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“A historiografia — ou seja, a história como narração, […] — não pode […] substituir-se à memória coletiva nem criar uma tradição alternativa que possa ser partilhada. [...]. Não existe uma História neutra, nela a memória, enquanto uma categoria aberta, mais afetiva, de relacionamento com o passado, intervém e determina em boa parte os seus caminhos”. SELIGMANN-SILVA, M. (org.). História, memória, literatura: o testemunho na era das catástrofes. Campinas: Editora da UNICAMP, 2003. p. 143. Tupac Amaru I foi o último líder inca a ser morto pelas forças espanholas durante o processo de conquista da América. Nesse sentido, levando em consideração o trecho destacado, a construção de um busto em sua homenagem tem como objetivo: a. produzir uma memória coletiva sobre a vitória inca sobre os espanhóis durante o processo de conquista da América. b. uma forma de protesto contra a violência empregada pelos espanhóis contra esse personagem. c. desconstruir a ideia de que os incas foram vítimas da colonização espanhola. d. ressaltar o papel dos incas na conquista da América. e. elaborar uma memória coletiva em torno da resistência inca. “Em sua esmagadora maioria, os primeiros imigrantes europeus eram homens: soldados, funcionários, comerciantes, aventureiros de todo bordo [...]. Comportaram-se com ainda mais liberdade por estarem em terra pagã, praticamente fora do controle da Igreja. [...]. Estupros, concubinagem, mais raramente casamentos, geraram lima população de tipo novo, de estatuto indefinido ⸺ os mestiços [...]. Por todas essas razões, índios, negros e espanhóis tiveram de inventar, dia após dia, modos de convívio ou, especialmente os primeiros, soluções de sobrevivência”. GRUZINSKI, S. Pensamento mestiço. São Paulo: Cia das Letras, 1999. p. 78. O texto anterior descreve a sociedade colonial e seus personagens no processo de mestiçagem, resultado de estupros e concubinagem. Os mestiços, a princípio, não tinham lugar nessa sociedade altamente hierarquizada a partir da noção de raça. Levando isso em consideração, é correto afirmar que: a. por serem filhos de espanhóis, os mestiços não nutriam um sentimento anti-hispânico, o que fez com que tivessem uma posição de defesa da presença europeia. b. os filhos de indígenas com africanos eram chamados de “mulatos” e não “mestiços’. c. a situação dos mestiços era complexa, pelo fato de, em geral, estarem submetidos aos criollos e chapetones, mas gozarem de benefícios, pois eram aceitos tanto pelos espanhóis quanto pelos nativos. d. se a criança fosse filho de um pai espanhol e mãe indígena, e fosse submetido à uma criação mais europeizada, aumentavam suas chances de respeito e ascensão social. e. o termo “mestiço” diz respeito somente à mestiçagem de filhos de espanhóis, independentemente se a outra origem é indígena ou africana. “Numa visão mais ampla, é claro que as povoações maiores no período de conquista eram um cenário de extensa mistura racial entre europeus, africanos e índios, devido à escassez de mulheres espanholas e africanas. A estratificação subsequente e a conversão de grupos raciais em castas, como foi sugerido por C. Esteva Fabregat, favoreceu tanto a separação social como a relativa autossuficiência sexual de cada grupo étnico ou casta”. BETHELL, L. História da América Latina Colonial. São Paulo: Edusp, 1999. p. 80. v. 2. O trecho anterior descreve uma realidade presente na sociedade colonial da América, caracterizada por: a. organização social colonial por meio de castas raciais. b. organização social colonial por meio de castas raciais e de poder religioso. c. organização social colonial por meio de cotas raciais, econômicas e religiosas. d. organização social colonial por meio de títulos de nobreza e origem de nascimento. e. organização social por meio de cargos concedidos pela realeza. “Para autoridades espanholas estavam sujeitos a mita todos os índios do sexo masculino dos dezoito aos cinquenta anos, podendo ser utilizados jovens com idade inferior à estipulada, caso fossem casados. As mulheres não pagavam tributos. Cada comunidade estava obrigada a utilizar cerca de 20% de sua população na mita”. PRODANOV, C. Cultura e sociedade mineradora Potosi 1569-1670. São Paulo: Annablume, 2002. p. 49. A mita, assim como a encomienda e o repartimiento são formas de utilização da mão de obra indígena estipuladas pelas autoridades espanholas. Sobre essas atividades, avalie as afirmativas a seguir. I. A mita foi um modelo incorporado dos incas e posteriormente adaptado pelos espanhóis que previa o trabalho forçado dos povos indígenas. II. Pela encomienda, uma aldeia inteira ficava sob controle de um colonizador, que em troca deveria prezar pelo ensinamento da religião católica. III. Apesar de ser uma forma de mão de obra forçada e, portanto, sem direito à recusa, no repartimiento, os indígenas recebiam pelo seu trabalho. IV. Todos os três eram tributos cobrados pela Coroa Espanhola aos colonos em forma de trabalho. V. O repartimiento era algo praticado já entre os maias, e foi mantido pelos espanhóis durante a colonização. Está correto o que se