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FERRAMENTAS DE DESIGN THINKING Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Ana Paula Knaul 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: K67f Knaul, Ana Paula Ferramentas do design thinking. / Ana Paula Knaul. – Indaial: UNIAS- SELVI, 2019. 98 p.; il. ISBN 978-85-7141-334-4 ISBN DIGITAL 978-85-7141-335-1 1. Design thinking. - Brasil. 2. Desenvolvimento organizacional. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658.406 Ferramentas para o Desenvolvimento do Design Thinking na Prática ...................................................................... 61 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Design Thinking: Origem e Conceito ........................................... 7 CAPÍTULO 2 Design Thinking como Metodologia de Processos ................ 39 CAPÍTULO 3 APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo à disciplina Ferramentas do Design Thinking! A partir dos estudos, nesta disciplina você conhecerá sobre a concepção que fundamenta o Design Thinking e poderá aprofundar seus conhecimentos acerca das possíveis aplicações práticas dessa abordagem inovadora advinda da área do Design, que pode gerar soluções em diferentes áreas de atuação. Com o objetivo de criar soluções criativas, essa abordagem vem para revolucionar as maneiras de produzir formas inovadoras para as mais distintas adversidades dentro de áreas diversas, assim como é uma estratégia utilizada para corresponder à lógica e à realidade do mercado contemporâneo. Não há uma fórmula secreta! Em tese, o que o Design Thinking propõe são modos de fazer diferentes, mas que partem da realidade do problema para encontrar melhores soluções dentro do contexto de cada situação. Desse modo, você aprenderá uma nova forma de motivar ideias criativas por meio de um processo colaborativo, utilizando de estratégias para produção de soluções. Também terá conhecimento sobre o uso de diferentes ferramentas, com as quais é possível desenvolver a metodologia do Design Thinking. Para iniciar os estudos na disciplina, o Capítulo 1 abordará as origens e o conceito do Design Thinking, com o objetivo de identificar as suas motivações iniciais de forma introdutória e destacar a influência do Design nas formas de pensar sobre essa abordagem. Além de possibilitar o conhecimento das especificidades do papel do design thinker na sua atuação profissional, você verificará os campos de atuação onde essa abordagem pode ser colocada em prática. No Capítulo 2, você conhecerá de forma detalhada as fases do Design Thinking, aprendendo os princípios que fundamentam cada uma das etapas do processo, assim como identificará os pilares comportamentais que sustentam essa abordagem. Por fim, o Capítulo 3 tratará de apresentar diferentes formas de aplicação prática dessa abordagem por meio de diversificadas ferramentas, demonstrando cases e propondo estratégias de implantação da abordagem em diferentes áreas. Para ter um maior aproveitamento dos seus estudos, indicamos que leia atentamente ao conteúdo e que tenha sempre em mãos um caderno de anotações ou um bloco de notas digital para registrar as suas sínteses sobre o que está sendo abordado, no sentido de ir concatenando as suas ideias para aprender com maior facilidade conforme a disciplina vai avançando. A visita aos conteúdos complementares também é fundamental para ampliar o seu olhar sobre o que estará sendo discutido no decorrer dos estudos. Fique atento! Desejamos um ótimo estudo! CAPÍTULO 1 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • Compreender as motivações da constituição do Design Thinking para constatar a sua importância no contexto contemporâneo. • Conhecer como ocorre a atuação do design thinker. • Identifi car os motivos pelos quais a inovação é fundamental na metodologia do Design Thinking. • Analisar possibilidades de aplicação do Design Thinking em diferentes áreas. 8 Ferramentas de Design Thinking 9 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Com o intuito de conhecer as origens do design thinking e a infl uência do design na constituição dessa abordagem, percorreremos neste capítulo por alguns marcos históricos que contribuíram para que o design thinking fosse pensado. Considerando as especifi cidades que englobam essa abordagem, você poderá entender melhor sobre a função de um design thinker e os motivos pelos quais o seu papel é tão importante com relação aos processos criativos e à inovação. Por fi m, você verá a possibilidade de aplicação prática da metodologia em diferentes áreas, compreendendo de modo mais amplo a sua capacidade interdisciplinar para ser integrada em diferentes campos. 2 A INFLUÊNCIA DO DESIGN NA CONSTITUIÇÃO DO DESIGN THINKING Na contemporaneidade, com os avanços tecnológicos que engendraram em um crescimento da produção industrial, o interesse pelo design cresceu de forma abundante, devido à demanda por produtos e serviços centrados no ser humano, visando atender ao desenvolvimento econômico da sociedade. Em tempos de crise econômica e social, com uma implantação massiva de tecnologias em todas as áreas da economia produtiva e especulativa, há a necessidade de inovar nas propostas. Tanto é assim que a inovação se tornou a palavra usual e essencial para tentar sair do desastre generalizado (URROZ-OSÉS, 2018). O que signifi ca design? O termo design deriva do latim designare, que posteriormente foi traduzido para o inglês como design. Em espanhol, o termo tem diferentes signifi cados, como desígnio e especifi cação. Na verdade, a diferença entre o projetista e o pensador design, é que o primeiro tenta resolver o problema sob as restrições, enquanto o segundo navega entre eles criativamente, porque acredita que não é um problema, mas um projeto. As táticas usadas vão desde o brainstorming, o mapeamento mental, o pensamento lateral, a falta de respeito pelo processo lógico, a ser levado pela intuição e pela experiência em todas as áreas (URROZ-OSÉS, 2018). 10 Ferramentas de Design Thinking Indicamos a leitura do artigo “Diseño y desarrollo: la innovación responsable mediante el Design Thinking” sob autoria de Ana Urroz- Osés. Com essa leitura, você terá um panorama do Design Thinking, que lhe auxiliará a compreender melhor o que discutiremos neste capítulo. Caso tenha difi culdades com a leitura em espanhol, utilize a opção de tradução para o português da página da internet no seu navegador. FONTE: URROZ-OSÉS, Ana. Diseño y desarrollo: la innovación responsable mediante el Design Thinking. Cuadernos del Centro de Estudios en Diseño y Comunicación. Ensayos, n. 69, p. 1-6, 2018. Disponível em: https://fi do.palermo.edu/servicios_dyc/ publicacionesdc/vista/detalle_articulo.php?id_libro=663&id_ articulo=13909. Acesso em: 8 dez. 2018. Design é projeto, e está presente no ponto de contato entre um produto/serviço/marca e seu usuário. Trabalha a funcionalidade e a forma, otimizando a relação do homem com o produto ou o serviço (MELO; ABELHEIRA, 2018). Para Melo e Abelheira (2018), todaforma segue uma função, um propósito a se alcançar por meio de estratégias traçadas, que é o cerne da concepção de design. Além disso, existem outros critérios que caracterizam um projeto de design, pois ele: Não é ilimitado nem contínuo. Ele tem começo, meio e fi m - e são essas restrições que o mantêm com os pés no chão. O fato de o design thinking ser expresso no contexto de um projeto nos força a articular uma meta clara desde o início. Ele cria prazos fi nais naturais que impõem disciplina e nos dão a oportunidade de avaliar o progresso, fazer correções no meio do caminho e redirecionar as atividades futuras. A clareza, o 11 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 direcionamento e os limites de um projeto bem defi nido são vitais para sustentar um alto nível de energia criativa (BROWN, 2017, p. 21). Uma vez que “as coisas devem ter forma para serem vistas, mas devem fazer sentido para serem entendidas e usadas, o design é por natureza uma disciplina que lida com signifi cados” (KRIPPENDORF, 1989 apud VIANNA et al., 2012, p. 14). Desse modo, todos os produtos ou ideias são pensados para atender ao ser humano, seguindo alguns critérios de elaboração que vão levar a modos de uso e signifi cados produzidos pelos usuários e consumidores. No decorrer dos estudos nesta disciplina, uma obra será basilar aos conteúdos e conhecimentos que serão empreendidos aqui, que é o livro de Tim Brown, intitulado “Design Thinking - Uma Metodologia Poderosa Para Decretar o Fim Das Velhas Ideias”. FONTE: BROWN, T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fi m das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. O design foi sendo constituído a partir da Arte Moderna, que sofreu infl uências com a Revolução Industrial, buscando romper com o conservadorismo e trazendo fortes tendências da arte europeia tradicional para o Brasil. Assista ao vídeo “Evolução do Design”, disponível em: <https:// vimeo.com/63901695>, que apresenta um “brainstorming” de imagens que ilustram como o Design foi se constituindo ao longo dos anos. Conforme pode ser visualizado no vídeo, os movimentos artísticos de infl uência europeia têm três aspectos a se destacar: • O Estilo, em que objetivavam expressar a realidade por trás da vida moderna. 