize a atividade de cobrança para o fornecedor. É importante ressaltar que, também quanto à cobrança de dívidas, aqueles que estão expostos às suas práticas, ainda que não sejam consumidores diretos, são considerados consumidores equiparados, conforme disciplina o artigo 29 da Lei 8.078/90.
Em virtude de sua técnica legislativa, o Código de Defesa do Consumidor não especifica todas as práticas abusivas possíveis na cobrança de dívidas, nem tampouco suas formas e instrumentos, o que lhe confere uma plasticidade de interpretação. No entanto, é possível em uma leitura conjunta ao artigo 71 do Código de Defesa do Consumidor delinear algumas de suas práticas. Dessarte, o abuso poderá se configurar em razão de um ato ou fato com conteúdos incorretos ou enganosos capaz de expor ao ridículo o consumidor ou sujeitá-lo a constrangimento, ameaça ou coação que interfiram em seu trabalho, descanso ou lazer.
A cobrança de dívidas que extrapola os limites previstos em lei tem como consequência a possibilidade de indenização, ao consumidor, pelos danos decorrentes da ilicitude. Para além da sanção civil, o Código de Defesa do Consumidor prevê também a sanção administrativa e penal, mas não apenas: outra consequência dessa ilicitude é a repetição do indébito, ou seja, se cobrado indevidamente o consumidor tem o direito de requerer a devolução da parcela de seu patrimônio, acrescido de juros e correção monetária. Mas a repetição do indébito apenas ocorre caso o consumidor tenha realizado o pagamento para a repetição em dobro, disciplinada no parágrafo único do artigo 42 da Lei 8.078/90. Assim, a sanção é aplicada nos casos em que a cobrança indevida foi realizada acrescida de pagamento em excesso.
Em 2009, a Lei 12.039 acrescentou o artigo 42-A ao Código de Defesa do Consumidor. Tal dispositivo exige a identificação do fornecedor nos documentos de cobrança. Este artigo, sem dúvidas, age em benefício da ampla informação ao consumidor.
Muitos consumidores conhecem apenas um dos órgãos de proteção ao crédito – o SPC. No entanto, existem diversos outros órgãos de proteção ao crédito que prestam serviços aos credores. O SPC, ou Serviço de Proteção ao Crédito, é um banco de dados privado de informação de crédito alimentado, bem como gerido, pelas associaçõescomerciais e câmaras de dirigentes lojistas filiadas à Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas. As informações entre esses bancos de dados são realizadas pela Rede Nacional de Informações Comerciais, a RENIC. Por serem muito completos os dados existentes no SPC, a maior parte dos credores ou empresas o consultam.
Já a Serasa Experian analisa as informações e dá apoio a negócios. Constituída como empresa privada, possui um dos maiores bancos de dados do mundo e, assim como o SPC, é reconhecida como entidade de caráter público, conforme dispõe o parágrafo 4°, do artigo 43 da Lei 8.078/90. Em seus bancos de dados estão armazenadas informações sobre empresas e consumidores, dívidas vencidas e não pagas, protestos de títulos, ações judiciais e cheques sem provisão de fundos. Essas informações são fornecidas a bancos, comércios e pequenas, médias e grandes empresas.
Por sua vez, o Cadastro de Emitentes de Cheque sem Fundo do Banco Central, ou CCF, mantém os cadastros dos consumidores que emitem cheques sem provisão de fundos. Por fim, o SCPC, ou Serviço Central de Proteção ao Crédito, da Associação Comercial de São Paulo, fornece informações a todo o país, não apenas ao Estado de São Paulo, e é muito utilizado para análise e concessão de crédito aos consumidores.
Muito bem, a resposta está correta!
O Código de Defesa do Consumidor assegura desde 2009, com a inclusão do artigo 42-A pela Lei 12.039, que em todos os documentos de cobrança devem constar o nome, o endereço e os números de inscrição no CPF ou CNPJ dos fornecedores de produtos e serviços.
A sociedade do consumo em massa trouxe impactos, mesmo na disciplina dos contratos. Assim, essas relações passaram a se dar também em massa, com modelos contratuais impessoais e padronizados. Essa nova modalidade contratual, hoje, é regra nas relações de consumo e altera de modo substancial o clássico princípio da autonomia da vontade.
 Com a necessidade de proteção aos mais vulneráveis, nessas relações uma nova concepção contratual surge com o intuito de trazer maior equilíbrio. É a partir disto que notamos uma maior intervenção estatal nas relações privadas, o que sugere ao menos um maior dirigismo contratual.
Passamos a vislumbrar a realização da equidade contratual, a função social do contrato,  e este deixa de ser visto apenas como um instrumento de autorregulamentação da vontade. 
Dentre as técnicas de contratação em massa, a que hoje se destaca é o contrato realizado a distância no comércio eletrônico. Embora o Marco Civil da Internet regule esse espaço, ele não o faz com relação aos contratos de consumo, o que ficou a cargo do Código de Defesa do Consumidor. Dentre os fundamentos da Lei 12.965/14, a defesa do consumidor está presente, assim como aquilo que concerne à transparência e à informação. Não há, dentre os princípios que regulam a internet no Brasil, nenhuma específica proteção ao consumidor; mas o Marco Civil da Internet assegura o diálogo das fontes com o Código de Defesa do Consumidor. 
Nessa modalidade de contratação, que ocorre a distância, dois novos fenômenos são acrescidos aos contratos de massa: o espaço, porque torna ainda mais vulnerável o consumidor ante uma maior despersonalização do contrato, e a própria virtualização, uma vez que o contrato em si se torna virtual.