afirma em: a. II, III, IV e V, apenas. b. I, II e V, apenas. c. I, II e IV, apenas. d. II e III, apenas. e. I, II, III e IV, apenas. “O início de uma história política, administrativa, constitucional e do direito na América hispânica data de 1492, ano de assinatura das Capitulações de Santa Fé, documento firmado na recém-conquistada Granada mourisca entre Cristóvão Colombo e os Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Este contrato utilizava a forma jurídica de uma concessão ou merced real, no qual o descobridor se comprometia a tomar posse em nome dos monarcas espanhóis de ‘todas as ilhas e continentes que se encontrassem na direção do Atlântico Ocidental’”. SOUZA, S. B. de. Política, administração e comércio na sociedade colonial hispânica. In: WASSERMAN, C. (org.). História da América Latina: cinco séculos. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2000. p. 77, grifos do autor. Segundo a historiadora, “Capitulações de Santa Fé” é o primeiro documento que diz respeito à administração colonial do Novo Mundo hispânico. Sobre esse documento é correto afirmar que: a. dava o direito à Colombo de tomar posse autonomamente de todos os territórios em seu nome, para iniciar o processo de povoamento das novas terras. b. para a Coroa era interessante o acordo previsto nas Capitulações, pois nesse momento eles ainda não tinham a intenção de acumular metais preciosos. c. em troca de tomar posse de terras para a Coroa, os conquistadores ganhavam, entre outras contrapartidas, o direito de cessão hereditária das dignidades e títulos referentes ao Novo Mundo. d. as capitulações podem ser definidas como um convênio entre os representantes de autoridades religiosas e um empresário particular. e. Colombo tomaria posse dos territórios em nome da Coroa, e, em troca, ganharia apenas participação financeira nos lucros dos empreendimentos. “Todas e cada uma das terras preditas com a autoridade de Deus onipotente, concedida a Nós por São Pedro, como Vigário de Cristo, com todos os domínios das mesmas, com suas cidades, acampamentos militares, lugares e vilas, com todos os seus direitos e jurisdições, doamos, concedemos e destinamos a Vós, e a vossos herdeiros e sucessores dos Reinos de Castela e de Leão, para sempre [in perpetuum], e com a mesma autoridade apostólica investimos a Vós e a vossos herdeiros e sucessores como senhores das mesmas com plena, livre a absoluta autoridade. Nós vos encorajamos e vos requeremos para que esses povos recebam a Religião Cristã. E, além disso, vos mandamos em virtude da santa obediência que […] procureis enviar às mesmas terras firmes e ilhas homens bons, tementes a Deus, doutos, sábios e experientes para que instruam os naturais na Fé Católica e lhes ensinem bons costumes, pondo nisso toda a diligência que convier”. CARRO, V. D. La teología y los teólogos-juristas españoles ante la conquista de América. 2. ed. Salamanca: [s.n.], 1951.p. 23, grifos nosso. A bula expedida pelo papa Alexandre VII garante a transferência simbólica de todos os territórios encontrados no Novo Mundo aos espanhóis. Além disso, retifica um compromisso de propagação da religião católica pelo mundo, fato que gerou consequências para as sociedades nativas da América. Sobre esse assunto, assinale a alternativa a seguir que apresenta uma dessas consequências. a. A catequização foi um processo pacífico que contou com a adesão voluntária dos povos indígenas. b. O resultado do processo de catequização foi a mestiçagem cultural, algo já planejado previamente pelos europeus. c. A catequização cristã resultou em um processo de aculturação das sociedades indígenas da América. d. A fé cristã apresentou aos índios os ideais de civilização. e. Apesar da forma violenta como ocorreu, o processo de catequização foi fundamental para garantir a unidade cultural indígena almejada desde o período pré-colombiano. “Não somos índios nem europeus, mas uma espécie intermediária entre os legítimos proprietários do continente e os usurpadores espanhóis: em suma, sendo americanos por nascimento e nossos direitos os da Europa, temos de disputar estes aos do país e mantermo-nos nele contra a invasão dos invasores — encontramo-nos, assim, na situação mais extraordinária e complicada”. BOLÍVAR, S. Carta de Jamaica, Colección Unidad Nuestra americana, Venezuela, 2015. p. 17. [traduzido do espanhol]. Bolívar foi um personagem central da Independência da América Espanhola. Entretanto, em sua citação ele reafirma uma identidade presente desde a organização da sociedade do século XVI. Sobre os criollos, pode-se afirmar que esse grupo era composto por: a. espanhóis que se colocaram contra a colonização da América, tornando-se os primeiros libertadores da América. b. uma geração de colonizadores nascida na América e que lideraram o processo de independência desse continente. c. uma elite política colonial formada por espanhóis e americanos. d. mestiços filhos de africanos e indígenas, que ocupavam posições periféricas durante o sistema colonial. e. escravos libertos que ocuparam funções administrativas para a Coroa Espanhola.
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