12 Ferramentas de Design Thinking • A Mente, com intuito de romper com uma simples representação, mas representar mais sensibilidade e emoção por meio da arte. • A Função, que teve uma preocupação voltada à funcionalidade da arte. A seguir, de acordo com Melo e Abelheira (2018), é possível verifi car alguns marcos relevantes que foram constituindo o Design ao longo dos anos: • A Primeira Revolução Industrial (1760): com avanços tecnológicos, o que era produzido pelo artesanato passou a ser feito em série. • Arts and Crafts (1850-1900): criado por William Morris, o movimento previa a defensão ao artesanato em detrimento da produção mecanizada da arte. • A Segunda Revolução Industrial (1850-1870): engendram a produção de novos produtos e novas técnicas na elaboração de serviços. • Art Nouveau (1890-1910): uso intensivo de ferro e vidro aliados a novas técnicas que engendraram na constituição de um novo estilo arquitetônico com interesse pelas curvas e formas orgânicas. • Deutsche Werkbund (1907): movimento contra a ornamentação intensiva. • Bauhaus (1919): foi o principal movimento do design modernista ao propor formas e linhas simplifi cadas no desenvolvimento dos produtos. • Art Déco (1925-1939): trouxe uma proposta com infl uências astecas e orientais, com o intuito de modernizar a Art Nouveau. • Styling (1929): renovar produtos para adicionar adornos superfi ciais no sentido de aquecer a economia com novas edições e adereços nos produtos. • Estilo Internacional (1930-1950): foi a retomada do design Bauhausiano aliado a inovações tecnológicas. • Pós-Modernismo no Design (1960-1970): foi um movimento de desprendimento do modernismo com o surgimento de novas mídias, além de novas ideologias na época. 13 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 Para saber mais sobre a principal infl uência do Design, indicamos um documentário que trata do movimento Bauhaus, intitulado “Bauhaus: a face do século XX”. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?time_continue=112&v=1iGPQpqHf5c>. A partir da infl uência desses movimentos, o Design foi se constituindo e gerando diferentes especialidades dentro da mesma área, com o design gráfi co sob infl uência da arte, o design de produto com a Revolução Industrial e depois com o desenvolvimento da Era da Informação. Com a invenção do computador, o design de interfaces também ganhou lugar nesse contexto. FIGURA 1 – MARCOS HISTÓRICOS E DESENVOLVIMENTO DAS ESPECIALIDADES DO DESIGN FONTE: Melo e Abelheira (2018, p. 19) Como o design thinking surgiu a partir desse contexto? Aliando as diversifi cadas infl uências do design atrelado ao desenvolvimento tecnológico e às necessidades de mercado, que o design thinking foi sendo pensado, de modo a atender às demandas de criação de ideias no século XXI, conforme veremos na sequência. 14 Ferramentas de Design Thinking 2.1 COMO SURGIU O DESIGN THINKING? Apesar de termos conhecimento desse conceito há pouco tempo, ele já existe desde a década de 1970, porém não havia sido dada tanta ênfase a sua efi cácia e aplicação prática para diferentes áreas. Cooper, Junginger, Lockwood (2009) afi rmam que a defi nição para design thinking é meio nebulosa. O dicionário distingue entre thinking of (pensar em), thinking about (pensar sobre), e thinking through (pensar por meio de), para a autora, design thinking reúne todas as três defi nições. A maioria das organizações está familiarizada com as duas primeiras defi nições. Elas think of design (pensam em design) quando pensam em produtos e serviços; think about design (pensam sobre design), quando consideram, refl etem e deliberam sobre algum assunto, talvez uma ferramenta para marketing. No entanto agora surge uma nova maneira de aplicar o design thinking - thinking through design (pensar por meio do design) - é pensar como os designers fazem (DEMARCHI, 2006, p. 129-130). De acordo com Ricardo Morais (2013), professor de Gestão e Estratégia da Universidade Católica Portuguesa em Porto, esse termo é atribuído a Peter Rowe, que elaborou um relato sistemático do conceito atrelado à área da Arquitetura e Planejamento Urbano na Universidade de Harvard, em 1987. Caso queira saber mais sobre a perspectiva urbanística do Design Thinking engendrada por Peter Rowe, que estabelece uma relação com o mundo real e a tomada de decisão nesse processo, indicamos que consulte o livro Design Thinking, de Rowe. FONTE: ROWE, P. G. Design Thinking. Cambridge: Mit Press, 1987. No entanto, somente a partir de 2009 que os livros e as obras sobre Design Thinking (DT) passaram a ter uma maior divulgação a partir da sua utilização pelo fundador da empresa IDEO, David Kelley, no momento em que seus clientes começaram a solicitar abundantemente soluções inovadoras para problemas, exigindo uma busca incessante por ideias inovadoras. 15 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 Essa abordagem, que traz características de um método, pois é dividida por fases de execução, foi pensada para transpor o modo sintético de um designer pensar atrelado ao modo analítico do cientista fazer pesquisa, o que gera uma maneira inovadora de criar ideias e soluções centradas em produtos e serviços que atendam à realidade do usuário. O Quadro 1 a seguir destaca um pouco dos pressupostos por trás das diferentes formas de pensar na perspectiva do design thinking, aliando técnicas intuitivas e analíticas dentro de um processo criativo. QUADRO 1 – FORMA DE PENSAR PRODUTIVA Pensamento intuitivo Pensamento analítico • Usa a intuição. • Refl ete sobre o futuro. • Resolve problemas. • Experimenta,arrisca. • Não conta com provas. • Resultado inovador. • Usa a razão. • Recolhe dados do passado. • Descobre regras gerais. • Reduz custos. • Tem provas de efi cácia. • Resultado consistente, seguro. FONTE: Adaptado de Melo e Abelheira (2018) Aliando as duas formas de pensar, por meio de uma dinâmica que explora muito bem ambos os modos de pensar, criam-se possibilidades inovadoras para qualquer situação. A Figura 2 a seguir, exemplifi ca muito bem o que Brown (2010) aborda a respeito dessa contradição. FIGURA 2 – PENSAMENTO CONVERGENTE E DIVERGENTE FONTE: Brown (2010, p. 63) 16 Ferramentas de Design Thinking A fi gura apresentada anteriormente retrata que por meio de uma organização minuciosa, utilizando o pensamento divergente para produzir opções com relação à situação e depois convergir para fazer as escolhas que melhor correspondem ao problema, foi a forma com que essa abordagem demonstrou efi cácia no mundo dos negócios. O seu surgimento foi motivado para atuar na solução de problemas complexos em que a resolução não é clara e muito menos óbvia. Conforme abordam Melo e Abelheira (2018, p. 28-29), existiram alguns marcos a partir dos quais o Design Thinking foi sendo instituído: Em 1992, a expressão “design thinking” é encontrada pela primeira vez em um artigo de Richard Buchanan “Wicked Problem in Design Thinking”, ou, numa tradução livre “Problemas complexos em Design Thinking”. Em 1995, a escola alemã KISD - Koln International School of Design - lança o primeiro curso de design de serviços. Em 1999, Rolf Faste, professor de Stanford, defi niu e popularizou o conceito de “design thinking” como uma forma de ação criativa. O termo foi adaptado à administração por David M. Kelley, colega de Rolf Faste em Stanford e fundador da IDEO, empresa de consultoria de design de produtos americana, que apesar de não ter inventado o termo, foi uma das primeiras formadoras de opinião sobre o tema. Tim Brown, seu CEO, tornou-se seu evangelizador. Em 2001, a LiveWork cria a primeira consultoria de design de serviços. Em 2010 chega ao Brasil. Em 2006, o DT foi protagonista no Fórum Econômico de Davos, onde líderes mundiais discutiam economia criativa. O design foi aceito como o modelo de pensamento mais adequado para lidar com a complexidade do mundo atual no âmbito de negócios e também em áreas, como saúde, educação e habitação. Em 2011, chega à mídia do Brasil por meio do Globo News. Com isso, o assunto começa a ser abordado por meio de livros e periódicos do país. Como você pôde ver com a linha do tempo apresentada, o Design Thinking foi ganhando espaço no mundo dos negócios ao mostrar que a sua aplicação prática em diferentes campos pode motivar ideias inovadoras onde quer que seja proposto. No esquema a seguir, você conseguirá visualizar um pouco mais o que signifi ca essa abordagem e as possibilidades que ela oferece para quem a desenvolve. 17 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 FIGURA 3 – ESQUEMA DO DESENVOLVIMENTO DO DESIGN THINKING A partir do esquema apresentado, verifi ca-se que o Design Thinking contribui para projetar ideias para o amanhã, criando propostas ainda não pensadas, tanto para benefi ciar a organização quanto para contribuir com o usuário. Ele propõe novos contratos sociais, gerando mudanças em serviços por meio de sistemas de escalas, pautando-se na sustentabilidade. Assim como o design é ativista no sentido de atender a usuários radicais, considerando que não se pode lidar com tudo, mas que é possível projetar ideias pensando numa forma de educação. O DT encontra a corporação, projetando uma abordagem sistemática para a inovação, construindo portfólios de inovação e gerando transformações na organização. Alguns elementos são fundamentais na proposição da abordagem do Design Thinking, conforme pontua Brown (2017), são eles: • O projeto: quando os designers saem do foco do problema para pensar no processo criativo por meio de um projeto. FONTE: Adaptada de Brown (2010) ^ 18 Ferramentas de Design Thinking • O briefi ng: que é uma proposta inicial traçada para colocar em prática o projeto em questão, buscando delimitar o progresso da proposta de acordo com os objetivos iniciais traçados, valores aplicáveis e tecnologias disponíveis e visualização de nicho para inclusão no mercado. • Equipes inteligentes: pois à medida que o design atende situações que envolvem complexidades, a ampla variedade de especialistas de diferentes áreas ajudará a pensar em soluções de forma interdisciplinar e não isoladamente em cada área do conhecimento, para colocar em prática o projeto. • Equipes de equipes: para abolir uma equipe em favor de equipes faz com que seja possível canalizar força produtiva entre os envolvidos em um projeto comum, pensando numa parceria colaborativa interequipes. • Culturas de inovação: propondo um ambiente em que as pessoas estejam dispostas para assumir riscos, fazendo experimentos diversos e explorando as suas diversas habilidades. • Utilização de um espaço real: ajudam na construção de ideias pelas diferentes equipes, facilitando a sua exposição criativa e colaborativa na comunicação interequipes durante o processo. Em síntese: O Design Thinking é uma metodologia que aplica ferramentas do design para solucionar problemas complexos. Propõe o equilíbrio entre o raciocínio associativo, que alavanca a inovação e o pensamento analítico, que reduz os riscos. Posiciona as pessoas no centro do processo, do início ao fi m, compreendendo a fundo suas necessidades. Requer uma liderança ímpar, com habilidade para criar soluções a partir da troca de ideias entre perfi s totalmente distintos (MELO; ABELHEIRA, 2018 p. 15). 