A contratação no comércio eletrônico também se vale dos contratos de adesão. Mas esta se constitui, no geral, em obrigações de dar, configurando-se como contratos de prestação imediata, diferente daqueles cativos de longa duração. O que há de novo é o meio utilizado, o meio eletrônico.
EXPLICANDO
A teoria dos contratos cativos de longa duração tem como objetivo a proteção do consumidor nas situações em que este fica vinculado ao fornecedor em um contrato de longa duração. O consumidor se torna cativo ao celebrar um contrato de trato sucessivo, no qual se nota uma dependência deste ao objeto do contrato, de maneira que o rompimento da relação contratual traga prejuízos ao consumidor. Esses contratos não podem ser alterados unilateralmente e nem de maneira abrupta, de modo que é necessário conceder muitas vezes um prazo para o consumidor se adequar a novos custos, por exemplo.
A apresentação desses contratos se dá de maneira escrita, sendo este em geral estandardizado e impresso, e ao consumidor resta apenas o preenchimento de lacunas com algumas informações pessoais, como nome completo, endereço e cadastro de pessoa física, bem como dados sobre o produto ou serviço adquirido, como preço e condições de pagamento.
Diante dessas características e da forma de apresentação, diz-se que ao consumidor não resta outra opção que não seja a de aceitar o contrato em bloco. Notamos, portanto, a ausência de negociação nesses contratos, em que o consentimento do consumidor é expresso apenas pela aceitação daquilo que já está posto.
Há uma verdadeira assimetria de forças nos contratos de adesão. Se não conseguimos imaginar uma sociedade de consumo em que os contratos sejam negociados previamente um a um entre as partes da relação de consumo, nasce a necessidade de maior proteção daquele especialmente vulnerável.
CURIOSIDADE
Mesmo as concessionárias de serviços públicos utilizam os contratos em massa, e o próprio poder público acaba por predispor as cláusulas que serão oferecidas pelos concessionários aos consumidores. A lei, ou mesmo um regulamento administrativo, também pode determinar o conteúdo de alguns contratos naquilo que chamamos de contratos dirigidos ou contratos ditados.
A formação dos contratos de adesão se dá somente com o consentimento do consumidor. Como são escritos, o consentimento do consumidor deve ocorrer do mesmo modo, mas é importante frisarmos que o contrato de adesão não é uma nova modalidade contratual, apenas um método de contratação recorrente na sociedade atual. 
O princípio que irá reger a formação do contrato nas relações de consumo é aquele descrito no artigo 4° caput da Lei 8.078/90, o princípio da transparência. É por meio desse princípio que podemos esperar uma relação menos danosa ao consumidor. A transparência pode ser definida como clareza e informação sobre importantes situações no contrato entre as partes, as quais não recaem apenas sobre as qualidades e características dos produtos e serviços oferecidos, mas também sobre o conteúdo das cláusulas contratuais.
O consumidor tem o direito à informação, previsto pelo Código de Defesa do Consumidor, de modo que podemos notar uma inversão no tocante à vantagem. Se de fato o fornecedor tem a posição econômica mais forte em relação ao consumidor, este, por sua vez, tem o direito de exigir a informação adequada e clara sobre os produtos e serviços e sobre as obrigações que poderá assumir.
É preciso destacar que o princípio da transparência não deve ser sentido apenas no momento pré-contratual, mas deve também estar presente mesmo na conclusão do contrato, posto que é mais que mero requisito formal. Ele afeta o contrato e integra o conteúdo do mesmo (MARQUES, 2016). Portanto, são seus claros reflexos o dever de informar, seja pela oferta, clara e precisa, seja pelas condições do contrato.
Essas vantagens, além de incompatíveis com o princípio da equivalência contratual, também o são com o princípio da boa-fé e a equidade, conforme se depreende da leitura do artigo 51, IV, da Lei 8.078/90. Mesmo que a vontade do consumidor seja manifestada de forma livre, esse não é mais o fator decisivo ao direito ante os valores insculpidos na norma, como o equilíbrio e a boa-fé nas relações de consumo (MIRAGEM, 2016).
O princípio aqui descrito é cogente, de modo que o Código de Defesa do Consumidor afasta e sanciona o resultado, ou seja, o desequilíbrio, e não exige qualquer ato reprovável por parte do fornecedor. Nesse sentido, ainda que a cláusula tenha sido aceita pelo consumidor, a mesma será considerada abusiva nos casos em que fere o princípio da equivalência contratual. 
O papel da lei é predominante em relação à vontade manifestada. A proteção da liberdade de contratar daquele que é parte maisvulnerável na relação de consumo impõe novos riscos profissionais aos fornecedores, mas que não podem ser transferidos ao consumidor (MIRAGEM, 2016).
Com base no conteúdo estudado, pode-se afirmar que:
· É possível perceber uma espécie de dependência do consumidor em relação aos contratos relacionais. 
· No direito contratual moderno são reconhecidos os contratos relacionais.
Muito bem, a resposta está correta!
A sistemática do Código de Defesa do Consumidor visa à proteção aos consumidores, e, portanto, conta com a obrigatoriedade de não gerar risco à saúde e à segurança do consumidor. Assim, nos ditos contratos relacionais, há um certo tipo de dependência por parte do consumidor, visto que eles não podem ser alterados de maneira abrupta e unilateral.

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