19 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 FIGURA 4 – DESIGN THINKING FONTE: https://www.elo7.com.br/papel-de-parede-adesivo- negocios/dp/DC71B7. Acesso em: 31 mar. 2019. Como exatamente pensa um design thinker? O que essa função tem a ver com a inovação? Como a forma de pensar de um designer pode ser usada para desenvolver uma abordagem para promover ideias criativas? 3 O PAPEL DO DESIGN THINKER COM A INOVAÇÃO As pessoas acham que só são boas se suas ideias forem boas, que suas ideias não podem parecer “estranhas” demais e que elas não podem deixar de saber algo. O problema é que as ideias inovadoras geralmente parecem loucas 20 Ferramentas de Design Thinking e o fracasso e o aprendizado fazem parte da revolução (BROWN, 2017, p. 136). A inovação está diretamente ligada ao papel do designer, pois ela exige pensar fora da caixa, para além dos padrões estipulados e já concebidos. As ideias mais inovadoras geralmente advêm de situações inusitadas e jamais pensadas antes, mas que vieram até a superfície porque alguém ousou se expor, se colocando disponível para correr riscos. Além disso, Brené Brown (2017, p. 135), a partir de uma pesquisa relacionada à vulnerabilidade humana, descobriu que: Para recuperar a criatividade, a inovação e o aprendizado, os líderes precisam reumanizar a educação e o trabalho. Isso signifi ca entender como o padrão de escassez está afetando a maneira como lideramos e trabalhamos, aprender a abraçar a vulnerabilidade, reconhecendo e enfrentando a vergonha. Não se engane: conversas honestas sobre vulnerabilidade e vergonha são perturbadoras. O motivo pelo qual não costumamos ter essas conversas nas empresas é que elas lançam luz em cantos obscuros. Sempre que há consciência e entendimento, voltar atrás é quase impossível e traz consigo graves consequências. Todos queremos viver com ousadia. Se tivermos um vislumbre dessa possibilidade, nos agarraremos a ela com todas as forças. Não é algo que pode ser retirado de nós. Isso exige um posicionamento das instituições para abrir espaço para os processos criativos, sem um julgamento prévio, ou pensamento limitador, mas possibilitando aos designers ousarem e realizarembrainstormings a partir das ideias menos prováveis, até se chegar a algo novo jamais pensado antes. Isso faz parte do processo criativo e da inovação. Existem vários tipos e conceitos de inovação. Vianna et al. (2012) destacam três, que consideram os mais relevantes ao pensar no DT: • Inovação Aberta: utiliza sugestões de pessoas de fora da instituição para a produção da ideia, ouvindo o consumidor. Ex.: Projeto Fiat Mio, construído a partir de sugestões das pessoas. • Inovação Incremental: atua com melhorias em produtos e serviços, que envolve mudanças sutis em relação ao que já existe. Ex.: evolução do CD comum para o duplo, aumentando o espaço de gravação. • Inovação Radical ou Disruptiva: propõe uma mudança drástica na ideia/produto/serviço, trazendo uma nova forma de olhar para o que está sendo construído, trazendo forte impacto na empresa, como nas formas de uso do consumidor. 21 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 Ex.: evolução do CD para o MP3. É sob a ótica da inovação que essa metodologia vem para auxiliar os processos criativos, estimulando a constituição de ideias vindas de todas as partes, longe de um julgamento prévio limitante. É no tipo de inovação radical ou disruptiva que o Design Thinking se faz muito importante, devido aos riscos de propor algo totalmente novo e diferente diante do que já se tem, e com o uso da metodologia, é possível prever de forma mais controlada os riscos e as possibilidades dos negócios em prospecção. De acordo com os pesquisadores e professores americanos Dyer, Gregersen e Christensen (2011 apud MELO e ABELHEIRA 2018, p. 171), inovar começa com atitude e coragem: [...] para questionar o status quo e correr riscos. Todos que já tentaram levar uma ideia revolucionária adiante se depararam com a frustração da carência de indicadores para defi nir o retorno do investimento e garantir baixos riscos. O risco nunca é baixo porque neste ambiente as variáveis são muitas e a incerteza é alta. Portanto, sem coragem e patrocínio adequado (que não só garante os recursos, mas também administra a ansiedade dos que estão em volta) não há inovação. Os pesquisadores citados anteriormente realizaram pesquisas para identifi car um conjunto de práticas e comportamentos presentes nos cases de sucesso e sintetizaram em quatro ações, que são: questionamento, observação, networking e experimentação. 22 Ferramentas de Design Thinking FONTE: Adaptada de Melo e Abelheira (2018) Conforme proposto pelos autores americanos, faltando uma dessas práticas expostas no esquema anterior, a inovação não ocorre. Com isso, em alguma medida, essas habilidades e práticas estão incutidas no papel do design thinker, já que essa função lida diretamente com a inovação. No esquema seguinte, são sintetizadas as ideias dos pesquisadores a partir da relação entre design, design thinking, inovação e mudança. profundas FIGURA 5 – AÇÕES PRESENTES NOS CASES DE SUCESSO 23 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 FIGURA 6 – DNA DOS INOVADORES, POR DYER, GREGERSEN E CHRISTENSEN FONTE: Melo e Abelheira (2018, p. 173) Nessa proposta são aliados a atitude e os comportamentos juntamente às abordagens para soluções de problemas em que a metodologia do design thinking pode ser um recurso, gerando ideias e planos e, com isso, a inovação, tendo como resultado a mudança que gera impactos dependendo do que se tinha antes no contexto da situação. Nesse sentido, o papel do designer é se aproximar da realidade dos que consomem aquilo que está sendo produzido, no sentido de atender às necessidades dos envolvidos, abrindo novas perspectivas de utilização para além das especifi cações de aparência ou de estética, que são aspectos que geralmente ele está diretamente associado. 24 Ferramentas de Design Thinking Considerando os diferentes aspectos que um designer precisa se pautar para dar início à elaboração de uma ideia e até mesmo confecção de um produto, Melo e Abelheira (2018) destacam alguns requisitos que precisarão ser atendidos: FIGURA 7 – REQUISITOS DO DESIGN FONTE: Melo e Abelheira (2018, p. 18) A partir da ideia que necessita ter uma função, um propósito e estratégias para colocá-la em prática, o designer precisa se atentar: • Aos aspectos emocionais, ou seja, um enfoque sobre o sentimento que o usuário tem ao utilizar certo produto, visando uma melhoria ou até mesmo um aperfeiçoamento do que já se tem em relação ao que se quer produzir. • Aos aspectos psicológicos, que estão embutidos sobre a forma de pensar, sentir e agir dos usuários, com a presença do artefato, ideia ou 25 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 Agora, com o intuito de refl etir sobre a importância do impacto do design na criação de produtos e na mudança sobre as formas de uso de objetos pelo ser humano, acesse ao vídeo “Help Desk na Idade Média”, disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=kaqRf2onXhE>, que apresenta uma sátira sobre os aspectos discutidos até então com relação aos elementos que constituem o design e a importância dele em nossas vidas. Após assistir ao vídeo, com o intuito de sintetizar parte do conteúdo estudado até o momento, utilize o seu caderno de estudos/ bloco de notas e registre as situações apresentadas no vídeo que fazem relação aos aspectos que o designer precisa se atentar na elaboração de uma ideia ou produto com base nos aspectos: emocionais, psicológicos, ergonômicos, técnicos, funcionais e visando negócios. Vamos lá! solução em elaboração. • Aos aspectos ergonômicos, no que diz respeito a facilitar as formas de usabilidade em relação a sua adaptação ao corpo humano, no caso de ser um produto, uma tecnologia. • Aos aspectos técnicos, que de certa forma regem o produto, por isso, em toda técnica, existem uma regra e uma forma específi ca de uso. • Aos aspectos visando os negócios, que mostram um nicho comercial para inserção do produto, ou seja, uma necessidade de mercado e uma possibilidade de atuação dentro da realidade do que já se tem na área/ campo. • Aos aspectos funcionais no sentido de ter diferentes utilidades e mostrar um diferencial dentro do que já se tem produzido similarmente. A partir desses diferentes eixos que necessitam ser pensados pelo designer durante o design de seus produtos/serviços podemos tangibilizar o pensamento do designer e, assim, compreender melhor o design thinking e suas soluções inovadoras. 26 Ferramentas de Design Thinking O Design Thinking compreende habilidades que os designers possuem há décadas para atender às necessidades humanas a partir de ferramentas e recursos técnicos disponíveis. Desse modo, ele se apropria da resolução de problemas integrando as tecnologias por um ponto de vista economicamente viável e útil ao ser humano (BROWN, 2010). “Ao desafi ar os padrões de pensamento, comportamento e de sentimento “Design Thinkers”, produzem soluções que geram novos signifi cados e que estimulam os diversos aspectos (cognitivo, emocional e sensorial) envolvidos na experiência humana” (VIANNA et al., 2012, p. 14). Essa abordagem gera um processo que é realizado através de etapas, com o intuito de alcançar o objetivo fi nal, que é a solução para o problema apresentado. Para se pensar no caminho a ser percorrido pelo designer, existem três pontos de partida, conforme aborda Brown (2010, p. 16): A inspiração, o problema ou a oportunidade que motiva a busca por soluções; a idealização, o processo de gerar, desenvolver e testar ideias; e a implementação, o caminho que vai do estúdio de design ao mercado. Os processos podem percorrer esses espaços mais de uma vez à medida que a equipe lapida suas ideias e explora novos direcionamentos. Através das etapas, o designer juntamente ao auxílio de uma equipe multidisciplinar gera esquemas mentais para a construção de uma solução para o problema. Vianna et al. (2012, p. 13)vem contribuir sobre a signifi cação da função exercida por um designer: O designer enxerga como um problema tudo aquilo que prejudica ou impede a experiência (emocional, cognitiva, estética) e o bem-estar na vida das pessoas (considerando todos os aspectos da vida, como trabalho, lazer, relacionamentos, cultura etc.). Isso faz com que sua principal tarefa seja identifi car problemas e gerar soluções. Para saber um pouco mais sobre a carreira de um design thinker, acesse a reportagem disponível em: <https://aprendeai.com/carreira- em-design-thinking-habilidade-em-ebulicao>, que detalha um pouco mais sobre essa função e abordagem na contemporaneidade. 27 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 A denominação de um designer elaborada por Vianna et al. (2012) está relacionada à signifi cação do termo DT, abordado por Brown (2010), que coloca que a origem do termo “Design Thinking” se fundou quando estava em conversa com seu amigo, o professor David Kelley, que afi rmou que não conseguia enxergar o design sem a sua ligação à palavra thinking, pensamento, já que esta é a função primordial do design. Para Demarchi (2006, p. 5), o design thinker: Observa o ordinário e grava suas observações e ideias de forma visual, criando um modelo mental. Sua cultura encoraja a realização do protótipo, que não é só uma maneira de validar ideias fi nais, mas um processo de criação, uma forma de expressar o pensamento visual. Precisa ser testável, mas não necessariamente físico. Pode ser cenários, storyboards, fi lmes e até um improviso teatral. No entanto, o processo de criação de boas ideias exige alguns critérios, conforme mostra Figura 8. FIGURA 8 – CRITÉRIOS PARA BOAS IDEIAS FONTE: Brown (2017, p. 19) 28 Ferramentas de Design Thinking Agora com o objetivo de visualizar na prática os três eixos responsáveis pela criação de boas ideias, que são: 1) a desejabilidade; 2) a viabilidade e 3) a praticabilidade, pense em um produto, uma solução ou ideia que foi criado por alguém, e registre no seu caderno de estudos/bloco de notas, como você percebe a presença desses três eixos nessa proposta. Com isso, conseguimos ir signifi cando e aprendendo aos poucos sobre a forma de pensar de um design thinker na prática. Vamos lá! • Praticabilidade: o que é funcionalmente possível num futuro próximo. • Viabilidade: o que provavelmente se tornará parte de um modelo de negócios sustentável. • Desejabilidade: o que faz sentido para as pessoas (BROWN, 2017). Por meio desses critérios, o design thinker alia o contexto da situação- problema e desenvolve um equilíbrio harmonioso entre esses três critérios, que é a chave da criação de boas ideias. Exemplo prático: o videogame Nintendo Wii é um exemplo bem popular da aplicação desses três critérios, criando uma experiência mais imersiva ao jogador por meio de um controle de gestos, com um console mais barato, apesar de gerar menores qualidades na resolução de gráfi cos, mas propondo uma maior experiência ao usuário. Ao realizar esse mapeamento pautado por esses eixos, o designer consegue ter uma visão mais completa, juntamente à realização de um trabalho colaborativo com uma equipe multidisciplinar, que possibilita olhares diversifi cados pelos ângulos das diferentes áreas, por meio de um fl uxo de processo que não é linear, pois permite ir e vir e rever as etapas a qualquer momento durante a elaboração. Outro fator interessante é que o erro não é um problema, mas um direcionar para encontrar uma nova alternativa de rota para a solução (VIANNA et al., 2012). 29 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 4 POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DO DESIGN THINKING Ao conhecer as origens do Design Thinking e verifi car as características nas quais a abordagem é concebida, que é pensada a partir da realidade na qual a situação-problema se encontra, é possível visualizar a sua aplicação em diferentes áreas na criação de propostas e ideias inovadoras em qualquer âmbito. Um dado interessante a destacar, que o Centro Dinamarquês elaborou em 2003, foi uma escala para identifi car o nível de atuação do design em uma empresa, que fi cou conhecida como a “Escada do Design”, conforme será apresentado a seguir: O primeiro degrau: é o mais baixo. Neste não existe design instituído como atividade, política, departamento ou cultura na empresa. As atividades que deveriam ser realizadas por designers são delegadas a terceiros, que tomam as decisões sem balancear o usuário, as possibilidades tecnológicas ou a viabilidade para o negócio. No segundo degrau: existe uma compreensão muito limitada da potencialidade do design, e embora presentes, os designers cuidam somente de questões estéticas e estilo, e as atividades essenciais de arquitetura do produto ou pensamento sistêmico são feitas por programadores, engenheiros ou projetistas, por exemplo. No terceiro degrau: a empresa já tem plena consciência do potencial e do perfi l holístico do designer, geralmente tem um grupo de designers com liderança instituída, mas trata o design como um dos muitos silos de responsabilidade. Este silo é responsável pela concepção de produtos ou serviços ou aspectos de conforto e usabilidade, sendo consultado em decisões técnicas ao longo do desenvolvimento do produto, mas carente de processo institucionalizado que permita a sua participação em questões estratégicas, como roadmaps de produtos, novos negócios ou roadmaps de tecnologias futuras. No quarto e último degrau: a empresa atribui ao Design um papel estratégico, responsabilizando-o por criar motores de crescimento sustentável por meio da inovação. O design é amplamente compreendido como gerador de valor pela alta direção, os executivos estão plenamente aculturados dos métodos e das ferramentas e participam das sessões de cocriação e brainstorming, e o processo de design é democratizado e praticado por não designers, contribuindo para criar visões de futuro. Design Thinking é um processo de raciocínio conhecido por todos (MELO; ABELHEIRA, 2018, p. 146-147). A partir dessa escada do design, que pode ser identifi cada em qualquer instituição, é possível pensar estrategicamente em como propor o desenvolvimento da metodologia do Design Thinking em projetos nos mais distintos ramos de atuação. 30 Ferramentas de Design Thinking FIGURA 9 – ESCADA DO DESIGN FONTE: https://www.elespectador.com/economia/personas-que-pasan- de-las-ideas-los-hechos-articulo-827443. Acesso em: 31 mar. 2019. Assim, essa escala serve como um termômetro para verifi car as mudanças necessárias na organização para que o processo de Design Thinking seja viabilizado, ao garantir que a atividade do designer seja respeitada e instituída para que obtenha sucesso nos negócios. Para que tenha uma ideia, destacaremos a seguir algumas possibilidades de atuação da metodologia a partir de alguns exemplos de situações-problema: 31 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 FIGURA 10 – POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO FONTE: https://www.pinterest.com.mx/pin/815433076256075494/. Acesso em: 31 mar. 2019. Seja nas áreas da educação, saúde, segurança, assim como no ramo empresarial, visando corresponder ao mercado, na confecção de produtos, o DT pode ser utilizado como uma estratégia para os negócios. • Aplicação nas áreas de Design e Marketing Um outro exemplo é com relação à área de Design e de mercado, sendo essa última uma especifi cidade da área do Marketing, duas áreas que atuam em especialidades distintas, mas que possuem similaridades em seu processo de pesquisa, que é uma das fases para colocar o design thinking em prática, conforme podemos acompanhar pela Tabela 1 a seguir. 32 Ferramentas de Design Thinking TABELA 1 – DIFERENÇAS ENTRE A PESQUISA DE DESIGN E DE MERCADO FONTE: Vianna et al. (2012, p. 15) Enquanto as estratégias do design vão mais para uma análise psicológica dos usuáriospor meio de uma perspectiva mais qualitativa para pensar em ideias, na pesquisa de mercado o foco já é mais quantitativo e estatístico, com o intuito de captar as ações dos consumidores em geral, visando uma entrada assertiva no mercado. No entanto, uma área não se vê distante da outra, pois elas são de alguma forma interdependentes e se retroalimentam, considerando que os objetivos fi nais das áreas apresentadas são centrados no ser humano. • Aplicação no ramo empresarial semiestruturadas. 33 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 Até então, o DT vem sendo trabalhado com sucesso no mercado empresarial nas produções inovadoras e criativas de soluções. Nesse sentido, Vianna et al. (2012, p. 9) vem argumentar sobre o uso do DT no campo empresarial, afi rmando que: No Design Thinking, a Arte se junta à Ciência e à Tecnologia para encontrar novas soluções de negócio. Usa-se vídeo, teatro, representações visuais, metáforas e música com estatística, planilhas e métodos de gerência para abordar os mais difíceis problemas de negócio e gerar inovação. No mundo empresarial dos negócios, o DT é visto como uma metodologia que visa gerar resultados inovadores nos negócios, pois vai ao encontro de problemas existentes na sociedade para então construir soluções e apresentá-las aos envolvidos, vendendo e faturando a solução inovadora. O primeiro mouse comercial com valor mais acessível e confi ável para uso foi desenvolvido pela metodologia do DT. FIGURA 11 – MOUSE COMERCIAL DA APPLE FONTE: https://www.ideo.com/case-study/creating-the- fi rst-usable-mouse. Acesso em: 31 mar. 2019. 34 Ferramentas de Design Thinking • Aplicação na área da saúde Uma rede de hospitais Kaiser Permanente contratou uma empresa especializada na metodologia do DT com a situação-problema de reduzir os erros de administração de medicação, que já havia gerado mais de sete mil mortes ao ano. Num outro caso que aliou a indústria e a área da saúde, o objetivo era produzir uma máquina de ressonância que evitasse que as crianças tivessem medo de fazer o exame, devido à quantidade de sedações que estavam sendo necessárias para as crianças realizarem o exame com tranquilidade. A Figura 12 a seguir demonstra o resultado do projeto na prática. FIGURA 12 – AMBIENTE E MÁQUINA DE RESSONÂNCIA DESENVOLVIDA COM A METODOLOGIA DO DT FONTE: http://granddesigns.com.br/blog/o-que-e-design-thinking- porque-onde-quem-como/. Acesso em: 31 mar. 2019. 35 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 • Aplicação na área educacional Já na área educacional, partindo do pressuposto de que as tecnologias digitais avançam e refl etem seus impactos na sociedade, apresenta-se a necessidade de uma metodologia didática e pedagógica diferenciada nas comunidades escolares, que atenda a estas transformações, de modo a acompanhar o desenvolvimento em que os alunos estão imersos na contemporaneidade. Morin (2002, p. 3) argumenta sobre uma difi culdade que a escola possui no ensino de disciplinas: “o ensino por disciplina, fragmentado e dividido, impede a capacidade natural que o espírito tem de contextualizar e é essa capacidade que deve ser estimulada e desenvolvida pelo ensino, a de ligar as partes ao todo e o todo às partes”. Essa forma de pensar sobre a educação parte de uma perspectiva interdisciplinar, o que acaba por refl etir a dinâmica de desenvolvimento da metodologia que a concepção do design thinking foi pensada, aliando diferentes áreas voltadas na solução de um projeto em comum por meio de um trabalho colaborativo. A prática pedagógica que constitui os processos educacionais em muitas escolas brasileiras atualmente, ainda apresenta um caráter tradicional e conservador em sua prática, que coloca o professor no centro do processo e o aluno como mero receptor de conhecimentos, recebendo o conhecimento através de uma apostila, um material impresso, organizado pelo educador na sua programação de conteúdos a serem aplicados em aula. Nessa perspectiva, os alunos acabam por se acomodar, o que deixa de ser desafi ante o processo de construção de conhecimento, ao receber o conteúdo pronto e somente realizar a tarefa conforme solicita a apostila e o educador. Integrando o Design Thinking à educação, a proposta apresentada por meio da metodologia do Design Thinking é justamente fazer com que os educadores e, principalmente, os educandos, saiam de sua zona de conforto, do recebimento de conteúdos prontos, fazendo-os serem autores do seu conhecimento. O educador nesse processo é o mediador e o direcionador dos educandos para a construção do saber epistemológico, além do desenvolvimento de habilidades, como autonomia, inovação e criatividade, conforme a abordagem vem propor. Brown (2010, p. 38), pesquisador e consultor de Design Thinking, vem abordar sobre a inconveniência das pessoas a se adaptarem a situações de forma acomodada: O problema básico é que as pessoas são tão engenhosas em 36 Ferramentas de Design Thinking se adaptar a situações inconvenientes que muitas vezes nem chegam a perceber que estão fazendo isso: elas se sentam com seus cintos de segurança na mão, penduram jaquetas em maçanetas e prendem as bicicletas em bancos de parque. Remetendo ao exemplo de caso apresentado pelo autor, relaciona-se esta acomodação para uma visão crítica sobre as práticas pedagógicas na educação. Professores e alunos acomodam-se em suas práticas, esquecendo-se de desenvolverem diferentes formas de trabalhar em sala de aula, para estimular novos potenciais seguindo o curso do desenvolvimento tecnológico. Dessa forma, a abordagem do Design Thinking proporciona novas formas de construir o conhecimento, podendo educandos, educadores, gestores e a comunidade escolar serem autores de produções e diferentes dinâmicas em suas rotinas e processos. Nesse sentido, o Design Thinking vem propor, através de sua dinâmica, eixos norteadores para uma prática que torna os sujeitos participantes responsáveis pela construção do saber adquirido. Na prática pedagógica, o problema poderá ser tanto apresentado ao educando ou então solicitar que ele vá ao seu encontro através de pesquisas. O segredo está na forma como isso é proposto e colocado em prática. • Aplicação na área da psicologia Da mesma forma que o DT é aplicado como metodologia para lidar em diferentes campos, ele também pode ser aplicado como processo de autoconhecimento, conforme indicam os professores Bill Burnett e Dave Evans, da Universidade de Stanford, que ministram o curso Designing Your Life (Desenhando Sua Vida, em uma tradução literal). Conheça mais sobre o DT aplicado ao autoconhecimento. Disponível em: <https://aprendeai.com/como-o-design-thinking-pode- nos-ajudar-a-projetar-nossas-proprias-vidas>. 37 DESIGN THINKING: ORIGEM E CONCEITO Capítulo 1 Ser curioso, estar disposto a agir, reformular os problemas, ter consciência e conhecimento do processo, saber pedir ajuda quando necessário, ter confi ança para projetar a própria vida, são aspectos que Burnett e Evans ensinam por meio da metodologia do Design Thinking. Como podemos ver, são muitos os âmbitos em que essa metodologia pode se desenvolver a partir do momento que existam pessoas dispostas a inovar e um ambiente que propicie esse trabalho de maneira colaborativa e interdisciplinar. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Como você pôde ver a partir dos estudos desse capítulo, o Design Thinking vem sendo pensado há bastante tempo, embora tenha sido colocado em prática de modo mais efetivo na última década, devido às demandas de mercado por ideias inovadoras. A inovação é a base para a concepção do Design Thinking e com ela vem atrelada diferentes habilidades, como a autonomia, a curiosidade, a habilidade para questionar, a atenção para observar, a atitude e a coragem que um design thinker precisa ter para atuar no âmbito de um processo criativo, assim como existem algunscritérios na elaboração de boas ideias, que são a praticabilidade, a desejabilidade e a viabilidade. Conforme demonstrado, são diversas as áreas em que o design thinking pode ser colocado em prática, seja no ramo empresarial público ou privado, em diferentes campos, como a educação, a saúde, o marketing, a psicologia, entre outros, que devem estar em ebulição. Nos capítulos seguintes aprenderemos na prática como desenvolver essa metodologia. REFERÊNCIAS ARBEX, D. F.; FIALHO, F. A.; RADOS, G. V. Design thinking how an iterative process for innovation of products and services. In: International Congress on Design Research. 2011. BROWN, B. A coragem de ser imperfeito. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. 38 Ferramentas de Design Thinking BROWN, T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fi m das velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. DEMARCHI, A. P. P. Gestão estratégica de design com a abordagem de design thinking: proposta de um sistema de produção de conhecimento. 2006. Disponível em: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2011/05/Ana-Paula-P.- Demarchi.pdf. Acesso em: 5 dez. 2018. MELO, A.; ABELHEIRA, R. Design Thinking & Thinking Design: metodologia, ferramentas e refl exões sobre o tema. São Paulo: Novatec Editora, 2018. MORAIS, R. A revolução do design thinking. Opinião, 2013. Disponível em: https://www.publico.pt/2013/07/24/economia/opiniao/a-revolucao-do-design- thinking-1601137. Acesso em: 5 dez. 2018. MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2002. URROZ-OSÉS, A. Diseño y desarrollo: la innovación responsable mediante el Design Thinking. Cuadernos del Centro de Estudios en Diseño y Comunicación. Ensayos, n. 69, p. 1-6, 2018. VIANNA, M. et al. Design thinking: inovação em negócios. Rio de Janeiro: MJV, 2012. CAPÍTULO 2 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE PROCESSOS A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: • Distinguir as diferentes fases do método. • Verifi car a importância dos pilares para que o DT seja proposto. • Aplicar as diferentes fases do Design Thinking. 40 Ferramentas de Design Thinking 41 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE PROCESSOS Capítulo 2 Exemplo prático: Imagine um artista e um engenheiro trabalhando juntos. Estereotipando a situação, teríamos um profi ssional trabalhando com a emoção, e outro, com a razão; um, de forma intuitiva, e o outro, de forma racional, analítica. Caso conseguissem chegar a um acordo, certamente o projeto seria um sucesso, pois teríamos equilibrado o “pensar fora da caixa” com o “pensar com os pés no chão”. Haveria criatividade e também redução de risco (MELO; ABELHEIRA, 2018). 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Para dar continuidade aos estudos da abordagem do Design Thinking, conheceremos neste capítulo os pilares que sustentam a criação de ideias e soluções inovadoras. Além disso, você poderá aprender e colocar em prática as diferentes fases do Design Thinking. Destacamos, ainda, a importância a ser dada à leitura dos materiais indicados no decorrer do texto, que são fundamentais para que você se aproprie dos conceitos tratados ao longo dos estudos do capítulo. Fique atento! Bons estudos! 2 PILARES DO MÉTODO Conforme visualizamos no Capítulo 1, com a junção de dois tipos de pensamento, o intuitivo e o analítico, é possível pensar “fora da caixa”. Isso signifi ca pensar para além dos padrões já existentes de criação de ideias, a partir de uma forma mais ampla e livre de funcionar. Assim, partindo de pensamentos nada convencionais e unindo-se a um modo mais racional, objetivo e estatisticamente organizado e previsível de criar, é possível tecer ideias inovadoras, sendo essa a base do pensamento de um design thinker. 42 Ferramentas de Design Thinking É justamente essa forma de pensar de um designer, aliada a uma abordagem que institui e materializa em etapas esse processo criativo, que foi possível replicá- lo para diferentes áreas e ramos de atuação. No entanto, por trás desse processo ambivalente de criação de ideias, existe uma base que permite que ele ocorra dessa forma, pois é sustentado por pilares, conforme abordam Melo e Abelheira (2018), que dão esse viés e justifi cam o processo, tornando-o possível, viável e funcional, construído por empatia, colaboração e experiência. FIGURA 1 – PILARES DO DT FONTE: Adaptada de Melo e Abelheira (2018) O processo de se colocar no lugar do outro por meio da empatia faz com que sejam captadas e até mesmo criadas diferentes hipóteses sobre os diversos pontos de vistas existentes e possibilidades, tanto para a causa do problema como para o pensamento de resolução nas situações. Como já dizia Leonardo Boff (1998, p. 9), “todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão do mundo”. É essa característica que nos torna humanos, pois a partir disso podemos nos relacionar com o outro criando vínculos e laços, é um dos pilares para a utilização da abordagem do DT, e inclusive serve como base para o pensamento de um designer, lembrando dos requisitos do pensamento do designer na criação 43 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE PROCESSOS Capítulo 2 de boas ideias, que tratamos no Capítulo 1, que engloba os aspectos: emocionais, psicológicos, ergonômicos, técnicos, funcionais e de negócio. Em todos estes quesitos, a empatia é a característica que faz com que o criador da proposta se coloque no lugar de uma segunda pessoa, público-alvo, cliente, que receberá a proposta para colocá-la em prática no seu cotidiano, e isso passa pela atitude de se imaginar fazendo/utilizando aquilo em seu cotidiano. Saiba mais sobre como a empatia é fundamental para o desenvolvimento do Design Thinking acessando ao artigo “A empatia no processo de design”. Disponível em: <https://designculture.com. br/a-empatia-no-processo-de-design>. Não há como pensar em inovação sem considerar o outro, pois o outro é o agente principal daquilo que está sendo gestado. O ser humano é o centro do processo no Design Thinking, e a empatia que temos é o que nos faz considerá-lo assim! Não há como pensar em inovação sem considerar o outro, pois o outro é o agente principal daquilo que está sendo gestado. O ser humano é o centro do processo no Design Thinking, e a empatia que temos é o que nos faz considerá-lo assim! Na psicologia e na neurociência contemporânea, a empatia é uma espécie de inteligência emocional, podendo ser dividida em dois tipos: cognitiva, relacionada à capacidade de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas; e afetiva, relacionada à habilidade de experimentar reações emocionais por meio da observação da experiência alheia (MELO; ABELHEIRA, 2018). 44 Ferramentas de Design Thinking Já o pilar da colaboração diz respeito ao próprio princípio da interdisciplinaridade que a abordagem do Design Thinking demanda, que é esse caminhar por diferentes áreas, obtendo conhecimentos e articulando diferentes saberes para a construção de uma proposta em comum, que só é possível de colocar em prática com a ajuda de mais pessoas envolvidas e que venham de diferentes campos, trazendo outras bagagens e experiências. Uma única pessoa para pensar e olhar uma situação por diferentes ângulos e pontos de vista é praticamente impossível, pois isso requer um trabalho conjunto e um espaço que promova uma abertura para que distintas percepções sejam consideradas. Segundo pesquisas realizadas no Instituto de Neurociência Cognitiva da University College London (apud MELO; ABELHEIRA, 2018, p. 36), no Reino Unido, “a melhor conclusão é sempre fruto de uma discussão madura entre dois indivíduos ou mais”. Para compreender melhor no que consiste a colaboração,vamos ver o que os referenciais no tema falam a respeito através das suas pesquisas? Com base nos estudos de Ramos (2007, p. 50), a autora afi rma que a colaboração consiste em um: Movimento de interação entre indivíduos para a produção e construção de saberes, habilidades e sentidos. Este processo supõe a interação entre dois ou mais indivíduos; um ambiente que viabilize e possibilite a comunicação; e orientações ou regras para organizar o desenvolvimento da atividade. Dessa forma, como destacado pela autora ao conceituar a colaboração, mas remetendo para o contexto para a efetivação da abordagem do Design Thinking, o espaço em que a proposta é construída precisa possibilitar canais adequados de comunicação para que a troca ocorra, assim como precisa estipular de forma clara e objetiva algumas regras e restrições do projeto em ebulição. Nesse sentido, a colaboração pode ser compreendida como “uma situação na qual duas ou mais pessoas aprendem ou tentam aprender algo juntas” (ROSATELLI et al., 2003, p. 49). 45 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE PROCESSOS Capítulo 2 Esse processo de interação com o outro contribui para desenvolver um caráter voluntário e consciente dos sujeitos com relação à colaboração, pois “pôr- se de acordo acerca de uma solução comum exige comunicar ao outro o seu próprio procedimento, eventualmente situá-lo em relação ao do parceiro, ou até mesmo argumentar contra o projeto de seu parceiro” (LABORDE, 1996, p. 42). Veja agora um pouco mais sobre a importância da colaboração na criação de qualquer ideia ou produto, no artigo “A importância da cocriação”. Disponível em: <https://designculture.com.br/a- importancia-da-cocriacao>. Não há como propor a colaboração interequipes sem pensar na aprendizagem colaborativa, que é o resultado dessa prática, por isso é tão importante ter conhecimento das formas como ela se origina quando o trabalho ocorre em grupo. Brna (1998) instituiu seis níveis de colaboração que caracterizam como a aprendizagem colaborativa pode ocorrer, sendo eles: divisão de trabalho, estado de colaboração, colaboração como propósito fi nal, colaboração como meio, colaboração formal e colaboração informal. 46 Ferramentas de Design Thinking FIGURA 2 – NÍVEIS DE COLABORAÇÃO FONTE: Adaptada de Brna (1998) Cada um dos níveis apresentados refere-se a uma forma de se estabelecer a colaboração quando o trabalho é desenvolvido em um grupo, como é o caso da proposta da abordagem do DT. Ao conhecer cada um desses níveis, é possível pensar em estratégias para desenvolver trabalhos em equipe em qualquer âmbito e, principalmente, para colocar em prática a metodologia aqui discutida. Ainda de acordo com Brna (1998), esses diferentes níveis são caracterizados da seguinte forma: 1. Divisão de trabalho: o trabalho é dividido em tarefas e cada membro do grupo fi ca responsável por uma delas. 2. Estado de colaboração: há momentos de trabalho individual e momentos de trabalho em grupo. 3. Colaboração como propósito fi nal: o trabalho tem como objetivo o aprender a colaborar. 4. Colaboração como meio: o objetivo do trabalho é aprender algo a partir de ações colaborativas. 5. Colaboração formal: os membros do grupo se comprometem e fi rmam 47 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE PROCESSOS Capítulo 2 acordo para realizar o trabalho colaborativamente. 6. Colaboração informal: a colaboração surge espontaneamente. O que pode ocorrer também é que os colaboradores talvez não tenham a cultura de colaborar na construção de suas propostas ou no desenvolvimento de atividades. Assim, é possível identifi car os estágios em que eles se encontram para então perspectivar estratégias para que a colaboração ocorra. Com a proposta do DT a partir das fases que serão expostas a seguir, é possível planejar diferentes modos de estabelecer a colaboração entre o grupo interdisciplinar criante, dividindo tarefas para depois promover o compartilhamento e trocas de ideias, até chegar no ponto em que a colaboração ocorra de modo informal, espontaneamente, entre a equipe de produção. A colaboração no DT deve acontecer não só em uma equipe de designers ou fi car restrita a uma agência, mas ocorrer de maneira mais ampla, envolvendo designers, clientes, usuários comuns, usuários extremos, leigos e demais interessados. Quanto mais multidisciplinar o grupo, mais rico o resultado (MELO; ABELHEIRA, 2018, p. 36). Além dos pilares da empatia e da colaboração, tem o da experimentação. Esse último pilar é responsável por reduzir os riscos da ideia que está sendo proposta, ao colocá-la em prática, testando-a e identifi cando o que pode ser melhorado, verifi cando se atende aos requisitos necessários com os quais foram pensados. Essa fl exibilidade possibilita aperfeiçoar e aproximar a ideia ao objetivo que ela se propôs a alcançar. Agora, para compreender como esses pilares sustentam a abordagem do DT, veremos como eles estão imbricados em cada fase de desenvolvimento da metodologia. 3 FASES DE DESENVOLVIMENTO DO DESIGN THINKING Quando se fala em abordagem ou metodologia pautada no design thinking, isso signifi ca dizer que existem caminhos e fases a serem percorridos e colocados em prática para que o DT seja possível em qualquer âmbito ou instituição. 48 Ferramentas de Design Thinking Como abordado anteriormente, diferentes autores lidam com as fases do DT de formas distintas, seja de modo mais sintético ou mais minucioso. Com isso indicamos que você conheça a abordagem que concentra a metodologia do DT em três fases no artigo intitulado “As 3 fases do Design Thinking: imersão, ideação e prototipagem”. Disponível em: <http://blog.mjv.com.br/ideias/3-fases-design- thinking-imersao-ideacao-e-prototipagem>. Confi ra! No entanto, cabe ressaltar que não é preciso seguir um tipo de “receita de bolo” para que a abordagem seja efetiva e efi caz. Estudiosos na área, que pesquisam e trabalham colocando em prática os seus projetos por meio do design thinking, indicam algumas fases, que podem ser de três até seis etapas, dependendo do autor, para orientar esse processo de construção de ideias criativas. Ideias essas, pautadas nos pilares da empatia, colaboração e experimentação, como vimos anteriormente. Para David Keller e Tim Brown, que fi caram conhecidos pela utilização da abordagem na empresa IDEO, da qual também são sócios-fundadores, os autores orientam para cinco passos no desenvolvimento do DT, indicado inclusive pela d.School da Universidade de Stanford, instituição na qual David é professor, sendo os seguintes: • 1º passo: ter empatia pelos envolvidos no problema. • 2º passo: defi nir o problema. • 3º passo: idealizar com diferentes ideias o que pode ser feito para solucionar. • 4º passo: prototipar criando o produto ou a solução para o problema. • 5º passo: testando ao colocar em prática a solução para que as pessoas usufruam e indiquem melhorias se necessário. 49 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE PROCESSOS Capítulo 2 Para saber mais sobre essas cinco fases, indicamos que assista ao vídeo “Design thinking: o que é e como usar para resolver problemas”. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=acHRiZZptSs>. O Human Centered Design é um kit de ferramentas que foi desenvolvido pela empresa IDEO, projetado para atender ONGs e empresas sociais que atuam na África, Ásia e América Latina com comunidades carentes. Nesse kit são indicadas três fases para a construção de ideias inovadoras, sendo elas: ouvir, criar e implementar. Na fase ouvir é indicado coletar histórias e conduzir pesquisas no campo para compreender mais sobre a situação-problema. Na fase criar é empreendido o caminho do pensamento abstrato ao complexo. Já na fase implementar, é pensado estrategicamente em como colocar em prática a solução, realizando estimativas de desempenho do produto/ideia para lançá-lo. Na Figura 3, a seguir,esse processo é exposto claramente. FIGURA 3 – PROCESSO DO DESIGN CENTRADO NO SER HUMANO FONTE: IDEO (s.d, s.p.) 50 Ferramentas de Design Thinking Nesse processo, começa-se a coletar informações do público-alvo e do contexto, de forma que esse entendimento é abstraído para ser compreendido mais a fundo. Ao mesmo tempo que ações concretas efetivam práticas que auxiliam a descobrir mais sobre o problema em questão, o que colabora para que se chegue à etapa fi nal do processo. Assim, na IDEO parte-se das observações no campo empírico, que demandam de um processo de ouvir o que o contexto comunica e extrair as narrativas do entorno. Desse movimento emergem temas centrais que se destacam como oportunidades para produzir soluções e concretizá-las em protótipos, visando um plano de implementação. Embora esse processo criativo seja denominado como Design Centrado no Ser Humano (Human Centered Design), o design thinking se fundamenta nesse aporte também para se constituir enquanto abordagem inovadora, já que a criação de ambas perspectivas são advindas da mesma empresa de Kelley e Brown, na IDEO, e assim tornam-se complementares, se retroalimentando em suas diferentes fases. Isso é um fato, já que essas abordagens utilizam os mesmos pilares, como desejo, aplicabilidade e viabilidade na produção da solução criativa e inovadora. Conheça mais a fundo sobre o Human Centered Design (HCD) no documento disponível em: <https://pt.slideshare.net/caracasvei/ human-centered-design-em-portugus>. É importante que você conheça essa abordagem, pois ela auxiliará a pensar em como colocar em prática o DT. No entanto, com o intuito de aprofundar um pouco mais cada um dos processos no âmbito de cada fase do design thinking, considerou-se importante também utilizar uma fundamentação das fases do DT que as abrangesse de forma mais minuciosa, não deixando de se pautar na perspectiva da IDEO (s.d.), que serve como pano de fundo do processo. Nesse sentido, a partir de um estudo da abordagem de Hasso Plattner Institute of Design at Stanford (2011) e de Steinbeck (2011), Cavalcanti (2014) adaptou ambas abordagens, propondo que o design thinking seja desenvolvido por meio de seis etapas, divididas da seguinte forma: entender, observar, defi nir, idealizar, prototipar e testar. 51 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE PROCESSOS Capítulo 2 Agora começaremos a colocar em prática as etapas do design thinking por meio de um exercício individual! Para isso, retome o seu bloco de notas ou caderno de registros e busque rememorar um problema presente no seu cotidiano, que pode estar presente tanto no seu ambiente profi ssional como nos demais espaços na qual você convive. Pense em um aspecto que mais de uma pessoa já tenha se queixado para você e que você concorda com a existência da situação. Iniciando na etapa “Entender”, realize pesquisas na internet para verifi car se esse problema também é percebido em outros lugares e por quais pessoas. Deixe tudo isso registrado, pois daremos prosseguimento na sequência. FIGURA 4 – PROCESSO DE DESIGN THINKING SEGUNDO ABORDAGEM DA D.SCHOOL DE STANFORD FONTE: Cavalcanti (2014, p. 3) Com a fi gura apresentada, é possível perceber como o processo do DT pode ser iterativo, não necessitando de uma linearidade fi xa, mas possibilitando ir e voltar em cada fase para ir aperfeiçoando o processo. No entanto, na sequência, para explicar o funcionamento de cada fase, utilizaremos uma linearidade para que fi que claro como o processo pode ocorrer. Na etapa “Entender”, é necessário compreender o contexto através de pesquisas bibliográfi cas, podendo utilizar-se de livros, artigos, pesquisas na internet, jornais e revistas, para conhecer aspectos de como ocorre o problema, o local em que se encontra e os envolvidos nele. 52 Ferramentas de Design Thinking Na etapa “Observar”, conta-se com o auxílio das pesquisas prévias já realizadas na fase anterior para ir a campo, onde encontra-se o foco do problema. No local, se discute e se conversa com os envolvidos e com os especialistas da área para compreender o surgimento e as causas que agravam a situação no local. Podem realizar entrevistas para conhecer todos os aspectos possíveis que englobam o problema. Observar os comportamentos das pessoas envolvidas no contexto também auxilia, pois “para os designers thinkers, contudo, os comportamentos nunca são certos ou errados, mas são sempre signifi cativos” (BROWN, 2017, p. 37) e sempre têm algo a acrescentar sobre a realidade do problema. Além disso, o autor reitera que: O processo criativo gera ideias e conceitos que não existiam antes. Esse processo tem mais chance de ser acionado ao se observarem as estranhas práticas de um carpinteiro amador ou os detalhes incongruentes na ofi cina de um mecânico do que com a contratação de consultores especializados ou a solicitação para que pessoas “estatisticamente medianas” respondam a um levantamento ou preencham um questionário (BROWN, 2017, p. 39). Nesse sentido, o contato com o público-alvo a quem a solução será destinada, fi ca mais clara e compreensível na presença face a face e em contato direto com a situação. Assim como a possibilidade de surgirem insights a partir dessa realidade é muito maior, ao combinar elementos não percebidos antes em relação ao que está sendo experienciado no contexto do problema. Brown (2017, p. 41-42) complementa que: Se nos concentrarmos exclusivamente na massa de pessoas que compõem o centro da curva de distribuição normal, contudo, temos mais chances de confi rmar o que já sabemos do que de aprender algo novo e surpreendente. Precisamos nos voltar aos extremos, aos locais que esperamos encontrar usuários “radicais”, que vivem de forma diferenciada, pensam de forma diferenciada e consomem de forma diferenciada. “A missão do design thinking é traduzir observações em insights, e estes em produtos e serviços para melhorar a vida das pessoas” (BROWN, 2017, p. 46). “A missão do design thinking é traduzir observações em insights, e estes em produtos e serviços para melhorar a vida das pessoas” (BROWN, 2017, p. 46). 53 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE PROCESSOS Capítulo 2 Agora iremos para a etapa “Observar”. É necessário que você se reporte ao local onde o problema está presente, fazendo anotações da realidade dele e da forma como você percebe que as pessoas convivem com a presença dele no dia a dia. Registre tudo isso. Se sentir necessidade, questione as pessoas sobre como se sentem, suas difi culdades e se vislumbram algo que poderia ser feito para sanar a situação. Tente explorar ao máximo as suas inquietações sobre a questão-problema. Liste tudo em seu bloco de notas e grife os pontos que você considerou mais importantes de serem observados e pensados. No próximo capítulo trabalharemos ferramentas para lhe ajudar a compilar essas informações, mas enquanto você está estudando a teoria em um nível mais conceitual, seguimos com as ferramentas que temos. Deixe tudo isso anotado enquanto seguimos nas etapas e então continuaremos nas indicações e orientações da atividade. Ao triangular os dados encontrados no campo, você conseguirá defi nir os aspectos observados que merecem atenção na construção da ideia. Na Figura 5 a seguir, essa triangulação se faz representada. FIGURA 5 – CONSTRUÇÃO DA IDEIA FONTE: https://edisciplinas.usp.br/pluginfi le.php/4161226/mod_resource/content/1/ Mini%20Toolkit%20Design%20Thinking.pdf. Acesso em: 30 mar. 2019. 54 Ferramentas de Design Thinking Conheça esse Mini Toolkit Design Thinking na íntegra. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfi le.php/4161226/ mod_resource/content/1/Mini%20Toolkit%20Design%20Thinking. pdf>. Na etapa “Defi nir”, reúnem-se as pesquisas e as entrevistas realizadas e defi ne-se o foco do problema que irão trabalhar para a construção de soluções. Defi ne-se, então, o aspectoprincipal que engloba toda a natureza do problema. Não é simples decidir a quem observar, quais técnicas de pesquisa empregar, como chegar a inferências úteis a partir das informações coletadas ou quando dar início ao processo de síntese que começa a nos direcionar para uma solução. As decisões tomadas podem afetar intensamente os resultados obtidos (BROWN, 2010, p. 41). Retome as suas anotações e defi na um foco para buscar melhorias a partir de tudo que listou, ouviu no contexto da situação e percebeu como demandas a serem melhoradas. Faça um recorte do problema e escolha uma questão a ser trabalhada. Objetive essa ideia numa frase e registre para que possa continuar a atividade. Na etapa “Idealizar” é o momento que ocorre o chamado “brainstorm”, a tempestade de ideias. A partir da defi nição do problema, a equipe se reúne e realiza uma tempestade de ideias, sendo das utilitárias até as mais bizarras, para construir a solução do problema. Vianna et al. (2012, p. 101-102) conceitua o brainstorming como sendo: Uma técnica para estimular a geração de um grande número de ideias em um curto espaço de tempo. Geralmente realizado em grupo, é um processo criativo conduzido por um moderador, responsável por deixar os participantes à vontade e estimular a criatividade sem deixar que o grupo perca o foco. Em momentos que se necessita de um grande volume 55 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE PROCESSOS Capítulo 2 Agora é o momento de “Idealizar”. Para isso, deixe vir à tona as ideias mais absurdas e até mesmo impensadas para resolver a questão que você defi niu na etapa anterior. Não prenda o que vem e não atribua um juízo de valor ao que você listar, pois o processo criativo exige esse desprendimento e essa soltura dos padrões que estamos acostumados a funcionar e pensar. Liste tudo, registrando por escrito o que vier. Desenhos também são bem-vindos nesse momento, se liberte das amarras! de ideias. No processo de Ideação, o Brainstorming possibilita uma abordagem rica para gerar ideias em cima de questões relevantes que nasceram durante as fases de Imersão e de Análise. Como é uma técnica bastante utilizada para diversos fi ns e atividades, muitas vezes denomina-se erroneamente uma reunião de “Brainstorming” simplesmente porque ela tem por objetivo fi nal a geração de ideias. No entanto, para que o Brainstorming seja direcionado e focado na solução criativa de oportunidades identifi cadas, pode-se utilizar os dados brutos de campo e/ou Personas para estimular a equipe. Além disso, para que um Brainstorming tenha sucesso é preciso estar atento a alguns preceitos: qualidade pela quantidade; evitar julgar ideias; ideias ousadas são bem-vindas; combinar e aprimorar ideias. É importante representá-las através de frases, desenhos, ou qualquer representação possível para construção da solução que resolverá o problema. Ao fi nal disso, os integrantes conversam e determinam a melhor ideia gerada, podendo ser ideias agregadas para formarem uma solução, para então, irem para a realização da próxima etapa. Na etapa “Prototipar”, o grupo inicia o processo de construção da solução. Este pode ser desenvolvido através de maquete, desenho, teatro, objeto produzido com materiais recicláveis, esquema etc. É importante ressaltar que a produção precisa ser, acima de tudo, sustentável, para ser inovadora a realidade social. Na etapa “Testar”, o grupo apresenta aos envolvidos pelo problema, a solução criada, o protótipo produzido pela equipe. Nesse momento, a equipe produtora explica aos envolvidos no problema todos os benefícios da solução e o seu funcionamento. 56 Ferramentas de Design Thinking Feito o Brainstorming na etapa idealizar, é hora de produzir a solução. Dependendo do que for o seu problema, ele não terá um produto físico fi nal, mas uma ideia estratégica que poderá ser representada pela escrita, como em um projeto, por exemplo. Registre tudo isso ou produza a sua solução. Ao fi nal disso coloque o seu “produto” em uso, ou fale sobre ele às pessoas para testar o que vem de retorno dos usuários ou daqueles que estavam em contato direto com o problema, que agora é visto de outra forma, ou quando você produziu algo físico que materializa a solução. Colha as opiniões das pessoas, pois agora você já está na etapa testar, então é hora de fazer os ajustes necessários na sua ideia criativa. Os indivíduos envolvidos analisam a produção para testar o seu funcionamento e garantir o mérito à equipe pela produção inovadora. Podem ocorrer casos de sugerirem oportunidades de melhorias no protótipo criado. Nestes casos, a equipe precisa anotar as sugestões e realizar as alterações ou complementações necessárias, para posteriormente reiniciar a etapa, apresentando novamente aos envolvidos as alterações realizadas. Contextualizando De forma simples e rápida, com essas pequenas atividades foi possível ter uma amostra de como colocar a abordagem do design thinking em prática por meio das suas etapas. No entanto, chamamos a atenção aqui para que você perceba como esse processo pode vir a fi car enriquecedor com a presença de mais pessoas auxiliando na proposta, com uma equipe multidisciplinar oferecendo diferentes olhares para a questão. Outro ponto a ser destacado, é que aqui, de forma prática, para poder exemplifi car o funcionamento das etapas, elas seguiram uma ordem linear, para que isso permitisse explicar a teoria na prática. No entanto, a partir do domínio dessa abordagem, e a depender do problema ou situação em que se está buscando uma solução, você pode inverter a ordem 57 DESIGN THINKING COMO METODOLOGIA DE PROCESSOS Capítulo 2 das etapas conforme o problema demandar, o que também nada impede de você voltar e retomar a uma ou outra fase, reiniciando todo o processo de modo que reelabore suas ideias e pense em novas possibilidades. Tudo é possível! De modo sintético você pode ver os objetivos de cada etapa expostos no Quadro 1 a seguir: QUADRO 1 – SÍNTESE DAS ETAPAS DO DESIGN THINKING FONTE: Adaptado de Steinbeck (2011) De acordo com Steinbeck (2011, p. 28), as fases do DT reúnem a força das equipes multidisciplinares para empreender em cada uma das suas etapas por meio de ações estratégicas e criativas, da seguinte forma: Adquirir conhecimentos básicos sobre os usuários e a situação geral/problema (Entenda). Ganhe empatia com os usuários observando-os de perto (Observe). Criar uma típica persona de usuário para quem uma solução/produto está sendo projetada (Defi nindo). Gerar tantas ideias quanto possível (Idealizando). Construa protótipos reais de algumas das ideias mais promissoras (Protótipo). Aprenda com as reações dos usuários aos vários protótipos (Teste). Por meio dessas etapas, é possível trilhar um caminho na criação de uma ideia inovadora ou solução criativa para um problema. No entanto, cabe frisar que as fases ou etapas elencadas não são percursos 58 Ferramentas de Design Thinking fi xos que precisam ser seguidos, numa ordem, desde que todos eles sejam cumpridos ao fi nal. Melo e Abelheira (2018, p. 37) falam que não há a necessidade desse caminho ser linear, dependendo do estágio em que se encontra o processo de identifi cação da solução, pois como dizem os autores: “podemos sentir a necessidade de experimentar/prototipar algo já na etapa da cocriação ou fazer um novo mergulho de imersão após o feedback de um protótipo. Cada projeto tem necessidades específi cas”. Desse modo, é possível reinventar o modo de desenvolver a abordagem do design thinking conforme a ideia ou solução vai guiando o processo e orientando os próximos passos. Para Melo e Abelheira (2018, p. 37), o DT concentra-se em três etapas, sendo elas: Imersão: a fase de imersão tem o objetivo de compreender profundamente as necessidades do cliente. A melhor maneira de entender situações que não nos pertencem é praticando a empatia. Literalmente,
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